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Formação de Contratos

Manifestação da vontade

Primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. O que se considera é o


momento objetivo, ou seja, aquele em que a vontade se exterioriza por meio da declaração.
Assim, o requisito é a DECLARAÇÃO da vontade e não ela própria.

A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita.

Expressa quando a lei exige. O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da
vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem e não for necessária a declaração
expressa, e também quando a lei o autorizar (ex: doação pura), ou ainda quando tal efeito ficar
convencionado em um pré-contrato. Esse silêncio é chamado circunstanciado ou qualificado.

Negociações preliminares

O contrato resulta de 2 manifestações de vontade: a proposta (oferta, policitação ou oblação)


e a aceitação. A primeira dá início à formação do contrato e não depende, e regra, de forma
especial.

Na maior parte das vezes, a oferta é antecedida de uma fase de negociações preliminares,
também denominada fase da pontuação. Nesta fase, como as partes ainda não manifestaram
a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Qualquer delas pode afastar-se,
simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos.

Elas não geram, por si mesmas, obrigações para qualquer dos participantes, mas fazem surgir
deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé, sendo
os principais dos deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção e cuidado e de
sigilo. A violação desses deveres é que gera a responsabilidade do contraente, tenha sido ou
não celebrado o contrato. Responsabilidade essa que ocorre no campo da culpa aquiliana e
não da contratual, somente no caso de um deles induzir no outro a crença de que o contrato
será celebrado, levando-o a despesas ou a não contratar com terceiro etc. E depois recuar,
causando-lhe dano. Essa responsabilidade tem caráter excepcional.

O princípio da boa-fé, durante as tratativas, é fonte de deveres de esclarecimento, situação


que surge seguidamente quando uma das partes dispõe de superioridade de informações ou
de conhecimentos técnicos, que devem ser repassados amplamente e de forma compreensível
à contraparte, para que esta possa decidir om suficiente conhecimento de causa. Também
surgem deveres de lealdade decorrentes da simples aproximação pré-contratual. Censura-se
assim quem abandona inesperadamente as negociações já em adiantado estágio, depois de
criar na outra parte uma expectativa de celebração de um contrato para o qual se preparou e
efetuou despesas, ou em função do qual perdeu outras oportunidades. A violação a esse dever
secundário pode ensejar indenização, por existir uma relação obrigacional,
independentemente de contrato, fundada na boa-fé.
Proposta
1) Conceito e características

Oferta não é toda iniciativa ou manifestação de vontade no sentido de dar vida a um contrato,
mas só a declaração de vontade dirigida a uma parte à outra com a intenção de provocar uma
adesão do destinatário à proposta.

A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas, não estando mais
sujeita a estudos ou discussões, mas dirigindo-se à outra parte para que aceite ou não. É uma
declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende
celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar
vinculada, se a outra parte aceitar.

Cria no aceitante a convicção do contrato em perspectiva, levando-o à realização de projetos e


às vezes de despesas e à cessação de alguma atividade. Por isso, vincula o policitante, que
responde por todas essas consequências, se injustificadamente retirar-se do negócio.

A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço,
quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento, etc. Deve também ser séria e consciente,
pois vincula o proponente. Deve ser ainda clara, completa e inequívoca.

Não perde o caráter receptício se for endereçada não a uma pessoa determinada, mas assumir
a forma de oferta aberta ao público, como nos casos de mercadorias expostas em vitrinas,
feiras ou leilões com o preço à mostra, bem como em licitações e tomadas de preços para
contratação de serviços e obras.

2) Oferta no CC

Art. 427 – A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário, se o contrário não


resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.

A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por


certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, por acarretar
no oblato uma fundada expectativa de realização do negócio.

No entanto, a lei abre exceções a essa regra. Dentre elas não se encontram a morte ou
interdição do policitante, pois nesses casos respondem os sucessores e o curador do incapaz.

A oferta não obriga o proponente se contiver cláusula expressa a respeito. É quando o próprio
proponente declara que não é definitiva e se reserva o direito de retirá-la.

Não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. Ex: propostas abertas ao público
que se consideram limitadas ao estoque existente.
Não vincula o proponente em razão das circunstâncias do caso. Não são circunstâncias
quaisquer, mas aquelas que a lei confere esse efeito. A proposta deixa de ser obrigatória:

I – Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.

II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a
resposta ao conhecimento do proponente.

(Oferta enviada por corretor ou correspondência. Os que contratam por telefone são
considerados presentes.)

III – Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado.

IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação


do proponente.

3) No CDC

Regulamenta a proposta nos contratos que envolvem relações de consumo. A distinção básica
é a destinação do CDC à contratação em massa, como regra geral.

No tocante aos efeitos, a recusa indevida de dar cumprimento à proposta dá ensejo à


execução específica, consistindo opção exclusiva do consumidor a resolução em perdas e
danos. Além de poder preferir a execução específica, o consumidor pode optar por, em seu
lugar, aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente, ou por rescindir o contrato,
com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e
a perdas e danos.

Estabelece solidariedade entre o fornecedor e seus prepostos ou representantes autônomos.

Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou


meio de comunicação com relação a produtos ou serviços oferecidos ou apresentados, obriga
o fornecedor, integrando o contrato.

Se o fornecedor recusar a dar cumprimento a sua oferta, o consumidor poderá exigir,


alternativamente, o cumprimento forçado da obrigação, um produto equivalente ou ainda a
rescisão do contrato, recebendo perdas e danos.

Aceitação
1) Conceito e espécies

É a concordância com os termos propostos. Somente quando o oblato se converte em


aceitante, a oferta se transforma em contrato.
Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta. (Contraproposta)

Pode ser expressa ou tácita. A primeira decorre de declaração do aceitante, manifestando a


sua anuência; a segunda, de sua conduta, reveladora do consentimento.

2º hipóteses de aceitação tácita, em que se reputa concluído o contrato, não chegando a


tempo a recusa: a) quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação
expressa; b) ou quando o proponente a tiver dispensado.

2) Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação

2 hipóteses:

a) Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao


conhecimento do proponente. A situação deve ser imediatamente comunicada ao aceitante,
sob pena de responder por perdas e danos.

b) Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante.

Momento da conclusão do contrato

1) Contratos entre presentes

A proposta poderá estipular ou não prazo para aceitação. Se não estabelecer nenhum prazo, a
aceitação deverá ser manifestada imediatamente, sob a pena de a oferta perder a força
vinculativa.

Momento em que se deve considerar formado o contrato entre presentes à as partes estará
vinculadas na ocasião da aceitação.

2) Contratos entre ausentes

Dificuldade para se precisar em que momento se deve considerar formado o contrato. A


resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas
fases.

Teorias a respeito do momento em que a convenção se reputa concluída:

a) Teoria da informação ou cognição: momento da chegada da resposta ao conhecimento do


policitante. Deixa ao arbítrio do proponente abrir a correspondência e tomar conhecimento do
teor da resposta.
b) Teoria da declaração ou da agnição: subdivide-se em 3:

1 – Teoria da declaração propriamente dita: instante da conclusão coincide com o da redação


da correspondência epistolar.

2 – Teoria da expedição: momento da expedição da resposta, saindo do alcance e controle do


oblato. Adotada pelo CC.

3 – Teoria da recepção: momento em que a resposta é entregue ao destinatário.

Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:

I – no caso do artigo antecedente.

II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta.

III – se ela não chegar no prazo convencionado.

Lugar da celebração

Lugar em que foi proposto.

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