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Análise Psicológica (2002), 3 (XX): 359-365

Fragilidade social e psicologia da saúde


Um exemplo de influências do contexto sobre a saúde

JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA (*)


ANA RITA CORREIA (**)

1. INTRODUÇÃO cessária uma orientação mais psicossocial que


considere o indivíduo como ser social, na pers-
Enquanto ciência da saúde, a psicologia da pectiva da influência dos factores sociais, cultu-
saúde pode ser praticada numa variedade ampla rais e ambientais sobre os processos psicológicos
de organizações, desde os serviços de saúde até individuais e comportamentos relacionados com
às empresas, autarquias locais, organizações co- a saúde e a prestação dos cuidados.
munitárias e instituições académicas. No caso A psicologia da saúde envolve a consideração
dos serviços de saúde está muito mais depen- do contexto social e cultural onde a saúde e a do-
dente do discurso, das práticas e das tecnologias ença ocorrem, tendo em conta que a saúde de-
médicas do que noutras organizações. Talvez pende não só dos comportamentos e estilo de vi-
com excepção da prática da psicologia nos cui- da individual mas também de influências sociais
dados de saúde primários (Centros de Saúde), e comunitárias, condições de vida e de trabalho,
nos quais a perspectiva principal da intervenção e influências culturais e ambientais (Dahlgren &
individual e com grupos é a de contribuir para a Whitehead, 1991).
promoção da saúde e para a prevenção, é relati- Isto é particularmente evidente quando se
vamente fácil que noutros serviços de saúde fi- pensa nas principais causas de doença e de inca-
que mais centrada na doença do que na saúde pacidade previstas para os próximos 25 anos pe-
(Marks, 1996). Apesar disto, tem que manter-se
lo Global Burden of Disease (Murray & Lopez,
na mesma associada às dimensões sociais (e
1997), praticamente todas elas associadas a
culturais) ligadas à própria prestação dos cuida-
factores de risco de natureza comportamental e
dos (Hardey, 1998) e aos aspectos organizacio-
influenciados significativamente por factores
nais dos próprios serviços. Seja como for, é ne-
sociais e culturais: doença isquémica do coração,
acidentes de viação, doenças cérebrovasculares,
doença pulmonar obstrutiva crónica, tuberculose,
infecção pelo VIH. São situações nas quais a
(*) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lis- mediação das variáveis psicológicas é essencial
boa. Sócio fundador da Sociedade Portuguesa de Psi-
cologia da Saúde. para a prevenção primária, mas também para a
(**) Centro de Saúde da Parede. mudança de comportamentos de indivíduos já

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doentes, envolvidos em processos de tratamento rotura do laço social de proximidade e de soli-
ou de reabilitação. dariedade e também do próprio vínculo simbóli-
Portanto, são úteis estudos psicológicos sobre co que caracteriza a adesão ao grupo, acarre-
os diferentes conceitos de saúde e doença e sobre tando frequentemente acumulação de insucesso,
as diferentes formas de proteger a saúde e de rejeição e exclusão social (Xiberras, 1996). A
lidar com a doença em indivíduos provenientes fragilidade pode constituir a fase inicial dum
de diferentes contextos sociais e culturais, ou se- processo de exclusão social, sendo este processo
ja, perspectivas interdisciplinares e transculturais caracterizado por rupturas sucessivas, nomeada-
da saúde, da doença e da prestação dos cuidados mente com o mercado de trabalho e com os laços
de saúde. familiares e afectivos (Bruto da Costa, 2001).
Em psicologia da saúde é também necessária A perspectiva que se pretende introduzir é a
uma orientação de natureza social e comunitária de que as situações de fragilidade e de exclusão
que permita compreender os comportamentos re- social podem associar-se a riscos acrescidos pa-
lacionados com a saúde em função de contextos ra a saúde, riscos relacionados com diferentes
sociais e culturais, uma vez que o desenvolvi- factores que podem actuar isoladamente ou em
mento económico, a industrialização e a urbani- conjunto.
zação acarretam alterações dos padrões de mor-
talidade e morbilidade associados a diferentes 2.1. Influências sobre a saúde do estatuto so-
padrões de comportamento, diminuição da coe- cioeconómico, do género e da cultura
são social, degradação dos sistemas tradicionais
de suporte e aumento de dificuldades dos indi- O estatuto socioeconómico está relacionado
víduos em diferentes fases do ciclo de vida, com a saúde, a doença e a mortalidade. Tem sido
particularmente porque as oportunidades para sugerido que o gradiente de saúde (relação entre
fazer escolhas saudáveis dependem em larga a mortalidade e o estatuto socioeconómico) esta-
medida dos recursos materiais e sociais que o ria relacionado com as diferenças que existem
indivíduo dispõe, da informação que tem sobre nas diferentes classes sociais em matéria de
saúde, do seu nível de escolaridade e, até, da sua coesão social, stress e controlo pessoal. O estatu-
situação laboral (Hardey, 1998). Por exemplo, os to socioeconómico baixo torna o indivíduo mais
idosos podem viver facilmente em situações de vulnerável aos factores indutores de stress, uma
fragilidade social que influenciam negativamente vez que limita as competências e os recursos de
a sua saúde. confronto, além de disponibilizar menos recursos
No seu estado actual, a psicologia da saúde já para evitar factores e comportamentos de risco
inclui claramente perspectivas da natureza social para a saúde (Catalano, 2000).
dos processos de saúde e de doença, quer na pro- O estatuto socioeconómico baixo associa-se
moção da saúde e prevenção das doenças (Ben- frequentemente a quatro aspectos que represen-
nett & Murphy, 1997), quer na saúde mental tam riscos para a saúde: exposição a poluição
(Busfield, 1996; Pilgrim & Rogers, 1993) e no atmosférica em áreas fortemente industrializa-
envelhecimento (Field e col., 1997) das, regimes alimentares desiquilibrados, riscos
ocupacionais acrescidos (acidentes, doenças pro-
fissionais) e condições precárias de habitação.
2. FRAGILIDADE SOCIAL E SAÚDE Além disto, o estatuto socioeconómico baixo re-
laciona-se também com mais comportamentos de
Situações de fragilidade social são situações risco para a saúde (tabaco, álcool, sedentarismo)
que envolvem o risco de rotura do equilíbrio associados a deficientes condições de trabalho e
existente entre o indivíduo e o meio social que de acesso aos serviços de saúde (Cavelaars e
caracteriza a integração, como é o caso, por col., 1997). Os indivíduos vivem frequentemente
exemplo, da pobreza, do desemprego de longa em ambientes pouco saudáveis em termos de
duração, do insucesso escolar, da doença mental, falta de segurança e frequência de conflitos e de
da deficiência, mas também por vezes da perten- violência (Taylor e col., 1997). Viver em ambi-
ça a minorias étnicas e culturais. São situações entes deste tipo envolve exposição a stress de
frequentemente caracterizadas por ameaças de longa duração. Acresce que o estatuto socioeco-

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nómico baixo está associado a maior risco de tando associada a alimentação inadequada, mais
perturbações mentais, o que tem sido atribuído doenças infecciosas, desnutrição e problemas
também à maior exposição a stress, bem como a de reprodução.
capacidade escassa de controlo social e maior Nos países pobres, a saúde está relacionada
probabilidade de desenvolvimento de estratégias com o rendimento per capita, a distribuição dos
de confronto desadaptadas (Alvaro & Páez, rendimentos, a literacia das mulheres e o número
1996). Situações de exclusão social como a po- de médicos e enfermeiros. Contudo, o aumento
breza, o desemprego de longa duração e a situa- do número de técnicos de saúde parece ter pouca
ção de sem abrigo têm grande impacte sobre a influência na saúde quando existe pobreza signi-
saúde (Marmot & Feeney, 2000). ficativa e esse aumento não se acompanha de al-
Uma outra situação específica, frequentemen- terações da distribuição dos rendimentos.
te observada no âmbito de programas de cuida-
dos continuados desenvolvidos a partir de Cen- Neste domínio, as linhas de investigação da
tros de Saúde, é a dos idosos em situações de de- psicologia da saúde podem incluir os seguintes
pendência necessitando da prestação de cuidados objectivos (Marks e col., 2000): aprofundar a in-
de saúde domiciliários. Muitas vezes com estatu- vestigação dos efeitos do estatuto socioeconómi-
to socioeconómico baixo e com condições precá- co na saúde individual e comunitária; identificar
rias de habitação, vivem sozinhos com os seus os mediadores psicológicos do gradiente de saú-
cuidadores, geralmente o cônjugue, também ido- de; estudar qualitativamente as experiências de
so e com problemas de saúde. Configura-se aqui saúde de sujeitos com diferentes estatutos socio-
uma situação dupla de fragilidade social: económicos; identificar mediadores psicológicos
da influência da pobreza na saúde em diferentes
- Por um lado, os idosos dependentes, pelas
países.
contingências próprias do contexto social
onde se inserem, têm menor acessibilidade
aos recursos de reabilitação
Em relação às influências do género verifica-
- Por outro, os cuidadores, também eles ido-
se que as mulheres, que nos países industriali-
sos, pelo facto de serem cuidadores estão
zados têm maior esperança de vida, sofrem mais
expostos a stress de longa duração e dis-
de hipertensão, doença renal, lúpus, artrite reu-
põem frequentemente de suporte social es-
matóide, depressão (Cochrane, 1992) e, em ge-
casso.
ral, de doenças crónicas não-fatais, enquanto os
homens sofrem mais de traumatismos, doenças
Os discursos sobre saúde e doença são dife-
cárdiovasculares e suicídio (Macintyre & Hunt,
rentes consoante as classes sociais: a classe ope-
1997; Litt, 1993).
rária tende a utilizar terminologia mais física e a
As diferenças são atribuíveis a factores psi-
classe média uma terminologia mais centrada na
cossociais e a diferenças nos estilos de vida. Por
pessoa. Também as próprias significações de
exemplo, em relação à saúde das mulheres iden-
saúde são diferentes consoante as classes sociais
tificam-se os seguintes factores: mais pobreza,
(Chamberlain, 1997):
menor estatuto laboral e mais discriminação so-
- Classes mais desfavorecidas – Visão solitá- cial; mais stress e violência doméstica; necessi-
ria da saúde apenas com componentes físi- dade de desenvolver simultaneamente mais pa-
cos de energia, ausência de sintomas e ali- péis sociais; menores benefícios do suporte so-
mentação saudável cial, particularmente como factor protector dos
- Classes mais favorecidas – Visão dualista efeitos negativos do stress sobre a saúde.
ou mesmo complementar, integrando as- Para as mulheres, o estatuto socioeconómico
pectos físicos e mentais baixo é um factor de risco claro para a sua saúde
- Classes mais elevadas – Visão múltipla, e contribui significativamente para as desigual-
com aspectos físicos, mentais, emocionais, dades que se verificam no seu estado de saúde,
sociais e espirituais. frequentemente associadas a níveis baixos de
motivação para adoptarem comportamentos pre-
A pobreza tem grande influência na saúde, es- ventivos e a menor acessibilidade aos cuidados

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de saúde e aos programas de rastreio (Adler & saúde; diferentes comportamentos protectores
Coriell, 1997). da saúde, dependentes da cultura e da diferentes
As mulheres vítimas de violência doméstica normas sociais e expectativas; diferenças na ra-
desenvolvem frequentemente perturbação de pidez de reconhecimento de sintomas e no de-
stress pós-traumático, comportamentos de risco sencadeamento dos comportamentos de procura
para a saúde (tabagismo, consumo excessivo de de cuidados de saúde; diferenças na acessibili-
álcool, comportamentos sexuais de risco) e per- dade aos serviços de saúde; níveis elevados de
turbações do comportamento alimentar (Robins, stress; menor controlo pessoal sobre os aconte-
2000; Maier-Paarlberg & Donohue, 2000; cimentos.
Dutton, Haywood & El-Bayoumi, 1997). Especi- O stress é proveniente das desvantagens de
ficamente um estudo nacional aponta para con- pertencer a uma minoria, em especial problemas
sequências psicológicas significativas da violên- de identidade, biculturalismo e discriminação
cia doméstica, com risco de suicídio e risco de (Mino, Profit & Pierce, 2000). Os idosos prove-
agredir outros (Monteiro, 2000). Por outro lado, nientes de minorias são os mais vulneráveis ao
mulheres vítimas de violência doméstica durante stress entre a população idosa, em especial as
a gravidez tendem também a desenvolver mais mulheres (Keller & Fleury, 2000).
comportamentos de risco para a saúde, além de Os indivíduos que fazem parte de minorias
procurarem menos os cuidados de saúde pré-na- étnicas e culturais pode ser emigrantes. Neste
tais e terem mais crianças com baixo peso ao caso, há que considerar factores eventualmente
nascer (Curry & Harvey, 2000). Especificamente indutores de stress associados a esta situação,
as mulheres vítimas de violência sexual estão nomeadamente as exigências de adaptação a
mais em risco de desenvolverem perturbação de novos ambientes físicos e sociais, especialmente
stress pós-traumático, depressão, dor crónica e quando há condições económicas precárias, hos-
doenças sexualmente transmissíveis (Kelly & tilidade e estigmatização (Shuval, 1982). Mais
Redford, 1998). recentemente tem-se estudado a influência dos
No respeitante às influências do género, o ob- processos de aculturação no estado de saúde, que
jectivo principal da investigação em psicologia parece poder funcionar como factor de risco ou
da saúde deve ser o de identificar quais são os como factor protector consoante a sua relação
mediadores psicológicos da influência do género com características sociodemográficas, riscos
na saúde (Marks e col., 2000). biológicos pré-existentes e factores psicológicos
protectores e de risco (Azar, 1999), nomeada-
No que concerne às influências da cultura sa- mente as estratégias individuais que são adopta-
be-se que diferentes culturas estão associadas a das (Berry & Ataca, 2000). Especificamente nas
diferentes conceitos de saúde, diferentes formas sociedades anglo-saxónicas, a aculturação foi as-
de lidar com as ameaças para a saúde e diferen- sociada a maior tendência para desenvolver dia-
tes experiências de doença (Marks e col., 2000). betes, doença cárdiovascular, obesidade e de-
Os próprios serviços de saúde, a prestação dos pressão.
cuidados e as actividades de promoção da saúde
e de prevenção das doenças estão frequentemen- 2.2. Influências sobre a saúde do stress asso-
te organizadas numa perspectiva etnocêntrica, ciado à fragilidade social
passando ao lado das as minorias étnicas e cultu-
rais que, por seu turno, já percepcionam muitas Como se sabe, o stress pode afectar o estado
vezes obstáculos ao nível da acessibilidade. de saúde e constitui-se com frequência como um
A saúde dos grupos minoritários é geralmente importante factor de risco para o desenvolvimen-
pobre, com riscos acrescidos em relação à dia- to de doenças, nomeadamente para aquelas que
betes, doenças cárdiovasculares, obesidade e de- actualmente afectam significativamente a mor-
pressão. Identificaram-se vários factores associa- bimortalidade: hipertensão e doenças cárdiovas-
dos (Meyerowitz e col., 1998; Modood e col., culares, cancro e doenças cérebrovasculares (Bu-
1997; Williams & Collins, 1995): práticas so- ceta & Bueno, 1995). Os efeitos do stress sobre a
ciais de racismo e discriminação; estatuto socio- saúde têm sido divididos em directos (psicofisio-
económico baixo; etnocentrismo dos serviços de lógicos) e indirectos (comportamentais). Qual-

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quer indivíduo exposto a uma experiência de - Ter maiores dificuldades de comunicação
stress pode estar em risco em função de variáveis com os técnicos de saúde, de confronto
que podem influenciar negativamente a avalia- com procedimentos médicos indutores de
ção subjectiva da situação em que se encontra e stress (exames, tratamentos), de adaptação
dos recursos (pessoais e extrapessoais) que dis- à doença e de adesão a tratamentos medica-
põe para se confrontar com ela, nomeadamente: mentosos e autocuidados
estilos de confronto sistematicamente caracteri- - Ter competências escassas para lidar com a
zados por contenção, negação, evitamento e es- mudança e para moderar influências ambi-
cape comportamental; valores e crenças que pre- entais, com tendência para se fixar em esta-
disponham para avaliações desfavoráveis dos dos de frustração, o que pode adicionar ain-
acontecimentos; falta de recursos e competências da mais stress (Vanve, 1982).
para solucionar situações e, ainda, suporte social
escasso. Parece mais ou menos evidente que em situa-
Para além dos aspectos anteriormente mencio- ções de fragilidade social a questão do suporte
nados, é possível que nos indivíduos em situa- social escasso pode ser um factor de risco signi-
ções de fragilidade social esta última possa ficativo em termos dos efeitos negativos do
acrescentar ainda maiores riscos do stress poder stress em relação à saúde, uma vez que o indiví-
ser prejudicial para a saúde uma vez que pro- duo, estando em confronto com uma situação in-
porciona maior probabilidade do indivíduo: dutora de stress, não beneficia tanto da redução
do stress que pode ser proporcionada de várias
- Estar mais envolvido num estilo de vida
formas pelo suporte social: diminuição da quan-
pouco saudável, com menos comportamen-
tidade de ameaça percepcionada na situação e
tos protectores da saúde e maior envolvi-
aumento da percepção de controlo; apoio que
mento em comportamentos de risco para a
proporciona atitudes mais positivas e motivação
saúde (a nível alimentar, uso de substâncias
para superar as dificuldades; redução dos com-
e dos comportamentos sexuais)
portamentos de risco e reforço dos comporta-
- Viver num ambiente não-saudável, com
mentos protectores da saúde; desenvolvimento
condições precárias de habitação, alimen-
da autoconfiança; alívio proporcionado pelo va-
tação desiquilibrada e exposição a abusos e
lor da confidência e apoio emocional que reforça
a violência
a afectividade positiva.
- Dispor de menor informação sobre saúde,
sobre doenças e sobre recursos de saúde,
Em situações de fragilidade social, a falta de
com tendência para utilizar menos os ser-
suporte social pode ser por si própria indutora de
viços de saúde e demora excessiva nos
stress, especialmente porque se trata frequente-
comportamentos de procura de cuidados
mente de indivíduos com grandes necessidades
- Desenvolver maior vulnerabilidade aos
de suporte mas com poucas oportunidades para o
efeitos do stress relacionada com auto-esti-
obter, uma vez que a integração social é escassa.
ma baixa e ao desenvolvimento de cogni-
Acresce que várias situações de fragilidade
ções pessimistas que conduzem à diminui-
social se caracterizam por dificuldades que tam-
ção da percepção de controlo pessoal sobre
bém podem contribuir para induzir stress, a sa-
as ameaças para a sua saúde e sobre os pró-
ber:
prios acontecimentos que são vividos
- Considerar que a sua vida tem pouco sen- - Sentimentos de inutilidade e de fracasso,
tido, com ausência de projectos por exemplo, em desempregados de longa
- Estar em confronto mais ou menos perma- duração, que tendem a culpabilizar-se mais
nente com uma situação de isolamento, facilmente da situação em que se encon-
com poucas possibilidades de partilhar as tram (Kasl & Cobb, 1982)
suas experiências e beneficiando pouco - Restrição e limitação das actividades nor-
dos efeitos amortecedores que o suporte so- mais, devidas a diferentes graus de incapa-
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stress cias

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