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Programa de Iniciação Científica – CNPq/PIBIC

Projeto de Pesquisa

Familiares dos pacientes críticos crônicos admitidos na UTI do Sírio-


Libanês: análise da Qualidade de Vida, sintomas de ansiedade e
depressão de acordo com a gravidade e faixa etária.

Orientando: Lucas Matheus Lins


Orientadora: Renata Rego Lins Fumis

São Paulo
Julho/2018
II

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –

CNPq pela oportunidade e bolsa concedida.

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus por me dar forças para

concretização deste estudo.

Agradeço o apoio dos meus familiares e amigos, que compreenderam a

importância deste projeto para minha vida e me incentivaram a continuar.

Agradeço a Dra. Anamaria Aranha Camargo pela oportunidade que a mim foi

dada para realização do estudo e minha inserção no meio científico.

Sou imensamente grato a minha orientadora Dra. Renata Rego Lins Fumis pela

atenção, respeito e dedicação na idealização deste projeto, que me permitiu

conhecer novas ferramentas e técnicas de suma importância na construção do

conhecimento científico.

Agradeço ao Dr. Isac de Castro, que realizou as análises estatísticas deste projeto

de pesquisa, pelo apoio, atenção e respeito.

Agradeço à equipe da UTI do Hospital Sírio-Libanês pela qualidade no

atendimento e humanização da Unidade de Terapia Intensiva e a toda equipe do

Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP/HSL) pela colaboração e assistência durante a

realização deste projeto que, sem dúvidas, contribuiu muito para meu

desenvolvimento acadêmico e profissional.


III

RESUMO
Introdução: O paciente crítico crônico é aquele paciente que sobreviveu à fase aguda
da doença e evoluiu cronicamente. Tem uma longa permanência na UTI associada à
dependência prolongada de suporte ventilatório. Geralmente o paciente crítico crônico
tem idade mais avançada, escores de gravidade mais elevados, complicações
importantes com alta taxa de mortalidade. A família pode evoluir com sintomas de
ansiedade e depressão, estresse e piora na qualidade de vida. Objetivos: O objetivo
deste estudo foi avaliar a influência da gravidade medido pelo SAPS 3 e da idade
avançada do paciente crítico crônico sobre a Qualidade de Vida, sintomas de ansiedade
e depressão de seus familiares. Material e Métodos: A população alvo deste estudo
constitui de familiares de pacientes críticos crônicos admitidos na Unidade de Terapia
Intensiva do Hospital Sírio-Libanês. Instrumentos: o HADS foi usado para avaliar os
sintomas de ansiedade e depressão e WHOQOL-breve para avaliar a Qualidade de Vida
dos familiares. O EuroQol-5D-5Lpaa avaliar a qualidade de vida dos pacientes. O
estudo seguiu os critérios do paciente crítico crônico estabelecido na literatura, ou seja,
pacientes no oitavo dia de internação na UTI somado a qualquer uma das seguintes
condições: Sepse; Ventilação Mecânica Invasiva por quatro dias ininterruptos;
Traqueostomia; AVC de qualquer tipo; traumatismo crâneo encefálico; Lesões graves,
politrauma. Análise Estatística: As variáveis quantitativas foram descritas por meio de
medidas de tendência central e dispersão e as variáveis categóricas por meio de
frequências absolutas e relativas. Foi realizada regressão logística para avaliar os fatores
independentes associados à gravidade e à faixa etária do paciente. Os resultados foram
considerados significativos quando p<0,05. Resultados: Cem familiares de pacientes
críticos crônicos admitidos na UTI foram incluídos neste estudo. Os sintomas de
ansiedade foi o de maior prevalência (41 %) seguidos de 18% de depressão entre os
familiares. Estes sintomas não se associaram à faixa etária do paciente nem com a sua
gravidade. Em relação à qualidade de vida dos familiares, foi observado que o domínio
do meio ambiente foi associado com a gravidade do paciente crítico crônico. Entre os
fatores de risco para ansiedade, o rebaixamento do nível de consciência (OR 1,35;p <
0,0001), assim como a renda elevada (OR 1,70;p = 0,042) e o familiar quando ateu (OR
2,07;p = 0,028) foram os fatores associados. O nível de instrução superior do familiar
foi considerado o grande fator de risco para sintomas de depressão (OR 8,45; p <
0,0001), e maior pontuação no domínio psicológico do WHOQOL-breve foi um fator de
proteção contra esses sintomas (OR 0,89; p < 0,0001). Conclusão: Os familiares dos
pacientes críticos crônicos sofrem com sintomas de ansiedade e depressão e
demonstraram impacto no seu meio ambiente.
IV

ABSTRACT
Introduction: The chronic critical patient is the patient who survived the acute phase of
the disease and evolved chronically. It has a long stay in the ICU associated to the
prolonged dependence of ventilatory support. Generally, chronic critical patients are
older, have higher severity scores, and have major complications with a high mortality
rate. The family may evolve with symptoms of anxiety and depression, stress and
worsening of quality of life. Objectives: The objective of this study was to evaluate the
influence of severity measured by SAPS 3 and the advanced age of critical chronic
patients on Quality of Life, anxiety symptoms and depression of their relatives.
Material and Methods: The study population consisted of relatives of critically ill
patients admitted to the Intensive Care Unit of the Sírio-Libanês Hospital. Instruments:
HADS was used to evaluate the symptoms of anxiety and depression and WHOQOL-
breve to evaluate the Quality of Life of the relatives. The EuroQol-5D-5 is designed to
evaluate patients' quality of life. The study followed the criteria of the chronic critical
patient established in the literature, that is, patients on the eighth day of ICU admission
in addition to any of the following conditions: Sepsis; Mechanical Invasive Ventilation
for four uninterrupted days; Tracheostomy; AVC of any kind; traumatic brain injury;
Serious lesions, polytrauma. Statistical analysis: Quantitative variables were described
by means of central tendency and dispersion measures and categorical variables by
means of absolute and relative frequencies. Logistic regression was performed to
evaluate the independent factors associated with severity and age of the patient. The
results were considered significant when p <0.05. Results: One hundred of critically ill
patients admitted to the ICU were included in this study. The symptoms of anxiety were
the most prevalent (41%) followed by 18% of depression among the relatives. These
symptoms were not associated with the age of the patient nor with their severity.
Regarding the quality of life of the family members, it was observed that the
environmental domain was associated with the severity of the chronic critical patient.
Among the risk factors for anxiety, the lowering of the level of consciousness (OR 1.35,
p <0.0001), as well as the high income (OR 1.70, p = 0.042) and the familial when
atheist (OR 2, 07; p = 0.028) were the associated factors. The higher education level of
the relative was considered the major risk factor for symptoms of depression (OR 8.45,
p <0.0001), and a higher score in the psychological domain of the WHOQOL-breve was
a protective factor against these symptoms (OR 0.89, p <0.0001). Conclusion: Family
members of critically ill patients suffer from symptoms of anxiety and depression and
have had an impact on their environment.
V

SUMARIO

1. INTRODUÇÃO____________________________________________________VI

2. OBJETIVOS_______________________________________________________IX

3. MATERIAL E MÉTODOS___________________________________________IX

4. RESULTADOS___________________________________________________XVI

5. DISCUSSÃO____________________________________________________XXX

6. CONCLUSÃO_________________________________________________XXXIII

7. REFERENCIAS________________________________________________XXXV

8. ANEXOS____________________________________________________XXXVIII
VI

1.0 INTRODUÇÃO

O paciente admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode ter alguns

desfechos: o controle rápido da instabilidade e recuperação funcional; evolução

subaguda, associada à presença de disfunções de sistemas ou órgãos ou evoluir para o


1
óbito.

Com o avanço tecnológico, cerca de 5 a 10% dos doentes agudos que internam

em uma UTI evoluem cronicamente, embora alguns estudos relatem o percentual de 12-

20%. 1, 2, 3.

Este cenário, relativamente novo, trata-se de uma condição chamada de doença

crítica crônica (DCC), cujo período médio de hospitalização é ao redor de 60 dias. A

definição de DCC está atrelada a características demográficas, diagnósticos prévios e a

presença de fatores de risco na UTI. Este paciente sobreviveu ao primeiro insulto, não

atingiu adequada estabilidade a ponto de ser possível sua saída da UTI e necessita de

suporte prolongado de ventilação mecânica invasiva (VMI) e traqueostomia por VMI

prolongada. 3-5

De acordo com a mais recente definição, o paciente crítico crônico é aquele com

permanência de oito dias de internação na UTI somado a qualquer uma das seguintes

condições: sepse; ventilação mecânica por quatro dias ininterruptos; Traqueostomia;

AVC de qualquer tipo; TCE; Lesões graves, politrauma. 4

Geralmente, está associado à idade mais avançada, escores de gravidade mais

elevados, complicações importantes, reserva fisiológica comprometida, patologias que

requerem tratamento cirúrgico de grande porte, diagnóstico prévio de doença crônica

(pulmonar, renal ou cardíaca) e mortalidade hospitalar elevada. 2- 5


VII

O paciente crítico crônico permanece muito tempo internado na Unidade de

Terapia Intensiva (UTI). A UTI é um ambiente altamente estressante para os pacientes e

seus familiares, pelo próprio ambiente, pela intensidade das situações, pelos tratamentos
6-8
invasivos, risco de morte, entre outros.

Com o reconhecimento de que a família é parte integrante da UTI modernizada,

aumenta a preocupação com os cuidados a ela direcionados. O sofrimento emocional é

maior entre os que acompanham pacientes crônicos na UTI quando comparados aos

familiares de pacientes submetidos a cirurgias eletivas. 6-8

Foi observada alta prevalência de ansiedade e depressão entre os familiares de

pacientes oncológicos internados na UTI, especialmente na presença de metástase,

doença hematológica maligna, uso prolongado de ventilação mecânica invasiva e


8
prognóstico ruim. Tem sido descrito mudança na qualidade de vida dos familiares,

assim como uma perda financeira da família. O estudo do SUPPORT mostrou que 20%

dos cuidadores perderam seus empregos; 31% das famílias tiveram perda quase que

total, ou total, das suas reservas financeiras; e 29% das famílias perderam a principal

fonte de renda. 9

A tecnologia e os recursos avançados da medicina trouxe como consequência

negativa a desumanização. A qualidade de vida é um conceito multidimensional que

abrange todos os aspectos da vida pessoal de um paciente. Isto inclui desde a

capacidade de realizar atividade física, profissional, habilidade na execução de tarefas

diárias, saúde mental, atividades sociais, energia, dor, fadiga, sono e atividade sexual.

Inclui o estado funcional, definido como as atitudes diárias necessárias para a execução

e manutenção de suas necessidades. 10, 11


VIII

Tão importante quanto à aplicação de recursos em novos tratamentos e

tecnologia de ponta nas Unidades de Tratamento Intensivo, o conhecimento de dados

epidemiológicos da população atendida é uma necessidade que se impõe ante o

crescente custo destas no atendimento de saúde. Estas experiências são acompanhadas

de um sofrimento psicológico e que repercute de forma prejudicial na reabilitação do

paciente. São pacientes mais vulneráveis a sentir dor, sede, dispneia, incapacidade para

se comunicar, ansiedade, depressão, entre outros problemas que afetam não só o

paciente, mas também os seus familiares, cujo sofrimento é bem intenso. 8, 12, 13, 14

A literatura mostra que cerca de 60% dos sobreviventes permanecem


2, 5
dependentes após um ano. Há, portanto, um grande sofrimento familiar decorrente

do quadro do paciente crônico crítico, muitas vezes com perda de dignidade, diante de

um prognóstico sombrio e duvidoso.

A alta mortalidade pós-UTI de pacientes com sepse, um dos critérios de

elegibilidade para o crítico crônico, enfatiza a necessidade de se concentrar no

acompanhamento em longo prazo nesta população. Interessante observar que, apesar do

escore de gravidade do SAPS 3 não prever mortalidade em longo prazo, um escore

baixo na admissão pode ser útil para identificar pacientes com bom estado físico após

um ano. 15

Além do escore de gravidade, avaliado pelo SAPS 3, temos que observar o fator

da idade. De acordo com a literatura, os adultos mais idosos admitidos na unidade de

terapia intensiva tem maior mortalidade dentro do período de seis meses após alta

hospitalar e pior qualidade de vida entre os sobreviventes. 16

Os fatores prognósticos como o SAPS 3 e a idade avançada do paciente são

informações significativas com impacto na qualidade de vida em sobreviventes da


IX

15
unidade de terapia intensiva. Há poucos estudos brasileiros retratando a realidade

sobre pacientes críticos crônicos e seus familiares.

2.0 OBJETIVOS

2.1 Objetivo principal

Avaliar a influência do escore de gravidade medido pelo SAPS 3 e da faixa

etária do paciente crítico crônico, sobre a qualidade de vida e sintomas de ansiedade e

depressão de seus familiares.

2.2 Objetivo secundário

Avaliar características dos pacientes e familiares associados aos sintomas de

ansiedade e depressão.

3.0 MATERIAIS

Este estudo é um subprojeto de pesquisa da orientadora Renata Rego Lins fumis,

intitulado “Análise do paciente crítico crônico e o impacto na Qualidade de Vida

dos pacientes e familiares”, aprovado pelo CEP sob o nº HSL 2015-27.

3.1 Desenho do estudo

Estudo Transversal

3.2 População estudada

A população alvo deste estudo constitui de familiares de pacientes críticos

crônicos, identificados de acordo com a definição prévia, admitidos na Unidade de


X

Terapia Intensiva do Hospital Sírio-Libanês. Para compor o estudo, foi utilizado o

Banco de Dados do estudo principal, composto por 100 famílias.

3.2.1 Cálculo da Amostra

O cálculo do tamanho da amostra do estudo principal foi estimado, de acordo

com dados da literatura, um n de 400 famílias, porém apresentou diferença significativa

com o n de 186 famílias entrevistadas em dois centros. 17

Para este projeto, foram avaliadas as famílias apenas do Hospital Sírio-Libanês,

portanto um n de 100 famílias, dados já coletados no estudo principal.

3.3 Critérios de Inclusão e Exclusão

3.3.1 Critérios de Inclusão

Familiares diretos (cônjuges, filhos, pais, irmãos) de pacientes com oito dias de

internação na UTI, somado a qualquer uma das seguintes condições:

 Sepse;

 Ventilação Mecânica por 4 dias ininterruptos;

 Traqueostomia;

 AVC de qualquer tipo;

 Traumatismo Cranioencefálico (TCE)

 Lesões graves, politrauma.

O familiar escolhido foi o mais responsável pelo paciente, elegível por eles próprios,

definido como “surrogates”.

3.3.2 Critérios de Exclusão


XI

 Pacientes com tempo inferior a oito dias de internação na UTI e que não

preencheram os critérios acima;

 Pacientes admitidos na UTI com pós-operatório de cirurgia de cabeça e pescoço

com traqueostomia protetora;

 Pacientes definidos como “moribundos”, com expectativa de vida ≤ 48 horas;

 Pacientes readmitidos na UTI;

 Familiares com problemas psiquiátricos.

4.0 MÉTODOS

Em vista de cumprir com os objetivos desta pesquisa foi utilizado o banco de

dados do estudo realizado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Sírio-Libanês.

Os questionários foram aplicados pela pesquisadora responsável, sem qualquer tipo de

interferência no tratamento do paciente e com absoluta neutralidade.

Os pacientes e familiares estiveram cientes de que a participação era voluntária e

sem qualquer problema por eventuais respostas ao questionário e seu anonimato foi

preservado.

Após os critérios estabelecidos acima, os familiares completaram o HADS e o

WHOQOL-breve durante a internação do paciente na UTI, e responderam pelo paciente

o EuroQol-5D-5L e o Índice de Independência de Atividade de Vida Diária.

Para análise da gravidade foi utilizado o SAPS 3 categorizado de acordo com

sua mediana. A análise da faixa etária foi realizada de acordo com a definição de idoso,

prevista pelo estatuto do idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. 18

4.1 Instrumentos
XII

 Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS)

Os sintomas de ansiedade e depressão foram definidos utilizando o instrumento

“The Hospital Anxiety and Depression Scale”, composto por 14 itens, com duas

subescalas de sete itens para detectar ansiedade e depressão, já validadas para o


19
português (BOTEGA et al. 1995). O escore de cada subescala varia de zero (sem

sintomas) a 21 (máximo de sintomas). O ponto de corte no escore 10 para ansiedade ou

depressão tem sido utilizado na literatura para discriminar a presença ou ausência de

sintomas de ansiedade ou depressão em familiares de pacientes internados em UTIs e

foi usado neste estudo. 8

 WHOQOL-breve

O questionário sobre Qualidade de Vida escolhido foi o WHOQOL-breve,

consta de 26 questões, validado para o português sendo utilizado na literatura em

estudos epidemiológicos da área da saúde e é um instrumento seguro e apropriado para

este propósito.

 EuroQol-5D-5L (respondido pelo familiar na UTI)

O EQ-5D-5L é um questionário de qualidade de vida, desenvolvido por um

consórcio de investigadores europeus, o grupo EuroQol, validado em vários

países, inclusive no Brasil. O instrumento contempla cinco domínios de saúde

(mobilidade, autocuidado, atividades usuais, dor/desconforto e

ansiedade/depressão com três níveis cada um (sem problemas, alguns problemas

e problemas extremos). Além disso, contém uma escala visual analógica (EVA)

onde o participante atribui um valor para seu estado de saúde que varia de zero a

100 ( o melhor estado de saúde possível).


XIII

Assinale com uma cruz em apenas um quadrado de cada um dos seguintes

grupos, indicando qual das afirmações melhor descreve o seu estado de saúde atual.

Mobilidade

Não tenho problemas em a

Cuidados Pessoais

Atividades Habituais (ex. trabalho, estudos, atividades, domésticas,

atividades em família ou de lazer)

Sou incapaz de dese

Dor/Mal Estar

Não tenho dores ou mal-

Tenho dores ou mal-

Tenho dores ou mal-

Ansiedade/Depressão
XIV

Estou moderadamente ansioso (a

Estou extremamente

Escala Visual Analógica = _____

0----------------------------------------------------------100

0= pior estado de saúde imaginável;

100= melhor estado de saúde imaginável.

 Índice de Independência de Atividade de Vida Diária

O Index de Independência nas Atividades de Vida Diária (AVDs) – Index of

ADL - desenvolvido por Sidney Katz é um instrumento de avaliação funcional muito

utilizado na literatura gerontológica tanto em nível nacional quanto internacional. O

instrumento avalia a independência funcional dos pacientes para se banhar, vestir, ir ao

banheiro, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ser continente e alimentar-

se, atividades essas consideradas básicas e biopsicossocialmente integradas. Avalia o

nível de independência do indivíduo e o classifica como Independente (5/ 6 pontos);

moderadamente dependente moderada (2 a 4 pontos) e muito dependente (0 a 2 pontos).

Atividades INDEPENDÊNCIA (1 ponto) DEPENDÊNCIA (0 pontos)

SEM supervisão, orientação ou assistência COM supervisão, orientação ou


pessoal assistência pessoal ou cuidado integral

Banhar-se Banha-se completamente ou necessita de Necessita de ajuda para banhar-se em


auxílio somente para lavar uma parte do mais de uma parte do corpo, entrar e sair
Pontos:
corpo como as costas, genitais ou uma do chuveiro ou banheira ou requer
extremidade incapacitada. assistência total no banho.

Vestir-se Pega as roupas do armário e veste as roupas Necessita de ajuda para vestir-se ou
íntimas, externas e cintos. Pode receber ajuda necessita ser completamente vestido.
Pontos:
para amarrar os sapatos.
XV

Ir ao banheiro Dirige-se ao banheiro, entra e sai do mesmo, Necessita de ajuda para ir ao banheiro,
arruma suas próprias roupas, limpa a área limpar-se ou usa urinol ou comadre.
Pontos:
genital sem ajuda.

Transferência Senta-se/deita-se e levanta-se da cama ou Necessita de ajuda para sentar-se/deitar-


cadeira sem ajuda. Equipamentos mecânicos se e levantar-se da cama ou cadeira.
Pontos:
de ajuda são aceitáveis.

Continência Tem completo controle sobre suas É parcial ou totalmente incontinente do


eliminações (urinar e evacuar). intestino ou bexiga.
Pontos:

Alimentação Leva a comida do prato à boca sem ajuda. Necessita de ajuda parcial ou total com a
Preparação da comida pode ser feita por alimentação ou requer alimentação
Pontos:
outra pessoa. parenteral.

4.2 Variáveis de estudo

4.2.1 Características dos pacientes:

 Dados demográficos (gênero, idade, estado civil, escolaridade);

 Diagnóstico da admissão na UTI;

 Paciente oncológico;

 Escores de gravidade (SAPS 3, SOFA, Glasgow)

 Índice de comorbidades de Charlson;

 Necessidade de Terapia Renal Substitutiva;

 Necessidade de drogas vasoativas;

 Qualidade de vida (EuroQol-5D-5L);

 Atividade de vida diária – índice de KATZ.

4.2.2 Características dos familiares:

Sexo, idade, estado civil, grau de instrução, religião, parentesco com o paciente,

renda familiar, ocupação atual (trabalho ativo, aposentado ou desempregado),

conhecimento prévio de UTI, Escore HADS, Escore WHOQOL-breve.


XVI

5.0 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As variáveis quantitativas foram descritas por meio de medidas de tendência

central e dispersão e as variáveis categóricas por meio de frequências absolutas e

relativas. O teste de Mann-Whitney foi realizado para comparar o SAPS 3 categorizado

e a faixa etária com as medianas do WHOQOL-breve, e o teste de chi-quadrado para

comparar as variáveis categóricas.

Foi realizada regressão logística para avaliar os fatores independentes associados

aos sintomas de ansiedade e depressão no familiar. Para todos os testes estatísticos foi

estabelecido um erro alfa = 5%, isto é, os resultados foram considerados

estatisticamente significativos quando p<0,05.

6.0 QUESTÕES ÉTICAS

O projeto foi aprovado na Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital Sírio-

Libanês sob o nº HSL 2015-27.

7.0 RESULTADOS

Neste estudo foram analisados 100 familiares de pacientes que foram admitidos

na UTI do Hospital Sírio-Libanês e identificados como crítico crônico. O familiar

incluído no estudo foi o responsável pelo paciente e que se encontrava presente no

período de internação na UTI.

As características clínicas dos pacientes estão descritas na Tabela 1, na qual se

observa um escore alto de gravidade medido pelo SAPS 3 e SOFA. São pacientes que

requerem muito suporte de tratamento avançado na UTI como, por exemplo, diálise,

droga vasoativa, transfusão sanguínea. Os pacientes críticos crônicos têm muita


XVII

reinternação hospitalar e na UTI. Por se tratar de um centro de referência oncológica, o

número de pacientes oncológicos é bem expressivo.

Tabela 01 – Características clínicas dos pacientes críticos crônicos.

Variáveis clinicas
Admissão na UTI para tratamento clínico 71 (71,0%)
SAPS 3 53,5 [45,5 – 63,5]
SOFA 6,0 [3,0 – 9,0]
Índice CHARLSON 2,0 [0,5 – 4,0]
Escala de GLASGOW 14,0 [13,0 – 15,0]
Índice de KATZ 0,0 [0,0 – 4,0]
EQ-5D 7,0 [6,0 – 10,0]
Dependência AVD 24 (24,0%)
Transfusão sanguínea 47,0%
Diálise 22 (22,0%)
Delirium 54 (54,0%)
Droga vasoativa 86 (86,0%)
Câncer 45 (45,0%)
Metástase 20 (44,4%)
Cuidados paliativos 9 (9,0%)
Demência 11 (11,0%)
Dias de internação na UTI 16,0 [10,0 – 26,0]
Tempo de internação no Hospital 38,0 [27,0 – 56,0]
Óbito na UTI 17 (17,2%)
Óbito no hospital 34 (35,1%)
Reinternação no hospital 50 (50,0%)
Reinternação na UTI 32 (32,0%)
As variáveis categóricas estão expressas em proporções n (%) e as contínuas são
apresentadas pelas medianas e interquartis [25%-75%].

A tabela 2 mostra aos dados demográficos dos pacientes. Observa-se que

sessenta e oito (68%) eram do sexo masculino; a mediana de idade foi de 69 [59,5 – 81]

anos; e a maioria (75%) se encontrava na faixa etária ≥ 60 anos, ou seja, trata-se de

uma população mais idosa, sendo que 11% apresentavam demência e 54% teve delirium

na UTI como mostra a tabela 1.


XVIII

Tabela 02 – Características demográficas dos pacientes críticos crônicos.

Variáveis demográficas dos pacientes


IDADE 69 [59,5-81,0]
Faixa etária ≥ 60 anos 75 (75%)
SEXO
Masculino 68 (68,0%)
Feminino 32 (32,0%)
ESTADO CIVIL
Solteiro 73 (73,0%)
Casado 11 (11,0%)
Viúvo 15 (15,0%)
Divorciado 1 (1,0%)
INSTRUÇÃO
Primário 12 (12,0%)
Secundário 21 (21,0%)
Superior 67 (67,0%)
RELIGIÃO
Católica 71 (71,0%)
Evangélica 2 (2,0%)
Espírita 13 (13,0%)
Ateísta 1 (1,0%)
Outras 13 (13,0%)
As variáveis categóricas estão expressas em proporções n (%) e as contínuas são
apresentadas pelas medianas e interquartis [25%-75%].

No que se refere aos familiares, 83% eram do sexo feminino; a mediana de idade

era de 58 [47,5 – 67] anos; a maioria casada (82%); com nível de instrução superior

(81%); e de religião católica (72%). Observa-se que se trata de uma população de alta

renda. (Tabela 3).


XIX

Tabela 03 – Características demográficas dos familiares.

Variáveis demográficas dos familiares


IDADE 58,0 [47,5-67,0]
SEXO
Masculino 17 (17,0%)
Feminino 83 (83,0%)
ESTADO CIVIL
Solteiro 82 (82,0%)
Casado 11 (11,0%)
Viúvo 2 (2,0%)
Divorciado 5 (5,0%)
INSTRUÇÃO
Primário 4 (4,0%)
Secundário 21 (21,0%)
Superior 81 (81,0%)
RELIGIÃO
Católica 72 (72,0%)
Evangélica 4 (4,0%)
Espírita 13 (13,0%)
Ateísta 1 (1,0%)
Outras 10 (10,0%)
GRAU DE PARENTESCO
Cônjuge 47 (47,0%)
Pais 12 (12,0%)
Filhos 36 (36,0%)
Irmãos 5 (5,0%)
RENDA FAMILIAR
R$ 1.000,00 1 (1,0%)
R$ 3.000,00 3 (3,0%)
R$ 5.000,00 8 (8,0%)
R$ 8.000,00 16 (16,0%)
> R$ 8.000,00 72 (72,0%)
TRABALHO DO FAMILIAR
Ativo 63 (63,0%)
Aposentado 36 (36,0%)
Desempregado 1 (1,0%)
Reside com o paciente 67,0%
Experiência prévia com UTI 25,0%
As variáveis categóricas estão expressas em proporções n (%) e as contínuas são
apresentadas pelas medianas e interquartis [25%-75%].

A tabela 4 mostra os Domínios do WHOQOL-breve e pode ser observado que,

dentro desta amostra, o meio ambiente é o domínio mais prejudicado para os familiares

dos pacientes críticos crônicos.


XX

Tabela 04 – Pontuações obtidas na escala WHOQOL-Breve por familiares de

pacientes críticos crônicos.

Domínios do WHOQOL-Breve Mediana [IQ 25%-75%]


Físico 71,4 [60,7 – 85,7]
Psicológico 70,8 [58,3 – 83,3]
Relações sociais 75,0 [58,3 – 83,3]
Meio ambiente 62,5 [46,9 – 78,1]

Observa-se que os familiares apresentaram mais sintomas de ansiedade do que

sintomas de depressão (Tabela 5).

Tabela 05 – Pontuações obtidas na escala HADS e frequência de sintomas de

ansiedade e depressão por familiares dos pacientes críticos crônicos.

HADS Valores
Sintomas de ansiedade 41 (41,0%)
Sintomas de depressão 18 (18,0%)
Escore da subescala de ansiedade 9,0 [7,0 – 13,0]
Escore da subescala de depressão 6,0 [3,0 – 9,0]
Escore total HADS 15,0 [9,5 – 21,0]
As variáveis categóricas estão expressas em proporções n (%) e as contínuas são
apresentadas pelas medianas e interquartis [25%-75%].
XXI

Com relação aos critérios de elegibilidade para o paciente crítico crônico, a

sepse e ventilação mecânica invasiva ≥ 4 dias foram as mais prevalentes (79% e 73%

respectivamente). Sessenta e oito (68%) pacientes apresentaram mais de um dos

critérios de elegibilidade conforme o Gráfico 1.

Gráfico 1 - Critérios de Elegibilidade do paciente crítico crônico – UTI Hospital

Sírio-Libanês.

Foi observado que os critérios de elegibilidade para a doença crítica crônica não

tiveram diferença significativa quando correlacionados com a categorização do SAPS 3

(> 50 pontos), exceto o critério de ventilação mecânica invasiva por quatro dias

consecutivos, significativamente maior em pacientes que apresentavam valores > 50

pontos no escore (p < 0,001) (Tabela 6).


XXII

Tabela 6 - Critérios de elegibilidade para Doença Crítica Crônica de acordo com o

SAPS 3 categorizado.

SAPS 3 Categorizado ≤ 50 > 50 P*

Dias de Internação na UTI 15 [10-25] 18 [11-26] 0,265

Sepse 33 (73,3) 46 (83,6) 0,208

Ventilação Mecânica Invasiva 25 (55,6) 48 (87,3) <0,001


≥ 4 dias

Traqueostomia 6 (13,3) 10 (18,2) 0,511

AVC 9 (20,0) 5 (9,1) 0,118

TCE 1 (2,2) 3 (5,5) 0,412

Politrauma 1 (2,2) 5 (9,1) 0,150


As variáveis categóricas estão expressas em proporções n (%) e as contínuas são
apresentadas pelas medianas e interquartis [25%-75%]. * Teste do chi-quadrado de
Pearson

O valor do corte do escore de gravidade do SAPS 3 foi obtido através da curva

ROC. O SAPS 3 > 50 associou-se com a idade ≥ 52 anos, apresentando sensibilidade

(56,6%) e especificidade (75,6%), com área sob a curva de 0,675 (Área = 0,675; p =

0,000, IC 95%; 0,598 a 0, 753) Figura 1.


XXIII

Figura 1 – Curva ROC do escore de gravidade SAPS 3 de acordo com a idade.

Não houve diferença significativa do escore SAPS 3 categorizado entre os

pacientes idosos e não idosos (p = 0,417). Todavia, a mediana do SAPS 3 foi

significativamente maior entre os pacientes na faixa etária ≥ 60 anos (mediana 57 [49 –

64] pontos ) versus mediana de 45 [40 – 52] pontos para a faixa etária < 60 anos, p <

0,001. Quanto ao nível de independência das atividades de vida diária do paciente

verificado através do Índice de Katz, houve diferença significativa entre as idades

analisadas, com uma pontuação maior para faixa etária ≥ 60 anos (p = 0,001) (Tabela

7).

Observa-se que os pacientes que se encontram na faixa etária ≥ 60 anos tem pior

qualidade de vida (p < 0,0001), medido pelo EQ-5D-5L e, de acordo com seus
XXIV

familiares, um pior estado de saúde, verificado pela Escala Visual Analógica (EQ-5D-

5L) comparados com a faixa etária < 60 anos (Tabela 7).

Tabela 7 - Características clínicas de acordo com a idade do paciente crítico

crônico.

Idade < 60 anos Idade ≥ 60 anos Valor p


Variáveis Clínicas
N=25 N=75

SAPS 3 Categorizado, <= 50 13 (52,0) 32 (42,7)


n (%) 0,417
> 50 12 (48,0) 43 (57,3)

SAPS 3, mediana [IQ] 45 [40-52] 57 [49-64] <0,001

SOFA, mediana [IQ] 5 [3-10] 6 [2-9] 0,895

Glasgow, mediana [IQ] 14 [7-15] 14 [13-15] 0,250

Charlson, mediana [IQ] 0 [0-4] 2 [1-4] 0,124

Tempo de VMI, mediana [IQ] 10 [4-19] 9 [6-15] 0,923

Paciente Oncológico, n (%) 12 (48,0) 33 (44,0) 0,728

Droga vasoativa, n (%) 20 (80,0) 66 (88,0) 0,318

Transfusão sanguínea, n (%) 14 (56,0) 33 (44,0) 0,298

Terapia Renal Substitutiva, n (%) 5 (20,0) 17 (22,7) 0,780

Cuidados Paliativos, n (%) 2 (8,0) 7 (9,3) 0,840

Índice de Katz, mediana [IQ] 0 [0-0] 1 [0-5] 0,001

EuroQol-5D-5L, mediana [IQ] 6 [5-7] 8 [7-11] <0,0001

Escala Visual Analógica (EQ-5D-5L), 80 [55-100] 50 [40-80] <0,0001


mediana [IQ]
XXV

Não houve associação significativa da faixa etária com a sobrevida na UTI.

Entretanto, a mortalidade hospitalar observada foi de 41,9% entre os pacientes que se

encontravam na faixa etária ≥ 60 anos, muito mais elevada comparada com a faixa

etária < 60 anos. (Tabela 8).

Tabela 8 - Desfechos dos pacientes críticos crônicos da UTI do Hospital Sírio

Libanês de acordo com a faixa etária ≥60 anos.

< 60 anos >= 60 anos P valor

Óbito na UTI
2 (8,3%) 15 (20,0%) 0,280

Óbito no hospital 3 (13,0%) 31 (41,9%) 0,023

Reinternação hospitalar 10 ( 40,0%) 40 (53,3%) 0,248

Reinternação da UTI 8 (32,0%) 24 (32,0%) 1,000

Em relação aos sintomas de ansiedade e depressão não foi observado associação

significativa com as diferentes faixas etárias analisadas, conforme o Gráfico 2. Além

disso, também não houve correlação significativa entre à gravidade do paciente,

verificada através do escore de gravidade SAPS 3 > 50 pontos, e sintomas de ansiedade

e depressão (Gráfico 3).


XXVI

Gráfico 2 - Sintomas de Ansiedade e Depressão nos familiares dos pacientes

críticos crônicos de acordo com a faixa etária do paciente (< 60 anos versus ≥ 60

anos).
XXVII

Gráfico 3 - Sintomas de Ansiedade e Depressão nos familiares dos pacientes

críticos crônicos de acordo com o “Cutoff” do SAPS 3 > 50 pontos.

Não houve associação significativa entre a faixa etária (≥ 60 anos) do paciente

crítico crônico e a qualidade de vida do familiar (p = 0,193). Inclusive, não houve

diferença entre os domínios avaliados separadamente: físico, psicológico, social e

ambiente conforme descrito na Tabela 9.


XXVIII

Tabela 9 - Qualidade de vida dos familiares de acordo com a faixa etária do

paciente.

WHOQOL Idade < 60 Idade ≥ 60 P


breve e Domínios valor *

WHOQOL total 113 [99-122] 105 [96-118] 0,193

Físico 82,14 [71,43-96,43] 78,57 [67,86-89,29] 0,262

Psicológico 79,17 [62,50-91,67] 75,00 [62,50-87,50] 0,457

Social 75,00 [66,67-100,00] 83,33 [66,67-100,00] 0,688

Ambiente 84,38 [75,00-93,75] 87,50 [78,13-93,75] 0,817


* Teste de Mann-Whitney

Não houve correlação significativa entre a gravidade do paciente SAPS 3 > 50

pontos e a qualidade de vida familiar (p = 0,162). Todavia, foi observado que os

familiares dos pacientes com SAPS 3 > 50 pontos apresentavam pior pontuação no

domínio ambiente do WHOQOL-breve, comparados com os que tinham SAPS 3 ≤ 50

pontos (p = 0,031). Não foi observada diferença significativa entre os demais domínios

(físico; psicológico; e social) (Tabela 10).


XXIX

Tabela 10 - Qualidade de vida dos familiares de acordo com o SAPS 3 categorizado

do paciente.

WHOQOL breve e SAPS 3 ≤ 50 SAPS 3 > 50 P valor *


Domínios

WHOQOL total 112 [100-121] 108 [95-118] 0,162

Físico
82,14 [67,86-92,86] 78,57 [67,86-89,29] 0,309

Psicológico 79,17 [62,50-91,67] 70,83 [62,50-87,50] 0,230


Social
83,33 [66,67-100,00] 83,33 [66,67-100,00] 0,448

Ambiente 87,50 [81,25-96,88] 84,38 [71,88-90,63] 0,031


* Teste de Mann-Whitney

Análise multivariada com Regressão Logística

De acordo com a regressão logística, o ateísmo é o maior fator de rico para os

sintomas de ansiedade (OR = 2,07; IC 95%: 1,08 a 3,97; p = 0,028) seguido da renda

familiar elevada > R$ 8.000,00 (OR = 1,70; IC 95%: 1,02 a 2,81; p = 0,042). Entre as

características dos pacientes, o rebaixamento do nível da consciência, verificado pela

Escala de Glasgow foi o único fator de risco para sintomas de ansiedade do familiar

(OR = 1,35; IC 95%: 1,14 a 1,58; p < 0,0001).

Foi observado que o nível superior do familiar, além de ser o único fator de risco

que entrou na análise, possui um risco elevado (OR = 8,45; IC = 95%: 2,69 a 26,55; p <

0,0001) para os sintomas de depressão do familiar. Por outro lado, o familiar com boa

pontuação no domínio psicológico do instrumento de qualidade de vida WHOQOL-


XXX

breve, tem uma proteção contra esses sintomas de depressão (OR = 0,89; IC 95%: 0,85

a 0,94; p < 0,0001) (Tabela 11).

Tabela 11 - Fatores de proteção e de risco para sintomas de ansiedade e depressão

no familiar.

Variáveis Odds Ratio (OR) IC (95%) Valor p

Modelo para Ansiedade (Escore subescala Ansiedade HADS>10)

Religião do familiar Ateísmo 2,07 1,08-3,97 0,028

Renda familiar elevada 1,70 1,02-2,81 0,042

Escala Glasgow baixa 1,35 1,14-1,58 <0,0001

Modelo para Depressão (Escore subescala Depressão HADS >10)

Maior instrução familiar (nível superior) 8,45 2,69-26,55 <0,0001

Maior pontuação domínio psicológico 0,89 0,85-0,94 <0,0001


WHOQOL Breve

8.0 DISCUSSÃO

O paciente crítico crônico é um cenário relativamente novo, com poucos estudos

caracterizando os pacientes e familiares. Este estudo acrescenta à literatura trazendo

suas características demográficas e clínicas, de acordo com a sua mais recente definição,

assim como características dos seus familiares, com aspectos sociais e emocionais. 1-4

Este estudo teve por objetivo verificar a associação entre escore de gravidade,

medido pelo SAPS3, e a faixa etária do paciente crítico crônico, com os sintomas de

ansiedade e depressão e com a qualidade de vida dos familiares. Assim como aponta a

literatura, observamos nesta população, uma idade mais avançada, com gravidade
XXXI

elevada, uma boa parte dos pacientes necessitando de recursos avançados de vida na

UTI e longa permanência hospitalar. 5

Cerca de cinco a dez por cento dos pacientes evoluem cronicamente. A doença

crônica crítica está associada à mortalidade hospitalar na faixa de 20 a 40%, com

duração mediana do hospital de 14 a 60 dias. 1-3 Nossos resultados estão de acordo com

a literatura, mostrando uma taxa de óbito na UTI mais elevada (17%) assim como a

mortalidade hospitalar (35%). Interessante observar que, em concordância com a


20
literatura , a mortalidade hospitalar foi mais alta na faixa etária acima dos 60 anos e

são pacientes com longo período de permanência no hospital, com várias reinternações.

O paciente crítico crônico, por todas suas características, isto é,

multicomorbidades, tempo elevado de internação hospitalar, reinternações, tem um

custo muito elevado e, consequentemente, pode afetar a qualidade de vida de seus


5,7
familiares. Este estudo foi realizado em um hospital com distinta classe social, ou

seja, com pacientes e familiares pertencentes à classe socioeconômica muito elevada.

Mesmo assim, foi observado grande impacto no domínio do meio ambiente da família,

principalmente com a gravidade elevada.

A sepse e ventilação mecânica prolongada foram os critérios de elegibilidade do

crítico crônico de maior prevalência, o que lhes dá maior gravidade principalmente em

se tratando de pacientes com idade mais avançada e, consequentemente, pior desfechos

para pacientes e sequelas para seus familiares. 7,21

Os pacientes com faixa etária elevada encontravam-se mais dependentes para

suas atividades de vida diária e com pior qualidade de vida na sua avaliação inicial

durante a UTI. Possivelmente, por se tratar de pacientes mais idosos foi observado

grande taxa de delirium e alguns com demência. Entretanto, ressaltamos que não houve
XXXII

diferença entre a necessidade de suporte de vida avançado na UTI entre as diferentes

faixas etárias.

Em relação aos sintomas de ansiedade e depressão, a faixa etária do paciente não

teve impacto para esses sintomas no familiar, diferindo da literatura que nos aponta uma

piora desses sintomas quando o paciente é mais jovem. Em concordância com a

literatura, observa-se que os sintomas de ansiedade são mais prevalentes do que os de

depressão. 8

A constatação de uma grande quantidade de pacientes oncológicos no presente

estudo deve-se ao fato do hospital ser um centro de referência em tratamento

oncológico, e é bom ressaltar que se trata de um cenário mais difícil para os familiares. 8

O sofrimento prolongado do paciente crítico crônico requer um cuidado maior

com seus familiares que sofrem com uma carga psicológica, incluindo sintomas de

ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. 7,8 No presente estudo, não

houve diferenças significativas na qualidade de vida dos familiares entre as diferentes

faixas etárias dos pacientes. Entretanto, foi observado que a gravidade do paciente piora

o meio ambiente de sua família.

Entre todas as situações que o paciente crítico crônico percorre, foi notado que o

rebaixamento do nível de consciência tem impacto para a família que sofre mais com

sintomas de ansiedade. Interessante que apesar de recursos favoráveis, por se tratar de

uma população de alta renda, não os protegem desses sintomas, pelo contrário, é um

fator de risco.
XXXIII

A espiritualidade tem se mostrado como um fator de proteção para os familiares

de pacientes críticos, talvez por isso, nesta população do presente estudo, ser ateu foi o

maior fator de risco para ansiedade. 12

Importante a família receber um apoio psicológico na UTI, tendo em vista o

grande e prolongado sofrimento durante a internação. Haja vista que aqueles familiares

com melhor desempenho no domínio psicológico se protegeram dos sintomas de

depressão. Acreditamos na importância do acompanhamento dos familiares de pacientes

críticos crônicos, com relação ao sofrimento emocional e a qualidade de vida. Conforme

vimos em estudos anteriores, muitos dos cuidadores perdem seus empregos, e muitas

famílias tem perdas de reservas financeiras e da principal fonte de renda. A doença

crítica crônica deixa os pacientes mais vulneráveis, com muitas comorbidades e outros

problemas que afetam não só o paciente, mas também seus respectivos familiares. 5,7,9

As principais limitações deste estudo devem-se ao fato de ter sido realizado em

um único hospital da rede privada e com visita aberta à UTI (24 horas), o que não

condiz com a política de visitação limitada, encontrada na maioria das UTIs brasileiras.

Não foi avaliado se os familiares tinham diagnóstico prévio de ansiedade e depressão.

Outra limitação trata-se de uma amostra muito pequena e mais estudos são necessários

para avaliar esta população.

9.0 CONCLUSÃO

Apesar do presente trabalho não ter constatado diferenças significativas na

qualidade de vida e sintomas de ansiedade e depressão dos familiares, de acordo com a

análise da gravidade e faixa etária dos pacientes, observou-se que familiar do paciente

crítico crônico sofre muito emocionalmente. Há uma prevalência dos sintomas de


XXXIV

ansiedade comparados aos sintomas de depressão, e a qualidade de vida é rebaixada

nesta população.

O baixo nível de orientação dos pacientes, medido pela escala de Glasgow, mostrou-se

um fator de risco para ansiedade nos familiares, assim como a renda elevada e o ateísmo

dos familiares.

Com relação aos sintomas de depressão no familiar, uma maior pontuação no domínio

psicológico do WHOQOL-breve, foi considerado um fator de proteção, à medida que o

nível de instrução superior do familiar foi considerado um fator de risco para os

sintomas de depressão.

Este estudo tem algumas limitações. Ele foi conduzido em um centro único da rede

privada e com política de visitação aberta 24 horas na UTI, o que constitui em sua

principal limitação, por não ser representativo das UTIs brasileiras, nas quais a grande

maioria tem política com restrição de horas de visitação. Outra limitação se dá pelo

número pequeno de participantes e, portanto, este resultado não pode ser generalizado.

Por último, este trabalho analisou somente o tempo em que os familiares estavam na

UTI e torna-se desconhecido o quanto gerou de sofrimento emocional no pós-UTI,

como ficou a qualidade de vida desses pacientes e familiares e a sobrevida dos

pacientes. Importante dar continuidade para melhor conhecimento e suporte para esta

população.
XXXV

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. Nelson JE, Cox CE, Hope AA, Carson SS. Chronic critical illness. Am J Respir Crit

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cohort study. Crit Care. 2006; 10: R89.

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the symptoms of anxiety and depression. Intensive Care Med. 2009 May;35(5):899-902.

9. The SUPPORT Principal Investigators. A controlled trial to improve care for

seriously ill hospitalized patients: The study to understand prognoses and preferences

for outcomes and risks of treatments (SUPPORT) JAMA. 1995;274:1591–1598.


XXXVI

10. Marcelo Pio de Almeida Fleck, Ondina Fachel Leal, Sérgio Louzada, et al.

Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de

vida da OMS (WHOQOL-100). Rev Bras Psiquiatr, 21 (1), 1999.

11. Dowdy DW, Eid MP, Sedrakyan A, Mendez-Tellez PA, Pronovost PJ, Herridge

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review of the literature. Intensive Care Med. 2005 May;31(5):611-20.

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14. Lautrette A, Darmon M, Megarbane B, et al. A communication strategy and

brochure for relatives of patients dying in the ICU. N Engl J Med 2007; 356:469-78.

15. Honselmann KC, Buthut F, Heuwer B, Karadag S, Sayk F, Kurowski V, Thiele H,

Droemann D, Wolfrum S. Long-term mortality and quality of life in intensive care

patients treated for pneumonia and/or sepsis: Predictors of mortality and quality of life

in patients with sepsis/pneumonia. J Crit Care. 2015 Aug;30(4):721-6.

16. Khouli H, Astua A, Dombrowski W, Ahmad F, Homel P, Shapiro J, Singh J,

Nallamothu R, Mahbub H, Eden E, Delfiner J. Changes in health-related quality of life

and factors predicting long-term outcomes in older adults admitted to intensive care

units. Crit Care Med. 2011 Apr;39(4):731-7.


XXXVII

17. Berkius J, Engerström L, Orwelius L, Nordlund P, Sjöberg F, Fredrikson M,

Walther SM. A prospective longitudinal multicentre study of health related quality of

life in ICU survivors with COPD. Crit Care. 2013 Sep 24;17(5):R211.

18. Estatuto do idoso: lei federal nº 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília, DF:

Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004.

19. Botega NJ, Bio MR, Zomignani MA, Garcia C Jr, Pereira WA. [Mood disorders

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20. Douglas SL, Daly BJ, O'Toole EE, Kelley CG, Montenegro H. Age differences in

survival outcomes and resource use for chronically critically ill patients. J Crit Care.

2009 Jun;24(2):302-10.

21. Ducos G, Mathe O, Balardy L, Lozano S, Kurrek M, Ruiz J, Riu-Poulenc B,

Fourcade O, Silva S, Minville V. Influence of Age on Decision-Making Process to

Limit or Withdraw Life-Sustaining Treatment in the Intensive Care Unit - A Single

Center Prospective Observational Study. J Frailty Aging. 2017;6(3):148-153.


XXXVIII

11.0 ANEXOS - QUESTIONÁRIOS

I. Dados demográficos do paciente


Identificação do Paciente:
Sexo
1.□ Feminino 2.□ Masculino
Idade do paciente: ______anos
Estado Civil do paciente

1. Solteiro 2. Casado 3. Viúvo 4. Divorciado

Grau de instrução:

1.  1oGrau 2. 2o Grau 3. Superior


Data internação na UTI: ___/___/___ Data de saída: ___/___/___

Tipo de saída: 1. Alta 2. Óbito 3. Transferência

Diagnóstico da internação na UTI: ___________________________________


Tratamento:

1. Clínico 2. Cirúrgico

Uso de Ventilação Mecânica Invasiva

1.  Sim 2.  Não
Nº de dias: ______
Traqueostomia: ( ) Sim ( ) Não
Uso de vasopressores: Sim ( ) Não ( )
Diálise: Sim ( ) Não ( )

 Paciente Oncológico  Não Oncológico

II. Escore SOFA


Avaliação da função dos órgãos de acordo com o SOFA (Sequential Organ Failure
Assessment ) – Função dos 6 sistemas avaliados no momento da admissão.

 Respiratório

 Renal

 Cardiovascular

 Hepático
XXXIX

 Coagulação

 Neurológico

III. Escore fisiológico agudo simplificado (SAPS 3)


XL

IV. Dados demográficos do familiar


Identificação do familiar
Sexo:

1. Feminino 2. Masculino

Idade: ______ anos


Estado civil:

1. Solteiro 2. Casado 3. Viúvo 4. Divorciado

Nível de instrução:

1. 1oGrau 2. 2o Grau 3. Superior

Religião:

1. Católica 2. Evangélica 3. Espírita 4. Ateísta 5. Outras

Parentesco com o paciente:

1. Cônjuge 2. Pais 3. Filhos 4. Irmãos


Seu conhecimento da Unidade de Terapia Intensiva:

1.  Nunca havia entrado em uma UTI

2.  Já tinha entrado nessa ou em outra UTI

V. Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS)


Por favor, leia todas as frases. Marque com um X a resposta que melhor corresponder a
como você tem se sentido na última semana.
A. Eu me sinto tenso ou contraído
3 ( ) A maior parte do tempo
2 ( ) Boa parte do tempo
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Nunca
D. Eu ainda sinto gosto(satisfação) pelas mesmas coisas de que costumava gostar
0 ( ) Sim, do mesmo jeito que antes
1 ( ) Não tanto quanto antes
2 ( ) Só um pouco
3 ( ) Já não sinto mais prazer em nada
XLI

A. Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer
3 ( ) Sim, de um jeito muito forte
2 ( ) Sim, mas não tão forte
1 ( ) Um pouco, mas isso não me preocupa
0 ( ) Não sinto nada disso
D. Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas
0 ( ) Do mesmo jeito que antes
1 ( ) Atualmente um pouco menos
2 ( ) Atualmente bem menos
3 ( ) Não consigo mais
A. Estou com a cabeça cheia de preocupações
3 ( ) A maior parte do tempo
2 ( ) Boa parte do tempo
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Raramente
D. Eu me sinto alegre
3 ( ) Nunca
2 ( ) Poucas vezes
1 ( ) Muitas vezes
0 ( ) A maior parte do tempo
A. Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado
0 ( ) Sim, quase sempre
1 ( ) Muitas vezes
2 ( ) Poucas vezes
3 ( ) Nunca
D. Estou lento (lerdo) para pensar e fazer as coisas
3 ( ) Quase sempre
2 ( ) Muitas vezes
1 ( ) De vez em quando
XLII

0 ( ) Nunca

A. Tenho uma sensação ruim de medo (como um frio na espinha, ou um aperto no


estômago...)
0 ( ) Nunca
1 ( ) De vez em quando
2 ( ) Muitas vezes
3 ( ) Quase sempre
D. Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparência
3 ( ) Completamente
2 ( ) Não estou mais me cuidando como eu deveria
1 ( ) Talvez não tanto quanto antes
0 ( ) Me cuido do mesmo jeito que antes
A. Eu me sinto inquieto, como se eu não pudesse ficar parado em lugar nenhum
3 ( ) Sim, demais
2 ( ) Bastante
1 ( ) Um pouco
0 ( ) Não me sinto assim
D. Fico esperando animado as coisas boas que estão por vir
0 ( ) Do mesmo jeito que antes
1 ( ) Um pouco menos do que antes
2 ( ) Bem menos do que antes
3 ( ) Quase nunca
A. De repente, tenho a sensação de entrar em pânico
3 ( ) A quase todo momento
2 ( ) Várias vezes
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Não sinto isso

D. Consigo sentir prazer ao assistir a um bom programa de TV, de rádio, ou quando leio
alguma coisa
0 ( ) Quase sempre
XLIII

1 ( ) Várias vezes
2 ( ) Poucas vezes
3 ( ) Quase nunca

VI. Questionário de Qualidade de vida WHOQOL-100 breve

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde
e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem
certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a
que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por
favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos
perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas
semanas. Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe
parece a melhor resposta.

Muito Ruim Nem Boa Muito


ruim ruim Boa
nem boa
1- 1 2 3 4 5
Como você avaliaria sua qualidade
de vida?

Muito Insatisfeito Nem Satisfeito Muito


insatisfeito satisfeito insatisfeito
nem
insatisfeito
2- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está
com a sua saúde?

Nada Muito Mais ou Bastante Extrema


pouco menos mente
3- 1 2 3 4 5
Em que medida você acha que sua
dor (física) impede você de fazer o
que você precisa?
4- 1 2 3 4 5
O quanto você precisa de algum
tratamento médico para levar sua
vida diária?
5- 1 2 3 4 5
O quanto você aproveita a vida?
XLIV

6- 1 2 3 4 5
Em que medida você acha que a
sua vida tem sentido?
7- 1 2 3 4 5
O quanto você consegue se
concentrar?
8- 1 2 3 4 5
Quão seguro(a) você se sente em
sua vida diária?
9- 1 2 3 4 5
Quão saudável é o seu ambiente
físico (clima, barulho, poluição,
atrativos)?

Nada Muito Médio Muito Completa


pouco mente
10- 1 2 3 4 5
Você tem energia suficiente para
seu dia-a-dia?
11- 1 2 3 4 5
Você é capaz de aceitar sua
aparência física?
12- 1 2 3 4 5
Você tem dinheiro suficiente para
satisfazer suas necessidades?
13- 1 2 3 4 5
Quão disponíveis para você estão
as informações que precisa no seu
dia-a-dia?
14- 1 2 3 4 5
Em que medida você tem
oportunidades de atividade de
lazer?

Muito Ruim Nem Bom Muito


ruim ruim bom
nem bom
15- 1 2 3 4 5
Quão bem você é capaz de se
locomover?

Muito Insatisfei Nem Satisfeito Muito


insatisfei to satisfeito satisfeito
to nem
insatisfei
to
XLV

16- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com o
seu sono?
17- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade de desempenhar as
atividades do seu dia-a-dia?
18- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade para o trabalho?
19- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está consigo
mesmo?
20- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com
suas relações pessoais (amigos,
parentes,
conhecidos, colegas)?
21- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com
sua vida sexual?
22- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com o
apoio que você recebe de seus
amigos?
23- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com as
condições do local onde mora?
24- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com o
seu acesso aos serviços de saúde?
25- 1 2 3 4 5
Quão satisfeito(a) você está com o
seu meio de transporte?

Nunca Algumas Frequent Muito Sempre


vezes emente frequent
emente
26- 1 2 3 4 5
Com que frequência você tem
sentimentos negativos tais como
mau humor, desespero, ansiedade,
depressão?

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