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O ACARAJÉ COMO PATRIMÔNIO CULTURAL: COMIDA RITUAL E O

SUSTENTO DE FAMÍLIAS NEGRAS

Nesse mês de novembro, comemora-se dez anos da lei que declara o


acarajé como patrimônio cultural imaterial Brasileiro. Esse prato que lembra muito a
Bahia, em nada se resume ao olhar turístico de quem desembarca por essas terras.
Uma comida ritual que tem como base o dendê, é muitas vezes o alimento na mesa
de muitas famílias negras da cidade de Salvador.

O àkàrà, comida ritual da Orixá Oyá, no Brasil ganhou o “je” que significa
comer, assim nasce o acarajé, o quitute mais famoso da Bahia. Esse alimento é
historicamente um fator emancipatório para a população negra. Desde a época da
escravidão, a comercialização dele possiblitou que escravizados e escravizadas
conquistassem a tão desejada liberdade e sustento de suas famílias.

Pelas ruas de Salvador e outras cidades brasileiras, encontram-se mulheres,


em sua maioria negras, vestidas com indumentárias do Candomblé, religião afro-
brasileira, sentadas em seus tabuleiros, a quais chamamos de baianas de acarajé.

Desde 2017 profissão de Baiana do Acarajé foi oficializada no Brasil e


incluída na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), garantindo assim o direito
à identidade profissional para realização de cadastros formais, para emissão de
documentos como RG e passaporte, ou se cadastrar como microempreendedor
individual. Outro benefício conquistado é ter o reconhecimento dos acidentes e
doenças que podem ocorrer em decorrência das atividades laborais. De acordo com
estimativa da Associação das Baianas de Acarajé, Mingau e Receptivo da Bahia
(Abam), essa inclusão beneficia cerca de 3,5 mil famílias apenas na capital baiana.

Dado o exposto, garantir políticas públicas que beneficiem essas famílias que
tem como principal renda o que provém do tabuleiro de acarajé é essencial. Afinal, é
desse modo que mães de famílias negras podem sustentar suas casas e serem
notadas economicamente pela sociedade.

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