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REFORMA PSIQUIÁTRICA
CRISTIANE DE CARVALHO GUIMARÃES
Índice
Aula 1: O que é loucura? ................................................................. 5
Saúde .......................................................................................... 5
Saúde mental ............................................................................... 6
Transtornos mentais e comportamentais ........................................ 6
A procura por uma classificação ..................................................... 7
CID .............................................................................................. 7
DSM ............................................................................................. 8
A loucura fascina o homem ........................................................... 9
A antiga Grécia ............................................................................. 9
Roma antiga ............................................................................... 10
Idade média ............................................................................... 10
Renascimento ............................................................................. 11
Iluminismo e Revolução Francesa ................................................ 11
Evolução .................................................................................... 12
Aula 2: O Nascimento da Psiquiatria e do Hospício .......................... 13
Fim da Idade Média .................................................................... 13
Hospitais Gerais .......................................................................... 14
A Grande Internação ................................................................... 14
Revolução Industrial.................................................................... 15
Philippe Pinel .............................................................................. 15
William Tuke............................................................................... 15
O hospício .................................................................................. 15
Aula 3: Críticas ao saber psiquiátrico .............................................. 18
Jean Esquirol .............................................................................. 18
Década de 30 ao final da II Guerra .............................................. 19
Aula 4: Reforma Italiana ................................................................ 22
Críticas ao saber psiquiátrico ....................................................... 22
Franco Basaglia .......................................................................... 23
Paradigma clássico da Psiquiatria ................................................. 24
Lei Basaglia ................................................................................ 24
Desinstitucionalização ................................................................. 24
Contexto Brasileiro ...................................................................... 25
Reforma Psiquiátrica no Brasil ...................................................... 26
Aula 5: Psiquiatria no Brasil ............................................................ 27
Início da Psiquiatria no Brasil ....................................................... 27
Extensão do espaço terapêutico ................................................... 29
Higienismo ................................................................................. 30
A explosão dos hospitais públicos ................................................ 30
Aula 6: A indústria da loucura ........................................................ 32
Contexto político pós-golpe de 1964............................................. 32
Novas propostas ......................................................................... 34
Movimento antimanicomial .......................................................... 34
Aula 7: Reforma Psiquiátrica Brasileira ............................................ 36
A trajetória alternativa ................................................................ 36
Um novo projeto em Saúde Mental .............................................. 37
A Lei Antimanicomial ................................................................... 38
Aula 8: Desinstitucionalização no Brasil ........................................... 43
Ministério da Saúde ..................................................................... 43
Hospitais-dia ............................................................................... 43
CAPS Professor Luiz da Rocha Cerqueira ...................................... 44
NAPS Santos ............................................................................... 44
CAPS Rubens Corrêa ................................................................... 45
Paradigmas dos serviços de atenção psicossocial no Brasil ............ 45
Residências terapêuticas ............................................................. 46
Centros de Atenção Psicossocial ................................................... 47
Programa "De volta para casa" .................................................... 48
Residências terapêuticas ............................................................. 48
Rede de atenção psicossocial ....................................................... 49
Aula 1: O que é loucura?
Faremos uma viagem à antiga Grécia para observar como Hipócrates criou o
primeiro conceito médico para loucura e como ela estava ligada a
manifestações sobrenaturais. Avançando um pouco na linha do tempo,
passaremos por Roma para entender a contribuição de Galeno.
Chegando à Idade Média e passando por ela, vamos entender como o conceito
de loucura se transforma no Renascimento e no contexto da Revolução
Francesa.
Saúde
Saúde Mental
Cada uma dessas propostas de classificação tem méritos e falhas, que são
resultado natural de suas abordagens, foco e profissionais envolvidos.
CID
DSM
Observamos que, por toda a história humana, a loucura tem estado presente
nas artes, na literatura, no senso comum e no discurso coloquial de todas as
classes socioeconômicas. Sua essência é, entretanto, largamente desconhecida
e sua compreensão varia de cultura para cultura.
A antiga Grécia
Na Grécia antiga, que consideramos o ponto de origem de toda civilização
ocidental, acreditava-se que a loucura tinha causas de ordem sobrenatural. Era
resultado de ações e forças de natureza mística e, portanto, as intervenções
eram promovidas por médicos-sacerdotes na forma de práticas médico-
religiosas.
Roma antiga
Na antiga Roma, o doente mental tinha limitada a liberdade de agir. Ele era
considerado incompetente em questões tanto pessoais quanto econômicas.
Nessa época, Galeno propõe que o cérebro ocupa o papel central dos
fenômenos mentais e que sintomas físicos podem não expressar qual órgão ou
parte do corpo é o local afetado. Segundo ele, a "alma racional" é dividida em
duas partes: externa e interna.
Idade Média
A Nau dos Loucos - quadro de Hieronymus Bosch, que foi pintado por
volta de 1500. Parte de uma obra com três partes (tríptico), este quadro
é uma alegoria que retrata e critica costumes da época. O barco é parte
da iconografia da época e está relacionado ao acaso do destino;
Evolução
Vimos que, ao longo da História, a loucura teve diversas origens. Oscilou entre
divina, demoníaca e orgânica. Foi às vezes evitada e outras vezes exaltada.
Hospitais Gerais
A Grande Internação
Revolução Industrial
Há a demanda por uma repressão diferente. Surge a Medicina Mental que, nos
séculos XVIII e XIX, propõe-se à função de tratar, não apenas de excluir.
Philippe Pinel
William Tuke
O Hospício
É neste contexto que a Psiquiatria nascente vincula seu destino ao de uma
instituição totalitária, o hospício.
A razão devia ser interiorizada pelo louco através do “tratamento moral”, cuja
abordagem primária era de descrever, classificar, tratar e curar. Era o
monólogo da razão sobre o alienismo. O louco não tinha nada a dizer por conta
de seu status de doente mental. O ideal humanístico e científico resultou na
perda da voz do doente mental.
Vimos também reformas que ocorreram até o final da II Guerra e como elas
mantiveram a mesma orientação prática de reclusão e isolamento sem abordar
origens, causas e consequência da doença mental.
Jean Esquirol
Cria-se uma espécie de estatuto de fatalidade, que situa a loucura como “uma
doença como outra qualquer”. Seu cuidado ou ausência deste não implica num
atraso no progresso da ciência e da modernidade. É assim que o poder público
estabelece um novo modo de se relacionar com os doentes e os médicos
através de uma medicina eminentemente pública, oficial e burocrática.
Mas mudanças estão por vir....
* Comunidades terapêuticas: termo consagrado em 1959 por Maxwel Jones,
como uma série de experiências em um hospital psiquiátrico, inspirado nos
trabalhos de Simon, Sullivan, Menninger, Bion e Reicheman.
Pela primeira vez, vemos aqui aparecer um movimento de reforma que colocou
em questão a própria definição da loucura e o poder-saber médico exercido
sobre ela. Sua principal preocupação é fazer uma análise do discurso, por meio
do discurso do louco, que não deve ser reprimido.
Basaglia parte para os Estados Unidos, de onde volta em 1970 para assumir a
direção do Hospital de Trieste, onde desenvolve um trabalho que supera o de
Gorizia.
Lei Basaglia
Em 1978, a Itália aprova a Lei 180, que ficaria conhecida como Lei Basaglia. Ela
proíbe novas admissões em hospitais psiquiátricos, a construção de novos
asilos, a criação de novos serviços comunitários, como centros de saúde, e de
unidades em hospitais gerais para a prática de novas alternativas terapêuticas.
Desinstitucionalização
O Brasil vivia o cenário posterior ao golpe de 1964, uma ditadura militar que
promulgou a constituição de 1967 e o Ato Institucional 5 em 1968, dando
plenos poderes ao Executivo, legalizando a censura, promovendo exílios e
cassações em um período de exceção que duraria cerca de 20 anos.
Começamos esta aula investigando o que era a loucura antes dos hospícios no
Brasil e como surgem a Psiquiatria nacional e os asilos.
O modelo teórico francês, baseado nas práticas de Esquirol, com ênfase das
causalidades morais, relacionando alienação e desordem comportamental, o
tratamento moral, a prática psiquiátrica realizada dentro do hospício e o
princípio do isolamento perduram até o início do século XX.
Higienismo
Criada em 1923 pelo Dr. Gustavo Riedel, a Liga Brasileira de Higiene Mental
surge com o objetivo de melhorar a assistência aos doentes mentais. Ela
aprofunda a interpretação biologizante dos fatos sociais inaugurada por Juliano
Moreira e é reconhecida como utilidade pública, passando a receber subvenção
federal.
Publica a revista “Arquivos Brasileiros de Higiene Mental” e sua atuação vai até
sua extinção em 1947.
Nos anos 1950-60, o Brasil assiste ao esgotamento dos hospitais públicos, que
passam a ser privatizados. A Psicanálise chega ao país.
Aula 6: A indústria da loucura
Surgem então as clínicas, que são contratadas pelo governo para dar conta das
internações. O investimento a ser feito é pequeno e os lucros altos. Cuidar do
doente se restringia a ter algum espaço e muito remédio.
Após o golpe de 1964, o Brasil vive uma ditadura com regime militar e uma
política tecnocrática e autoritária com forte repressão. Este cenário causa a
falência do setor público e inicia a privatização da saúde no Brasil.
Surgem outros casos, como a Casa de Saúde Dr. Eiras (Paracambi, RJ) e o
Hospital Psiquiátrico de Juquery.
Movimento Antimanicomial
A trajetória alternativa
As dimensões da Reforma Psiquiátrica brasileira partem do pensamento crítico
sobre a função social das práticas médicas, psiquiátricas e psicológicas. São
constituídos os movimentos Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) e
Movimento de Renovação Médica (REME) em 1976.
A Reforma Psiquiátrica torna-se um movimento social que não tem mais o perfil
de movimento de trabalhadores de saúde mental. Surge o lema “Por uma
sociedade sem manicômios”.
A Lei Antimanicomial
Ministério da Saúde
Hospitais-dia
NAPS Santos
Residências terapêuticas
Criam possibilidade de alta para pacientes sem suporte social que perderam os
laços familiares, estabelecendo moradias destinadas a cuidar de até oito
pessoas egressas de hospitais psiquiátricos.
Residências terapêuticas
BIBLIOGRAFIA