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Ano: 2019
1
Éder Fernando do Nascimento
2019
Curitiba, PR
2
Editora São Braz
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000
Conselho Editorial
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu /
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r
Jefferson Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de
Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara
Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia
Revisão de Conteúdos
Guilherme Natan Paiano dos Santos
Designer Instrucional
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior
Revisão Ortográfica
Juliano de Paula Neitzki
Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério
FICHA CATALOGRÁFICA
3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!
4
Sumário
Prefácio........................................................................................................... 07
Aula 1 – Atividades rítmicas ........................................................................... 08
Apresentação da Aula 1 ................................................................................. 08
1.1 - O ritmo ............................................................................................. 08
1.2 - Exercícios rítmicos .......................................................................... 11
1.3 - Coreografias e o ritmo musical ........................................................ 13
1.4 - Ritmos e possibilidades de movimentos .......................................... 14
Conclusão da aula 1 ....................................................................................... 18
Aula 2 – Possibilidades de movimentação ...................................................... 19
Apresentação da aula 2 .................................................................................. 19
2.1 - Movimento e comportamento motor ................................................ 19
2.2 - O que é possível mover? ................................................................. 20
2.3 - Espaço e possibilidades de movimento ........................................... 21
2.4 - Qualidades do movimento ............................................................... 25
2.5 - Estilos de dança .............................................................................. 26
Conclusão da aula 2 ....................................................................................... 31
Aula 3 – História da dança ............................................................................. 31
Apresentação da aula 3 .................................................................................. 31
3.1 - A dança na Antiguidade ................................................................... 32
3.2 - A dança durante a Idade Média ....................................................... 34
3.3 - A dança a partir do Renascimento ................................................... 36
3.4 - A importância do rei Luís XIV para a dança ...................................... 38
3.5 - A dança e o Romantismo ................................................................. 40
3.6 - O ballet russo ................................................................................... 40
3.7 - A Dança moderna ............................................................................ 42
3.8 - A dança pós-moderna ..................................................................... 43
3.9 - A dança no Brasil ............................................................................. 44
3.10 - Dança folclórica ............................................................................ 45
Conclusão da aula 3 ....................................................................................... 46
Aula 4 – Dança na Educação Básica e para populações especiais ................ 47
Apresentação da aula 4 .................................................................................. 47
4.1 - Breve abordagem histórica da dança na educação ......................... 47
4.2 - Base Nacional Comum Curricular – BNCC ...................................... 49
4.3 - Propostas de dança na Educação Básica ....................................... 51
5
4.4 - Dança e populações especiais ........................................................ 52
Conclusão da aula 4 ....................................................................................... 55
Índice Remissivo ............................................................................................ 56
Referências .................................................................................................... 58
6
Prefácio
Caro aluno (a), este material é um guia para que você entenda alguns
aspectos importantes da dança e outras atividades rítmicas, que envolvem ritmo,
música, abordagens metodológicas, historicidade, possibilidades de
movimentos, estilos e técnicas, por exemplo.
Para maior aproveitamento, é importante que você leia com atenção os
conteúdos abordados, anotando eventuais dúvidas e curiosidades que surgirem
no processo.
Sendo um guia, este material aborda vários conhecimentos importantes
relacionados às atividades rítmicas e à dança, e é interessante que, se sentir
necessidade de mais aprofundamento em algumas áreas, você tenha autonomia
para pesquisar sobre.
Assim, espero contribuir significativamente para seu processo de
formação enquanto futuro professor.
Bom estudo!
7
Aula 1 – Atividades rítmicas
Apresentação da aula 1
1.1 O ritmo
Com certeza você já ouviu esta palavra algumas vezes durante sua vida,
como, por exemplo, alguém se referindo ao ritmo de uma caminhada, de
respiração, de batimentos cardíacos, ao ritmo da vida diária, e até mesmo em
relação aos estudos, além disso, quantas vezes você escutou uma música, e
quando percebeu já estava mexendo uma parte do corpo para acompanhar o
ritmo dela?
É possível perceber que o ritmo não é apenas um elemento da música,
mas, sim, da vida. Na natureza, por exemplo, encontramos o ritmo do mar, do
vento, das estações, do crescimento das plantas, entre outros. Também se pode
falar dos ritmos funcional biológico e de aprendizagem, que inclui os aspectos
fisiológicos e de desenvolvimento motor e cognitivo do indivíduo. Mas, afinal,
como podemos definir o que é ritmo?
Ao longo de anos, muitos autores trouxeram definições para esta palavra.
Como dizia Platão, filósofo e matemático da Grécia Antiga, “o ritmo é movimento
ordenado”. Para Dalcroze, pedagogo e compositor nascido no século XIX, “o
ritmo é um princípio vital e é movimento”. Já para Lapierre, educador francês do
século XX, seria “uma estrutura que se repete ciclicamente”. Frente a tantas
definições, que incluem as de outros autores não citados aqui, pode-se dizer que
8
o ritmo (Rhytmos, em grego) é a relação harmoniosa e regular entre elementos,
a qual gera um movimento ordenado.
Vocabulário
Rhytmos: de origem grega, significa aquilo que flui, que se move, com
movimento regulado.
Representação do compasso
Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm
9
Compasso binário
Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm
Compasso ternário
Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm
Compasso quaternário
Fonte: http://conservatorio0.tripod.com/compasso_.htm
10
o valor de cada figura rítmica é dado pela metade da anterior e pelo dobro da
seguinte.
Figuras rítmicas
Fonte: https://musica.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/valor-das-notas-musicais-
exercicios-5/Valor-das-Notas-Musicais-Exerc%C3%ADcios-11.jpg
11
inaugurado o Institut Jacques Dalcroze, em Genebra, o qual foi dirigido pelo
próprio Dalcroze até sua morte, deixando discípulos para a continuação de seu
trabalho.
Influenciado pelo sistema de ensino de Dalcroze, o compositor alemão
Carl Orff (1895-1982) também passou a utilizar o trabalho corporal em sua
abordagem, acreditando na necessidade de proporcionar experiências musicais
aos indivíduos antes destes estudarem os conceitos teóricos. Sua proposta
educacional prioriza experiências simples que incluem fala, movimento e ritmo,
utilizando também alguns instrumentos de percussão, como tambor, sinos,
xilofones, entre outros.
12
instrumentos, ou até mesmo junto com instrumentos musicais, entre outras
atividades que também dependem da capacidade criadora do professor.
13
Exemplo de mapeamento musical
Fonte: acervo do autor (2017).
14
entre outros), acompanhados de percussão (instrumental e
corporal), como forma de celebração;
Vocabulário
Axé: vem de asé, termo iorubá que significa energia, força, poder; significa a
força sagrada de cada orixá do candomblé.
15
dança ao som deste ritmo escolhe seu substituto por meio de uma
umbigada;
Vocabulário
Baião: ritmo musical, tipicamente nordestino, difundido a partir de 1946 pelo
cantor, compositor e sanfoneiro Luís Gonzaga. Dança e canto popular
normalmente conduzido e acompanhado por uma viola.
Vocabulário
Carimbó: é uma dança típica do Pará e da Ilha do Marajó. É considerada uma
variação do batuque e, para dançá-la as mulheres usam saia comprida, bem
rodada, e flores no cabelo. Carimbó em Tupi significa pau que produz som.
16
➢ Chula: de origem gaúcha, o ritmo é dado principalmente pela gaita,
violão, cavaquinho, e pandeiros, enquanto que os dançarinos
(geralmente homens) fazem movimentos rápidos e sapateados, em
uma espécie de disputa;
➢ Forró: Também chamado de arrasta-pé, o forró surgiu no fim do
século XIX, mas ficou mais conhecido na década de 1950.
Característico de festas da região Nordeste brasileira,
tradicionalmente é tocado por trios que tocam sanfona, zabumba e
triângulo. Com influências de danças europeias e indígenas, as
pessoas dançam ao ritmo do forró arrastando os pés no chão,
semelhante ao arrastar do pé dos índios;
➢ Frevo: de origem pernambucana, o frevo surgiu no fim do século
XIX e tem um ritmo muito acelerado, sendo a música uma mistura
de diversos gêneros (como a marcha, o maxixe, e a polca) e a
dança influenciada pelos movimentos da capoeira. É dividido em
três tipos: frevo de rua, frevo-canção, e frevo de bloco;
Vocabulário
Frevo: corruptela do verbo ferver, designando efervescência, agitação,
confusão. Também conhecido como estilo de dança e ritmo musical típico do
carnaval popular de Pernambuco.
17
passaram a utilizar também trombone, trompete, flauta e clarineta,
por influência de orquestras americanas e do choro;
➢ Valsa: a valsa é um ritmo que surgiu na Europa e chegou ao Brasil
com a vinda da família real portuguesa. O ritmo musical é ternário,
podendo ter o andamento moderado (francesa) ou rápido
(vienense). Os passos têm como características principais a dança
realizada por pares que giram e deslizam os pés pelo chão ao ritmo
da música.
Mídias
Assista ao vídeo do evento registrado pela Memory Produções Brasil no Teatro
do SESI em Vitória/ES, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=
3jYn2CU_sgA
Conclusão da aula 1
Atividade de aprendizagem
18
Aula 2 – Possibilidades de movimentação
Apresentação da aula 2
19
Fases do desenvolvimento motor
Fonte: https://www.efdeportes.com/efd186/padroes-motores-fundamentais-de-movime
nto-01.jpg
Vocabulário
Rotacionar: ato ou efeito de fazer a rotação em torno de si mesmo;
Temporomandibular: pertencente ou relativo ao temporal e à mandíbula. Diz-
se do músculo temporal; Interfalangeanas: redução dos espaços articulares
interfalangeanos dos segundo, terceiro e quarto pododáctilos, bem como dos
interfalangeano proximal do terceiro esquerdo, de caráter degenerativo;
Metacarpo: parte do esqueleto da mão compreendida entre o punho e os dedos;
Metatarso: parte do esqueleto do pé compreendida entre o tarso e os dedos.
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os pés, das partes da coluna, e das mãos e cotovelos com os ombros, o que não
significa que os movimentos devem sempre seguir esse alinhamento.
Saiba mais
No ensino do Ballet Clássico, existe o diagrama no qual se atribui um número
para cada direção do espaço, ou seja, para os movimentos: frente/traz,
direito/esquerdo, cima/baixo, e diversos diagonais, chamados de Vaganova,
inventado pela bailarina de mesmo nome, no qual se atribui um número para
cada direção do espaço.
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➢ Plano sagital: utiliza as direções cima/baixo e frente/traz,
eliminando a possibilidade de utilizar as laterais. Para melhor
lembrar este plano, também se atribui o nome de plano da roda.
Consequentemente, os movimentos feitos neste plano serão em
torno de um eixo horizontal. Para entender o que é o eixo, é
possível imaginar uma linha passando pelo centro do corpo, que
inicia e termina nas direções não utilizadas de determinado plano,
neste caso, uma linha que começa de um lado, atravessa o corpo
e termina na outra lateral;
Plano Sagital
Fonte: elaborado pelo autor (2017).
22
Plano Coronal
Fonte: elaborado pelo autor (2017).
Plano Transversal
Fonte: elaborado pelo autor (2017).
23
Além dos planos, os movimentos podem acontecer em diferentes níveis
espaciais, ainda considerando como ponto de partida a posição do corpo ereto.
A partir dessa posição, imagina-se uma linha horizontal na altura do umbigo:
quando o umbigo se mantém nessa altura, seria o nível médio; ao ficar acima
dessa linha imaginária, o nível alto; e abaixo da linha imaginária, seria o nível
baixo, ou seja, quando alguém está em pé, com os pés inteiros encostados no
chão, seria o nível médio. Ao deixar apenas os dedos dos pés encostando o
chão, ou saltar, tem-se o nível alto. E, ao flexionar bem os joelhos ou encostar
outras partes do corpo no chão, estaria em nível baixo.
Níveis Espaciais
Fonte: elaborado pelo autor (2017).
24
Cinesfera
Fonte: elaborado pelo autor (2017).
25
Rudolf Laban (1879-1958)
Fonte: http://www.wikidanca.net/wiki/images/b/b2/Laban.jpg
26
momentos da aula passam por aquecimento, exercícios em nível baixo,
exercícios na barra (fixada na parede da sala ou móvel), em deslocamento na
diagonal da sala, e no centro da sala, terminando com um agradecimento, e não
necessariamente nessa ordem. As músicas geralmente são clássicas, de ritmos
variados.
27
Jazz dance
Fonte: https://blog.sodanca.com.br/wp-content/uploads/2018/11/jazz.jpg
28
movimento pelo movimento, usando muitas vezes gestos do cotidiano. Além
disso, com a dança contemporânea, esta Arte chegou às ruas e a outros espaços
diferentes do palco e do teatro. Ao se espalhar por todo o mundo, teve muitas
modificações, e atualmente pode-se perceber vários tipos de dança
contemporânea, que variam de acordo com a vivência de cada
professor/coreógrafo e o que este julga ser importante, mesclando muitas vezes
várias técnicas à sua dança. Ainda assim, nas aulas desse estilo de dança é
importante trabalhar com o improviso de movimentos e com a capacidade de
criação individual e coletiva dos bailarinos/alunos, se utilizando de movimentos
e músicas muito variados, podendo até mesmo não utilizar músicas. Além disso,
nesse estilo o nível espacial baixo é muito mais explorado em aulas e
apresentações.
Dança Contemporânea
Fonte: https://pixabay.com/pt/dan%C3%A7a-contempor%C3%A2nea-desempenho-22
13331/
29
Dança de salão
Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/dan%C3%A7a-de-sal%C3%A3o.html
?qview=13607338
O hip-hop é uma cultura que inclui dança, música e grafite e surgiu por
volta da década de 1970 nos Estados Unidos, em comunidades latinas e negras.
Atualmente, os estilos de Dança de hip hop são o breaking, locking, popping e
krumping. No geral, os movimentos são rápidos e com fluxo interrompido.
Hip-hop
Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/dan%C3%A7a-moderna.html?qview
=4489762
30
sofrendo muitas vezes algumas modificações, como é o caso da dança do ventre
e do sapateado, por exemplo. No Brasil, alguns exemplos de dança popular são:
Catira, Ciranda, Maracatu, Maculelê, Frevo, Fandango, entre outros.
Conclusão da aula 2
Atividade de aprendizagem
Apresentação da aula 3
31
disso, também é importante saber por que a Dança Folclórica, na realidade, são
várias danças, surgindo de acordo com cada região. Para isso, é necessário
estudar, mesmo que brevemente, seu contexto histórico.
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que são gestos corporais executados principalmente pelas mãos com um
significado para cada.
Na China, a dança fazia parte das solenidades imperiais desde
aproximadamente o século II a.C., e que eram rigorosamente treinadas. Os
dançarinos aprendiam as danças desde a infância, abandonando suas famílias.
Atualmente, as danças chinesas são divididas em três estilos: clássica,
civil/militar, e danças folclóricas.
No Japão, a dança era considerada um vínculo entre os deuses e o
homem, sendo que as danças realizadas na corte imperial se chamavam mi-
kagura, e as que aconteciam nas aldeias, sato-kagura. Os sacerdotes (miko)
criaram e instituíram as danças (kagura) cerimoniais para fortalecer as preces
das pessoas e expressar os mandamentos dos deuses.
Kugara dance
Fonte: http://www.cacadoresdelendas.com.br/japao/wp-content/uploads/2014/04/kagu
ra.jpg
33
No Egito, a dança também era relacionada com o sagrado e praticada
vastamente. Após praticar a dança sagrada, o povo do Egito passou a praticar a
dança litúrgica, e posteriormente a dança de recreação/lazer. As danças eram
praticadas apenas pelos escravos, servos e sacerdotisas especializados para
esta função, servindo para divertimento dos faraós e dos nobres. A criação da
dança era atribuída ao deus Bes, enquanto que a patrona da dança era a deusa
Hathor, e ambas as figuras eram relacionadas à palavra Hbij, que significa
dançar e estar feliz. Os tipos de dança presentes no antigo Egito eram a dança
dancística, dança mímica, dança ritual e a dança processional.
Na Grécia, mais uma vez a dança estava associada aos deuses, tendo
grande importância na vida cívica e religiosa dos gregos. Atribuíam a invenção
da dança à titã Réia, e duas figuras mitológicas eram envolvidas com os tipos de
dança existentes: Dionísio, que representava as danças de rituais de fertilidade,
além das danças alegres e espontâneas; e Apolo, que representava a dança da
ordem e da beleza, influenciada pelas nove deusas que o acompanhavam e
inspiravam as artes e as ciências, sendo a Terpsícore a musa da dança. Por fim,
existiam as danças ditirâmbicas, as religiosas, as dramáticas, as guerreiras, as
de nascimento e pós-parto, e as nupciais.
Em Roma, a dança de origem agrária e religiosa foi introduzida pelos
etruscos no período dos reis, em que se destacaram as danças relacionadas aos
deuses. No período da república, a dança passou a ter um caráter de recreação,
época em que se praticava a chamada dança sinistra, que consistia em pessoas
irem assistir, no coliseu, criminosos, escravos e rebeldes pegando fogo. Já no
período do império romano, a dança voltou a ser praticada por outras pessoas,
inclusive as da classe alta, destacando-se a pantomima dançada, atraindo
muitas pessoas aos espetáculos.
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A Igreja cristã entendia corpo e espírito separados, sendo que o corpo era
a carne que simbolizava o pecado, e o espírito era entendido como a alma da
vida eterna no céu. Assim, a dança era entendida pela Igreja como um grave
pecado, mas mesmo assim o povo continuou a praticá-la em seus costumes e
rituais, aliando-os às datas comemorativas cristãs. Mesmo com várias tentativas
de proibição da dança, os costumes do povo persistiam, destacando-se assim
algumas danças praticadas nessa época:
Mais tarde surge a Dançomania, que dura até o Renascimento, e era uma
dança coletiva que durava horas, com as pessoas dançando freneticamente pelo
desespero diante da morte, ou seja, esta dança era um sinal de histeria coletiva
frente às pragas e às epidemias da época, as quais a igreja dizia que era um
castigo de Deus aos pecadores. Recebeu diferentes nomes de acordo com a
região, como:
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Durante a Idade Média, também surgiram os trovadores e menestréis, que
eram artistas que conheciam as danças populares de diversas regiões. Eles
levavam à corte essas danças, adaptadas para serem dançadas pela nobreza
durante os bailes. Surge, assim, a:
➢ Danças de pares;
➢ Rem que de Dames;
➢ Bergamasca ou Bergamasque;
➢ Courante;
➢ Sarabanda;
➢ Mourisca;
➢ Polonaise;
➢ Estampie.
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temas as lendas da Antiguidade Grega e Romana, comparando o patrono da
festa ao herói/deus abordado. As danças eram compostas para cada ocasião e
apresentadas entre os pratos do banquete pelos próprios cortesãos, ensaiados
por um mestre de dança.
Na corte renascentista surge a dança técnica, que se difere das danças
populares dos camponeses. A dança passou a ser parte da etiqueta social da
época, sendo primordial conhecer os códigos e passos que foram sendo criados.
Assim surgem os Mestres de Dança, que tinham como principais funções:
ensinar os passos e as danças aos cortesãos, compor triunfos/ballet s de corte,
dançar nos espetáculos e escrever os Tratados de Dança, nos quais continham
os códigos, regras e os passos sobre as danças praticadas.
Dentre alguns desses Tratados de Dança, um dos mais importantes é o
Nuove Inventioni di Balli (Nova Invenção do Balé), de Cesare Negri, publicado
em 1604, no qual uma das regras apresentadas era o piedi in fuora (pés voltados
para fora), que mais tarde se tornou o en dehors no Ballet Clássico. Porém, já
em 1588, foi publicado o tratado Orchésographie (Oschesografia, a escrita da
dança), de Thoinot Arbeau, no qual já aparecia a necessidade das pernas e pés
en dehors, além das regras que posteriormente deram origem às cinco posições
do ballet clássico.
Saiba mais
Thoinot Arbeau é o pseudônimo anagramático de um clérigo francês chamado
Jean Tabourot, autor de uma renomada obra musical chamada Orchésographie,
um tratado sobre danças sociais da França Renascentista do final do século XVI.
O ballet de cour (de corte) chega ao seu auge no reinado de Luís XIV (rei
pelo período de 1643 a 1715), que se dedicou ao ballet e em 1651 dançou pela
primeira vez em público, em um ballet coreografado por Pierre Beauchamps. Por
sua vez, Beauchamps foi mestre de dança do rei Luís XIV e definiu as cinco
posições básicas do Ballet Clássico.
Saiba mais
A Corte francesa foi o modelo mais imitado por todos os príncipes da Europa,
sobretudo quando Luís XIV trocou o Louvre em Paris, por Versalhes. Para saber
mais, assista ao vídeo referente à vida de Luís XIV e o esplendor do seu palco,
o Palácio de Versalhes, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v
=uBrM6pGPfX8
Foi no Ballet de La Nuit (1653), com enredo político, que Luís XIV
apareceu como o Rei-sol que derrotava as trevas, as quais representavam seus
países inimigos. Em 1661, Luís XIV funda a Academia Real de Dança, sua
38
primeira criação acadêmica, composta por treze mestres de dança e de música
que serviam na corte.
Assim, a dança passa por algumas transformações, tornando a forma
mais importante que o conteúdo, crescendo a tendência ao virtuosismo técnico
e acelerando o processo de profissionalização na dança. Além disso, a repetição
de temas e de movimentos extingue a inspiração e a sensibilidade, enrijecendo
o corpo, a técnica e a dança.
Em 1669, Luís XIV fundou a Académie Royale de La Musique, que tinha
também uma escola de dança, conhecida atualmente como Ópera de Paris. Sob
direção de Jean-Baptiste Lully, em 1672 essa academia passou a se chamar
Académie Royale de Danse e Musique. A função dessa escola foi a de
sistematizar o ensino do ballet por meio de um esquema rígido de posições do
corpo, com orientação de Beauchamps. Além disso, Lully, junto com Molière,
criaram o gênero Commédie-Ballet, juntando canções, coros, danças e
elementos da Commédiedell’Arte.
Vocabulário
Commediedell’Arte: forma de teatro popular surgida no século XV na Europa,
na qual os atores improvisavam a partir de um roteiro simples e usavam
máscaras que caracterizavam determinados personagens deste estilo.
Luís XIV também inaugurou dois teatros (Palais Royal e Petit Bourbon),
levando a primeira geração de bailarinos profissionais para o palco. Devido ao
palco elevado e os espectadores todos do mesmo lado, tornou-se necessário o
uso do endehors, para que os bailarinos sempre ficassem de frente para o
público. Esta mudança também verticalizou a dança, mudou as vestes em cena,
e fez com que a técnica fosse vista como um fim.
Os espetáculos tornaram-se uma diversão, e um novo gênero foi colocado
em palco no século XVIII, a ópera-ballet. Assim, a mitologia retratada era mais
próxima das experiências humanas, e os dançarinos passaram a usar roupas
parecidas com as do cotidiano, ou seja, perucas, sapatos de salto e vestes
pesadas.
39
Até que surge um reformador da dança, Jean Georges Noverre, que a
partir de 1760 publica 33 Cartas sobre a dança e sobre os balés. Assim nascia
o Ballet d’Action (ou ballet -pantomima), em oposição ao Ballet d’Entrée,
priorizando a natureza e a expressão dos sentimentos e emoções, sem excesso
de vestimentas. Noverre protagonizava o pré-romantismo na dança.
Diferente do que foi visto até agora, o ballet clássico russo se desenvolveu
em contato com os camponeses, ficando marcado pela vitalidade que este povo
40
agregava ao ballet. Assim, dois núcleos formadores de bailarinos surgem:
Maryinski/Kirov (1889), em São Petersbugo, e Bolshoi (1856), em Moscou.
Os estudantes de ballet que frequentavam as escolas na Rússia,
patrocinadas pelos imperadores, viviam sob regime de internato e eram muito
respeitados pela sociedade. Entre vários nomes, o da bailarina Agrippina
Vaganova se destaca pelo seu trabalho e pelo livro Fundamentos do Ballet
Clássico.
Um coreógrafo russo que se destacou foi Marius Petipa (1822-1910),
sendo que suas obras tinham como características: narrativa longa, tendo 3 ou
4 atos; divertissement, que eram danças para divertir o público; pás de deux, que
consistia em um dueto entre a bailarina e o bailarino principais e se dividia em 4
partes, Adágio, solo masculino, solo feminino, e Coda; a inclusão de outros tipos
de danças, como as folclóricas; e grandes cenários que criavam efeitos
especiais. Suas principais obras, em conjunto com outros artistas, são: A Bela
Adormecida (1890), Quebra-Nozes (1892), O Lago dos Cisnes (1877), La
Bayadère (1877), e Cinderella (1893).
41
Artes para a montagem de um bailado (música, figurino, cenário e coreografia)
e a redução do tempo de duração de uma obra.
No teatro, teve contato com Michel Fokine, coreógrafo importante que
estava surgindo. Assim, se unindo a Fokine e outros bailarinos dos teatros
Imperiais, fazem as duas primeiras temporadas dos Ballets Russos em Paris
(1909 e 1910). Em 1911, com o nome de Ballets Russes de Diaghilev, iniciam
sua terceira temporada por Roma, Paris, Monte Carlo e Londres.
Em 1912, Diaghilev coloca o até então bailarino Vaslav Nijinsky para
coreografar também, que cria O Entardecer de um Fauno, obra polêmica
apresentada em Paris. Depois da estreia, Fokine abandonou a companhia. Em
1913, estreava A Sagração da Primavera, de Nijinsky, em que apareciam
elementos neoclássicos da dança.
No ano seguinte, por motivos pessoais, Diaghilev demite Nijinsky e
recontrata Fokine. Já em 1917, o coreógrafo da companhia é Leonide Massine,
com obras influenciadas pelo Cubismo e Surrealismo. Na década de 1920, surge
Bronislava Nijinska como coreógrafa dos ballets e, posteriormente, George
Balanchine. Após a morte de Diaghilev, sua companhia se transforma em duas
no ano de 1932: Ballets Russos de Monte Carlo, com sede em New York, e
Original Ballet Russe, com sede em Londres.
42
Em 1922, nos Estados Unidos, St. Denis e Ted Shawn fundam a
Companhia e Escola de Danças Denishawn, e desta escola/companhia surgiram
nomes importantes para a Dança Moderna, como Martha Graham, Doris
Humphrey e Charles Weidman.
Humphrey e Weidman fundaram sua própria escola e companhia,
desenvolvendo uma técnica que se aproximava mais do homem estadunidense,
de sua rotina e suas ações e movimentos naturais, tendo como referência teórica
Nietzsche. Graham também criou sua técnica de Dança Moderna, usando muito
a contração e o relaxamento como princípios básicos de movimentação, que
geralmente eram angulares, fortes e cortados. Suas coreografias tinham a
intenção de mostrar o interior do ser humano.
Outros importantes nomes deste estilo de dança que também criaram
obras coreográficas com conteúdo social, político e psicológico foram José
Limón, Alvin Ailey, Alwin Nikolais, Merce Cunningham, Kurt Joss, e Mary
Wigman, sendo estes dois últimos os pioneiros da Dança Moderna na Alemanha.
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a partir do contato de duas ou mais pessoas; e os trabalhos interdisciplinares,
utilizando a tecnologia junto com a dança, por exemplo. Atualmente é possível
falar em diversos tipos de Danças Contemporâneas.
44
inaugurada por Maria Olenewa no Rio de Janeiro, que mais tarde se tornou a
Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Já Iurek Shabelewski
se fixou em Curitiba, em que posteriormente ajudou a fundar o Balé Teatro
Guaíra.
A partir de 1970, outros grupos de dança vão surgindo no Brasil e mantêm
seus trabalhos até hoje, cada um com seu estilo, como o Centro de Pesquisa
Corporal Arte e Educação (fundado por Angel e Klauss Vianna em 1975 – RJ),
Ballet Stagium (1971 – SP), Grupo de Dança Cisne Negro (1977 – SP), Balé
Teatro Guaíra (1969 – PR), Grupo Corpo (1975 – MG), Déborah Colker (1994 –
RJ), Quasar (1988 – GO), e Cena 11 (1994 – SC).
45
habitavam aqui. Assim, algumas regiões do país terão mais características das
danças africanas, outras das indígenas e outras da Europa.
No geral, é possível citar as seguintes danças, de acordo com a região
brasileira: Chimarrita, Milonga, Polca, Mazurca, entre outras do RS; Balainha e
Boi de Mamão, de SC; Jongo, de SP; Samba e Xiba, do RJ; Dança do
Tamanduá, de ES; Caxambu e Mineiro-Pau, de MG; Catira e Tambor, de GO;
Dança de São Gonçalo, Cururu, e Siriri, de MT; Sarandi, Polca de Carão, e
Chupim, de MS; Maculelê, da BA; Marajuda, Reisado, e Cavalo Piancó, do PI;
Torém e Coco, do CE; Cacuriá e Tambor de Criola, do MA; Cavalo Marinho,
Caboblinhos, Maracatu, e Frevo, de PE; Espontão, do RN; Desfeitera, Dança do
Maçarico e Camaleão, do AM; Carimbó e Lundu Marajoara do PA.
No Paraná, as danças típicas encontradas são: Pau-de-fitas, de origem
alemã, que consiste de um número par de pessoas dançando em torno de um
mastro com fitas coloridas; e Fandango, de origem portuguesa com influência
indígena, na qual as pessoas dançam em roda com passos valsados, e o ritmo
é dado também pelas palmas e batidas dos pés. Em Curitiba, é possível
encontrar diversos grupos folclóricos que praticam as danças de determinados
países europeus, e que participam há vários anos do Festival Folclórico e de
Etnias realizado na capital.
Conclusão da aula 3
Atividade de aprendizagem
46
Aula 4 – Dança na Educação Básica e para populações especiais
Apresentação da aula 4
47
estavam presentes nas escolas como uma das formas de desenvolver a força
física.
Já para os gregos, o ensino da dança era obrigatório na formação dos
cidadãos desde a infância, buscando assim a harmonia entre corpo e mente. Os
filósofos gregos escreviam sobre a importância de se ensinar dança, mas aquela
que trabalhava com a harmonia das formas e a disciplina.
Em Roma, os jovens tinham aulas de dança nas escolas, mas apenas
com o fim militar, ou seja, a preparação física do indivíduo, sem preocupação
estética. Mais tarde, a dança é profissionalizada, sendo necessária a contratação
de professores por uma determinada classe social.
Passando por toda a história da dança já abordada anteriormente, chega-
se ao século XX no Brasil, momento em que é possível trazer um pouco da
história do ensino de Arte e de Educação Física nas escolas brasileiras, tendo
em vista que a dança atualmente aparece como componente curricular dessas
duas disciplinas.
No ensino de Arte, até a primeira metade do século XX, ensinava-se
apenas Canto Orfeônico, Desenho, Música e Trabalhos Manuais nas escolas,
de acordo com a pedagogia tradicional da época, ou seja, a transmissão de
conceitos e habilidades técnicas. Mais tarde, é trabalhado o “espontaneísmo”
nestas aulas, mas ainda nas áreas já mencionadas. Entre 1970 e 1980, exige-
se a polivalência do professor de Arte, que deveria trabalhar as quatro
linguagens artísticas (Artes Plásticas, Música, Teatro e Dança), que refletiu em
um ensino de Arte sem profundidade e qualidade. Enfim, com a LDB 9.394/1996,
a Arte passou a ser componente obrigatório na educação básica, priorizando o
ensino que faça o aluno experiênciar, apreciar e refletir sobre este campo.
Já no campo da Educação Física, é preciso lembrar que a importância
dessa disciplina era o desenvolvimento de um corpo saudável, e em 1930, os
objetivos dela eram de fortalecer o trabalhador para prevenir doenças e
desenvolver a coletividade dos indivíduos. Com a LDB de 1961, a Educação
Física passa a ser obrigatória nas escolas, incorporando a ginástica e o esporte.
Mais tarde, o ensino dessa área foi dividido em três blocos: esportes, jogos, lutas
e ginástica; atividades rítmicas e expressivas; e conhecimentos sobre o corpo.
Assim, a dança se insere na Educação Física por meio do segundo bloco de
ensino.
48
4.2 Base Nacional Comum Curricular – BNCC
49
Já na disciplina de Educação Física, a dança é entendida como uma
prática corporal a partir de movimentos rítmicos, com passos e códigos
específicos e construídos historicamente, gerando muitas vezes coreografias
individuais, em duplas ou em grupos.
50
4.3 Propostas de dança na Educação Básica
51
A partir disso, é possível pensar em como ensinar dança nas escolas:
orientando os alunos a realizarem tarefas referentes aos conteúdos; dando
liberdade para a criação e a expressão individual e do grupo; instigando a partilha
das descobertas e criações com os colegas; e prezando por atividades lúdicas,
utilizando jogos, brincadeiras, imagens, e materiais como bexigas, cordas, entre
outros. Portanto, o professor também deve buscar a criatividade ao elaborar suas
aulas.
É possível observar que só a dança já tem muitos conteúdos a serem
trabalhados na Educação Básica, sendo essencial que o professor saiba
reconhecer o que é importante trabalhar com determinada turma, pois nem
sempre dá tempo de trabalhar todos os conteúdos. Ainda assim, é importante
que o professor mantenha os três pilares aqui apresentados: criação,
fruição/apreciação e contextualização.
52
tenha conhecimento em anatomia, cinesiologia, entre outras áreas, para saber o
que esperar de crianças com determinada idade para não as frustrá-las e como
trabalhar com elas sem lesioná-las, dando atenção especial ao alinhamento
ósseo.
Quanto aos idosos, este grupo pode apresentar vários problemas como
osteoporose, problemas cardíacos, de memória, entre outros. É necessário que
o professor tenha clareza de como é o idoso com o qual está trabalhando, para
adaptar suas aulas, trabalhando com movimentos mais simples, com repetições,
entre outras ações que julgar necessárias.
Ao se trabalhar com pessoas tabagistas, que são dependentes do fumo,
é importante saber que seu condicionamento físico será menor que o de outras
pessoas, e que a abstinência da droga pode causar irritação, agitação, falta de
concentração, mudanças no humor, etc. Assim como ao trabalhar com obesos,
é necessário entender que estas pessoas são mais propícias a lesões articulares
e podem ter menos agilidade com alguns movimentos (como na mudança de
níveis espaciais, por exemplo), além da possibilidade de também apresentarem
problemas cardíacos e psicológicos.
Já para trabalhar dança com gestantes, é importante entender que cada
gravidez é diferente, sendo muito importante a orientação médica quanto aos
exercícios físicos. No geral, o início da gravidez é o momento mais arriscado, no
qual a mulher está mais suscetível a sofrer abortos, e depois disto seu corpo
apresenta muitas mudanças para suportar o peso. Assim, é importante que o
professor saiba se a gestante já fazia alguma atividade física antes e se a
gravidez é ou não de risco, priorizando a dança com movimentos mais simples
e alongamentos ao final da aula.
Para trabalhar dança com pessoas diabéticas, é importante que o
profissional entenda que esta é uma doença metabólica que causa deficiência
na produção de insulina, sendo importante que o portador desta doença faça
acompanhamento médico. Quanto às atividades de dança, geralmente não há
restrições, mas é importante que o professor saiba se o aluno está se medicando
de acordo com orientação médica, evitando picos de hipoglicemia.
Quando o caso for de hipertensos e pessoas com problemas cardíacos, o
acompanhamento médico também é imprescindível, e é necessário entender
que o condicionamento físico destas pessoas será diferente das que não
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apresentam nenhum problema, mas que ainda assim a dança pode ajudar no
tratamento dessas doenças. Assim, os movimentos não precisam
necessariamente ser simples, mas é importante que o ritmo da pessoa
hipertensa ou cardíaca seja respeitado.
Chegando ao grupo de pessoas com deficiências físicas, visuais ou
auditivas, é importante esclarecer que muitas destas acreditam ser incapazes de
dançar, ou até mesmo seus familiares têm este pensamento. No entanto, é
possível sim trabalhar a dança com estes grupos especiais, sendo necessário
entender cada caso dessas deficiências, que podem ser de nascença ou
adquiridas em decorrência de doenças ou acidentes, por exemplo.
Ao se trabalhar com deficientes visuais, é importante saber que esta
deficiência pode ser total ou parcial. Quanto às aulas de dança, a maior
dificuldade será a de ensinar, sendo possível utilizar a fala e o toque como meios
para isso, podendo demandar um pouco mais de tempo do professor. Não há
restrições quanto aos movimentos, mas é importante prezar para que o indivíduo
não se machuque, sendo necessário conhecer bem o aluno com a deficiência
visual. Porém, ao contrário do que muitas pessoas pensam, os cegos têm mais
percepção do espaço e das pessoas que o cercam.
Quanto ao trabalho da dança com deficientes auditivos, os quais têm o
sentido da visão mais aguçado, o principal desafio pode parecer a utilização de
músicas. No entanto, essas pessoas são sensíveis à vibração das ondas
sonoras do ar, podendo sentir o ritmo da música. Logo, não há restrições quanto
aos movimentos de dança, só é preciso estar atento quanto ao aprendizado do
aluno, bem como a comunicação entre professor e aluno.
Ao se tratar de pessoas com deficiências físicas, é importante saber que
deficiência é esta e porque a pessoa a tem, as quais devem ter um
acompanhamento médico. Aqui se encaixam pessoas que não têm alguma parte
do corpo, ou que apresentam imobilidade parcial ou total de uma ou mais partes.
Essas deficiências são decorrentes de lesões no sistema nervoso, muscular,
e/ou osteoarticular e podem ser acompanhadas de outros problemas de saúde.
Ao se trabalhar dança com pessoas que têm alguma deficiência física, é
primordial o trabalho de conscientização corporal e de investigação das
possibilidades de movimentos, instigando-os e ao mesmo tempo respeitando os
limites de cada um, além de utilizar o toque muitas vezes. Também é
54
interessante utilizar colchonetes ou outro material no chão, diminuindo o risco de
eventuais lesões.
Além de todos esses grupos especiais já tratados, também é possível
destacar aqueles com síndrome de down, com síndrome de asperger, autismo,
transtorno de bipolaridade, TDAH, superdotados, entre outras síndromes e
transtornos que alteram o desenvolvimento intelectual, o comportamento e
consequentemente a forma dessas pessoas se relacionarem com outras. Cada
caso é muito específico, e cabe ao professor entender cada um por meio de
pesquisas, conversas com médicos, pais, e outros professores, para então tomar
atitudes em suas aulas de dança que atendam a necessidade do aluno, sendo
primordial utilizar sua criatividade na elaboração das aulas.
Conclusão da aula 4
Para concluir, é possível perceber que a dança está ganhando cada vez
mais espaço nas escolas, não sendo mais reduzida a apenas datas
comemorativas, podendo ser trabalhada tanto pelo professor de Educação
Física quanto pelo de Arte. Além disso, também é possível entender que existem
diversos grupos de populações especiais que podem ser encontrados nas salas
de aulas das escolas ou de academias, e cabe ao professor adaptar suas
atividades de acordo com as necessidades dessas pessoas.
Atividade de aprendizagem
Elabore uma aula de dança para uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental,
na qual tem um aluno paraplégico em decorrência de lesão na medula.
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Índice Remissivo
A dança a partir do Renascimento .................................................................. 36
(Ballet Comique de la Reine; Lourenço de Médici; nuove inventioni di Balli)
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Exercícios rítmicos ......................................................................................... 11
(Assimilação da música; Carl Orff; Institut Jacques Dalcroze)
O ritmo ........................................................................................................... 08
(Coletivo ou grupal; individual; relação harmoniosa)
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Referências
VERDERI, Érica Beatriz Lemes Pimentel. Dança na escola. Rio de Janeiro, RJ: Editora
Sprint, 1998.
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