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Nascer mulher

A história da mulher na sociedade mundial foi, e é ainda, marcada por grandes lutas pelos seus
direitos. Alvo de discriminações e muitas vezes submissa aos homens e parceiros, a mulher
sempre lutou pela conquista do seu lugar numa sociedade maioritariamente machista. Durante
séculos, perdurou a imagem da mulher em condições equivalentes à de escrava, numa época em
que ser livre significava, basicamente, ser homem. As funções primordiais femininas eram a
reprodução, a amamentação e a criação dos filhos. Um marco no que diz respeito à história das
mulheres foi a perseguição na Idade Média, que ficou conhecida como “caça às bruxas”. Um
genocídio praticado contra o sexo feminino, na Europa e nas Américas. Na verdade, as “bruxas”
eram apenas mulheres que agiam contra o “tradicional” e questionavam o sistema. Por isso, era
preciso criar pretextos para que a sociedade se voltasse contra elas. No fim do período medieval,
as mulheres assumiram um papel importante no desenvolvimento das cidades e passaram a ser
inseridas no mercado de trabalho. Mas ainda que a possibilidade de alcançarem independência
social e profissional tenha surgido, o preconceito permanecia. A exploração da mão de obra
feminina era uma realidade, que infelizmente ainda hoje se mantém. Até ao século XIX não
havia registo de mulheres nas universidades! Assim, intelectualmente, os homens estavam em
crescente desenvolvimento, enquanto as mulheres continuavam estagnadas. Com a
implementação de fábricas e o desenvolvimento da tecnologia, as mulheres passaram a trabalhar
dentro do setor fabril, contudo, sempre em atividades compatíveis com as que exerciam dentro
de casa, e sempre em condições degradantes, e, claro, com remuneração sempre inferior à dos
homens. Devido a esta desigualdade, a contestação começou a despontar! Mulheres de todo o
mundo reivindicaram igualdade de acesso ao trabalho e à educação. Direitos iguais. O século
XX trouxe finalmente o início da quebra dos malogrados paradigmas em relação ao sexo
feminino. Desde então, muito caminho foi trilhado por corajosas e destemidas mulheres, para
que hoje, todas nós, possamos ter “voz”. Como é possível, então, que em pleno século XXI, se
continuem a observar reflexos nítidos desta realidade experimentada pelas mulheres há mais de
dois séculos? Como se justifica que existam lugares no mundo onde o fanatismo extremista dos
“homens” apague a “mulher” do espaço público, reduzindo-a a um desumano ser ignóbil?
Afinal, que preço tem “nascer-se mulher”, nos dias de hoje?

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