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Sistema Financeiro Nacional

Sistema Financeiro Nacional

Grande parte do desenho institucional do Sistema Financeiro Nacional (SFN) se alterou a partir de
uma ampla reforma estrutural em 1964. Até então, era composto por:

― bancos de desenvolvimento federais ou estaduais (como o Banco Nacional de


Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, o Banco do Nordeste e o Banco
da Amazônia);

― pelas Caixas Econômicas (Federal – CEF e Estaduais);

― além de bancos comerciais, cooperativas de crédito, distribuidoras e bolsas de valores.

Os bancos de desenvolvimento têm no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico


e Social (BNDES) a principal instituição financeira do Governo Federal, nos termos da Lei
nº 1.628 de 20 de junho de 1952 e Lei no 2.973, de 26 de novembro de 1956.

Nesta reestruturação, foram criados o Banco Central do Brasil (BC), o Conselho Monetário Nacional
(CMN), o Banco Nacional de Habitação (BNH), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além dos
Bancos de Investimento (BI) e Corretoras de Valores (CV).

BC

CV CMN
SFN
SISTEMA
FINANCEIRO
NACIONAL

BI BNH

CVM

A Constituição de 1988 retirou do Banco do Brasil a função de autoridade monetária (conta movimento
— que dividia com o Banco Central), que passou a atuar apenas como um banco comercial.

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Hoje, o Banco do Brasil é um banco comercial comum, embora responsável pela


Câmara de Compensação.

A Caixa Econômica Federal passou a ser o órgão máximo na política habitacional.

Depois dessas transformações, a configuração do SFN foi dividida em três subsistemas:

Orgãos Entidades
Operadores
Normativos Supervisoras

Adm. De Instituições de
Bancos e Caixas
Consórcios pagamento **
Econômicas
Banco Central do
Brasil (BCB) Corretoras e Demais
Cooperativas de
Conselho distribuidoras* instituições não
Crédito
Monetário bancárias
Nacional (CMN)

Comissão Bolsas de
Corretoras e
de Valores Mercadorias e Bolsas de Valores
distribuidoras*
Mobiliários (CVM) Futuros

Sociedades de
Conselho Capitalização
Superintendência
Nacional de Sociedades
de Seguros Priva- Resseguradoras
Seguros Privados Seguradoras Entidades Abertas
dos (SUSEP)
(CNSP) de Previdência
Complementar

Conselho
Superintendência
Nacional de
Nacional de Pre- Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Fundos
Previdência
vidência Comple- de Pensão)
Complementar
mentar (PREVIC)
(CNPC)

* Dependendo de suas atividades corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM.

** As Instituições de Pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB,
conforme

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Órgãos de Regulação e Fiscalização


Para o bom funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, há os órgãos e agentes reguladores. No
Brasil, as autoridades monetárias são:

― o Conselho Monetário Nacional (CMN); e

― o Banco Central do Brasil (BC).

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é um órgão que fiscaliza o mercado de capitais,


principalmente no que tange às empresas de capital aberto.

O CMN é um órgão do Poder Executivo, enquanto o BC e a CVM são autarquias,


com a obrigação de operacionalizar as diretrizes políticas do Governo Federal,
conferindo agilidade e dinamismo à sua atuação em matéria de natureza
econômico-financeira.

Os três órgãos integram a mesma estrutura, que visa promover o desenvolvimento equilibrado do
país e servir aos interesses da coletividade, possuindo, portanto, muitas características comuns em
relação ao controle hierárquico.

São diretamente subordinados ao Presidente da República e ao Ministro da Economia, cumprindo


determinações da administração direta e acatando as diretrizes da presidência.

Conselho Monetário Nacional (CMN)

É o órgão normativo responsável pela fixação das diretrizes das políticas monetária, creditícia
e cambial do país.

O CMN teve diferentes composições ao longo de sua história. A partir do Plano Real, o Conselho
passou a ter um perfil monetário, sendo integrado por apenas três membros:

― Ministro da Economia (Presidente);

― Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia;

― Presidente do Banco Central.

Também funcionam junto ao CMN sete outras Comissões Consultivas, como discriminado
na figura abaixo.

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CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL

Ministro da Economia

Secretário Especial da Fazendado


CONSTITUIÇÃO Ministério da Economia

Presidente do Banco Central do Brasil

Comoc Comissões Consultivas:


Comissão Técnica ― de Normas e Organização do Sistema
da Moeda e do Crédito Financeiro;
― de Mercado de Valores Mobiliários e de
Futuros;
― de Crédito Rural;
― de Crédito Industrial;
― de Crédito Habitacional, e para
Saneamento e Infraestrutura Urbana;
― de Endividamento Público;
― de Política Monetária e Cambial.

Como entidade superior do sistema financeiro (Lei no 4.595/64), compete ao


CMN:

― adaptar o volume dos meios de pagamento às necessidades da


economia nacional e seu processo de desenvolvimento;

― orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras


públicas e privadas;

― propiciar as condições para tornar mais eficiente o sistema de


pagamentos e a mobilização de recursos;

― zelar pela liquidez e pela solvência das instituições financeiras;

― coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal


e da dívida pública interna e externa;

― estabelecer a meta de inflação (Decreto 3.088 de 21/06/1999).

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A partir dessas funções básicas, o CMN fica responsável por várias atribuições específicas,
destacando-se:

― autorizar as emissões de papel-moeda;

― fixar as diretrizes e normas da política cambial;

― disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias;

― determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras e


regulamentar as operações de redesconto de liquidez;

― regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as instituições


financeiras que operam no país;

― estabelecer limites para a remuneração das operações e os serviços bancários


ou financeiros;

― outorgar ao BC o monopólio de operações de câmbio quando o balanço de


pagamentos exigir e estabelecer normas nas transações de títulos públicos.

Banco Central (BC ou BACEN)


É o órgão executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe cumprir e fazer cumprir as
disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo CMN. É por
meio do BC que o Estado intervém diretamente no sistema financeiro e, consequentemente,
na economia.

Ao BC, as atribuições são:

― atuar com o objetivo de manter a inflação dentro da meta estabelecida


pelo Conselho Monetário Nacional (CMN);

― emitir papel-moeda segundo autorizações do CMN e executar os serviços


de meio circulante;

― receber os recolhimentos compulsórios e realizar operações de redesconto;

― regular a execução dos serviços de compensação de cheques


e outros papéis;

― comprar e vender títulos públicos federais dentro da execução


da política monetária;

― exercer o controle de crédito sob todas as suas formas;

― autorizar o funcionamento e exercer a fiscalização de todas as


instituições financeiras;

― controlar o fluxo de capitais estrangeiros e garantir o correto


funcionamento do mercado cambial.

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Com as atribuições citadas acima, o BC pode ser considerado:

― Banco dos bancos: depósitos compulsórios e redescontos de liquidez;

― Gestor do Sistema Financeiro Nacional: normas, autorizações, fiscalização, intervenção;

― Executor da política monetária: determinação da taxa Selic, controle dos meios


de pagamento (liquidez no mercado), orçamento monetário, instrumentos de política
monetária;

― Banco emissor: emissão e saneamento do meio circulante;

― Banqueiro do Governo: administração da dívida pública interna e externa, gestor e fiel


depositário das reservas internacionais do país;

― Centralizador do fluxo cambial: normas, autorizações, registros, fiscalização, intervenção.

Compete ainda ao Presidente do Banco Central do Brasil escolher e nomear o Presidente


do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e os membros do Plenário, que é
composto do Presidente do Coaf e de 12 servidores ocupantes de cargo efetivos, de reputação ilibada e
reconhecidos conhecimentos em matéria de prevenção e combate à lavagem de dinheiro.

O Tesouro Nacional é considerado por alguns como parte do Sistema Financeiro Nacional e é
responsável pela gestão eficiente e transparente das contas públicas, por zelar pelo equilíbrio fiscal e
pela qualidade do gasto público. O Banco Central atua como administrador da dívida pública, realizando
a venda de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional.

Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


É o órgão supervisor do sistema financeiro responsável pelo desenvolvimento, pela disciplina e pela
fiscalização do mercado de valores mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e pelo
Tesouro Nacional.

Sua atuação também abrange as Bolsas de Mercadorias e Futuros, as entidades do mercado


de balcão organizado e as entidades de compensação e liquidação de operações com
valores mobiliários.

Sob sua alçada, foram consolidadas as seguintes atividades:

― regulação e fiscalização de valores mobiliários no mercado;

― negociação e intermediação nos mercados de valores mobiliários e de


derivativos;

― organização, funcionamento e operações das bolsas de valores e das bolsas


de mercadorias e futuros;

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― administração de carteiras e custódia de valores mobiliários;


― auditoria das companhias abertas;

― serviços de consultor e analista de valores mobiliários.

Com essas atividades, a CVM tem por objetivo o fortalecimento do mercado de capitais e valores
mobiliários por meio do(a):

― estímulo à aplicação de poupança no mercado acionário;

― garantia do funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e instituições


auxiliares que operem neste mercado;

― proteção aos titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e outros tipos
de atos ilegais que manipulem preços de valores mobiliários nos mercados primários e
secundários de ações;

― Fiscalização da emissão, do registro, da distribuição e da negociação de títulos emitidos


pelas sociedades anônimas de capital aberto.

A CVM tem o poder de polícia, uma vez que pode multar infratores e comunicar a irregularidade
à Procuradoria especializada e às autoridades policiais. Porém, a CVM não tem o poder de fechar
uma instituição financeira infratora ou obrigá-la a parar de oferecer certos investimentos.

Exemplo de atuação da CVM


Uma das formas de alcançar o fortalecimento do mercado de capitais é restringindo a venda de
instrumentos financeiros mais complexos a investidores qualificados ou profissionais. Sendo assim,
a CVM definiu normas para o enquadramento como investidor qualificado e profissional e os
instrumentos financeiros que só podem ser oferecidos para estes investidores.

A Instrução da CVM 554/2014, em seu artigo 9-B, define investidores qualificados como:

— investidores profissionais;

— pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor


superior a R$ 1.000.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de
investidor qualificado mediante termo próprio;

— as pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou


possuam certificações aprovadas pela CVM como requisitos para o registro de agentes
autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de
valores mobiliários, em relação a seus recursos próprios; e

— clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por um ou mais cotistas,
que sejam investidores qualificados.

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São considerados investidores profissionais:

— instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central


do Brasil;

— companhias seguradoras e sociedades de capitalização;

— entidades abertas e fechadas de previdência complementar;

— pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor


superior a R$ 10.000.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de
investidor profissional mediante termo próprio;

— fundos de investimento;

— clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por administrador de


carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM;

— agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e


consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos
próprios;

— investidores não residentes.

Investidores Não Residentes (INRs) são pessoas físicas ou jurídicas, inclusive fundos ou outras
entidades de investimento coletivo, com residência, sede ou domicílio no exterior e que investem
no Brasil.

A Resolução CMN nº 4.373/14 disciplina sobre as aplicações dos INRs no Brasil, nos mercados
financeiro e de capitais do país. Ainda, de acordo com o art. 4º do mesmo normativo, tais
investidores estão sujeitos a registro prévio na CVM.

PREVIC
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) é um órgão do Ministério
da Economia responsável por fiscalizar as atividades das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar (Fundos de Pensão).

A PREVIC pode ser considerada como o braço fiscalizador do Conselho Nacional de Previdência
Complementar (CNPC), que tem a função de regular o regime de previdência complementar
operado pelas entidades fechadas de previdência complementar

A PREVIC se relaciona com os órgãos normativos do sistema financeiro na observação


das exigências legais de aplicação das reservas técnicas, fundos especiais e provisões
que as entidades sob sua jurisdição são obrigadas a constituir e que têm diretrizes
estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

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À PREVIC compete:

― propor as diretrizes básicas para o Sistema de Previdência Complementar;

― harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar com as


políticas de desenvolvimento social e econômico-financeira do Governo;

― fiscalizar, supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades relacionadas com a


previdência complementar fechada;

― analisar e aprovar os pedidos de autorização para constituição, funcionamento, fusão,


incorporação, grupamento, transferência de controle das entidades fechadas de
previdência complementar, bem como examinar e aprovar os estatutos das referidas
entidades, os regulamentos dos planos de benefícios e suas alterações;

― examinar e aprovar os convênios de adesão celebrados por patrocinadores


e instituidores, autorizar a retirada de patrocínio e decretar a administração
especial em planos de benefícios operados pelas entidades fechadas de previdência
complementar, bem como propor ao Ministro a decretação de intervenção ou
liquidação das referidas entidades.

SUSEP
Com função regulatória, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é o órgão responsável
pelo controle e pela fiscalização do mercado de seguros, previdência complementar aberta
e capitalização.

Autarquia vinculada ao Ministério da Economia, foi criada pelo Decreto-Lei nº 73 de 21 de


novembro de 1966, que também instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, do qual fazem
parte o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), a SUSEP, o Instituto de Resseguros do Brasil
(IRB), as sociedades autorizadas a operar em seguros privados e capitalização, as entidades de
previdência complementar aberta e os corretores habilitados.

O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é o órgão responsável por fixar as diretrizes e
normas da política de seguros privados.

ANS
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi criada pela Lei 9.961, de 28 de janeiro de 2000.

Apesar de não integrar formalmente o SFN, a ANS é uma autarquia sob regime especial, vinculada
ao Ministério da Saúde, com sede e foro na cidade do Rio de Janeiro (RJ), prazo de duração
indeterminado e atuação em todo o território nacional, como órgão de regulação, normatização,
controle e fiscalização das atividades que garantam a assistência suplementar à saúde.

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A ANS terá por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na assistência
suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com
prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no país.

Participantes do Mercado
As principais atividades e funções de cada uma das instituições financeiras que atuam no sistema
financeiro serão descritas resumidamente a seguir.

Bancos Comerciais
As mais conhecidas das instituições financeiras em função dos múltiplos serviços prestados à
população, constituindo-se na base do sistema monetário.

Segundo o Manual de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, seu


objetivo é proporcionar o suprimento adequado de recursos necessários para
financiar, a curto e médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras
de serviços e as pessoas físicas.

Para tanto, podem, entre outras atividades, descontar títulos, realizar operações de abertura de
crédito simples ou em conta corrente, captar recursos à vista e a prazo fixo, repassar aos clientes
recursos de instituições oficiais e obter recursos externos para repasse.

Bancos de Investimento
Criados para canalizar recursos de médio e longos prazo para financiamento de capitais fixo e de
giro das empresas.

Fortalecem os processos de capitalização das mesmas ao dilatarem o prazo das operações de


empréstimo e financiamento por meio da compra de máquinas e equipamentos e da subscrição de
debêntures e ações (operações de underwriting).

Por meio de atividades de corporate finance (fusões, cisões ou incorporações), contribuem


para melhorar a ordenação da economia e uma maior eficiência das empresas.

Não podem manter contas correntes, nem destinar recursos a empreendimentos imobiliários.

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Bancos Múltiplos
Foram criados para racionalizar a administração das instituições financeiras, permitindo que
algumas delas se constituam em uma única empresa. Na prática, as funções de cada uma são
mantidas em separado, mas as operações são contabilizadas em um único balanço.

As carteiras de um banco múltiplo envolvem as carteiras comercial, de


investimento, de crédito imobiliário, de aceite, de desenvolvimento e de
leasing, que seguem a regulamentação dos bancos comerciais, dos bancos de
investimento, das sociedades de crédito imobiliário, das financeiras, dos bancos
de desenvolvimento (o BNDES, por exemplo) e das sociedades de arrendamento
mercantil, respectivamente.

Para que se configure a existência de um banco múltiplo, este deve possuir pelo menos duas das
carteiras mencionadas, sendo uma delas necessariamente a comercial ou a de investimento.

Caixa Econômica Federal


A Caixa Econômica é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Economia, podendo captar
depósito à vista, realizar operações ativas, prestação de serviços e centraliza o recolhimento e
posterior aplicação de todos os recursos oriundos do FGTS.

A Caixa Econômica Federal tem o monopólio de empréstimo com penhor dos bens pessoais e e
integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro Habitacional
(SFH).

BNDES
É a instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal, sendo
a principal instituição financeira de fomento do País. Seus principais objetivos são:

— Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País; fortalecer o setor


empresarial nacional;

— Criar novos polos de produção regionais;

— Promover o desenvolvimento agrícola, industrial e de serviços; promover o crescimento


e a diversificação das exportações; gerir o processo de privatização das empresas
estatais.

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Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (Financeiras)


Têm a função de financiar a aquisição de bens de consumo duráveis por meio do “crediário” e do
Crédito Direto ao Consumidor (CDC). As financeiras não podem manter contas correntes, mas
podem emitir letras de câmbio (LCs), que hoje quase inexistem.

As LCs são títulos de crédito que podem ser sacados pelos financiados e
aceitos pelas financeiras para a colocação junto ao público.

Devido ao risco das operações, as atividades passivas são limitadas pelo múltiplo do patrimônio
referência (PR). A intermediação financeira é realizada pelas promotoras de vendas, que são
sociedades civis que intercedem entre o consumidor final, o lojista e a financeira definidas por
contratos específicos.

As promotoras são disciplinadas pela Resolução 562, de 30 de setembro de 1979.

Cooperativas de Crédito
As cooperativas de credito são instituições financeiras, sociedade de pessoas, homologadas pelo
Banco Central do Brasil, sem fins lucrativos e não sujeitas a falência (Lei 5.764/71 e 4.595/64), cuja
regulamentação é disciplinada pela Resolução 2.771/2000. O funcionamento de cooperativas de
credito depende de previa autorização do Banco Central do Brasil, concedida sem ônus e por prazo
indeterminado.

As cooperativas de credito podem praticar as seguintes operações:

I. captação de recursos:

a) de associados, oriundos de depósitos à vista e depósitos a prazo sem emissão de


certificado;

b) de instituições financeiras, nacionais ou estrangeiras, na forma de empréstimos,


repasses, refinanciamentos e outras modalidades de operações de credito;

c) de qualquer entidade, na forma de doações, de empréstimos ou repasses, em


caráter eventual, isentos de remuneração ou a taxas favorecidas;

II. concessão de créditos, exclusivamente a seus associados, incluídos os membros de


órgãos estatutários, nas modalidades de:

a) desconto de títulos;

b) operações de empréstimo e de financiamento;

c) crédito rural;

d) repasses de recursos oriundos de órgãos oficiais e instituições financeiras;

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III. aplicações de recursos no mercado financeiro, inclusive depósitos a prazo, com ou


sem emissão de certificado, observadas eventuais restrições legais e regulamentares
especificas de cada aplicação;

IV. prestação de serviços:

a) de cobrança, de custodia, de correspondente no País, de recebimentos e


pagamentos por conta de terceiros e sob convênio com instituições públicas
e privadas, nos termos da regulamentação aplicável as demais instituições
financeiras;

b) a outras instituições financeiras, mediante convênio, para recebimento e


pagamento de recursos coletados com vistas a aplicação em depósitos, fundos e
outras operações disponibilizadas pela instituição conveniente;

V. formalização de convênios com outras instituições financeiras com vistas a:

a) obter acesso indireto a conta Reservas Bancarias, na forma da regulamentação em


vigor;

b) participar do Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis (SCCOP);

c) realizar outros serviços complementares as atividades fins da cooperativa;

VI. outros tipos previstos na regulamentação em vigorou autorizados pelo Banco Central do
Brasil.

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM)


Operam com compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários (ações, ouro e
câmbio, por exemplo) por conta de terceiros, fazendo a intermediação com as bolsas de valores
e de mercadorias e futuros.

Também podem administrar carteiras e fundos de investimento, bem como custodiar


valores mobiliários, operar no mercado aberto e efetuar lançamentos públicos de ações.

Sua constituição e seu funcionamento dependem da autorização do Banco Central e


da CVM, respectivamente.

Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM)


Por meio da Decisão Conjunta nº 17 do Banco Central e da CVM (março/2009), as Distribuidoras
ficam autorizadas a operar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos mercados
organizados de bolsa de valores.

Também efetuam a subscrição e a intermediação da colocação de emissões de títulos e


valores mobiliários.

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É importante destacar que a competência da CVM em relação às CTVMs e DTVMs está limitada ao
que prevê a Lei 6.385/76, ou seja, às operações com valores mobiliários.

No conceito de valores mobiliários sujeitos ao regime da referida lei incluem-se, por exemplo,
ações, debêntures, e contratos derivativos, mas, por exemplo, não são incluídos os títulos
públicos, sendo que toda a atividade relativa a esses ativos está sujeita à regulamentação e
fiscalização do Banco Central do Brasil.

Corretoras de Câmbio
As sociedades corretoras de câmbio são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou
por quotas de responsabilidade limitada, devendo constar na sua denominação social a
expressão “Corretora de Câmbio”.

Têm por objeto social exclusivo a intermediação em operações de câmbio e a prática de


operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes. São supervisionadas pelo Banco Central
do Brasil.

Corretoras de Mercadorias
Para os efeitos da Instrução CVM nº 402/2004, considera-se “corretora de mercadorias” a sociedade
habilitada a negociar ou registrar operações com valores mobiliários em bolsa de mercadorias
e futuros. Elas estão sujeitas ao controle e à fiscalização da CVM, bem como das bolsas de
mercadorias e futuros das quais tiverem sido admitidas como membros, e também integram o
sistema brasileiro de distribuição de valores mobiliários.

Crédito Imobiliário
Os dois principais sistemas de financiamento imobiliário são o Sistema Financeiro de Habitação
(SFH) e o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). O SFH é regulamentado pelo Governo
Federal, que estabelece algumas condições para o financiamento imobiliário como valor máximo
de avaliação do imóvel e custo efetivo máximo do empréstimo. Por outro lado, no caso do SFI,
essas condições não estão preestabelecidas, mas são negociadas os clientes e os bancos e outras
instituições financeiras.

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Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)


O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) compreende as entidades, os sistemas e os
procedimentos relacionados com o processamento e a liquidação de operações de transferência
de fundos, moeda estrangeira ou com ativos financeiros e valores mobiliários.

Utilizamos o Sistema de Pagamentos Brasileiro quando:

― transferimos dinheiro entre bancos;

― depositamos um cheque de um banco em uma conta em outro banco;

― pagamos um boleto de um banco com débito em conta em outro banco;

― negociamos títulos e valores mobiliários;

― realizamos qualquer pagamento com nosso cartão de débito ou crédito.

É por meio do Sistema de Pagamentos Brasileiro que o dinheiro sai da conta do “devedor” e chega
até a conta do “credor”.

Isso só é possível porque os serviços de compensação e liquidação dessas


operações são integrados ao SPB.

Em março de 2017, o Banco Central, que é o órgão responsável pelo SPB, emitiu um comunicado
divulgando os sistemas em funcionamento que integram o Sistema de Pagamentos Brasileiro.

São eles:

― Sistema de Transferência de Reservas (STR), operado pelo Banco


Central do Brasil (BCB);

― Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), operado pelo BCB;

― Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Câmbio


da B3;

― Câmara de Compensação, Liquidação e Gerenciamento de Riscos de


Operações no Segmento Bovespa e da Central Depositária de Ativos
da B3;

― Sistema de Registro de Ativos e Operações do Mercado de Balcão


Organizado da B3;

― Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Ativos da B3;

― Câmara B3, que se destina ao registro, à compensação


e à liquidação de operações do mercado de derivativos financeiros
e de commodities;

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― Segmento CETIP UTVM (agora parte da B3);

― Central de Cessão de Crédito (C3) da Câmara Interbancária de


Pagamentos (CIP);

― Centralizadora da Compensação de Cheques (Compe), do


Banco do Brasil S.A.;

― Sistema de Liquidação Financeira Multibandeiras, da Cielo;

― Sistema de Liquidação Doméstica, da Redecard;

― Sistema de Liquidação Diferida das Transferências Interbancárias de


Ordens de Crédito (Siloc), da CIP;

― Sistema de Transferência de Fundos (Sitraf), da CIP;

― Sistema de Registro da Serasa, monitorado e avaliado com base


nos princípios aplicáveis a repositórios de transações; e

― Sistema de Registro de Ativos Financeiros — Unidade de Financiamentos


(Sistema UFIN), da Cetip, monitorado e avaliado com base nos princípios
aplicáveis a repositórios de transações.

Entre os sistemas listados, vamos destacar alguns. O primeiro é o STR, sistema do tipo LBTR
(Liquidação Bruta em Tempo Real), cujas transferências são realizadas no momento do
processamento e sujeitas à existência de saldo na conta debitada.

A TED (Transferência Eletrônica Disponível) permite a transferência de recursos


entre as instituições em tempo real, em caráter irrevogável e incondicional, ou seja,
depois de realizada, a transferência não pode ser estornada.

Antes da implantação do STR, as transferências de recursos entre as instituições eram processadas


apenas no final do dia.

Um banco A precisa transferir R$ 10.000.000 ao banco B, mas o seu saldo em caixa


é de apenas R$ 5.000.000, ou seja, ele não teria o valor total disponível, porém sabe
que irá receber do Banco C o valor de R$ 7.000.000.

Então o raciocínio do Banco Central era: como o banco A tem R$ 5.000.000 e irá
receber mais R$ 7.000.000 do Banco C, no final do dia, terá o valor suficiente para
pagar os R$ 10.000.000 que serão transferidos para o banco B. Dessa forma, o BC
permitia que a transferência fosse realizada.

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O grande problema é que o Banco C poderia não ter o dinheiro para pagar o banco A e,
consequentemente, este último não teria o dinheiro para pagar o banco B, ocasionando uma
reação em cadeia no mercado, o chamado “efeito dominó”.

Para diminuir esse risco e manter a liquidez no mercado, muitas vezes o Banco Central bancava
essas operações a descoberto, ou seja, ele assumia o risco de crédito em caso de falência da
instituição financeira, ocasionando um prejuízo para a sociedade brasileira.

A partir de 2002, com a implantação do STR, o Banco Central adotou uma postura
mais conservadora permitindo que essa transferência de recursos entre as
instituições seja realizada apenas se a emissora tiver o saldo disponível.

Essas mudanças possibilitaram a redução dos riscos de liquidação nas operações interbancárias e
uma consequente redução do risco sistêmico, isto é, o risco de uma instituição financeira quebrar
por causa de outra.

O segundo é o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), operado pelo BCB. O SELIC
realiza a liquidação de operações dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Bacen
e custódia dos mesmos. A liquidação de operações envolvendo títulos públicos acontece no
SELIC pelo princípio de entrega contra pagamento, ou delivery against payment. Por este princípio,
primeiro o SELIC recebe os valores do comprador e os ativos do vendedor, para somente depois
entregar os valores ao vendedor e os ativos ao comprador. Isso reduz drasticamente o risco de
contraparte: o risco do comprador pagar e não receber o ativo; ou do vendedor entregar o ativo e
não receber o pagamento.

Caso uma das partes não honre suas obrigações, a operação é cancelada. O Selic entregará à parte
que cumpriu com suas obrigações os recursos ou ativos de volta. Os pagamentos do comprador
para SELIC e do SELIC para o vendedor são feitos em tempo real via STR. Ou seja, o SELIC depende
do STR para operacionalizar as liquidações financeiras.

A liquidação financeira das operações e entrega de títulos públicos no Selic precisam acontecer
dentro de 30 minutos. Para se ter uma comparação, a liquidação financeira e entrega de ações na
B3 acontece em dois dias úteis. A maior rapidez na liquidação financeira e física do SELIC garante
um risco menor, mas dá menos flexibilidade aos participantes.

O terceiro sistema de destaque é o segmento CETIP UTVM, que hoje é administrado pela B3. O
segmento CETIP atua na liquidação de operações envolvendo títulos de renda fixa corporativa,
principalmente debêntures , títulos públicos estaduais e municipais e títulos representativos de
dívida bancária. Da mesma forma que o Selic, o Cetip também emprega estritos princípios de
entrega contra pagamento e a liquidação financeira ocorre por meio da transferência de fundos via
STR.

Cabe também destacar 4 sistemas administrados pela B3: Câmara de Registro, Compensação e
Liquidação de Operações de Câmbio ou Câmara de Câmbio, Câmara que se destina ao registro, à
compensação e à liquidação de operações do mercado de derivativos financeiros e de commodities
ou Câmara B3; Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Ativos da B3 ou Câmara de

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Sistema Financeiro Nacional

Ativos e por fim a Câmara de Compensação, Liquidação e Gerenciamento de Riscos de Operações


no Segmento Bovespa ou Câmara de Ações e Renda Fixa Privada. Estes quatro sistemas
atualmente estão sendo integrados e unificados. A ideia da B3 é que a Câmara B3 absorva o serviço
das três demais câmaras.

Os quatro sistemas têm algo em comum com o Selic e o segmento CETIP UTVM, uma vez que todos
fornecem serviços de Câmara ou de Clearing e todas as câmaras realizam liquidações financeiras
via o STR. Entretanto, existe uma importante diferença. Estas câmaras permitem em geral a
compensação multilateral das obrigações dos envolvidos e a liquidação pelo resultado líquido. Ou
seja, estas câmaras permitem que compradores possam usar créditos para compensar débitos
decorrentes de operações. Um comprador que precisa pagar um montante, mas tem o mesmo
montante a receber de uma venda efetuada, não precisará remeter nada para a câmara.

Câmaras ou Clearings basicamente eliminam o risco de contraparte: o risco de uma


parte pagar e não receber o ativo; ou do vendedor entregar o ativo e não receber o
pagamento. Elas fazem isso primeiro recebendo os valores do comprador e os ativos
do vendedor, para somente depois entregar os valores ao vendedor e os ativos ao
comprador.

Quando uma câmara permite a compensação de créditos e débitos, ou o acerto pelo resultado
líquido, dizemos que ela adota a Liquidação Defasada pelo Valor Líquido (LDL) ou Netting. O LDL
é uma modalidade distinta da LBTR, em que os pagamentos são realizados pelos valores brutos.
Quando há o LDL, a liquidação de um determinado dia depende do acumulado das operações
de determinadas datas anteriores. Ou seja, a liquidação de operações demora mais tempo para
acontecer do que no LBTR. Podemos falar que a liquidação acontece de forma defasada.

Finalmente cabe destacar a Central Depositária da B3. Trata-se de uma infraestrutura que atua na
preservação da integridade dos ativos sob sua guarda e na proteção dos investidores em relação à
propriedade desses ativos e direitos que deles se originam.

Dentre as principais atividades da Central Depositária da B3, destacam-se:

— Guarda centralizada de valores mobiliários e ativos financeiros (ativos), em geral


objeto de negociação e registro nos ambientes de negociação da B3;

— Controle da titularidade dos ativos em estrutura de contas de depósito em


nome dos investidores;

— Processamento das movimentações de custódia;

— Tratamento dos eventos corporativos que acompanham o ciclo de vida do ativo.

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Sistema Financeiro Nacional

No Brasil, a regulamentação estabelece que todos os valores mobiliários que venham a circular
no mercado de capitais, sejam registrados em contas de depósito individualizadas mantidas pelas
instituições intermediárias junto à Central Depositária em nome do beneficiário final.

A B3 efetua a conciliação diária dos ativos mantidos sob sua guarda com os registros
dos emissores. Esse processo de conciliação é feito de forma automatizada, por meio
da troca diária de arquivos eletrônicos entre a Central Depositária e os emissores.

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