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Ser atriz de teatro é se desdobrar e se permitir

Aprender, e poder desbravar novos cenários e possibilidades.

Na cena, dá-se ao corpo o poder de ir além de si mesma

E essa é a única maneira de manter

A arte viva e correndo nas veias.

Se desdobrar em outras facetas humanas é experimentar diversos pontos de vista.

Se hoje eu sou Medéia, amanhã sou a própria Oxum.

E é no labor teatral que vou descobrindo meu quinhão anti-heroína grega e o meu brilho
divinal de Yalodé.

Quantas rainhas e plebéias, Nzingas e Macabéas, eu posso abrigar em meu ventre de atriz?

E quantos Gritos eu colocarei para fora em nome das que vieram antes de mim e nunca
tiveram a oportunidade de estar no palco da sua própria vida? Assistiram ao seu próprio
espetáculo da coxia, sem direito a aplausos. Por elas, eu também sou atriz.

Ser atriz e mãe, então, é desafiar as normas de castração do feminino. É poder bradar, é poder
arregaçar as mangas e arrumar o cenário. É poder arreganhar as pernas pra gozar, para parir e
gritar. Sem culpa! O teatro é a vida real da atriz.

Siomara Coelho, para o Grite, em 22 de julho de 2021.

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