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SOCIOLOGIA DO

LAZER
FORMADORA: ANABELA COSTA PEIXOTO
4. O TURISMO COMO
ATIVIDADE DE ÓCIO
• Os princípios científicos nos quais se
baseia o turismo fundamentam-se num
conjunto de técnicas e de disciplinas
relacionadas com as ciências sociais,
humanas e económicas.
• A contribuição do sector para o PIB
caiu de 37 mil milhões de euros (ou
17,1%), em 2019, para 16 mil milhões
de euros (8,1%), em 2020, contrariando
assim um ciclo de «10 anos
consecutivos em que o sector cresceu
acima da economia em geral», frisa a
WTTC
Fonte: Contributo das Viagens e Turismo para o PIB caiu mais de metade em
2020 – Marketeer (sapo.pt)
O turismo é uma atividade típica do século XX,
inter e transdisciplinar, originada diretamente da
cultura do ócio e dos tempos livres,
saciando a necessidade de viajar, de conhecer
outras culturas e outros povos; uma
procura constante na história do homem.
O Turismo, é:

• Atividade vista como um fenómeno social de múltiplos contornos

• Apresenta a evolução mais marcante do último século.

• A atividade turística um dos maiores setores económicos a


nível mundial.

• A história do sector do turismo encontra-se associada à própria


história da humanidade.
Equipamentos de lazer, recreio e desporto:

Desde a Grécia antiga: circos, teatros e anfiteatros.

No período da romanização: saunas, corridas, arenas, espetáculos, etc.

Em termos internacionais, a «história contemporânea» do turismo encontra-se,


associada e consolidada em torno de um conjunto de três realidades que
emergiram entre os séculos XVIII e XX:
Concomitantemente com a rápida expansão das ferrovias na Europa e Estados
Unidos, as companhias marítimas impulsionavam com vigor as viagens
intercontinentais no hemisfério norte, acarretando inovações no mercado das
viagens com respeito à segurança, regularidade, conforto, rapidez e
economia, condicionando esses progressos ao desenvolvimento de outros serviços
vinculados à atividade, como a hotelaria e os serviços de alimentos e bebidas,
destinados aos viajantes. Toda essa inovação possuía um forte aliado: a comunicação.
(BRINGHENTI, 2007, p. 28-29).
Um elemento importante na invenção do turismo moderno foi o papel dos escritores e
publicistas, que contribuíram para a criação de uma mentalidade coletiva na procura do
estranho e do desconhecido. Do mesmo modo estes escritores participaram na criação
das ideias românticas de reencontro com a natureza e a história, as águas, o mar e o
património cultural. (PÉREZ, 2009, p. 17-18).
(i) A realização do grand tour, como uma das condições de formação de gentlemans e a sua admissão
nas Cortes (século XVIII)
(ii) A criação do primeiro pacote turístico (package), inventado por Thomas Cook no século XIX
(concretizado em 5 de Julho de 1841 com a realização da primeira viagem comercial de comboio para
um grupo de 570 pessoas;

(iii) O fenómeno do turismo de massas, que teve a sua origem na década de 50 e grande
desenvolvimento entre as décadas de 60-70 e que derivou do desenvolvimento da aviação
comercial e da criação de operações charter.
Indústria do turismo - grandes operadores
turísticos (grossistas), ramificada em cadeias de
agências de viagens (retalhistas), e em pólos de
alojamento comercial a nível de áreas-destino.

Originou importantes «pólos» e «destinos turísticos»:


turismo de massas da bacia do Mediterrâneo e
nalgumas ilhas das Caraíbas.
Em Portugal, a história do turismo compreende três fases distintas de evolução:

❑ No início do século XIII, existia aquilo que podemos designar de «livre direito de
viajar», resultante da obrigatoriedade decretada pelos reis para que o povo, e quem
tivesse condições para tal, albergasse e alimentasse, a título gratuito, o rei e seu
séquito, os grandes senhores, o exército, os presos e outros viajantes que se
deslocassem pelo país.
Em Portugal, a história do turismo compreende três fases distintas de evolução:

❑ A partir dos séculos XIV e XV, com a «institucionalização» das hospedarias e com a
«concessão» de direitos aos estalajadeiros que os protegessem e lhes permitissem obter
benefícios com esta atividade.
No século XIX, acompanhando a evolução da atividade turística no continente europeu:

Construção de um bairro de Lisboa, chamado de Monte Estoril, para receber turistas


(praia).

Norte de Portugal (1870):

- Construída uma estância turística próxima a uma ferrovia - Póvoa de Varzim

- Termas em Vidago – famosa pelas águas termais, passaram a ser muito conhecidas e
frequentadas por turistas europeus. “O conjunto de Vidago e Pedras Salgadas é dos mais
antigos e mais importantes do País.” (BRITO, 2010, p. 19)
Em Portugal, a história do turismo compreende três fases distintas de evolução:

A segunda fase, correspondente ao início do século XX:

▪ Período de rápido crescimento e euforia no sector, com a criação


das primeiras organizações governamentais: a nível nacional, com o
lançamento da Sociedade de Propaganda de Portugal e da Repartição do
Turismo, e a nível local, com a criação das comissões de iniciativa.
Em Portugal, a história do turismo compreende três fases distintas de evolução:

No Estado Novo, e com o rápido crescimento do turismo de massas a nível internacional, o


sector do turismo nacional vê-se catapultado para a ribalta dos maiores destinos
mundiais, através do incremento de fluxos de massas para o Algarve, decorrente da construção
do aeroporto de Faro em 1965.

Os elementos civilizacional e cultural são um dos principais elementos de motivação para que
as pessoas se desloquem para outros locais e, assim, para que exista turismo.
Em Portugal, a história do turismo compreende três
fases distintas de evolução:

As viagens realizadas em Portugal possuíam também um forte


elemento cultural e civilizacional: tratava-se,
maioritariamente, de deslocações efetuadas por elementos da
corte, da aristocracia e, de uma maneira geral, das elites
de então com objetivos de auto-recreação e de formação
educacional e intelectual.
Em Portugal, a história do turismo compreende três fases
distintas de evolução:

3ª Fase - Na fase do turismo de massas (após os anos 50) os


propósitos das deslocações eram em tudo semelhantes.

Os povos do Norte e Centro da Europa passaram a deslocar-se para


aqueles que vieram a consagrar-se como os destinos privilegiados do
turismo de massas: o Mediterrâneo e as Caraíbas.
Ao nível do turismo, identificam-se as seguintes alterações:

• Aumento do tempo livre (decorrente da diminuição do tempo de trabalho semanal e


da generalização das férias pagas)

• Aumento do rendimento disponível, que facilita a compra de viagens (adoção de


medidas sociais, como reformas, subsídios à família, pagamento de despesas com
doenças)

• Mudança das motivações, já que as pessoas passam a ter necessidade de compensar


os desequilíbrios psicológicos ligados à vida profissional através da evasão ao meio.
Do lado da oferta:

• Transformação das bases do turismo: - as viagens aéreas desenvolvem-se rapidamente

- e as viaturas individuais tornam-se mais frequentes.

• Os organizadores de viagens (agentes de viagens e operadores turísticos) iniciaram a produção em


série de produtos de massa, tendo por base o avião fretado e as cadeias de hotéis no litoral.

• O turismo passou a ser a procura do sol e mar.

• Na década de 70, a preocupação com o meio ambiente tornou-se evidente, sendo necessário o cuidado
e a preservação dos recursos naturais.
Os poderes públicos passaram a compreender o turismo não apenas numa perspetiva económica,
mas especialmente numa perspetiva social, política, ecológica, cultural e educativa.

O turismo passa a ser entendido como uma forma de responder às necessidades humanas e
encetaram políticas de desenvolvimento de equipamentos e promoção do turismo dos nacionais no
interior dos seus territórios.

Na segunda metade do século XX, a atividade turística expandiu-se pelo mundo inteiro e o
número de agências de viagens aumentou consideravelmente.
O turismo passou a ser uma prática, além de desejada,
quase obrigatória para significativos segmentos da
sociedade, tornando-se um item de consumo e de
prestígio social, principalmente as viagens internacionais.
O turismo transforma-se em algo muito além de uma
atividade de lazer, um elemento fundamental de valor
agregado na sociedade do conhecimento.
[...] hoje não há tempo totalmente livre e sim livre de
obrigações específicas do tempo de trabalho. Não há
tempo livre e, sim, tempo a ser consumido, preenchido
de forma eficaz e produtiva. Atualmente as pessoas
viajam, não porque têm tempo livre e sim porque viajar
é necessário, pois permite o acesso à cultura, à
informação, à atualização, ao lazer, além de significar
status. (OLIVEIRA, 2006, p. 21).

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