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TEMA: TÍTULOS DE CRÉDITO

Para aprofundar no tema títulos de credito, Gialluca indica o livro de Luiz Emygdio
Franco Da Rosa Junior, ed. renovar, sobre o tema.

1 – LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Se você pretende tratar de letra câmbio ou nota promissória, para esses títulos, nós
vamos ter que aplicar o decreto 57.663/66.

Se o assunto for cheque, teremos que aplicar a lei 7.357/85.

Quando se quer tratar da duplicata, temos que recorrer á lei 5.474/68.

O Código Civil, no art. 887 e ss., trata dos títulos de crédito, em um capítulo específico.
Assim, temos que saber se devemos aplicar ou não o código civil aos títulos de credito. O
próprio código civil, no seu art. 903, determina que se eu tenho lei especial sobre o assunto,
será ela a aplicada. Só será aplicado o código civil quando a lei especial não tratar do assunto.
Repare então que a aplicação do código civil aos títulos de credito é uma aplicação subsidiária
(cai em concurso).

Na realidade, a ideia que o código civil traz é a de podermos criar um titulo de credito,
que por não ter previsão legal, chama-se “título inominado”. Se isso ocorrer, será aplicado a
esse titulo de redito as regras do código civil. Trata-se de algo muito criticado pela doutrina, e
que não é muito utilizado.

2 – CONCEITO

Segundo Vivante, “título de crédito é o documento necessário para o exercício do


direito, literal e autônomo, nele mencionado”.

De acordo com a doutrina majoritária, o código civil, em seu art. 887, adotou
expressamente o conceito de Vivante. A diferença é que o CC usa a expressão “nele contido”,
ao passo que Vivante usa a expressão “nele mencionado 1”.

3 – PRINCÍPIOS CAMBIAIS

Os princípios cambiais são cartularidade, literalidade e autonomia.

1
Na prova do TRF3, o examinador perguntou qual era o conceito de Vivante, e qual era o conceito do CC,
devendo então saber a diferença do “nele mencionado”, e “nele contido”.
OBS.: negociabilidade e executividade não são princípios, mas atributos do título
de crédito. Cuidado com essa pegadinha.

A negociabilidade significa que o título de crédito foi criado para circular, para
substituir a moeda, o dinheiro, e para isso é necessário que haja facilitação da sua
circulação.

Executividade significa que o titulo de crédito tem a força da executividade. São


títulos executivos extrajudiciais, conforme art. 585, I, CPC. Isso é justamente para
facilitar a circulação, traz um recebimento mais rápido, mais célere

3.1 – Cartularidade: vem de cártula, que no latim significa “pequeno papel”. Imagine
um cheque, no valor de R$100.000,00. O papel, o cheque, ele materializa, representa,
documenta, um crédito. A cartularidade é uma forma de representação, de documentação de
um crédito.

O crédito deve estar materializado (documentado) em um título.

Para a transferência do crédito é necessário a transferência do documento.

Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a apresentação do documento


original.

Não é possível ajuizar ação de execução com cópia autenticada de cheque, em razão
da cartularidade. É possível, contudo, a ação monitoria.

Repare que quando o cheque original integra o inquérito policial, ou uma ação penal,
como meio de prova para a investigação de crime de cheque sem fundo, o STF costuma
entender que é possível ajuizar ação de execução com cópia autentivada.

QUESTÃO: PARA A GTRANSFERENCIA DE UM CHEQUE, É SUFICIENTE O


ENDOSSO. CERTO OU ERRADO? R.para se transferir um cheque, é preciso
endossar, e também fazer a tradição, entregar o cheque, em razão justamente da
cartularidade.

Contudo, a cartularidade vem sofrendo uma mitigação. O direito cambiário vem


passando por uma desmaterialização dos títulos de crédito. Esse processo está ocorrendo em
razão dos títulos de crédito eletrônicos, que já são permitidos pelo próprio CC, em seu art. 889,
§3º.

Quanto à duplicata virtual, a duplicata é um título de crédito que só pode ser emitida
no caso de compra e venda mercantil ou prestação de serviços. Imagine que a duplicara tem
vencimento para 30 dias, mas você está precisando do dinheiro agora. Você então vai a um
banco, desconta o valor da duplicata adiantado

Boleto bancário não é titulo de credito, pois ele não possui assinatura do emitente,
conforme requisito do art. 889. O boleto bancário é na verdade um aviso de cobrança.

Em um caso concreto de um informativo do STF, a Petrobras vendeu lubrificantes para


uma determinada empresa, e transferiu por meios eletrônicos a duplicata para o banco, para
recebê-la adiantada. Contudo, a empresa não pagou o boleto, sendo que a Petrobras ajuizou
uma ação de execução, na qual juntou o boleto bancário, o instrumento de protesto (o
chamado protesto por indicações, pois como não teve o titulo emitido, não se podia protestar
a duplicata, pois ela não foi materializada, encaminhando-se para o tabelionato de protesto as
informações, e não a duplicata em si), e o comprovante de entrega da mercadoria (o
conhecimento de transporte, que é o canhoto em que a transporta recolhe a assinatura
destinatário da mercadoria). O devedor então, em embargos à execução, alegou que a
duplicata não foi emitida, pois em razão da cartularidade, não havendo o documento original,
não poderia proceder a execução, tendo o juiz de 1º julgado improcedente a execução. O caso
então chegou ao STF, no Resp 1.024.691/PR, em que se entendeu que no caso de duplicata
virtual, é desnecessária a exibição judicial do titulo de credito original.

Por esse motivo, alguns doutrinadores começam a chamar a cartularidade não por este
nome mais, mas sim de principio da incorporação. Isso porque a cartularidade está
diretamente relacionada ao papel, ao passo que a incorporação está relacionada seja ao meio
material, seja ao meio eletrônico. O credito está incorporado ou no papel, ou no meio
eletrônico (é provável de cair em prova).

3.2 – Literalidade: pelo princípio da literalidade, só tem validade para o direito


cambiário aquilo que está literalmente escrito no título de crédito, que está constando no
título de crédito.

Podem ser dados quantos endossos se quiser em um titulo de credito. Contudo, caso
não caiba mais endossos no titulo, o qual já está repleto de endossos, o título deverá ser
prolongado, grampeando-se um outro papel nele, pois só vale o que estiver escrito no titulo.
Isso é um desdobramento da literalidade.

O aval é um ato tipicamente cambial, o qual deve ser dado no titulo de credito, em
razão justamente da literalidade. Não se faz aval em contrato, o que existe é contrato de
fiança.

Imagine que você vai comprar um imóvel, dando metade à vista, e a outra metade em
5 notas promissórias, no valor de 10 mil cada uma. Quando você chega na construtora para
pagar a primeira nota promissória, lhe é entregue um documento separado, um termo de
quitação, com todos os dados da transação e constando que a nota foi paga. Isso, contudo,
não tem validade para o direito cambiário, pois não está constando do titulo. Só tem validade
aquilo que está no título de crédito.
O que não está expressamente consignado no título de crédito não produz
conseqüências na disciplina das relações jurídico-cambiais. Assim, a literalidade impede que
meros ajustes verbais possam influir no exercício do direito ali mencionado.

3.3 – Autonomia: as relações jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre


si.

Para entender esse assunto, vejamos um exemplo. Imagine Renato e Rogério, sendo
que Renato está interessado em comprar o celular de Rogério. O celular custa R$300,00, e
Renato disse que quer emitir uma nota promissória no valor, com vencimento para 30/08/11.
A causa que deu origem à emissão dessa nota promissória foi a compra e venda do celular, é o
que se chama de causa subjacente (a causa que deu origem à emissão do titulo, também
chamada de causa debendi). Agora então Renato é o devedor da nota promissória, enquanto
Rogério é o seu credor. Renato então percebe que o celular só tem problemas. Ele então entra
em contato com Rogério e diz que não vai pagar mais. Rogério então disse que se não receber
vai executar a nota promissória.

Renato então, em sede de embargos, pode argüir o que se chama de exceção pessoal,
alegando que o objeto da compra apresenta vícios. Ele pode apresentar a exceção pessoal ao
credor primitivo.

Imagine então que ao invés de executar a nota, Rogério transfere o titulo para Luiz
Flavio. Agora então nós temos uma relação jurídico-cambial entre Renato e Rogério, uma entre
Rogério e Luiz Flavio, e outra entre Renato e Luiz Flavio. Nós vimos que as relações jurídico-
cambiais são autônomas, independentes entre si, uma não depende da outra. Assim, se Luiz
Flavio executar Renato, este não pode apresentar a exceção pessoal que ele tem contra
Rogério.

Isso significa que surgiu a chamada inoponibilidade de exceções pessoais a terceiros


de boa-fé. É uma conseqüência processual da autonomia.

Essa é a grande garantia que o terceiro tem de receber o titulo, sendo que isso facilita
a circulação do titulo.

Ainda que o título seja objeto de uma relação ilícita (como o pagamento de compra de
droga), isso não interessa para o terceiro.

 Abstração: trata-se de um sub-princípio da autonomia. Nós temos a compra e


venda, e temos um credito. Quando Rogério transfere o titulo para Luiz Flavio,
o titulo se desvincula da causa que lhe deu origem e se transfere ara Luiz
Flavio. Isso é chamado de abstração. Ocorre quando o titulo se desvincula do
negocio jurídico que lhe deu origem.

Imagine que você fez um contrato de abertura de credito, adquirindo um limite de


cheque especial de 30 mil reais em um banco.
Ao fazer esse contrato, caso você estoure esse limite, o banco, para receber esse valor,
não ajuíza uma ação de cobrança. A súmula 233 do STJ diz que o contrato de abertura de
credito, ainda que acompanhado do extrato da conta corrente, não é titulo executivo. Segundo
a sumula 247 do STJ, o contrato de abertura de credito em conta corrente, acompanhado de
demonstrativo de debito, constitui documento hábil para o ajuizamento de ação monitoria.

Em razão disso, o banco costuma pedir a você que assine uma nota promissória em
branco, para que caos você estoure o limite, ele preenche o titulo com o valor Devido,
protesta, e depois a executa. Há uma sumula do STF, de nº 387, que permite que o título seja
completado pelo credor de boa-fé, antes de executá-la.

Imagine então que Alexandre esteja devendo ao banco, sendo que se o banco entrar
com uma execução, ele pode apresentar exceção pessoa, alegando juros sobre juros,
honorários advocatícios acima do contratado, comissão de permanência etc. Contudo, o banco
transfere o titulo a um terceiro de boa-fé, motivo pelo qual Alexandre não poderá apresentar a
exceção de boa-fé, em razão da inoponibilidade de exceções pessoais a terceiros de boa-fé.

Como isso estava sendo feito com muita freqüência pelos bancos, o STJ então editou a
sumula 258, segundo a qual a nota promissória vinculada a contrato de abertura de credito
não goza de autonomia, em razão da iliquidez do titulo que a originou. Isso significa que nesses
casos, pode ser apresentada a exceção pessoa tanto para o primeiro credor, quanto para o
terceiro de boa-fé (cai muito em concurso).

4 – CLASSIFICAÇÃO

A) Quanto às hipóteses de emissão: os títulos podem ser:

a. Causal: é aquele que precisa de uma causa específica para a sua emissão. Ex.:
duplicata, pois só se pode emitir duplicata se houver uma compra e venda
mercantil, ou então em caso de prestação de serviço;

b. Não causal: é aquele que não precisa de causa específica para a sua emissão.
Ex.: cheque, nota promissória, letra de cambio.

B) Quanto à estrutura: os títulos de crédito podem ser:

a. Ordem de pagamento: tem três intervenientes, (I) aquele que dá a ordem, (II)
aquele que recebe a ordem, e o (III) tomador/beneficiário. Ex.: cheque, letra
de cambio, duplicata;

b. Promessa de pagamento: tem dois intervenientes, (I) o promitente, aquele


que faz a promessa, e o (II) tomador/beneficiário. Ex.: nota promissória.

C) Quanto à sua circulação: o titulo pode ser:


a. Ao portador: é aquele que não identifica o beneficiário. Repare que desde a lei
8021/90, não se admite mais títulos ao portador, exceto se com previsão
expressa em lei especial. Ex.: A Lei 9069/95, que instituiu o plano real, em seu
art. 69, estabelece que o cheque até o valor de R$100,00 pode ser ao
portador. A simples tradição é suficiente para circular o titulo ao portador;

b. Nominativo: é aquele que identifica o beneficiário. No caso do titulo


nominativo, se ele for (I) à ordem, ele vai circular por meio de endosso; e se
ele for (II) não à ordem, ele vai circular por meio de cessão civil.

OBS.: Quando se endossa o titulo, responde-se tanto pela existência quanto


pelo pagamento do titulo. Já na cessão civil, quem transfere só responde pela
existente, não respondendo pelo pagamento, pela solvência. Ex.: cheque
clonado. Ele tem vicio de existência, pois não foi emitido pela instituição
bancaria e não foi assinado pelo titular. Aqui, tanto faz se foi dado endosso ou
cessão civil, respondendo-se pela existência ao se transferi-lo. A mesma coisa
com a duplicata fria. Ex.2: se o cheque voltou por falta de fundo, e o cheque
foi endossado, o endossante responde pelo pagamento, podendo ser cobrado.
Contudo, se transferido por cessão civil, quem transferiu não responde pelo
pagamento.
Há uma presunção de que os títulos de crédito são à ordem, e portanto,
transferíveis por meio de endosso. Para transferir um titulo não à ordem,
deve-se riscar a expressão “à ordem”, e além disso incluir no titulo a expressão
“não à ordem”.
Cuidado: O CC, no art. 914, traz a regra de que o endosso tem os mesmos
efeitos da cessão civil. Entoa cuidado, pois se o examinador perguntar de
acordo com o CC, deve ser respondido o que consta no art. 914. Mas quando
perguntar o que deve ser aplicado ao cheque ou outros títulos, deve-se
responder que aplica-se a lei especial (caiu em prova).

D) Classificação diferente quanto à circulação, que cai em prova do CESPE (Procurador


do Paraná):

a. Ao portador: transfere-se por tradição, sendo o mesmo que o analisado no


item anteiror.

b. Nominativo: arts. 921 e 922 do CC, que é aquele emitido em favor de pessoa
cujo nome conste no registro do emitente. O nome aqui não está no título,
mas sim no registro do emitente. Assim, se for criado um título inominado, os
dados do credor devem constar no livro de registro. Caso o credor transfira o
titulo para um terceiro, o nome deste deve ser incluído no livro de registro.
essa transferência se dá por (I) termo de transferência, ou por (II) endosso.
c. Nominal: aquele que era chamado de nominativo na classificação tradicional,
como visto no item anterior. Se for à ordem, será endosso, e se dor não à
ordem, será por cessão civil.

E) Quanto ao modelo: o titulo pode ser:

a. Vinculado: é aquela cuja forma, cuja formatação, cujo modelo é exigido em lei.
Ex.: duplicata e cheque. É por isso que o cheque tem a mesma formatação de
sempre, pois está definida em lei.

b. Livre: são aquelas cuja forma, a formatação, não está prevista em lei. Ex.: nota
promissória e letra de câmbio, as quais podem ser feitas em qualquer pedaço
de papel.

5 – LETRA DE CÂMBIO

É muito utilizada em compra e venda de empresas, e em contratos bancários (cai


muito em prova).

5.1 – Conceito: É um titulo de credito decorrente de relações de crédito, entre duas ou


mais pessoas, pelo qual a designada sacador dá a ordem de pagamento pura e simples, a
outrem, denominada sacado, a seu favor ou de terceira pessoa (tomador ou beneficiário), no
valor e nas condições dela constantes.

Ex.: Imagine que Alexandre tem um crédito com Renato, no valor de R$10.000,00. De
outro lado, Alexandre tem um debito com Luiz Flavio. Alexandre então dá uma ordem para o
Renato efetuar o pagamento para Luiz Flavio no valor de R$10.000,00, com vencimento no dia
30/09/11. Dessas relações de crédito, há a possibilidade da emissão de uma letra de câmbio.

5.2 – Saque: é o ato de criação/emissão de um título de crédito. Se você emitir uma


ordem de pagamento, esse ato se chama saque. Quem dá o saque é chamado sacador. Aquele
que recebe a ordem de pagamento é o sacado, e aquele que recebe o pagamento é o
tomador/beneficiário (no exemplo, Luiz Flavio).

5.3 – Aceite: é o ato de vontade do sacado concordando com a ordem de pagamento


dada pelo sacador, tornando-se o devedor principal da quantia expressa no título. O aceite é
ato privativo do sacado, somente ele pode dar aceite. É somente o sacado que recebe a ordem
de pagamento.
Imagine que o Renato deu o aceite, concordando com a ordem de pagamento,
tornando-se então o devedor principal do título. Quem dá o aceite torna-se devedor principal.
Assim, se Renato é o devedor principal, Alexandre será o co-responsável pelo pagamento, o
co-devedor.

Isso significa que na data do vencimento, se o Renato, que concordou com a ordem,
não pagar o titulo, Luiz Flavio poderá ajuizar uma ação de execução. A regra é a de que quem
escolhe é o credor. Ele pode ajuizar uma ação contra o sacador, contra o sacado, ou contra
ambos, fincando a critério dele.

Repare que caso o sacador pague ao tomador, ele terá ação de regresso contra o
sacado, que é o devedor principal.

Quem detém o título é o tomador, o qual o apresentará ao sacado para que ele dê o
aceite ou não.

Contudo, repare que na letra de cambio o aceite é facultativo, não sendo obrigatório.
Significa que é possível a recusa do aceite.

 Efeitos da recusa do aceite: são dois os efeitos. (A) O primeiro efeito é o de


que se o sacado recusa o aceite, como ele não tinha obrigação, ele não é nada
na obrigação, sendo como se ele não existisse. Assim, o devedor principal fica
sendo o sacador. O primeiro efeito da recusa então é tornar o sacador o
devedor principal. (B) O segundo efeito é a ocorrência do vencimento
antecipado do título, o que muitos concursos colocam como vencimento
extraordinário.

5.4 – Cláusula não-aceitável: se inserida no título, ela impede a apresentação do título


para o aceite. Não se pode mais apresentar para aceite. Só é possível a apresentação para
pagamento. Portanto, só se pode apresentar a partir do momento em que se vencer o título
(no exemplo dado, no dia 30/09). Assim, inserir uma clausula não-aceitável, é uma forma de se
impedir o vencimento antecipado do titulo.

5.5 – Aceite parcial: é possível, mas isso significa que se recusou o restante. O aceite
parcial pode ser:

 Limitativo: está relacionado ao valor. Você irá limitar o valor. Ex.: a letra de
cambio é no valor de R$10.00,00, mas o sacado aceita apenas R$ 2.500,00. Ele
aceita uma parte, mas está recusando a outra;

 Modificativo: está relacionado a vencimento, condições de pagamento. Ex.:


Renato diz que irá pagar os R$10.000,00, mas não no dia 30/09, mas no dia
15/12.
Ocorrendo qualquer um desses dois tipos de aceite, dá-se o vencimento antecipado do
título, e o aceitante se vincula nos termos do seu aceite. Isso significa que tanto faz o aceite
parcial ser modificativo ou limitativo, sempre ocorrerá o vencimento antecipado.

5.6 – Endosso:

A) Conceito: endosso é o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a


cláusula à ordem transmite o direito ao valor constante do título a outra
pessoa, sendo acompanhado da tradição da cártula, que transfere a posse
desta. A grande característica do endosso é a transferência, lembrando-se de
que essa transferência se aperfeiçoa com a tradição;

B) Efeitos: (1) transferência da titularidade do crédito do endossante para o


endossatário. Quem transfere o título é o endossante, e quem recebe por
endosso é o endossatário; (2) o segundo efeito é tornar o endossante co-
devedor do título de crédito;

C) Como se dá o endosso: assina-se no verso do título. Pode-se também assinar


no anverso do título, caso em que é necessária uma expressão identificadora
do ato, que demonstra que aquele ato é um ato de endosso. Ex.: “pague-se
à...”, “endosso à...”;

D) Formas de endosso: nós temos o (1) endosso em preto, em que se identifica o


endossatário. Ex.: “endosso a Fabiano”; e o (2) endosso em branco, em que
não se identifica o endossatário, deixa-se em branco o espaço correspondente
à identificação do endossatário. Ex.: Uma simples assinatura no verso do título;

E) É possível o endosso parcial ? O endosso parcial é nulo. Isso cai muito em


prova. Não há aqui a tradição do titulo, que é necessária ao endosso.

F) Endosso póstumo2: é aquele dado depois do vencimento do título, e além de


ter vencido o título, houve também o protesto do título ou a expiração do
prazo de protesto. Se esse título for transferido, esse endosso se chamará
endosso póstumo. No endosso póstumo, o efeito é o mesmo da cessão civil.

5.7 – Endosso impróprio:

A) No endosso impróprio não há transferência da titularidade do crédito. Ao contrário, no


endosso comum3, um dos efeitos é justamente a transferência da titularidade. A
finalidade do endosso impróprio é legitimar a posse de terceiro. O terceiro que tem a
posse do título deixa essa posse legitima com o endosso impróprio.

2
Caiu na prova do TRF 3.
3
Endosso comum é a mesma coisa que endosso translativo.
B) Modalidades:
a. Endosso mandato: é a cláusula cambiária pela qual o endossante constitui o
endossatário seu mandatário para a prática de todos os atos necessários para
o recebimento do título. Quando eu tenho um titulo de credito e não quero
fazer a cobrança desse título (contratando um serviço de cobrança, p. ex.), eu
tenho que passar a posse desse título para a empresa de cobrança, mas para
isso, eu preciso dar poderes para que essa instituição possa efetuar a
cobrança, eu preciso dar uma procuração. E a forma que nós temos para
instituir procuração em se tratando de direito cambiário é justamente pelo
endosso mandato. Assim, o endosso mandato é utilizado para fins de
cobrança. Nós temos então que colocar a assinatura no verso do título, e ainda
temos que colocar ao lado da assinatura a expressão “por procuração”, ou
então “para cobrança”. No endosso mandato, nós temos então a figura do
endossante-mandante, e a figura do endossatário-mandatário. Neste caso,
como não há transferência do crédito, o endossante continua sendo o credor
do título de crédito, sendo o endossatário simplesmente um agente cobrador.
Cuidado: está sendo muito comum, em provas de concurso, a seguinte
situação: imagine que eu contratei o banco para cobrar uma letra de cambio
para mim. O banco, endossatário-mandatário, faz a cobrança, e por algum
motivo a cobrança é indevida. O individuo não paga. O banco então protesta o
titulo, um protesto indevido. Pergunta-se: em uma ação de indenização por
danos morais, quem é o responsável pelo protesto indevido? R. a
jurisprudência do STJ tem falado que o responsável é o credor. Se o banco não
agiu com excesso de poderes, a responsabilidade é tão somente o credor. O
pólo passivo então deve ser o endossante-mandante (agravo regimental no
agravo de instrumento nº 1.320.416/SP).
Contudo, mesmo o STJ tem julgado decisões no sentido de que se ficar
comprovada negligencia por parte do endossatário-mandatário, ele será
responsável pelo protesto indevido. Quando ocorre, p. ex., pagamento do
título na própria agencia do banco contratado para fazer a cobrança (agravo
regimental nos embargos de declaração no agravo de instrumento nº
1.349.742/PR). Isso tem caído muito em prova.
b. Endosso caução: é a forma que se tem para instituir penhor sobre título de
crédito, decorrente de garantia de obrigação contraída pelo portador perante
terceiro. Os títulos de crédito são bens móveis. Assim, se ele é um bem móvel,
e eu quero dar um título de crédito como garantia de cumprimento de alguma
obrigação, eu vou instituir sobre ele um penhor (não se institui hipoteca, já
que esta é para bens imóveis). Você tem que inserir no título expressões como
“por penhor” ou “para garantia”. Repare que aqui não há transferência da
titularidade do credito. O que se está fazendo é legitimar a posse de um
terceiro.

5.8 – Aval:
Ex.: Alexandre deu uma ordem para o Renato efetuar o pagamento para o Luiz Flávio.
Alexandre é o sacador, Renato é o sacado, e Luiz Flávio é o tomador-beneficiário. O Luiz Flávio
então transferiu o título para o Rogério, e este o transferiu para Marinela. Luiz Flávio passa a
ser o endossante, Rogério também é o endossante, e a Marinela é a endossatária. Imagine
agora que a Marinela resolve transferir o título para Novelino. Este disse que não confia que o
pagamento irá acontecer, e que para aceitar, ele quer que alguém avalize esse título. Ele quer
um reforço de pagamento.

A) Conceito: é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar
título de crédito, nas mesmas condições que o devedor desse título (avalizado). O
avalista garante o pagamento do avalizado. Então, a grande característica do aval é a
garantia. O avalista entoa é garantidor. Pense no exemplo acima, em que Novelino
exige o reforço de pagamento. Fernanda então transferiu o título para Novelino, e
Silvio Santos será o avalista, e a Marinela será a avalizada.

B) Função: reforço de pagamento de título de crédito. Essa é a grande função do aval.

C) Como se dá o aval: Dica: é melhor se lembrar do endosso. Nós vimos que o endosso
pode ser dado no verso, ou então na frente do título. Contudo, para ser dado no verso,
basta ser dada uma simples assinatura no título. Já para ser feito no anverso, é
necessária a assinatura e de uma expressão identificadora do ato. Todo mundo sabe
que uma simples assinatura no verso significa endosso. Agora esqueça do endosso e
lembre-se do aval. Será feito o contrário, pois onde era verso, será escrito anverso, e
onde estava escrito anverso, será escrito verso. Assim, para que seja aval, basta uma
simples assinatura no anverso, ou então uma assinatura e uma expressão
identificadora no verso (“avalizo a...”; “por aval a...”).

D) Formas de aval: o aval é como o endosso:

a. Aval em branco: quando não se identifica o avalizado, ou seja, o espaço


referente ao nome fica em branco (Ex.: “por aval a”);

b. Aval em preto: quando o aval identifica o avalizado (Ex.: “avalizo a Marinela”).

QUESTÃO MAGISTRATURA: IMAGINE QUE O SILVIO SANTOS SIMPLESMENTE


ASSINOU O AVAL NO ANVERSO, NÃO DIZENDO PARA QUEM ELE ESTAVA
GARANTINDO. PERGUNTA-SE: NO AVAL EM BRANCO, QUEM SERÁ O
AVALIZADO? R. no aval em branco o avalizado será o emitente do titulo, aquele
que criou o título de crédito. No exemplo dado, o emitente é o Alexandre, sendo
ele o garantido pelo Silvio Santos.

E) Aval parcial: é garantir apenas uma parte do valor representado no título. No exemplo,
Silvio Santos diz que não vai garantir os R$10.000,00 do título, mas apenas R$2.500,00.
Importante: a lei especial diz que é permitido o aval parcial. Ex.: art. 30 do dec.
57.663/66, que diz que pode ser garantida a totalidade ou apenas uma parte do valor.
Ex.2: art. 29, da Lei nº 7357/85. Contudo, o Código Civil, em seu art. 897, parágrafo
único, traz outra regra, vedando o aval parcial. Nós vimos na aula passada que o art.
903 do CC diz que se lei especial versa sobre o assunto, é ela que será aplicada. Assim,
em uma letra de cambio, nota promissória, cheque, é possível o aval parcial. Cuidado:
se o examinador perguntar “de acordo com o código civil”, deve ser respondido que
não é possível o aval parcial (já caiu na magistratura de MG).

F) Aval posterior ao vencimento: nós vimos na aula passada que se um título venceu, e
além do vencimento houve protesto, eu posso endossar, mas o endosso terá efeito de
cessão civil. É o chamado endosso póstumo. Ele não tem efeito de endosso, mas de
cessão civil. Os examinadores costumam confundir aval com endosso na prova. Repare
que o aval é diferente do endosso. Não importa o momento dado, sendo que ele
sempre será aval4. O aval, posterior ao vencimento, tem os mesmos efeitos do aval
dado anteriormente. Dica: na duvida, lembre-se de quem é avalista é a pessoa amiga.
Assim, o amigo faz as coisas na frente do outro amigo, e não pelas costas. Então uma
simples assinatura na frente do titulo é aval. Além disso, um verdadeiro amigo é amigo
ontem, hoje e amanhã. A mesma coisa é o aval, pois não importa o momento, pois ele
sempre será aval.

G) Aval sucessivo/simultâneo: caiu na prova da magistratura do Distrito Federal.

a. Sucessivo: ocorre quando um avalista garante a obrigação de um outro


avalista. É o aval do aval;
b. Simultâneo: são os avais dados por dois ou mais avalistas ao mesmo avalizado.

QUESTÃOMAGISTRATURA DF: IMAGINE O JOÃO, SENDO QUE ACIMA DE JOÃO


TEM ANA MARIA, E ACIMA DESTA O FREDERICO. CONTUDO, O FREDERICO NÃO
ESTÁ DIZENDO QUE ESTÁ AVALIZANDO MARIA, E MAIA NÃO ESTÁ DIZENDO QUE
ESTÁ AVALIZANDO JOÃO. AMBOS DERAM UMA SIMPLES ASSINATURA NO
TITULO. ISSO É O CHAMADO AVAL SUPERPOSTO, OU SEJA, UM ESTÁ COLOCADO
ACIMA DO OUTRO. COMO NINGUÉM DISSE QUEM ESTAVA AVALIZANDO, SÃO
AVAIS SUPERPOSTOS EM BRANCO. PERGUNTA-SE: ISSO É AVAL SUCESSIVO OU
SIMULTÂNEO? R. Há uma regra específica para esse caso. Súmula 189 do STF:
avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos, e não sucessivos.
Significa que tanto Frederico quanto Ana Maria são avalistas da mesma pessoa, ou
seja, de João.

H) Diferença entre aval e fiança:

AVAL FIANÇA

Só pode ser dada em título de crédito. Só pode ser dada em contrato.

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Essa questão caiu na prova do MP de SP.
É autônomo5. É acessório.

Não tem beneficio de ordem. Possui benefício de ordem.

OBS: art. 1.647, III, do CC. Hoje, depois do código civil, tanto para prestar fiança quanto aval,
nos precisamos da autorização do cônjuge. No regime de separação absoluta não há a
necessidade, sendo exceção.

5.9 – Tipos de vencimento: caiu nas provas da AGU, TRF5 e Magistratura de SP.

A. À vista: é aquele exigível de imediato;

B. Data certa: é aquele em se define a data do vencimento. A data do vencimento foi


marcada;

C. Certo termo de vista: é um numero “X” de dias contadas da vista. Ex.: O título é a 90
duas da vista. Você tem que saber quando é a data do vencimento, pois o STJ (em um
informativo) determinou que a contagem de juros de uma letra de cambio, ou de uma
duplicara, ou de uma promissória, é a data do vencimento. Por isso que é importante
se conhecer qual é o vencimento. O certo termo de vista é contado da data do aceite.
Dica mnemônica: “hasta lavistaaceite”.

D. Certo termo de data: é um numero “X” de dias contados da data. Ex.: o título é a 40
dias da data. O certo termo de data é contado da data da emissão.

6 – NOTA PROMISSÓRIA

6.1 – Conceito: é título de crédito pelo qual uma pessoa denominada emitente faz a
outra pessoa designada beneficiário, uma promessa pura e simples de pagamento de quantia
determinada, em seu favor ou a outrem à sua ordem, nas condições nela constantes. A nota
promissória é uma promessa de pagamento.

Nós temos a figura do emitente, também chamado de subscritor. Ele dá uma promessa
de pagamento para o chamado tomador-beneficiário.

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Obs.: Em caso de morte, incapacidade ou falência do avalizado, o avalista continua responsável, não
importa o que aconteceu com o avalizado, diferente do que acontece com a fiança (e que é estudado
em direito civil).
Aqui na nota promissória é diferente da letra de câmbio, pois não se está dando ordem
de pagamento a ninguém. Assim, o emitente-subscritor é o devedor principal da nota
promissória (ele tem a mesma responsabilidade daquele que aceita a letra de câmbio). Isso
caiu na prova do MP de SP (caiu uma assertiva falando que o emitente da nota promissória
não tinha o mesmo tipo de responsabilidade do aceitante da letra de cambio, a qual estava
errada).

A nota promissória começa a ser tratada no art. 75 do decreto 57.663, e é tratada ao


todo em 4 artigos apenas. Ao art. 77 faz referencia à legislação da letra de cambio, ou seja,
tudo o que se disse respeito a endosso e aval, e a letra de cambio, vale para a nota
promissória.

6.2 – Endosso: são as mesmas regras da letra de câmbio.

6.3 – Aval: são as mesmas regras da letra de câmbio.

6.4 – Não admite o aceite: isso porque não é uma ordem de pagamento. O aceite é
uma concordância com a ordem de pagamento.

6.5 – Vencimento: o art. 78 do decreto 57.663 diz que pode ser a certo termo de vista.
O termo de vista conta-se da data do visto dado pelo subscritor. Assim, a nota promissória
pode ser a certo termo de vista, mas não se conta do aceite, e sim do visto. Funciona assim: o
emitente da nota promissória diz que a nota é a certo termo da vista. O beneficiário então
pede ao emitente para dar um visto, e a partir deste, começa a contar o termo ( caiu na prova
da PFN e MP).

A nota promissória ainda pode ser a vista, por data certa, e a certo termo da data. Ou
seja, ela pode ter os mesmos vencimento da letra de cambio.

6.6 – Nota promissória pro soluto e nota promissória pro solvendo: uma nota
promissória pro solvendo é aquela nota para pagamento. Isso significa que a relação causal
somente será extinta com o pagamento da nota promissória. Ex.: imagine uma compra e
venda de imóvel. Eu comprei um imóvel e pago a entrada de R$50.000,00, e assino outras 10
notas promissórias no valor de R$5.000,00 cada uma, colocando nelas que são pro solvendo,
ou seja, só haverá a quitação da compra e venda quando eu pagar as notas promissórias. Ou
seja, se eu não pagar as notas promissórias, o devedor tem duas opções: (1) ele pode entrar
com uma ação de execução, (2) ou então ele pode buscar a rescisão do contrato, pois não
houve a quitação.
Pro soluto é o contrário. Significa que a nota é uma nota em pagamento. Significa que
nesse caso, a nota promissória opera a chamada novação em pagamento, extinguindo a
relação causal. Ex.: quando eu vou na construtora e emito ma nota promissória, e entrego essa
nota promissória, esse ato de entrega provocou a chamada novação. Ou seja, houve uma
extinção da dívida anterior, criando ma nova dívida. Em outras palavras, quando eu entrego a
nota promissória, o contrato de compra e venda é quitado com a entrega da promissória.
Agora a única obrigação é tão somente pagar a nota promissória, e não mais a compra e
venda. Assim, se eu não pagar a promissória, a construtora pode entrar com uma ação de
execução, mas ela não poderá apresentar a rescisão do contrato (caiu na magistratura de MG).

Há uma presunção de que as notas são pro solvendo. Portanto, para que uma nota seja
pro soluto, deve-se inserir no título a expressão pro soluto expressamente.

7 – DUPLICATA

7.1 – Conceito: é título de crédito formal, causal, à ordem, extraído por vendedor, ou
prestador de serviço, que visa documentar o saque fundado sobre crédito decorrente de
compra e venda mercantil ou de prestação de serviços, e que tem como seu pressuposto a
extração da fatura.

Nós temos aqui a figura do sacador, a figura do sacado, e a figura do chamado


tomador-beneficiário. Contudo, a duplicata é um titulo causal, pois só se pode emitir a
duplicata se ocorrer umas das seguintes causas: (1) compra e venda mercantil; (2) prestação
de serviços (Ex.: aluguel não é compra e venda e nem prestação de serviços, não se podendo
emitir duplicata para se cobrar aluguel).

Quando você tem uma compra e venda mercantil, é obrigatória a emissão de nota
fiscal, ou então a nota fiscal fatura. Assim, em toda compra e venda é necessário ter uma nota
fiscal.

Desse crédito decorrente da fatura, poderá ser extraída uma duplicata. Repare entoa
que a emissão da duplicata não é obrigatória. O que é obrigatório é a emissão da fatura, da
nota fiscal.

Vamos imaginar uma compra e venda mercantil. O sacador é aquele que emite o titulo,
ou seja, o vendedor. Ele vende a mercadoria e quer receber por isso. Ele então quer que o
comprador pague para ele, o vendedor. O vendedor dá uma ordem para o comprador para a
ele, o vendedor (a mesma coisa com a prestação de serviços).

7.2 – Aceite: nós vimos que na letra de cambio o aceite é facultativo. Contudo, na
duplicata, de forma diferente, o aceite é obrigatório. Do contrário, seria caso de
enriquecimento ilícito (despenca em concursos).
7.3 – Hipóteses legais de recusa do aceite: caiu no MP/SP. São três as hipóteses que
permitem a recusa do aceite. Deve-se combinar o art. 8º, com o art. 21, da lei 5.474/68. São as
hipóteses:

A. Em caso de avaria/não recebimento da mercadoria/não prestação dos serviços ;

B. Em caso de vício/defeito de quantidade ou qualidade do produto ou serviço ;

C. Divergências quanto a prazo, preço e condições de pagamento .

Somente nessas três hipóteses é permitida a recusa. Isso significa que é um rol
taxativo.

7.4 – Endosso: são as mesmas regras da letra de cambio.

7.5 – Aval: as mesmas regras da letra de câmbio.

7.6 – Protesto: art. 13 da lei de duplicata, que é a lei 5474/68, diz quando o
sacador/vendedor emitir a duplicara, ele tem 30 dias contados da emissão da duplicata para
fazer a remessa da duplicata para o sacado. O sacado recebe a duplicata, tendo 10 dias para
devolver a duplicata. Na devolução, ou ele dá o aceite, concordando e passando a ser o
devedor principal da duplicata; ou ele vai expor as razões da recusa do aceite.

São as hipóteses de protesto:

A. Por falta de aceite: Imagine então que o comprador devolve a duplica nos 10 dias, mas
sem aceite e sem qualquer motivo. Trata-se de caso de protesto por falta de aceite.

B. Por falta de devolução: imagine que o comprador não devolve a duplicata

C. Por falta de pagamento: imagine que o comprador devolveu a duplicara no prazo, e


com aceite. Chegando a data do vencimento, se ele não pagou, é caso de protesto por
falta de pagamento.

7.7 – Execução da duplicata:

A. Se houver aceite: ajuíza-se ação de execução, bastando juntar a duplicata


demonstrando que houve aceite. Obs.: caso tenha havido perda ou extravio da
duplicata, pode ser emitida a triplicata, que é a segunda via da duplicata;
B. Se não houve aceite: o art. 15, II, da lei de duplicata diz que pode haver execução
quando não houver aceite. Contudo, aqui, precisa-se do protesto, bem como o
comprovante de entrega da mercadoria ou da prestação de serviços. O protesto é a
forma de se dizer que não houve aceite ou pagamento. Além disso, comprova-se que
não é caso de enriquecimento ilícito, pois se demonstra que a mercadoria foi entregue
ou o serviço prestado.

8 – CHEQUE

8.1 – Conceito: é uma ordem de pagamento à vista, emitida pelo correntista contra
banco ou instituição financeira equiparada, em favor de tomador-beneficiário.

O sacador é o correntista, e o sacado é o banco ou instituição financeira equiparada


(como uma cooperativa de crédito). O tomador-beneficiário é o primeiro credor do cheque.

8.2 – Cheque pós/pré datado: o art. 32 da lei de cheque diz que o cheque e uma
ordem de pagamento à vista, e que considera-se não escrita qualquer menção em contrário.
Significa que o “bom para” é considerado como não escrito. Tanto é que o banco paga os
cheques apresentados antes da data do “bom para”.

Quando se apresenta um cheque antecipado, isso quebra a lealdade entre as partes,


violando a boa-fé objetiva, gerado dano moral. É o que fala a sumula nº 370 do STJ. Assim,
quem apresentou o cheque é responsabilizado civilmente, devendo pagar dano moral.

8.3 – Aceite: há uma relação contratual entre o banco e o sacado, e nessa relação
contratual se estabelece que havendo fundo disponível, se paga o cheque. Dessa forma, não se
admite o aceite. É o que diz a regra do art. 6º da lei de cheque.

8.4 – Endosso: são as mesmas regras que nós vimos na letra de cambio. Contudo, a lei
de cheque (lei 6357/85) é uma lei especifica, a qual tem artigos próprios cuidando da figura do
endosso. Então, a responsabilidade pelo endosso está nos art. 20 e 21 da lei de cheque, mas
são as mesmas regras.

OBS.:há um tempo atrás, havia o limite de um endosso por cheque, em razão da


CPMF. Havia inclusive o “motivo 36”, que era a devolução do cheque pelo excesso
de endosso. Contudo, como não se fala mais em CPMF, não há mais limite de
endosso para o cheque. Pode-se dar no cheque quantos endossos eu quiser, não
havendo limites.
8.5 – Aval: são as mesmas regras da letra de cambio.

8.6 – Prazo de apresentação: o prazo de apresentação é de 30 dias, se da mesma


praça, ou 60 dias, se em praça diferente. Esses dias e contam da data da emissão

Quando a agencia é de Campinas, mas o local de emissão do cheque é Florianópolis,


trata-se de praça diferente. Quando agencia do cheque e local de emissão são Campinas, trata-
se da mesma praça.

A primeira finalidade do prazo de apresentação é dar inicio ao prazo prescricional 6.

A segunda finalidade é que só é possível a execução do endossante do cheque se este


for apresentado dentro do prazo legal. Repare que não se pode executar o endossante quando
não se apresentou o cheque, mas o emitente pode ser executado, bem com se avalista. É o
que diz a súmula 600 do STF.

8.7 – Prescrição do cheque: o prazo prescricional do cheque depende. Nós temos


prazo prescricional para executar:

A. Emitente: 6 meses contados do fim do prazo de apresentação 7;

B. Endossante: 6 meses contados do protesto;

C. Para direito de regresso: 6 meses contados de quando pago ou demandado.

6
Será disponibilizada uma tabela no material de apoio com os prazos prescricionais de todos os títulos
de crédito.
7
Não importa quando se apresentou, devendo-se contar o prazo prescricional do fim do prazo de
apresentação.

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