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21/07/2008 – O Diálogo com a “Deusa-Mãe”.

(Carta de Maria à Humanidade, em 2008.)


Benjamin Teixeira
e o espírito Eugênia.

Preparativos:

Aracaju amanheceu chuvosa, na sexta-feira, 18 de julho de 2008. Fiz


breve pausa no trabalho, às 5h35. Aqueci um pequeno pedaço de
lasanha (que uma amiga muito querida houvera pessoalmente
cozinhado, no dia anterior), acondicionado a leve refeição num
pratinho de sobremesa e introduzindo-a nesta maravilha moderna
que tanto nos facilita a operacionalidade do dia-a-dia doméstico, e
que às vezes passa despercebida, mas por que agradeço a Deus com
freqüência: o forno de microondas. A orientadora desencarnada, que
habitualmente costuma aproveitar estes momentos de pausa entre
atividades para conversar comigo – porque, de minha parte, se Ela
não considerar importante falar-me nada, eu simplesmente me ponho
em prece ou meditação, para renovar a atmosfera íntima e reforçar a
sintonia com o Plano Superior de consciência, voltando-me às tarefas
de minha incumbência com os “fios mais ligados” ao Alto –, definiu
linhas-mestras do que aconteceria logo mais, em psicografia
avançada, que me exigiria um deslocamento mental do plano físico
(algo parecido ao desdobramento do espírito, mais precisamente do
perispírito – fenômeno paranormal comumente conhecido por
projeção da consciência ou viagem astral –, só que adstrito ao
domínio da psique, sem envolver, direta e plenamente, o
psicossoma). Para favorecer este “alheamento” produtivo, tive que
tomar algumas providências que favorecessem, quanto possível, o tal
“rapture” (arrebatamento ou êxtase), conforme disse a querida Irmã
mais Velha Eugênia – que já utilizara mais de uma vez termos
anglofônicos na madrugada, como na redação, em parceria comigo,
do artigo: “Contemplando o Caos da Própria Existência”, no qual se
explicita, inclusive, o motivo para o dúlcido Guia espiritual estar tão
“animado” com o Inglês, neste início de manhã (risos).

Passava das 6h, já havia escovado os dentes e lavado as mãos, após


o breve repasto (permitam o trocadilho, porque, apesar de quase
frugal, pelo diminuto da porção, senti-me plenamente satisfeito com
a refeição), em companhia psíquica, à distância, da ilustre Mestra
desencarnada, quando resolvi deslizar (fechando) a porta de vidro
que separa minha sala de estar da varanda do apartamento do 11º
andar do edifício em que moro, num bairro recém-construído na
pequena metrópole de quase um milhão de almas encarnadas (na
área metropolitana).

Costumo passar minhas madrugadas isolado (após a realização do


segundo Culto do Evangelho, à 1h, com meu querido companheiro
Delano Mothé), neste ambiente amplo – há duas salas conectadas,
sem paredes, que virtualmente se somam ao panorama de parte do
paredão de espigões da capital sergipana, dilatando a sensação de
liberdade e leveza, que me ajuda a relaxar e me concentrar, numa
espécie de retiro diário para meditações, orações, psicografias,
estudos, respostas a correspondência eletrônica, etc. Neste trecho do
dia, em que a maioria esmagadora dos mortais saudáveis e lúcidos
(não sei se posso me considerar componente de uma destas
categorias, muito menos das duas – risos) está em seu merecido
momento de repouso, os telefones não tocam, não surgem
emergências a resolver, não havendo, por conseguinte, perigo de eu
sofrer interrupções do “estado de fluxo”; com isso, posso me dedicar
ao “mundo invisível” da Espiritualidade e à esfera particular do
“mundo interior” de minhas reflexões pessoais, produzindo com
maior qualidade e profundidade, enquanto as horas da madrugada
suavemente avançam.

A temperatura estava agradável, no inverno nordestino (que


raramente desce de 20ºC), mas, além de fechar a porta, cerrei as
persianas, em seguida, por vários motivos: 1) quis criar uma
continuidade na difusão da luz (em ascensão, com o correr da
manhã); 2) pretendia bloquear o ruído externo dos veículos, que
começava a ficar um tanto incômodo (o residencial de 15 andares em
que resido fica quase em frente de uma rótula que emenda duas
importantes avenidas de escoamento de tráfego de nosso burgo
crescido); 3) nutria o intento de que houvesse, igualmente,
homogeneidade na temperatura do salão formado pelas duas saletas,
já que o termostato da refrigeração de ar, acionada, manteria
amenos 22ºC. Tudo isso para me abstrair, quanto possível, do
domínio material de existência, como me pedira o espírito Eugênia,
que já me adiantara o sério motivo da concentração solicitada. E,
neste sentido, o conforto das condições físicas estáveis tinha um
propósito paradoxal: esquecer-me de que elas existiam...
desvencilhar-me parcialmente das limitações corporais e adejar, mais
cômoda e livremente, na direção do reino do Espírito.

Arrebatamento:

Sentei-me em posição eréctil diante do laptop e comecei a digitar, na


natural velocidade de quem tem hábito de escrever diariamente, ao
computador, há quase quinze anos, e logo me percebi sendo tragado
pelo poderoso psiquismo de Eugênia, que me transportou,
mentalmente, para a magnífica Atenas Mística onde, quase todos os
dias, nos encontramos, para que Ela me transmita as diretivas de
todas as funções e atividades sob minha responsabilidade, na
condução de nossa Instituição e na orientação às centenas de
pessoas que me procuram por semana, pessoalmente; milhares
(quiçá milhões), à distância, pelo nosso programa veiculado em rede
nacional de TV, o mais antigo da televisão brasileira, na temática
espiritista, ininterruptamente no ar.
Lá estava a Mestra, mais uma vez, majestosa e sublime (Ela sempre
meneia a cabeça, incomodada, quando faço esta ordem de referência
à Sua Pessoa), sentada em seu “trono de pedra” (Ela sempre corrige:
“Poltrona, meu filho, tão-só uma poltrona”, ao que respondo:
“Realmente, tenho que corrigir o que disse: eu deveria ter dito ‘altar’,
Eugênia – você está sentada no trono do altar da deusa Palas Atena”;
Ela, então, sorri, complacente e resignada, como quem ouve um
destempero carinhoso do filho pequenino e atrevido, que aprende a
articular as primeiras palavras e já se sente à vontade para emendar
a mãe-quase-anciã, no uso fluente de um vernáculo complexo). A
metáfora é apropriadíssima, em considerando o abismo evolucional
que me separa da santa e sábia Aspásia de Mileto. O diálogo afetuoso
e íntimo seguiu-se entre nós dois:

O Diálogo:

(Eugênia) – Por favor, tome seu assento, ante mim.

Sentei-me, um tanto embaraçado, pela grandeza do que estava por


vir.

(Eugênia) – Você sabe a que veio hoje, não?

(Benjamin) – Sim, sei. Aguardava por isso a semana inteira. Em


verdade, sentia-me até um pouco preocupado, pela demora em
acontecer, em função de haver anunciado, a seu pedido, que, na
palestra deste domingo, 20 de julho, estaria levando a público a Carta
de Nossa Mãe Santa, recebida por você, neste ano de 2008.

(Desviando do tópico de minha preocupação quanto à “demora” em


ocorrer o fenômeno de recepção da prometida Epístola psíquica, a
Preceptora saltou para um comentário elucidativo:)

(Eugênia) – Gostei da forma como disse: “neste ano de 2008”, e não:


“para este ano”. A Fala de Nossa Mãe Maior tem sempre conotações
transcendentes, portanto intemporais, de interesse permanente para
todas as épocas e povos, ainda que filtrada pela psique de
encarnados e suas limitações conceptivas, culturais e psicológicas,
que refratam a Sua Mensagem, com o inexorável colorido de sua
circunstância histórica e social. A própria Mãe Santa ajusta o
comunicado às necessidades de tempo e lugar. Mas, a despeito
desses itens considerados, a sublimidade de Sua Alma sempre
comunica, como “Axis Mundi” ou “Anima Mundi” (*1), informações
que servem, d’algum modo, para todos os evos e culturas do futuro,
tal como ocorreu com textos sagrados das arquimilenares tradições
espirituais da Terra, que, século sobre século, milênio sobre milênio,
inspiram homens e mulheres, governantes e nações inteiras, a se
conduzirem conforme os Padrões da Eternidade...
(Benjamin) – Felicito-me por isso. Então, estou às ordens.

(Eugênia) – Mas não será propriamente uma missiva para você


transcrever, por meu ditado, uma carta no sentido convencional do
termo – se é que podemos encontrar algo que se possa classificar
como convencional em nosso trabalho.

(Eugênia deu uma risadinha silenciosa, sacudindo, elegante e


levemente, o tórax, como lhe é típico, em momentos de
descontração.)

(Benjamin) – Ah!... não?

(Eugênia) – Não. Você falará diretamente com Ela... Mais que isso:
estabelecerá um diálogo, apesar da necessidade de intermediação de
minha pessoa, a fim de que possa interagir com Sua Mente (*2).

(Benjamin) – Eugênia, você sabe que não só isso é um absurdo para


mim, como soará pouco crível para outras pessoas também! Não
recrimino qualquer um que levante dúvidas quanto a poder ser eu
canal de uma mensagem desta envergadura, e muito menos sobre
ser-me possível interagir, pessoalmente, com a Remetente Celeste.
Isso está, no meu entender, entre o surreal e o desarrazoado!...

(Eugênia) – O ego e seus disfarces... – disse Eugênia, sorrindo,


compreensiva, em tom dolente e quase arrastado, pronunciando
sílaba a sílaba – Primeiro, você está estabelecendo limites a Um Ser
que Se encontra acima das limitações humanas. Maria Santíssima
pode falar com quem bem quiser, no momento em que Ela julgue
apropriado, sem para isso precisar pedir autorização de qualquer
criatura e tampouco a aprovação de seus conceitos de realidade e
possibilidade, espiritualidade e fé. Depois, está preocupado com o
que dirão de sua pessoa, em serviço à Mãe da Humanidade.

(Benjamin) – Sim, preocupo-me, porque acho que isso pode depor


contra nossa Causa, “queimando” a parte boa da mensagem.

(Eugênia) – Depor contra a Causa do Bem: a coragem da fé corajosa


que leva o indivíduo a se expor em seu nome? “Parte” boa? O que
pode não ser bom, do que vem de Cima? Seria o que não foi
compreendido? Isso não é ruim: é melhor do que a outra parcela do
conteúdo comunicado, aquela que parece ter sido inteligida em sua
totalidade. Isso porque o que é visto como “ruim”, agora, está-lo-á
propelindo a um nível mais alto de entendimento, já que precisará
tomar uma perspectiva mais profunda, de molde a enxergar-lhe os
significados construtivos ulteriores.

(Benjamin) – Desculpe-me, Eugênia, mas insisto em meu ponto de


vista. O que é pouco razoável soa como inconsistente; e creio que o
efeito colateral lesivo faz-se muito mais expressivo que o benefício
que eventualmente possa ser carreado pela iniciativa; a relação
custo-benefício da operação não será compensatória...

(Eugênia) – Conceitos, conceitos, conceitos... Ah!... o intelecto


humano, prenhe de interrogações, confusões e contradições... Os
católicos pregam a fala direta com Deus, na Pessoa do Espírito Santo;
os evangélicos protestantes insinuam ser possível contactar
diretamente a Figura de Jesus, como Intermediário Imediato do
Criador; no Oriente Médio, os religiosos só podem se dirigir a Alá, e
são por Ele diretamente inspirados; e, na Ásia Meridional, criaturas
encarnadas são divinizadas, em vida física, como “avatares”, que,
literalmente, na concepção daquelas antigas e respeitáveis culturas,
qual a hindu, representam a descida, no plano físico de Vida, da
própria Pessoa de Deus. Até Jesus, em Sua Palavra nos Evangelhos,
asseverou que, onde dois ou mais estivessem juntos em Seu nome,
Ele se faria presente (*3). Por que lhe é tão difícil aceitar que eu,
tendo já contactado Maria de Nazaré, quando no corpo físico, em
minha última reencarnação, possa canalizá-l’A para você, como porta-
voz e mensageiro d’Ela, ante seus irmãos em humanidade?

[Fiquei sem fala, atônito... Senti, no corpo físico, dores agudas na


coluna (*4), interrompi a concentração por alguns instantes, para
empertigar o corpo, espreguiçando-me (no afã de aliviar a algia
intensa que me parecia trespassar o tronco), tomei um gole d’água,
dei alguns passos em torno da mesa e, por fim, voltei à máquina com
tela cintilante, recomeçando a digitar, na velocidade da fala. Ato
contínuo, fui trasladado, psiquicamente, mais uma vez encontrando-
me com a adorável Aspásia de Mileto, nossa terna e piedosa Eugênia,
que me aguardava com o mesmo imperturbável sorriso e o
percuciente e sereno olhar:]

(Eugênia) – Vamos fazê-l’A esperar mais tempo?

(Benjamin) – O quê? Este diálogo a que se refere é para agora? Ela...


você quer dizer... ELA estava esperando, enquanto eu “ciscava” nesta
discussão?

(Eugênia meneou a cabeça em sinal afirmativo.)

(Benjamin) – Meu Deus, perdoe-me, Eugênia... eu, com todo este blá-
blá-blá!

(Eugênia) – Gerar alguma receptividade em sua mente, a uma idéia


que antes lhe soava bizarra demais, era importante, para que não
comprometesse seriamente a transmissão da mensagem.

(Benjamin) – “Era” importante? “Antes soava” bizarra? Por que o


tempo passado? Continuo achando tudo isso pouco verossímil! Só
estou me permitindo cogitar a possibilidade... É isso que lhe promove
lançar o “problema” ao passado?

(A esta altura, uma Luz Branca de intensíssimo brilho começou a


irradiar-se em torno, acima e detrás de Eugênia, fazendo com que eu
tivesse imensa dificuldade em divisar-lhe os traços fisionômicos.
Emocionei-me, tentei-me pôr de joelhos, tive dificuldade; tentei
novamente, fui impedido. Foi quando a mais doce, grandiosa e
bondosa Voz de Mãe que se possa conceber ecoou de cima, ou
através de Eugênia (não dava para definir ao certo), como se a mãe-
mestra e todo o halo gigante de Luz Solar se houvesse convertido
numa caixa de som psíquica. O semblante de Eugênia estava mais
radioso que nunca, sua expressão revelava o êxtase que a tomava,
seus lábios não se moviam, olhar como que perdido no infinito, mas
me fitando, diretamente, no centro dos olhos, qual se me fulminasse
a própria alma... Ela só retransmitia, com sua Psique Santificada, a
Mente Semi-Divina de Maria de Nazaré.)

(MARIA) – Acalma-te, filho meu. Não é necessário que te ponhas


genuflexo. A genuflexão deve acontecer em Espírito e Verdade, no
imo da própria criatura, na reverência à Pessoa de Deus, em seu
íntimo, representada na voz de seu ideal, de sua consciência do
dever, do serviço, da realização a desdobrar, com sua existência, no
mundo, a benefício de seus semelhantes...

(Tive ímpetos de desviar o olhar, mas não me foi possível. Estava


completamente hipnotizado pela iridescência inefável que se
manifestava, em espetacular Epifania, na pessoa angelizada de Santa
Bernadette Soubirous – a última encarnação de Eugênia).

(MARIA) – Quero que me faças três perguntas; e, após responder-tas,


aditar-te-ei resposta a uma quarta, que Eu Mesma devassarei em teu
cosmo interior.

(Benjamin) – Mãe Maior (os pensamentos saltavam de minha mente,


antes que pudesse cogitar se era ou não ousadia demais me dirigir a
Ela), não sei se estou preparado para fazer as perguntas mais
apropriadas, em nome de todos que lerão Suas Palavras, mas vou
arriscar a primeira indagação, que eclode em várias, interconectadas
(perdoe-me também por isso): Como salvar a Terra? A Terra vai ser
salva? Como o cidadão comum pode colaborar para salvaguardar o
planeta de tantas ameaças que o rondam, qual a atual crise de
mísseis (*5) e a debacle dos ecossistemas?

(A Luz pareceu intensificar-se mais, e a Voz aveludada e majestosa


ribombou no sublime salão:)

(MARIA) – Já disse, outrora, e torno a dizê-lo: Por fim, Deus triunfará.


Por fim, o Amor vencerá. Por fim, Meu Coração, que representa Este
Amor para a Terra, prevalecerá. Canalizar Meu Coração, consoante
seja possível a cada um, e a todos, conformando pequenos ou
grandes grupos, em preces coletivas ou ações humanitárias, será o
caminho para se potencializar o socorro que poderei prestar ao
mundo, em nome de Nosso Governo Oculto, sob Presidência de Jesus.
Como constituo o Poder Moderador Plenipotenciário, para interferir,
inclusive, na esfera geratriz das causas, dos eventos e dos carmas
globais, posso determinar, e de fato já decidi salvar esta
Humanidade. O Médium da Verdade disse, em nome de Nosso Grupo:
“Nenhuma ovelha que o Pai Me confiou se perderá” (*6). A Terra não
perecerá. Periclitará... Periclita. Mas não fenecerá.

(Comecei a ouvir coros que se me afiguravam de anjos. Algo de


indescritível beleza. Intuí que deveriam ser aproximadamente cinco
corais, com destaque para vozes femininas, executando melodias de
um encanto intraduzível em linguagem humana. A esta altura,
porém, a impropriedade me espocou mais uma vez na mente, e,
embora me desagradasse, quando dei por mim, já estava novamente
conjecturando em como era delirante ser eu o emissário para uma
fala da Mãe Divina do orbe. Eu, uma pessoa tão limitada e cheia de
defeitos comuns... toda aquela vivência poderia ser uma construção
bem-elaborada de minha mente inconsciente...)

(MARIA) – Entende, prezado amigo (*7), que soou a hora evolutiva no


planeta, em que a pretensão de superar o nível humano, para se
conectar ao Divino e com Ele comungar, não terá mais validade, de
modo que, a partir de agora, seja na prática de um trabalho artístico,
numa realização desportiva ou até mesmo no mero prazer físico do
conúbio afetuoso entre casais, poder-se-á conscientemente invocar a
idéia ou a experiência da “participation mystique” (*8) com o Amor
Divino (*9). Isso de forma alguma deveria causar estranheza aos
contemporâneos discípulos do Cristianismo, pois que Meu Filho não
Se incomodava em conviver com mulheres de vida sexual irregular,
nem com homens de caráter duvidoso, no trato com o erário público,
chegando a asseverar que meretrizes e publicanos entrariam no
Reino dos Céus antes de Seus discípulos (*10). Considerarei esta
como sendo a tua segunda questão a Mim dirigida!

(Tomei um susto e logo me vi terrivelmente decepcionado comigo


mesmo, por haver “gasto” uma oportunidade de interrogar a
Autoridade Máxima do Planeta, com assunto tão “meu”... Antes que
pudesse organizar melhor as idéias, o Trovão de doçura e força moral
ressoou, poderoso, em torno e acima de nós – agora a Voz não
parecia apenas provir do psicossoma ou das adjacências do espírito
Eugênia, que funcionava como intermediária da Mãe Maior, mas
trepidava no salão inteiro, sobretudo acima de nós):

(MARIA) – Não, não é questão tua, em caráter exclusivo, prezado


irmão em Cristo, porque esta dúvida pairará nos corações de
inúmeros de teus contemporâneos, que merecem tê-la ao menos
arrefecida, senão dirimida...
(Apressando-me por não perder o último ensejo de fazer uma
pergunta que servisse o mais universalmente possível ao bem de
todos, arrisquei articular:)

(Benjamin) – Como conciliar felicidade pessoal e deveres espirituais?


Quase sempre entendemos que há um antagonismo irresolúvel entre
a vida humana e as obrigações espirituais que nos são devidas. De
que forma solucionar esta problemática, que, sem dúvida, sabota as
mais relevantes realizações do Espírito, em milhares, milhões de
casos, era sobre era?

(Girando e esguichando, qual um caleidoscópio a explodir em


espetáculo de Luz, a desprender-se de uma Mulher convertida em
Médium da Mãe Celeste, a Voz Maviosa respondeu:)

(MARIA) – “Sede mansos como as pombas e astutos como as


serpentes” (*11). “Deverias haver entregue Meu tesouro ao banco,
para que, na Minha volta, ao menos Me restituísses, com juros, o que
é Meu” (*12). “Não se fazem remendos novos em tecido velho, nem
se põe vinho novo em odres velhos, para que não aconteça um
rasgão maior na roupa, nem se rompam os odres e derrame-se o
vinho” (*13). “Amai o vosso próximo como a vós mesmos, amai o
vosso inimigo, amai-vos como Eu vos tenho amado” (*14). Em
síntese, deve-se buscar vivenciar quatro patamares da integração
mística da psique com o espírito, perfazendo a totalidade de suas
estruturas: (1) integração do animal remanescente ao anjo interior;
(2) do ego-razão-operacional ao anjo interior; (3) do sistema de vida
externa-material-social ao anjo interior; e, por fim, (4) a ruptura de
todas as barreiras de divisão, na transcendência da satânica ilusão da
separatividade, notando-se que só se pode amar ao próximo,
amando-se a si mesmo (cuidando das próprias necessidades), e que o
amor em regímen de total devotamento e sacrifício constitui corolário
inexorável da plena consciência de que todos os seres, de fato, são
Um (*15), num nível profundo de subjacência, embora,
paradoxalmente, suas individualidades sejam preservadas (e
depuradas e expandidas), “ad eternum”.

[A Luz, que, neste ponto da interação mística, parecia evolar-se –


estranho, mas era isso: parecia evolar-se, e não propriamente
irradiar-se – de Eugênia, rodeando-a, já chegava a mim, envolvendo-
me, com ternura cariciosa (sim, surreal, mas não há como traduzir
d’outra forma: a Luz de Infinita Bondade, como emanação ou
transbordamento do Coração de Maria Santíssima, fazia carícias em
minh’alma), pervagando-me o interior, de modo inenarravelmente
calmante e plenificador. Fui, então, trazido de volta ao ambiente,
ouvindo-A dizer, com a Mesma Voz Majestosa quão infinitamente
Amorosa:]
(MARIA) – O quarto quesito que te dissera responderia, de Minha
Própria iniciativa, é aquele que tangencia os deveres cristãos. Há
muito cinismo e negativismo, nos tempos de relativismo cultural que
a civilização terrena vive, nos dias que correm, sobremaneira nas
sociedades democráticas e instruídas do Ocidente. A pseudolucidez
de religiosos ou de humanistas não religiosos, de homens e mulheres
ditos “de bem”, chega ao displante de afastá-los de Deus, porque se
julgam impuros e insignificantes demais para servi-l’O. Esquecem-se
de que homens ignorantes e quase-arrogantes (para os padrões
atuais de moral e conduta) foram grandes canais do Divino, em
épocas remotas da Humanidade, como Moisés e Paulo de Tarso bem
caracterizam exemplos, há 3 mil e 2 mil anos, respectivamente. Que
o desculpismo escapista e venal – que permeia a moderna cultura,
hipnotizando e castrando legiões intermináveis de inteligências
avantajadas e corações valorosos – não continue sendo motivo para a
preguiça e a covardia, a irresponsabilidade e a indiferença, afastando
almas decentes e sinceras de seus compromissos de serviço ao bem
comum, em nome de uma pretensa e falsa humildade, quanto de um
sentido de racionalidade obtusa e limitante, que não condizem com o
verdadeiro espírito de devoção e fé dos discípulos de Jesus – Ele
mesmo disse, antes de deixar o mundo físico, que Seus seguidores
fariam maravilhas, não só idênticas, mas superiores às que Ele
realizara (*16), e que os adeptos de Sua Doutrina deveriam pugnar
por se fazerem perfeitos, como Deus o É (*17).

(Silêncio profundo se fez, e me vi sendo arrastado celeremente de


volta ao corpo físico, deixando Eugênia ainda nimbada com a Luz
Imarcescível e Indescritível. Tornava já ao padrão normal de
“consciência desperta”, restrito, bisonho, respirando fundo e
esticando os dedos e distendendo os braços, quando, de longe, ouvi a
voz de Eugênia ecoar-me:)

(Eugênia) – Está tudo bem, meu filho... Bom trabalho. Pode ir dormir.

(Desliguei, então, a máquina e fui tentar conciliar sono, por algumas


poucas horas. O dia estava abarrotado de atividades e compromissos
com pessoas. Mas, sem dúvida, o mundo, os indivíduos, as situações
e eventos nunca mais seriam os mesmos.

Muito me gratifica, agora, a oportunidade de propiciar partilha, com o


prezado leitor, da mesma experiência transformadora: a Luz Divina,
Infinita Bondade, representada em Nossa Mãe Planetária, Maria de
Nazaré, sempre nos ampara e nos conduz, provê necessidades e
inspira soluções, bastando, para maximizar tal fenômeno, que nos
façamos receptivos, por nossa fé e conexão com a benevolência e
idealismo que tragamos no próprio coração, materializando-os em
nossa conduta, ainda que em proporções minúsculas – porque Ela,
sem dúvida, fará o resto. E Ela, para o globo terreno, em consórcio
místico com Seu Filho Amantíssimo Jesus, é a Fonte de Todo Poder!...)
(Texto psicografado e redigido em 18 de julho de 2008. Revisão de
Delano Mothé.)

(*1) Expressões latinas a significar: “Eixo do Mundo” e “Alma do


Mundo”.

(*2) Um Ser como Maria Santíssima não pode ser diretamente


contactado, na atualidade do globo, por nenhum médium encarnado,
pela grandeza excelsa de Seu Espírito Redimido. Quando Bernadette
Soubirous, Catarina Labouré ou Lúcia dos Santos interagiram com Ela
– em 1858, 1830 e 1917, respectivamente –, mesmo estando
encarnadas, deveu-se isso à santidade de seus corações, sumamente
avançados, na pureza de sentimentos, para os padrões da Terra, de
modo que podiam ascender até uma freqüência vibratória a que a
Mãe Santíssima, em contrapartida, podia abaixar as Suas, assim se
estabelecendo a compatibilidade de ondas mentais, para o fenômeno
de comunicação mediúnica.

(*3) Mateus, 18:20.

(*4) Simbolicamente, dores na coluna vertebral podem indicar a


somatização de uma sensação de “esmagamento” do ser, por um
excesso de responsabilidade, de que se sinta investido. Mais ainda se
faz sintomática, no sentido desta interpretação, se levarmos em
conta que tais dores me são raríssimas, no meu atual estado de
saúde e idade na “matéria”.

(*5) Referência aos testes de mísseis, para transporte de ogivas


nucleares à longa distância, levados a efeito, recentemente, no Irã.

(*6) Mateus, 18:14.

(*7) Jesus se dizia “amigo” dos Apóstolos. Maria repete o padrão do


misericordioso nivelamento “fraterno” com a humanidade,
exemplificado, há vinte séculos, por Seu Filho Sagrado.

(*8) “Participation mystique”: a term derived from anthropology and


the study of primitive psychology, denoting a mystical connection, or
identity, between subject and object (Pesquisa do Médium).

(*9) Inúmeras tradições religiosas do Oriente (como o tantrismo) e do


Ocidente sustentam esta tese, a começar do “Cântico dos Cânticos”,
na ultra-reacionária tradição judaico-cristã, livro (componente da
Bíblia) de autoria presumida do rei Salomão.

(*10) Mateus, 21:31 (*18).

(*11) Mateus, 10:16 (*18).


(*12) Mateus, 25:27 (*18).

(*13) Mateus, 9:16-17 (*18).

(*14) Levítico, 19:18; Mateus, 5:44; João, 13:34 (*18).

(*15) João, 17:21 (*18).

(*16) João, 14:12.

(*17) Mateus, 5:48.

(*18) Atenção: os excertos bíblicos foram sugeridos pela Autora Semi-


Divina, em sua essência, e não na literalidade encontrada nos
escritos sagrados.

(Notas do Médium)

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