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PEDAGÓGICO.
Ilma Passos Alencastro VEIGA. Ensino e avaliação: uma relação intrínseca à organização do trabalho
pedagógico. In Didática, o ensino e suas relações.
O estudo da relação entre ensino e avaliação requer, necessariamente, a análise das formas de organização
do trabalho pedagógico. Portanto, devem absorver as atenções principais das atividades investigativas sobre a
escola.
A autora divide o texto em dois momentos:
1º - Apresenta a atual organização do trabalho pedagógico: implicação para o ensino e avaliação.
Entre os estudiosos que enfocaram a organização do trabalho pedagógico, pode-se citar SANTOS, para
quem “a lógica do controle de uma minoria sobre uma maioria é geradora de conflitos em que os professores se
opõem a supervisores, diretores, secretários, conselhos, ministérios, enfim assiste-se a luta de todos entre si.
Sob essa ótica, quanto mais racionalizada for a organização escolar, mais o professor perderá o controle do
seu próprio trabalho. Uns concebem outros executam. Esta cisão conduz a fragmentação e à conseqüente
desqualificação do trabalho pedagógico.
A autora cita FREITAS, segundo o qual a organização do processo de trabalho não pode prescindir de uma
análise da organização do trabalho da escola e suas relações com a sociedade na qual está inserida.
Sua concepção de organização do trabalho pedagógico busca estabelecer nexos com a forma como a nossa
sociedade organiza o trabalho em geral. O trabalho pedagógico é produto de tais relações. Isto significa que a
escola incorporou a divisão social do trabalho, a fragmentação, a desvinculação entre teoria e prática com “feições
próprias”.
Isso reflete no processo de ensino e avaliação. E como resultante dessa concepção de organização do
trabalho pedagógico, o conhecimento tem sido concebido como algo pronto e acabado, verdade absoluta externa ao
aluno e que deve ser nele inculcada para, depois de memorizada, ser reproduzida, avaliada e utilizada.
O ensino é concebido como um processo mecânico, repetitivo e fragmentado. A atividade de ensinar é vista
como transmissão de conhecimentos objetivos e neutros.
Percebe-se que do ponto de vista da atividade normal exigida dos estudantes, não vão muito além da
simples retenção.
A aprendizagem por sua vez é mecânica e automática, ou seja, aquela que se restringe a decorar a
informação, sem significado e transmitida pelo professor de maneira arbitrária. Disto resulta uma prática
pedagógica mecanicista e acrítica, uma vez que os professores aderem ao emprego de metodologias sem se
preocuparem com os pressupostos, com um estudo do contexto em que foram geradas, sem atentarem para a visão
de mundo, de homem e de educação que eles veiculam.
Pode-se inferir que a prática pedagógica constituída sob esse prisma redunda em um pedagogismo
inoperante, que omite os fins sociais intimamente ligados a ela. O professor não se reconhece na atividade
pedagógica, pois coloca-se à margem da atividade que executa estabelecendo relações apenas entre as operações
que realiza e não entre as pessoas envolvidas.
Nesse sentido, a avaliação é um instrumento nas mãos do professor para selecionar, rotular, classificar e
controlar.
Dando ênfase a função classificatória, a avaliação concorre para a fragmentação do trabalho pedagógico, ao
transmitir ao aluno a idéia da separação, da seleção e da rotulação. É pela prática da avaliação que o processo de
ensino se impõe de forma autoritária. A realidade da sala de aula está permeada por esta concepção de avaliação
que se distancia de sua função diagnóstica e volta-se para a classificação, despendendo grande esforço em tarefas
burocráticas e de poder hierárquico.
A avaliação torna-se operacional, manifestando-se como mecanismo de classificação, dificilmente
contribuindo para o avanço, para o crescimento. A função classificatória da avaliação tem por efeito hierarquizar os
alunos, estimular a competição, distribuir desigualmente as oportunidades escolares e sociais e assim
sucessivamente.
Esta parece ser a concepção de avaliação que permeia o processo ensino-aprendizagem presente em nossas
escolas: reducionista e autoritária. Reducionista por predominar uma visão quantitativa de avaliação centrada no
aluno. Autoritária porque o poder de avaliar é do professor, que determina se o aluno deve ou não ser aprovado.
Finalizo com uma frase de Ilza Martins Sant’anna (por que avaliar? Como avaliar?) quando nos coloca que
Jamais esqueça de conjugar: Eu sou, tu és, nós somos humanos!