História
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Biomedical Ethics”, em 1979, que incluiu nas discussões éticas os temas da
ética em pesquisa e práticas biomédicas.
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longe de ser uma questão puramente econômica, ou mesmo política, é
eminentemente ética.
BI – Bases conceituais
BI: caráter aberto, em construção, dialógico
Antecedentes
Corporeidade
Um dos problemas teóricos e práticos que mais consomem trabalhos e debates
na Bioética é a questão da universalidade. A proposta de Beauchamp e
Childress para a prevalência dos 4 princípios como representantes da
Moralidade Comum Universal foi rechaçada dentro e fora dos EUA, como por
exemplo, por Engelhardt, nos EUA, e diversos bioeticistas da Europa e América
Latina. Vozes destoantes não aceitam que a Autonomia seja um principio moral
relevante em qualquer cultura, da mesma forma que outros bioeticistas
questionam se a Dignidade constitui um valor ou um principio universal.
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‘Se no nível das ideias é impossível encontrar um ponto de contato para o
estabelecimento de uma ética que pode abarcar a diversidade e produzir um
diálogo entre moralidades, é palpável no nível da corporalidade”.
Garrafa e Porto acreditam que este marco-teórico oferece para a bioética uma
base comum e a possibilidade de ‘transitar entre os discursos desse campo e
universalizar seu arcabouço epistemológico, sem incorrer na parcialidade
inerente à reprodução de moralidades, nos jogos de poder que as sustentam
ou nas assimetrias deles decorrentes’.
Nas palavras dos autores: ode-se dizer, então, que no corpo, o “mínimo”, que
permite o diálogo entre as distintas vertentes e visões da Bioética, se encontra
com o “máximo”, que é o valor que os indivíduos e as sociedades atribuem à
vida humana.
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o necessário a vida (orgânica e social) de indivíduos, grupos, segmentos e
populações.
O corpo como marco teórico e valor universal e o prazer e a dor trazem para
bioética o compromisso com a defesa do corpo saudável, feliz, prazeroso, em
contraponto ao corpo doente, sofrido, dolorido. Em qualquer lugar, a
intervenção bioética se justifica aí, e somente aí.
Como intervir?
NAscimento
Essas propostas – além de tomar a equidade como ponto de partida; a
justiça social como objetivo e como ambiente de reflexão; a libertação como
ferramenta de intervenção; o empoderamento e a libertação como propostas de
mobilização de sujeitos e recursos; e a emancipação como ponto de proteção –
se sustentam em dois fundamentos: a) em um utilitarismo, que no sentido
atribuído por palavras de Garrafa e Porto (2003) é orientado para a e uidade;
b) num consequencialismo solidário e crítico
p. 161-4
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Tendo em conta a irredutibilidade do conjunto social à soma dos elementos 65
e, portanto, considerando que é a articulação orgânica entre os diferentes
grupos e segmentos o que transforma um mero aglomerado de indivíduos em
uma sociedade, essa proposta teórica... “... busca uma aliança concreta com o
lado historicamente mais frágil da sociedade,
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A ideia de um consequencialismo solidário articulado com o utilitarismo
orientado para a equidade proposto pela BI que cria compromissos
com as populações historicamente desprivilegiadas e vulneradas é
O uso do utilitarismo, até que se consiga construir algum instrumento mais adequado, deve
ser plenamente cuidadoso, mas é o que atualmente dispomos no contexto latinoamericano.
Utilizando a metáfora de Neurath (1993, p. 206) sobre o conhecimento, pode-se dizer que a BI
é como um navio que funciona e tem algumas peças com avarias. Só que enquanto não
há terra firme para parar e consertá-lo, segue a navegar com as peças avariadas e que vão
sendo improvisadas durante a navegação. Enquanto não encontramos porto seguro para
substituir o utilitarismo por outra ferramenta teórica mais pertinente, vamos navegando
com ele, consertando-o sempre que der problema e, sobretudo, atentos ao fato de que temos
uma peça avariada e que pode, em algum momento, causar problemas. Velejemos com
cuidado, pois o navio da BI tem se mostrado importante e há ainda muitos mares a navegar,
no seu projeto de apoio à construção da teoriade uma vida não colonizada.
Plano individual –
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Direitos Humanos
O reconhecimento do valor intrínseco para a vida, que é considerada uma
experiência além da mera sobrevivência, permite a construção de parâmetros
éticos a relações nas quais as diferenças entre seres humanos não significam
necessariamente assimetria de poder e desigualdade
Pluralismo moral:
se no plano das idéias é impossível encontrar um ponto de contato para o
estabelecimento de uma ética que abarque a diversidade e produza o diálogo
entre as moralidades, ela é palpável ao nível da corporeidade.
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O parâmetro que define o necessário e demarca o ponto de intervenção para
eliminar o desperdício delineia-se sobre o mesmo absoluto universal
relacionado às funções essenciais à existência. A linha demarcatória que
define o essencial aponta tanto o que deve ser garantido para suprir as
necessidades do empobrecimento quanto o que deve ser suprimido para
eliminar o supérfluo da superabundância para indivíduos, grupos,
segmentos e populações submetidos a tais condições. Assim, aumentando
o insuficiente e diminuindo o excedente, se completa o ciclo da eqüidade,
garantindo a sustentabilidade social e ambiental e a vida de todos. Isso é,
pura e simplesmente, justiça.
O fato dos recursos naturais serem limitados e sua extinção atingir não só o
modo de vida da civilização ocidental, mas todas as sociedades, parece um
ponto de apoio sólido o suficiente para provocar a flexibilização de posições
arbitrárias e inconsequentes. Para além do comportamento orientado por
regras morais específicas em cada sociedade, devemos centrar nossos
esforços na busca de padrões de relação entre seres humanos e culturas. Da
dimensão das sociedades e da moral precisamos trazer o foco para o ser
humano. Para as características comuns à humanidade que serviram para
construir a cultura, as sociedades e as diversas moralidades: o prazer e a dor.
). Pensamos em
uma solidariedade crítica, exatamente para evitar a armadilha colonial de sermos
solidários em causa própria, no sentido de beneficiar apenas nossos próprios
interesses. A crítica aqui é também uma autocrítica, na medida em que nossos
posicionamentos e interesses também estarão em questão. A construção da
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solidariedade crítica poderá se efetivar em mudanças político-sociais, entre outras
formas, a partir de um voluntariado orientado para a alteridade, por meio da ação concreta de
grupos .organizados e preocupados com radicais transformações políticas no sentido da
luta pela inserção crescente do maior número possível de pessoas nos processos de
tomada de decisão, ao mesmo tempo em que se problematizam as maneiras
hegemônicas de decidir politicamente. A fundamentação desse tipo de voluntariado na
proposta da BI vem do compromisso pela tríplice busca da intervenção: civil,
política e social. Sua fonte de inspiração é sustentada pela solidariedade crítica e
comprometida, que se situa nas coordenadas da vida quotidiana e compreende propostas
de transformação social a partir do comprometimento não somente desinteressado e
usual verificado nos grupos tradicionais de voluntários, mas que inclui o discurso da
militância e práticas políticas situadas no horizonte da mobilização social e que se
movimentam pelos espaços do protesto e do confronto, quando necessário (Selli e
Garrafa, 2005). O norte desse voluntariado é viabilizado a partir de uma prática solidária
crítica, autocrítica, transformadora e militante. Os grupos voluntários orgânicos
alimentam suas ações políticas e seus processos de relacionamentos nos campos da
justiça, dos direitos e da mobilização e luta social, por meio de práticas solidárias,
interativas e socialmente comprometidas. É dentro de todo esse contexto e na linha das
ideias apresentadas, que a BI sustenta sua defesa de um consequencialismo solidário.
A proposta de uma solidariedade, de uma equidade e de um voluntariado descolonizados
se encaixariam de modo harmônico à proposta da BI.
4P
–prudencia (frente a los avances), prevención (de posibles daños e
iatrogenias), precaución (frente al desconocido), y protección (de los más
frágiles, de los desasistidos)– para el ejercicio de una práctica bioética
comprometida con los más vulnerables, con la “cosa pública” y con el equilibrio
ambiental y planetario del siglo XXI,
- Críticas
- (é política, e não bioética/ divisão do campo compromete futuro da BI/ não
apresenta sustentação para se definir como “Teoria”/ referencial utilitarista
contrapõe referencial DH/ ênfase no coletivo sobre individuo e legitimação do
Estado pode justificar totalitarismo/ democracia e BI/
- Colonialidade BI
Bioética hegemônica sustenta a colonialidade da vida (Nascimento)
Bioética deve ser pensadas não apenas para o Sul, mas desdeo Sul.
- Aplicações (
exemplos de artigos – reforma sanitária)
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a desigualdade social não apenas por parâmetros objetivos, que podem
mensurar diferenças econômicas e sociais, mas também por critérios
subjetivos, que indicam a correlação direta entre a percepção da pessoa e a
realidade fenomenológica que a cerca.
Ver aplicação tese dora
- Futuro
A BI “pode ser tomada como ‘base ética para um modelo abstrato e imaginário
de sociedade ideal’, tal como o socialismo utópico” Porto
Conclusão
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cotidiano de seres humanos concretos dando à idéia de humanidade sua
dimensão plena. É esse panorama desumano que nos propomos a discutir e
são essas as questões que lançamos ao debate com Bioetica, poder e
injustiça.
Diretos Humanos
DUBDH !
Por fim, relacionando-se diretamente à condição de pessoa, implicada no
reconhecimento da existência factual dos seres humanos a partir do marco de
sua corporeidade, deve-se considerar aqui, ainda, os parâmetros norteadores
para as estratégias de intervenção, que essa perspectiva teórica atribui aos
tratados internacionais de Direitos Humanos.
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nesses tratados, as propostas de intervenção para garantir padrões éticos no
início, no decorrer e no final da vida devem acontecer sempre que se identificar
que as diretrizes e recomendações desses tratados não estão sendo
contempladas e que, por isso, indivíduos, grupos, segmentos ou populações
têm sua vulnerabilidade existencial aumentada, por circunstância específica,
que implica na diminuição de sua qualidade de vida e saúde.
Conclusão
No que diz respeito à Bioética de Intervenção, os relatos do trabalho de campo
também cumpriram seu objetivo. É possível sentir nas falas a dor e o
sofrimento de sujeitos reais. É possível até mesmo imaginar a face das
entrevistadas e identificar situações similares às descritas, no cotidiano de
outras mulheres a quem emprestaram suas vozes. Suas palavras tornam claro
o marco teórico da Bioética de Intervenção, o corpo, e os marcadores
somáticos que lhe servem de parâmetro: o prazer e a dor. A constatação de
que esse outro abstrato, seja negro, mulher ou pobre, é na verdade alguém
272 que sente, em sensação e emoção, exatamente como cada um de nós,
permite construir um patamar de identidade, baseado na condição humana. Tal
identidade propicia a superação da barreira da alteridade, da construção
simbólica, ideológica e moral, do outro como o distante, o diferente, o inimigo, o
inaceitável. Revelando tão generosamente os detalhes de suas existências, as
mulheres entrevistadas demonstraram que a vida social pode ser apreendida
pelas marcas de seu corpo. E, sobretudo, é essencial à Bioética tornar claras
as razões que estruturam os juízos morais, que pautam as relações sociais e
ambientais. É fundamental agir sem falsos pudores, sem se esconder sob o
manto da neutralidade, que acoberta o imperialismo moral.
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FUTURO: COOPERAÇÃO COMO CATEGORIA ÉTICA PRIORITÁRIA PARA A
BIOÉTICA
O conceito de Felicidade Nacional Bruta adotado desde os anos 1970 no Butão, pequeno reino
encravado na cordilheira do Himalaia, entre a China e Índia, define que o princípio básico para
garantir a felicidade é que a economia esteja a serviço do bem-estar da população. Isso é bem
diferente do que se viu na recente crise econômica mundial, quando inimagináveis quantias de
dinheiro público - suficiente para acabar com a pobreza e a exclusão social no mundo periférico
- foram aplicadas pelos países capitalistas centrais para evitar a quebra de grandes
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cultural, os códigos éticos e espirituais de conduta, a relação com a natureza, os valores
humanos, a visão de futuro...
Nesse contexto, a economia deve se pautar por uma convivência solidária, sem miséria,
sem discriminações, garantindo um mínimo de coisas necessárias para a sobrevivência
digna de todos. O Bem Viver expressa a afirmação de direitos e garantias sociais,
econômicas e ambientais. Todas as pessoas têm igualmente o direito a uma vida
decente, que lhes assegure saúde, alimentação, água limpa, oxigênio puro, moradia
adequada, saneamento ambiental, educação, trabalho, emprego, descanso e ócio, cultura
física, vestuário, aposentadoria, etc.
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(22) Cruz MR, Trindade ES. Bioética de Intervenção – uma proposta
epistemológica e uma necessidade para sociedades com grupos sociais
vulneráveis. Revista Brasileira de Bioética. Brasília, vol. (2). nº 4, p. 483- 499,
2006.
(23) Pagani LPF, Lourenzatto CR, Torres JG, Oliveira, AAS. Bioética de
Intervenção: aproximação com os direitos humanos e empoderamento. Revista
brasileira de bioética. Brasília: Sociedade Brasileira de Bioética, v.3, n.2, 2007.
157 p.
(24) Gomes AS, Rodrigues DLN, Sertão VS, Porto D. Ensino em Bioética:
breve análise da primeira década do Curso de Especialização da Cátedra
Unesco de Bioética – UnB. Revista Brasileira de Bioética, v. 5, n. 1-4 (2009) 82-
105.
(25) Nascimento WF, Garrafa V. Por uma Vida não Colonizada: diálogo entre
bioética de intervenção e colonialidade. Saúde Soc. São Paulo, v.20, n.2,
p.287-299, 2011.
(26) Fulgêncio CA, Nascimento WF. A Bioética de Intervenção e a Justiça
Social. Artigo aprovado, aguardando publicação na Revista Brasileira de
Bioética, edição de setembro de 2013.
Estudo de caso
Nascimento:e Garrafa
Um governo determina que parte de sua verba emergencial seja utilizada para a
construção de uma ponte que ligue dois bairros nobres de determinada cidade, ao
mesmo tempo que – também provocando uma situação de emergência – aparelhos
de hemodiálise quebram em um hospital da periferia da mesma cidade, colocando em
risco a vida de algumas pessoas por falta do tratamento indispensável. Com o
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argumento de que já há aplicações de recursos consideráveis para a saúde e que a ponte
cada vez se torna uma questão de urgência maior uma vez que o trânsito dos bairros
servidos por ela e dirigido para o centro da cidade estava se tornando impraticável,
ficou utilitariamente justificável a aplicação prioritária de recursos nela. mesmo recurso
emergencial poderia ser utilizado tanto em um como no outro caso, mas como a ponte
beneficiaria um número maior de pessoas, por mais tempo e trazendo “melhores
consequências coletivas”, optou-se por ela. Apercepção da desigualdade que motivará a
busca de mecanismos para a busca da equidade, normalmente parte das partes menos
vulneráveis; no caso hipotético da ponte e da diálise, não seria um paciente portador de
nefropatia – nem necessariamente seu representante – que tomaria a decisão acerca da
alocação de recursos.
Buscar a equidade não é fazer pelo mais vulnerável o que nós, na posição menos
vulnerável, julgamos mais apropriado, mas construir, com ele, um espaço em que as
diferenças não sejam hierarquizadas. Ser solidário não é julgar que os mais vulneráveis
são incapazes de mobilidade e melhorias autorrealizadas; tampouco é acreditar na
possibilidade de transformação e entregar os mais vulneráveis à própria sorte.
Crítica ao Wanderson;
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