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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
HOMEOPATIA

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0
CURSO DE
HOMEOPATIA

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO II

3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA HOMEOPATIA

Para que possamos compreender melhor e corretamente os quatro


princípios básicos em que se fundamenta a doutrina homeopática devemos falar um
pouco sobre a energia vital. A energia vital é a energia responsável pela
manutenção da vida nos seres vivos; é a energia que se desprende do corpo físico
quando ocorre a morte. Essa energia não é perceptível aos nossos sentidos e no
homem é a parte integrante de um composto substancial que inclui o corpo físico, a
mente e o espírito.
Quando sua energia vital vibra harmonicamente, encontra-se em perfeito
estado de saúde, ou seja, não se observam sinais e sintomas, tanto nos planos
físico, emocional ou mental. Isso significa que ele está apto a se realizar como ser
humano porque pode usufruir livremente da inteligência para dirigir sua vontade e
manter-se em estado de saúde.
Quando a energia vital se desequilibra, começa a aparecer um conjunto de
reações, muitas vezes imperceptível se não estivermos atentos. Inicialmente ao
nível da imaginação, com sonhos desagradáveis ou sensações desconfortáveis, a
seguir, sintomas ao nível emotivo-efetivo como, por exemplo, fobias, inseguranças,
ciúmes, desconfianças, tristezas indefinidas, etc., e posteriormente surgem os
sintomas físicos.
Por que a energia vital se desequilibra? Conflitos internos, ações incorretas,
estão no cerne desse desequilíbrio, isto é, o emprego inadequado da vontade, das
escolhas como ser humano. Nos animais e nas plantas as doenças ocorrem
principalmente devido às alterações no meio ambiente provocadas, em geral, pelo
próprio homem.

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4 PRINCÍPIOS BASICOS DA HOMEOPATIA

4.1 LEI DOS SEMELHANTES

Hahnemann retomou ao princípio da semelhança de Hipócrates quando


realizou a primeira experiência com quinino em si mesmo e sentiu que havia
encontrado a reposta à sua procura por uma arte de curar lógica e realmente eficaz
e curativa. Realizou suas experiências com metodologia científica, obtendo
resultados que podem ser reproduzidos quantas vezes se desejar e sempre
semelhantes.
Para melhor compreensão da diferença entre o princípio dos semelhantes e
o princípio dos contrários vamos usar uma imagem criada pelo eminente médico Dr.
H. A. Roberts em seu livro “Os Princípios e a Arte da Cura pela Homeopatia”:
Imaginemos um trem (enfermidade) correndo a uma determinada velocidade; para
controlá-lo podemos enviar um trem em sentido contrário (medicamento alopático)
ou um trem no mesmo sentido (medicamento homeopático), mas em uma
velocidade maior e que após o encontro, imprime na energia vital um padrão
vibratório semelhante e mais forte que o preexistente.
As substâncias da natureza têm a potencialidade de curar os mesmos
sintomas que são capazes de produzir. Exemplificando de uma maneira bem
simplista: se uma pessoa ingerir doses tóxicas de uma substância chamada
Arsenicum álbum, irá apresentar sintomas como dores gástricas, vômitos e diarreia:
se, por outro lado, dermos essa mesma substância, preparada homeopaticamente, a
um enfermo que apresenta dores gástricas, vômitos e diarreia com características
semelhantes àquelas causadas pelo medicamento em questão, obteremos como
resultado a cura desses sintomas.

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4.2 EXPERIMENTAÇÃO NO HOMEM SÃO

O princípio é que as experiências com medicamentos devem ser realizadas


em homens sãos, para que então possam ser usados em homens enfermos. Por
que em homens são e não em animais? A doença se manifesta não só por sinais
objetivos observáveis pelos sentidos, mas também por sintomas e sensações
subjetivas. Não seria possível registrar completa e fielmente as sensações
subjetivas de cães ou gatos, pois estes não poderiam comunicá-las durante as
experimentações. Não existem dois seres humanos exatamente iguais na saúde ou
na doença, cada um tem sua individualidade, sua impressão digital.
Poder-se-iam os animais assemelhar-se aos seres humanos mais do que os
próprios seres humanos entre si? Para tratamento dos animais ou das plantas
usamos os resultados das experimentações nos seres humanos, por analogia de
sintomas, até que sejam realizadas experimentações específicas para cada espécie.
As experimentações são realizadas pela administração de uma determinada
substância a um grupo de indivíduos, considerados saudáveis após passarem por
exames clínicos e laboratoriais, chamados experimentadores, e que não sabem que
substâncias estão experimentando.
Em cada experimentação os sintomas físicos, mentais, emocionais, as
sensações e alterações do modo de ser e estar, de reagir e interagir com o meio,
que vão sendo cuidadosamente anotados e posteriormente classificados e
analisados, dando origem ao que chamamos de PATOGENESIA. Muitos
medicamentos foram experimentados e reexperimentados várias vezes e por muitos
autores.
Outros medicamentos foram menos estudados e necessitam de novos testes
para ampliar nosso conhecimento e seu campo de atuação. É a esses conjuntos de
sintomas, isto é, às Patogenesias, que o médico homeopata recorre a fim de
encontrar o medicamento mais semelhante a cada caso, o medicamento Simillimum.
Diante do exposto, é fácil mudar o conceito de que “se o medicamento homeopático
não faz bem, mal não faz”. Como vimos, o medicamento homeopático pode
potencialmente provocar os mesmos sintomas que são capazes de curar.

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4.3 MEDICAMENTO ÚNICO

Hahnemann recomendava o uso de apenas um medicamento de cada vez, o


medicamento que contivesse o maior número de sintomas que o paciente apresenta.
Durante o tratamento buscamos individualizar ao máximo cada paciente, sendo o
“grande ideal” de o médico homeopata encontrar o Simillimum do seu paciente.
Como já foi dito anteriormente, na maior parte das vezes nem sempre é possível
identificá-lo na primeira consulta.
Geralmente, o que conseguimos é, nas primeiras consultas, prescrever
medicamentos similares àquele que o paciente necessita, isto é, um medicamento
que cobre parcialmente os sintomas que o paciente apresenta, mesmo porque
também o conhecemos apenas parcialmente no início do tratamento. A
recomendação de medicamento único se refere a cada prescrição.
Queremos deixar bem claro que o médico homeopata nunca estará fazendo
experiências nos seus pacientes e sim progressivamente ajustando a medicação
mais adequada. Enquanto restarem sintomas o médico homeopata não estará
contente e estará buscando um medicamento que realmente cure todos os sintomas
do seu paciente. Na primeira consulta conseguimos obter uma caricatura do
paciente e, nas demais, vamos progressivamente acertando os detalhes mais finos
da pintura; o objetivo é chegar o mais próximo possível de uma fotografia.
Existem divergências, como em todos os setores do conhecimento humano,
entre as várias escolas homeopáticas em todo mundo. Todas têm suas razões e
ponderações. Temos basicamente três tendências: a UNICISTA, que usa apenas
um medicamento por vez, a PLURALISTA, que usa mais de um medicamento por
vez, e a ALTERNISTA, que intercala dois ou mais medicamentos em horários
preestabelecidos.

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4.4 DOSES MÍNIMAS E DINAMIZADAS

No início de suas experiências Hahnemann usava medicamentos diluídos,


porém ainda contendo matéria. Com o tempo foi percebendo que essas diluições
ainda eram suficientemente fortes para causarem, às vezes, sérias agravações.
Devido a essas reações indesejáveis, passou a diluir cada vez mais os
medicamentos, percebendo que obtinha melhores resultados quando eram também
agitados de maneira ritimada, o que chamou de sucussão.
Foi assim que chegou às doses infinitesimais (extremamente diluídas) e
dinamizadas. A técnica de sucussão (agitação ritimada) utilizada por Hahnemann lhe
foi ensinada por um amigo alquimista, que disse tal procedimento “retirar a alma das
substâncias”. Observou que à medida que a massa ia sendo diluída, mais energia as
substâncias pareciam desprender.
Não era a quantidade de substância que importava, ao contrário, quanto
menor a quantidade presente e, quanto mais agitada era a diluição, maior o
potencial de energia que atua sobre a Energia Vital. A dose diminuta prescrita pelo
homeopata não é mera diluição ou atenuação da droga forte. Ela é o que se chama
potência, isto é, algo que possui poder.
As doses mínimas e dinamizadas, que sempre foram e continuam sendo
inseparáveis da prática homeopática, têm sido com certeza o maior obstáculo à
aceitação e adoção desse método terapêutico com maior amplitude pelos médicos
em geral. Por lidarmos com sintomas subjetivos e com um tipo de energia
extremamente sutil, as pesquisas devem ser realizadas dentro de um novo
paradigma, com outros instrumentos de análise dos resultados.

5 SEMIOLOGIA MÉDICA HOMEOPÁTICA

Semiologia: estudo de sinais e sintomas.

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Sintomas Homeopáticos:

a) Conceitos:

Segundo Hahnemann, os sintomas são:

Uma manifestação anômala na maneira de sentir e de operar da parte do


organismo acessível aos sentidos do observador e do médico, produzidos
pela desarmonia da força vital que provoca as desagradáveis sensações
que experimenta o organismo e o impele a reações anormais que
conhecemos com o nome de enfermidade.

Para Carrol Dunham, sintomas “são tudo o que distingue o homem diante de
si mesmo, quando não está doente”. Os sintomas não são outra coisa que a
expressão da perturbação da força vital. Os sintomas são distintos graus das
características anímicas do estado psíquico normal.

b) Classificação dos sintomas homeopáticos:

b.1 - Segundo quem sente ou percebe os sintomas, seja o paciente ou o observador.


{Objetivos/Subjetivos}

b.2 - Segundo a localização que apresentem nas diversas esferas orgânicas.


{Mentais/Gerais/Locais}

b.3 - Segundo a maior ou menor frequência com que habitualmente se apresentam


na população enferma. {Comuns/Patognomônicos/Característicos/Peculiares/Raros}

Sintomas subjetivos: são sofridos ou percebidos somente pelo enfermo sem


que o observador possa ter conhecimento deles, a menos que o próprio paciente o
manifeste. A este grupo correspondem numerosos sintomas mentais, tais como
temores, penas, ilusões, etc, e todas as manifestações dolorosas com suas
sensações respectivas.

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Sintomas objetivos: quando podem ser apreciados pelo observador ou o
médico, tais como alterações no aspecto, forma ou volume de algum setor orgânico,
transtornos nos movimentos, nos sons normais de certos órgãos (coração, pulmão),
alterações nas excreções normais, secreções patológicas, etc, assim como
alterações detectadas por meio de exames laboratoriais (sangue, urina, fezes, etc).
Incluem também nesse grupo os processos inflamatórios e neoplásicos.
Naturalmente, muitos desses fenômenos objetivos podem e são observados pelo
próprio paciente.

Quanto à localização:

Sintomas mentais: quando suas manifestações consistem em transtornos


psíquicos da afetividade, do juízo, da inteligência, ilusões, alucinações, etc.

Sintomas gerais: manifestações que devem ser referidas à totalidade do


organismo e são a expressão de uma perturbação geral como: o cansaço, a
debilidade, a insônia ou sonolência, alterações da transpiração, da temperatura, o
apetite, os desejos sexuais, os desejos e aversões. São as expressões do estado
geral do paciente frente a distintas circunstâncias. Pergunta: “como se sente”.
Sintomas locais: quando os transtornos envolvem somente um setor da
economia, um aparelho ou um órgão sem repercussão no estado geral, tais como
dores, inflamações, tumores, etc.

Segundo sua Frequência:

Sintomas Comuns: quando se apresentam em grande quantidade de pa-


cientes e de enfermidades e são também produzidos por grande quantidade de
medicamentos nas experimentações patogênicas, na esfera mental, geral ou local.
Ex: irritabilidade, insônia, déficit de memória, a tristeza, a cefaleia, o cansaço, a
febre, a falta de apetite, etc.

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Sintomas patognomônicos: quando são fundamentais para diagnóstico
fisiopatológico, o qual não pode ser formulado até que se achem presentes Ex:
hiperglicemia nos diabetes, o exantema morbiliforme no sarampo.

Sintomas característicos: quando ao sintoma comum se agrega uma


modalidade reacional de agravação ou melhoria. Esta modalidade singulariza e
circunscreve o sintoma, de maneira tal que já não são muitos os sujeitos que
apresentam, nem são tantos os remédios. Ex: cefaleia que se agrava pelo
movimento e por tossir e que se alivia pela pressão externa.

Sintomas peculiares: quando possuem alguma modalidade ainda menos


frequente que as anteriores e provocadas patogeneticamente por uns poucos
medicamentos. Ex: cefaleia quando tem fome (antes de comer).

Sintomas raros: quando escassos indivíduos e pouquíssimos remédios ou


um só os produz. Ex: alegria durante as tormentas (tempestades).

6 MODALIDADES

6.1 SIGNIFICADO E INTERPRETAÇÃO

Constitui modalidade de um sintoma, a condição de agravação ou de


melhora do mesmo, sendo tanto mais importante quanto mais nítido e intensamente
influenciar determinada manifestação, portanto representa um fenômeno dinâmico
determinado pelo genótipo, atuando sobre o modo reacional do organismo frente a
determinadas circunstâncias. Reflete diferentes tendências individuais em manifestar
sintomas, síndromes e estados mórbidos, que se deixam favorecer ou prejudicar
frente aos diferentes fatores.

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6.2 SÍNTESES DAS MODALIDADES PRINCIPAIS

As modalidades que qualificam os sintomas comportam variantes do ritmo,


horário e periodicidade; do modo de aparecimento e de desaparecimento; de relação
com atividades e atos fisiológicos de natureza alimentar, de relação com
eliminações; de posição, movimentos; de condições metereológicas e de fatores
psíquicos, acrescidos ainda por circunstâncias excepcionais e raras.

Modalidades de Exclusão
Incluem modalidades relacionadas à menstruação, à sensibilidade ao frio e
ao calor, bem como ao estado reacional de estenicidade e astenicidade.

Modalidades Horárias
Obedecem a ritmos biológicos e dependem de processos fisiológicos
relacionados ao repouso, ao metabolismo e ao catabolismo.

Modalidades de Periodicidade
Geralmente se refere à dor, às eliminações, às erupções e à febre, indicando
intervalos de horas, dias, semanas, meses ou anos, sendo dificilmente detectada no
decurso das experimentações.

Modalidades de Aparecimento e Desaparecimento de Sintomas


O modo de instalação e desaparecimento de sintomas isolados ou de um
quadro mórbido, lento ou súbito, representa aspecto definido frequente em
numerosas patogenesias. São principais variantes desta natureza:

a) Aparecimento e desaparecimento lento;


b) Aparecimento lento e desaparecimento brusco;
c) Aparecimento e desaparecimento brusco;
d) Aparecimento brusco e desaparecimento lento;
e) Instalação progressiva.

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Modalidades Relacionadas a Funções Normais
Inumeráveis variantes modalizadoras estão relacionadas a atividades
fisiológicas no sentido de aparecimento, agravação ou melhora de sintomas.
Costuma-se dizer que “tal” doença piora por “tal” condição fisiológica e vice-versa.

Modalidades de Natureza Alimentar


A ingestão alimentar oferece variantes como:
a) Intolerância – como expressão de incapacidade digestiva ou de
hipersensibilidade, relacionada ao metabolismo.
b) Fator de agravação ou melhora – modalizando condições já presentes.
c) Causalidade – despertando condições até então ausentes.
d) Aversão e desejo – por determinados alimentos como expressão do
terreno individual.

Modalidades de Secreções e Excreções


Constituem situações importantes de modalidade:
a) Variações da urina – odor, aspecto, sedimento.
b) Tipos de hemorragia – ativa, passiva, de sangue escuro.
c) Variações da saliva – espessa, aderente, fétida.
d) Transpiração – fétida, pegajosa, oleosa, localizada.
e) Variantes de evacuação intestinal – diarreica, sanguinolenta,
esverdeada, de odor cadavérico.

Modalidades de Posição
A atitude preferencial do doente, além de lhe proporcionar alívio, contribui
como sinal raro por si mesmo e confere hierarquia a outras manifestações pouco
importantes. Exemplos:
• Deitado sobre lado direito.
• Deitado sobre lado esquerdo.
• Deitado sobre a parte dolorosa.
• Deitado sobre superfície dura.

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Modalidades de Movimentos
O movimento proporciona agravação ou melhora em variantes ilimitadas:
• Rápido.
• Contínuo.
• Lento.
• Brusco.
• Viajando.

Modalidades Metereológicas
Referem-se às estações do ano, ao grau de umidade, à temperatura, à
tempestade, ao tempo nublado, vento, sol, mar e montanhas.

Modalidades raras
A anamnese considera todas as informações do doente, mesmo àquelas
sem relação aparente ao diagnóstico, na certeza de que, quanto mais bizarras, mais
estranhas ou absurdas forem, melhor personalizado se tornará o apanho do caso
clínico.

7 TOMADA DO CASO

7.1 SIGNIFICADO

Proceder ao apanhado do caso significa escutar, interrogar, observar e


examinar determinados doentes, procurando obter a mais perfeita totalidade dos
sinais e sintomas capazes de refletir a imagem do seu estado mórbido
personalizado.

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7.2 DIFICULDADES NO APANHO DO CASO

Três fatores interferem no apanho do caso, dificultando a correlação


patogenética.
1. Doente – quando preocupado com o diagnóstico, o paciente insiste nas
queixas patológicas, ocultando sintomas que julga alheios à doença.
2. Médico – para prescrever, o homeopata necessita conhecer número
razoável de patogenesia, a fim de enquadrar o paciente na personalidade
de uma delas.
3. Deficiência da matéria médica – a droga que melhor se adaptaria a
determinado doente talvez ainda não tenha sido experimentada, sendo
ignorada a sua patogenesia.

7.3 TOTALIDADE DE SINTOMAS

A totalidade dos sintomas, decisiva para identificação patogenética, abarca


sinais e sintomas mentais, gerais, locais e patognomônicos, tanto no aspecto
comum como peculiar de cada um, todos eles valorizados por meio de qualificações
e modalidades marcantes e sem explicação, que traduzem o modo racional de cada
doente, permitindo caracterizá-lo dentro da doença.

7.4 SÍNDROME MÍNIMA DE VALOR MÁXIMO

Essa expressão designa o conjunto de manifestações dotadas de


características marcantes e raras, suficientes para individualizar um medicamento.
No cômputo da totalidade clínica, caberá ao médico selecionar aqueles sintomas
bizarros, estranhos, peculiares e sem explicação, não integram o diagnóstico
nosológico, mas pertencem de modo exclusivo ao doente.

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8 INTOXICAÇÃO

Na homeopatia moderna, casos de intoxicação são raros ou praticamente


não ocorrem. Hahnemann observou que doses subtóxicas exerciam ação
predominante na melhora do doente, dando origem às doses mínimas seguidas de
diluição e dinamização.

8.1 ORIGEM DAS DOSES MÍNIMAS

Dentro do raciocínio da semelhança adota-se a aplicação clínica das drogas


em doses reduzidas, embora em nível ponderável, sobrevindo curas sempre que a
correlação de semelhança era obedecida. Hahnemann procedeu à redução das
doses em uma técnica de diluição em água e álcool, em escala centesimal
progressiva, tendo o cuidado de homogeneizar cada diluição pelo procedimento das
sucussões; receoso de tal conduta viesse a prejudicar o efeito terapêutico,
surpreendeu-se ao constatar que as diluições não apenas conservavam, mas
adquiriam maior potencial curativo.
Este fato motivou a descoberta do poder farmacodinâmico em substâncias
até então consideradas inertes e possibilitou a elaboração de patogenesias com
substâncias tóxicas.

8.2 DILUIÇÃO E DINAMIZAÇÃO

As doses mínimas ou infinitesimais se vinculam à lei da semelhança. O fato


das diluições sucussionadas adquirirem poder dinâmico crescente faz com que os
termos diluição, potência e dinamização passassem a ser indistintamente
empregadas sob o ponto de vista prático, pois não se admite em Homeopatia uma

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diluição que não esteja sistematicamente complementada por sucussões, numa
técnica padronizada, sendo a escala centesimal a única de exatidão matemática
válida para trabalhos científicos.
A descoberta do poder farmacodinâmico das doses mínimas tornou as
doses ponderáveis desnecessárias e contraindicadas, portanto, o termo intoxicação
está afastado da homeopatia moderna.

9 PATOGENESIA

Ao conjunto de manifestações apresentadas pelo indivíduo sadio e sensível,


durante a experimentação de uma droga, foi dado o nome de patogenesia. A reunião
dos quadros experimentais devidamente catalogadas ou patogenesias passou a
constituir a Matéria Médica Homeopática. A experimentação com a China officinalis
proporcionou a primeira patogenesia.
Sintoma patogenético e qualquer manifestação observada pelo experimento
no homem sadio. Além dos sintomas patogênicos propriamente ditos, induzidos no
indivíduo sadio por determinada substância em doses diversas, porém não tóxicas,
foram também incorporadas à Matéria Médica os efeitos registrados nas
intoxicações acidentais bem como aqueles sintomas e sinais curados na clínica
durante a utilização de determinada droga. Englobando o tema patogenesia
podemos citar as agravações homeopáticas.

9.1 CONCEITO DE AGRAVAÇÃO

É o aumento de todos os sintomas importantes da doença que seguem à


administração do remédio específico, agravação esta tanto mais aparente quanto
maior a similitude ao remédio escolhido. Inicialmente, foram reconhecidos dois tipos
de agravação:

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a) Agravação homeopática ou medicamentosa,
b) Agravação patogenética.

9.2 AGRAVAÇÃO COMO RESSONÂNCIA PATOGENÉTICA

No prosseguimento clínico distinguiu Hahnemann dois tipos de agravação –


a homeopática e a patogenética – a primeira expressando sintomas inicialmente
presentes no doente e a segunda revelando sintomas novos inerentes à patogenesia
da droga empregada. O indivíduo sob experimentação somente desenvolverá
sintoma se for sensível à droga testada, a qual despertará uma condição até então
latente que se manifestará como sinal profético daquilo que, infalivelmente, iria
acontecer no futuro desse experimentador.
Assim interpretada, a agravação patogenética é também a homeopática,
como soma resultante da doença medicinal ou experimental, com a sintomatologia
potencial ainda subclínica. Das duas reações de defesa despertadas no organismo –
uma pela doença natural e outra pelo medicamento – advém a resultante comum,
mais potente e mais eficaz que persistirá depois de dissipada a presença energética
do Simillimum* responsável pela defesa adicional.
Esta resultante, suficiente para o reequilíbrio, eventualmente se torna mais
do que suficiente, ocasionando transitório tumulto clínico.

*Simillimum: Medicamento cujos sintomas patogenéticos ou de experimentação no


homem sadio coincidem com a totalidade sintomática de determinado quadro
mórbido. Representa o remédio adequado do doente.

10 A ANAMNESE HOMEOPÁTICA

ANAMNESE: do grego Anámnesis, “o relato dos padecimentos feitos pelo


doente à cordialidade inquisidora do médico” (MIGUEL TORGA, Diário, p. 55-56).

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“Informação acerca do princípio e evolução de uma doença até a primeira
observação do médico” (A.B.H.F.).
O médico deve ter: boa vontade; boa disposição; compreensão; respeito à
liberdade do enfermo para expressar-se e paciência.
“O enfermo é o único que tem a chave do medicamento”.
“O médico deve ser um cúmplice, um companheiro”.
“Resgatamos o encontro humano que os aparatos tecnológicos afastaram”.

Atitude do médico = neutralidade com cumplicidade. Fazer sentir ao paciente


o interesse do médico. “O 1º ato do médico é dar a mão”.

Analisar todas as características para proporcionar uma boa relação médico-


paciente.
1) O olhar:

— detalhes da atitude: se acercar do paciente;


— atitude receptiva: intenção envolvente;
— envolver o paciente em uma atmosfera de proteção = olhar abraçador;
— com o olhar: estou disposto a escutar-lhe, vou ser discreto e
compreensivo, necessito que me fale = olhar inquisitivo.

2) O silêncio e a pausa:

— o silêncio do médico outorga o passaporte para o paciente poder falar;


— tempo para pensar – rebobinar o K-7 de sua vida e ligar de novo;
— permite ao paciente desenvolver seus pensamentos para oferecer ao
seu médico.

3) A Palavra: ama, fere e mata:

— o tom da voz;
— a linguagem deve ser acessível ao paciente;
— a linguagem deve ser pessoal.

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4) A escritura:

Escrever com os mesmos termos do paciente, frouxamente, não deixando


de observar as expressões do paciente. “O momento de escrever como de perguntar
é ditado pelo paciente”. Como um jogo de xadrez: 1ª jogada = em que posso ajudar.
Aguardar a jogada do paciente e seguir estimulando até o xeque-mate = história
biopatográfica.

O que o médico deve fazer:


a. Deixar o paciente falar livremente;
b. Escrever cada sintoma ou grupo de sintomas;
c. Os sintomas devem ser escritos na linguagem do paciente;
d. Circunscrever-se a um grupo de sintomas até esgotar tudo;
e. As perguntas devem ser: gerais, amplas, indiretas e vagas.

O que o médico não deve fazer:


a. Interromper o relato do paciente;
b. Insistir em perguntas que não consegue resposta;
c. Formular perguntas: dirigidas – alternantes – sim ou não

A FICHA CLÍNICA:

1) Identificação;
2) Queixas e duração – ouvir, anotar e detalhar ao máximo;
3) Interrogatório sobre diversos aparelhos;
4) Antecedentes pessoas e familiares;
5) Alimentação: Apetite? Desejos e aversões? Sabor? Temperatura;
6) Sede: Como é? Horário? Desejos e aversões?
7) Transpiração como é? Onde é mais? Odor? Mancha?
8) Meteorológicos: Calor? Frio? Sol? Chuva? Campo? Praia? Vento?
9) Períodos: nas 24 horas do dia: menos ou mais disposição?

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10) Sono/sonhos: como é? Posição? O que faz durante? Sonha? Repetem?
11) Medos – temores: quais?
12) Mentais – como é sua maneira de ser? Choro? Consolo? Emoções?
Sofrimentos? Afeto? Carinho? Ciúmes? Feliz? Morte?
13) Biopatogrófico: fato(s) que marcaram o paciente profundamente?
14) Exame físico: biotipo – face, pele e anexos – atitudes, etc.

Verificar tudo para ver se tem os sintomas mentais e a totalidade dos


sintomas característicos com os de algum remédio. O exame individual de
um caso de doença requer, da parte do clínico, isenção de preconceitos,
sentidos apurados, atenção ao observar e fidelidade em anotar o caso de
doença (HAHNEMANN).

FIM DO MÓDULO II

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