Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O que é um sistema forno-fornalha? Pq tem esse nome (e não "forno" apenas, por
exemplo)?
O sistema tem esse nome, porque são quatro fornos conectados à fornalha, caracterizando
o arranjo proposto para o sistema em questão. A nomenclatura “forno” refere-se apenas a
um componente do sistema.
1) Já existe patente para o sistema? Foi produzido na UFV? Desde quando existe? Há
outros sistemas de produção sustentável de carvão vegetal?
- Essa tecnologia vem sendo desenvolvida no lapem desde 2008, e já temos duas patentes do
sistema, incluindo a mencionada acima, que trata do sistema que estamos disseminando junto
aos produtores de carvão vegetal.
- Sim, existem outros sistemas de produção sustentável, no entanto são modelos com custo
elevado de implantação e operação, tornando-se inacessível a pequenos e médios produtores,
os quais são responsáveis por mais de 60% da produção de carvão vegetal no Brasil.
A partir daí a aceitação foi tamanha entre os produtores que o órgão viu a necessidade de
aumentar os multiplicadores desta tecnologia, subsidiando a construção de mais duas
unidades, uma na cidade de Montes Claros, no campus da UFMG e outra em Sete Lagoas,
no campus da UFSJ. Com a comprovação de melhoria na produção e qualidade do carvão
vegetal, qualidade do ambiente de trabalho e formação de mão de obra, além do ganho
ambiental, o PNUD lançou um edital amplo e aberto para subsidiar a construção de
unidades demonstrativas específicas do Sistema Fornos Fornalhas a produtores de Minas
Gerais, que até o momento sabe-se que serão contemplados uns 50 produtores rurais.
3) A matéria fala que o sistema, comparado aos anteriores, tem como vantagens "redução
dos gases de efeito estufa, aumento da produtividade dos fornos e melhoria da qualidade
do produto". Se isso acontece, as empresas e produtores já estão utilizando?
R.: Sim, o sistema promove todos estes benefícios. Sobre a difusão da tecnologia, muitas
empresas utilizam o conceito fornos-fornalha, mas em proporções superiores aos do
modelo em questão, devido às dimensões dos fornos e unidades de produção. Já os
produtores que utilizam fornos circulares, com menores dimensões, têm aderido ao sistema
a partir da construção do sistema fornos-fornalhas ou atualizado suas unidades de
produção de acordo com o conceito. O sistema tem sido amplamente difundido no Brasil,
com unidades construídas em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Espírito Santo, Pará,
Paraná, Rio Grande do Sul e sempre há relatos de construções independentes, por
consultores e replicadores. O sistema fornos-fornalha já ultrapassou as barreiras
continentais, chegando ao Paraguai e Peru.
4) Poderia fornecer alguns dados que demonstrem essa comparação? Por exemplo, em
que proporção os gases nocivos ao meio ambiente são reduzidos?
R.: No LAPEM foi desenvolvida uma tese de autoria do pesquisador Dr. Danilo Barros
Donato intitulada “Desenvolvimento e avaliação de fornalha para combustão dos gases da
carbonização da madeira”, onde foi constatado a redução, apenas na fase exotérmica, de
mais de 66% para o gás monóxido de carbono (CO) e mais de 70% para o gás metano
(CH4), o qual tem potencial poluidor 21 vezes a mais que o dióxido de carbono (CO 2,),
sendo esse absorvido pelas plantas no processo de fotossíntese. Isto torna o processo
sustentável, com forte viés ambiental, visto a redução do impacto ambiental causado pela
atividade, além de melhores condições no ambiente de trabalho, eliminando a fumaça da
carbonização.
5) A matéria acima também fala em "queima dos gases gerados durante o processo". Isso
também não gera resíduos? Ou não são (tão) poluentes?
R.: Não, pois o produto da combustão completa dos gases são o CO 2, vapor d’água e
energia. Há emissão de monóxido de carbono quando há queima incompleta dos gases da
carbonização e isso está diretamente relacionado a eficiência do processo, sincronismo
dos fornos, número de fornos interligados, dentre outros. Vale salientar que a energia
térmica (calor) gerada no processo pode ser utilizada para secagem da madeira, geração
de energia, dentre outras aplicações que demandam energia.
6) A mesma matéria fala, no final, de unidades demonstrativas que seriam instaladas em
várias cidades. O objetivo é demonstrar o projeto? Já estão em funcionamento?
R.: Esta iniciativa é composta por muitos órgãos públicos e empresas privadas, onde
podemos citar a EMATER/MG e o SENAR/MG como principais parceiros, visto a
proximidade com o homem do campo e os produtores de carvão vegetal. Empresas como
Vallourec, ASIFLOR, APERAM e ArcelorMittal tem sido parceiras na adoção desta
tecnologia e principalmente no uso do carvão vegetal produzido com tecnologias de baixa
emissão de gases de efeito estufa. Além disso, no ambiente acadêmico, muitos estudantes
da UFV têm contribuído para o desenvolvimento e melhoria deste projeto, participando de
treinamentos de construção, operação e até mesmo na parte de extensão do projeto.
Várias monografias, teses e dissertações já foram desenvolvidas no tema, com grande
envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação.
R.: Esse sistema vem de encontro a DN 227 – Deliberação normativa do Estado de Minas
Gerais que trata das emissões atmosféricas na produção de carvão vegetal, pois tanto as
boas práticas quanto a adoção de tecnologias para redução das emissões que trata essa
deliberação são contempladas neste sistema fornos-fornalhas proposto.