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1) 

    O que é um sistema forno-fornalha? Pq tem esse nome (e não "forno" apenas, por
exemplo)?

R.: O sistema fornos-fornalha é um conjunto formado por quatro fornos de alvenaria de


produção de carvão vegetal acoplados a uma fornalha (ou queimador de gases) por meio
de dutos. A fornalha tem como objetivo realizar a queima dos gases da carbonização, os
quais têm na sua composição metano, monóxido de carbono e hidrogênio, ou seja, gases
passíveis de serem queimados.

O sistema tem esse nome, porque são quatro fornos conectados à fornalha, caracterizando
o arranjo proposto para o sistema em questão. A nomenclatura “forno” refere-se apenas a
um componente do sistema.

1)     Já existe patente para o sistema? Foi produzido na UFV? Desde quando existe? Há
outros sistemas de produção sustentável de carvão vegetal?

R.: Sim, BR 10 2017 023368 5 (20/10/2017).


- Tecnologia desenvolvida no LAPEM – Laboratório de Painéis e Energia da Madeira,
pertencente ao DEF/UFV.

 - Essa tecnologia vem sendo desenvolvida no lapem desde 2008, e já temos duas patentes do
sistema, incluindo a mencionada acima, que trata do sistema que estamos disseminando junto
aos produtores de carvão vegetal. 

- Sim, existem outros sistemas de produção sustentável, no entanto são modelos com custo
elevado de implantação e operação, tornando-se inacessível a pequenos e médios produtores,
os quais são responsáveis por mais de 60% da produção de carvão vegetal no Brasil.

2)     O que exatamente há de novo em relação à matéria acima? Li em sua mensagem a


seguinte frase: "Instalamos o projeto junto aos produtores e recentemente o Pnud abriu um
edital específico na nossa tecnologia" - o que isso significa exatamente?

R.: O LAPEM/DEF/UFV aprovou em 2017 uma carta de acordo junto ao Pnud/Projeto


Siderurgia Sustentável, e por ser a detentora da tecnologia, o projeto citado subsidiou a
instalação de unidades demonstrativas do Sistema Fornos-Fornalha em regiões
estratégicas do estado de Minas Gerais, sendo uma na cidade de Lamin e outra na cidade
de João Pinheiro.

A partir daí a aceitação foi tamanha entre os produtores que o órgão viu a necessidade de
aumentar os multiplicadores desta tecnologia, subsidiando a construção de mais duas
unidades, uma na cidade de Montes Claros, no campus da UFMG e outra em Sete Lagoas,
no campus da UFSJ. Com a comprovação de melhoria na produção e qualidade do carvão
vegetal, qualidade do ambiente de trabalho e formação de mão de obra, além do ganho
ambiental, o PNUD lançou um edital amplo e aberto para subsidiar a construção de
unidades demonstrativas específicas do Sistema Fornos Fornalhas a produtores de Minas
Gerais, que até o momento sabe-se que serão contemplados uns 50 produtores rurais.

3)     A matéria fala que o sistema, comparado aos anteriores, tem como vantagens "redução
dos gases de efeito estufa, aumento da produtividade dos fornos e melhoria da qualidade
do produto". Se isso acontece, as empresas e produtores já estão utilizando?

R.: Sim, o sistema promove todos estes benefícios. Sobre a difusão da tecnologia, muitas
empresas utilizam o conceito fornos-fornalha, mas em proporções superiores aos do
modelo em questão, devido às dimensões dos fornos e unidades de produção. Já os
produtores que utilizam fornos circulares, com menores dimensões, têm aderido ao sistema
a partir  da construção do sistema fornos-fornalhas ou atualizado suas unidades de
produção de acordo com o conceito. O sistema tem sido amplamente difundido no Brasil,
com unidades construídas em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Espírito Santo, Pará,
Paraná, Rio Grande do Sul e sempre há relatos de construções independentes, por
consultores e replicadores. O sistema fornos-fornalha já ultrapassou as barreiras
continentais, chegando ao Paraguai e Peru.

4)     Poderia fornecer alguns dados que demonstrem essa comparação? Por exemplo, em
que proporção os gases nocivos ao meio ambiente são reduzidos?

R.: No LAPEM foi desenvolvida uma tese de autoria do pesquisador Dr. Danilo Barros
Donato intitulada “Desenvolvimento e avaliação de fornalha para combustão dos gases da
carbonização da madeira”, onde foi constatado a redução, apenas na fase exotérmica, de
mais de 66% para o gás monóxido de carbono (CO) e mais de 70% para o gás metano
(CH4), o qual tem potencial poluidor 21 vezes a mais que o dióxido de carbono (CO 2,),
sendo esse absorvido pelas plantas no processo de fotossíntese. Isto torna o processo
sustentável, com forte viés ambiental, visto a redução do impacto ambiental causado pela
atividade, além de melhores condições no ambiente de trabalho, eliminando a fumaça da
carbonização.

5)     A matéria acima também fala em "queima dos gases gerados durante o processo". Isso
também não gera resíduos? Ou não são (tão) poluentes?

R.: Não, pois o produto da combustão completa dos gases são o CO 2, vapor d’água e
energia. Há emissão de monóxido de carbono quando há queima incompleta dos gases da
carbonização e isso está diretamente relacionado a eficiência do processo, sincronismo
dos fornos, número de fornos interligados, dentre outros. Vale salientar que a energia
térmica (calor) gerada no processo pode ser utilizada para secagem da madeira, geração
de energia, dentre outras aplicações que demandam energia.

6)     A mesma matéria fala, no final, de unidades demonstrativas que seriam instaladas em
várias cidades. O objetivo é demonstrar o projeto? Já estão em funcionamento?
 

R.: Sim, o objetivo é formar multiplicadores. O principal ganho do projeto é a difusão da


tecnologia entre os pequenos e médios produtores, e principalmente produtores que
acreditem na tecnologia e incentivem localmente a instalação de unidades do Sistema
Fornos-Fornalha. Conforme já mencionado, já foram construídas várias unidades e com os
treinamentos e capacitações realizadas pelos profissionais do lapem, além de todo material
didático distribuídos (vídeos e cartilhas) de como construir e operar o sistema, há vários
relatos de produtores já instalando o nosso sistema.  Acreditamos que o novo Edital do
Pnud/projeto siderurgia sustentável que o sistema chegará em regiões do estado que ainda
não conheciam a tecnologia desenvolvida aqui na UFV, pois há previsão de instalação de
quase 50 novas unidades.

7)     Quem mais participa da iniciativa? Há estudantes envolvidos?

R.: Esta iniciativa é composta por muitos órgãos públicos e empresas privadas, onde
podemos citar a EMATER/MG e o SENAR/MG como principais parceiros, visto a
proximidade com o homem do campo e os produtores de carvão vegetal. Empresas como
Vallourec, ASIFLOR, APERAM e ArcelorMittal tem sido parceiras na adoção desta
tecnologia e principalmente no uso do carvão vegetal produzido com tecnologias de baixa
emissão de gases de efeito estufa. Além disso, no ambiente acadêmico, muitos estudantes
da UFV têm contribuído para o desenvolvimento e melhoria deste projeto, participando de
treinamentos de construção, operação e até mesmo na parte de extensão do projeto.
Várias monografias, teses e dissertações já foram desenvolvidas no tema, com grande
envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação.

8)     Há algo mais que considere relevante mencionar?

R.: Esse sistema vem de encontro a DN 227 – Deliberação normativa do Estado de Minas
Gerais que trata das emissões atmosféricas na produção de carvão vegetal, pois tanto as
boas práticas quanto a adoção de tecnologias para redução das emissões que trata essa
deliberação são contempladas neste sistema fornos-fornalhas proposto.

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