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FIGURINO EMODA FIAPOS, RETALHOS (E SO} ENTRE CALGUNS POSSIVEIS “FIAPOS” E “RETALHOS” NA TRAMA DA MODA CONTEMPORANEA Inicalmente na historia do vestudrio ndo se falava em moda, ois vestir-se envolvia png Dosko inicialestabelecida pela ciilizacdo, em que a indumentaris ee utiizada por dot Para proteger ou adornar os cops Mesmo assim, js spresentave alguns cédigos rod nls aue 9 “vestive”e inclu atitudes e comportamentos que otencializardo os modos de ser de cada um, 170 | Diirio we Pesqusndores:Tajede Cena de vida dos sujeitos. Ou seja, da mesma forma que se articula a compos! cena, falar sobre moda & muito mais abrangente do que falar sobre roupas, érefletir so- bre como os comportamentos dos individuas se constituem, se engendram e se refletem numa determinada estética, materializada através da roupa, representando determinada cultura."0 vestuario proporciona o exercicio da moda, e esta atua no campo imaginario, dos significantes; é parte integrante da cultura” (SANTANNA, 2008, p. 75), Nesse caso, a 4 roupa sozinha nao pode ser considerada um instrumento ritual, mas somade aos demais ‘elementos que a compoem é capaz de produzir discursos que podem comunicar © ex- pressar sentimentos, emogdes e estados de espirito de forma semelhante 20 figurino, ‘quando incorporado pelo ator, para fazer-se personagem dentro do espetaculo,reforgan- doa comunicago da mensagem objetivada. Entretanto, a moda s6 passou a set reconhecida como um estratificador social no fim da Idade Média e inicio da Idade Moderna, periodo do Renascimento na Europa Ociden- tal. Nessa época tem-se de fato 2 preocupacao com diferenciacao, individualizagao em re- Jago ao coletivo e& sazonalidade. Desse movimento estratificador € que surge sistema de moda, tornando essa industria um grande negécio que sustenta a engrenagem atual (BRAGA, 2006). Esse ‘sistema da mode’, sistema de valores que absorve e reflete todos Os aspectos socias, politicos, econémicos e culturais da sociedade capitalista, auxilia no con- sumo de massa e na constituig3o dos comportamentos dos sujeitos que utilizam 2 roupa €05 acessérios como objeto de expressao. ‘A moda como linguagem da a idela de que 0 corpo fala através da roupa, da um depoimento pessoal, em que sio apresentados seus desejos, anselos e até mesmo frus- tracdes. A partir dos seus cédigos, ¢ produzido um artficio com o poder de inclu € ex- cluiros sujeltos socialmente, mas também é capaz de produzire dissimular determinada condigéo social. Nesse sentido, o simulacro da moda apresenta também uma “aparente” padronizacao, cujos sentidos, formas de distingao e pertencimento comunicados através dda roupa variam conforme cada individuo, colocando-o numa posigao nem sempre em conformidade com a sua realidade. Com o fim dos cédigos estéveis do vestudrio e o inicio de uma moda muito mais plural, o vestudrio se tornou um indicador menos claro da Identidade de uma pessoat (SVENDSEN, 2010, p. 71). Nesse caso, & possivel inferir que o traje usado como mascara social para reforcar uma identidade agore pode ser usado para proteger ou metamorfo~ sear essa dentidade."Como ritual dirio das escolhas das mascaras desejadas, consumo € prazer estao intrinsecamente associados” (SANTANNA, 2009, p62). ‘Através dessas mltiplas possibilidades de escolha, nas quals imagens e mensagens publicitérias s40 apresentadas para consumo préprio, impulsionando 0 desejo e modifi cando as regras do jogo, inicialmente se utilizavam de artefatos estéticos para apresentar “quem voce &; agora apresentamse possibilldades de quem voce pode ‘vir a ser, Nessa construgéo infinita e quase esquizofrénica da aparéncla, é possivel observar atualmente ‘a divida que permeia a sociedade pos-moderna em que se questiona se de fato 'sabe~ ‘mos quem somos’, quando cada ver mais precisa-se de artificios que apontem caminhos para a construgio de uma autoimagem representacional do corpo-sexy, corpo-saudavel, corpo-moda. Svendsen (2010, p.71) reforga que: Sse pua posi eraecarens nee in ems acoso et coporperombictcnenpeinss | 174 Emborasroupas ndo fomecam mas incicacBes tb lara da Menidade de quem as usa, sind ramos concuses sabre os outs com base nels. Se vemos uma pessoa com taj completo sadomasoqusta, supomos que ela tem preferéncias suis quese situam nesta 4. Ese vemos um homer que parce te ssdo de uma gravura de Tom of Finland, ve ‘Mos super que ele & gay. Se vemos um lider polio de unforme militar, deduzimos que

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