Squish
A superfície na câmara (pistão e cabeçote) ficam protegidos do fogo por uma camada
de gás inerte. Esse gás não entra em combustão pois troca calor com a superfície e sua
temperatura é reduzida, criando essa proteção ao material. Quando ocorre a detonação, os
picos de pressão são elevados e acaba removendo essa camada de gás inerte. Assim, o material
do cabeçote e da cabeça do pistão ficam expostos ao fogo, ocasionando remoção de material,
como exemplificado na imagem abaixo.
A detonação, porém, pode ser bem-vinda e proposital em alguns casos, como para
aumentar a eficiência energética em motores de automóveis modernos. A tecnologia atual
permite o gerenciamento e controle da ocorrência da detonação no motor, a fim de uma
combustão mais completa, diminuindo emissões e reduzindo consumo. São as famosas batidas
de pino que escutamos principalmente em situações de baixas rotações e altas cargas no motor.
A solução para este problema é concentrar o máximo de mistura o mais próximo da vela,
de modo que a distância que a frente de chama terá que avançar é menor. Reduzindo a folga do
squish, ou seja, aproximando mais o pistão do cabeçote, a energia cinética dos gases aumenta,
essa maior intensidade dos choques entre as moléculas também favorece ao avanço da frente
de chama.
Então, por que modificar um cabeçote que já possui zona de esmagamento, como as
RD135, DT180, DT200, RD350 e outras? A resposta é: produção em série. Todas as peças têm
uma tolerância de fabricação, uma biela pode ser mais longa que outra em alguns centésimos
por exemplo, o mesmo acontece para um pistão e todos os outros componentes. Como
exemplo, uma folga de squish de 0,8mm poderia ser um grande problema caso fosse substituída
uma biela, pistão e cabeçote e a combinação das tolerâncias diminuíssem essa folga para
0,5mm. Em altas rotações, com a deformação elástica das peças, esta nova folga pode significar
uma catástrofe total do motor. Então, apesar do design da câmara ser propício e ajudar muito
o controle da combustão, as folgas são demasiadamente grandes, para garantir que não haverá
interferência entre o pistão e cabeçote, mesmo com qualquer combinação de tolerâncias e após
vários serviços de aplainamento das superfícies.
Éder Harisson Ferreira Lima
Graduando em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Viçosa
Por esse motivo, em motores nos quais se busca alta performance, o retrabalho da zona
de esmagamento da câmara traz ótimos resultados na confiabilidade e rendimento do mesmo.
O principal parâmetro utilizado na simulação da câmara de combustão é a MSV (máxima
velocidade de squish). Ela é a velocidade da mistura na zona de esmagamento direcionada ao
centro da câmara. É a MSV que determinará o foco principal da preparação do squish (baixa,
média ou alta). Existem valores adequados de MSV para cada situação e ela é variável com a
rotação do motor. Se for adotado um valor alto de MSV em uma rotação média, dificilmente o
motor conseguirá girar muito além da rotação de pico de potência. Assim, o design da câmara
segue o objetivo do motor, se é para subir de giro rapidamente, ou se vai trabalhar em altas
rotações durante um longo tempo, ou ainda terá um uso misto.
A precisão das medições é de suma importância para uma modelagem fiel e uma
simulação eficiente no Software. Preencha a tabela do excel e envie um print juntamente com
fotos do cabeçote.
Com o pistão em PMS (ponto morto superior), preencha a câmara com óleo hidráulico
(atf, direção hidráulica, câmbio automático), até facear o fluído com o primeiro fio de rosca da
vela (cobrindo todo o orifício da vela). O ideal é uso de uma bureta graduada, mas para não ter
que remover o motor do chassi, o uso de seringa com cautela dará uma boa aproximação.
A janela de escape pode ser mensurada de duas maneiras distintas, sendo elas:
duração angular de escape e altura da janela de escape.
A medição da altura pode ser realizada com um paquímetro, medida entre o pistão em
PMI (ponto morto inferior) e o teto da janela de escape.
Éder Harisson Ferreira Lima
Graduando em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Viçosa
3 – Medições do cabeçote
Éder Harisson Ferreira Lima
Graduando em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Viçosa
H1 = Altura medida entre a face do cabeçote e sua parte interna no seu maior diâmetro
Uma medida muito importante é o deck do pistão, que nada mais é do que a altura
entre o pistão em PMS e a superfície superior do cilindro. Se o pistão estiver abaixo do cilindro
a medida é positiva. Caso contrário, ou seja, o pistão suba além do cilindro, a medida é
negativa.
Conferência na montagem