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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA


CURSO DE PSICOLOGIA

ANNA BEATRIZ FIGUERÊDO MENEZES


EDIZANEA OLIVEIRA MOTA SOARES
PEDRO CÉSA de SOUZA FERRIRA

PLANTÃO PSICOLÓGICO: UMA AMPLIAÇÃO DA CLÍNICA NUMA


PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

RIO DE JANEIRO
2020
2

ANNA BEATRIZ FIGUERÊDO MENEZES


EDIZANEA OLIVEIRA MOTA SOARES
PEDRO CÉSA de SOUZA FERRIRA

PLANTÃO PSICOLÓGICO: UMA AMPLIAÇÃO DA CLÍNICA NUMA


PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação
em Psicologia do Centro Universitário
Augusto Motta como requisito parcial
para aprovação na disciplina Seminário
de Pesquisa.

Orientadora: Profª Ms. Ana Paula


Vergara Garcia

RIO DE JANEIRO
2020
3

Anna Beatriz Figuerêdo Menezes, Edizanea Oliveira Mota Soares e Pedro César de
Souza Ferreira.

PLANTÃO PSICOLÓGICO:
AMPLIAÇÃO DA CLÍNICA NUMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação
em Psicologia do Centro Universitário
Augusto Motta como requisito parcial
para aprovação na disciplina Seminário
de Pesquisa.

Aprovado em ______________ de 2020.

_____________________________________________________________
Prof.ª. Ms. ANA PAULA VERGARA GARCIA
UNISUAM

_____________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxx
UNISUAM

_____________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxx
UNISUAM
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RESUMO

FIGUERERÊDO MENEZES, Anna Beatriz; MOTA SOARES, Edizanea;


DE SOUZA FERREIRA, Pedro César. PLANTÃO PSICOLÓGICO: Ampliação da
clínica numa perspectiva psicanalítica. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Psicologia). Centro Universitário Augusto Motta, 2020.

O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica dos temas que


acercam o projeto – relatos de experiência de um plantão psicológico –, onde se
busca compreender seus impactos na vida do público-alvo. O objetivo do projeto é
trazer reflexões acerca da importância do acolhimento e do atendimento pontual,
bem como o que pode ser feito neste tempo de urgência, além de investigar
através da revisão bibliográfica, os desdobramentos desta intervenção e como é
sua práxis.
O interesse filosófico na teoria psicanalítica de Winnicott não apresenta o ser
humano como um objeto da natureza, mas sim como uma pessoa que, para existir,
precisa do cuidado e da atenção de outro ser humano. A assistência e interação
das equipes de psicologia durante todo o processo de tratamento devem ser feitas
a partir de atitudes que permitam ao paciente falar sobre os seus sentimentos,
identificando-se áreas problemáticas, fornecendo informações e esclarecendo suas
percepções. Sobre esses aspectos, o presente estudo buscou refletir sobre o
encontro entre o terapeuta e a pessoa que busca pelo Plantão Psicológico (PP).
Para tanto, foi feita uma síntese sobre o que é um Plantão Psicológico, de modo a
evidenciar que o suporte psicológico oferece uma nova e importante rede social ao
paciente e aos seus. Foi exemplificado, por meio de alguns relatos de casos
atendidos em que o trabalho humanizado do profissional contribui para a melhora
de diversos problemas.

Palavras-chave: Plantão psicológico; Humanização; Psicanálise.


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ABSTRACT

The present work is a bibliographic review of the themes that approach the
project - reports of the experience of a psychological duty -, in which it seeks to
understand its impacts on the life of the target audience. The objective of the project
is to bring reflections on the importance of welcoming and punctual care, as well as
what can be done in this time of urgency, in addition to investigating through the
bibliographic review, the developments of this intervention and how it is its praxis.
The philosophical interest in Winnicott's psychoanalytic theory does not
present the human being as an object of nature, but as a person who, in order to
exist, needs the care and attention of another human being. The assistance and
interaction of the psychology teams throughout the treatment process must be
based on attitudes that allow the patient to talk about their feelings, identifying
problem areas, providing information and clarifying their perceptions. On these
aspects, the present study sought to reflect on the encounter between the therapist
and the person who seeks Psychological Duty (PP). For that, a synthesis was made
about what a Psychological Duty is, in order to show that psychological support
offers a new and important social network to the patient and his / her. It was
exemplified, through some case reports attended in which the professionalized
humanized work contributes to the improvement of several problems.

Keywords: Psychological duty; Humanization; Psychoanalysis.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................9
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................11
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................12
4 REFERÊNCIAS.................................................................................................14

1 INTRODUÇÃO
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O interesse filosófico na teoria psicanalítica de Winnicott não apresenta o ser


humano como um objeto da natureza, mas sim como uma pessoa que, para existir,
precisa do cuidado e da atenção de um outro ser humano. Isso leva-nos a pensar
que a psicanálise de Winnicott não se enquadra mais na estrutura do pensamento
científico-naturalista, que toma o ser humano apenas como mais um objeto da
natureza a ser investigado.
Para Azevedo (2011), é importante reconhecer o papel das emoções,
considerando que as sensações desagradáveis no corpo integram um conteúdo
psicológico. Para esses autores, é necessário compreender os sentimentos do
paciente diante das sensações de dor e ansiedade.
A assistência e interação das equipes de psicologia durante todo o processo
de tratamento devem ser feitas a partir de atitudes que permitam ao paciente falar
sobre os seus sentimentos, identificando-se áreas problemáticas, fornecendo
informações e esclarecendo suas percepções. Devem ajudá-los na busca de
soluções dos problemas relacionados ao tratamento, propiciando cuidados que
privilegiem, dentre outros, os aspectos psicológicos, como a disponibilidade e a
atitude de aceitação (AZEVEDO, 2011).
A humanização é um processo demorado e complexo, ao qual são
envolvidas mudanças comportamentais, que sempre despertam insegurança.
Humanizar, então, supõe troca de saberes, incluindo os dos usuários e sua rede
social, com diálogo entre os profissionais e trabalho em equipe. (CARVALHO et al,
2009).
Os locais ideais para esse tipo de assunto são os hospitais, uma vez que é o
principal de mortes, por vezes com muito sofrimento e dor, e profissionais que se
sentem perdidos sobre como lidar com o fim da vida e a aproximação da morte.
Porém, além dos hospitais, fóruns de discussão de bioética podem ocorrer em
faculdades, escolas e outras instituições de saúde e educação.
A psicologia clínica vem passando por diferentes transformações em
várias dimensões. Segundo Lo Bianco et al. (1994), citados por Carneiro (2010, p.
105) “as atividades que mais caracterizam a psicologia clínica tradicional são o
psicodiagnóstico e a psicoterapia, realizados em consultório particular por
psicólogos autônomos que têm como público alvo pessoas que podem pagar pelo
serviço”. Porém, em oposição a essa práxis, “surgem as tendências emergentes,
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que seriam práticas clínicas que tentam articular o sujeito com o mundo que o
cerca, deixando emergir o social.” (CARNEIRO, 2019, p.106).
O Plantão Psicológico (PP) surge como uma modalidade alternativa para
esse modelo tradicional de se fazer clínica. O primeiro PP que se tem registro no
Brasil foi realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo/USP
no ano de 1969. “O período coincidiu tanto com a necessidade de reconhecimento
da profissão de psicólogo, como com a inserção da Psicologia Humanista no país.”
(CARNEIRO, 2019, p.106).
Segundo Mahfoud (1987, p. 75)
A expressão “plantão” está associada a certo tipo de serviço,
exercido por profissionais que se mantêm à disposição de quaisquer
pessoas que dele necessitem, em períodos de tempo previamente
determinados e ininterruptos. Do ponto de vista da instituição, o
atendimento de plantão pede uma sistematicidade do serviço oferecido.
Do profissional, esse sistema pede uma disponibilidade para se defrontar
com o não planejado e com a possibilidade (nem um pouco remota) de
que o encontro com o cliente seja único. E, ainda, da perspectiva do
cliente significa um ponto de referência, para algum momento de
necessidade.
A prática do PP é comumente realizada em Serviços de Psicologia
Aplicada em Centros Universitários como oferta de um campo de aprendizagem
para estagiários.
Conforme Carneiro (2019, p.107)
Em termos de rotina, é comum o Plantão ocorrer em horários e
dias determinados, previamente divulgados para a população. A pessoa
que procura o atendimento não será submetida a uma entrevista prévia ou
algum tipo de triagem para entrar numa fila de espera, ela será
prontamente atendida.
O plantão psicológico visa o acolhimento do sujeito na urgência de sua
necessidade, ajudando-lhe a lidar com seu sofrimento. “Não dá ênfase à
sintomatologia do sujeito, mas sim às suas potencialidades, sua experiência como
um todo, levando em conta seus variados contextos.” (DAHER et al., 2017)
Destina-se ao suporte de pessoas que procuram o serviço de maneira
espontânea ou por encaminhamento de serviços parceiros, em busca de auxílio
para questões de caráter psicológico.
9

No bojo dessas informações, o estudo apresenta como principal objetivo


discutir sobre o encontro entre o psicólogo e a pessoa que busca pelo Plantão
Psicológico.
Será apresentado como tema principal o manejo das angústias e o auxílio do
plantão psicológico, de modo a ressaltar a teoria do amadurecimento pessoal de
Winnicott.
Justifica-se a opção por este tema, visto que se acredita que o plantão
psicológico é uma prática clínica da contemporaneidade, entendendo-se como
sendo a intervenção mais adequada para atender demandas urgentes.
A humanização e a empatia são essenciais para um bom atendimento, por
saber lidar com o que o paciente está passando, porém, é possível nos
depararmos, por vezes, com a falta de humanização nas atividades que se
relacionam ao trabalho.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013), acolher é dar acolhida,


admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito, agasalhar, receber, atender, admitir. O
acolhimento expressa uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto
de”, ou seja, uma atitude de inclusão, de estar em relação com algo ou alguém.
No Brasil, algumas normas foram subsidiando e estimulando a criação e
implementação de serviços que prestam esse tipo de cuidados. Dentre elas, pode-
se citar a Portaria nº 19 de 03 de janeiro de 2002, que amplia a inserção de
Cuidados Humanizados, instituindo no âmbito do Sistema Único de Saúde, o
Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, dispondo no art.1º,
item b a afirmação: "estimular a organização de serviços de saúde multidisciplinar
para a assistência a pacientes com dor e que necessitam de Cuidados Paliativos”
(BALIZA et al., 2012).
A Teoria do Cuidado Humano desenvolvida por Jean Watson surgiu entre
1975 e 1979, período em que lecionava na Universidade do Colorado emergiu do
resultado dos estudos realizados pela autora, no decorrer do Doutorado em Clínica
e Psicologia Social (WATSON, 2007).
Tal teoria está centrada no conceito de cuidado e em pressupostos
fenomenológicos existenciais, que traz o olhar para além do corpo físico. É a
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abertura e atenção aos mistérios espirituais e dimensões existenciais da vida e da


morte; cuidado da sua própria alma e do ser que está sendo cuidado (WATSON,
2006). A autora afirma que sua teoria tanto é ciência como arte, e busca na inter-
relação de conceitos, uma ciência humana própria da enfermagem, que evolui por
meio da interação enfermeiro e cliente, visando ao cuidado terapêutico.
Para Azevedo e Santos (2011), é importante reconhecer o papel das
emoções, considerando que as sensações desagradáveis no corpo integram um
conteúdo psicológico. Para esses autores, é necessário compreender os
sentimentos do paciente diante das sensações de dor e ansiedade.
A assistência e interação do profissional de psicologia durante todo o
processo de cuidados devem ser feitas a partir de atitudes que permitam ao
paciente falar sobre os seus sentimentos, identificando-se áreas problemáticas,
fornecendo informações e esclarecendo suas percepções. (AZEVEDO; SANTOS,
2011).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A possibilidade de questionamento e compreensão da realidade, proporciona


angústia, pois subjacente a esse medo, está a questão de se deparar com os
próprios sentimentos, talvez de ódio, de revolta, mas, principalmente, de um vazio
causado pelo medo.
A pessoa que procura pelos plantões psicológicos, geralmente está aflita,
angustiada e em sofrimento devido às angústias existenciais.
Logo, compete ao psicólogo plantonista estar disponível ao que lhe é
apresentado, oferecendo escuta atenta, interessada e empática, procurando o que
está encoberto na fala, buscando lado a lado ao outro um modo de ser autêntico,
aberto às novas possibilidades e às novas descobertas.
O Plantão Psicológico pode proporcionar uma aprendizagem significativa
para a futura atuação do estudante de Psicologia, segundo Carneiro (2019, p.114),
“por possibilitar uma ampliação do olhar clínico, ao permitir a vivência do inusitado,
do atendimento único, o que se constitui um desafio constante que precisa ser
enfrentado.”
Embora a ferramenta PP não seja nova, é importante ofertar o
esclarecimento acerca de sua prática. É preciso ter enfoque na divulgação do
11

trabalho do Plantão para que seu objetivo seja alcançado.


Conforme Carneiro (2019, p. 115)
Desde sua criação, o Plantão Psicológico vem sendo
tematizado e transformado, mas sempre desconstruindo a noção de
psicologia clínica condizente com uma concepção tradicional do processo
saúde-adoecimento e assumindo uma postura ética diante daquele que
pede atenção, na perspectiva do cuidado da singularidade que se
apresenta.

4 REFERÊNCIAS
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EVANGELISTA, P. Paixão e sentido na clínica fenomenológico-existencial.


Palestra proferida no Espaço Sabina Cultural, Sorocaba/SP, em 20/01/2010.

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2017.
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