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Belo Horizonte
2020
Camila Duarte Lage Santos
Portfólio
Prática Médica na Comunidade
Belo Horizonte
2020
2
MINHA CAPA
3
Sumário
1
INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….5
1.1 MEU PRIMEIRO CONTATO COM A LOUCURA
………………….............6
2
OBJETIVOS .....................................................................................................7
3 OFICINA 1 ...
………………………………………………………………………....8
4 VISITA 1 …………………………………………………………………………....10
5 OFICINA 2
……………………………………………………………………….....12
6 VISITA 2
………………………………………………………………………........13 7
CONCLUSÃO ................................................................................................14
ANEXOS ........................................................................................................15
8
MEMORIAL ....................................................................................................16
9 OFICINA
3 ......................................................................................................17
10 VISITA
3 .......................................................................................................20
11 OFICINA
4 ....................................................................................................22
12 VISITA
4 .......................................................................................................23
13 CONCLUSÃO ..............................................................................................25
ANEXOS .......................................................................................................26
14 OFICINA
5 ....................................................................................................27
15 VISITA
5 .......................................................................................................28
4
16 OFICINA
6 ....................................................................................................30
17 VISITA
6 .......................................................................................................31
18 CONCLUSÃO ..............................................................................................34
ANEXOS .......................................................................................................35
19 OFICINA
7 ....................................................................................................37
20 VISITA
7 .......................................................................................................38
21 OFICINA
8 ....................................................................................................39
22 VISITA
8 .......................................................................................................40
23 CONCLUSÃO ..............................................................................................42
ANEXOS .......................................................................................................43
24 CONCLUSÃO GERAL ................................................................................44
REFERÊNCIAS ............................................................................................45
1. INTRODUÇÃO
6
Todos os dias, Luiz passava pela porta da minha casa com um saco nas
costas catando lixo na rua e pedindo várias coisas para as pessoas, coisas
essas que colocava em seu saco nas costas e ia embora para sua casa,
sempre cantando uma canção que já não me lembro mais, mas lembro que era
sempre a mesma. Na verdade Luiz tinha algum problema mental e todos os
chamavam-o de doido do saco.
2. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Objetivos específicos
7
Sensibilizar e preparar o estudante para o encontro com a loucura
e a criação de redes de Saúde Mental.
Contribuir para a formação de um profissional médico mais
sensível e implicado com as questões da loucura e mais
humanizado em suas atividades.
Possibilitar a realização de gestos profissionais mais coletivos
frente ao (in)suportabilidade encontro com a loucura.
Antecipar e aproximar os estudantes das problemáticas do real
dos serviços substitutivos.
Relacionar-se com os usuários a partir de suas histórias de vida,
sem o prévio reconhecimento do diagnóstico
Conhecer o funcionamento da RAPS.
Conhecer o centro de convivência.
Conhecer o CERSAM/CAPS e seu funcionamento.
Conhecer as residências terapêuticas e seu funcionamento.
8
Logo depois, vemos o destino dessas pessoas na Idade Média: após a
diminuição de indivíduos leprosos, os loucos foram encaminhados para os
mesmos locais de tratamento, e lá compartilhavam tal espaço de exclusão com
enfermos. Sucessivamente, esses locais foram moldados para acomodar
outras vias de “tratamento”, baseando-se nas ideias de trabalho e punição.
Philippe Pinel, considerado pai da psiquiatria, “rompe” o conceito de
algemamento dos loucos, que é o tratamento do louco como um preso através
de amarras em camas e paredes, apesar de desfazer desse sistema de prisão
com uso instrumentos para prender, ao mesmo tempo ele não reprime a
estrutura de internação. Ele defende que os pacientes psiquiátricos estão
englobados na categoria de qualquer outra enfermidade e que seu tratamento
seria uma “adequação ao conceito moral”. Tal tratamento moral seria realizado
pela instituição de pedagogia normalizadora com horários e rotina rígidas,
medicamentação e atividades de trabalho e lazer.
9
regulamentação de direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção de
caráter progressivo das instituições manicomiais do país. A oficina demonstrou
que tal prosperidade não era apenas retórica, mas exequível e possível.
11
seria ter uma matéria tão prática e como seria fazer isso de longe. Chegamos
na aula e fomos acolhidos de forma em que as tão temidas dificuldades forma
diminuídas na minha cabeça. Falamos sobre a rotina do centro de convivência
e fizemos perguntas que tínhamos dúvidas, falamos sobre as oficinas que são
realizadas com os usuários e, conseguimos conhecer melhor sobre o centro de
convivência, as perguntas foram relacionadas a rotina, aos usuários e como
eram tratados. Como primeira pergunta e respectivamente as que mais me
chamaram atenção: 1)Existe alguma separação por faixa etária ou sexo dos
usuários nas atividades desenvolvidas no centro de covivência?; 2) Em relação
aos familiares dos pacientes com insanidade mental há algum tipo de
atendimento ou assistência pela equipe do centro de covivência? 3)Qual é a
periodicidade da avaliação da saúde mental de um usuário? 4)Como eles lidam
com os pacientes que não querem ficar internados lá? 5)Tem os dias
específicos para os usuários irem? Com essas perguntas e outras, a aula foi
sendo direcionada pelo professor, e a gente pode ir conhecendo e usando
nossa imaginação para pensar como seria no centro de convivência.
12
As estratégias de reabilitação psicossocial são entendidas como um
conjunto de práticas que visam promover o protagonismo para o exercício dos
direitos de cidadania de usuários. Isso podemos ver no filme “Nise, O Coração
da Loucura” uma realidade retratando a implementação da ergoterapia ou
terapia ocupacional por uma profissional que discordava da atuação dos
tratamentos clássicos da época.
Em “Nise, O Coração da Loucura”, a história é sobre uma médica
psiquiatra, que se chamava Nise da Silveira, e buscou e lutou até conseguir o
tratamento digno de pessoas com sofrimento mental. Sua metodologia
baseava-se na conversa, convívio com animais e expressividade pelo uso da
arte. Tratava e chamava seus pacientes por “clientes”, por defender a ideia de
que mereciam o melhor tratamento possível. O filme retrata também, a luta das
mulheres para serem ouvidas e respeitadas na época em uma sociedade ainda
mais machista que a atual, e em uma área médica de predomínio masculino.
Nise traz esperança e coragem na vida de pessoas que eram, anteriormente,
oprimidas.
Umas das cenas que mais me marcou no filme foi quando os
funcionários manicômio mataram os cachorros que lá estavam, e um dos
clientes falou para Nise essa frase “se ia tirar por quê deu ?”, essa cena me
deixou muito comovida, pois dava pra ver o quanto eles se apegaram aos
animais e o quanto eles faziam bem para o tratamento dos pacientes. Outra
cena que me chamou bastante atenção, foi a que Rafael, que era um cliente da
casa, estava sujo de fezes e passando ela nas paredes, fazendo um desenho
com ela, e ao invés de Nise chamar sua atenção, ela sentou ao seu lado, o
levou para a sala de confecção de pinturas, onde ele desenvolveu seu talento e
fez pinturas lindas. Deixando nítido o carinho e a dedicação que ela dava aos
seus pacientes os tratando com compaixão e respeito.
Nise me inspirou a ser sempre uma profissional melhor e mais humana,
me fez ver que podemos sempre ter mais empatia com o outro assim como
queríamos que tivéssemos com nos mesmo, e que devemos sempre respeitar
o paciente como um todo e não só focar na doença como o principal no
tratamento.
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Nessa visita tivemos uma entrevista com a Marta, que trabalha no
Centro de Convivência, foi muito esclarecedor, pois ela foi respondendo
algumas perguntas que havíamos feito anteriormente. As perguntas foram
sobre os objetivos do Centro convivência, qual o público, como é seu
funcionamento. O público são pessoas maiores de 18 anos, apesar de já terem
atendido alguns adolescentes. Os centros de convivência possuem equipes de
assistência social com abordagem através de terapeutas ocupacionais e
oficineiros para o acolhimento do usuário e sua inserção no programa. Com
isso são oferecidas diversas atividades terapêuticas como forma de tratamento
e inclusão do paciente no cuidado.
14
hoje um local de promoção de vida e de novas práticas funcionantes e
humanas no campo da saúde mental.
7. CONCLUSÃO
15
com certeza de grande importância, mesmo assim, pode-se observar e
aprender sobre os diferentes âmbitos na história do tratamento da loucura e
sua evolução com o passar dos anos através das aulas, de entrevistas e filmes.
Explorou-se o passado obscuro, com o uso de violência, humilhação e um
sistema moral punitivo, em que prevalecia o encarceramento e reclusão dos
considerados anormais. Foi vista a luta pelo rompimento desse modelo, por
diferentes vias: movimentos sociais, protestos, criação de novas instituições e
estabelecimento de leis que implementaram mudanças concretas.
A partir da Reforma psiquiátrica foi encerrada as abordagens do modelo
de exclusão, de julgamento, de tortura e violência e, atualmente, utilizamos de
um modelo que capacita e considera o paciente psiquiátrico em suas
características interpessoais, cognitivas e artísticas. Desse modo, é possível
visualizar como a saúde mental do Epidemia foi única e de grande importância
para formação de profissionais mais humanos e éticos. Foi perceptível a
importância da abordagem desse aspecto e o aumento de nossa compreensão
sobre a tal dita loucura. Houve o rompimento de estigmas e estereótipos
anteriores e enxergamos a normalidade dentro do considerado espectro de
desvio mental.
ANEXOS
16
Figura 1 e 2: Imagem retirada do filme Nise onde retrata seu olhar humano
sobre seus clientes e a arte como forma de abordagem terapêutica, mostra a
importâncias da residências terapêuticas ou invés dos manicômios que
bloqueiam os dons e as capacidades de interação dos pacientes.
Fonte: prefeitura.pbh.gov.br/noticias/oficinas-de-arte-estimulam-autonomia-de-usuarios-do-servico-de-saude-mental
BLOCO INCONSCIÊNCIA
8. MEMORIAL
17
Meu nome é Camila Duarte Lage Santos, tenho 26 anos, faço
aniversário no dia 09 de fevereiro, nasci em Itabira-MG, mas sempre morei em
Santa Maria de Itabira-MG, pois o hospital de lá é muito pequeno e não realiza
parto cesárea que foi o meu caso, minha mãe mora em Belo Horizonte e meu
pai ainda mora em Santa Maria, pois os dois se divorciaram recentemente, hoje
em dia eu moro na Rua Nestor Soares de Melo, no bairro Palmares com meu
noivo, e vou para a Unifenas de carro, que ganhei há 2 anos.
A cidade em que nasci é pequena, tem apenas uns 15 mil habitantes, e
sempre estudei com a mesma turma desde o pré-primário, pois lá não muda a
turma, já que não tem muitos alunos. Até hoje sou amiga das pessoas que
estudei, apesar de cada um ter ido morar em uma cidade diferente para
estudar. Minha Vó sempre morou do lado da minha casa, sou filha única mas
tenho 3 primas irmãs que sempre moraram do meu lado, mas que hoje em dia
moram a uns 200 km de mim e sinto muito a falta delas.
Meu ensino médio foi muito tranquilo e de muito estudo, terminei o
ensino médio na Escola Estadual Santa Maria, a maioria dos meus colegas de
turma estudavam muito para passar em uma federal e sair de Santa Maria, o
que foi o meu caso, pois sempre quis medicina, porem na época minha família
não tinha condição de pagar, e por isso, infelizmente, na federal só consegui
nota para passar em enfermagem. No ensino médio sempre gostei muito de
todas as matérias menos física e matemática pois tenho dificuldades com
exatas e não me dava bem com a explicação da professora , que foi a mesma
em todo esse período. As matérias que sempre fui melhor foi história, biologia e
química porque além de amar a matéria meus professores eram muito bons.
Para as provas eu sempre estudei um pouco cada dia, mas estudava mesmo o
dia todo anterior para lembrar a matéria.
O relacionamento entre colegas e professores sempre foi boa, as vezes
até enjoávamos uns dos outros pois sempre estudamos juntos. Os professores
eram mais informais, pois nos conheciam desde pequenos e conheciam toda a
nossa família, então quando fazíamos algo de errado, nem precisava chamar
na escola, pois quando encontravam na rua com nossos pais já falavam, por
isso nunca matei aula já que todos da cidade ficavam vigiando. Nos trabalhos
em grupos, sempre fazia com as mesmas pessoas e sempre deu certo. Nessas
18
tarefas, eu tomava a frente e fazia bem antes e a maior parte, para não
precisar apresentar no final. Me formei na UFMG com muito amor pela
profissão, mas com muita dificuldade em aceitar os obstáculos que a
enfermagem enfrenta na valorização
Quanto ao controle dos meus estudos minha mãe sempre foi professora
e me exigia mais de 80% em todas as matérias ou então ficava de castigo. Ela
falava que escola já não era muito boa, então minhas notas tinham que ser a
mais alta possível. Tinha horário para estudar e fazer tarefa, ficava sozinha,
mas minha mãe sempre dava uma olhada no meu caderno para ver se a
realmente estava seguindo as regras. Meu pai já não me cobrava tanto, mas
matemática ele exigia que eu tirasse nota, pois, segundo ele, quem não sabe
contar não consegue nem controlar o que ganha e o que perde. Desde bem
pequena ele me fez decorar toda a tabuada, e me fazia ler livros que ele
também lia para me fazer perguntas depois sobre o assunto.
Escolhi medicina porque sempre gostei de gente, de conversar com
gente, de escutar as pessoas, sempre quis ser psiquiatra. Escolhi a Unifenas
porque além de ser perto da minha casa, uma amiga que faz medicina em
outro estado ama o método PBL e após formar em uma faculdade tradicional,
conclui que esse método me tornaria uma profissional melhor e mais dedicada.
Em meu futuro como medica não tenho uma área escolhida, mas quero lidar
diretamente com o paciente e ser a mais próxima possível, apesar de também
gostar um pouco de cirurgias. Espero que o meu futuro seja brilhante e que eu
possa ajudar e melhorar a vida de muitos pacientes. Sei que a profissão tem
seus defeitos, suas dificuldades, que é muito cansativo, mas é o que amo e
estou disposta a dar o meu melhor.
Logo que entrei no curso o que me deixou mais satisfeita foi o modo
como a faculdade me acolheu, muita explicação, a turma dividida em pequenas
turmas que te proporciona muito mais atenção e liberdade com o professor.
Estou extremamente ansiosa para começar os estágios. A única dúvida e medo
é se vou conseguir me adaptar ao método PBL, pois tem horas que parece
muito cansativo sempre estudar para a aula antes, não estava acostumada,
mas estou me dedicando ao máximo. A primeira impressão do método é que
não vou dar conta, pois parece um mundo de informação, mas também parece
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que quando você se adapta, você aprende muito mais e corre muito mais atrás
de adquirir mais e mais conhecimento.
A primeira semana do curso foi um pouco cansativa, pois foram muitas
explicações de tudo, a gente sempre fica perdido no início, pensando que não
vai conseguir, mas isso sempre passa e conseguimos chegar até o final. Eu
amei na primeira semana conhecer o campus para não ficar perdida, e também
amei a cerimonia do jaleco, me senti acolhida e feliz. A minha primeira
atividade foi no grupo tutorial, onde fizemos uma simulação de como é feito, o
que me agradou muito pois assim aprendemos na pratica como era feito o PBL
e seu passo a passo.
20
experimento comprova as ideias levantadas pelos autores e, ao mesmo tempo,
revela uma defasagem do sistema de saúde ao não dar enfoque ao paciente
de forma única.
Assim, diante do exposto e o que foi ensinado na oficina faço uma
reflexão de que a saúde Mental é o equilíbrio emocional entre o patrimônio
interno e as exigências ou vivências externas. É a capacidade de administrar a
própria vida e as suas emoções dentro de um amplo espectro de variações
sem, contudo, perder o valor do real e do precioso. É ser capaz de ser sujeito
de suas próprias ações sem perder a noção de tempo e espaço. É buscar viver
a vida na sua plenitude máxima, respeitando o legal e o outro. Já doença
mental são os termos perturbação, distúrbio e doença combinam-se aos termos
mental, psíquico e psiquiátrico para descrever qualquer anormalidade,
sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental.
10. VISITA 3
21
silenciamos os loucos através de amarrações físicas e psicológicas e que
devemos escutar mais os ditos loucos, pois todos somos loucos cada um com
sua loucura.
Achei muito interessante ainda, quando o Marcelo Viegas nos convida a
enlouquecer com ele, através dos cubos em que não vemos iguais e sim
vemos cada um à sua maneira, e é como se pensássemos nas nossas vozes
após uma discussão, ou seja, ouvimos vozes o tempo inteiro, temos nossas
loucuras particulares. Há casos em que você pode não está depressivo, mas
está no espectro depressivo e, na contramão dessa ideia, todos que entram
hoje em consultório psiquiátrico sai com uma medicação sem mesmo
necessitar.
Com isso consegui pensar em uma situação que me ocorreu na
separação dos meus pais, há uns 2 anos. Casados há 24 anos decidiram
separar, eu, filha única, estava sofrendo, mas agora vejo que era um
sofrimento comum para uma filha que estava acostumada com o normal ser os
pais juntos. Porém, na época, fui levada pela minha mãe a um psiquiatra
porque ela estava preocupada que eu poderia estar depressiva, mesmo eu
sempre falando que estava bem só estava triste. Depois com isso larguei a
medicação que havia sido passada e estou ótima até hoje. Após essa situação,
posso ver hoje, que devemos olhar a situação como um todo, não tinha como
eu estar feliz nessa situação e a medicação não ia acabar com meu sofrimento
e sim o tempo, a maturidade de aceitar o desafio que estamos passando.
A loucura nem sempre é o que parece, todos somos loucos. O crescente
número de “loucos” as vezes é só uma questão de tristeza, de entender o que
está passando.
A sociedade impõe um normal desde a infância ao em vez de aceitar
que todos são diferentes, e com isso determina quem é louco e quem não é.
Segundo Leandro Karnal, “ser louco é a única possibilidade de ser sadio nesse
mundo doente”. Devemos romper com a normalidade, é importante entender
que o sintoma que nos deixa vivo, com isso devemos fazer as pazes com
nossos sintomas, pois eles nunca iram acabar. Devemos criar um domínio
sobre eles e não eles nos controlarem, quando temos perdas encontramos com
os sintomas e aí devemos procurar ajuda.
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Segundo Michel Foucault quem produz a loucura é o meio social, com
isso refleti através da fala de um paciente que foi: “louco sou eu que escuto
vozes ou você que não escuta ninguém? ” Será que a loucura existe ou será só
um desvio da normalidade que a sociedade impõe? Fico me questionando
sobre o que é a loucura.
Georges Canguilhem (2002, p. 76) afirma que: “o espanto
verdadeiramente vital é a angústia suscitada pela doença". Assim traz que
saúde não é exatamente ausência de doença, e que "as técnicas de
intervenção terapêutica só podem ser secundárias em relação à ciência
fisiológica, na medida em que o patológico só tem realidade provisória por
declinação do normal" (Canguilhem, 2002, p. 42) . Relacionando a oficina
creio que é possível ser um esquizofrênico e viver com saúde dentro dos
parâmetros da doença assim como você pode ser um diabético saudável, e
que mesmo sendo uma pessoa saudável, posso me tornar uma pessoa doente
pois tudo em excesso faz mal, o extremismo faz mal voltamos e com isso
voltamos no início onde ele fala que devemos manter o equilíbrio e ser um
equilibrista nessa vida louca.
Devemos sempre dialogar com as normas, mas respeitar a subjetividade
de cada um e saber que viver é correr risco. Devemos medir o risco para
sobreviver, achar o meio termo é essencial, pois apesar das normas, devemos
enquadrar em cada situação individual. O atual cenário criado e chamado de
“novo normal” não é novo e sim novas normas para sobreviver que podem
modificar daqui uns dias, isso me fez refletir em que médica eu serei, seguir os
protocolos é muito importante desde que ele se encaixe na situação, e se não
encaixar devo me adaptar a outras normas.
23
A bibliografia proposta diz que, mesmo após o conhecimento completo
da história de uma pessoa, não é possível compreender por inteiro todos os
processos que confluem para a formação de um cidadão por isso não devemos
expressar julgamentos quando escutamos uma história. As autoras afirmam
que circunstâncias ocultas ou tidas como irrelevantes sempre estarão
presentes na trajetória de todos e tendem a não ser apresentadas quando
solicitado um relatório sobre o passado íntegro de alguém.
Devemos sempre, para estabelecer vínculo com paciente, mostrar
interesse em conhecer a sua história além da sua doença, na verdade primeiro
que a doença, pois assim ele criara a liberdade de te contar o histórico do
adoecimento. Desse modo, é necessário a construção de uma relação em que
o interlocutor se transforme em sujeito e objeto de pesquisa. O que significa
estar apto a refletir e se imaginar no lugar do outro, pois não é possível
compreender uma situação e um história se eu não me coloco no lugar do
outro (NOGUEIRA, 2017).
Ainda sobre a relação ouvinte e interlocutor, é importante buscar Vicente
de Gaujac (1991), sociológico, que afirma que a história de vida é uma
ferramenta de historicidade. Isso que dizer que, a historicidade torna possível,
para o sujeito da narrativa, trabalhar e lapidar sua vida, reconstruir o que foi
vivido e dar um novo significado, alterando a relação com sua própria história.
Para Vicente, o homem é história: é produzido pela história na medida que sua
vida é constituída tanto por acontecimentos pessoas quanto por elementos
sociais; e é produtor de história, que intervém sobre sua própria história e se
transforma em seu sujeito. Pude ver também através de algumas vivencias na
enfermagem, que sempre que você conta ao paciente uma situação de
vulnerabilidade sua, ele se sente mais confortável para contar o seu problema,
por isso devemos criar estratégias na hora de conversar com paciente.
12. VISITA 4
24
choque que sentia muita dor. Lembrei do relato de outro paciente de um
documentário que dizia que o choque “matava o espírito” já que não violava o
paciente só fisicamente, mas também violava o direito e a autoestima do
paciente.
As histórias dessas pessoas são diferentes, mas se entrelaçam pelo
abandono familiar como sendo o princípio para eles estarem na residência
terapêutica. O descaso familiar é um assunto bastante complicado, já que
essas pessoas sofreram bastante na infância por causa dessa negligência da
família com o paciente. Na vida dessa paciente, por exemplo, logo após o
casamento ela foi internada por 8 anos pelo marido que não conseguiu cuidar
dela, e a família não ajudou e nem se manifestou contra a sua internação. Com
isso o marido teve outra família, mas quando ela saiu da internação, ele
continuava dormindo na casa da paciente para cuidar dela. Ela tinha uma
alucinação com uma mulher que sempre rondava sua casa, quando o professor
foi conhecer sua história viu que era a amante do marido e que não era um
delírio, com isso me veio a reflexão que além da história da paciente
precisamos conhecer a história das pessoas que estão em sua volta, pois de
uma pessoa saem vários contextos.
Com esse relato de vida vejo como é importante as residências
terapêuticas inseridas no âmbito do Sistema de Saúde Único, pois são locais
de moradia destinados a pessoas com transtornos mentais que permaneceram
em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de voltar às suas
famílias de origem, principalmente aqueles afetados pelas internações de
manicômio.
Segundo Canguilhem (2002, p. 69) - "Sempre se admitiu, e atualmente
é uma realidade incontestável, que a medicina existe porque há homens que se
sentem doentes, e não porque existem médicos que os informam de suas
doenças". Podem contribuir significativamente para a inserção dos indivíduos
com transtornos mentais no seio da comunidade, resgatando sua identidade,
além de proporcionar um atendimento mais humanizado e dando oportunidade
a pessoa ser bem cuidado quando a família não tem capacidade ou não tem
vontade.
25
13. CONCLUSÃO
26
ANEXOS
27
BLOCO ABDOME AGUDO
28
suporte social e inserção comunitária; oficinas terapêuticas e visitas
domiciliares.
Após as explicações sobre o funcionamento da rede de saúde mental, o
professor Fred passou uma atividade em que deveríamos associar casos
diferentes para encaminhamentos diferentes, para melhor compreensão de
suas estruturas e assim pudemos entender mais como acontece o fluxo dentro
desse sistema.
15. VISITA 5
29
os profissionais e os equipamentos sociais com o objetivo de um tratamento
individual e adequado. Articulando a todo o momento com outros serviços de
saúde, mas somente com os serviços públicos.
30
Pude refletir em como o Cersam é importante na vida do paciente para a
recuperação da crise, pois o serviço não exclui o paciente sim sempre resgata
o seu tratamento anterior, sendo um serviço longitudinal, o que ajuda também
na adaptação da família, diferente do hospital psiquiátrico que quando o
paciente tem alta a família não está preparada pois não teve uma interação aos
poucos com a família e com história do usuário, ou seja o Cersam não da alta
ele transfere o cuidado aos poucos para a unidade básica. Minas Gerais está
totalmente voltado para a saúde mental através de políticas públicas voltadas
para melhoria e assim possui maior desenvolvimento e maior número de
unidades no estado.
31
moradias, garantindo que todos estejam alimentados, seguros e que seus
anseios sejam respeitados.
Para Lobosque (2001), o movimento nacional da luta antimanicomial é
uma instância política inscrita num processo mais amplo de transformações
sociais, cujo front consiste no combate às formas de exclusão que tomam a
loucura como objeto – front radical, na medida em que estas formas de
exclusão relativas à loucura resumem formas muito poderosas de exclusão
operantes em nossa cultura. Com isso o professor Fred destacou que, embora
levem “terapêutica” no nome, essas casas não oferecem acompanhamento
psiquiátrico e servem como uma forma de liberdade, inserção, convívio social e
promovem o autocuidado do paciente, rompendo com o princípios do
manicômio e desinstitucionalizando esses pacientes e devolvendo a vida e o
direito de viver com respeito e individualidade.
17. VISITA 6
32
como um bebê, mas entendemos que o terapeuta o espera como a
mãe o faz com o filho que nascerá: ela o deseja, ela o nomeia, faz
planos para ele, ela o libidiniza. No entanto, permite que ele nasça e
então, necessariamente, tem que lidar com toda a crueza daquele
corpo que chega e se confronta com seus sonhos. (MIRANDA, 2004
p.4)
33
com pequenos passos nos dias, demanda tempo, paciência e insistência pois
muitas vezes o paciente ainda não está preparado para sair e viver “sozinho”.
Além disso apesar o financiamento vim do governo nem sempre é o suficiente
e assim é preciso custear os outros gastos e é através de receber as famílias a
aposentadoria do paciente, o que acontece é nem sempre a família repassa o
valor total apesar de ser um direito o paciente.
34
18. CONCLUSÃO
35
ANEXOS
FOTO 1
FOTO 2
FOTO 3
36
Fonte: http://mg.caritas.org.br.s174889.gridserver.com/residencia-terapeutica-mocinha-celebra-seu-primeiro-ano-de-vida/
37
BLOCO FEBRE
38
possibilidades para que essas pessoas possam participar da contratualidade
social e estabelecer vínculos”, sendo uma forma válida de inclusão social em
um contexto capitalista.
Considerando tais atributos, conhecemos a Suricato, uma associação de
trabalho e produção solidária, que é gerida de forma horizontal, regida pelos
princípios democráticos da economia solidária e do resgate do sentido do
trabalho na vida humana, com respeito ao ritmo e à singularidade de cada um.
Cada associado vem aprendendo a gerir com a prática, construindo lideranças,
conferindo projeto e captando recursos em uma trajetória desafiadora e
contínua. No início, os associados trabalhavam com o reaproveitamento de
materiais descartados - aparas de jeans, materiais recicláveis em caçamba,
dentre outros - transformando esses resíduos em produtos comercializáveis. As
peças eram vendidas em feiras, contando com a proatividade dos seus
colaboradores e de apoiadores da causa.
O professor Fred mostrou-nos vídeos que explicam a parte gerencial da
instituição e contou-nos sobre o funcionamento da casa (“metade bar, metade
loja de produções artísticas, possuindo apresentações artísticas
periodicamente”). Apesar de estar incluso no programa governamental, a
associação sobrevive, substancialmente, das vendas locais.
Assim foi proposta uma atividade no moodle para pensar como
poderíamos melhorar as vendas na Suricato nessa época de pandemia que
estamos vivendo. Com isso, essa atividade seria paraajudar os usuários a
vender seus produtos de forma remota e, assim, desenvolvi a ideia de usar as
redes sociais, como o Instagram, e, também, com a ajuda do perfil de famosos,
dar aoportunidade para pequenas empresas divulgarem seu trabalho. Por fim,
as vendas seriam feitas por uma loja digital vinculada á essas redes e a
entrega da mercadoria via correio.
20. VISITA 7
Nessa visita tivemos como proposta assistir o filme “Si puó fare”, uma
obra italiana que retrata a Reforma Psiquiátrica e a formação de cooperativas,
os idealizadores possuíam como objetivo resinificar e principalmente, ingressar
os portadores de transtorno mental em uma sociedade real e igualitária,
39
dispondo dos mesmos direitos. Em síntese a todas as oficinas e visitas
ofertadas, percebi a necessidade de pertencimento entregue por essas
pessoas, tendo assim, uma vontade de estarem dentro de núcleos (familiares,
sociais ou cooperativas) que em muitas das vezes são cansativos ou
despercebidos por outras pessoas. Acredito que, todas as discussões e pontos
pautados na disciplina de Prática Médica na Comunidade me fizeram e fazem
querer entender muito mais sobre os pensamentos e vivências de cada um.
A Associação de Trabalho e Produção Solidária (SURICATO) tornou a
capacitação e as vontades dos indivíduos portadores de transtornos mentais
desejos palpáveis e produtivos, ademais, que trouxesse benefícios financeiros,
a fim de incluírem essa parcela significativa na sociedade. Entretanto, ainda
existem agravantes desse processo, tendo assim, inúmeros rebordos
burocráticos que inviabilizam a entrada e garantia de permanência dessas
pessoas no sistema de prestação de serviços (autônomos ou terceirizados).
Através da construção da Suricato, então, surge uma organização gerida
de forma horizontal, regida pelos princípios democráticos da economia solidária
e do resgate do sentido do trabalho na vida humana, com respeito ao ritmo e à
singularidade de cada um. (SURICATO, 2020). Ou seja, a Suricato é,
basicamente, um aparato da RAPS que buscar integrar o portador de doenças
psíquicas no mercado de trabalho, de modo que esse possa trabalhar, sem
correr o risco dessa ação desencadear uma crise psíquica, por pressões ou
gatilhos sociais. Esse dispositivo então, engloba instituições de empregos para
esses indivíduos, possibilitando o trabalho sem a pressão de horas exaustivas
de trabalho, conforme as normas do sistema capitalista.
O nome "Suricato" remete aos animais da África, que são presas fáceis
caso não se organizem. Ou seja, é a prova de que, para que a saúde mental
seja efetiva, é necessário um compartilhamento de responsabilidades sociais,
políticas, econômicas e culturais. Sozinhos, os portadores de sofrimento mental
encontram muitas barreiras e preconceitos, mas, juntos e organizados, se
fortalecem.
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Na oitava oficina cognitiva do semestre, pudemos conhecer um pouco
mais sobre o funcionamento da assistência a dependentes químicos, por meio
da convidada Rossana, a qual é psicóloga e tutora na universidade do
Pernambuco e trabalha a mais de 15 anos, diretamente com esses usuários.
Diante uma conversa aberta com a psicóloga, foi possível conhecer melhor o
trabalho dela direto com os dependentes químicos usuários da rede de atenção
psicossocial e toda sua trajetória no contato com os usuários de drogas e seus
obstáculos superados. Assim “O consumo de drogas deve ser considerado
como genômeno especificamente humano, isto é, um fenômeno cultural: não
há sociedade que não tenha as suas drogas, recorrendo seu uso para
finalidades diferentes em conformidade com o campo de atividades no qual que
se insere”.(Richard Bucher)
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22. VISITA 8
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existia um “pozinho mágico” que servia para as fadas voar. Essas fantasias
remetem aos efeitos que as drogas proporcionam. Logicamente as crianças
não têm capacidade para interpretar dessa forma, mas no meu ver em muitos
momentos as drogas são romantizadas e normalizadas, assim como quando
somos jovens e necessitamos de álcool para sermos aceito no meio social, o
que significa tornar normal, familiar e inteligível a realidade.
A redução de danos portanto, constitui um conjunto de ações públicas
com objetivo de minimizar os prejuízos causados pelo uso de drogas e tem
como princípio fundamentalmente a garantia do direito à liberdade, superando
os limites do individualismo, criando uma convivência democrática entre os
diferentes, pautada nos direitos universais. Assim, essa política desenvolve na
sociedade a consciência ética de reconhecer no outro, ainda que diferente, a
nossa própria humanidade. (Ministério da Saúde, 2001).
23. CONCLUSÃO
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ANEXOS
Essa imagem representa o último dia do PMC ead que foi uma fase muito difícil
de adaptação, de luta, de estresse, mas muito surpreendente também, de
grandes descobertas e novas escolhas. Apesar de não termos ido aos locais,
conseguimos ter ideia e imaginar como seria a PMC presencial, espero que o
próximo ano possa ser diferente, pois o ead desgasta muito a nossa saúde
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mental, apesar de termos passado por isso com maestria, é difícil sair sem
nenhuma dificuldade em todos as disciplinas.
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constante luta dos defensores da reforma psiquiátrica, como a oportunidade de
me alinhar ao lado de tal salvaguarda.
REFERÊNCIAS
ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. V. II.
MIRANDA, L. Projeto Terapêutico Individual: a necessária disponibilidade
para relações humanas. Campinas, Agosto, 2004.
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CANGUILHEM, G. DOENÇA, CURA, SAÚDE. O NORMAL E O PATOLÓGICO
. Rio de janeiro: Forense universitária, 1995. Segunda parte, capítulo IV, p.
144-163.
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