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Universidade José do Rosário Vellano - UNIFENAS BH

Aluna: Camila Duarte Lage Santos

Portfólio de Prática Médica na Comunidade

Belo Horizonte
2020
Camila Duarte Lage Santos

Portfólio
Prática Médica na Comunidade

Trabalho apresentado ao curso de medicina na


estratégia de Prática médica na comunidade do 2º
período da Universidade José do Rosário Vellano -
Unidade Jaraguá na intenção de abordar a
atenção psiquiátrica na cidade de Belo Horizonte.

Orientador: Prof. Enio Rodrigues da Silva

Belo Horizonte
2020
2
MINHA CAPA

Baseei minha capa através da reflexão sobre o meu primeiro contato


com a loucura, com isso vi que quase sempre relacionamos a loucura com
tratamento através de remédios e não relacionamos com a história que existe
por trás da doença, da vida pessoal do paciente, desse modo vejo que o
tratamento deve abordar tanto a medicação quanto a psicológico do indivíduo e
suas necessidades únicas e individuais.

3
Sumário

1
INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….5
1.1 MEU PRIMEIRO CONTATO COM A LOUCURA
………………….............6
2
OBJETIVOS .....................................................................................................7
3 OFICINA 1 ...
………………………………………………………………………....8
4 VISITA 1 …………………………………………………………………………....10
5 OFICINA 2
……………………………………………………………………….....12
6 VISITA 2
………………………………………………………………………........13 7
CONCLUSÃO ................................................................................................14
ANEXOS ........................................................................................................15
8
MEMORIAL ....................................................................................................16
9 OFICINA
3 ......................................................................................................17
10 VISITA
3 .......................................................................................................20
11 OFICINA
4 ....................................................................................................22
12 VISITA
4 .......................................................................................................23
13 CONCLUSÃO ..............................................................................................25
ANEXOS .......................................................................................................26
14 OFICINA
5 ....................................................................................................27
15 VISITA
5 .......................................................................................................28

4
16 OFICINA
6 ....................................................................................................30
17 VISITA
6 .......................................................................................................31
18 CONCLUSÃO ..............................................................................................34
ANEXOS .......................................................................................................35
19 OFICINA
7 ....................................................................................................37
20 VISITA
7 .......................................................................................................38
21 OFICINA
8 ....................................................................................................39
22 VISITA
8 .......................................................................................................40
23 CONCLUSÃO ..............................................................................................42
ANEXOS .......................................................................................................43
24 CONCLUSÃO GERAL ................................................................................44
REFERÊNCIAS ............................................................................................45

1. INTRODUÇÃO

No início desse semestre a estratégia de prática médica na comunidade


me trouxe uma curiosidade e desprendimento de muitos conceitos que tinha
sobre saúde mental, e está me trazendo alguns ensinamentos que considero
muito importantes para mim, tanto como pessoa, como para a profissional que
serei futuramente. O contato com a saúde mental aumentou a minha
compreensão sobre a famosa loucura. Com isso houve também um
rompimento de estigmas e estereótipos anteriores, e enxerguei a normalidade
dentro do considerado espectro de desvio mental. Dessa forma, tenho
entendido de forma mais simples a loucura como um fator que varia de
indivíduo para indivíduo e se deve a condições sociais e culturais, discutidas
nas oficinas e visitas que seguem. Apesar das visitas estarem sendo de forma
online, gerando uma dificuldade na nossa cabeça, elas estão sendo de grande
valia para o meu crescimento como estudante de medicina.
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As etapas curriculares visam ao aprendizado e à aproximação do
conhecimento sobre a saúde mental durante o curso, sendo um conhecimento
construído em espiral assim no segundo período é a prática que enfatiza a
importância de inserir estudantes, desde o início do curso, em situações
concretas de convivência com a loucura, promovendo a experiência do
encontro com o enlouquecimento e as consequências advindas desse encontro
no campo da formação. Com isso, pode-se ver a loucura fora da crise, pra que
tenhamos um primeiro contato leve, que permite conhecermos a doença mas
também a história de vida do paciente além do processo de adoecimento. O
segundo contato é no sétimo período e é realizado do ambulatório de
Matriciamento em Saúde Mental na Rede Básica, onde será feito atendimento
compartilhado. Assim, aprendemos mais o tratamento da doença e também
acolher o paciente.

Finalmente, temos o Internato de Urgência em Saúde Mental que


acontece nos CAPS III, que é onde vemos o paciente em crise e assim com
todo o conhecimento adquirido anteriormente já estaremos preparados para
recebê-los e prestar um atendimento humano, respeita a individualidade e a
necessidade de cada paciente. Essas três etapas ocorrem decorrente de uma
intensa inter-relação da faculdade com a Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS)/BH.

1.1 MEU PRIMEIRO CONTATO COM A LOUCURA: “O HOMEM DO SACO”

Ao receber as instruções da nova estrutura do portfólio,


instantaneamente soube qual aspecto abordar na categoria “Meu Primeiro
Contato com a Loucura”, resgatando uma lembrança muito nítida dos tempos
de infância, quando era pequena morava em uma cidade pequena, chamada
Santa Maria de Itabira, que todos eram conhecidos por todos, e sempre tinha
aquela velha história de que se a gente não se comportasse o homem do saco
ia passar e levar a gente embora, e nunca mais íamos ver nossos pais. Essa é
uma história de muitas cidades, só que a diferença é que na minha realmente
havia o homem do saco real, seu nome era Luiz de “Luiz de Luiz Alves” como
todos os conheciam.

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Todos os dias, Luiz passava pela porta da minha casa com um saco nas
costas catando lixo na rua e pedindo várias coisas para as pessoas, coisas
essas que colocava em seu saco nas costas e ia embora para sua casa,
sempre cantando uma canção que já não me lembro mais, mas lembro que era
sempre a mesma. Na verdade Luiz tinha algum problema mental e todos os
chamavam-o de doido do saco.

Quando fui crescendo vi que Luiz na verdade era um doce de menino


em corpo de homem, que não havia crescido na mentalidade e com toda sua
dificuldade cuidou da sua mãe idosa sozinha. Luiz faleceu no ano passado,
mas sempre vou me lembrar dele, principalmente porque Luiz recebeu uma
herança pouco tempo antes de morrer, e doou toda para outras pessoas,
mesmo sendo tendo dificuldade financeira e pedindo coisas para os outros na
rua. Luiz que era taxado de doido, mas na verdade era bondoso, humilde e
empático com os outros.

Nessa história, pude observar os aspectos comportamentais e


interpessoais da loucura e mesmo com um quadro psiquiátrico mais simples,
pude ver como um indivíduo considerado destoante da sociedade pode ser
integrado facilmente em nosso cotidiano. No momento em que me recordei
dessa experiência, compreendi de forma mais clara os intuitos e os aspectos
abordados da Prática Médica na Comunidade, de como sempre reconhecer por
trás da doença, a história do ser humano que está ali.

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Trabalhar aspectos relacionados à Saúde Mental, dentro do contexto da


Atenção Primária à saúde e a partir dos princípios de Reforma Psiquiátrica e
Luta Antimanicomial, visando estabelecer uma conexão com a formação em
Medicina, assim promovendo o encontro do estudante de medicina com a
loucura e o conhecimento da saúde mental com olhos humanos e empáticos.

Objetivos específicos

7
 Sensibilizar e preparar o estudante para o encontro com a loucura
e a criação de redes de Saúde Mental.
 Contribuir para a formação de um profissional médico mais
sensível e implicado com as questões da loucura e mais
humanizado em suas atividades.
 Possibilitar a realização de gestos profissionais mais coletivos
frente ao (in)suportabilidade encontro com a loucura.
 Antecipar e aproximar os estudantes das problemáticas do real
dos serviços substitutivos.
 Relacionar-se com os usuários a partir de suas histórias de vida,
sem o prévio reconhecimento do diagnóstico
 Conhecer o funcionamento da RAPS.
 Conhecer o centro de convivência.
 Conhecer o CERSAM/CAPS e seu funcionamento.
 Conhecer as residências terapêuticas e seu funcionamento.

3. OFICINA COGNITIVA 1 - A REFORMA DA ASSISTÊNCIA


PSIQUIÁTRICA

A Reforma psiquiátrica e a representação social do louco foram os


temas abordados pela primeira oficina de Prática Médica na Comunidade. As
propostas de assistência que articulam ao movimento da Reforma Psiquiátrica
têm sido de grande relevância para o tratamento para as pessoas taxadas de
loucas anteriormente. Assim, todos aqueles que apresentavam comportamento
diferente do considerado “normal” e vícios, como o alcoolismo, eram
extraditados em navios no passado.

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Logo depois, vemos o destino dessas pessoas na Idade Média: após a
diminuição de indivíduos leprosos, os loucos foram encaminhados para os
mesmos locais de tratamento, e lá compartilhavam tal espaço de exclusão com
enfermos. Sucessivamente, esses locais foram moldados para acomodar
outras vias de “tratamento”, baseando-se nas ideias de trabalho e punição.
Philippe Pinel, considerado pai da psiquiatria, “rompe” o conceito de
algemamento dos loucos, que é o tratamento do louco como um preso através
de amarras em camas e paredes, apesar de desfazer desse sistema de prisão
com uso instrumentos para prender, ao mesmo tempo ele não reprime a
estrutura de internação. Ele defende que os pacientes psiquiátricos estão
englobados na categoria de qualquer outra enfermidade e que seu tratamento
seria uma “adequação ao conceito moral”. Tal tratamento moral seria realizado
pela instituição de pedagogia normalizadora com horários e rotina rígidas,
medicamentação e atividades de trabalho e lazer.

O trabalho de “alienação mental” de Pinel ainda incluía tratamentos


punitivos, como banhos de água fria e utilização de camisas de força, não
rompendo com o estigma de internamento No Brasil, houve a retirada dos
loucos do âmbito social ao interná-los em Santas Casas e redirecioná-los às
prisões públicas. Em 1852, foi aberto o primeiro hospício em território nacional,
o Hospício de Pedro II. De acordo com o relatório O Hospício de Pedro II e os
alienados no Brasil (1875), Philippe-Marius Rey, médico francês, descreve que
“os paralíticos, agitados, epiléticos e idiotas ficavam no piso térreo” e que suas
celas eram “absolutamente primitivas e lembram muito a época tenebrosa da
história dos asilos”. Com a normalização global de exclusão de indivíduos
considerados fora do padrão em um recorte social, ocorre a intensificação no
número de internações.

Inspirado por Franco Basaglia, é realizado o Movimento dos


Trabalhadores de Saúde Mental, em 1978, identificado como o de início efetivo
do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país.
Revela-se a ruptura dos antigos paradigmas pela violência manicomial e
capitalização da loucura. No final da década de 80, alguns manicômios
encerram seus funcionamentos e são abertos os primeiros Centros de Atenção
Psicossocial. Em 1989, cria-se a Lei Paulo Delgado, propondo a

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regulamentação de direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção de
caráter progressivo das instituições manicomiais do país. A oficina demonstrou
que tal prosperidade não era apenas retórica, mas exequível e possível.

Segundo Foucault (2009) “Confiar o louco aos marinheiros é com


certeza evitar que ele ficasse vagando indefinidamente entre os muros da
cidade, é ter a certeza de que ele irá para longe, é torna-lo prisioneiro de sua
própria partida”. Assim os loucos eram criaturas que não estavam ligadas a
saúde pública, e assim deveriam limpar a cidade de suas impurezas para que
os outros cidadãos ficassem livres e seguros contra a doença, também
acreditava-se que que o louco era alguém que não acreditava nas leis divinas e
eram ligados ao mal. Assim por essas crenças as cidades proibiam o acesso
dessas pessoas a igrejas e ao convívio social, mas não os negavam alguns
sacramentos, o que me faz refletir em como as atitudes eram equivocadas pois
se não eram considerados cristão como eram permitidos a receber a
comunhão, acho que no caso era mais uma exclusão social por preconceito
trajado de falta de fé dos loucos.

(...) nestas instituições também vem-se misturar, muitas vezes não


sem conflitos, os velhos privilégios da Igreja na assistência aos
pobres e nos ritos da hospitalidade, e a preocupação burguesa de pôr
em ordem o mundo da miséria; o desejo de ajudar e a necessidade
de reprimir; o dever de caridade e a vontade de punir; toda uma
prática equivocada cujo sentido é necessário isolar, sentido
simbolizado sem dúvida por esses leprosários, vazios desde a
renascença mas repentinamente, reativados no século XVII e que
foram rearmados com obscuros poderes. (FOUCAULT, 2009 p. 53)

A Política Nacional de Saúde Mental busca consolidar um modelo de


atenção aberto e de base comunitária, com superação do modelo asilar. Tendo
como proposta a garantia da livre circulação das pessoas com problemas
mentais pelos serviços, pela comunidade e pela cidade. A partir da luta
antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica Brasileira, os Centros de Atenção
Psicossocial são como um dos serviços substitutivos propostos pela Reforma.

Segundo PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011 a Rede


de Atenção Psicossocial (RAPS) estabelece os pontos de atenção para o
atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos
do uso de crack, álcool e outras drogas. Essa rede faz parte do Sistema Único
de Saúde (SUS). A Rede é composta dos serviços: Centros de Atenção
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Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros
de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de
atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). Faz parte dessa política
também o programa de Volta para Casa, que oferece bolsas para pacientes
egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos.

Sendo assim função dos CAPS é de prestar atendimento a pessoas


com grave sofrimento psíquico, diminuindo e evitando internações
psiquiátricas, e articular-se com a rede de serviços da comunidade favorecendo
a reinserção delas a este espaço na sociedade.

Através da história da saúde mental e sua evolução pude refletir que o


modelo de Pinel era totalmente sem humanidade e trazia muitos prejuízos aos
pacientes ao invés de ajuda-los apesar de não trata mais os pacientes como
presos, utilizar métodos de punição não é a forma eficaz de tratamento e sim
gera um prejuízo ainda maior ao paciente ao invés de oferecer um tratamento
que evolua seu quadro. E o movimento inspirado em Franco Basaglia trouxe
uma evolução para a sociedade e forma correta, respeitosa e de cuidar
humanamente dos pacientes fazendo com que eles participem do cuidado e
evoluam no tratamento.

4. VISITA 1 – CONHECENDO O CENTRO DE CONVIVÊNCIA DE FORMA


REMOTA

Encontrei-me extremamente ansiosa antes da primeira aula de PMC já


que seria de forma e remota e não iriamos ao Centro de Convivência. Nunca
havia pensado falar de locais como esse e tentei não criar nenhuma
expectativa, para poder ser surpreendida, e não ter nenhum preconceito com
as aulas. As semanas anteriores foram complicadas, com muitos empecilhos
emocionais e dificuldades de conviver com atual cenário que estamos vivendo
e encontrava-me carregando todo esse estresse antes da quarta feira em
questão.

Ao chegarmos na aula nos deparamos com o preceptor, nosso professor


disposto a esclarecer todas as dúvidas que estavam na nossa cabeça de como

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seria ter uma matéria tão prática e como seria fazer isso de longe. Chegamos
na aula e fomos acolhidos de forma em que as tão temidas dificuldades forma
diminuídas na minha cabeça. Falamos sobre a rotina do centro de convivência
e fizemos perguntas que tínhamos dúvidas, falamos sobre as oficinas que são
realizadas com os usuários e, conseguimos conhecer melhor sobre o centro de
convivência, as perguntas foram relacionadas a rotina, aos usuários e como
eram tratados. Como primeira pergunta e respectivamente as que mais me
chamaram atenção: 1)Existe alguma separação por faixa etária ou sexo dos
usuários nas atividades desenvolvidas no centro de covivência?; 2) Em relação
aos familiares dos pacientes com insanidade mental há algum tipo de
atendimento ou assistência pela equipe do centro de covivência? 3)Qual é a
periodicidade da avaliação da saúde mental de um usuário? 4)Como eles lidam
com os pacientes que não querem ficar internados lá? 5)Tem os dias
específicos para os usuários irem? Com essas perguntas e outras, a aula foi
sendo direcionada pelo professor, e a gente pode ir conhecendo e usando
nossa imaginação para pensar como seria no centro de convivência.

Como já sou formada em enfermagem, já tive alguma experiência no


CERSAM nordeste e me ocorreu uma situação parecida com as história
contadas na aula, e que me marcou muito. Ocorreu quando um usuário queria
arrancar meu piersing do nariz e eu fiquei com muito medo, não sabia o que
fazer, qual atitude tomar, mas com os passar dos dias fui vendo que ele só
tinha curiosidade, e que eu deveria conversar e explicar o que era e como
poderia me machucar se ele puxasse. Assim, perdi o medo e fui ficando mais
familiarizada com o lugar, se tornando uma das minhas melhores experiências.
Desde então, não tenho mais preconceitos com a saúde mental, de modo que
sei aceitar a diferença e tentar lidar e enxergar a história da outra pessoa que
está ali por trás da doença. Com esse estágio na enfermagem e, após essa
aula de PMC, meus dias ficaram mais leves e estou tentando entender mais
emoções, os medos e a cabeça de cada pessoa de forma singular.

5. OFICINA COGNITIVA 2 - A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

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As estratégias de reabilitação psicossocial são entendidas como um
conjunto de práticas que visam promover o protagonismo para o exercício dos
direitos de cidadania de usuários. Isso podemos ver no filme “Nise, O Coração
da Loucura” uma realidade retratando a implementação da ergoterapia ou
terapia ocupacional por uma profissional que discordava da atuação dos
tratamentos clássicos da época.
Em “Nise, O Coração da Loucura”, a história é sobre uma médica
psiquiatra, que se chamava Nise da Silveira, e buscou e lutou até conseguir o
tratamento digno de pessoas com sofrimento mental. Sua metodologia
baseava-se na conversa, convívio com animais e expressividade pelo uso da
arte. Tratava e chamava seus pacientes por “clientes”, por defender a ideia de
que mereciam o melhor tratamento possível. O filme retrata também, a luta das
mulheres para serem ouvidas e respeitadas na época em uma sociedade ainda
mais machista que a atual, e em uma área médica de predomínio masculino.
Nise traz esperança e coragem na vida de pessoas que eram, anteriormente,
oprimidas.
Umas das cenas que mais me marcou no filme foi quando os
funcionários manicômio mataram os cachorros que lá estavam, e um dos
clientes falou para Nise essa frase “se ia tirar por quê deu ?”, essa cena me
deixou muito comovida, pois dava pra ver o quanto eles se apegaram aos
animais e o quanto eles faziam bem para o tratamento dos pacientes. Outra
cena que me chamou bastante atenção, foi a que Rafael, que era um cliente da
casa, estava sujo de fezes e passando ela nas paredes, fazendo um desenho
com ela, e ao invés de Nise chamar sua atenção, ela sentou ao seu lado, o
levou para a sala de confecção de pinturas, onde ele desenvolveu seu talento e
fez pinturas lindas. Deixando nítido o carinho e a dedicação que ela dava aos
seus pacientes os tratando com compaixão e respeito.
Nise me inspirou a ser sempre uma profissional melhor e mais humana,
me fez ver que podemos sempre ter mais empatia com o outro assim como
queríamos que tivéssemos com nos mesmo, e que devemos sempre respeitar
o paciente como um todo e não só focar na doença como o principal no
tratamento.

6. VISITA 2- OFICINAS TERAPÊUTICAS

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Nessa visita tivemos uma entrevista com a Marta, que trabalha no
Centro de Convivência, foi muito esclarecedor, pois ela foi respondendo
algumas perguntas que havíamos feito anteriormente. As perguntas foram
sobre os objetivos do Centro convivência, qual o público, como é seu
funcionamento. O público são pessoas maiores de 18 anos, apesar de já terem
atendido alguns adolescentes. Os centros de convivência possuem equipes de
assistência social com abordagem através de terapeutas ocupacionais e
oficineiros para o acolhimento do usuário e sua inserção no programa. Com
isso são oferecidas diversas atividades terapêuticas como forma de tratamento
e inclusão do paciente no cuidado.

Essas atividades são psicoterapia individual ou grupal, oficinas


terapêuticas, atividades de orientação e inclusão das famílias e atividades
comunitárias. São oficinas que podem ser de arte, de dança, de teatro, de
bordado e etc, de acordo com o projeto terapêutico de cada usuário. Estes
podem passar o dia todo na unidade, parte do dia ou vir apenas em alguns
dias. Sua chegada até o Centro de Convivência pode ser por demanda
espontânea ou encaminhamento do CERSAM ou Centro de Saúde. As
necessidades de cada usuário e os projetos terapêuticos, compreendendo as
modalidades de atendimento citadas e os tempos de permanência no serviço,
são decididas pela equipe, em contato com as famílias também, que se reúnem
uma vez por mês no Centro de Convivência com os profissionais para trocar
experiências e dificuldades, as mudanças neste projeto como o tempo de
permanência depende da evolução de cada usuário.

Assim como na Oficina inspirada no filme “Nise”, no centro de


convivência há uma grande valorização da recreação como forma de incentivar
o desenvolvimento individual e coletivo sendo facilmente percebido durante a
entrevista com Marta, o que inclui o usuário no seu cuidado e facilita sua
inserção no meio social. Com certeza essa abordagem já deve ter muitos
casos de superação de preconceitos, de inclusão, e de muitas descobertas de
artistas nas oficinas de artes. Acredito assim que o Centro de convivência seja

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hoje um local de promoção de vida e de novas práticas funcionantes e
humanas no campo da saúde mental.

7. CONCLUSÃO

Nas atividades de Prática Médica na Comunidade e Oficinas durante o


bloco Epidemia, apesar de estar sendo remotamente e isso ser um dificultador
para aprendizagem, pois está no Centro de Convivência vivenciando a rotina é

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com certeza de grande importância, mesmo assim, pode-se observar e
aprender sobre os diferentes âmbitos na história do tratamento da loucura e
sua evolução com o passar dos anos através das aulas, de entrevistas e filmes.
Explorou-se o passado obscuro, com o uso de violência, humilhação e um
sistema moral punitivo, em que prevalecia o encarceramento e reclusão dos
considerados anormais. Foi vista a luta pelo rompimento desse modelo, por
diferentes vias: movimentos sociais, protestos, criação de novas instituições e
estabelecimento de leis que implementaram mudanças concretas.
A partir da Reforma psiquiátrica foi encerrada as abordagens do modelo
de exclusão, de julgamento, de tortura e violência e, atualmente, utilizamos de
um modelo que capacita e considera o paciente psiquiátrico em suas
características interpessoais, cognitivas e artísticas. Desse modo, é possível
visualizar como a saúde mental do Epidemia foi única e de grande importância
para formação de profissionais mais humanos e éticos. Foi perceptível a
importância da abordagem desse aspecto e o aumento de nossa compreensão
sobre a tal dita loucura. Houve o rompimento de estigmas e estereótipos
anteriores e enxergamos a normalidade dentro do considerado espectro de
desvio mental.

ANEXOS

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Figura 1 e 2: Imagem retirada do filme Nise onde retrata seu olhar humano
sobre seus clientes e a arte como forma de abordagem terapêutica, mostra a
importâncias da residências terapêuticas ou invés dos manicômios que
bloqueiam os dons e as capacidades de interação dos pacientes.

Fonte: prefeitura.pbh.gov.br/noticias/oficinas-de-arte-estimulam-autonomia-de-usuarios-do-servico-de-saude-mental

Figura 3: Oficina de arte realizada no CERSAM AD Nordeste em Belo


Horizonte no bairro São Paulo trás a mesma inspiração filme Nice da imagem
acima o incentivo das oficinas e dos pacientes estarem livres para ser o
principal personagem no seu tratamento.

BLOCO INCONSCIÊNCIA
8. MEMORIAL
17
Meu nome é Camila Duarte Lage Santos, tenho 26 anos, faço
aniversário no dia 09 de fevereiro, nasci em Itabira-MG, mas sempre morei em
Santa Maria de Itabira-MG, pois o hospital de lá é muito pequeno e não realiza
parto cesárea que foi o meu caso, minha mãe mora em Belo Horizonte e meu
pai ainda mora em Santa Maria, pois os dois se divorciaram recentemente, hoje
em dia eu moro na Rua Nestor Soares de Melo, no bairro Palmares com meu
noivo, e vou para a Unifenas de carro, que ganhei há 2 anos.
A cidade em que nasci é pequena, tem apenas uns 15 mil habitantes, e
sempre estudei com a mesma turma desde o pré-primário, pois lá não muda a
turma, já que não tem muitos alunos. Até hoje sou amiga das pessoas que
estudei, apesar de cada um ter ido morar em uma cidade diferente para
estudar. Minha Vó sempre morou do lado da minha casa, sou filha única mas
tenho 3 primas irmãs que sempre moraram do meu lado, mas que hoje em dia
moram a uns 200 km de mim e sinto muito a falta delas.
Meu ensino médio foi muito tranquilo e de muito estudo, terminei o
ensino médio na Escola Estadual Santa Maria, a maioria dos meus colegas de
turma estudavam muito para passar em uma federal e sair de Santa Maria, o
que foi o meu caso, pois sempre quis medicina, porem na época minha família
não tinha condição de pagar, e por isso, infelizmente, na federal só consegui
nota para passar em enfermagem. No ensino médio sempre gostei muito de
todas as matérias menos física e matemática pois tenho dificuldades com
exatas e não me dava bem com a explicação da professora , que foi a mesma
em todo esse período. As matérias que sempre fui melhor foi história, biologia e
química porque além de amar a matéria meus professores eram muito bons.
Para as provas eu sempre estudei um pouco cada dia, mas estudava mesmo o
dia todo anterior para lembrar a matéria.
O relacionamento entre colegas e professores sempre foi boa, as vezes
até enjoávamos uns dos outros pois sempre estudamos juntos. Os professores
eram mais informais, pois nos conheciam desde pequenos e conheciam toda a
nossa família, então quando fazíamos algo de errado, nem precisava chamar
na escola, pois quando encontravam na rua com nossos pais já falavam, por
isso nunca matei aula já que todos da cidade ficavam vigiando. Nos trabalhos
em grupos, sempre fazia com as mesmas pessoas e sempre deu certo. Nessas

18
tarefas, eu tomava a frente e fazia bem antes e a maior parte, para não
precisar apresentar no final. Me formei na UFMG com muito amor pela
profissão, mas com muita dificuldade em aceitar os obstáculos que a
enfermagem enfrenta na valorização
Quanto ao controle dos meus estudos minha mãe sempre foi professora
e me exigia mais de 80% em todas as matérias ou então ficava de castigo. Ela
falava que escola já não era muito boa, então minhas notas tinham que ser a
mais alta possível. Tinha horário para estudar e fazer tarefa, ficava sozinha,
mas minha mãe sempre dava uma olhada no meu caderno para ver se a
realmente estava seguindo as regras. Meu pai já não me cobrava tanto, mas
matemática ele exigia que eu tirasse nota, pois, segundo ele, quem não sabe
contar não consegue nem controlar o que ganha e o que perde. Desde bem
pequena ele me fez decorar toda a tabuada, e me fazia ler livros que ele
também lia para me fazer perguntas depois sobre o assunto.
Escolhi medicina porque sempre gostei de gente, de conversar com
gente, de escutar as pessoas, sempre quis ser psiquiatra. Escolhi a Unifenas
porque além de ser perto da minha casa, uma amiga que faz medicina em
outro estado ama o método PBL e após formar em uma faculdade tradicional,
conclui que esse método me tornaria uma profissional melhor e mais dedicada.
Em meu futuro como medica não tenho uma área escolhida, mas quero lidar
diretamente com o paciente e ser a mais próxima possível, apesar de também
gostar um pouco de cirurgias. Espero que o meu futuro seja brilhante e que eu
possa ajudar e melhorar a vida de muitos pacientes. Sei que a profissão tem
seus defeitos, suas dificuldades, que é muito cansativo, mas é o que amo e
estou disposta a dar o meu melhor.
Logo que entrei no curso o que me deixou mais satisfeita foi o modo
como a faculdade me acolheu, muita explicação, a turma dividida em pequenas
turmas que te proporciona muito mais atenção e liberdade com o professor.
Estou extremamente ansiosa para começar os estágios. A única dúvida e medo
é se vou conseguir me adaptar ao método PBL, pois tem horas que parece
muito cansativo sempre estudar para a aula antes, não estava acostumada,
mas estou me dedicando ao máximo. A primeira impressão do método é que
não vou dar conta, pois parece um mundo de informação, mas também parece

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que quando você se adapta, você aprende muito mais e corre muito mais atrás
de adquirir mais e mais conhecimento.
A primeira semana do curso foi um pouco cansativa, pois foram muitas
explicações de tudo, a gente sempre fica perdido no início, pensando que não
vai conseguir, mas isso sempre passa e conseguimos chegar até o final. Eu
amei na primeira semana conhecer o campus para não ficar perdida, e também
amei a cerimonia do jaleco, me senti acolhida e feliz. A minha primeira
atividade foi no grupo tutorial, onde fizemos uma simulação de como é feito, o
que me agradou muito pois assim aprendemos na pratica como era feito o PBL
e seu passo a passo.

9. OFICINA COGNITIVA 3 - O NORMAL E O PATOLÓGICO

Durante os estudos, foi utilizado como referência o livro “O Normal e o


Patológico”, de Georges Canguilhem, que debate a ideia do limite da
normalidade ser impreciso e, por isso, ser indeterminável no coletivo.
Canguilhem traz a discussão de Goldstein, de que um indivíduo não pode ser
avaliado simultaneamente, em várias pessoas ao mesmo tempo. Só podemos
concluir, em diferentes essências e de forma individual, se um paciente tem
sofrimento mental ou não. Sofrimentos divergentes trazem consequências
divergentes em entidades diferentes, e apenas o ser passando por tais
angústias pode determinar o quão perniciosas são.
“O Alienista”, do autor carioca Machado de Assis faz a abordagem desse
conceito ao transcorrer sobre a história do protagonista, Dr. Simão Bacamarte.
O médico psiquiatra determina que haja uma sequência de internações na
cidade de Itaguaí. Ao final da trama, sua definição de desvio de caráter acaba
internando 75% da população local, liberta-os e, por último, o próprio
profissional se interna na instituição manicomial Casa Verde, considerando-se
o único anormal e livre de comportamento errático. A obra comprova os
argumentos instaurados pelo livro de Canguilhem.
Na aula, fomos instruídos ao raciocínio baseado em tais ideais
filosóficos. O maior impacto veio de um vídeo que relata a experiência de um
homem que se integrou ao espaço preenchido pelos considerados “loucos”,
sem que qualquer profissional de saúde identificasse sua “ordinariedade”. Tal

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experimento comprova as ideias levantadas pelos autores e, ao mesmo tempo,
revela uma defasagem do sistema de saúde ao não dar enfoque ao paciente
de forma única.
Assim, diante do exposto e o que foi ensinado na oficina faço uma
reflexão de que a saúde Mental é o equilíbrio emocional entre o patrimônio
interno e as exigências ou vivências externas. É a capacidade de administrar a
própria vida e as suas emoções dentro de um amplo espectro de variações
sem, contudo, perder o valor do real e do precioso. É ser capaz de ser sujeito
de suas próprias ações sem perder a noção de tempo e espaço. É buscar viver
a vida na sua plenitude máxima, respeitando o legal e o outro. Já doença
mental são os termos perturbação, distúrbio e doença combinam-se aos termos
mental, psíquico e psiquiátrico para descrever qualquer anormalidade,
sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental.

10. VISITA 3

Nessa visita começamos com o professor lendo uma carta do paciente


pedindo para ficar melhor, mesmo se para isso precisasse mudar a medicação,
e então introduzimos o do vídeo do Marcelo Veras onde ele começa com a
frase “ a vida não tem equilíbrio tem equilibristas”. Nesse vídeo, ele relata a sua
história pessoal de que era um cirurgião cardíaco e foi parar no hospital
psiquiátrico através de um desencadeamento de uma crise, com isso
desencantou com a cirurgia e foi cursa psiquiatria. Por outro lado, também se
decepcionou com a psiquiatria, pois ela não escutava o louco de uma forma
completa e atenta de forma que escutasse toda a sua história, assim ele foi ser
psicanalista.
Vimos a transformação do louco em uma sombra através das grades do
hospital, como um paciente entra e sai melhor de um hospital com várias
pessoas em crise? Com isso consegui refletir que nem sempre a medicação
sozinha resolve os problemas, mas sim através de uma associação de terapia.
Pensamos sempre que só existe a doença ali na nossa frente e
questionamos a inteligência do louco, ou transformamos em um problema de
saúde, tentando resolver através do desenvolvimento de várias pesquisas para
encontrar o defeito no DNA, para encontrar de onde vem a loucura. Como

21
silenciamos os loucos através de amarrações físicas e psicológicas e que
devemos escutar mais os ditos loucos, pois todos somos loucos cada um com
sua loucura.
Achei muito interessante ainda, quando o Marcelo Viegas nos convida a
enlouquecer com ele, através dos cubos em que não vemos iguais e sim
vemos cada um à sua maneira, e é como se pensássemos nas nossas vozes
após uma discussão, ou seja, ouvimos vozes o tempo inteiro, temos nossas
loucuras particulares. Há casos em que você pode não está depressivo, mas
está no espectro depressivo e, na contramão dessa ideia, todos que entram
hoje em consultório psiquiátrico sai com uma medicação sem mesmo
necessitar.
Com isso consegui pensar em uma situação que me ocorreu na
separação dos meus pais, há uns 2 anos. Casados há 24 anos decidiram
separar, eu, filha única, estava sofrendo, mas agora vejo que era um
sofrimento comum para uma filha que estava acostumada com o normal ser os
pais juntos. Porém, na época, fui levada pela minha mãe a um psiquiatra
porque ela estava preocupada que eu poderia estar depressiva, mesmo eu
sempre falando que estava bem só estava triste. Depois com isso larguei a
medicação que havia sido passada e estou ótima até hoje. Após essa situação,
posso ver hoje, que devemos olhar a situação como um todo, não tinha como
eu estar feliz nessa situação e a medicação não ia acabar com meu sofrimento
e sim o tempo, a maturidade de aceitar o desafio que estamos passando.
A loucura nem sempre é o que parece, todos somos loucos. O crescente
número de “loucos” as vezes é só uma questão de tristeza, de entender o que
está passando.
A sociedade impõe um normal desde a infância ao em vez de aceitar
que todos são diferentes, e com isso determina quem é louco e quem não é.
Segundo Leandro Karnal, “ser louco é a única possibilidade de ser sadio nesse
mundo doente”. Devemos romper com a normalidade, é importante entender
que o sintoma que nos deixa vivo, com isso devemos fazer as pazes com
nossos sintomas, pois eles nunca iram acabar. Devemos criar um domínio
sobre eles e não eles nos controlarem, quando temos perdas encontramos com
os sintomas e aí devemos procurar ajuda.

22
Segundo Michel Foucault quem produz a loucura é o meio social, com
isso refleti através da fala de um paciente que foi: “louco sou eu que escuto
vozes ou você que não escuta ninguém? ” Será que a loucura existe ou será só
um desvio da normalidade que a sociedade impõe? Fico me questionando
sobre o que é a loucura.
Georges Canguilhem (2002, p. 76) afirma que: “o espanto
verdadeiramente vital é a angústia suscitada pela doença". Assim traz que
saúde não é exatamente ausência de doença, e que "as técnicas de
intervenção terapêutica só podem ser secundárias em relação à ciência
fisiológica, na medida em que o patológico só tem realidade provisória por
declinação do normal" (Canguilhem, 2002, p. 42) . Relacionando a oficina
creio que é possível ser um esquizofrênico e viver com saúde dentro dos
parâmetros da doença assim como você pode ser um diabético saudável, e
que mesmo sendo uma pessoa saudável, posso me tornar uma pessoa doente
pois tudo em excesso faz mal, o extremismo faz mal voltamos e com isso
voltamos no início onde ele fala que devemos manter o equilíbrio e ser um
equilibrista nessa vida louca.
Devemos sempre dialogar com as normas, mas respeitar a subjetividade
de cada um e saber que viver é correr risco. Devemos medir o risco para
sobreviver, achar o meio termo é essencial, pois apesar das normas, devemos
enquadrar em cada situação individual. O atual cenário criado e chamado de
“novo normal” não é novo e sim novas normas para sobreviver que podem
modificar daqui uns dias, isso me fez refletir em que médica eu serei, seguir os
protocolos é muito importante desde que ele se encaixe na situação, e se não
encaixar devo me adaptar a outras normas.

11. OFICINA COGNITIVA 4 - HISTÓRIA DE VIDA

Segundo “A Pesquisa de História de Vida”, de Vanessa Andrade de


Barros e Lilian Rocha da Silva, para saber sobre a jornada de uma pessoa,
“pede-se ao sujeito que conte sua história da maneira que lhe é própria, de seu
ponto de vista e, por meio desta história, tentamos compreender o universo do
qual os sujeitos fazem parte”.

23
A bibliografia proposta diz que, mesmo após o conhecimento completo
da história de uma pessoa, não é possível compreender por inteiro todos os
processos que confluem para a formação de um cidadão por isso não devemos
expressar julgamentos quando escutamos uma história. As autoras afirmam
que circunstâncias ocultas ou tidas como irrelevantes sempre estarão
presentes na trajetória de todos e tendem a não ser apresentadas quando
solicitado um relatório sobre o passado íntegro de alguém.
Devemos sempre, para estabelecer vínculo com paciente, mostrar
interesse em conhecer a sua história além da sua doença, na verdade primeiro
que a doença, pois assim ele criara a liberdade de te contar o histórico do
adoecimento. Desse modo, é necessário a construção de uma relação em que
o interlocutor se transforme em sujeito e objeto de pesquisa. O que significa
estar apto a refletir e se imaginar no lugar do outro, pois não é possível
compreender uma situação e um história se eu não me coloco no lugar do
outro (NOGUEIRA, 2017).
Ainda sobre a relação ouvinte e interlocutor, é importante buscar Vicente
de Gaujac (1991), sociológico, que afirma que a história de vida é uma
ferramenta de historicidade. Isso que dizer que, a historicidade torna possível,
para o sujeito da narrativa, trabalhar e lapidar sua vida, reconstruir o que foi
vivido e dar um novo significado, alterando a relação com sua própria história.
Para Vicente, o homem é história: é produzido pela história na medida que sua
vida é constituída tanto por acontecimentos pessoas quanto por elementos
sociais; e é produtor de história, que intervém sobre sua própria história e se
transforma em seu sujeito. Pude ver também através de algumas vivencias na
enfermagem, que sempre que você conta ao paciente uma situação de
vulnerabilidade sua, ele se sente mais confortável para contar o seu problema,
por isso devemos criar estratégias na hora de conversar com paciente.

12. VISITA 4

Durante a visita 4, assistimos um pequeno documentário feito pelo


professor de sua paciente relatando sua história de vida. Ela relata que ficou 8
anos internada logo após seu casamento e que sofreu tortura com injeções e

24
choque que sentia muita dor. Lembrei do relato de outro paciente de um
documentário que dizia que o choque “matava o espírito” já que não violava o
paciente só fisicamente, mas também violava o direito e a autoestima do
paciente.
As histórias dessas pessoas são diferentes, mas se entrelaçam pelo
abandono familiar como sendo o princípio para eles estarem na residência
terapêutica. O descaso familiar é um assunto bastante complicado, já que
essas pessoas sofreram bastante na infância por causa dessa negligência da
família com o paciente. Na vida dessa paciente, por exemplo, logo após o
casamento ela foi internada por 8 anos pelo marido que não conseguiu cuidar
dela, e a família não ajudou e nem se manifestou contra a sua internação. Com
isso o marido teve outra família, mas quando ela saiu da internação, ele
continuava dormindo na casa da paciente para cuidar dela. Ela tinha uma
alucinação com uma mulher que sempre rondava sua casa, quando o professor
foi conhecer sua história viu que era a amante do marido e que não era um
delírio, com isso me veio a reflexão que além da história da paciente
precisamos conhecer a história das pessoas que estão em sua volta, pois de
uma pessoa saem vários contextos.
Com esse relato de vida vejo como é importante as residências
terapêuticas inseridas no âmbito do Sistema de Saúde Único, pois são locais
de moradia destinados a pessoas com transtornos mentais que permaneceram
em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de voltar às suas
famílias de origem, principalmente aqueles afetados pelas internações de
manicômio.
Segundo Canguilhem (2002, p. 69) - "Sempre se admitiu, e atualmente
é uma realidade incontestável, que a medicina existe porque há homens que se
sentem doentes, e não porque existem médicos que os informam de suas
doenças". Podem contribuir significativamente para a inserção dos indivíduos
com transtornos mentais no seio da comunidade, resgatando sua identidade,
além de proporcionar um atendimento mais humanizado e dando oportunidade
a pessoa ser bem cuidado quando a família não tem capacidade ou não tem
vontade.

25
13. CONCLUSÃO

Com o bloco Inconsciência, entramos em contato de forma mais intensa


no aspecto pessoal dos pacientes com enfermidades mentais. Fomos
ensinados a enxergar o próximo como mais do que elementos circunstanciais e
sim enxergar como uma linha do tempo contínua, influenciada por forças
externas e internas, retratada como história de vida. Além disso, levantamos o
debate sobre as divergências entre anomalia mental e normalidade e
concluímos que não há maneira de distinção quanto ao conteúdo e sim, na
medida do possível, com as condições individuais. (CANGUILHEM, 2009).
Dessa maneira, conseguimos evoluir mais um pouco na nossa
caminhada de entendimento sobre saúde mental, na perspectiva de olhar para
o paciente através da doença, de saber que precisamos de ferramentas para a
construção de vinculo para que paciente se sinta à vontade para contar toda
sua história e estabelecermos um tratamento que traga todas as suas
particularidades e progredimos como seres humanos e profissionais médicos.

26
ANEXOS

Primeiro dia na faculdade, o início de um sonho se realizando, que é ser


médica depois de tantos obstáculos mas com uma pequena interrupção pela
pandemia, por isso devemos sempre tentar nos manter em equilíbrio pois os
planos nem sempre saem de acordo com o planejado.

27
BLOCO ABDOME AGUDO

14. OFICINA COGNITIVA 5- REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Durante a Oficina de número 5, pudemos descobrir mais sobre a Rede


de Atenção Psicossocial, ou RAPS, um modelo inovador em atendimento
social. Segundo a portaria 3.008, de 23 de Dezembro de 2011, as RAPS são
constituídas por diferentes níveis de atenção: básica em saúde (ex: Unidade
Básica de Saúde, equipes de consultório na rua, Centros de Convivência),
psicossocial especializada (ex: Centros de Atenção Psicossocial),de urgência e
emergência (ex: SAMU 192, Sala de Estabilização, UPA 24 horas...),residencial
de caráter transitório (ex: Unidade de Recolhimento, Serviços de Atenção em
Regime Residencial), hospitalar (ex: enfermaria especializada em Hospital
Geral, serviço Hospitalar de Referência para Atenção às pessoas com
sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de
crack, álcool e outras drogas), além de reabilitação psicossocial e estratégias
de desinstitucionalização (ex: Serviços Residenciais Terapêuticos).
Entre todos os dispositivos assistenciais disponíveis, destaca-se o CAPS
(ou CERSAM), serviço de Saúde Mental voltado para o tratamento intensivo ou
semi intensivo de portadores de sofrimento mental, presente em grande parte
dos municípios brasileiros. O livro “Atenção em Saúde Mental”, da Secretaria
de Estado da Saúde de Minas Gerais, traz alguns critérios mínimos para sua
definição. Segundo a obra, um CAPS deve funcionar no mínimo entre 8 e 18
horas, em dois turnos, durante os 5 dias úteis da semana (sendo eles CAPS I e
II).Entretanto, o CAPS de tipo 3, obrigatoriamente, oferece atendimento 24
horas por dia, durante todos os dias da semana.
Realizam prioritariamente o atendimento de pacientes com transtornos
severos e persistentes em sua área de atuação. Funcionam independente de
qualquer estrutura hospitalar, com equipes próprias. Podem oferecer
atendimentos individuais e em grupo, atendimento à família; atividades de

28
suporte social e inserção comunitária; oficinas terapêuticas e visitas
domiciliares.
Após as explicações sobre o funcionamento da rede de saúde mental, o
professor Fred passou uma atividade em que deveríamos associar casos
diferentes para encaminhamentos diferentes, para melhor compreensão de
suas estruturas e assim pudemos entender mais como acontece o fluxo dentro
desse sistema.

15. VISITA 5

Iniciamos a visita 5 falando sobre o Caps que significa Centro de


Atenção Psicossocial e assistimos um vídeo de apresentação de um CAPS AD
em Betim onde foi apresentado o local físico para acolher os usuários. Assim
iniciamos um novo vídeo onde ocorre uma entrevista com a gerente do Cersam
Nordeste onde ela esclareceu para que serve, o que é e como funciona assim
explicou primeiro porque em belo horizonte não optou por trocar o nome de
Cersam para Caps, pois o serviço já existia antes da criação do nome pelo
ministério da saúde e também assim o nome do Cersam serve de centro de
referência de saúde mental da cidade e assim o Caps é o mesmo serviço.

Os Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAM), que foram


criados pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte à 11 anos e atualmente são
16 unidades ao todo, e ainda existe diferença de Cersam que são três tipos e
a diferença está relacionado ao tamanho do município, número de habitantes
de atendimento e funcionamento horário de funcionamento, por isso em belo
horizonte todos são de tipo 3, que oferecem atendimento à urgência
psiquiátrica, mantendo suas portas abertas e atendimento 24h com os
usuários que já estão no serviço e já foram acolhidos durante o dia, assim
quando o paciente chega após as 19h as urgências psiquiátricas são atendidas
pelo SUP (serviço de urgência psiquiátrica) que fica situado em um anexo da
Santa Casa, buscando a não internação apesar de alguns casos ocorrer mas
sempre visa não ser um internamento longo. Sendo assim o CERSAM realiza o
apoio ao indivíduo dentro da lógica antimanicomial, com cuidado intensivo
construído caso a caso, envolvendo o portador de transtorno mental, a família,

29
os profissionais e os equipamentos sociais com o objetivo de um tratamento
individual e adequado. Articulando a todo o momento com outros serviços de
saúde, mas somente com os serviços públicos.

Para a prevenção de prejuízos para o paciente com transtorno mental, o


Serviço por possuir portas abertas, na fala da gerente é possível perceber que
já na recepção é possível perceber que o serviço está ali para acolher pois o
paciente ao chegar ao serviço se identifica na portaria, segue para o
atendimento na recepção, onde é localizado seu prontuário e então ele é
encaminhado para o setor de referência (acolhimento, atendimento médico,
técnico de referência que pode ser qualquer profissional de nível superior
geralmente ou o profissional que o paciente se identifica o que acontece em
algumas situações em que o profissional não possui ensino superior, sendo
assim ele é orientado pelo profissional de nível superior para não perder o
vínculo, pois é técnico de referência que define o número vezes que o paciente
vai ao serviço, como será feito o tratamento do usuário, ou seja a lógica de
medico centrada é quebrada no Cersam. O paciente pode chegar ao CERSAM
por demanda espontânea, ou por encaminhamento de centros de saúde,
hospitais e UPAS.

O primeiro atendimento é feito por uma equipe multiprofissional e conta


com médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e
técnicos em enfermagem. O serviço tem objetivo de fornecer um atendimento
de forma continua, quando à passagem de plantão preocupa-se em dar
continuidade ao atendimento anterior como questões não resolvidas, como
usuário passou o dia, foi esclarecido porque o CERSAM é um local de
passagem pois o serviço pretende ajudar o usuário dentro das possibilidades
retomar sua vida pois acredita-se que o isolamento mortifica o indivíduo.

As oficinas no Cersam tem objetivo clínico além da questão de ocupar o


tempo do paciente, ou seja o paciente tem oportunidade de interagir com
outros pacientes e serve como forma de criação de vínculo, com isso no final
do vídeo podemos ver vários depoimentos de pacientes em como mudou a
vida esse atendimento humanizado, em como ele se sentia bem em está
incluído naquele serviço..

30
Pude refletir em como o Cersam é importante na vida do paciente para a
recuperação da crise, pois o serviço não exclui o paciente sim sempre resgata
o seu tratamento anterior, sendo um serviço longitudinal, o que ajuda também
na adaptação da família, diferente do hospital psiquiátrico que quando o
paciente tem alta a família não está preparada pois não teve uma interação aos
poucos com a família e com história do usuário, ou seja o Cersam não da alta
ele transfere o cuidado aos poucos para a unidade básica. Minas Gerais está
totalmente voltado para a saúde mental através de políticas públicas voltadas
para melhoria e assim possui maior desenvolvimento e maior número de
unidades no estado.

16. OFICINA COGNITIVA 6: RESIDÊNCIAS TERAPÊUTICAS

Na Oficina Cognitiva de número 6, conhecemos mais sobre Residências


Terapêuticas, sua história, desenvolvimento e como funcionam. Segundo a
cartilha “Residências Terapêuticas: o que são, para que servem”, do Ministério
da Saúde, tais casas foram instituídas pela Portaria/GM nº 106 de fevereiro de
21 2000, constituindo parte da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde
e estão inseridas no âmbito do Sistema de Saúde Único.
São locais de moradia destinados a pessoas com transtornos mentais
que permaneceram em longas internações psiquiátricas e possuem a
impossibilidade de voltar às suas famílias de origem, principalmente aqueles
afetados pelas internações do manicômio de Barbacena. Podem contribuir
significativamente para a inserção dos indivíduos com transtornos mentais no
seio da comunidade, resgatando sua identidade, além de proporcionar um
atendimento mais humanizado e a busca por promover o autocuidado.
As residências devem receber assistência pelos CAPS ou ambulatórios
especializados em saúde mental, ou, ainda, equipe de saúde da família (com
enfoque em saúde mental) e a UBS que atende as demandas de saúde do dia
a dia que aparecem como nos outros usuários do serviço são acompanhados
pelo agentes de saúde e encaminhados quando necessário ao médico da sua
equipe de saúde família. A equipe técnica deve ser compatível com a
necessidade dos moradores e os cuidadores possuem função essencial nas

31
moradias, garantindo que todos estejam alimentados, seguros e que seus
anseios sejam respeitados.
Para Lobosque (2001), o movimento nacional da luta antimanicomial é
uma instância política inscrita num processo mais amplo de transformações
sociais, cujo front consiste no combate às formas de exclusão que tomam a
loucura como objeto – front radical, na medida em que estas formas de
exclusão relativas à loucura resumem formas muito poderosas de exclusão
operantes em nossa cultura. Com isso o professor Fred destacou que, embora
levem “terapêutica” no nome, essas casas não oferecem acompanhamento
psiquiátrico e servem como uma forma de liberdade, inserção, convívio social e
promovem o autocuidado do paciente, rompendo com o princípios do
manicômio e desinstitucionalizando esses pacientes e devolvendo a vida e o
direito de viver com respeito e individualidade.

17. VISITA 6

Nessa visita vamos falar sobre as Residências Terapêuticas que é o


politica do SUS e o financiamento vem do ministério da saúde para os
municípios e assim o mesmo decide como vai fazer a gestão das casas, pode
ser através de parcerias com ONGS não governamentais que é o caso de belo
horizonte e assim para conhecermos mais sobre as SRT, assistimos uma
entrevista com Jaiara formada em psicologia supervisora de algumas
Residências Terapêuticas de Belo Horizonte a 6 anos, onde ela é referência
técnica de 9 casas a um ano. As residências terapêuticas vieram a partir da
reforma psiquiátrica que fechou os hospitais psiquiátrico e tinha necessidade
de criar essas casas pois muitos pacientes desses hospitais não tinham para
onde ir, já haviam perdido o vínculo social após longas internações, algumas
internações até de 30 anos e isso nos faz refletir será que esse paciente esteve
em crise durante todo esse tempo? Por isso as residências terapêuticas
provaram que não, os pacientes vivem á anos e leva uma vida comum, fazendo
seus afazeres e tarefas cotidianas, como ir em banco, fazer compras.

O projeto de que aqui falamos é um desejo, um desejo de relação e


por isso, um desejo cujo percurso de realização carrega muitos
mistérios. Costumamos comparar a entrada de um paciente na
instituição com o nascimento de um bebê: não tomamos o paciente

32
como um bebê, mas entendemos que o terapeuta o espera como a
mãe o faz com o filho que nascerá: ela o deseja, ela o nomeia, faz
planos para ele, ela o libidiniza. No entanto, permite que ele nasça e
então, necessariamente, tem que lidar com toda a crueza daquele
corpo que chega e se confronta com seus sonhos. (MIRANDA, 2004
p.4)

As residências terapêuticas são divididas em tipo um e dois, assim a tipo


dois precisa de um técnico de enfermagem devido a necessidade dos
pacientes, e ai vem o questionamento como manter um técnico de enfermagem
nas casas sem perde o perfil de casa? Manter os técnicos foi uma imposição
vinda do governo e nem todas as casas necessitam, mas muito dos pacientes
precisam de um cuidado especial devido a pacientes acamados, que se
alimentam por sonda, nesse caso necessitaria de técnico de enfermagem já as
outras como a tipo 1 só necessidade de cuidadora devido a autonomia que os
pacientes possuem.

As casas seguem os padrões de uma casa comum, sendo assim não


possui horários para fazer refeições, nem pra tomar banho, a uma construção
do dia a dia através de uma equipe que atua na casa, no caso são 2
cuidadoras durante o dia e 2 cuidadoras durante a noite, 1 supervisor que pode
ser psicólogo, terapia ocupacional ou enfermagem e assim possui 1 estagiário
que é decidido através da formação do supervisor. A equipe trabalha sempre
buscando a autonomia dos pacientes, estimulando o paciente a se descobrir
como sujeito descobrindo sua individualidade, suas necessidades suas
vontades que só ele sabe, como escolher a própria roupa, pra onde quer ir, se
quer tomar agua, se quer comer, o que gosta de comer e assim por exemplo os
cardápios são feitos através da própria autonomia e negociação, muitas vezes
o paciente acompanha a cuidadora até o supermercado e é feito as escolhas
do que comprar e o que está dentro das condições possíveis.

Segundo Miranda(2004) Ao pensar um projeto terapêutico individual,


pensamos num projeto para alguém que, com as suas divisões subjetivas, se
distingue de todo o resto da humanidade. Assim o trabalho da SRT é uma
desconstrução diária para não voltar aos processos de manicômios, apesar de
não ser uma tarefa fácil pois são quase 10 pessoas em uma casa cada um
com suas particularidades, então essa casa sempre pensa em vivências
anteriores nas suas histórias e buscam sempre a independência do morador

33
com pequenos passos nos dias, demanda tempo, paciência e insistência pois
muitas vezes o paciente ainda não está preparado para sair e viver “sozinho”.
Além disso apesar o financiamento vim do governo nem sempre é o suficiente
e assim é preciso custear os outros gastos e é através de receber as famílias a
aposentadoria do paciente, o que acontece é nem sempre a família repassa o
valor total apesar de ser um direito o paciente.

Através dessa visita pude refletir em como a desinstitucionalização que


foi uma mais desospitalização e a romper com todos os movimentos que foi
causado pela institucionalização através da inclusão do paciente no seu
cuidado diário, ser o dono da sua própria vida, sair e entrar, comer no horário
que tem vontade.  Esse processo com certeza vai além dos muros da
instituição e assim vem romper, com o preconceito que o sociedade criou com
esses pacientes, evitando a segregação e a privação do autocuidado, assim as
CRT devolvem a vida aos pacientes e eles voltam a ser quem nunca deveriam
ter deixado de ser, PESSOAS COMUNS como qualquer outro e nos como
profissionais da saúde devemos ser humanos e atender esses pacientes com
respeito, individualidade e a qualidade do cuidado que merecem.

34
18. CONCLUSÃO

O bloco Abdome Agudo, pudemos presenciar remotamente a realidade


de pacientes com quadros mais graves e daqueles diretamente afetados pelos
horrores do sistema manicomial. Tivemos a honra de ouvir dos professores
novas histórias, diferentes medidas assistencialistas e o as diversas
habilidades médicas requeridas na abordagem psiquiátrica. Dessa forma,
obtivemos uma visão do cenário de saúde mental atual do Brasil e entramos
em contato com outra esfera da Medicina e da humanidade.
Assim é importante ressaltar que o terapeuta deve respeitar o paciente e
saber atender e organizar suas ideias sem invadir a individualidade, a criação
de vínculo é extremamente necessária desde que não ultrapasse os limites da
ética médica, para não atrapalhar o tratamento, assim como trás a citação
abaixo:

Importante salientar, porém, que ao mesmo tempo em que o terapeuta


necessita desejar o paciente, para querer com ele relacionar-se, não
pode fazê-lo com a intensidade tal que impossibilita que ele se
expresse de forma singular, não pode fazê-lo ao modo de uma mãe
histérica que coloca o filho no lugar de seu falo, ou de uma mãe
deprimida que não percebe os encantos e as estranhezas que ele vai
imprimindo no seu modo de ser. Portanto, o profissional tem que estar
disponível não só para aceitar aquela nova pessoa, mas para com ela
se relacionar, com todas as dificuldades que o contato com o diferente
implica. (MIRANDA, 2004 p.4)

35
ANEXOS
FOTO 1

FOTO 2

FOTO 3

36
Fonte: http://mg.caritas.org.br.s174889.gridserver.com/residencia-terapeutica-mocinha-celebra-seu-primeiro-ano-de-vida/

FOTO 1, 2 E 3: Em comemoração a um ano da Residência Terapêutica


Mocinha no bairro Horto em Belo Horizonte podemos ver nessas fotos que a
conquista da liberdade, da nova vida com inserção na sociedade promovida
pela Política de Saúde Mental, traz muitos benefícios para esses usuários, trás
felicidade e devolve a vida antes tomada pela prisão dos manicômios e assim
as SRT possibilitam condições de vida nova onde esses usuários podem
acessar a cidade, exercitar sua cidadania, autonomia e cada dia mais se
reconhecer novamente como sujeitos.

37
BLOCO FEBRE

19. OFICINA COGNITIVA 7- “ECONOMIA SOLIDÁRIA E SAÚDE MENTAL”

Na oficina cognitiva de número 7, fomos apresentados ao conceito de


economia solidária no cenário da saúde mental. Segundo Natane Miranda
Estevam e Mara Marçal Sales, autoras do artigo “Loucos pelo Trabalho: a
Interface entre Economia Solidária e a Saúde Mental”, a prestação de serviços
seria uma forma válida de reinserção de indivíduos que sofrem com transtorno
psíquico. Tal labuta sofreu uma reformulação significativa com o tempo, ao
longo da implantação da reforma psiquiátrica.
Durante o período de âmago manicomial, o trabalho era instituído aos
pacientes como uma forma dos mesmos fornecerem retorno econômico, sendo
explorados e abusados. Como apresentado no documentário “O Holocausto
Brasileiro”, os internados eram requisitados em trabalhos não remunerados
dentro das instalações do Hospital Colônia e também em serviços prestados
para funcionários do hospital.
Ao longo dos anos e da introdução da reforma psiquiátrica, o lavor sai do
enredo de retirada do ócio e da exploração humana e entra na constituição de
autonomia ao doente mental. Essencialmente, “essa alternativa direciona

38
possibilidades para que essas pessoas possam participar da contratualidade
social e estabelecer vínculos”, sendo uma forma válida de inclusão social em
um contexto capitalista.
Considerando tais atributos, conhecemos a Suricato, uma associação de
trabalho e produção solidária, que é gerida de forma horizontal, regida pelos
princípios democráticos da economia solidária e do resgate do sentido do
trabalho na vida humana, com respeito ao ritmo e à singularidade de cada um.
Cada associado vem aprendendo a gerir com a prática, construindo lideranças,
conferindo projeto e captando recursos em uma trajetória desafiadora e
contínua. No início, os associados trabalhavam com o reaproveitamento de
materiais descartados - aparas de jeans, materiais recicláveis em caçamba,
dentre outros - transformando esses resíduos em produtos comercializáveis. As
peças eram vendidas em feiras, contando com a proatividade dos seus
colaboradores e de apoiadores da causa.
O professor Fred mostrou-nos vídeos que explicam a parte gerencial da
instituição e contou-nos sobre o funcionamento da casa (“metade bar, metade
loja de produções artísticas, possuindo apresentações artísticas
periodicamente”). Apesar de estar incluso no programa governamental, a
associação sobrevive, substancialmente, das vendas locais.
Assim foi proposta uma atividade no moodle para pensar como
poderíamos melhorar as vendas na Suricato nessa época de pandemia que
estamos vivendo. Com isso, essa atividade seria paraajudar os usuários a
vender seus produtos de forma remota e, assim, desenvolvi a ideia de usar as
redes sociais, como o Instagram, e, também, com a ajuda do perfil de famosos,
dar aoportunidade para pequenas empresas divulgarem seu trabalho. Por fim,
as vendas seriam feitas por uma loja digital vinculada á essas redes e a
entrega da mercadoria via correio.

20. VISITA 7

Nessa visita tivemos como proposta assistir o filme “Si puó fare”, uma
obra italiana que retrata a Reforma Psiquiátrica e a formação de cooperativas,
os idealizadores possuíam como objetivo resinificar e principalmente, ingressar
os portadores de transtorno mental em uma sociedade real e igualitária,

39
dispondo dos mesmos direitos. Em síntese a todas as oficinas e visitas
ofertadas, percebi a necessidade de pertencimento entregue por essas
pessoas, tendo assim, uma vontade de estarem dentro de núcleos (familiares,
sociais ou cooperativas) que em muitas das vezes são cansativos ou
despercebidos por outras pessoas. Acredito que, todas as discussões e pontos
pautados na disciplina de Prática Médica na Comunidade me fizeram e fazem
querer entender muito mais sobre os pensamentos e vivências de cada um.
A Associação de Trabalho e Produção Solidária (SURICATO) tornou a
capacitação e as vontades dos indivíduos portadores de transtornos mentais
desejos palpáveis e produtivos, ademais, que trouxesse benefícios financeiros,
a fim de incluírem essa parcela significativa na sociedade. Entretanto, ainda
existem agravantes desse processo, tendo assim, inúmeros rebordos
burocráticos que inviabilizam a entrada e garantia de permanência dessas
pessoas no sistema de prestação de serviços (autônomos ou terceirizados).
Através da construção da Suricato, então, surge uma organização gerida
de forma horizontal, regida pelos princípios democráticos da economia solidária
e do resgate do sentido do trabalho na vida humana, com respeito ao ritmo e à
singularidade de cada um. (SURICATO, 2020). Ou seja, a Suricato é,
basicamente, um aparato da RAPS que buscar integrar o portador de doenças
psíquicas no mercado de trabalho, de modo que esse possa trabalhar, sem
correr o risco dessa ação desencadear uma crise psíquica, por pressões ou
gatilhos sociais. Esse dispositivo então, engloba instituições de empregos para
esses indivíduos, possibilitando o trabalho sem a pressão de horas exaustivas
de trabalho, conforme as normas do sistema capitalista.
O nome "Suricato" remete aos animais da África, que são presas fáceis
caso não se organizem. Ou seja, é a prova de que, para que a saúde mental
seja efetiva, é necessário um compartilhamento de responsabilidades sociais,
políticas, econômicas e culturais. Sozinhos, os portadores de sofrimento mental
encontram muitas barreiras e preconceitos, mas, juntos e organizados, se
fortalecem.

21. OFICINA COGNITIVA 8- “ECONOMIA SOLIDÁRIA E SAÚDE MENTAL”

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Na oitava oficina cognitiva do semestre, pudemos conhecer um pouco
mais sobre o funcionamento da assistência a dependentes químicos, por meio
da convidada Rossana, a qual é psicóloga e tutora na universidade do
Pernambuco e trabalha a mais de 15 anos, diretamente com esses usuários.
Diante uma conversa aberta com a psicóloga, foi possível conhecer melhor o
trabalho dela direto com os dependentes químicos usuários da rede de atenção
psicossocial e toda sua trajetória no contato com os usuários de drogas e seus
obstáculos superados. Assim “O consumo de drogas deve ser considerado
como genômeno especificamente humano, isto é, um fenômeno cultural: não
há sociedade que não tenha as suas drogas, recorrendo seu uso para
finalidades diferentes em conformidade com o campo de atividades no qual que
se insere”.(Richard Bucher)

Ademais, ela foi respondendo as perguntas mandadas por nós alunos do


segundo período e, com isso, agregando nosso conhecimento acerca do
assunto tratado. No decorrer das perguntas e das histórias contadas podemos
entender que há inúmeros fatores biológicos, psicológicos e sociais envolvidos
na cultura do consumo, facilitadores do início e da manutenção do uso de
substâncias psicoativas, e assim que desde o inicio da história da humanidade,
o fenômeno do consumo de drogas sempre esteve presente em diferentes
culturas e civilizações por diversas motivações como prazer, apaziguar
angustia, como meio de socialização e até rituais religiosos.
Em suma, tivemos a oportunidade de compreender mais sobre a
realidade profissional e pessoal na esfera da saúde mental do usuário de
entorpecentes e o que mais me surpreendeu foi que para o tratamento de
atenção integral ao paciente que faz uso abusivo de álcool ou de outras drogas
não exige que eles parem de usar drogas de uma vez, e sim é feito uma
abordagem de diminuição de acordo com o que paciente vai suportando. Como
profissionais da saúde devemos sempre incentivar o “Desenvolvimento da
sociedade a consciência ética de reconhecer no outro, ainda que diferente, a
nossa própria humanidade.” (Ministério da Saúde, 2001).

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22. VISITA 8

Na palestra ministrada pela psicóloga Rossana na oficina 8, consegui


concretizar e alinhar alguns pensamentos que possuía sobre a relação
indivíduo-droga. Assim nessa visita já estava mais preparada para a discussão,
penso que em meio a inúmeras vivências pessoais sempre busquei entender
os motivos que propiciavam a iniciação do uso de drogas, sendo citados entre
eles: prazer, diversão, socialização e refúgio. Existe entre todos nós um
estigma vinculado à utilização de substâncias lícitas e ilícitas, principalmente
acerca dos possíveis impactos negativos trazidos para o indivíduo e para as
pessoas envoltas no ciclo social. Entretanto, enxergo isso muito mais como
uma questão social universalizada, a uma questão responsiva aos impactos na
saúde pública.
O envolvimento da maioria das pessoas com a droga inicia-se na fase
da juventude, tendo isso como válvula de escape a inúmeras questões que não
são tratadas abertamente, ou seja, não acredito que a utilização das drogas
seja a causa, mas sim, consequência. Ademais, entendo que exista um
enfoque sobre pessoas marginalizadas (negros pobres e periféricos). Sendo
assim, primeiramente, tendo em vista uma saída resolutiva ou minimizadora de
danos, devem ser analisadas inúmeras outras questões, sendo elas,
segregação social, racismo, concentração de capital, acesso à saúde e
educação, saneamento básico, oferta de emprego, lazer e principalmente,
mudanças na gestão governamental. Mesmo não sendo o enfoque da
discussão, não acredito que seja possível resolver essas questões, sem que
sejam pautadas várias outras. É notório, principalmente no nosso meio
acadêmico, o envolvimento com drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, mas não
se observam essas mesmas pessoas tendo algum impacto/prejuízo,
inversamente, pessoas sem quaisquer condições, superlotam cadeias ou
disponibilizadores de tratamento (AA ou clínicas para dependentes).
No mundo infantil muitos desenhos fazem alusões a drogas, como
exemplo, no desenho de Monteiro Lobato, o Sítio do Pica-pau Amarelo, os
personagens Emília, Pedrinho e Narizinho sempre viajavam para o reino das
águas claras com um pozinho que chamava “Pirlimpimpim”. Esse pó mágico
era usado para telestransportar para diferentes lugares. Em Peter Pan também

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existia um “pozinho mágico” que servia para as fadas voar. Essas fantasias
remetem aos efeitos que as drogas proporcionam. Logicamente as crianças
não têm capacidade para interpretar dessa forma, mas no meu ver em muitos
momentos as drogas são romantizadas e normalizadas, assim como quando
somos jovens e necessitamos de álcool para sermos aceito no meio social, o
que significa tornar normal, familiar e inteligível a realidade.
A redução de danos portanto, constitui um conjunto de ações públicas
com objetivo de minimizar os prejuízos causados pelo uso de drogas e tem
como princípio fundamentalmente a garantia do direito à liberdade, superando
os limites do individualismo, criando uma convivência democrática entre os
diferentes, pautada nos direitos universais. Assim, essa política desenvolve na
sociedade a consciência ética de reconhecer no outro, ainda que diferente, a
nossa própria humanidade. (Ministério da Saúde, 2001).

23. CONCLUSÃO

No bloco Febre, tomamos conhecimento sobre o método de inserção do


portador de sofrimento mental no aspecto capitalista, além das diversas
dificuldades enfrentadas pelo paciente quimicamente dependente.
Indubitavelmente, durante esse bloco, recebemos uma nova visão sobre
pacientes psiquiátricos e dependentes químicos. Reconheço que muitos dos
meus preconceitos foram extinguidos quando considerados as novas visões
sobre o álcool e as drogas, pois muitas vezes pensamos que o paciente bebe e
usa droga por que quer e não por diversos motivos que só ele sabe. Com
certeza me fez mudar muito a minha visão pois agora sei que antes de julgar
devemos ter empatia e pensar o que fez aquela pessoa começar a usar e como
ela chegou no quadro encontrado, devemos como profissionais saber a história
antes de qualquer outra coisa.

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ANEXOS

Essa imagem representa o último dia do PMC ead que foi uma fase muito difícil
de adaptação, de luta, de estresse, mas muito surpreendente também, de
grandes descobertas e novas escolhas. Apesar de não termos ido aos locais,
conseguimos ter ideia e imaginar como seria a PMC presencial, espero que o
próximo ano possa ser diferente, pois o ead desgasta muito a nossa saúde

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mental, apesar de termos passado por isso com maestria, é difícil sair sem
nenhuma dificuldade em todos as disciplinas.

24. CONCLUSÃO GERAL

Com o passar de todos os blocos eu vejo a importância da disciplina de


PMC para a nossa formação, mesmo de forma remota conseguimos tirar muito
conteúdo essencial para um médico, assim posso refletir que em minha
caminhada profissional vou me deparar com muitas situações que não vão se
enquadrar no meu modo de penar, pessoas de uma diversidade cultural,
religiosa, dependentes e loucos. E, portanto, devo ter uma consciência ainda
maior na hora do atendimento, conhecendo sua história de vida, prestando um
cuidado de qualidade, sendo empática e humana.
O pensamento baseado através dessa disciplina é muito importante nos
dias atuais, pois cada vez mais o mundo está mudando e devemos receber
essa mudança com respeito e sem preconceito. Com isso finalizo esse portfólio
agradecendo a oportunidade de me tornar uma pessoa melhor e um
profissional que sabe respeitar a vida do outro como se fosse a sua própria.
Agradeço ao nosso professor Ênio que mudou a minha forma de pensar e
enxergar a loucura de uma forma leve, mas firme e consciente, assim acolho
todos os ensinamos como uma honra poder não apenas saber mais sobre a

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constante luta dos defensores da reforma psiquiátrica, como a oportunidade de
me alinhar ao lado de tal salvaguarda.

REFERÊNCIAS

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Saúdeloucura: experiência da Reforma Psiquiátrica. CAMPOS, F. B;
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MIRANDA, L. Projeto Terapêutico Individual: a necessária disponibilidade
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BARROS, V. A; SILVA, L. ROCHA. A Pesquisa em histórias de Vida.


Psicologia Organizacional e do Trabalho; teoria, pesquisa e temas correlatos.
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FASCÍCULOS FHEMIG. Rumos às oficinas. As oficinas e a Terapia


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FOUCAULT, Michel. História da loucura na Idade Clássica. Tradução de


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psiquiátrica: uma reflexão sobre o controverso conceito e seus possíveis
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HOLOCAUSTO Brasileiro. Direção por Armando Mendz e Daniela Arbex.


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NISE: O Coração da Loucura. Direção de Roberto Berliner. Brasil: 2015. (109


min)

SANFELICE, José Luís. Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no


Brasil.Educação & Sociedade, v. 24, n. 85, p. 1391–1398, 2003.

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