CAPÍTULO I
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— Rose objetou. —- Isso não vale... — Ela parou de falar e corou ao ler o
nome escrito em seu papel.
— O que deu em você? — Con quis saber e antes que Rose respondesse,
tirou o papel de suas mãos. — James Sinclair.
Mal pronunciou o nome, Con olhou para Fábia cuja letra havia
reconhecido.
— Por que não? — Fábia moveu os ombros na defensiva.— Você disse
para escrevermos qualquer nome.
— Sim — Rose concordou. — Uma questão de sorte, como Fábia acabou
de dizer. James Sinclair, afinal, não é apenas o aluno mais bonito, brilhante e
cobiçado da faculdade. Ele também é o capitão da equipe de rugby e está se
formando este ano. Moleza. Não importa que eu tenha apenas até o fim do ano
para transformá-lo em meu escravo. Bastarão alguns dias para eu ter sucesso em
minha empreitada.
Con deu um tapinha no ombro de Rose.
— Calma! Não precisa ficar nervosa. Ninguém a está obrigando a
prosseguir com o jogo. Você pode desistir a hora que quiser.
— Lógico — Fábia concordou cheia de remorso. — Eu estava brincando.
Sorteie outro nome. Com Sinclair, sabemos que não há chance.
— Por que não? — Rose protestou, zangada. — Não acham que sou sexy
o bastante para atrair um homem como ele?
— Não se trata disso — Fábia se apressou a responder. — É que falam por
aí que ele é gay.
— Pura maldade — Con caçoou. — Falam isso porque ele não é do tipo
que vive atrás de conquistas.
Rose suspirou.
— Atrás de nenhuma mulher, você quer dizer.
— Bem, ele não costuma ser visto com ninguém, mas...
— É porque ele se determinou a tirar o diploma primeiro — Rose contou.
— Fui assistir a um jogo de rugby, outro dia, com Ally Farmer. Ela sabe sobre
James Sinclair porque está saindo com outro jogador do time.
Fábia e Con trocaram um olhar.
— Eu havia me esquecido de que você gosta desse esporte — Con
confessou.
— Às vezes, quando vocês saem para fazer compras, eu aproveito para ir
ao estádio e... Por que estão me olhando desse jeito?
— Porque Sinclair, talvez, já a tenha visto em uma dessas ocasiões —
sugeriu Fábia.
— Oh, sim! Ele aproveitou um daqueles instantes em que os adversários
montaram em sua cabeça para olhar para mim e descobrir que tenho lindos olhos
azuis.
Con deu um passo em direção a Rose e segurou-a pelo queixo.
— Isso pode ter acontecido perfeitamente. Seus olhos são imensos e de
um tom raro de azul, quase marinho.
— E verdade — Fábia concordou. — Você deveria valorizá-los. Não
entendo por que nunca os pinta.
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— Quatro!
— Fantástico! — Fábia exclamou. — Imagine sua forma daqui alguns
dias. E ele? Aposto que desta vez reparou em você.
— Como não reparar? Ele passou por mim quatro vezes. Sou uma lesma
em comparação. — Rose se levantou com as mãos apoiadas nos quadris. — Oh,
quem se habilita a me preparar o café enquanto desmaio sob o chuveiro?
No dia seguinte, por ser um sábado, Rose teve permissão para descansar.
Em vez de correr pela manhã, assistiria ao jogo de rugby à tarde.
— E para despistar, nós iremos com você e torceremos para Will
Hargreaves. — Con deu uma piscada. — Não veio a calhar? O titular se
machucou e Will foi escalado para substituí-lo.
Fábia era a favor de Rose se apresentar no estádio com o agasalho e a tira
vermelha amarrada na testa para que James
Sinclair não tivesse dúvidas de que era ela. Con, entretanto, foi totalmente
contra.
— Seria óbvio demais. Rose deve usar outra roupa. Nada de sofisticado, é
claro. Uma roupa qualquer dessas que ela costuma colocar quando vai ao estádio
assistir a um jogo em dias frios. E uma pena que Sinclair não seja jogador de
críquete e que o jogo não esteja acontecendo em um dia de calor. Seria ótimo se
você pudesse mostrar um pouco seus atributos, Rose. Os homens não resistem a
decotes e pernas em evidência.
Em circunstâncias normais, Rose se queixava de sua baixa estatura, mas
naquela tarde ela estava adorando se esconder entre as amigas que eram altas e os
amigos que não paravam de gritar a favor do time adversário.
Ela não perdia James Sinclair de vista nem sequer por um segundo. Estava
torcendo por ele e pensando que fora uma tola em aceitar o desafio. Ou melhor,
em desafiar suas amigas. Elas haviam voltado atrás, afinal.
Como faria para conseguir atrair não só a atenção, mas também o interesse
do aluno mais charmoso e cobiçado da faculdade? Não havia esperança. O
melhor que tinha a fazer era dizer a suas amigas que resolvera desistir.
Ao mesmo tempo que a idéia lhe ocorria, Rose soube que não daria o
braço a torcer. Não sabia como, mas lutaria por James Sinclair e o conquistaria.
— Deixe tudo conosco, Rose. Quando terminarmos de arrumá-la, Sinclair
não terá como não reparar em você — as amigas disseram, como se tivessem lido
seu pensamento.
Fábia e Con enrolaram os cabelos de Rose e a obrigaram a vestir uma
calça jeans abandonada por estar justa demais e um suéter de Con que se
amoldava ao corpo como uma segunda pele. Depois a fizeram sentar diante do
espelho e a maquilaram como se fossem pintoras renascentistas criando uma
obra-prima.
— Não somos verdadeiras artistas? — indagou Fábia, algum tempo
depois, enquanto escovava os cabelos que pareciam azulados de tão pretos.
Rose examinou sua imagem sem disfarçar a surpresa. Delineados em preto
e com sombra lilás nos cantos, seus olhos pareciam maiores e mais brilhantes no
rosto oval. Os lábios, pintados com gloss natural, pareciam mais cheios e
sensuais. Os cabelos nunca lhe pareceram tão compridos.
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CAPÍTULO II
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— Instinto.
— De qualquer modo, eu a levarei até sua porta.
Rose deixou-se acompanhar ainda sem acreditar em sua sorte. Con e Fábia
ficariam abismadas quando ela contasse.
— Fale-me sobre você — ele pediu. — Quantos anos tem?
Por um instante, Rose pensou em mentir, mas algo a fez dizer a verdade.
— Dezoito. Estou cursando Literatura Inglesa, gosto de cinema e corro de
vez em quando para manter a forma. — Ela virou-se e sorriu, provocante. —
Arrependido de ter perguntado?
— Em absoluto — James respondeu e retribuiu o sorriso.
— E você, o que faz? — Ela já sabia que James Sinclair estava cursando
Administração e Economia, mas fingiu desconhecimento. — A essa altura, já
haviam chegado diante do prédio onde Rose morava. — Obrigada por ter se dado
ao trabalho de me trazer. Boa noite. — Ela estendeu a mão alguns minutos
depois. Não podia correr o risco de entediá-lo. Con a alertara para ir aos poucos.
Ele apertou sua mão e demorou a soltá-la.
— Antes, Rose Dryden, quero que prometa que não tornará a andar
sozinha à noite.
— Está bem. Eu prometo.
Ele sorriu.
— Até qualquer dia, então, no estádio. Rose assentiu, incapaz de falar, e
entrou.
Quando Con e Fábia chegaram, mais cedo do que de costume,
encontraram Rose acordada.
— A dor de cabeça melhorou?
— Estou ótima. — Rose se sentou na cama e alongou os braços como uma
gata manhosa.
— Eu também estaria se alguém como Sinclair tivesse comprado
amendoins para mim — disse Fábia.
Con sentou-se na única cadeira que havia no quarto.
— Admita, Rose. Meu plano é genial, não?
— Está funcionando melhor do que você imagina — Rose confessou, em
êxtase.
As amigas arregalaram os olhos ao serem informadas de que James
Sinclair saíra atrás de Rose a fim de acompanhá-la.
— Ele lhe deu um beijo de boa-noite? — Fábia quis saber.
Rose sorriu com ar de ingenuidade.
— Claro que não. Nós nos despedimos com um aperto de mãos.
Con se levantou após as risadas. Sua atitude era de respeito.
— Devo admitir que não acreditava realmente que você conseguiria, Rose.
A imunidade de Sinclair ao sexo oposto é fato conhecido.
Fábia não deu o braço a torcer.
— E nosso trabalho não conta? Como ele poderia ter resistido à
maquilagem deslumbrante que fizemos? E ao seu suéter, Con, que realçou ainda
mais o corpo perfeito de nossa amiguinha? Ele pode ser imune às mulheres
comuns, mas não a Rose.
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— Mas ele me tratou mais como criança do que como mulher — Rose
contou, aborrecida. — Vocês precisavam ouvir o sermão que me passou por estar
andando sozinha pelo campus.
Con não se abalou com o relato.
— Sinclair notou você, lembrou-se de você, ofereceu-lhe uma bebida e
depois a seguiu para garantir sua segurança. Não se preocupe, Rose, com sua
aparência de garotinha. Nunca ouviu falar no poder de sedução das ninfetas?
Em obediência às ordens de Con, Rose não correu no dia seguinte. No
outro, ela já havia iniciado a terceira volta e tentava se conformar com o esforço
em vão quando a figura atlética e familiar surgiu em campo.
Como das outras vezes, eles trocaram um sorriso quando Sinclair a
ultrapassou. Naquela manhã, entretanto, ela abandonou a corrida assim que
completou o circuito, sem esperá-lo, com receio de que suas pernas não
resistissem a seu peso.
No dia seguinte, foi difícil ficar longe do estádio. Algo que Rose jamais
admitiria a Con e a Fábia. A noite, porém, não teve dificuldade em dizer que não
as acompanharia ao costumeiro encontro dos estudantes. Sem James Sinclair, que
nunca comparecia, aquelas reuniões já não a atraíam.
Pela manhã, Rose não precisava mais ser acordada. Às seis e trinta pulava
da cama, vestia o agasalho e saía, de bom grado, para se exercitar. Isto é, para ver
James.
Naquele dia, porém, para sua surpresa, ele havia chegado primeiro, o que
significava que teria, mais uma vez, de fingir que gostava de correr. Assim,
aqueceu os pobres músculos a fim de preveni-los da outra dose de sacrifício que
lhes seria cobrada e deu a partida.
Um sorriso acompanhado de um "oi", prontamente retribuído, fez Rose
sentir-se recompensada. Quanto à velocidade, Ela se manteve firme. Ou seja, não
fez o menor esforço para acompanhá-lo.
A estratégia funcionara, pois na volta seguinte, Sinclair diminuiu o passo.
— Ânimo! Tente acelerar um pouco — ele disse como se estivesse
sentado diante de um tabuleiro de xadrez.
Rose empenhou-se em atender ao pedido, mas no final do terceiro circuito,
ergueu as mãos em gesto de rendição e se sentou no chão com a cabeça entre os
joelhos.
James ajoelhou-se ao lado dela.
— Desculpe, Rose. Não tive a intenção de fatigá-la. Ela ergueu o rosto
corado e que suava em bicas.
— Não sou uma atleta como você — ela respondeu, ofegante.
— Poderá ser, se quiser, Mas precisa se exercitar todos os dias. Se fizer
isso, estará em forma em um piscar de olhos. — Ele se deteve e sorriu de um
jeito que a deixou ainda mais ofegante. — Não que sua forma já não seja
perfeita.
Aquelas palavras foram o incentivo que faltava. Rose se levantou de
imediato. Ainda bem que seu rosto não poderia ficar mais vermelho do que
estava.
— Preciso ir agora. Mal posso esperar para entrar debaixo do chuveiro.
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CAPÍTULO III
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xícaras e um açucareiro. O sofá também estava cheio de livros. Não havia cama.
James, obviamente, dormia em outro lugar. Aquela, aparentemente, era apenas
uma sala de estudos.
A vista deveria ser linda em dias de sol. Apesar da chuva copiosa, Rose
viu uma infinidade de canteiros pela janela.
James vivia com conforto, Rose pensou. Aquela sala deveria ser ao menos
três vezes maior do que o quarto que ela ocupava no campus.
— Nossa, como você foi rápido! — Rose disse com ar de culpa ao ser
surpreendida.
— Deixei tudo preparado antes de sair — ele contou como se partilhasse
um segredo.
James indicou o sofá e serviu o chá. Rose bebeu um gole e pegou um
sanduíche. No mesmo instante, pôs-se a comer, cabisbaixa.
— O que houve, Rose? — James perguntou quando o silêncio persistiu.
Rose vasculhou a mente em busca de algo inteligente para dizer, mas não
teve sucesso.
— Estava pensando que não foi deste jeito que imaginei começar a manhã.
— Preferia ter ido para casa?
— Não, é claro que não.
— Fique tranqüila. Sou inofensivo. Ela sorriu involuntariamente.
— Ouvi dizer.
A expressão de James mudou de imediato.
— O que foi que ouviu dizer? Podia ser mais específica? Rose corou até a
raiz dos cabelos.
— Que você se interessa mais pelas quadras e pelos livros do que pelas
garotas.
Ele pareceu relaxar.
— E verdade. O excedente de energia vai para o esporte. A cota normal
vai para isto. — James indicou os livros. — Sou um homem normal em questões
de sexo caso tenha alguma dúvida a meu respeito.
— Eu não tenho nenhuma dúvida — Rose murmurou. — Mesmo que
tivesse, acho que isso não me diria respeito. O que as pessoas fazem ou deixam
de fazer não é da conta dos outros.
James encarou-a.
— Você é franca.
— Sou.
— Quer mais chá?
— Sim, por favor.
— Então você não se importaria se eu fosse gay? — James insistiu.
Rose encolheu os ombros.
— Diferenças raciais, sociais, religiosas e sexuais não deveriam ser
relevantes, principalmente quando existe amizade.
James apoiou os cotovelos nos joelhos.
— Está sendo sincera, não?
— Estou. Posso ser criança a seus olhos, mas tenho minhas opiniões
formadas.
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certa. Foi por isso que resolvi estudar fora do país em vez de cursar a
universidade de Edinburgh ou de St Andrews. Assim que terminei o colegial,
aliás, viajei durante um ano pela Austrália.
— Sério? Nunca vivi nenhuma aventura como essa — Rose confessou
com inveja. — Você se aborreceu? Quero dizer, você ficou aborrecido com a
decisão de sua mãe se casar pela segunda vez?
— Não. Ela esperou até que eu estivesse pronto. Donald foi
compreensivo. Eles poderiam ter casado antes. Minha mãe era jovem ainda e
bonita. Quando finalmente resolveram marcar a data, ela estava com quarenta
anos. Donald é advogado e ganha bem. Sua casa é grande e elegante. Eles
reservaram um quarto só para mim. Sei que sou bem-vindo sempre, mas não me
sinto à vontade e... — James se deteve e balançou a cabeça.
— O que foi?
— É incrível que tenha lhe contado tudo isso. Não costumo entediar as
pessoas com a história de minha vida. Desculpe.
Aquele era o momento ideal para ela pedir licença e ir embora, Rose
pensou.
— Preciso ir. — Ela se levantou. — Obrigada pelo chá e por... conversar
comigo.
Sinclair se levantou também e alongou o corpo. O gesto foi tão espontâneo
e tão másculo que Rose pressentiu perigo.
— Preciso ir — Rose tornou a dizer. — Ou você quer ajuda para lavar a
louça?
Ele despenteou-lhe os cabelos como se estivesse brincando com uma
criança.
— Tenho uma idéia melhor. Por que não fica mais um pouco e toma outra
xícara de chá comigo? Continua chovendo forte.
Rose foi até a janela.
— Você está certo, mas preciso realmente ir.
— Hoje é domingo, Rose, e são apenas oito e meia da manhã. Está com
pressa por quê?
— Não quero atrapalhar seus estudos.
— Terei o resto do dia para estudar. — Ele estreitou os olhos. — Há
alguém a sua espera?
— Üm namorado, você quer dizer? Uma inexplicável irritação o invadiu.
— Parece que acertei, não é?
Receosa de que James deixasse de se interessar por ela se tentasse
enciumá-lo, Rose negou com um gesto de cabeça.
— Não há ninguém a minha espera. Só minhas colegas de quarto. E
duvido que já estejam acordadas.
No mesmo instante, James pegou a chaleira e se dirigiu à cozinha.
— Volto em um minuto.
— Não quer que eu o ajude a lavar os pratos ou algo assim?
— Hoje, como é sua primeira visita, não quero que faça nada. Da próxima
vez, tudo bem.
Da próxima vez! Con, aparentemente, estava certa. Existiam truques para
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despertar o interesse de um homem. Não que acreditasse que alguém poderia ser
forçado a se apaixonar contra sua vontade. Isso era uma outra história.
Mas que o plano estava funcionando além de suas expectativas era uma
realidade.
Seus pensamentos foram interrompidos naquele momento.
— O que fez ontem à noite, Rose?
— Trabalhei.
— Está trabalhando meio período?
— Não. Trabalhar foi modo de dizer. Fiz um trabalho para a faculdade.
Por quê?
— Porque não a vi no barzinho e fiquei preocupado pensando que
estivesse doente. — Ele despejou o chá nas xícaras e entregou uma a Rose. —
Você gosta de cinema?
— Muito. Especialmente do cinema francês. Estou querendo assistir a um
filme que entrou em cartaz esta semana. Chama-se Jean de Florette. — Rose
respondeu e cruzou os dedos para anular a mentira.
— O cinema francês também é meu preferido — James contou,
entusiasmado.
— Assisti a La Belle du Jour na semana passada. Acho Catherine
Deneuve uma das mulheres mais lindas do mundo.
— Não faz meu gênero. Prefiro as morenas.
Rose tomou um gole do chá em vez de responder. James encarou-a.
— Em que está pensando, Rose? Seu rosto é muito expressivo, sabia?
— Sei que não é de minha conta, mas você deixou alguma namorada em
sua cidade?
— Não. Não tenho namorada em nenhum lugar. Não tenho tempo para
namorar.
— Por falar em tempo, agora preciso ir com ou sem chuva. Dessa vez,
James não tentou retê-la, mas foi apanhar a capa e a mochila e acompanhou Rose
até a porta.
— Quer que eu chame um táxi?
— Não, obrigada. Prefiro ir a pé. James ajudou-a a vestir a capa.
— Irá amanhã ao estádio? Rose deu um sorriso.
— Espero que sim. Obrigada pelo lanche. Tchau!
— Trate de ir direto para casa e para o chuveiro — ele aconselhou.
Rose fez que sim com a cabeça e se afastou. Antes de virar a esquina,
olhou para trás e acenou. James havia ficado à porta, observando-a.
Embora estivesse molhada e ofegante ao chegar ao alojamento, Rose não
poderia estar mais feliz. Livrou-se da capa e dos tênis e foi para o quarto verificar
se as amigas já haviam acordado.
— Onde esteve até agora? — Con quis saber. Fábia fitou-a, desconfiada.
— Não vai dizer que estava correndo com essa chuva?
— Não, não estava. James achou que seria perigoso corrermos por causa
das poças e me levou para a casa dele para tomarmos um lanche.
— Para a casa dele ou para o quarto dele? — Con sugeriu, maliciosa.
Rose sorriu.
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— A senhoria estava viajando. Fiquei sozinha com ele, mas nos tratamos
apenas como amigos.
Fábia assobiou.
— Menina, você conseguiu!
— Espere um pouco. James não está apaixonado por mim.
— Talvez não, mas está a caminho — Con concordou. — Ele não a teria
convidado para ir a sua casa, se não estivesse interessado.
— Ainda bem que me convidou. Meu sacrifício de correr valeu a pena.
— Vocês prepararam juntos o lanche? — Con quis saber.
— Não. — Rose piscou. — Ele havia deixado tudo preparado. Con e
Fábia se entreolharam, atônitas.
— O que será que acontecerá da próxima vez? — Fábia indagou em tom
de mistério. — Ele pediu para marcarem um encontro?
— Não — Rose respondeu com um suspiro de desalento. — Falou apenas
em corrermos.
— Não se preocupe — Con disse, consoladora. — Você já conseguiu um
verdadeiro milagre. Quando combinaram de correr?
— Ele disse que me veria amanhã no estádio, mas só devo ir na terça-
feira, não é?
— Não, querida — Con discordou dessa vez. — Se Sinclair quer te ver
amanhã, não o decepcione.
— Não dará na vista?
— Não. Chegamos à fase três. Estamos passando para o aquecimento.
— Só espero que após o aquecimento não venha o esfriamento pelas
lágrimas — Rose murmurou.
— Ora, por que está preocupada? — Fábia deu de ombros. — E apenas
uma brincadeira.
Aquela noite, quando se deitou, Rose não conseguiu dormir durante um
longo tempo. Após aquela manhã, sua relação com James havia mudado. Não era
mais um jogo. Precisava ter cuidado ou acabaria se machucando.
Apesar da preocupação, quando acordou pela manhã, Rose seguiu o
mesmo esquema dos últimos dias e saiu para correr no estádio.
— Oi! — James a cumprimentou assim que a viu. — Já dei algumas
voltas. O que acha de tentar um circuito extra hoje?
Rose concordou e se pôs a correr imediatamente no lugar para preparar os
músculos. Deu três voltas pela quadra com facilidade. No meio da quarta, porém,
uma súbita dor a desequilibrou e a levou ao chão.
— Rose! — James se ajoelhou ao lado dela, assustado. — Pelo amor de
Deus, o que houve?
Ocupada demais em respirar, Rose não conseguiu responder. James não
perdeu tempo. Examinou os pés, os tornozelos, as pernas e os braços. Como não
constatou fratura, ajudou Rose a se levantar.
— Respire fundo. Devagar. Apóie-se em mim.
Rose obedeceu de bom grado e agradeceu pela ajuda, mas assim que se
sentiu melhor, afastou-se. A proximidade de James estava ameaçando alterar sua
respiração outra vez.
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— Alô?
— Rose? James.
Sua expressão deveria ter sido tão cômica que Fábia se pôs a rir. Con
fitou-a inquisitivamente e ela fez um sinal de positivo para acalmá-la. No mesmo
instante, Con e Fábia a deixaram sozinha.
— Oi! —- Rose respondeu.
— Quis me certificar de que você chegou bem. Como está o pé?
— Bem. Por sorte, o prego era pequeno e o estrago não foi dos piores.
— Sim, mas a impedirá de correr por alguns dias.
— Eu sei — Rose admitiu com um suspiro.
— Rose? — James hesitou.
— Sim?
— Você foi embora tão de repente que eu não tive chance de perguntar. —
James tornou a hesitar. — Você vai fazer alguma coisa hoje à noite?
Rose apertou os lábios para que parassem de tremer. '
— Não.
— Aquele filme que você mencionou...
— Jean de Florette?
— Sim. Pensei que, talvez, pudéssemos vê-lo juntos.
— O.k, — Rose aceitou com o tom de voz mais casual que conseguiu
encontrar.
— Espero-a na porta de seu prédio às sete, então.
— Não é preciso — Rose apressou-se a dizer. — Podemos nos encontrar
no cinema.
— Você não está em condições de andar — James retrucou. — Vou
apanhá-la de carro.
Carro?
— Nesse caso, eu o espero.
Mal Rose colocou o fone no gancho, Con e Fábia a cercaram.
— O que ele queria? Rose fitou-as, sonhadora.
— Convidar-me para um cinema esta noite. De carro.
As amigas aplaudiram. A fase três também havia sido um sucesso!
CAPÍTULO IV
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jantar pontualmente às oito horas. Naquela noite, entretanto, eram quase nove
horas quando ele tocou a campainha.
— O trânsito estava ruim? — Rose perguntou enquanto subiam a escada.
— Terrível! — Ele largou a pasta no chão e desabou no sofá. — Sinto
pelo atraso. A bateria do meu celular estava descarregada por isso não deu para
avisá-la. — Rose serviu uma dose de uísque que ele tomou de um só gole. —
Obrigado. Estava precisando disso. — Ele sorriu. — Está linda esta noite.
— Obrigada, amável senhor. — Rose sorriu. — A propósito, liguei para o
restaurante para avisar que chegaríamos mais tarde. Eles não gostaram muito da
notícia.
— Recusaram-se a manter a reserva? — Garrett se mostrou ofendido. —
Somos clientes assíduos daquele restaurante.
— Hoje é dia dos namorados, Anthony.
Ele parou de falar e colocou a mão na testa.
— Droga, que cabeça! Eu tinha em mente lhe comprar flores, mas esqueci.
Rose olhou para o cartão em cima da mesa e franziu o rosto.
— Nesse caso, não deve ter sido você quem o enviou. Anthony olhou na
mesma direção que Rose. Ao encontrar o cartão, demonstrou franca hostilidade.
— Não. Quem foi?
— Não faço idéia. — Rose foi até a cozinha e voltou com a rosa. —
Recebi esta flor também.
— Não teria sido seu ex-namorado, aquele tal Mark Cummings? Ou seja,
a rosa tampouco havia sido enviada por ele.
— Não sei. — Rose suspirou. — Está ficando tarde, não acha?
— Sim, é claro.
Apesar do esforço de Anthony em ser simpático e agradável durante o
jantar, para compensá-la do atraso, Rose não conseguiu se sentir à vontade. O
cartão e a rosa não lhe saíam do pensamento. Quem teria sido?
— Rose, tenho algo para falar com você — Anthony a surpreendeu ao
final da sobremesa com um olhar que a deixou apreensiva.
— Nesse caso, talvez seja melhor sairmos daqui. O barulho está demais
esta noite.
O restaurante ficava a poucos minutos a pé da rua mais elegante da cidade
onde estava localizada a livraria e o apartamento de Rose.
— Café? — Rose ofereceu assim que chegaram.
— Depois. Primeiro venha se sentar comigo. — Anthony a puxou pela
mão até o sofá. — Rose, já faz algum tempo que estamos nos encontrando.
— Um mês ou dois. — Ela encolheu os ombros, incomodada com o rumo
que a conversa estava tomando.
— Quase três meses — Anthony a corrigiu. — Tempo mais do que
suficiente para nos conhecermos.
Rose encarou-o.
— O que está querendo dizer?
— Ainda não desconfiou? Estou pedindo que case comigo. — Ao
perceber que Anthony iria beijá-la, Rose se levantou.
— Por quê?
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de Marcus e da casa. Mas você sabia que após dez anos de separação, qualquer
juiz lhe concederá o divórcio, independentemente da vontade de seu marido?
Rose franziu o cenho.
— Se isso é verdade, é estranho que ele não tenha se divorciado de mim.
Ou então, ele pediu o divórcio e não me avisou. Ou, talvez, ele tenha se
esquecido de que já fomos casados.
Um suspiro se fez ouvir.
— Nenhum homem poderia esquecer que já foi casado com você, Rose.
Quando se deitou, esgotada, após a conversa difícil com Anthony, Rose
deu-se conta de que era meia-noite, o mesmo horário que ele costumava deixá-la
todas as vezes que se encontravam. Para todo o mundo, o intervalo entre o jantar
e a despedida poderia significar momentos de intensa paixão. No entanto, isso
nunca acontecera. Por mais que ela gostasse da companhia de Anthony, nunca
sentira desejo por ele. Aliás, ela nunca havia desejado outro homem que não
fosse James.
Poderiam ter passado horas desde que foi para cama, mas o relógio
indicava apenas meia-noite e meia quando o telefone tocou sobre o criado-mudo.
Certa de que era Bel, para lhe dar algum recado, Rose deixou o fone cair
ao ouvir alguém sussurrar seu nome e desligar em seguida.
Trêmula e mais assustada do que desejaria admitir, levantou-se, vestiu um
robe e foi para a cozinha preparar uma xícara de chá.
Levou-a para o quarto a fim de tomá-lo na cama. Estava furiosa além de
assustada. Quando mais precisava dormir e descansar, alguém ligava e lhe
roubava o sono e a paz.
Insistir seria ruim. Poderia acabar tendo pesadelos. Dessa forma, Rose
decidiu aproveitar a falta de sono para refletir sobre seu passado. Se conseguisse
clarear sua mente a esse respeito, seria mais fácil procurar um advogado e
requerer o divórcio. Algo que deveria ter feito muito tempo antes.
CAPÍTULO V
Em seu primeiro encontro com James Sinclair, Rose fez questão de ser ela
mesma. Por mais que Con e Fábia insistissem em colaborar com pequenos con-
selhos e quisessem emprestar suas roupas, ela própria escolheu o vestido que
usaria, se maquilou e se penteou.
Não queria parecer sofisticada nem ansiosa, mas a ansiedade foi difícil de
evitar. Por ter levado poucos minutos para se arrumar, Rose ficou pronta muito
antes da hora combinada. Assim, quando James tocou a campainha, ela se
despediu das amigas como se estivesse partindo para sua lua-de-mel e foi ao
encontro dele com o coração acelerado.
— Oi! Não imaginava que você tivesse um carro. E muito bonito. James
que a esperava de pé, encostado ao capo, sorriu com orgulho.
— Ele ficou um longo tempo parado por falta de peças. Acabei de buscá-
lo na oficina. — James deu a volta e abriu a porta para Rose. — Levantei o teto.
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Sabrina 1201 Não me peça para voltar Catherine George
Quero ter certeza de que esta noite você voltará seca para casa.
Ciente de que Con e Fábia estavam grudadas na janela, dois andares
acima, Rose quase deixou escapar um sorriso. Aliás, sorrir era o que vinha
fazendo com freqüência cada vez maior desde que conhecera James Sinclair.
— Como está o pé? — ele quis saber.
— Dói um pouco, mas nada que não dê para suportar.
O filme estava começando quando James e Rose chegaram ao cinema.
Apressaram-se a entrar e a procurar lugares vagos. Na escuridão, demoraram
alguns instantes para se acomodarem.
Rose ficou rígida em seu lugar. Ainda não conseguia acreditar que fosse
real. Pouco a pouco, porém, ela foi se acalmando e conseguindo prestar atenção
ao enredo. Afinal, se James quisesse discutir o filme mais tarde, teria de
identificar ao menos o tema.
Ao término da sessão, constataram que chovia a cântaros.
— Acha que consegue dar uma corrida até o carro ou seria melhor eu
carregá-la? — James perguntou.
— Acho que consigo correr — Rose respondeu.
No mesmo instante, ele segurou-lhe a mão e os dois saíram em disparada.
— E cedo ainda — disse James depois que entraram no carro. — Que
acha de comermos alguma coisa?
Maravilhoso!
— Eu adoraria.
— Podemos ir a um barzinho ou a minha casa outra vez, se você quiser.
— Vamos a sua casa — Rose resolveu de imediato. Não encontrar
ninguém da faculdade no cinema fora uma sorte que não se repetiria caso fossem
a um barzinho nos arredores. Podia ser uma tolice, mas Rose não queria ser alvo
de comentários invejosos. Tinha certeza de que as pessoas começariam a
especular sobre seu relacionamento com James.
Assim que chegaram à casa, Rose ficou surpresa ao ver a porta ser aberta
por uma senhora de cabelos grisalhos que lhes deu um caloroso sorriso de boas-
vindas.
— Ouvi o carro — ela explicou, — Entrem depressa ou vão se molhar
nessa chuva.
Assim que entraram, a mulher cobrou de James a apresentação.
— Sra. Bradley, esta é Rose. Rose Dryden. Ela também é estudante.
— Prazer em conhecê-la, querida. Por que não tira esse casaco molhado?
Rose agradeceu a gentileza quando a senhoria de James pegou o casaco,
mas sentiu-se tímida sob o olhar apreciativo.
— Convidei Rose para um café, sra. Bradley.
— Fez bem. Os preços por aí estão absurdos. Há presunto e queijo na
geladeira e salada verde. Fiquem à vontade. Está passando um programa na
televisão que não quero perder.
Os dois jovens seguiram pelo corredor. Ao entrarem na cozinha, James
perguntou se Rose preferia fatiar o pão ou rechear os sanduíches.
— Você corta e eu cuido do recheio — Rose decidiu.
— Feito — James concordou e se pôs a apanhar os ingredientes. — Esta
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— Sobre o quê?
Para surpresa de Rose, James se ajeitou no sofá e entrelaçou seus dedos
aos dela.
— Pelo que me disse, não há ninguém em sua vida. Isso é certo?
— Sim — Rose admitiu, agora mais relaxada.
— A tia com quem você foi morar costuma receber amigos?
— Sim — Rose respondeu sem entender aonde James queria chegar. —
Minha tia Minerva gosta de sair. Ela tem vários amigos e eles a levam a
restaurantes, a concertos, ao cinema e ao teatro.
— Mas você freqüentou um colégio feminino, não?
— Sim — Rose respondeu, cada vez mais intrigada. — De que se trata,
James?
— De você me dar algumas respostas — James respondeu com franqueza.
— Teve amigos nessa época?
— Sim. Os garotos do colégio vizinho. Cheguei a namorar um deles. Era
irmão de Bel, minha melhor amiga.
James pareceu relaxar.
— Ele era respeitador?
— Sim — Rose respondeu com o rosto franzido. — Se esses rodeios
significam o que penso, James, quero que saiba que sei tudo sobre os pássaros e
sobre as abelhas.
— Tenho certeza disso — James concordou, divertido. — Mas na minha
opinião, conselhos do ponto de vista masculino não lhe serão demais. A
propósito, você é virgem?
Rose puxou a mão e se dirigiu à porta, mas James lhe barrou a passagem.
— Saia da minha frente!
— Calma, Rose! Deixe-me explicar. Não posso evitar de me preocupar
com você.
— Dispenso sua preocupação — Rose respondeu, irritada. — Sei cuidar
de mim.
James passou uma das mãos pelos cabelos.
— Não sei como dizer isso, Rose. Mas... Por que você acha que saí do
quarto há pouco?
— Porque derramou chá em sua roupa?
— Em parte. O motivo principal foi você ter tocado em mim. Rose não
sabia se ria ou se chorava. Riu. E James, aliviado,seguiu seu exemplo e abraçou-
a.
— Prometa que não fará aquilo com mais ninguém!
— Prometo. Desde que você também prometa que não perderá horas de
sono tentando adivinhar se eu sou.
— Se você é o quê?
— Aquilo que você perguntou.
Subitamente o riso cessou. Os olhos de James adquiriram um brilho que
fizeram soar alarmes na cabeça de Rose. Mas, mesmo que quisesse, ela não
conseguiria dar nem sequer um passo. O tempo pareceu parar conforme James se
inclinava e pousava os lábios sobre os de Rose. O toque foi leve e suave, mas
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— Sei que está errado — James murmurou. — Eu não deveria ter feito o
que fiz.
— Não aconteceu nada de mal, James.
— Minha vontade seria continuar.
— Eu também — Rose confessou. James ficou imediatamente sério.
— Não diga essas coisas, Rose. Ela o encarou.
— Só quis que você soubesse que a culpa é tão minha quanto sua.
— Se eu não tivesse começado, você teria?
— Lógico que não! — A negativa foi seguida por um sorriso maroto. —
Eu não imaginava que você sentia isso por mim.
— Eu também não sabia — disse James. — A culpa é de Greg.
— Daquele seu amigo que encontramos no estádio?
— Sim. Quando ele se ofereceu para carregá-la esta manhã, tive vontade
de lhe dar um soco e de dizer que você era minha. — James baixou os olhos. —
Pode rir, se quiser.
Rose negou com um gesto de cabeça. Em seguida se levantou.
— Está ficando tarde. Preciso ir. James apontou para o pé machucado.
— Você não poderá correr por uns dois dias ao menos.
— É verdade — Rose admitiu enquanto ajeitava os cabelos com as mãos.
— O que costuma fazer à noite?
— Às vezes me reúno com a turma. Outras vezes assisto a um filme na
televisão. Con tem um videocassete. De vez em quando alugamos um filme. —
Rose se deteve. — Acredite ou não, na maioria das noites, fico estudando em
meu quarto.
O sorriso que James deu foi tão possessivo que Rose sentiu a pulsação
acelerar.
— Então você não se preocupa apenas em se divertir como a
maioria do pessoal do campus. O que pretende fazer quando...?
— Crescer? — Rose caçoou.
— Eu pretendia dizer quando se formar, srta. Dryden — James
retrucou e beijou-a com tanto ímpeto que eles quase perderam o equilíbrio. — Eu
estava errado — James murmurou um instante depois. — Você é uma garota
como as outras.
Tom todos os atributos que enlouquecem um homem. Você está
certa! Se não for logo embora, não conseguiremos parar. No curto trajeto para o
alojamento, James e Rose falaram apenas sobre o filme a que haviam assistido.
Pareciam determinados a passar uma esponja sobre o que havia acontecido.
Tanto que Rose desceu imediatamente do carro quando James parou diante de
seu prédio e subiu a escada o mais rápido que seu pé machucado permitia.
— Você demorou — disse Con.
Fábia puxou-a pela mão em direção ao quarto.
— Como foi? Ele segurou sua mão no escurinho do cinema? Desta
vez lhe deu um beijo de boa-noite?
Rose deu uma risadinha.
— Eu não fico perguntando o que você faz com Will, fico?
— Muito bem! — concordou Con. — Ao que tudo indica, você se
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houvesse acontecido. Pela primeira vez, James não estava lá a sua espera. Na
expectativa que ele fosse aparecer, Rose deu quatro voltas em ritmo lento. Mas
quem apareceu a seu lado foi Greg Prosser.
Para que ele não a visse chorar, Rose cumprimentou-o e se
despediu ao mesmo tempo.
No apartamento, Con e Fábia já haviam acordado e preparado café
com torradas. Rose tomou um banho e se reuniu a elas para a pequena
refeição.
Rose resolveu ir direto ao assunto.
— Vocês concordam que o plano funcionou, não?
— Às mil maravilhas — elas responderam.
— Missão cumprida, então. O trato era fazer James Sinclair se
apaixonar por mim. Antes que aconteça o contrário, dou o plano por encerrado.
Está na hora de Rose Dryden voltar a circular.
Con e Fábia foram contra, mas Rose não se deixou convencer a
continuar. Garantiu que nada nem ninguém a faria ver James Sinclair novamente,
mas cada vez que o telefone tocava, seu coração parecia que ia parar de bater.
Logo ficou claro que James não era do tipo que perdia seu tempo
com causas perdidas. Rose, fiel a sua palavra, apresentou-se no centro de
convivência estudantil todas as noites. Até que o sábado chegasse, a saudade de
James era tanta que estava disposta a aceitar qualquer condição que ele
impusesse, desde que pudessem ficar juntos outra vez.
Para demonstrar que havia mudado de idéia, Rose foi ao barzinho com as
amigas e esperou com impaciência pela chegada do time de rugby. Só que James
não estava entre os jogadores.
O desapontamento impediu que Rose se divertisse pelo resto da
noite. Por mais que tentasse rir e flertar, o desânimo era maior que seu esforço.
Até que a amiga, com sua percepção, se aproximou e sugeriu que elas fossem
para casa. Como Fábia voltaria com Will Hargreaves, não havia com que se
preocupar.
Durante o trajeto, Rose confessou que o rompimento partira de
James.
— Ele queria que nós saíssemos como qualquer casal normal.
— E você não aceitou? — Con indagou, incrédula. — Perdeu o
juízo? A maioria das garotas não desprezaria uma chance como essa.
— Estou arrependida, acredite. Mas não suportava a idéia de
sermos alvo de mexericos e de apostas sobre estarmos ou não dormindo juntos.
Ninguém se importaria se fosse outro, mas James Sinclair é do interesse de todas.
— Rose engoliu em seco. — Não pensei que ele fosse levar a ameaça a sério,
Con. Foi bem-feito para mim.
— Ligue para ele.
Os olhos de Rose brilharam ao incentivo. Um instante depois, ela
balançou a cabeça.
— Não posso. Não agora.
— Por que não?
— Se James me quisesse realmente, ele teria aparecido no bar ao
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menos na esperança de poder me encontrar. Eu fui e ele não. Tenho meu orgulho.
Con sorriu.
— Você está certa. Ele não é o único homem do mundo. O baile da
primavera será realizado na próxima semana. Choverão novos admiradores, você
verá.
Para sua surpresa, Rose recebeu tantos cartões quanto Con e Fábia. O
apartamento ficou forrado de corações vermelhos e versinhos de amor. Mas o
que chamou a atenção de Rose acima de todos foi uma linda aquarela de uma
única rosa vermelha, sem nenhum verso e nenhuma assinatura. E na manhã
seguinte, para deslumbramento de Rose, a floricultura entregou um único botão.
— Uma rosa para Rose — dizia o cartão. Con sorriu, indulgente.
— Ora, ora, de quem será? Fábia deu uma risadinha.
— Não vale a pena tentar descobrir. O charme está no mistério.
Rose tentou se convencer de que nem a rosa nem o cartão haviam sido enviados
por James. Miles Challoner, que se aclamava o último dos românticos
byronianos, deveria ser o responsável.
Como em comparação com James Sinclair, nenhum outro lhe
parecia interessante, Rose se preparou para o baile sem entusiasmo. Mas os
elogios de Con e de Fábia a seu vestido e sua maquilagem foram tão efusivos que
ela decidiu que se divertiria naquela noite. E que esqueceria James.
CAPÍTULO VI
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lados.
— Dança comigo? — ele perguntou.
A noite se transformou em um piscar de olhos. Ela tentou se
comportar de maneira formal, mas a alegria foi mais forte e a fez se atirar nos
braços de James, esqueceu-se de todos. Até mesmo de Miles Challoner a seu
lado.
Rose sabia que estava atraindo atenção de todos os presentes com
sua atitude, mas agora que estava novamente nos braços de James, nada mais lhe
importava.
— Você dança muito bem para um aprendiz de ermitão — Rose
brincou quando eles se afastaram da pista para poderem conversar.
— Convívio social constava do currículo do colégio onde estudei
— James contou com aquele seu sotaque escocês que Rose considerava
irresistível. — Está se divertindo? — ele perguntou alguns instantes depois.
— Como nunca — ela confessou, corada. — Fizemos uma reunião
no apartamento antes de virmos para cá. O pessoal já chegou animado.
— Você não me convidou!
— Lógico que não.
— Lógico por quê?
— Você sabe!
— Não pode imaginar a falta que senti de você — James confessou.
— Metade do que a falta que senti de você, talvez?
James inclinou-se e cochichou em seu ouvido.
— Vamos para minha casa.
— Agora?
— Agora. A sra. Bradley está viajando e... — ele sorriu daquele
jeito que fascinava Rose — você sabe que preparo um sanduíche de bacon como
ninguém.
Rose olhou para James. Ao notar sua expectativa, não resistiu.
— Adoro seus sanduíches de bacon. Vou apanhar meu casaco.
— Ficarei esperando lá fora. Não demore — ele implorou, com os
olhos brilhando de emoção.
A felicidade de Rose estava estampada em seu rosto ao avisar as
amigas que iria sair com James. Con, entretanto, estava com o cenho franzido.
— Tenha cuidado.
— Não seja uma desmancha-prazeres — Fábia repreendeu a outra.
— Nossa florzinha andava murcha nos últimos dias. Prefiro vê-la viçosa como
neste momento.
James a esperava no carro. Assim que ela entrou, beijou-a com paixão.
— Está zangada comigo? — ele perguntou.
— Por causa deste beijo? — Rose provocou-o, faceira. Agora que
estava tudo bem entre eles, ela não queria mais reprimir seus impulsos.
— Não. Por ter feito o que pode haver de mais próximo a uma
declaração pública. — Ele piscou para ela. — Como não consegui levar o
inimigo à guerra, decidi levar a guerra ao inimigo.
— Não sou sua inimiga, James.
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James abraçou-a tão apertado que Rose sentiu as batidas de seu coração.
— Diga que tem certeza de que é isso que quer, Rose — James
perguntou com uma seriedade que a surpreendeu devido às circunstâncias em que
se encontravam.
— Tenho. Não há mais nada no mundo que eu queira tanto
— Rose afirmou com tanta convicção que James a ergueu nos
braços e a deitou para se despir em questão de segundos.
Rose observou com fascinação a cena. Depois sorriu.
— Estamos em seu sofá, James.
— Sofá de dia — James explicou. — À noite, ele vira minha cama.
E você é a primeira com quem eu a divido.
Rose fechou os olhos quando James a enlaçou. Ao se lembrar de
um detalhe importante, tornou a abri-los.
— James!
— O que foi, meu bem? Quer desistir? — James perguntou com
voz contida.
— Não —Rose se apressou a responder. — Apenas acho que você
deve saber que minha tia me levou ao médico antes de eu vir morar no campus, e
estou tomando pílulas anticoncepcionais.
O alívio fez James rir alto.
— Sua tia deve ter sido estudante um dia.
Rose fez que sim. De repente, estava corada de vergonha.
— Espero que você não tenha testado sua eficácia antes de hoje —
James brincou.
— Esta será a primeira vez que dormirei com alguém — Rose
confessou.
— Eu disse algo sobre dormir? — James insinuou com um sorriso
que deixou Rose sem fôlego.
Ele riu e a beijou. Rose enlaçou-o pelo pescoço e se entregou de
corpo e alma ao beijo. Estava completamente apaixonada por James e não opôs a
menor resistência quando ele lhe despiu as últimas peças.
O que Rose não esperava era que James fosse tremer tanto quanto
ela quando se abraçaram, pela primeira vez, pele com pele.
— Eu nunca fiz isto antes — Rose repetiu —, mas não me ocorreu
que também seria sua primeira experiência.
— Lógico que não — James afirmou entre os seios de Rose. —
Apenas nunca fiz com uma virgem. Gostaria que fosse tudo perfeito para você.
Quero-a demais. Mas receio que terei de lhe causar um pouco de dor.
— Não deve doer tanto assim — Rose respondeu com uma
confiança que acabou sendo abalada alguns minutos mais tarde, pois apesar de
todo cuidado, não deu para sufocar um gemido quando ele finalmente a penetrou.
— Minha querida! — James sussurrou e permaneceu imóvel para
que o corpo de Rose pudesse se ajustar à invasão.
— Movimente-se, James — Rose pediu após um instante, na
expectativa de que a dor fosse diminuir. E James a atendeu, sem pressa, apesar
do instinto que clamava por uma rápida possessão.
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intervalos juntos.
Diante da piscada e do sorriso que James lhe deu, Rose não resistiu.
Atirou-se em seus braços e beijou-o com tanto fervor que custou a James deixá-la
partir.
— Virei buscá-la amanhã de manhã por volta das dez. Esteja pronta
— ele avisou ao se separarem.
O apartamento estava às escuras quando Rose entrou. Munida do
pijama e do robe, ela foi para o banheiro e preparou um banho quente de imersão.
Enquanto o corpo relaxava, ela deixou a mente divagar e recordou os momentos
incríveis que acabara de viver. Agora entendia por que o ato do amor era algo
que as pessoas buscavam com tanto empenho. E lamentava pelas mulheres que
não o conheciam por meio de homens como James. Era uma garota de sorte
embora não merecesse ser. Afinal, fora praticamente uma aposta que a levara a
despertar o desejo de James por ela. E o sucesso fora tão completo que James
chegara ao ponto de querer que toda a universidade ficasse sabendo sobre o
relacionamento.
Rose sentou-se, por fim, e começou a se ensaboar. Tomou uma
ducha rápida depois e se enxugou ainda mais rápido. Queria ir depressa para a
cama para repassar outra vez todos os detalhes de sua noite de sonho.
Ao abrir a porta, contudo, encontrou Con, ansiosa, a sua espera.
— Venha comigo um instante — Con chamou-a. — Fábia , está
preparando chocolate quente. Estamos preocupadas. Queremos saber se está tudo
bem com você.
— Maravilhoso! — Rose garantiu.
— Posso notar. — Con fez um gesto afirmativo com a cabeça. —
Gostaria de não ter sido a responsável. Estou me sentindo uma espécie de dra.
Frankenstein.
Rose sorriu.
— A responsabilidade não é sua, Con. Você não me obrigou a
executar o plano. Se há um responsável pela felicidade que estou sentindo, seu
nome é James Sinclair.
— Eu sei.
— Aliás, todos que estavam no baile sabem — declarou Fábia. —
Pensei que Miles fosse cortar os pulsos quando você saiu. Foi super-romântico.
Pareciam Richard Gere e Julia Roberts no filme A Força do Destino.
— A atriz era Debra Winger não Julia Roberts — corrigiu Con.
— Que seja. O efeito foi o mesmo. — Fábia bateu no colchão em
um convite para Rose sentar-se a seu lado na cama. — Então, agora você e
Sinclair estão namorando oficialmente?
— Acho que sim — Rose respondeu. — Ele me convidou para
passar uns dias em sua casa. Sua senhoria está fora.
Con arregalou os olhos.
— Não acha que estão indo depressa demais? — Con passou uma
das mãos pelos cabelos. — Gostaria de voltar atrás no tempo e nunca ter
mencionado o maldito plano.
— Pois estou agradecida a você. Se não fosse seu plano...
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CAPÍTULO VII
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plano, nós três havíamos combinado de testá-lo. Cada uma escreveu os nomes de
quatro garotos em quatro pedaços de papel que foram dobrados e colocados
dentro de um chapéu. Depois os sorteamos.
A incredulidade ficou estampada no rosto de James.
— Meu Deus! Quer dizer que tudo que aconteceu foi por mero
acaso?
— Foi. — De nada adiantaria, após tanto tempo, contar a James que
ela era apaixonada por ele em segredo, muito antes de Con revelar seu plano. A
probabilidade de James acreditar nela era tão pequena quanto fora no passado.
— Incrível — James murmurou enquanto tornava a vestir o suéter.
— Duas vidas foram marcadas para sempre com base em um sorteio.
— O destino tem um estranho senso de humor — Rose concordou.
James fitou-a por um longo tempo.
— Estou contente por ter vindo. Você se transformou em uma linda
mulher.
— Você também está muito atraente. Gostei especialmente de seus
cabelos.
— Obrigado — James agradeceu com aquele sorriso que ela jamais
conseguira esquecer. — Como nos tornamos civilizados, não?
Rose não pôde responder por que o toque do telefone lhe desviou a
atenção. No entanto, ao atender, ela se apressou a interromper a ligação.
Acontecera outra vez. A mesma respiração e seu nome sussurrado.
James se assustou ao ver a súbita palidez que tomou conta do rosto de
Rose.
— O que aconteceu? — Ele a segurou pelos pulsos. — Você está
branca!
— Não foi nada — ela respondeu. — Apenas um trote. James
soltou-a a fim de verificar o registro de chamadas.
Algo que Rose já tentara fazer em vão. O homem que a vinha
atormentando tinha o cuidado de desligar antes que o número de seu telefone
fosse detectado.
— Isso já aconteceu outras vezes? — James quis saber.
— Sim. Esta foi a terceira. Também tenho recebido rosas.
— Naquele instante, Rose resolveu dividir suas preocupações.
— Ao menos já sei que não foi você.
— Eu? — James perguntou, ofendido. — Acha que eu seria capaz
de aterrorizá-la?
Rose deu de ombros.
— Após dez anos de silêncio, a idéia parece absurda agora, mas
confesso que chegou a me ocorrer por um momento. Por coincidência, o cartão é
muito parecido com o que você me enviou um dia. Quanto à escolha da flor,
admito que não é algo significativo. Meu nome a sugere.
— O homem com quem tem saído não poderia ser o responsável?
— Em absoluto. Anthony ficou aborrecido com a história do cartão
e da entrega da primeira rosa. Não lhe falei sobre as ligações.
— Pois deveria informá-lo. O que a pessoa lhe diz?
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CAPÍTULO VIII
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Foram amigos durante anos antes de ela se decidir. Acho que teria aceitado a
proposta mais cedo se pudesse prever o futuro.
— Ela deve ter levado um choque quando soube sobre nosso
casamento — James sugeriu.
— Eu nunca contei a Minerva. Ela soube apenas no último
domingo quando resolvi pedir orientação a Henry sobre o pedido de divórcio.
— Como disse, ela deve ter levado um choque.
— Com certeza, mas não me recriminou pela omissão. Minerva
sempre foi fantástica comigo. Sei que posso contar com ela para o que der e vier.
— Ao contrário de mim, você quer dizer — James murmurou. —
Talvez isso não lhe importe, mas eu também mantive nosso casamento em
segredo.
— Não contou nem sequer a sua mãe?
— Não. O que houve para você resolver quebrar o silêncio após
todo esse tempo?
— Anthony me pediu em casamento, e eu tive de lhe dar uma razão
para não aceitar.
— Você lhe contou sobre nós dois?
— Não.
— Mas contou a sua tia.
— Sim. James sorriu.
— Você continua monossilábica. Posso perguntar o porquê de sua
decisão de manter o rapaz na obscuridade?
— São assuntos do passado que não dizem respeito a ele.
— Faz tempo que o conhece?
— Eu o conhecia de vista desde jovem, mas só começamos a sair
juntos dois meses atrás.
— Você o ama?
— Gosto dele.
— Não foi isso que eu perguntei.
— Aceita mais café?
— Em outras palavras, o assunto está encerrado. Sim, por favor. O café
está delicioso.
Rose tornou a encher as xícaras. Um minuto depois, James voltou a
falar.
— Desculpe. Eu não tinha o direito de me intrometer em sua vida
particular.
Rose fez um gesto casual com o ombro e se levantou para buscar o
conhaque. No meio do caminho parou e olhou para trás.
— Você já jantou?
— Já. E você?
— Já e muito bem por sinal. Comi bife com batatas. Em geral
preparo apenas uma salada ou...
— Sanduíches de bacon?
Nada faria Rose dizer a James que até mesmo aquela palavra havia
se tornado tabu desde que eles se separaram.
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CAPITULO IX
Rose levava um susto cada vez que alguém abria a porta da livraria.
Às cinco e meia, porém, sem que James tivesse aparecido, Rose fechou a porta e
se refugiou no escritório, abatida pela própria decepção.
Na tentativa de afugentar os pensamentos e também como punição
pelo absurdo de seu estado de espírito, obrigou-se a trabalhar em dobro. Só
depois que colocou toda a papelada em ordem, subiu para o apartamento e tomou
um banho,
Com seu velho e desbotado jeans e um suéter azul-claro, mas com
os cabelos cuidadosamente penteados caso James tornasse a visitá-la, Rose
arrumou a sala, preparou uma salada e sentou-se diante da televisão. A seu lado,
colocou a lista dos best-sellers da semana. Assim, caso James surgisse, teria a
impressão de que ela estava muito bem com a vida e consigo própria.
Mal começou a jantar, Rose ouviu soar a campainha. Com um
sorriso de triunfo nos lábios, levantou-se para atender e desceu, saltitante, a
escada. Mas o entusiasmo evaporou-se no instante em que abriu a porta.
— Anthony!
Parecia estar com cara de poucos amigos.
— Esperei durante horas, ontem à noite, que você retornasse minha
ligação. Como isso não aconteceu até agora, resolvi vir pessoalmente. Posso
entrar ou estou incomodando?
— Claro que não. Estava comendo uma salada. Gostaria de jantar
comigo?
— Não, obrigado — ele agradeceu, imediatamente, mais calmo. —
Fiquei de encontrar Marcus no restaurante Orsini para jantarmos juntos. Fique à
vontade.
— Tudo bem. Saladas não esfriam. Mais tarde eu termino. —
Sossegada, Rose quase acrescentou.
— Não era minha intenção vir aqui esta noite.
Rose mordeu o lábio. Impulsos como aquele andavam complicando
sua vida ultimamente.
— Também irá arriscar sua sorte no hotel?
— Oh, não, — Anthony admitiu, corado. — Liguei antes para fazer
a reserva. Não liguei para você porque sabia que estaria ocupada na loja.
Mas ele havia telefonado para Marcus e combinado de jantarem
fora. Era óbvio que Anthony não havia ligado para ela porque pretendia pegá-la
em flagrante com James.
— Eu poderia ter saído.
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para James com desconfiança. — Sua aparição em cena foi dramática. O que o
trouxe novamente aqui?
— Estava de passagem. — James parou de falar diante da
expressão incrédula e debochada de Rose. — É verdade. Estava me dirigindo à
cantina para jantar quando vi a porta que dá para seu apartamento entreaberta. A
única idéia que me ocorreu foi a de que o sujeito dos telefonemas anônimos
estivesse aqui. Por sorte não era ele, mas acho que você também estava correndo
algum perigo com aquele outro.
— Anthony estava apenas com ciúme.
James cruzou os braços. De mim?
— Sim. Ele não gostou de saber que você esteve aqui ontem à
noite.
— Nem hoje.
— Pode culpá-lo por isso? — Rose retrucou. — Você se mostrou
violento.
— Sabe que a violência não é de meu feitio. A não ser que precise
protegê-la.
— Posso cuidar de mim mesma, obrigada. — Rose olhou para seu
jantar pela metade. — Não disse que estava a caminho da cantina?
— A reserva expirou há meia hora.
— Ligue para lá e explique.
— Tenho uma idéia melhor. Como não acredito que aceite um
convite meu para jantarmos fora, por que não liga e pede para entregarem aqui
um jantar para dois? Ninguém ficará sabendo a meu respeito.
— Mas saberão que não estou com Anthony porque ele será visto
no Orsini com o filho.
— A opinião dos outros sempre foi de suma importância para você.
Continua a mesma. Na faculdade, precisei arquitetar um plano mirabolante para
que você concordasse em ser vista comigo.
— Não nego.
Ao perceber que não conseguiria sucesso com aquela tática,
James recorreu a outra.
— Se não aceita sair comigo nem pedir um jantar aqui, há uma
terceira opção.
— Qual? — Rose fitou-o, desconfiada.
— Acompanhe-me ao chalé e eu prepararei algo para comermos.
O primeiro impulso de Rose foi recusar. Não podia baixar a guarda.
A noite anterior havia provado que James continuava sendo um perigo para sua
paz de espírito.
Como se adivinhasse o conflito de pensamentos que povoava a
mente de Rose, James prosseguiu.
— Nós fomos bons amigos. Não existo chance de recuperarmos
nem sequer um pouco de nossa amizade?
— Dez anos é tempo demais para cultivar o ódio — Rose
respondeu. — Eu preferi me esforçar para esquecê-lo.
— Espero que tenha alcançado mais sucesso do que eu — James
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saíram da cama.
— É incrível que você nunca tenha contado a sua tia sobre nosso
casamento — James comentou em tom casual.
— Não acho que seja tão espantoso assim. Lembre-se de que
escondi o fato até mesmo de minhas melhores amigas.
— Como se eu pudesse esquecer! Tanto segredo beirava a
obsessão. Isso quase me matou.
Rose franziu o rosto.
— O que está querendo dizer?
— Não consegue imaginar, Rose, como me senti diante da probabilidade
de tê-la engravidado? Não tive nem sequer a chance de ser feliz como um noivo
normal. Porque estava empenhado em estudar como um louco e me formar para
que pudesse arrumar um emprego que me desse meios de sustentar você e o
bebê.
Rose deu-se conta, pela primeira vez, que a raiva e a humilhação do
último encontro a impediram de enxergar a questão sob o ponto de vista de
James.
— Eu só lhe criei problemas, não?
— Muitos problemas, mas não apenas problemas. — James sorriu,
— A verdade é que eu, talvez, não tivesse reparado em você se não fosse pelo
famoso plano. Mas o fato foi que eu me apaixonei loucamente e adorei me casar
com você. O que atrapalhou foi a pressa.
— E o estigma da paternidade.
— Não. A culpa de ter precipitado sua condição de mãe.
— Você não deveria ter se sentido culpado, James. Eu também
estava completamente apaixonada por você. Daí a razão...
— Daí eu tê-la magoado tão fundo — James terminou a frase.
— Mas o tempo passou e curou as feridas — disse Rose. — Não se
fala mais nisso, está bem?
— Se o passado a incomoda, passemos a discutir sobre o menu do
jantar.
— Prefiro que me conduza direto à geladeira — Rose respondeu.
— Estou faminta.
A cozinha era pequena, mas dispunha do que havia de mais
moderno. Por mais que Rose insistisse em ajudar, James alegou que ela era sua
convidada e que ele prepararia sozinho a refeição.
— Sente-se diante da lareira enquanto espera.
— Uma proposta irrecusável — Rose brincou — depois de ter
passado o dia inteiro de pé.
Na sala, Rose examinou a prateleira de livros e apanhou um
romance antigo, que lera muitos anos atrás. Persuasão, de Jane Austen. Folheava
o livro quando o ambiente foi tomado pelo aroma inconfundível de bacon frito.
Um arrepio percorreu-lhe a espinha. James teria preparado justamente o san-
duíche que marcara o início do namoro?
Algum tempo depois, Rose teve a grata surpresa de se ver diante de
uma bela travessa de espaguete com molho de tomate e bacon.
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perguntou, intrigado.
— Muito antes.
— Cummings deve tê-la recebido de braços abertos, não?
— Oh, sim. Somos velhos amigos.
— Ele sabe a meu respeito
— Não. Você ainda é meu esqueleto dentro dó armário, James.
— Ou seja, nada mudou. — James deu um longo suspiro. — Mais
champanhe?
— Não, obrigada.
— Até quando pretende esconder que é casada?
— Não creio que isso interesse a alguém.
— Às vezes, fico imaginando como teria sido.
— Quem sabe? As estatísticas não são animadoras, e nós éramos
muito jovens.
— Acredita realmente que não teria dado certo?
Rose hesitou.
— Não sei. Já não importa.
— Sim, importa — James a contradisse. — Depois que conheci
Garrett, tenho certeza de que suas razões para querer o divórcio são outras.
— O que está insinuando?
— Esse tal Cummings que precisa de uma nova esposa e mãe para
sua filha. Ele também a pediu em casamento?
— Céus, não! — Rose exclamou involuntariamente.
— A idéia não é atraente?
— Francamente não. Não gosto de Mark nesse sentido. E ele, na
minha opinião, ainda tem esperança de que ela volte.
— Posso entender.
A afirmação fez Rose pestanejar.
— Sim, eu também esperava que um dia fôssemos voltar a ficar
juntos — James confessou. — Cheguei a viajar para Chastlecombe algum tempo
atrás para tentar uma reconciliação, mas a vi com um sujeito loiro. Estavam rindo
alto e pareciam se dar tão bem que eu decidi ir embora.
Rose sentiu um aperto no peito.
— Deveria ser Mark por sua descrição — Rose murmurou e baixou
os olhos para esconder as lágrimas.
— Por favor, não chore — James pediu. — A última recordação de
você que tenho foi de seu rosto banhado em lágrimas. Quero guardar uma
imagem mais alegre desta vez.
— Sinto muito, mas não consigo evitar quando penso que poderia
ter sido diferente.
— Ainda pode. — Antes que Rose pudesse imaginar o que
aconteceria, James a fez levantar da cadeira e atraiu-a de encontro ao peito. —
Olhe-me nos olhos, Rose, e diga que não sente mais nada por mim.
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CAPÍTULO X
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— Desculpe, Bel, não me dei conta de que era tão tarde. Traga um
sanduíche para mim quando voltar, por favor.
Mal Bel a deixou, Rose viu Anthony entrar pela porta. Ele fingiu
interesse em alguns livros enquanto ela tratava com os clientes, mas assim que a
viu sozinha, abordou-a com ar agressivo.
— Onde esteve ontem à noite? Liguei uma porção de vezes.
— Eu sei. Ouvi suas mensagens.
— Pedi que retornasse minhas ligações.
— Era muito tarde quando cheguei.
— De onde?
— Não lhe devo satisfações de minha vida, Anthony — Rose
respondeu e suspirou de alívio ao ver que Bel já estava de volta.
— Desculpe a demora. — Bel indicou o lanche. — Salada de
camarão e está fantástica.
Anthony e Bel cumprimentaram-se com um gesto de cabeça.
— Podemos falar em particular? — Anthony perguntou.
— Vamos ao escritório, então — Rose concordou, resignada.
— Não podemos subir até seu apartamento?
— Não agora. O movimento é grande aos sábados e Bel pode se ver
em maus lençóis a qualquer momento. — Rose abriu o pacote e deu uma
mordida no sanduíche. — Diga.
— Você sabe por que estou aqui? — Anthony perguntou, irritado. Rose
negou com um movimento de cabeça.
— Para ser franca, não sei.
— Estou aqui para tentar convencê-la a mudar de idéia sobre hoje à
noite.
— Sinto muito, mas não adianta.
— Está sendo criança, Rose — Anthony protestou.
— E você está insistindo demais. Já tenho um compromisso para
esta noite.
— Mas você sempre passa os sábados comigo quando venho a
Chastlecombe!
— Não todos os sábados e não esta noite — Rose respondeu com
firmeza. — E em nenhuma outra mais, Anthony. Sinto muito, mas está tudo
acabado entre nós.
Anthony a fitou com incredulidade.
— Acabado? De que você está falando? Já falamos até mesmo em
casamento...
— Você falou, Anthony, não eu.
— Oh, é claro! A explicação é Sinclair. É óbvio que você ainda está
apaixonada por ele.
— Isso não tem nada a ver. Apenas não daria certo entre nós a
longo prazo, Anthony. — Rose estendeu a mão. — Acha que podemos, ao
menos, nos despedir como amigos?
Anthony fitou-a com ferocidade, ignorou a mão estendida e se
encaminhou para a porta.
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Tenho certeza de que não houve nada de mais sério entre você e
Garrett.
— Como pode afirmar isso? — Rose indagou em tom de desafio.
— Pelo modo de se comportarem. — James balançou a cabeça. —
Ele não é homem para você.
Rose não respondeu. O jantar estava pronto e ela se preparou para
servi-lo.
— Estava fabuloso — James elogiou-a com sinceridade. —
Tornou-se uma ótima cozinheira.
— Confesso que gosto de assistir a programas de culinária pela
televisão de vez em quando.
James tornou a encher os copos.
— Sonhei muitas vezes com um momento como este. Nosso
reencontro, um jantar a sós...
Rose se levantou de um salto e se pôs a retirar os pratos da mesa.
— Nada o impedia de ter feito algo a respeito antes. Eu não me
mudei para outro planeta.
— Fui covarde.
Rose encarou-o, surpresa.
— Sim, fui covarde — James repetiu. — Tive medo de enfrentar
uma outra rejeição.
Rose não acreditou nas palavras de James. Com uma expressão de
descaso, colocou frutas e um queijo na mesa.
— Pensei em comprar um bolo para a sobremesa, mas lembrei-me
de que você não é inclinado a doces.
— Sua doçura me basta.
— Não foi o que disse em nosso último encontro. E não teria dito
tampouco, se tivesse vindo a minha procura antes. Confesso que a maior chance
seria eu ter batido a porta em sua cara.
James olhou para Rose e segurou-lhe a mão.
— Poderíamos deixar a sobremesa para mais tarde?
Prefere um café, então?
— Não, obrigado. Quero apenas que se sente e fale comigo.
Rose o atendeu em silêncio. James prosseguiu.
— Ainda sentia raiva de mim quando saiu da universidade?
— Fui para Londres aprender a ganhar a vida — Rose respondeu.
— Às vezes, tinha a impressão de ver você do outro lado da rua, mas nunca tentei
me certificar.
— Devo deduzir que meus esforços seriam inúteis caso eu tentasse
uma aproximação? — James indagou com as mandíbulas contraídas.
— Sim. Não costumo cometer o mesmo erro duas vezes.
A expressão de James a fez pensar que ele iria se levantar, naquele
minuto, e sair porta afora. Em vez disso, ele lhe beijou a mão.
— Tenho certeza de que seria capaz de fazê-la mudar de idéia.
— Não — Rose respondeu, zangada. — Aliás, já chega de
conversa. Acho que está na hora de você ir, James.
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CAPÍTULO XI
Rose foi para a feira de livros zangada consigo mesma por ter
esperado em vão por um telefonema de James.
Para afastá-lo de seus pensamentos, obrigou-se a distribuir in-
formações e sorrisos não só aos alunos, mas também a seus pais.
Mark fora um grande colaborador. Os livros não vendidos, foram
devolvidos à livraria naquele mesmo dia. Mark ajudou-a a levá-los de volta e
também a colocá-los em seus devidos lugares.
No momento de se despedirem, ele a abraçou e lhe deu um beijo e
recomendou que não se esquecesse de trancar a porta.
Rose subiu ao apartamento e preparou uma xícara de chá. Sabia que
estava fazendo hora para ir dormir, mas não conseguia evitar. Enquanto o
telefone não tocasse, ela não teria sossego.
A espera só acabou no meio da manhã quando James entrou na loja.
Bel percebeu de imediato que havia algo entre o recém-chegado e
sua chefe. Tentou ser discreta e se afastar, mas Rose fez questão de apresentá-la a
seu amigo antes de liberá-la para o almoço.
— Por que não me avisou que viria? — Rose indagou, ressentida.
— Se eu avisasse, você teria dado um jeito de ir para outro lugar, e
nós precisamos conversar.
Rose cerrou os lábios para se controlar. Ao notar o gesto, James
sugeriu que saíssem.
— Agora não posso — Rose murmurou à chegada de novos
clientes.
— Esta noite?
— Não. Vou jantar fora.
— Cancele! — James ordenou e saiu, deixando-a perplexa e furiosa
ao mesmo tempo.
— Era seu velho amigo, eu suponho — disse Bel quando voltou do
almoço.
— Sim. Não o esperava.
— Pude notar. — Bel piscou, maliciosa.
Fora o sábado mais longo de que Rose conseguia se lembrar. As
emoções foram se acumulando no decorrer das horas até chegarem a um ponto
que Rose não sabia definir se o que sentia era receio ou excitação.
Dessa vez, não providenciou nada de especial para servir. Se James
quisesse jantar, eles teriam de ligar e pedir comida por um serviço de delivery.
No estado em que ela se encontrava, não conseguiria nem sequer ficar de pé.
Rose tomou um banho demorado para renovar suas energias.
Depois secou os cabelos e vestiu uma calça comprida escura e um suéter branco.
Aplicou alguns cosméticos no rosto de forma a disfarçar o abatimento. Por fim
preparou uma xícara de chá e levou-a para a sala.
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CAPÍTULO XII
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Rose. Fui eu que me apaixonei por você outra vez. E agora, parece que eu estava
certo. Você não quer mesmo ficar?
— Mal como estou me sentindo, acho melhor voltar para casa.
— Mas, Rose, eu te amo. Eu quero... James tentou abraçá-la, mas
ela o impediu.
— Não, James. Eu realmente não estou me sentindo bem. Além
disso, você não me perdoou de coração.
Nada a fez voltar atrás de sua decisão. Meia hora mais tarde,
quando insistiu que James lhe chamasse um táxi, ele fez uma nova proposta.
— Continua tão obstinada quanto antes. Mas se realmente quer ir,
eu a levarei.
O tráfego estava intenso como era normal nas noites de sexta-feira.
Até que James parasse o carro atrás da livraria, a tensão chegava à beira do
insuportável.
James entrou no apartamento com ela. No momento em que
colocou a maleta sobre o sofá, Rose o dispensou.
— Por favor, não torne a me procurar. Preciso ficar sozinha por um
tempo.
— Você não está bem. Só irei embora depois que um médico a
examinar.
— Não é preciso. Prometo que marcarei uma consulta, amanhã, se
acaso não estiver melhor.
Os dois ficaram se olhando em silêncio por um longo tempo.
— O que foi que deu errado, Rose?
— Um mal-estar. Um enjôo que acabou com qualquer clima de romance e
que requer privacidade.
James respirou fundo.
— Como posso voltar a Londres com você desse jeito?
— Por favor, não insista, James.
Dessa vez, James a deixou. Desceu correndo a escada e saiu
batendo a porta.
Rose se obrigou a descer em seguida e trancar a porta. Depois ligou
para Minerva para avisá-la de sua volta e de sua necessidade de ir a um médico
no dia seguinte.
James ligou assim que chegou em Londres.
— Precisamos conversar.
— Dê-me um tempo.
— Quanto?
— Uma semana. Talvez duas.
— Se sente necessidade de ficar tanto tempo longe de mim, talvez
devesse se ater ao plano original e dar entrada no processo de divórcio — James
retrucou com rispidez e desligou.
Passados dois dias sem que James tentasse uma nova comunicação,
Rose começou a pensar que ele falara sério sobre se separarem.
— Não entendo por que você mandou que ele se afastasse — disse
Bel. — Basta vê-los juntos para saber que foram feitos um para o outro.
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Se fosse honesta consigo mesma, Rose admitiria que não esperava que
James fosse seguir ao pé da letra.O resultado foram duas noites mal dormidas que
resultaram em profundas olheiras.
—Você está com um aspecto terrível, Rose — disse a tia após o
almoço do domingo, quando Henry as deixou sozinhas.
— O que houve?
— Estou grávida.
Minerva deu um salto da cadeira e segurou o rosto da sobrinha com
as mãos.
— Tem certeza?
— Absoluta. James casou comigo por causa do um alarme falso.
Esperei até ter certeza desta vez. Fiz o teste o deu positivo
— A notícia não a deixou feliz? — Minerva apertou a mão de Rose,
preocupada.
— Fiquei feliz pelo bebê, mas meu problema com James tornou-se
ainda mais complicado. Da última vez que falamos, ele estava furioso comigo.
Quando fui à Londres, já sabia que estava grávida e pretendia dar a notícia, mas
tivemos uma briga. — Os olhos de Rose ficaram marejados lágrimas. — A
responsabilidade sobre a gravidez é toda minha.
— Não concordo — Minerva disse categórica— Metade da culpa é
sua, metade de James.
— Eu não contei a ele que parei de tomar pílula, — Rose assoou o
nariz. — Oh, eu queria que decidíssemos ficar juntos porque não podemos mais
viver um sem o outro, não por causa de um senso de dever.
— Ele te ama?
— Diz que sim.
— Você o ama?
— Sim. Se não o amasse, não estaria nessa situação insuportável —
Rose se pôs a soluçar.
Rose passou o resto do domingo na cama. À noite, quando o celular
tocou, ela atendeu, esperançosa.
— Como você está? — Ao ouvir a voz de James, Rose fechou os
olhos em agradecimento.
— Melhor.
— Graças a Deus! Olhe, Rose, isso já foi longe demais. Não estou
conseguindo nem sequer trabalhar de tanto pensar em você.
— Sinto muito — disse Rose com um sorriso nos lábios.
— O prazo que você estipulou acaba agora!
— Está bem.
— Finalmente você concorda comigo! Estarei aí no sábado à noite
e espero que reserve todo seu tempo para mim.
Rose enxugou as lágrimas que insistiam em deslizar pelo seu rosto.
— Ele será todo seu.
— Até lá, quero que tenha em mente algo muito importante.—
James pigarreou. — Eu te amo, sempre te amei e sempre te amarei.
Rose fechou os olhos e dormiu como um bebê. No dia seguinte, Bel
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FIM
Agradecimentos:
Ana Paula, Livros corações e Leitoras
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