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II. Convivência comunitária .................................................................... 47
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 55
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1 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: EVOLUÇÃO HISTÓRICA
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brasileira poderia ser contada da transferência da família real, em 1808 (PRADO
JÚNIOR, 2012, p. 42-44).
A repercussão da agitação em Portugal, devido à Revolução do Porto de 1820,
associada às contradições econômicas e sociais decorrentes da incompatibilidade da
manutenção do estatuto colonial concomitante à presença da corte portuguesa na
colônia moveram o período que antecedeu a emancipação política e o movimento
constitucional.
Não se deve olvidar que tal movimento também sofreu influência da Revolução
Francesa, em 1789, em que os valores de liberdade, igualdade e fraternidade
ecoaram nas terras luso-brasileiras e integraram as discussões políticas da época.
Almejava-se a liberdade nas suas diversas acepções que, juntas, definiam uma nova
ordem política. Significava não só libertação do Brasil em relação à metrópole, mas
também expressava liberdade individual, de imprensa, de pensamento e
comunicação. A elite da época buscava uma Constituição liberal, que garantisse o
maior espectro possível de direitos (NEVES, 2003, p. 141-147).
Ao lado desses direitos de liberdade, estavam também a igualdade e a
fraternidade, entretanto articuladas de forma menos enfática que a ansiada liberdade.
Despida de qualquer conotação jurídica ou política, a igualdade não chegava a ser
social, mas apenas perante a lei. De semelhante modo, a fraternidade foi pouco
utilizada, destacando-se sua aplicação para se referir à relação entre brasileiros e
portugueses (NEVES, 2003, p. 156-163), apesar de o projeto da constituinte dissolvida
deixar evidente a vontade de afastar qualquer influência dos portugueses na vida
política nacional, por meio da restrição da participação destes nos quadros
governamentais (PRADO JÚNIOR, 2012, p. 55).
Tinha lugar uma nova denominação: o cidadão. No Brasil, com exceção do
escravo e das mulheres, todos podiam ser considerados cidadãos (NEVES, 2003, p.
182). Estas tinham uma participação na vida política menos expressiva, enquanto
aqueles eram tidos como propriedade, o que não lhes permitia usufruir dos direitos
políticos. Boa parte da população estava alijada do processo político, não tendo sido
contemplada pelos direitos que seriam legitimados.
Muito embora o pensamento conservador defenda que a vontade nacional,
resultado da conjunção das vontades do povo e do imperador, era fundamento do
regime imperial e estava expressa na Constituição (TORRES, 1964, p. 71-72), sabe-
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se que não se pode considerar que houve participação popular no processo e
independência e, por conseguinte, na nova ordem política, de forma que o poder ficou
absorvido pelas classes superiores da antiga colônia (PRADO JÚNIOR, 2012, p. 54).
Por essa razão, não é de gerar estranhamento que os interesses constitucionalmente
tutelados foram da classe que articulou o movimento de independência.
Tais aspectos refletiam a realidade constitucional da época, pois, a despeito de
ser um Estado dotado de um documento formal garantidor de direitos, a atenção
primordial estava no direito de liberdade individual em face do poder do monarca,
exercendo o poder moderador. A existência de um poder central personificado no
imperador é um dos principais elementos de destaque da Constituição imperial,
juntamente com a existência de um senado vitalício (TORRES, 1964, p. 432).
Frise-se que o momento era de consolidação da monarquia constitucional
brasileira, de maneira que o Estado imperial necessitava fincar suas bases. A
ideologia constitucional do século XIX estava voltada, assim, para a formação do
Estado liberal brasileiro, o que implicava que as discussões políticas se centravam na
maneira como se organizaria o Estado, na defesa da integridade territorial do país
emancipado de Portugal e na garantia da liberdade. Como D. Pedro I estava à frente
do Reino Unido a Portugal e Algarves, quando da elaboração da Constituição, e
exercia forte influência política, o regime monárquico permaneceria. O caráter liberal
se daria por meio do sistema da representatividade no tocante à escolha dos membros
da Assembleia Geral, bem como da garantia dos direitos civis e políticos.
A inviolabilidade dos referidos direitos, notadamente de liberdade, igualdade,
segurança individual e propriedade, expressos na Constituição imperial, era garantida
aos homens livres, os quais eram considerados cidadãos. Sendo assim, boa parte dos
habitantes não era abrangida por tais disposições, a exemplo dos escravos. Apesar
de a Constituição imperial não permitir ou vedar expressamente a escravidão, a
interpretação que se extraía do artigo 94, inciso II (BRASIL, 1824), é de que essa
prática era aceita, já que homens libertos – o que faz presumir terem sido escravos -
eram excetuados do rol de eleitores e de eleitos.
Os direitos constitucionalmente garantidos, segundo importante obra que
realizou comentários à Constituição imperial, por quem seria chamado “bandeirante
do direito brasileiro”, eram classificados como direitos naturais ou individuais, civis e
políticos (BUENO, 1857, p. 390). Os direitos individuais, que eram tidos como de
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origem divina, estavam associados à defesa propriedade, liberdade nas suas variadas
manifestações, segurança, igualdade, entre outros. Os civis relacionavam-se à vida
em sociedade e dividiam-se em direitos pessoais, das coisas e das obrigações.
Distinguiam-se dos políticos pelo fato de estes estarem à disposição apenas dos que
faziam parte da vida do Estado, de maneira que os menores de idade e os analfabetos
não eram eleitores e, por isso, não gozavam de mencionados direitos (OLIVEIRA
TORRES, 1964, p. 250).
Fonte: nossacausa.com
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1.2 A progressiva proteção constitucional da criança e do adolescente
Muito embora a Constituição imperial de 1824 não tivesse tratado dos direitos
de crianças e adolescentes, as mudanças sociais foram caminhando em direção à
necessidade de tutela desses sujeitos. Ainda em 1823, José Bonifácio, em
representação à assembleia geral constituinte e legislativa sobre a escravidão,
apresentou um projeto de emancipação gradual de escravos, no qual chagava a
garantir certa assistência à infância e à maternidade (COSTA, 1998, p. 395).
Entre a colônia e o império, as crianças tinham um papel de pouca visibilidade
na história do Brasil. No âmbito privado, quando ainda bebês, uma vez passada a fase
de amamentação, iniciava-se a segunda fase da infância, que ia até os sete anos.
Nesse período, a criança estava constantemente com os pais nas tarefas do cotidiano,
crescendo à sombra destes, o que só mudaria mais tarde, quando passavam a
desenvolver pequenas atividades, trabalhar, estudar ou aprender algum ofício como
aprendizes (DEL PRIORI, 2010, p. 84).
Relata-se que as crianças eram tratadas como se fossem pequenos animais
de estimação, verdadeiros brinquedos, o que não era encontrado só no Brasil, mas
também nas grandes famílias extensas da Europa ocidental. Para os moralistas do
século XVII, a boa educação era baseada em castigos físicos e palmadas,
contrariando o tratamento cheio de mimos dado pelas mães. (DEL PRIORI, 2010, p.
96-97).
A escravidão e a relação que daí se formou entre negros e brancos foi fato de
significativa importância na formação da sociedade brasileira, tendo sido objeto de rica
pesquisa nacional. Em meio aos debates acerca da abolição da escravidão que
polarizaram as ideias entre escravistas e emancipacionistas, embora o interesse
central discutido não fosse a proteção dos menores, houve um avanço com a edição
da lei 2.040 de 28 de setembro de 1871, conhecida como “Lei do Ventre Livre”.
Concedia liberdade aos escravos nascidos a partir da data de sua
promulgação. Apesar de ser um passo rumo à abolição, tinha efeito mais simbólico
que prático, pois, a despeito de serem considerados livres, estavam sob a
responsabilidade de seus genitores, que ainda eram cativos. Portanto, eram
legalmente livres, mas a efetivação dessa liberdade estava comprometida porque
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mantida a escravidão de seus ascendentes, que só seriam totalmente libertos com a
Lei Áurea, em 1888.
Na época, dava-se o desenvolvimento da indústria brasileira, e a mão-de-obra
feminina e infantil foi largamente utilizada, principalmente na indústria têxtil. As
crianças e os jovens eram recrutados desde muito cedo, havendo a crença de que
deveriam ser preparados para o trabalho e, assim, resolver-se-ia o problema do menor
abandonado e delinquente (RIZZINI, 2010, p. 377). Foi nesse ambiente que, antes da
promulgação da Constituição republicana de 1891, o Decreto nº 1.313, de 17 de
janeiro do mesmo ano, buscou regularizar o trabalho infantil nas fábricas da capital
federal, estabelecendo doze anos como idade mínima para o trabalho e, a partir dos
oito anos, somente na condição de aprendiz.
No mesmo ano, promulgava-se a primeira Constituição republicana, que teve
como principais características o fortalecimento da separação de poderes, o sistema
federativo e a forma presidencial de governo. Em matéria de declaração de direitos,
tratou de acabar com antigos privilégios relacionados aos resquícios de nobreza,
laicizou o Estado, fortaleceu o direito de propriedade já existente na Constituição
imperial, confirmando seu caráter liberal (BONAVIDES; ANDRADE, 1991, p. 251).
Ainda que tenha inovado em alguns pontos, a proteção da infância e juventude restou
esquecida pela Constituição de 1891.
Somente com a Constituição de 1934 são lançadas as bases de um
constitucionalismo social, que inovou o diploma constitucional ao introduzir dois novos
títulos relacionados tanto à ordem social e econômica, quanto à família, educação e
cultura. Esses direitos sociais vieram a somar aos direitos individuais já consagrados
pelos diplomas anteriores. Passou-se a fazer menção ao amparo à maternidade e
infância, no artigo 138, que previu amparo às famílias de prole numerosa, incumbindo
aos três entes federados que adotassem medidas legislativas e administrativas no
intuito de reduzir a mortalidade infantil, além de proteger a juventude contra
exploração e abandono físico, moral e intelectual (BONAVIDES; ANDRADE, 1990, p.
321-325).
Contudo, referida Constituição teve vida curta, devido ao golpe que encerrou
sua vigência e outorgou uma nova em 1937. Esta apresentava caráter autoritário e
centralizado em um Executivo forte, personificado na figura de Getúlio Vargas, que
retrocedeu no campo da defesa de direitos estampada na Carta anterior. O cenário
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nacional só mudaria com a Constituição de 1946, cuja discussões acerca da
constituinte ocorreram em um ambiente de repúdio ao Estado Novo de Vargas.
O título V, que contém os capítulos referentes aos direitos sociais e
econômicos, bem como à família provieram, em sua boa parte, do diploma de 1934.
Garantiu-se, assim, que à família, constituída pelo vínculo indissolúvel do casamento,
seria concedida especial proteção por parte do Estado (BRASIL, 1946, art. 163). Ficou
mantida a previsão da assistência à maternidade e à infância, além de ter sido incluída
a adolescência.
Passou a regular o ensino de maneira descentralizadora e liberal, de forma que
à União incumbia a política nacional da educação, ao passo que aos estados e Distrito
Federal cabia a organização dos respectivos sistemas de ensino (CALMON, 1956, p.
297 e 315-318). Assim, ainda que não houvesse diretamente a estruturação de uma
política voltada para a proteção e o desenvolvimento da infância e juventude, a
atenção a esses sujeitos se estabelecia por meio da atenção à família, educação e
cultura.
Em seguida, o Brasil teria mais uma Constituição de caráter autoritário,
decorrente do golpe militar de 1964, com a retomada da centralização e fortalecimento
do Executivo. O diploma de 1967 manteve os mesmos direitos e garantias individuais,
mas somente do ponto de vista formal, já que, na prática, o exercício desses direitos
estava comprometido pelo regime militar. Golpe mais severo ainda para o
desenvolvimento constitucional foi a emenda de nº 1, de 1969, que efetuou profundas
modificações na Constituição de 1967, adaptando os vários atos institucionais e
complementares (BONAVIDES; ANDRADE, 1991, p. 443).
Esse cenário somente mudaria com a edição da Constituição de 1988, após a
redemocratização que se seguiu a um período de intenso autoritarismo político.
Conhecida como constituição cidadã, devido à gama de direitos e garantias
fundamentais por ela albergados, trouxe o Título VIII, que trata da ordem social, no
qual consta o Capítulo VII, o qual se dedicou à tutela da infância e juventude.
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vinculantes não só da relação dita vertical - entre pessoa e Estado - mas também
horizontal - dos particulares entre si. A Constituição de 1988 foi fundamental na defesa
dos direitos da infância e da juventude, ao elevar a dignidade da pessoa humana a
fundamento da República, e a solidariedade social a um de seus objetivos, além de
colocar a família como base da sociedade.
Calcada nesses pilares, estabeleceu importantes valores que reverberaram na
posição do menor na sociedade. A tutela mais contundente dos direitos das crianças
e adolescentes insere-se no contexto das transformações pelas quais vem passando
o direito de família, como a igualdade entre cônjuges nas relações familiares, bem
como a igualdade entre filhos, independentemente da origem. Verifica-se, assim, a
democratização das relações entre os membros da família.
A família deixou de ser centrada no modelo extraído do sistema de gênero
trazido pelos colonizadores portugueses, que persistiu no século XIX, em que as
relações de gênero eram patriarcais. A família ocupava o centro das relações sociais
baseadas no binário formado entre honra e vergonha, cuja defesa era atribuição do
chefe masculino (BARMAN, 2005, p. 26). As mudanças na família e no poder familiar,
ao longo do tempo, permitiram afirmar a transição de instituição rigidamente
hierarquizada, com estrutura patriarcal e originada exclusivamente do matrimônio a
instituição formada por diversos arranjos, advindos de origens as mais diversas, entre
as quais o matrimônio é apenas uma espécie.
A criança foi reconhecida como pessoa em desenvolvimento, dotada de
dignidade e personalidade. De mera expectadora da vida familiar e cumpridora de
deveres, alçou posição central na família, devendo ter seus diretos protegidos e
promovidos. O pátrio poder, tido como um direito subjetivo a ser exercido pelo pai de
maneira impositiva, passou por transformações que permitem o considerar autoridade
parental, a ser exercida por ambos os genitores no sentido de promover o
desenvolvimento e personalidade do menor.
Nesse sentido renovador da Constituição Federal, referido diploma passou a
prever expressamente a tutela do melhor interesse da criança e do adolescente. Estes
surgiram como sujeitos merecedores de especial proteção, tarefa atribuída não mais
somente à família, mas também ao Estado e à sociedade. Os direitos das crianças e
adolescentes passaram a ser oponíveis também à própria família.
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Ao contrário da antiga visão de que as crianças só teriam os direitos concedidos
pelo pai e na medida permitida por este, o posicionamento atual é de que, por serem
pessoas e, portanto, dotadas de dignidade e personalidade, devem ser protegidas
pelo Estado também contra eventuais abusos da liberdade dos pais. Em oposição ao
modelo patriarcal, em que os filhos não participavam do processo decisivo em relação
às escolhas a ele inerentes, a família atual abre espaço para que os filhos sejam
ouvidos e tenha sua vontade considerada na medida do discernimento e visando ao
seu desenvolvimento.
Nesse sentido é que o poder familiar deve ser entendido como consequência
da parentalidade, uma vez que os pais têm o dever de “assistir, criar e educar os filhos
menores” (BRASIL, 1988, art. 229). Evidencia-se por meio de deveres que
correspondem a direitos titularizados pelos filhos, cujo conteúdo mínimo se encontra
na Constituição (BRASIL, 1988, art. 227), entre os quais figuram os direitos: à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além do
dever de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
Importante inovação constitucional consiste na doutrina da proteção integral,
entendida como o dever da família, do Estado e da sociedade de promover os direitos
desses sujeitos com absoluta prioridade, reconhecendo a necessidade de proteção
especial por serem pessoas em desenvolvimento. Assim, faz-se necessária a
efetivação de direitos fundamentais, que pode ser feita de duas formas: políticas
sociais públicas e tutela jurisdicional diferenciada, que se realizam, por exemplo,
através da participação de entidades sociais na execução de políticas públicas
voltadas à infância e adolescência e da possibilidade do uso de ação civil pública para
defesa de direitos das crianças e dos adolescentes, respectivamente (MACHADO,
2003, p. 140-141).
Em âmbito internacional, A Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, e ratificada
pelo Brasil e inserida no plano interno por meio do Decreto nº 99.710, em 21 de
novembro de 1990, também estabeleceu a proteção integral. Isso trouxe para os
países signatários, como o Brasil, o compromisso de implementar as medidas nela
contidas e adequar a legislação interna aos objetivos da Convenção.
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Fonte: www.a12.com
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2 A PROTEÇÃO INTEGRAL E SUA PERSPECTIVA NO ESTADO
DEMOCRÁTICO BRASILEIRO2
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do momento em que todos, inclusive o Estado, são responsáveis por zelar e construir
caminhos que levem ao crescimento e ao desenvolvimento do ser humano, entende-
se que, se não houver investimentos e tentativa de inter-relação nas áreas da
educação, saúde, cultura, trabalho, não haverá desenvolvimento integral do ser
humano e a teoria proposta pela convenção internacional dos direitos da criança não
se concretizará.
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cumprimento, sob pena de omissão; afinal cuida-se de um órgão deliberativo
e controlador das ações nesta área.
É muito comum a presidência do CMDCA receber e não dar a resposta.
Nesse caso, deverá o Conselho Tutelar reiterar pedidos de providências,
inclusive no sentido de pautar para as reuniões futuras do CMDCA o
comparecimento de um representante do Conselho Tutelar para acompanhar
as discussões e, se possível, explicar a razão do requerimento. (PESTANA,
2011, p.135)
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(representantes da sociedade civil e do governo) na qual discutem as possíveis
políticas que poderão se tornar públicas para que possam atender às demandas da
sociedade em geral, no setor da criança e do adolescente. De acordo com Luiz
Antônio Miguel Ferreira (2011, p.98), as decisões tomadas nos Conselhos têm caráter
normativo, que seguem as legislações federal e estadual, porém são em forma de
“portarias, resoluções, pareceres e outros documentos pertinentes, que melhor
orientem as ações e diretrizes a serem desenvolvidas”.
Há de se lembrar que as políticas elaboradas e os envolvidos nesta elaboração
devem estar em consonância com as necessidades da população na qual este
Conselho está inserido, para que essas ações sejam realmente eficazes.
Essa consonância de interesses com a população exige muito mais do que
apenas criar novas políticas; exige, também, uma integração entre os entes estatais
responsáveis por parcelas de atendimento da criança e do adolescente, como, por
exemplo, na área da saúde, da educação, da cultura, trabalho, assim como integrar-
se com os movimentos não governamentais, como os movimentos estudantis, ONGs,
voluntários e todos que se interessem de alguma forma pelo compromisso do cuidado.
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e o adolescente passe de um órgão, programa ou serviço para outro, cada qual
realizando um trabalho isolado” (DIGIÁCOMO, 2013, p.2), muitas vezes sem a
possibilidade de vislumbrar outras saídas para a resolução de problemas que se
referem a infância e adolescência.
Ainda se referindo às ideias de Murillo Digiácomo (2013, 01-09), o autor declara
que, a chamada rede de atendimento, abrange toda a gama de instituições ligadas à
prestação de garantias de direitos aos infantes, inclusive no que se refere à
assistência social com representação municipal e outras instituições governamentais
como escolas, hospitais, entidades esportivas, de lazer e culturais, assim como as não
governamentais. Esta rede, a qual atualmente, de acordo com Denis Pestana (2011,
p.87), representa uma “pulverização do poder de forma descentralizada”, deverá
desenvolver um trabalho interdisciplinar e cultivar o bom relacionamento entre seus
representantes e a comunidade em prol da criança e do adolescente para que o
intento da realização dos direitos fundamentais seja eficaz.
No Brasil, o trabalho em rede, nas cidades que efetivamente se propõe a
trabalharem neste sentido, como em Porto Alegre, por exemplo, tem reunido com
sucesso instituições e pessoas com objetivos em comum. O padrão organizacional
das redes objetiva a descentralização e torna os serviços mais diretos e dinâmicos,
pois estas características dão aos entes envolvidos mais autonomia e torna as
relações entre todos, inclusive com os cidadãos, mais horizontalizada, buscando
sempre maior eficácia.
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que, ao mesmo tempo, evite a agressão aos direitos humanos de crianças e
adolescentes. Há de se lembrar que a família não é considerada a única ou a principal
culpada das agressões, pois o Estado tem responsabilidade no provimento de
políticas que possam melhorar a condição de vida da criança conjuntamente a da sua
família. Tal argumento é autorizado pelo artigo 3º do Estatuto da criança e do
adolescente quando diz que:
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Fonte: www.blogadao.com
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considerados como pessoas em desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta
do Estado.
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, proporcionando a
eles um desenvolvimento físico, mental, moral e social condizentes com os princípios
constitucionais da liberdade e da dignidade, preparando para a vida adulta em
sociedade.
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência
familiar e comunitária para meninos e meninas, e também aborda questões de
políticas de atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados à Constituição da
República de 1988.
Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela compreendida entre doze e dezoito anos.
Entretanto, aplica-se o estatuto, excepcionalmente, às pessoas entre dezoito e vinte
e um anos de idade, em situações que serão aqui demonstradas.
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, por
qualquer pessoa que seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente
aos seus direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que a criança e o
adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência.
As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguardar a família
natural ou a família substituta, sendo esta última pela guarda, tutela ou adoção. A
guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional, a tutela
pressupõe todos os deveres da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos
incompletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos direito e deveres,
inclusive sucessórios.
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensável à organização
social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88. Não sendo regra, mas os adolescentes
correm maior risco quando fazem parte de famílias desestruturadas ou violentas.
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Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos filhos, não
constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de recursos materiais, sob pena
da perda ou a suspensão do pátrio poder.
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes, descumpra qualquer de suas obrigações, a criança ou
adolescente serão colocados em família substituta mediante guarda, tutela ou adoção.
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar
e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecentes.
Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no desenvolvimento
familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao máximo a estabilidade emocional,
econômica e social.
A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são fatores que
interferem diretamente no desenvolvimento das crianças e adolescentes, visto que
não permanecem exclusivamente inseridos na entidade familiar.
Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos
direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto que cabe a sociedade, família e ao
poder público proibir a venda e comercialização à criança e ao adolescente de armas,
munições e explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de
conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes.
Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de
cinco membros, escolhidos pela comunidade local, regularmente eleitos e
empossados, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da
criança e do adolescente.
O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competentes a salvaguardar
os direitos das crianças e dos adolescentes nas hipóteses em que haja desrespeito,
inclusive com relação a seus pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres
previstos na legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros
Tutelares:
1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de proteção.
2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas pertinentes
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
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3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar serviços
públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificadamente, descumprir suas
decisões.
4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Estatuto tenha
como infração administrativa ou penal.
5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas socioeducativas
aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
7. Expedir notificações em casos de sua competência.
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e adolescentes,
quando necessário.
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentaria
para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para que estas se
defendam de programas de rádio e televisão que contrariem princípios constitucionais
bem como de propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à
saúde e ao meio ambiente.
11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações judiciais de perda
ou suspensão do pátrio poder.
12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamentais que
executem programas de proteção e socioeducativos.
Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade da criança e do
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor, havendo suspeita ou confirmação de maus-
tratos contra alguma criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados ao
Conselho Tutelar para providências cabíveis.
Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a delinquência é uma
realidade social, principalmente nas grandes cidades, sem previsão de término,
fazendo com que tenha tratamento diferenciado dos crimes praticados por agentes
imputáveis.
Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos incompletos são
denominados atos infracionais passíveis de aplicação de medidas socioeducativas.
Os dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente disciplinam situações nas
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quais tanto o responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem atitudes,
definindo sanções para os casos mais graves.
Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta sempre estará
descrita como crime ou contravenção penal para os imputáveis, poderão sofrer
sanções específicas aquelas descritas no estatuto como medidas socioeducativas.
Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas respondem pela
prática de ato infracional cuja sanção será desde a adoção de medida protetiva de
encaminhamento aos pais ou responsável, orientação, apoio e acompanhamento,
matricula e frequência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa de
auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico,
abrigo, tratamento toxicológico e, até, colocação em família substituta.
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis) que pratica
algum ato infracional, além das medidas protetivas já descritas, a autoridade
competente poderá aplicar medida socioeducativa de acordo com a capacidade do
ofensor, circunstâncias do fato e a gravidade da infração, são elas:
1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo e assinada pelos
adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento em atos infracionais e sua
reiteração,
2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja passível de
reparação patrimonial, compensando o prejuízo da vítima,
3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo conscientizar o
menor infrator sobre valores e solidariedade social,
4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o enfretamento da
prática de atos infracionais, na medida em que atua juntamente com a família e o
controle por profissionais (psicólogos e assistentes sociais) do Juizado da Infância e
Juventude,
5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez que exigem dos
adolescentes infratores o trabalho e estudo durante o dia, mas restringe sua liberdade
no período noturno, mediante recolhimento em entidade especializada,
6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extrema do Estatuto da
Criança e do Adolescente devido à privação total da liberdade. Aplicada em casos
mais graves e em caráter excepcional.
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Antes da sentença, a internação somente pode ser determinada pelo prazo
máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada baseada em fortes indícios de
autoria e materialidade do ato infracional.
Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de internação têm
a obrigação de:
1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes,
2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na
decisão de internação,
3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao
adolescente,
4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos
familiares,
5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda infraestrutura
e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área de lazer e atividades culturais
e desportivas,
6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses,
dando ciência dos resultados à autoridade competente.
Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser implementadas até
que sejam completados 18 anos de idade. Contudo, o cumprimento pode chegar aos
21 anos de idade nos casos de internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA.
Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas no Estatuto da
Criança e do Adolescente apresentam preocupação com a reeducação e a
ressocialização dos menores infratores.
Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato infracional, o
representante do Ministério Público poderá conceder o perdão (remissão), como
forma de exclusão do processo, se atendido às circunstâncias e consequências do
fato, contexto social, personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação
no ato infracional.
Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medidas aplicáveis aos
pais ou responsáveis de encaminhamento a programa de proteção a família, inclusão
em programa de orientação a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a
tratamento psicológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas de
orientação, obrigação de matricular e acompanhar o aproveitamento escolar do
24
menor, advertência, perda da guarda, destituição da tutela e até suspensão ou
destituição do pátrio poder.
O importante é observar que as crianças e os adolescentes não podem ser
considerados autênticas propriedades de seus genitores, visto que são titulas de
direitos humanos como quaisquer pessoas, dotados de direitos e deveres como
demonstrado.
A implantação integral do ECA sofre grande resistência de parte da sociedade
brasileira, que o considera excessivamente paternalista em relação aos atos
infracionais cometidos por crianças e adolescentes, uma vez que os atos infracionais
estão ficando cada vez mais violentos e reiterados.
Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e educar a criança e
o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem nenhum tipo de punição ou mesmo
ressocialização, bem como é utilizado por grupos criminosos para livrar-se de
responsabilidades criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa.
Cabe ao Estado zelar para que as crianças e adolescentes se desenvolvam em
condições sociais que favoreçam a integridade física, liberdade e dignidade. Contudo,
não se pode atribuir tal responsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do
estatuto da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do que o
produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm importância fundamental
no comportamento dos mesmos.
25
3.2 Código de Menores
27
feita aos aprendizes. O ECA prevê a aprendizagem, que foi inclusive, regulamentada
pela Lei 10.097, de 2000, mas para que esses jovens trabalhem, há condições
específicas, como carga horária reduzida e emprego condicionado à frequência
escolar.
Jovens entre 16 e 18 anos podem, na forma de “trabalho adolescente
protegido”, entrar no mercado de trabalho, desde que não seja em horário noturno e
nem em atividades insalubres ou perigosas. Essas atividades estão listadas no
decreto 6.481 de 2008, que define as “piores formas de trabalho infantil”, conhecida
como Lista TIP.
Sobre o trabalho infantil há ainda um agravante: o trabalho infantil escravo. Não
raro, famílias que vêm de outros países, e mesmo das regiões mais pobres do país,
em busca de uma vida melhor, são usadas como mão de obra barata (incluindo
crianças e adolescentes), por exemplo, em oficinas de fabricação de roupas. Além
disso, são mantidas em condições precárias de sobrevivência. Outro exemplo são as
plantações pelo interior do Brasil - fazendas de cacau, fazendas de tomate, lavouras
de canas e carvoarias, que vez ou outra aparecem nos noticiários por promover
trabalho escravo, inclusive usando crianças e adolescentes.
Maus-tratos e abuso sexual
Cresce o número de casos em que a criança sofre maus-tratos em casa, por
parte da própria família. Há, inclusive, um alto índice de óbito nesses casos. Entre os
principais motivos estão o uso de drogas por parte dos pais e dificuldades no
relacionamento do casal, o que impacta fortemente quando a mãe tem um namorado
que não é o pai da criança e que “não gosta” da criança ou se irrita frequentemente
com ela. Há casos de barbáries, que nem dá para acreditar quando se fica sabendo.
Assim como os casos em que as crianças são abusadas sexualmente e ninguém
sabe, muitas vezes até pelos próprios familiares.
Esses exemplo de violência abordados aqui mostram a importância de acionar
os meios de proteção à criança e ao adolescente e, principalmente, de se estar
preparado e informado para ajudar esses jovens em situações de risco.
28
4 DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Fonte: udcdob.org.br
29
as legislações às suas disposições e os compromete a não violarem seus preceitos,
instituindo, para isto, mecanismos de controle e fiscalização. (VERONESE;
OLIVEIRA, 2008).
O Brasil, com base nas discussões sobre a Convenção, adota no texto
constitucional de 1988 a Doutrina da Proteção Integral, consagrando-a em seu art.
227.
30
A Doutrina da Proteção Integral veio contrapor a Doutrina da Situação Irregular
então vigente instituída pelo Código de Menores de 1979, “[...] onde a criança era vista
como problema social, um risco à estabilidade, às vezes até uma ameaça à ordem
social [...] a infância era um mero objeto de intervenção do Estado regulador da
propriedade [...]”. Assim, a doutrina da situação irregular não atingia a totalidade de
crianças e adolescentes, mas somente destinava-se àqueles que representavam um
obstáculo à ordem, considerados como tais, os abandonados, expostos, transviados,
delinquentes, infratores, vadios, pobres, que recebiam todos do Estado a mesma
resposta assistencialista, repressiva e institucionalizante. (CUSTÓDIO; VERONESE,
2009, p. 68).
Pela nova ordem estabelecida, criança e adolescente são sujeitos de direitos e
não simplesmente objetos de intervenção no mundo adulto, portadores não só de uma
proteção jurídica comum que é reconhecida para todas as pessoas, mas detém ainda
uma “supraproteção ou proteção complementar de seus direitos”. (BRUNÕL, 2001,
p.92). A proteção é dirigida ao conjunto de todas as crianças e adolescentes, não
cabendo exceção.
O artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente esclarece a proteção
complementar instaurada pela nova doutrina, ao afirmar que à criança e ao
adolescente são garantidos todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa
humana, bem como são sujeitos a proteção integral.
31
desigualdade inerente, intrínseca, o ordenamento confere-lhes tratamento
mais abrangente como forma de equilibrar a desigualdade de fato e atingir a
igualdade jurídica material e não meramente formal.” (MACHADO, 2003, p.
123).
32
Neste sentido, afirma Machado (2003) que o direito peculiar de crianças e
adolescentes desenvolver sua personalidade humana adulta integra os direitos da
personalidade e é relevante tal noção por estar ligada estruturalmente a distinção que
os direitos da crianças e adolescentes recebem do texto constitucional.
33
Machado (2003) afirma serem os direitos elencados no caput do artigo 227 e
228 da CF/88 também direitos fundamentais da pessoa humana, pois o direito à vida,
à liberdade, à igualdade mencionados no caput do artigo 5º da CF referem-se a
mesma vida, liberdade, igualdade descritas no artigo 227 e § 3º do artigo 228, ou seja,
tratam-se de direitos da mesma natureza, sendo todos direitos fundamentais.
Porém, os direitos fundamentais de que trata o artigo 227 são direitos
fundamentais de uma pessoa humana de condições especiais, qual seja pessoa
humana em fase de desenvolvimento. Neste sentido, Bobbio (2002, p.35) aponta
como sendo singular a proteção destinada às crianças e adolescentes:
“Se se diz que “criança, por causa de sua imaturidade física e intelectual,
necessita de uma proteção particular e de cuidados especiais”, deixa-se
assim claro que os direitos da criança são considerados como um ius
singulare com relação a um ius commune; o destaque que se dá a essa
especificidade do genérico, no qual se realiza o respeito à máxima suum
cuique tribuere.”
34
Fonte:www.conselhotutelar.com.br
35
Ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescente garante o tratamento igualitário
de todos os sujeitos, independentemente da condição social (art. 11). Os portadores
de deficientes receberão tratamento especializado (§ 1º), incumbindo ao poder público
o fornecimento gratuito de medicamentos, próteses e outros recursos quando
necessários (§ 2º). No caso de internação da criança e do adolescente, os hospitais
deverão propiciar condições para que um dos pais permaneça com o paciente (art.12).
O Sistema Único de Saúde promoverá ainda programas de assistência médica,
odontológica e campanhas de vacinação das crianças (art. 14).
Observa-se, desta forma, que o direito à vida, incutido no direito à saúde, é
considerado o mais elementar e absoluto dos direitos fundamentais, pois é
indispensável ao exercício de todos os outros direitos. Não pode ser confundido com
sobrevivência, pois o direito à vida implica o reconhecimento do direito de viver com
dignidade, direito de viver bem, desde o momento da formação do ser humano. (AMIN,
2007).
Neste sentido, Lenza (2007) afirma que o direito à vida abrange tanto o direito
de não ser morto, privado da vida, portanto o direito de continuar vivo, como também
o direito de ter uma vida digna, garantindo-se as necessidades vitais básicas do ser
humano, e proibindo qualquer tratamento indigno, como a tortura, penas de caráter
perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, entre outros.
Amim (2007) ilustra a efetivação do direito à vida e à saúde, apontando para a
hipótese de adolescente que estando à beira da morte, deve ser assegurado a ele,
minimamente, os recursos para tentar mantê-lo vivo, ou se for inevitável a sua morte
precoce, que ao menos haja tratamento digno. Ainda, na hipótese de uma criança ou
adolescente sem as duas pernas, seria indigno que se arrastasse no intuito de se
locomover, neste caso caberia providenciar uma cadeira de rodas, eventual cirurgia
para colocação de prótese, enfim todos os meios para assegurar dignidade na forma
de viver.
O art. 227 da Constituição Federal inclui, logo após o direito à vida e à saúde,
o direito à alimentação no rol dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes.
36
É um direito especial de crianças e adolescentes positivado, levando em
consideração a maior vulnerabilidade por estarem em peculiar condição de pessoa
em desenvolvimento. Este direito tem estreita ligação com o direito à vida e direito ao
não- trabalho. Assim, a positivação deste direito criou para o Estado o dever de
assegurar alimentação a todas as crianças e adolescentes que não tenham acesso a
ela por meio dos pais ou responsáveis e, ainda, faz nascer o direito individual de exigir
esta prestação. (MACHADO, 2003).
Conforme determina o art. 1.696 do Código Civil de 2002, “o direito à prestação
de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns na falta de outros”, assim na
falta dos genitores poderá a criança e o adolescente pleitear os alimentos dos outros
parentes, respeitando a ordem de sucessão. Define o art. 2° da Lei de Alimentos, n.
5.478/68, que o credor, ao postular pela concessão dos alimentos, exporá suas
necessidades e provará apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor.
37
de deficiências (inciso III), e educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças de
zero a seis anos de idade (inciso IV). A não oferta do ensino obrigatório importa em
responsabilização da autoridade competente (§ 2º).
Fazendo alusão ao § 3º do artigo 54 do ECA, Machado (2003) ressalta a
prestação positiva imposta ao Estado em assegurar o direito à educação, não
bastando a oferta de vagas, a Constituição exige do Estado o recenseamento de
crianças e adolescentes em idade escolar, que proceda a chamada deles e que zele,
junto com os pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
Contudo, alerta Meneses (2008, p. 28):
“[...] o aluno fora da sala de aula afronta a juridicidade. Mas um aluno na sala
de aula, sem espaço para o erro, e por causa dele, desautorizado a
reconstruir concepções, afronta a proteção integral de pessoa em
desenvolvimento. Ainda o aluno na sala de aula, porque assim determina a
lei, que não respeita a convivência com o educador e com os outros alunos,
liquida com a qualidade da relação [...].” (MENESES, 2008, p.28).
38
Elias (2005) ressalta a importância da cultura, do esporte e lazer no processo
de formação dos indivíduos, sob o ponto de vista físico e mental. Desta forma, a
municipalização facilita o atendimento nestas áreas, contribuindo para afastar
crianças e adolescentes dos perigos das drogas e de outros vícios que prejudicam o
desenvolvimento de uma personalidade saudável, o que, no futuro, poderá levá-los a
uma vida sem qualidade e à criminalidade.
Para Amin (2007) estes direitos devem ser assegurados pelo Estado através
da construção de praças, instalação de teatros populares, promoção de shows abertos
ao público, construção de complexos ou simples ginásios poliesportivos. A família
deve buscar proporcionar o acesso a estes direitos, e a escola tem papel importante
na promoção destes, quando realiza passeios ou forma grupos de teatro com os
próprios alunos.
Aponta Machado (2003) que um direito que se desprenderia do direito ao lazer,
à convivência familiar e comunitária, do direito ao não-trabalho, seria o direito de
brincar. A garantia deste direito auxiliaria no desenvolvimento cognitivo, psicológico e
social da criança e do adolescente.
Assegurar o direito de brincar encontra seu significado quando inserido numa
sociedade influenciada pela mídia que passou a exigir um comportamento adulto
daqueles que ainda não o são. Assim, crianças e adolescentes assumem uma agenda
de horários similar a dos adultos, a outros ainda é imposta a responsabilidade pelo
cuidado de irmãos menores, correndo o risco de lhes faltar tempo para brincar,
conversar, se divertir. (AMIN, 2007).
39
O trabalho poderá retirar as forças imprescindíveis para o acompanhamento das aulas
regulares, limitando a capacidade de aprendizado e prejudicando sua qualificação
teórico-profissional. Ainda, o trabalho poderá representar um esforço superior ao seu
estágio de crescimento, comprometendo a saúde e o seu desenvolvimento cognitivo.
Por estas razões, visando proteger crianças e adolescentes e, ao mesmo
tempo, assegurar-lhes o direito fundamental à profissionalização, o ordenamento
estabeleceu um regime especial de trabalho, com direitos e restrições.
A Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98 alterou o inciso XXXIII do art. 7º
restringindo o trabalho adolescente a partir dos 16 anos, salvo na condição de
aprendiz a partir dos 14 anos, conforme art. 403 da CLT e art. 60 da Lei 8.069/90.
Além da limitação etária, é proibido o trabalho noturno, entre às 22 e 5 horas, o
trabalho perigoso, insalubre ou penoso, realizado em locais prejudiciais à formação e
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social do adolescente, bem como em
horários que prejudiquem a sua frequência à escola (art. 67 do ECA e arts. 403, 404,
405 da CLT). Também lhe são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários
(art. 65 do ECA).
O direito ao trabalho protegido, exercido por adolescente entre 14 a 18 anos,
não pode ser confundido com o direito à profissionalização, existindo na essência
antagonismos entre eles. De acordo com Machado (2003, p.188):
40
4.8 Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
“[...] Toda criança nasce com o direito de ser. É um erro muito grave, que
ofende o direito de ser, conceber a criança como apenas um projeto de
pessoa, como alguma coisa que no futuro poderá adquirir a dignidade de um
ser humano. É preciso reconhecer e não esquecer em momento algum, que,
pelo simples fato de existir, a criança já é uma pessoa e por essa razão
merecedora do respeito que é devido exatamente na mesma medida a todas
as pessoas.” (DALLARI; KORCZACK, 1986, p. 21).
Reafirma o art. 18 do ECA, ser dever de todos zelar pela suprema dignidade
de crianças e adolescentes, colocando-os a salvo de qualquer forma de tratamento
desumano, aterrorizante, constrangedor, bem como qualquer espécie de violência,
seja a violência física, a psicológica ou a violência moral.
41
4.9 Direito à Convivência Familiar e Comunitária
42
Conforme art. 100 da Lei n. 8.069/90, a manutenção e o fortalecimento dos
vínculos devem ser observados também na aplicação de medidas socioeducativas,
preferindo aquelas medidas que favoreçam as relações afetivas que o adolescente já
tem construído em sua família e comunidade.
I. Convivência familiar5
43
A família se define, assim, em torno de um eixo moral, onde a noção de
obrigação sobrepõe-se à de parentesco. Conforme afirma Marcell Mauss (1974), não
há relações com parentes de sangue se com eles não for possível dar, receber e
retribuir, as três obrigações fundamentais que compõem este universo moral fundado
no princípio da reciprocidade.
Logo, a família seria uma rede que se ramifica e envolve a gama de parentes e
vizinhos, “configurando uma trama de obrigações morais que enreda os indivíduos em
dois sentidos: ao dificultar sua individualização e ao viabilizar sua existência como
apoio e sustentação básicos” (SARTI, 1995, p. 49).
Essa obrigação atrelada ao conceito de vínculo social relaciona-se diretamente
com as redes, grupos ou indivíduos de quem se recebe proteção mediante as mais
diversas necessidades, essa ideia é resumida pela autora nas expressões “ter com
que e com quem contar”, o que considera o conjunto de pessoas e/ou agentes dos
serviços com quem os indivíduos podem receber auxílio nas mais diversas situações
de necessidade.
Essa concepção considera as redes formadas por vizinhos, parentes, amigos,
como parte do contexto de proteção, o que daria à família melhores condições de
enfrentar a vulnerabilidade e o risco social. Dessa forma, o local onde a família está
situada pode, ao considerar os vínculos sociais, oferecer maior ou menor grau de
proteção,
44
consanguinidade, elas se estendem aos vizinhos, membros da família extensa entre
outros.
É preciso considerar ainda as mudanças que vem ocorrendo no perfil das
famílias e deve ser vista enquanto “um grupo social cujos movimentos de organização-
desorganização-reorganização mantêm estreita relação com o contexto sociocultural”
(AFONSO; FILGUEIRAS, 1995).
Logo, a família nuclear tradicional, herança da família patriarcal brasileira, deixa
de ser o modelo hegemônico e outras formas de organização familiar passam a ser
reconhecidas, evidenciando que esta não é estática e que suas funções de proteção
e socialização podem ser exercidas nos mais diversos arranjos familiares e contextos
socioculturais, refutando qualquer ideia preconcebida de modelo familiar “normal”.
Assim, o conceito de família “normal”, “estruturada”, passa pela desmistificação
de uma estrutura única tida como ideal e, ainda, o deslocamento da ênfase da
importância da estrutura familiar para suas funções de cuidado com a criança e com
o adolescente, questionando a antiga concepção de “desestruturação familiar”.
Ao longo dos anos essa instituição vem ganhando novos formatos, as relações
entre seus membros passam a ter novas configurações. Essas transformações
exigem novos olhares e interpretações em torno da família, não sendo hoje possível
considerar a sua forma nuclear (pai, mãe e filhos), como única forma possível, ou
idealizá-la como a única estrutura desejável para a formação da sociedade,
Essas transformações se dão pelo fato de a família não ser uma instituição
desconecta da realidade social. Para que os indivíduos se reproduzam socialmente
eles precisam anteriormente, se reproduzir como tais, o que ocorre, no contexto da
família. Dessa forma ela acompanha e reflete as mudanças sociais, as ideias, a cultura
a própria dinâmica da vida social como um todo.
No entanto, apesar das mudanças que ocorrem em sua estrutura, as famílias
nucleares se isolam em seus próprios mundos. Os casais têm cada vez menos filhos
45
e se tornam, nos termos de Ladislau Dowbor, “a família economicamente rentável”,
sob a égide do Capital o individualismo e consumismo altera os padrões de
sociabilidade:
46
amplos que passarão a integrar ao longo do desenvolvimento da socialização e da
autonomia.
Entretanto, é preciso ampliar a compreensão das dificuldades que as famílias
em situação de vulnerabilidade social passam para oferecer tal ambiente às suas
crianças e adolescentes, visto suas necessidades de sobrevivência, as condições
precárias de habitação, saúde e escolarização, a exposição constante aos ambientes
de alta violência urbana, dentre outros fatores. Não é por acaso que se necessita de
desenvolvimento de programas sociais voltados para as crianças e adolescentes em
situação de vulnerabilidade social, quer tenham vínculos comunitários e familiares
intactos, quer estejam em situação de afastamento provisório ou não de suas famílias.
47
formas de apoio coletivo entre famílias em situação de vulnerabilidade social: redes
espontâneas de solidariedade entre vizinhos: a família recebe apoio em situações de
crise como morte, incêndio ou doenças; práticas informais organizadas: a comunidade
compartilha com os pais ou responsáveis a função de cuidado com a criança e com o
adolescente, bem como denuncia situações de violação de direitos, dentre outras; e
práticas formalmente organizadas: a comunidade organiza projetos e cooperativas
para a geração de emprego e renda, por exemplo.
Vivências de “desenraizamento familiar e social” associam-se à falta de um
grupo familiar extenso e de vínculos significativos na comunidade aos quais a família
possa recorrer para encontrar apoio ao desempenho de suas funções de cuidado e
proteção à criança e ao adolescente. Para as referidas autoras:
48
orientar os seus filhos, que subsidiou suas ações de institucionalização de crianças e
adolescentes de baixa renda ao longo de vários anos.
Fonte: radardaprimeirainfancia.org.br
49
Historicamente essas instituições, abrigos, orfanatos, casas-lares, tinham o
objetivo de prevenir ou tratar atitudes ou situações de “desvio” individual e social, o
que resultava na institucionalização e na quebra dos vínculos familiares e
comunitários. Sob a perspectiva da proteção integral, esses programas e instituições
passam a ter um novo foco de ação, diante das condições de vulnerabilidade
apresentadas pelas famílias.
Desta forma, o Plano denota a pertinência da convivência familiar, enquanto
direito, e estabelece ações e prazos específicos para sua efetivação. Com certeza,
representa um avanço no reconhecimento da criança e do adolescente como sujeitos
de direitos. No entanto, reconhece que:
51
O desligamento deve ocorrer de forma gradativa, e nesse processo o trabalho
social envolvendo a família é primordial para essa superação. A medida de
acolhimento, embora seja necessária, não pode ser a única atitude protetiva, essa
deve ser acompanhada do acionamento da rede de proteção para que o retorno da
criança/adolescente alcance resultado satisfatório, caso contrário, o acolhimento pode
perdurar e, ainda assim, a reintegração familiar não ocorrer de forma exitosa.
Assim, a convivência familiar e comunitária é o direito assegurado às crianças
e adolescentes de serem cuidados por uma família, dentro de uma comunidade, quer
seja sua família de origem ou substituta. Rizzini entende a convivência familiar como:
52
Fonte: files.consultoriopsi.webnode.com
53
previstos na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, conclui-
se que os direitos fundamentais refletem a proteção integral preconizada,
representando um avanço. Porém, o desafio que atinge a todos, sociedade, famílias
e Estado, é o de transformar os direitos fundamentais em prática no atual momento
histórico da infância e adolescência no Brasil, e não somente representar uma
conquista formal.
54
BIBLIOGRAFIA
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Unesp, 4. ed, 1998.
DEL PRIORE, Mary. O cotidiano da criança livre no Brasil entre a Colônia e o Império.
In: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto,
2010.
55
FURTADO, Antônia Gomes; DE MORAIS, Klênia Souza Barbosa; CANINI, Raffaella.
O direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes: construção
histórica no Brasil. Serviço Social em Revista, v. 19, n. 1, p. 131-154, 2017.
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução política do Brasil: colônia e império. São Paulo:
Brasiliense, 2012.
RIZZINI, Irma. Pequenos trabalhadores do Brasil. In: DEL PRIORE, Mary (Org.).
História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010.