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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE JOAÇABA
ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIAS - ACET
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ADRIANO ANZANELLO
ANDRÉ ZARDO CRUBER
JULIANO LUCHINI
RICARDO ZOTTI

RESPIRADOR MECÂNICO ARTIFICIAL

JOAÇABA
2021
ADRIANO ANZANELLO
ANDRÉ ZARDO CRUBER
JULIANO LUCHINI
RICARDO ZOTTI

RESPIRADOR MECÂNICO ARTIFICIAL

Projeto de um RESPIRADOR MECÂNICO


ARTIFICIAL desenvolvido no Curso de Engenharia
Mecânica, Área das Ciências Exatas e Tecnológicas
da Universidade do Oeste de Santa Catarina, como
requisito para conclusão do componente curricular
do componente curricular de Projeto de Sistemas
Mecânicos.

Professor orientador do componente curricular: Prof. Douglas Roberto Zaions, M. Eng.

JOAÇABA
2021
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Anatomia do sistema respiratório. ............................................................... 21


Figura 2 - Mecanismo de Hematose. ............................................................................ 23
Figura 3 - Sala contendo vários pacientes utilizando pulmões de aço.......................... 24
Figura 4 - Sr. Forrest Bird com o protótipo e o respirador Bird Mark 7. ..................... 25
Figura 5 - Respirador Bird Mark 7. .............................................................................. 26
Figura 6 - Cronograma de desenvolvimento. ............................................................... 32
Figura 7 - Recorte de algumas manchetes relacionadas a ocupação de leitos UTI's, em
04 abr. 2021. ............................................................................................................................. 34
Figura 8 - Projeto INSPIRE. ......................................................................................... 36
Figura 9 - Respirador mecânico desenvolvido pelo IFAL. ........................................... 37
Figura 10 - Respirador mecânico de baixo custo da UFMG. ....................................... 38
Figura 11 - Respirador mecânico AIR-TRON.............................................................. 39
Figura 12 - Respirador mecânico artificial desenvolvido pela UFRGS. ...................... 40
Figura 13 - Respirador mecânico desenvolvido por maranhenses de Imperatriz-MA. 41
Figura 14 - Respirador mecânico desenvolvido pelas equipes da SETEC-AP, UNIFAP,
SENAI-AP e IFAP. .................................................................................................................. 42
Figura 15 - Prototipagem em software de modelagem tridimensional SolidWorks -
Montagem do dispositivo. ........................................................................................................ 68
Figura 16 - Prototipagem em software de modelagem tridimensional SolidWorks -
Quadro de comando. ................................................................................................................. 68
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Necessidades do cliente. ............................................................................. 47


Quadro 2 - Matriz de apoio à conversão dos requisitos de usuário em requisitos de
projeto. ...................................................................................................................................... 48
Quadro 3 - Matriz QFD. ............................................................................................... 50
Quadro 4 - Especificações de projeto e produto. .......................................................... 51
Quadro 5 - Matriz Morfológica. ................................................................................... 55
Quadro 6 - Matriz Morfológica com avaliação prévia da aplicabilidade dos
componentes. ............................................................................................................................ 56
Quadro 7 - Matriz de Decisão ....................................................................................... 57
Quadro 8 - Matriz de decisão “Passa não Passa” ......................................................... 58
Quadro 9 - Matriz de Avaliação ................................................................................... 59
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 19

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................................ 19


1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................................ 19
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................................................... 19
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................................. 19
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................................................... 19
1.4 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................................. 20
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................................................................... 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................................ 21

2.1 CARACTERÍSTICAS DA RESPIRAÇÃO HUMANA E CICLAGEM RESPIRATÓRIA ........................ 21


2.1.1 Funcionamento do Sistema Respiratório ..................................................................................................... 22
2.1.2 Controle da Respiração em Seres Humanos ................................................................................................ 23
2.2 RESPIRADORES MECÂNICOS ARTIFICIAIS ........................................................................................ 24
2.2.1 Respirador mecânico artificial .................................................................................................................... 25
2.2.2 Respirador mecânico artificial microprocessado ........................................................................................ 26
2.2.3 Normatização dos respiradores mecânicos artificiais ................................................................................. 26

3 METODOLOGIA APLICADA/MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................... 29

3.1 MÉTODO DE PESQUISA.................................................................................................................................. 29


3.2 METODOLOGIA DE PROJETO (PROCEDIMENTO PARA A COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DE
PROJETO) ........................................................................................................................................................... 29

3.3 CRONOGRAMA DA PESQUISA E PLANO DE TRABALHO DO PESQUISADOR ....................................................... 30

4 PROJETO DE UM RESPIRADOR MECÂNICO ARTIFICIAL ......................................................... 33

4.1 PLANEJAMENTO DO PRODUTO....................................................................................................................... 33


4.1.1 Análise do mercado e viabilidade ................................................................................................................ 33
4.1.2 Análise das tecnologias e concorrentes ....................................................................................................... 35
4.1.2.1 Projeto INSPIRE – USP ............................................................................................................................................35
4.1.2.2 Respirador mecânico do IFAL - Respiral ..................................................................................................................36
4.1.2.3 Respirador mecânico da UFMG ................................................................................................................................37
4.1.2.4 Respirador mecânico da UFPI e UFDPAR ...............................................................................................................38
4.1.2.5 Respirador mecânico da UFRGS...............................................................................................................................39
4.1.2.6 Respirador mecânico maranhense .............................................................................................................................41
4.1.2.7 Respirador mecânico do Amapá ................................................................................................................................41
4.1.3 Análise do consumidor e estimativa do valor do produto ............................................................................ 42
4.1.4 Descrição dos requisitos .............................................................................................................................. 43
4.1.5 Avaliação de ideias de produtos .................................................................................................................. 43
4.1.6 Avaliação da pós-venda e análise de mercado ............................................................................................ 43
4.1.7 Vendas do produto e o valor para o consumidor ......................................................................................... 43
4.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO........................................................................................................................ 44
4.2.1 Partes envolvidas no projeto ....................................................................................................................... 44
4.2.2 Escopo do projeto ........................................................................................................................................ 44
4.3 PROJETO INFORMACIONAL............................................................................................................................ 45
4.3.1 Identificação do problema de projeto .......................................................................................................... 45
4.3.2 Identificação da demanda ............................................................................................................................ 45
4.3.3 Identificação do ciclo de vida do produto.................................................................................................... 46
4.3.4 Levantamento das Necessidades do Cliente ................................................................................................ 47
4.3.5 Requisitos de Projeto ................................................................................................................................... 47
4.3.6 Matriz QFD.................................................................................................................................................. 49
4.3.7 Especificação do Projeto de Produto .......................................................................................................... 50
4.4 PROJETO CONCEITUAL.................................................................................................................................. 52
4.4.1 Elaboração da estrutura funcional do produto ........................................................................................... 52
4.4.2 Elaboração da Matriz Morfológica ............................................................................................................. 54
4.4.3 Elaboração da Matriz de Decisão ............................................................................................................... 56
4.4.4 Elaboração da Matriz “Passa Não Passa” ................................................................................................. 57
4.4.5 Elaboração da matriz de avaliação ............................................................................................................. 58
4.5 PROJETO PRELIMINAR ................................................................................................................................... 61
4.5.1 Estudo de fluxos e sinais no dispositivo ....................................................................................................... 61
4.5.2 Estudo de Layouts, submontagens e interface entre peças .......................................................................... 63
4.5.3 Estudos do comportamento em uso .............................................................................................................. 65
4.5.4 Estudo dos materiais e manufatura do dispositivo ...................................................................................... 65
4.5.5 Estudo de vibrações e ruídos ....................................................................................................................... 66
4.5.6 Estudo de manutenção - aspectos gerais ..................................................................................................... 66
4.5.7 Estudo de custos........................................................................................................................................... 67
4.5.8 Prototipagem via software de modelagem tridimensional ........................................................................... 67
4.5.9 Realização de testes de avaliação do protótipo/produto ............................................................................. 68
4.6 PROJETO DETALHADO .................................................................................................................................. 70

5 CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................72
APÊNDICE A – MANUAL DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO ....................................................................................75
APÊNDICE B – DESENHOS TÉCNICOS DO SISTEMA PROPOSTO...........................................................................78
19

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Atualmente devido a pandemia de SARS-CoV-2 (ou Covid-19) e seu principal


sintoma, a insuficiência respiratória, o mundo inteiro iniciou uma “corrida” para adquirir
respiradores artificiais para que fosse possível minimizar o número de mortes por
insuficiência respiratória.

1.2 JUSTIFICATIVA

Com a alta demanda desses equipamentos foram necessárias buscar medidas


alternativas para suprir a falta desses equipamentos. Uma das alternativas para suprir essa
emergência, passa pela fabricação de respiradores mecânicos artificiais de baixo custo.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Realizar o projeto de um respirador mecânico artificial de baixo custo, com foco em


atender os casos de pacientes infectados com o vírus SARS-CoV-2 que necessitem de auxílio
para respirar, mas que não apresentem um quadro respiratório tão agravado ao ponto de
necessitar de um respirador muito complexo, liberando estes aparelhos para os pacientes com
estado de saúdo mais agravado.

1.3.2 Objetivos Específicos

a. Identificar as características do sistema respiratório humano, e como ocorre o


ciclo respiratório.
b. Identificar as alternativas de respiradores de baixo custo já apresentadas, para
atender a alta demanda de respiradores artificias por pacientes infectados com
SARS-CoV-2.
c. Realizar o projeto de um respirador mecânico artificial de baixo custo.
20

1.4 JUSTIFICATIVA

Devido ao número elevado de pacientes infectados pelo vírus SARS-CoV-2 que


necessitam de auxílio mecanizado para conseguirem respirar, e por consequência sobreviver,
houve uma grande falta de aparelhos respiradores mecânicos artificiais nos hospitais de todo o
mundo. Como há também pacientes que necessitam de assistência para respirar, porém não
apresentam um estado tão comprometido do sistema respiratório, aparelhos mais
simplificados conseguem atender a essa demanda, liberando os respiradores mecânicos
artificias para os pacientes que apresentam quadro mais agravado. É sobre este ponto que os
respiradores mecânicos de baixo custo passam a atuar, atendendo a demanda de pacientes que
necessitam de assistência para respirar, porém, que não exigem aparelhos altamente
tecnológicos para isto.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

A presente monografia foi desenvolvida, seccionando-se o conteúdo em cinco


principais capítulos, os quais serão descritos a seguir.
No Capítulo 1, apresenta-se a introdução ao trabalho desenvolvido, em que se definem
respectivamente, a contextualização, a definição do problema atual, os objetivos, a
justificativa e a estrutura do trabalho.
No Capítulo 2, apresenta-se a fundamentação teórica, acerca das características da
respiração humana, dos respiradores mecânicos artificiais e da normatização aplicada aos
respiradores mecânicos artificiais.
No Capítulo 3, descreve-se a metodologia e procedimentos utilizados para o
desenvolvimento do projeto e da monografia.
No Capítulo 4, são apontados e discutidos os resultados obtidos, apresentando-se a
proposta de um respirador mecânico artificial para ser utilizado nas frentes de apoio a pacientes
com o sistema respiratório acometido pela Covid-19.
No Capítulo 5, têm-se as conclusões pertinentes aos resultados obtidos.
Finalizando, após, tem-se as referências bibliográficas adotadas para a realização do
trabalho e os apêndices.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CARACTERÍSTICAS DA RESPIRAÇÃO HUMANA E CICLAGEM RESPIRATÓRIA

Conforme explicado por PLANETA BIOLOGIA (2021), “o sistema respiratório é um conjunto


de órgãos com a função de conduzir o ar até os pulmões e realizar a troca gasosa (hematose). Os seus
órgãos são as fossas nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios, alvéolos e pulmões”. Na Figura 1 é
mostrada a anatomia do sistema respiratório com as suas principais partes.
Figura 1 - Anatomia do sistema respiratório.

Fonte: PLANETA BIOLOGIA (2021).


Conforme explicado por PLANETA BIOLOGIA (2021), as funções do sistema respiratório
são:
a. Ventilação pulmonar
b. Hematose: Troca gasosa
c. Retenção de partículas e impurezas da atmosfera
d. Manutenção da homeostase
e. Produção de sons
PLANETA BIOLOGIA (2021), ainda explica que a principal função do sistema respiratório é a
realização da hematose, que consiste na troca gasosa com o sangue. Segundo o autor, com excessão da
produção de sons, todas as outras funções convergem para essa finalidade.
PLANETA BIOLOGIA (2021), também explica que o sistema respiratório pode ser dividido
funcionalmente, em porção condutora e porção respiratória. Segundo o autor, “a porção condutora tem
a função de transportar o ar, enquanto a porção respiratória vai realizar a troca gasosa. A porção
condutora é composta pela cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. A
porção respiratória é composta pelos bronquíolos respiratórios e pelos alvéolos”.
22

2.1.1 Funcionamento do Sistema Respiratório

PLANETA BIOLOGIA (2021) explica da seguinte maneira o funcionamento do sistema


respiratório:
A ventilação pulmonar é o processo de movimento de ar que entra e sai dos nossos pulmões
através da inspiração e expiração. Também pode ser conhecido como respiração pulmonar.
O processo de ventilação pulmonar é o responsável pela renovação contínua de ar nas vias
respiratórias e ocorre de maneira espontânea auxiliado por um músculo chamado de diafragma
e pelos músculos intercostais. [...]
Mecanicamente, é um processo feito em dois tempos. O movimento de entrada do ar é
chamado de inspiração e o movimento de saída é chamado de expiração.
Os movimentos de inspiração e expiração só acontecem devido à ação dos músculos
intercostais e do diafragma.
Durante a inspiração ocorre a contração dos músculos intercostais e do diafragma. Esse
processo vai diminuir a pressão de ar, forçando a entrada de ar e levando a uma expansão da
caixa torácica.
No processo de expiração ocorre a descontração (relaxamento) dos músculos intercostais e do
diafragma. Isso vai levar a um aumento de pressão, forçando então a saída do ar e levando a
uma diminuição da caixa torácica.
A hematose, é um processo de troca gasosa que ocorre nos alvéolos pulmonares e há troca de
gases como o oxigênio e o gás carbônico com o sangue.
O gás carbônico é liberado do sangue para os alvéolos, enquanto o oxigênio passa dos alvéolos
para a hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos.
O processo de troca de gases é a finalidade fundamental do sistema respiratório. Todos os
órgãos e estruturas tem com sua principal função a criação de condições para a hematose (troca
gasosa).
Um dos fatores de manutenção da homeostase, é através do controle do pH do sangue.
No processo de respiração celular, as células liberam gás carbônico, que por sua vez irá se
dissolver no sangue e formar ácido carbônico.
Ao liberar o gás carbônico através da hematose a concentração de ácido carbônico é mantida
sob controle e assim o pH fica estável.
Esse controle também é mediado pelo sistema nervoso, pois quando a concentração de gás
carbônico aumenta, impulso nervosos são enviados para aumentar a frequência respiratória.
Na Figura 2, é apresentado o mecanismo de hematose que ocorre no interior dos pulmões. Na
figura em questão, fica evidenciado o transporte de oxigênio pelas hemácias, e o transporte do dióxido
de carbono através do sangue, sob a forma de ácido carbônico, e as suas respectivas trocas no interior
dos alvéolos dos pulmões.
23

Figura 2 - Mecanismo de Hematose.

Fonte: PLANETA BIOLOGIA (2021).

2.1.2 Controle da Respiração em Seres Humanos

PLANETA BIOLOGIA (2021), explica o seguinte sobre o controle da respiração nos seres
humanos:
Nos mamíferos, a ventilação é controlada pelo sistema nervoso autônomo e as trocas gasosas
nos pulmões são o controle primário da frequência respiratória.
Os seres humanos também são capazes de substituir voluntariamente a respiração automática,
permitindo prender a respiração e vocalizações prolongadas.
A respiração é geralmente automática, controlada subconscientemente pelo centro respiratório
presente no bulbo. A respiração continua durante o sono e, geralmente, mesmo quando a
pessoa está inconsciente.
Órgãos sensoriais no cérebro e na aorta e artérias carótidas monitoram o sangue e detectam os
níveis de oxigênio e dióxido de carbono.
Normalmente, um aumento da concentração de dióxido de carbono é o estímulo mais forte para
respirar mais profundamente e com mais frequência.
Por outro lado, quando a concentração de dióxido de carbono no sangue é baixa, o cérebro
diminui a frequência e a profundidade das respirações. Durante a respiração em repouso, o
adulto médio inspira e expira cerca de 15 vezes por minuto.
24

2.2 RESPIRADORES MECÂNICOS ARTIFICIAIS

Segundo MAGNAMED (2020), a respiração assistida tem início no ano de 1928, com a
introdução dos pulmões de aço. MAGNAMED (2020) o seguinte sobre o funcionamento do pulmão de
aço:
O pulmão de aço era uma câmara que exercia pressão negativa sobre o paciente para expandir
sua caixa torácica e forçar a entrada de ar nos pulmões. Foi criado pelo professor Philip
Drinker em 1928. O paciente ficava com o corpo todo dentro da máquina com a cabeça do lado
de fora. Médicos instalavam espelhos perto dos pacientes, para aumentar seu campo de visão e
assim diminuir a solidão durante o tratamento. A imobilidade trazia diversas complicações.
Também não era possível controlar o fluxo ventilatório.

Na Figura 3, é mostrada uma sala hospitalar contendo vários pacientes incubados em pulmões
de aço.

Figura 3 - Sala contendo vários pacientes utilizando pulmões de aço.

Fonte: MEDICINA INTENSIVA (20--).

No entanto, foi na década de 1950, onde surgiram duas grandes inovações: a introdução dos
balões de respiração artificial (conhecidos popularmente com o nome da marca introdutora do produto
no mercado, AMBU®), e dos respiradores mecânicos artificiais, tendo como grande exemplo de
sucesso o respirador Bird Mark 7.
25

2.2.1 Respirador mecânico artificial

Conforme descrito por Arregue (2008), o Sr. Forrest Bird, foi um piloto de avião na 2ª Guerra
Mundial. Na época em que era piloto, Bird havia desenvolvido um equipamento com o objetivo de
facilitar a respiração dos pilotos quando em voo em grande altitude. Posteriormente, em 1951, Bird
realizou algumas modificações no seu equipamento, como o objetivo de auxiliar um amigo que
apresentava insuficiência respiratória em decorrência de um enfisema pulmonar. O protótipo foi
desenvolvido em uma lata de café, nela havia dois ímãs conectados a um diafragma de borracha por
meio de uma haste, uma válvula de liberação de gás, pequenos tubos para conexões, um botão
regulador, um manômetro de pressão, além de alguns poucos outros componentes. Era então criado o
respirador mecânico Bird Mark 7. Na Figura 4 é mostrado o Sr. Bird com o protótipo do respirador
construído para auxiliar o seu amigo, e a versão final do respirador Bird Mark 7.
Figura 4 - Sr. Forrest Bird com o protótipo e o respirador Bird Mark 7.

Fonte: Arregue (2008).

Com algumas modificações, influenciadas pelos Drs. A.L. Barach e Andre Cournand, o Bird
Mark 7 ganhou projeção mundial pela sua simplicidade e facilidade no manuseio. Com o uso deste
equipamento, muitas vidas foram salvas, sendo este empregado em larga escala, até o surgimento e a
sua substituição por respiradores microprocessados, providos de maiores recursos de monitoramento e
calibragem para a assistência na respiração do paciente.
26

Figura 5 - Respirador Bird Mark 7.

Fonte: Arregue (2008).

2.2.2 Respirador mecânico artificial microprocessado

Conforme explicado por MAGNAMED (2020), “a criação de ventiladores microprocessados


na década de 80 ampliou as modalidades de aplicação do suporte respiratório [...]. Quanto mais se
avançou nos aparelhos de ventilação, maior se tornou o controle sobre indicadores clínicos dos
pacientes durante o suporte respiratório”. É explicado pelo autor, que com os avanços alcançados, “a
ventilação mecânica ganhou segurança e conforto, minimizando o risco de lesões pulmonares durante
sua intervenção”.
Conforme explicado por Toufen Junior e Carvalho (2007), os respiradores mecânicos
microprocessados “fornecem, como diferencial, novas modalidades ventilatórias. Em geral, estes
modos provêm da associação dos modos básicos e apresentam tanto pontos positivos como negativos.
Ao mesmo tempo em que permitem um controle mais fino sobre a ventilação, aumentando a segurança
e a sincronia [...]”.

2.2.3 Normatização dos respiradores mecânicos artificiais

Assim como para o projeto de inúmeros outros produtos, os respiradores mecânicos também
possuem normatização, para garantir que os mesmos sejam adequados para o seu devido uso. No caso
dos respiradores mecânicos artificiais, a normatização é ainda mais importante, visto que os mesmos
são destinados para o uso hospitalar, e por pacientes cuja saúde já se encontra fragilizada.
27

Com o rápido crescimento de casos ativos de pacientes com Covid-19, e o grande número de
internações causadas por essa terrível doença, conforme explicado por Zia (2020), em março de 2020,
a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) liberou um conjunto de 32 normas utilizadas no
desenvolvimento e fabricação de respiradores mecânicos artificiais, bem como também para outros
fins relativos ao enfrentamento da pandemia. Dentro destas normas, pode-se citar as seguintes normas
como sendo de extrema importância no desenvolvimento de respiradores mecânicos artificiais:
a. ABNT NBR IEC 60601-1:2010 - Equipamento eletromédico - Parte 1: Requisitos
gerais para segurança básica e desempenho essencial
b. ABNT NBR IEC 60601-1:2010 Emenda 1:2016 - Equipamento eletromédico - Parte 1:
Requisitos gerais para segurança básica e desempenho essencial
c. ABNT NBR IEC 60601-1-2:2017 - Equipamento eletromédico - Parte 1-2: Requisitos
gerais para segurança básica e desempenho essencial - Norma Colateral: Perturbações
eletromagnéticas - Requisitos e ensaios
d. ABNT NBR IEC 60601-1-6:2011 Versão Corrigida 2013 - Equipamento eletromédico -
Parte 1-6: Requisitos gerais para segurança básica e desempenho essencial - Norma
colateral: Usabilidade
e. ABNT NBR IEC 60601-1-8:2014 Versão Corrigida 2015 - Equipamento eletromédico -
Parte 1-8: Requisitos gerais para segurança básica e desempenho essencial - Norma
colateral: Requisitos gerais, ensaios e diretrizes para sistemas de alarme em
equipamentos eletromédicos e sistemas eletromédicos
f. ABNT NBR IEC 60601-1-10:2010 Versão Corrigida 2013 - Equipamento eletromédico
- Parte 1-10: Requisitos gerais para segurança básica e desempenho essencial - Norma
colateral: Requisitos para o desenvolvimento de controladores fisiológicos em malha
fechada
g. ABNT NBR IEC 60601-1-10:2010 Emenda 1:2017 - Equipamento eletromédico - Parte
1-10: Requisitos gerais para segurança básica e desempenho essencial — Norma
colateral: Requisitos para o desenvolvimento de controladores fisiológicos em malha
fechada
h. ABNT NBR ISO 80601-2-12:2014 - Equipamento eletromédico - Parte 2-12:
Requisitos particulares para a segurança básica e o desempenho essencial de
ventiladores para cuidados críticos
i. ABNT NBR ISO 14971:2009 - Produtos para a saúde — Aplicação de gerenciamento
de risco a produtos para a saúde
j. ABNT NBR ISO TR 24971:2014 - Produtos para a saúde - Orientações para a aplicação
da ABNT NBR ISO 14971
28

k. ABNT NBR IEC 62366: 2016 - Produtos para a saúde — Aplicação da engenharia de
usabilidade a produtos para a saúde
l. ABNT NBR 13697:2010 - Equipamento de proteção respiratória — Filtros para
partículas
m. ABNT NBR 13698:2011 - Equipamento de proteção respiratória — Peça semifacial
filtrante para partículas
n. ABNT NBR ISO 10651-6:2015 - Ventiladores pulmonares para uso médico —
Requisitos particulares para segurança e desempenho essencial - Parte 6: Equipamento
de suporte ventilatório para uso domiciliar
o. ABNT NBR ISO 10651-5:2017 - Ventiladores pulmonares para uso médico —
Requisitos particulares de segurança e de desempenho essencial - Parte 5:
Reanimadores de emergência a gás
p. ABNT NBR ISO 10651-4:2011 - Ventiladores pulmonares - Parte 4: Requisitos
particulares para reanimadores operados manualmente
q. ABNT NBR ISO 10651-3:2014 - Ventiladores pulmonares para uso médico - Parte 3:
Requisitos particulares para ventiladores de transporte e emergência
r. ABNT NBR ISO 18562-2:2020 - Avaliação de biocompatibilidade de vias de gases
respiratórios em aplicações de cuidados à saúde - Parte 2: Ensaios para emissões de
matéria particulada
s. ABNT NBR ISO 18562-1:2020 - Avaliação de biocompatibilidade de vias de gás de
respiração em aplicações de cuidados à saúde - Parte 1: Avaliação e ensaio dentro de
um processo de gerenciamento de risco
29

3 METODOLOGIA APLICADA/MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo, é determinado o método que será aplicado no desenvolvimento do produto, o


método irá descrever os procedimentos de coleta, análise e interpretação dos dados usados para
implementar o projeto de respirador mecânico artificial.

3.1 MÉTODO DE PESQUISA

A metodologia de pesquisa utilizada refere-se a abordagem e compreensão do processo de


funcionamento de um respirador mecânico artificial, que pode ser classificado como método
qualitativo-quantitativo, ou seja, alguns não retornam dados mensuráveis, enquanto a outra parte
pode quantificar os dados.
Pela natureza de sua pesquisa experimental, que visa solucionar os problemas cotidianos das
pessoas a ela relacionadas e daqueles que buscam estudar o tema, é possível classificá-la como
pesquisa-ação por meio da interação entre o pesquisador e o problema analisado.
Com base no objetivo deste trabalho, trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva. A parte
exploratória inclui a busca de evidências científicas na bibliografia e a realização de entrevistas com
pessoas comuns familiarizadas com o assunto. Para facilitar a explicação, o projeto é baseado nas
sugestões técnicas para coleta de dados e desenvolvimento do projeto apresentadas por Pahl et al.
(2005) e adaptado por Back et al. (2008), descrito na metodologia de projeto.

3.2 METODOLOGIA DE PROJETO (PROCEDIMENTO PARA A COLETA, ANÁLISE E


INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DE PROJETO)

A metodologia de projeto contempla os procedimentos de coleta, análise e interpretação dos


dados utilizados para a implementação do projeto e, de acordo com a pesquisa de Back et al. (2008),
promove a agilidade no desenvolvimento de novos produtos de forma sistemática e formal, alcançando
a integração. Outros processos de negócios, incluindo fornecedores e clientes.
Conforme Zaions (2014) apud Back et al (1983), “projeto é a criação de algo novo, de algo que
nunca tenha sido montado desta forma e para esta finalidade, mesmo que seja a montagem de peças
velhas”.
A primeira etapa do plano é definir o tipo de projeto a ser desenvolvido. Pahl et al. (2005,
página 50), enfocando como dividir o projeto nas seguintes categorias:

I. Projeto inovador;

II. Projeto adaptativo;


III. Projeto alternativo.
30

Em projetos de inovação, os designers devem utilizar produtos da mesma família de acordo


com a classificação dos tipos de produtos. Por outro lado, o design adaptativo pode se adaptar a
sistemas conhecidos para mudar a tarefa para a qual foram originalmente projetados e manter o
princípio da solução. Por fim, no projeto alternativo, existe um produto com conceito semelhante, e
deve-se trabalhar para definir o ciclo de vida e os atributos do produto (PAHL et al., 2005, p. 50).

3.3 CRONOGRAMA DA PESQUISA E PLANO DE TRABALHO DO PESQUISADOR

A planejamento utilizada para o desenvolvimento desse trabalho é descrita nos parágrafos a


seguir e pode ser visualizada de modo condensado no Erro! Fonte de referência não encontrada..

FASE I – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


Compreende o estágio inicial do presente trabalho, a qual proporcionará os fundamentos
científicos e informações relevantes para a evolução das demais fases.
Etapa 1 – Identificação das características da respiração humana e ciclagem respiratória
Esta etapa compreende a análise dos mecanismos da respiração humana, da importância e
funcionalidade de cada parte do sistema respiratório, além do controle sobre a ciclagem da respiração
feira pelo próprio corpo/mente.
Etapa 2 – Estudo das características e evolução dos respiradores mecânicos artificiais
Ao decorrer dos anos, com o avanço da medicina e das tecnologias, foi possível perceber uma
maior necessidade do uso de respiradores mecânicos em casos clínicos onde a pessoa não fosse mais
capaz de respirar por conta própria. Analisando o ciclo de respiração humana foi possível modificar
esses equipamentos até torná-los eficazes para o salvamento de vidas.
Etapa 3 – Verificação das normas vigentes e regulamentação acerca dos respiradores
mecânicos
Esta etapa compreende a verificação e análise das normas vigentes que devem ser aplicadas
durante o desenvolvimento do projeto e posterior fabricação do produto.

FASE II – PROJETO DO RESPIRADOR MECÂNICO ARTIFICIAL


É a fase que abrange basicamente todas as atividades desenvolvidas para a realização do
trabalho
Etapa 4 – Planejamento do produto
O Planejamento do Produto é dividido em: (i) Análise e viabilidade econômica; (ii) Análise das
tecnologias e concorrentes; (iii) Análise do consumidor; (iv) Descrição dos requisitos; (v) Avaliação
31

de ideias de produtos e (vi) Valor do produto para o consumidor; (vii) Pós-venda. Resultando em
informações sobre o equipamento, assim analisando-se a viabilidade perante o mercado.
Etapa 5 – Planejamento do projeto
Tem o intuito de exibir as partes do planejamento do projeto que será dividida em: (i) Partes
envolvidas no projeto; (ii) Plano de comunicação; (iii) Escopo do projeto; e (iv) Cronograma do
projeto. O resultado final é a organização das etapas posteriores, definição de datas e o gerenciamento
do projeto.
Etapa 6 – Projeto Informacional
É realizado nas fases mostradas em sequência de forma a buscar informações para a obtenção
da melhor forma de sistema: (i) Identificação do projeto; (ii) Identificação da demanda; (iii)
Identificação do ciclo de vida do produto; (iv) Levantamento das necessidades dos clientes; (v)
Requisitos dos clientes; (vi) Requisitos de projeto; (vii) matriz QFD; e (viii) especificação do projeto
de produto.
Etapa 7 – Projeto Conceitual
No Projeto Conceitual buscou-se os princípios de solução para o projeto do respirador
mecânico. As fases são divididas em: (i) Estrutura funcional do produto; (ii) Matriz morfológica; (iii)
Matriz de decisão; (iv) Matriz “Passa não passa”; e (v) Matriz avaliação.
Etapa 8 – Projeto Preliminar
No Projeto Preliminar são desenvolvidos os cálculos e analises necessárias para
dimensionamento da unidade de ventilação mecânica, definindo também as suas interfaces, buscando a
solução preliminar do produto, aproximando-se da configuração final do equipamento.
Etapa 9 – Projeto Detalhado
O Projeto Detalhado tem como objetivo a otimização dos componentes propostos e sua
documentação através da confecção das folhas de detalhamento do conjunto do equipamento em
questão, necessários como forma de avaliação dos processos de manufatura e uso do equipamento.

FASE III – DOCUMENTAÇÃO


Etapa 10 – Elaboração dos documentos oficiais
Esta etapa compreende a elaboração dos manuais de operação e manutenção, além da
documentação a ser encaminhada para a certificação para uso do aparelho.
Etapa 11 – Redação da monografia
Neste momento é finalizada a redação da Monografia, seguindo as normas estabelecidas pela
ABNT.
32

Figura 6 - Cronograma de desenvolvimento.

Fonte: Os autores.
33

4 PROJETO DE UM RESPIRADOR MECÂNICO ARTIFICIAL

No presente capítulo são apresentados os resultados e discussões do presente trabalho que


envolvem o projeto de um respirador mecânico artificial, sendo este fundamental no tratamento da
atual situação ocasionada pela pandemia de COVID-19 em todo o mundo, sendo que o mesmo visa ser
uma alternativa, buscando uma confecção rápida, simples e eficaz, além de possuir um baixo custo e
fácil operação.

4.1 PLANEJAMENTO DO PRODUTO

A fase de Planejamento do Produto precede o Processo de Projeto propriamente dito. Esta fase
tem a função de identificar as oportunidades. O planejamento de produtos é um processo para apoiar a
definição de projetos que serão desenvolvidos, em termos de ideias do produto, tecnologias, volume de
produção, retorno de investimento dentre outras características para obter informações para a
aprovação, ou não do projeto.
Adaptando a partir de Leif (1997), o processo de planejamento de produtos pode ser dividido
nas seguintes atividades que serão abordadas posteriormente: (i) Análise do mercado e viabilidade; (ii)
Análise das tecnologias e concorrentes; (iii) Análise do consumidor e estimativa do valor do produto;
(iv) Descrição dos requisitos; (v) Avaliação de idéias de produtos; (vi) Avaliação da pós-venda e
análise de mercado; (vii) Vendas do produto e o valor para o consumidor.
Nos itens a seguir serão abordadas cada uma das atividades descritas no parágrafo anterior para
o desenvolvimento do equipamento respirador mecânico artificial.

4.1.1 Análise do mercado e viabilidade

Para que um produto seja bem sucedido, é parte importante que este, ao ser produzido, que
também seja comercializado, visto que se o produto não gerar receita, toda a cadeia produtiva irá
desmoronar. Para tal, antes de se iniciar a produção de um produto, e realizar a sua introdução no
mercado, é necessário analisar a sua viabilidade.
Uma das etapas de análise de viabilidade, passa pela análise de mercado, onde busca-se
descobrir quais as necessidades do público referentes ao produto em questão, quais as características
desejadas, além da aceitação do mesmo, e verificar dentro de que faixa de custo para o consumidor, o
mesmo pode ser explorado.
No caso dos respiradores mecânicos artificiais, principalmente na época em que se desenvolve
esta monografia, há uma alta demanda do mercado, sendo verificado em praticamente toda a nação
(República Federativa do Brasil), uma alta taxa de ocupação dos leitos de UTI’s exclusivas para o
34

tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19 (conforme pode ser visto na Figura 7). Não só
bastando isso, também são reduzidos os números de leitos UTI’s destinados para pacientes não-Covid-
19. Todavia, não pode ser esquecida a necessidade existente para a contratação de mais profissionais
da saúde, visto que o quadro de médicos e enfermeiros insuficiente, está sobrecarregando os
profissionais existentes. Ademais, ainda existe uma alta demanda e risco de desabastecimento de gás
oxigênio.
Figura 7 - Recorte de algumas manchetes relacionadas a ocupação de leitos UTI's, em 04 abr. 2021.

Fonte: Os autores (2021).


Observando-se o que foi dito acima, ficam claras e evidentes três necessidades primordiais:
a. O aumento do número de leitos UTI’s.
b. O aumento do número de profissionais da saúde disponíveis nas unidades de saúde.
c. A ampliação da capacidade de produção de gás oxigênio.
Para atender a última necessidade, estão sendo realizadas dois tipos de ações:
1. Emprego de mini-centrais de geração de oxigênio em hospitais.
2. Construção de usinas (centrais) com grande capacidade para a geração de oxigênio, e
posterior distribuição aos hospitais.
35

Para a segunda necessidade, os governantes estão lançando novos editais para contratação
emergencial de profissionais da saúde, conforme a necessidade local.
Já para a primeira necessidade, como para se abrir novos leitos, é necessário dispor do material
necessário. Dentro desta lista de materiais, um dos equipamentos primordiais para o tratamento de
pacientes acometidos pela Covid-19, é o respirador mecânico artificial. Dito isso, fica evidente a
existência de uma demanda de respiradores, sendo, portanto, viável a fabricação deste tipo de
dispositivo.

4.1.2 Análise das tecnologias e concorrentes

Uma das etapas antes de se iniciar o projeto de um produto, passa pela análise dos produtos
concorrentes, já apresentados e/ou presentes no mercado. A seguir são apresentados alguns projetos de
respiradores mecânicos de baixo custo, apresentados por outras instituições e/ou grupos de pessoas:

4.1.2.1 Projeto INSPIRE – USP

Conforme exposto pela UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP (2020), o projeto inspire é
descrito da seguinte maneira:
O INSPIRE é um equipamento de suporte respiratório emergencial que atende os requisitos da
ANVISA para oferecer uma alternativa e suprir uma possível demanda hospitalar causada pela
pandemia da covid-19. O equipamento foi projetado e desenvolvido por pesquisadores da
Escola Politécnica da USP.
Diferenciais do INSPIRE:
a. Equipamento de baixo custo.
b. Rápida produção.
c. Utiliza tecnologia brasileira.
d. Equipamento portátil.
e. Possui autonomia de até 2 horas em caso de falta de energia elétrica.
f. Não precisa de uma linha de ar comprido para o funcionamento.
g. Ideal para a utilização em hospitais de campanha, ambulâncias e regiões remotas.
36

Figura 8 - Projeto INSPIRE.

Fonte: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP (2020).


Conforme pode ser observado na Figura 8, o projeto INSPIRE utiliza o conceito de compressão
de uma bolsa de um reanimador manual, acionada por um apalpador, movido por uma rosca acionada
por um motor de passo. Como o respirador mecânico não utiliza reservatório de ar, o controle deve ser
realizado através do controle do “aperto” da bolsa do reanimador. Não foi informado quais modos de
respiração, e quais as configurações e modos de monitoramento o mesmo suporta.

4.1.2.2 Respirador mecânico do IFAL - Respiral

O respirador desenvolvido pelo IFAL, também utiliza o conceito de compressão de uma bolsa
de um reanimador manual, sendo neste caso, acionada por dois apalpadores, situados um em cada lado
da bolsa do reanimador. Seu acionamento também é realizado por meio de um motor de passo e
roscas.
Neste respirador, é possível configurar a frequência respiratória e o volume de ar que será
enviado ao paciente, sendo este último controle, realizado pelo percentual de compressão da bolsa do
reanimador. Nota-se que neste respirador, não é oferecido suporte para a ventilação assistida, onde o
respirador “percebe” a intenção do paciente inspirar, e apenas o auxilia.
Na tela de configuração, também é possível configurar um valor para a pressão expiratória final
(PEEP - Positive End Expiratory Pressure), porém não é informado se o controle deste valor é feito por
meio de válvulas eletromecânicas, ou se este valor é apenas representativo, e o controle é feito por
meio de uma válvula PEEP com regulagem, acoplada diretamente ao reanimador.
Na Figura 9, é exibido o protótipo do respirador desenvolvido pelos alunos do IFAL.
37

Figura 9 - Respirador mecânico desenvolvido pelo IFAL.

Fonte: Honorato (2020).

4.1.2.3 Respirador mecânico da UFMG

Diferentemente dos respiradores de baixo custo apresentados anteriormente, o respirador


desenvolvido pela UFMG não realiza a compressão do ar através da bolsa de um reanimador manual.
Neste projeto, a compressão é realizada através de um compressor alternativo construído com
materiais apropriados para a aplicação hospitalar.
Neste respirador, também não é utilizado um reservatório de ar, sendo o controle da pressão de
inspiração (PIP) realizada através de um regulador de pressão. Não há controle do volume de ar
comprimido.
Não foi informado se este respirador opera de forma assistida, ou se opera apenas com uma
frequência respiratória fixa.
Na Figura 10 é exibido o respirador de baixo custo desenvolvido pela UFMG.
38

Figura 10 - Respirador mecânico de baixo custo da UFMG.

Fonte: Rigueira Jr (2020).

4.1.2.4 Respirador mecânico da UFPI e UFDPAR

Diferentemente dos respiradores mecânicos apresentados anteriormente, este modelo não


possui um compressor integrado, sendo neste caso, dependente da rede de distribuição de ar medicinal
e oxigênio do hospital onde estará instalado.
Conforme descrito por Catatau (2020), a equipe de desenvolvimento explica o seguinte sobre
este respirador mecânico:
Este equipamento tem um dispositivo capaz de medir a pressão alveolar, nos fornecendo com
precisão a pressão interna. Temos também o sensor de fluxo que faz a calibragem e a contagem
do fluxo de inspiração e expiração, que chamamos de volume corrente. Além dessas
características, o respirador é equipado com internet, onde tudo se conecta com o servidor, e,
por meio dele, estamos construindo uma biblioteca gráfica com todos os dados de corrente,
volume e parâmetros.

Na Figura 11, é exibido o respirador mecânico desenvolvido pela equipe, cuja qual o denomina
de AIR-TRON.
39

Figura 11 - Respirador mecânico AIR-TRON.

Fonte: Catatau (2020).

4.1.2.5 Respirador mecânico da UFRGS

O respirador mecânico artificial desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
tem o seu funcionamento baseado na compressão do ar através de um compressor alternativo acoplado
ao próprio respirador. No protótipo apresentado, o ar é bombeado através de vários cilindros em
paralelo.
Neste projeto, diferentemente do respirador apresentado pela UFMG, há a capacidade de
controle do volume de ar inspirado pelo paciente. No entanto, não foi informado se o produto terá
sensoriamento para o controle do volume inspirado, e quais os seus modos de funcionamento.
Ademais, não foi verificada a existência de uma conexão para a introdução de oxigênio no ar a
ser inspirado, e o consequente enriquecimento do percentual de oxigênio do ar, visto como necessário,
para a aplicação em pacientes que o pulmão foi acometido devido ao agravamento pela Covid-19.
Na Figura 12 é apresentado o protótipo desenvolvido pela UFRGS.
40

Figura 12 - Respirador mecânico artificial desenvolvido pela UFRGS.

Fonte: RECORD TV - RS (2020).


Conforme explicado pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL –
UFRGS (2020), as premissas utilizadas no projeto são:
a. Visibilidade de funcionamento – facilidade de operação e manutenção;
b. Facilidade de montagem do sistema – deverá ser facilmente realizada por qualquer
pessoa, a partir de instruções simples, agregando rapidez ao processo e à entrega/entrada em
funcionamento dos ventiladores;
c. Robustez – a capacidade de um sistema de permanecer funcional mesmo em sobrecarga,
ou seja, mesmo após sofrer perturbações em sua condição normal de operação;
d. Reprodutibilidade – é o resultado da utilização de peças de prateleira, a fácil montagem,
e a visualização da operação do ventilador. A partir disso, o projeto poderá ser reproduzido em
qualquer parte do país, bem como do exterior, sanando um dos problemas dessa pandemia, o
rápido acesso aos respiradores;
e. Fonte de energia necessária – para o funcionamento do sistema é a convencional de
instalações de saúde, sendo apenas necessário verificar a capacidade total de carga exigida
pelos equipamentos. O plug convencional garantirá o maior atendimento aos pacientes, visto
que não haverá necessidade de realizar instalações elétricas específicas, podendo ser realizados
em locais temporários e provisórios;
f. Redundância em sistemas – replicar estruturas para a realização de determinadas
funções, de tal forma que a perda de funcionalidade de uma ou mais dessas estruturas não
determina a completa perda de funcionalidade do sistema, podendo, portanto, aumentar a sua
durabilidade;
g. Flexibilidade/ versatilidade de atuação – o equipamento deverá funcionar por volume ou
por pressão;
h. Mobilidade – o sistema será dotado de rodízios para movimentação nos ambientes,
permitindo o rápido deslocamento para atendimento dos pacientes.
41

4.1.2.6 Respirador mecânico maranhense

Outro respirador mecânico de baixo custo desenvolvido por um grupo de maranhenses da


cidade de Imperatriz-MA. Segundo as informações encontradas, esse respirador mecânico não possui
um compressor interno, dependendo da rede de ar-comprimido do próprio local instalado, ou de
cilindros de ar comprimido medicinal.
Um ponto positivo verificado, é que este respirador mecânico possui uma entrada para
alimentação de oxigênio, característica visto como necessária para o emprego em pacientes com os
pulmões acometidos pela Covid-19. Nota-se ainda a presença de reguladores de pressão com
fluxômetros integrados, nas admissões de ar-comprimido medicinal e oxigênio, e também na saída
para o paciente. Como não foram obtidas maiores informações sobre este equipamento, pode-se
levantar a hipótese de que o seu funcionamento se baseie através de válvulas e temporizadores,
deixando a questão da regulagem das pressões inspiratórias (PIP) e expiratória (PEEP), assim como o
fluxo de “ar + oxigênio” diretamente para os reguladores com fluxômetro integrado. Ademais, não foi
informado se o aparelho possui sensoriamento para monitoramento do paciente e capacidade para
realizar respiração assistida.
Na Figura 13 é apresentado o protótipo desenvolvido pela equipe maranhense.
Figura 13 - Respirador mecânico desenvolvido por maranhenses de Imperatriz-MA.

Fonte: Vieira (2020).

4.1.2.7 Respirador mecânico do Amapá

Um respirador mecânico de baixo custo foi desenvolvido por pesquisadores da Secretaria de


Estado da Ciência e Tecnologia do estado do Amapá (SETEC-AP), Universidade Federal do Amapá
42

(UNIFAP), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Amapá (SENAI-AP) e do Instituto


Federal do Amapá (IFAP).
Conforme pode ser visto no material de divulgação, o respirador desenvolvido baseia-se na
compressão de uma bolsa de um reanimador manual através de um mecanismo de 4 barras. Nota-se
que devido ao design, o único parâmetro que pode ser controlado, é a frequência de acionamento da
bolsa, através da alteração da rotação do motor. Outros parâmetros, como fluxo de inspiração e volume
inspirado, não podem ser controlados, ou possuem controle deficiente, devido à ausência de
mecanismos automáticos que possibilitem o controle destes parâmetros no aparelho. O volume
inspirado até pode ser alterado, mediante a alteração da pinagem da articulação entre duas barras, mas,
no entanto para realizar tal configuração, o aparelho deve ser paralisado, além do fato deste possuir
apenas algumas poucas regulagens fixas, o que possibilita apenas a realização de regulagens
grosseiras.
Na Figura 14 é apresentado o protótipo desenvolvido pela equipe.
Figura 14 - Respirador mecânico desenvolvido pelas equipes da SETEC-AP, UNIFAP, SENAI-AP e IFAP.

Fonte: Rodrigues (2020).

4.1.3 Análise do consumidor e estimativa do valor do produto

Como principal mercado para implementação do produto destaca-se o setor da saúde, com a
sua aplicação voltada principalmente para pacientes acometidos pela Covid-19, que necessitem de
auxílio mecânico para respirar, porém apresentando quadros menos agravados da doença. Neste caso,
então a sua aquisição se daria por meio das secretarias de saúde estaduais e municipais, para a sua
aplicação, principalmente em hospitais de campanha, e nos leitos exclusivos para paciente com Covid-
43

19. Quanto ao valor do novo produto, este será abordado mais especificamente no item 4.5.5 com o
comparativo do custo de fabricação.

4.1.4 Descrição dos requisitos

Este assunto será abordado posteriormente no item Projeto Informacional.

4.1.5 Avaliação de ideias de produtos

De modo a contribuir para a realização do projeto a nível de ideias para o produto, é pertinente
fazer uma análise dos produtos e soluções já existentes que desempenham uma função semelhante a
proposta para o desenvolvimento deste projeto. Nesta monografia, a análise dos produtos e soluções já
existentes foi realizado no item 4.1, onde ao ser apresentado cada produto concorrente, já foi realizado
juntamente a descrição das suas funcionalidades, bem como a avaliação dos pontos fortes e
deficiências de cada um.

4.1.6 Avaliação da pós-venda e análise de mercado

O suporte ao cliente será realizado por meios como: (i) Treinamentos; (ii) Manual de Operação
e Manutenção; (iii) Elaboração do Manual de funcionamento; e (iv) Esquema Pneumático; Esquema
elétrico;

4.1.7 Vendas do produto e o valor para o consumidor

A comercialização do equipamento deve acontecer após ser realizada a certificação do produto.


Esta por sua vez, irá ocorrer após o ciclo de construção, teste de qualidade e funcionamento do
produto, sendo confeccionado um laudo com as características técnicas conforme os ensaios
necessários para a certificação do equipamento.
Back et al. (2008) Esta etapa visa planejar um novo projeto de acordo com a estratégia da
empresa. De acordo com este plano, a estrutura funcional do projeto deve ser definida, e as funções
envolvidas no processo devem ser determinadas de acordo com as principais áreas de conhecimento
envolvidas, a forma de comunicação entre elas, o escopo do projeto e o cronograma a ser seguido,
recursos e riscos.
44

4.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO

Um bom desempenho da equipe de projeto é obtido através da condução e gerenciamento do


projeto através de procedimentos pré-determinados, ou seja, sistematizados.
No planejamento do projeto, as atividades do projeto devem ser definidas e sequenciadas. Os
tempos, os custos e os recursos devem ser determinados. Também o trabalho da equipe deve ser
articulado e monitorado.
A fase de planejamento do projeto é o início propriamente dito do desenvolvimento de projeto,
onde serão tratadas todas as informações necessárias para as fases subsequentes do processo do
projeto.
As etapas trabalhadas no planejamento do projeto descrevem-se como: (i) partes envolvidas no
projeto; (ii) plano de comunicação; (iii) escopo do projeto; e (iv) tempo;

4.2.1 Partes envolvidas no projeto

A equipe de projeto será formada pelos seguintes profissionais:


a) Adriano Anzanello
b) André Zardo Cruber
c) Juliano Luchini
d) Ricardo Zotti
A equipe descrita acima constitui-se num grupo multifuncional atuando em várias áreas do
conhecimento da engenharia. Essa característica facilitará o desenvolvimento do projeto tendo em
vista sua natureza multidisciplinar.

4.2.2 Escopo do projeto

O objetivo do projeto visa elaborar as etapas de planejamento de projeto, planejamento do


produto, projeto informacional, projeto conceitual, projeto preliminar e projeto detalhado de um
respirador mecânico, que será utilizado nas nos hospitais, postos de saúde, clinicas e até mesmo em
casas tendo em vista a atual situação da falta desses equipamentos no combate a covid 19. Na
elaboração deste projeto, procura-se desenvolvê-lo no ambiente de engenharia simultânea,
considerando todos os aspectos do ciclo de vida do produto e integrando o planejamento do projeto e
do produto e o projeto propriamente dito.
45

4.3 PROJETO INFORMACIONAL

A fase de projeto informacional é o início propriamente dito do desenvolvimento de projeto,


onde serão tratadas todas as informações necessárias para as fases subsequentes do processo do
projeto.
As etapas trabalhadas no projeto informacional descrevem-se como: (i) Identificação do
problema de projeto; (ii) Identificação da demanda; (iii) Identificação do ciclo de vida do produto; (iv)
Levantamento das necessidades dos clientes; (v) Requisitos dos clientes; (vi) Requisitos de projeto;
(vii) Matriz QFD; e (viii) Especificação do projeto de produto
Os requisitos dos clientes constituem-se na análise das necessidades impostas pelos clientes e
descrição dessas atribuições ao nível de linguagem de projeto
A confecção da matriz QFD – do inglês Quality Function Deployment impõe uma relação com
os graus e atribuições de importância das informações coletadas pelos requisitos de clientes e de
projeto. Assim, obtêm-se qual quesito desprendera maior esforço e dedicação do projetista.

4.3.1 Identificação do problema de projeto

Devido ao surto de COVID -19 no mundo, de forma muito rápida, e uma de suas principais
áreas afetadas ser o pulmão dos pacientes, até os mesmos pararem de funcionar levanto ao óbito, cada
vez mais os respiradores mecânicos foram tomando lugar principal nos equipamentos necessários para
o combate a pandemia, por se tratar de um equipamento caro e de um uso não tão alto até essa
pandemia, o mesmo não possuía produção em grande escala, ocasionando assim a falta dele no
mercado e consequentemente a morte de milhares de pessoas por falta do mesmo.

Portando como uma alternativa de substituição do respirador mecânico encontrado em úteis,


tornou-se cabível o desenvolvimento de um equipamento mais simples para suprir a falta do mercado e
a necessidade dos pacientes, sendo de fácil confecção e baixo custo.

4.3.2 Identificação da demanda

A identificação da demanda foi realizada também no item 4.1.1


46

4.3.3 Identificação do ciclo de vida do produto

De acordo com Zaions (2014, p. 7) o ciclo de vida de um produto compreende o período de seu
nascimento (ou renascimento) até o seu descarte, ou seja, quando o mesmo entra em desuso, podendo
ser ou não reaproveitado.
A partir da definição do ciclo de vida do produto, podem-se detectar as necessidades dos
clientes internos, intermediários e externos, envolvidos e associados a cada uma das fases do ciclo de
vida.
Como o produto a ser desenvolvido se trata de um item para uso emergencial, visando atender
os pacientes com complicações respiratórias menos agudas, acometidos pela Covid-19, é previsto que
este produto tenha o seu uso encerado ao término da pandemia, e/ou suspenso em situações onde o
número de pacientes que necessitem auxílio respiratório for inferior ao de respiradores profissionais.
4.3.4 Levantamento das Necessidades do Cliente

Nesta etapa procurou-se entender mais especificamente o problema para definir com clareza
qual é a função global do produto. Após conversas foi analisado que o necessário seria:

“um equipamento simples, com algumas regulagens, porém capaz de atender os


casos de menor gravidade, fazendo com que os respiradores mecânicos existentes
fiquem apenas para os casos de extrema complexidade”

Portanto foi confeccionado um quadro mostrando qual seriam as principais necessidades para
que o equipamento fosse aplicável.

Quadro 1 - Necessidades do cliente.


Necessidades do Cliente Grau de
importância
Ter baixo custo de aquisição 4
Atender as normas de saúde 5
Ser de fácil fabricação 5
Ser de fácil manutenção 5
Ser de fácil operação 5
Ser confiável 5
Ter peças de reposição simples 4
Ser fácil de conservar/limpar 5
Ser compacto 4
Ser seguro durante operação 5
Fonte: Os autores.

4.3.5 Requisitos de Projeto

De acordo com as necessidades do cliente mencionadas no Quadro 1 (onde os critérios de


alocação mais importantes são especificados no conjunto de funções do equipamento), foi realizado
um estudo sobre sua alocação e seu grau de importância para essas necessidades, para que possam ser
listadas no Matriz QFD posteriormente usado na montagem.
Quadro 2 - Matriz de apoio à conversão dos requisitos de usuário em requisitos de projeto.
Requisitos de Usuário Atributos Específicos do Produto
Geométrico Material Pressão Cinemática Energia Fluxo Sinais Estabilidade Controle
Utilização de Baixo custo de
componentes aquisição
Ser barato pré-existentes e
componentes
comerciais
Possuir faixa Número de Controle da
de pressão ciclos ciclagem por
Funcionar bem adequada respiratórios pressão
controlada
Verificação do
Atender as normas de atendimento
das normas
saúde citadas em
2.2.3
Utilização de
componentes
Ser de fácil fabricação pré-existentes e
componentes
comerciais
Apresentar Baixo custo de
fácil acesso aos manutenção
componentes
Ser de fácil manutenção para a
realização da
manutenção
Facilidade de
uso
(procedimentos
claros e
objetivos)
Interface
Ser de fácil operação amigável
(inserir
simbologia
para facilitar o
entendimento
dos controles e
componentes)
Controle de
qualidade dos
componentes
Ser confiável Apresentar
redundâncias
nas partes
críticas
Fonte: Os autores.
4.3.6 Matriz QFD

A matriz QFD ou também chamada de Casa da Qualidade na tradução para a língua


portuguesa, tem por função realizar uma análise numérica comparativa entre requisitos de cliente e
requisitos de projeto que permitirá uma correlação entre todos os requisitos podendo ser desta forma
atribuída uma ordem de importância aos diversos fatores fundamentais de projeto que correspondem a
Especificação de Projeto do Produto (EPP).
Numa primeira etapa é realizado um estudo de Requisitos de Projeto versus Requisito de
Projeto atribuindo um fator numérico de importância em suas correlações. Esses formam o telhado da
casa da qualidade e sua identificação é vista na área gráfica com a representação de sinais de (+) e (-).
Logo após a etapa anterior, é realizada a análise dos Requisitos de Clientes versus Requisitos
de Projeto onde são atribuídos fatores numéricos de importância em suas correlações efetuando-se
cálculos matemáticos com os graus de importância estabelecidos pelo cliente.
Os resultados podem ser obtidos de duas formas; somente com o somatório dos cálculos entre
Requisitos de Cliente versus Requisitos de Projeto; ou com obtenção de resultados mais completos
onde são avaliados Requisitos de Clientes versus Requisitos de Projetos e os Requisitos de Projeto
versus Requisitos de Projeto especificando a ordem de importância atribuída a qual constituirá a
especificação de projeto.
A análise feita vem correlacionar os Requisitos de Cliente já descritos com os Requisitos de
Projeto definidos através das observações em relação a utilização do equipamento respirador mecânico
artificial. Essas informações foram compiladas com a utilização de uma planilha proprietária.
50

Quadro 3 - Matriz QFD.


Baixo custo de aquisição
Faixa de pressão

REQUISITOS DE
Controle da ciclagem por pressão controlada
Número de ciclos respiratórios
PRIMEIRA MATRIZ DA

PROJETO
Atender normatização
Utilizar componentes comerciais
QUALIDADE (QFD)
Facilidade de acesso aos componentes
Baixo custo de manutenção
Facilidade de uso (procedimentos)
Interface intuitiva (simbologia)
Aplicar controle de qualidade
Apresentar redundâncias

BENCHM ARKING
IMPORTÂNCIA DE M ERCADO

RP x RP -2 11 25 16 33 9 10 11 19 24 5 11

Controle da ciclagem por pressão controlada

Facilidade de acesso aos componentes

Facilidade de uso (procedimentos)


Utilizar componentes comerciais

Interface intuitiva (simbologia)


Número de ciclos respiratórios

Aplicar controle de qualidade


Baixo custo de manutenção

Apresentar redundâncias
Baixo custo de aquisição

Atender normatização
Faixa de pressão

Nosso produto
Concorrente X
Concorrente Y
Interno
Cliente

Geral
DOS USUÁRIOS

REQUISITOS DOS USUÁRIOS


NECESSIDADES

Ser barato 5 5 5 0 0 0 5 5 1 25 15,87


Funcionar bem 5 5 5 0 0 0 5 5 1 25 15,87
Atender as normas de saúde 5 5 5 0 0 0 5 5 1 25 15,87
Ser de fácil fabricação 3 4 3,5 0 0 0 5 5 1 17,5 11,11
Ser de fácil manutenção 4 4 4 0 0 0 5 5 1 20 12,7
Ser de fácil operação 4 4 4 0 0 0 5 5 1 20 12,7
Ser confiável 5 5 5 0 0 0 5 5 1 25 15,87
419

419

419

654
338,1

393,7

398,4

501,6

349,2

317,5

541,3

552,4

Total (sem telhado)


158 100
Ordem (sem telhado)
676,2 11

6635 10

7619 12
4610 5

10476 5

6705 5

21581 1

3543 9

3984 8

5517 4

2706 3

6076 2

Total (com telhado)

Ordem (com telhado)


12

10

11
8

6
Atende ou não atende

Atende ou não atende


Atende ou não atende
Atende ou não atende

Atende ou não atende


Atende ou não atende
Atende ou não atende
Atende ou não atende

UNIDADE DE MEDIDA
cmH2O

m.r.m.
R$

R$
5 20.000,00

500,00
3 Atende

4 Atende
2 Atende
2 Atende

2 Atende
1 Atende
3 Atende
2 Atende
10-60
5-30

OBJETIVO (VALOR META)


2

Dificuldade técnica de realização

REQUISITOS DO PRODUTO
Fonte: Os autores.

4.3.7 Especificação do Projeto de Produto

Após a definição dos Requisitos de Projeto e sua ordem de importância/priorização, realizou-se


a especificação dos requisitos do respirador mecânico artificial.
A especificação do Projeto de Produto é ilustrada no Quadro 4 onde são descritas as metas dos
valores de obtenção a serem definidos como medições aos requisitos de projeto selecionados. Os
51

sensores definidos no quadro tem por finalidade realizar as medições impostas pelas metas estipuladas.
Também são descritas as possíveis saídas indesejáveis que possam a vir ocorrer em termos das
atribuições expostas que podem não ser atendidas em âmbito de projeto. E por fim as observações e
restrições que são as limitações impostas ao problema de projeto.

Quadro 4 - Especificações de projeto e produto.


UNIDADE DE OBJETIVO
Nº ESPECIFICAÇÃO SENSOR SAÍDAS INDESEJÁVEIS COMENTÁRIOS
MEDIDA (VALOR META)

Atender normatização Atende ou Não antender


1 Atende Visual
não atende
Apresentar redundâncias Atende ou Não antender
2 Atende Visual
não atende
Aplicar controle de qualidade Atende ou Não antender
3 Atende Visual
não atende
4 Baixo custo de manutenção R$ 500 Visual Custo elevado
5 Faixa de pressão cmH2O 5-30 Pressostato Não atender a faixa
Controle da ciclagem por pressão controlada Atende ou Não possuir sensoreamento
5 Atende Visual
não atende e controle
Número de ciclos respiratórios Não atender a faixa Valores considerados
5 m.r.m. 10-60 Cronômetro
normais
Facilidade de acesso aos componentes Atende ou Não antender
8 Atende Visual
não atende
Utilizar componentes comerciais Atende ou Não antender
9 Atende Visual
não atende
Facilidade de uso (procedimentos) Atende ou Não antender
10 Atende Visual
não atende
11 Baixo custo de aquisição R$ 20.000,00 Visual Custo maior
Interface intuitiva (simbologia) Atende ou Não antender
12 Atende Visual
não atende
Fonte: Os autores
52

4.4 PROJETO CONCEITUAL

A fase de projeto conceitual tem como principal objetivo desenvolver as formas estruturais das
funções que o equipamento respirador mecânico artificial deverá desempenhar durante a sua operação.
Esta fase está subdividida em: (i) a estruturação funcional do produto que descreve o
comportamento dos elementos físicos que virão constituir o equipamento; (ii) concepção da matriz
morfológica que demonstra os princípios de soluções das possíveis formas construtivas do
equipamento. Posteriormente são demonstradas as escolhas dos princípios de soluções através da
matriz de decisão atribuída para as fases subsequentes de projeto com utilização do método Passa e
não Passa. E por fim a matriz de avaliação que vem correlacionar as escolhas de concepção com base
nas necessidades do cliente com seu respectivo grau de importância.

4.4.1 Elaboração da estrutura funcional do produto

No Esquema 1 é mostrado o diagrama de desdobramento da função global, onde a função


principal é dividida em várias subfunções, com o objetivo de determinar as várias funções que devem
ser inclusas no equipamento para que a função global seja executada.
Esquema 1 - Diagrama de desdobramento da função global.

Fonte: Os autores.
54

4.4.2 Elaboração da Matriz Morfológica

Nesta etapa do projeto conceitual estão demonstrados os princípios de soluções com


base nas funções apresentadas na estrutura funcional do produto.
Esses princípios de soluções nada mais são do que ideias propostas para serem
avaliadas e poderem ser desenvolvidas nas etapas posteriores do projeto. A matriz
morfológica comporta a estrutura funcional do produto com a descrição da função global, as
parciais e elementares as quais são exemplificadas através das alternativas de soluções físicas.
Os princípios de soluções apresentados para o projeto equipamento respirador
mecânico artificial exige esforço mental dos projetistas, pois não é um projeto muito casual de
ser elaborado, além da sua alta complexidade envolvida. As alternativas propostas
demonstram as formas físicas que poderão ser executadas no decorrer do projeto depois da
avaliação final. Essas formas de soluções vieram a ser constituídas com a pesquisa de geração
de ideias envolvidos no trabalho.
As ideias propostas que foram anexadas na matriz morfológica são as que mais
tiveram influência de serem apresentadas e que poderão ser desenvolvidas posteriormente nas
próximas etapas do projeto. Essas soluções apresentadas estão demonstradas no Quadro 5.
55

Quadro 5 - Matriz Morfológica.

Fonte: Os autores.
A fim de facilitar o desenvolvimento da Matriz de Decisão, foi feita uma avaliação
prévia dos componentes no contexto a serem utilizados no projeto (sendo os resultados
apresentados no Quadro 6), sendo apresentadas as conclusões de forma resumida, na forma
dos seguintes indicadores:
a. Atende aos requisitos para uso no projeto.
b. Possui ressalvas na aplicabilidade ao projeto.
c. Não atente aos requisistos para uso no projeto.
56

Quadro 6 - Matriz Morfológica com avaliação prévia da aplicabilidade dos componentes.

Fonte: Os autores.

4.4.3 Elaboração da Matriz de Decisão

Constituída a forma dos princípios de soluções dá-se ênfase a montagem da matriz de


decisão onde são ordenadas as opções de alternativas conforme a matriz morfológica das que
mais possam trazer proveito de um bom sucesso na finalização do projeto. A identificação das
matrizes tanto a morfológica quanto a de decisão são as mesmas o que muda realmente é a
ordenação dos princípios de soluções.
São propostas quatro opções de diferentes formas possíveis do equipamento respirador
mecânico artificial de acordo com os critérios de projeto estabelecidos. Esses critérios foram
avaliados pela equipe de projeto.
O Quadro 7 ilustra a escolha das opções que melhor se adequaram ao projeto da
máquina.
57

Quadro 7 - Matriz de Decisão

Fonte: Os autores.

4.4.4 Elaboração da Matriz “Passa Não Passa”

A avaliação e valorização das concepções alternativas para o projeto do equipamento


com base nas possíveis estruturas de princípios de soluções será feita com a utilização do
método, “Passa não Passa”.
A importância deste método é de fazer a definição de comparação dos pontos fracos e
fortes de cada opção demonstradas na matriz de decisão, juntamente com as necessidades do
cliente definidas na fase de projeto informacional, onde cada definição de solução é
comparada com as atribuições de necessidades.
Pelos procedimentos de estabelecimento de elaboração da matriz construiu-se uma
tabela, onde para cada item das necessidades dos clientes, são avaliados os princípios de
soluções levantados anteriormente e definidos como “P”, os que atendem as necessidades e
com “NP” os que na atendem as especificações de necessidades.
O
apresenta a opção que melhor atende as necessidades do cliente e seguirá como
referência para que sejam avaliadas com as outras opções de alternativas na matriz de
avaliação.
58

Quadro 8 - Matriz de decisão “Passa não Passa”

Nº ESPECIFICAÇÃO OPÇÃO 1 OPÇÃO 2 OPÇÃO 3 OPÇÃO 4

1 Atender normatização P P P P
2 Apresentar redundâncias P P P P
3 Aplicar controle de qualidade P P P P
4 Baixo custo de manutenção P P NP NP
5 Faixa de pressão P P P P
5 Controle da ciclagem por pressão controlada P P P P
5 Número de ciclos respiratórios P P P P
8 Facilidade de acesso aos componentes P P P P
9 Utilizar componentes comerciais P P P P
10 Facilidade de uso (procedimentos) P P P P
11 Baixo custo de aquisição P NP NP NP
12 Interface intuitiva (simbologia) P P P P
Fonte: Os autores.

4.4.5 Elaboração da matriz de avaliação

Nesta etapa é definido qual das opções determinadas anteriormente é a mais adequada
para a sequência do projeto. Os princípios de soluções serão novamente avaliados e
comparados um a um, julgando com os critérios de referência escolhidos.
Quando o princípio de solução analisada for melhor que a referência este será
sinalizado com “+1” (ou com “+0,5”, caso seja um pouco melhor que a referência), e se a
solução analisada for inferior a referência, esta será sinalizada com “-1” (ou com “-0,5”, caso
seja um pouco pior que a referência). Por fim, caso atenda ao critério de forma semelhante à
referência, esta será sinalizada com “0”.
Em seguida é feita a soma das pontuações atribuídas no desenvolvimento do trabalho.
O Quadro 9 apresenta a alternativa que melhor atende as exigências de cliente para seguir nas
posteriores fases do projeto.
59

Quadro 9 - Matriz de Avaliação

Nº ESPECIFICAÇÃO PESO OPÇÃO 1 OPÇÃO 2 OPÇÃO 3 OPÇÃO 4

1 Atender normatização 10 -1 -10,00 -1 -10 -1 -10


2 Apresentar redundâncias 8,45 0 0 0 0 0 0
3 Aplicar controle de qualidade 8,28 -1 -8,28 -0,5 -4,14 -1 -8,28
4 Baixo custo de manutenção 7,67 -1 -7,67 -1 -7,67 -1 -7,67
5 Faixa de pressão 6,41 0 0 0 0 0 0
5 Controle da ciclagem por pressão controlada 6,41 0 0 0 0 0 0

REFERÊNCIA
5 Número de ciclos respiratórios 6,41 0 0 0 0 0 0
8 Facilidade de acesso aos componentes 6,09 -1 -6,09 0 0 0 0
9 Utilizar componentes comerciais 6,02 -0,5 -3,01 -1 -6,02 -1 -6,02
10 Facilidade de uso (procedimentos) 5,34 0 0 1 5,34 1 5,34
11 Baixo custo de aquisição 5,17 -1 -5,17 -1 -5,17 -1 -5,17
12 Interface intuitiva (simbologia) 4,85 0 0 1 4,85 1 4,85
Total (-) -5,50 -4,50 -5,00
Total (+) 0 2,00 2,00
Total Global (-) + (+) -5,50 -2,50 -3,00
Peso Total -40,22 -22,80 -26,94
Fonte: Os autores.

Os cálculos realizados para determinar os valores do total (-), do total (+), do total
global e do peso total mostrados anteriormente seguem a seguinte lógica:
Total (+): Foram somadas as quantidades de (+) apresentadas em cada opção da Matriz de
Avaliação para escolha da concepção, onde foram obtidos os seguintes resultados:

Opção II = +0 Opção III = +2 Opção IV =+2

Total(-): Foram somadas as quantidades de (-) apresentadas em cada opção da Matriz de


Avaliação para escolha da concepção, onde foram obtidos os seguintes resultados:

Opção II = -5,5 opção III = -4,5 Opção IV =-5

Total Global: Foram somadas as quantidades de (-) e de (+) apresentadas em cada opção da
Matriz de Avaliação para escolha da concepção, onde forma os seguintes resultados:

Opção II = (-5,5) + (+0) = (-5,5)


Opção III = (-4,5) + (+2) = (-2,5)
Opção IV = (-5) + (+2) = (-3,0)
60

Peso Total: Feito um somatório das quantidades de (-) e de (=) multiplicando cada índice
pelo seu respectivo peso, conforme apresentado em cada opção da Matriz de Avaliação para
escolha da concepção sendo que o sinal de (=) tem o valor nulo. Assim forma obtidos os
seguintes resultados:

Opção II =[(-10) + (-8,28) + (-7,67) + (-6,09) + (-3,01) + (-5,17)] = (-40,22)


Opção III =[(-10) + (-4,14) + (-7,67) + (-6,02) + (+5,34) + (-5,17) + (+4,85)] = (-22,80)
Opção IV =[(-10) + (-8,28) + (-7,67) + (-6,02) + (+5,34) + (-5,17) + (+4,85)] = (-26,94)

Conforme o resultado dos pesos fica estabelecido que a melhor solução a ser seguida
na fase de projeto preliminar é a referência seguida da opção III, IV e por último a Opção II.

NOTA: Os pesos para cada requisito, foram definidos através da pontuação alcançada
por cada requisito técnico gerado durante a definição da Matriz QFD.

OBSERVAÇÃO: Devido à complexidade do projeto, e à variabilidade de


componentes que podem suprir cada função, aliados ao fato da escassez de componentes que
o mundo se encontra durante a pandemia, durante o desenvolvimento do projeto poderá haver
alterações do princípio de solução considerado ideal nesta fase do projeto. Isto poderá ocorrer
devido à escassez de componentes já mencionada, ou ainda devido à complexidades de
integração e comunicação entre componentes, como também por questões de certificação para
uso hospitalar.
61

4.5 PROJETO PRELIMINAR

Após a definição da opção mais adequada da concepção do equipamento respirador


mecânico artificial, ao final da fase de Projeto Conceitual, passou--se para a fase de Projeto
Preliminar. Após escolhida a melhor opção, começou-se a dar “vida” a essa opção. Nesta fase,
realiza-se o encorpamento (embodyment), realizam-se os croquis, os “layouts” do produto,
montagens (assemblies) e submontagens (subassemblies) e das peças que compõem cada
submontagem e/ou montagem.
Esse processo foi se especializando até chegar-se na solução preliminar do produto
(SPP), que corresponde a uma configuração geométrica que só não é definitiva porque precisa
ser detalhada, desenhada, modelada geometricamente, etc., usualmente em Sistemas CAD.
A solução preliminar do produto (SPP) englobou ainda as definições de materiais,
processos de fabricação, ajustes, tolerâncias e, principalmente, os dimensionamentos estáticos
e dinâmicos, baseados na cinemática dos movimentos do produto, realizados por meio dos
cálculos de resistência dos materiais e mecanismos.
Na fase de projeto preliminar, foram realizadas, as seguintes ações as quais serão
descritas em maiores detalhes nas seções deste capítulo:
a. Estudo de fluxos e sinais no dispositivo;
b. Estudo de Layouts, submontagens e interface entre peças;
c. Estudos do comportamento em uso;
d. Estudo dos materiais e manufatura do dispositivo;
e. Estudo de vibrações e ruídos;
f. Estudo de manutenção - aspectos gerais;
g. Estudo de custos;
h. Prototipagem via software de modelagem tridimensional;
i. Realização de testes de avaliação do protótipo/produto;

4.5.1 Estudo de fluxos e sinais no dispositivo

O fluxo de operação do dispositivo foi realizado, tendo como base os estudos sobre a
respiração humana, realizados na seção 2 deste trabalho, além da verificação do que é
solicitado pelas normas citadas na mesma seção. Além disto, foram levantadas algumas
questões, através da entrevista de profissionais da saúde, com o objetivo de aprimorar o
62

equipamento, e melhorar o conforto, bem como facilitar a recuperação do estado de saúde do


próprio paciente.
Tendo em mãos todos os dados necessários, e tomando como base o Esquema 1, foi
desenvolvido o layout com o fluxo de gases e sinais do dispositivo, o qual pode ser visto no
Esquema 2.

Esquema 2 - Fluxo de gases e sinais no dispositivo.

Fonte: Os autores.

Além deste esquema, um segundo esquema foi proposto, tendo como diferencial,
instalado no local da válvula para regulagem (fixa) do PIP, uma válvula proporcional, a qual
permite um controle mais afinado, tanto da vazão, quanto da pressão inspiratória do paciente,
e como a válvula é de rápida atuação, esta permite a inclusão de perfis de controle da
respiração personalizados para um melhor conforto e recuperação do paciente. Este esquema
pode ser visto no Esquema 3.
63

Esquema 3 - Fluxo de gases e sinais no dispositivo alternativo.

Fonte: Os autores.

Além disso, como pode ser visto nos dois esquemas anteriores, há componentes do
sistema que são opcionais, permitindo ao cliente a personalização do dispositivo, para melhor
atender às suas necessidades, bem como permitir a flexibilização do valor de venda do
produto.

4.5.2 Estudo de Layouts, submontagens e interface entre peças

Durante a elaboração do esquema de funcionamento (visto no Esquema 2 e no


Esquema 3), foi pensado desde o início na criação um produto modular, permitindo a partir de
um “esqueleto base”, a personalização do mesmo, apenas incluindo, trocando e/ou excluindo
itens.
Outro ponto levado em consideração, foi a de utilizar o máximo de componentes
comerciais de prateleira, que por serem fabricados em série, e possuírem alta disponibilidade,
64

além de simplificar as etapas de projeto e certificação, também reduzem o custo inicial do


equipamento, visto que esta estratégia elimina boa parte das fases de prototipagem e testes de
componentes parciais. Com base neste pensamento, foi iniciado um estudo para a seleção e
integração dos componentes do dispositivo, o qual resultou na Tabela 1.

Tabela 1 - Componentes selecionados para o equipamento.


Interface/
Código Marca Modelo Item Função Funcionamento Conexão
DA1000 25VF ou
DA1000 25VFP Equipamento
(com isolamento Compressor de ar medicinal (isento de óleo) com sistema de filtragem Suprir alimentação de ar comprimido em locais sem acesso à rede de ar (acionamento por
E.CA1 AirZap acústico) integrado comprimido medicinal/hospitalar relé/contator) Não informado
Suprimento de ar comprimido para o sistema. Usado como backup para o
Adquirido pelo cliente (padrão compressor, ou quando o respirador é utilizado para translado em veículo
hospitalar) Cilindro para ar comprimido medicinal sem fornecimento de rede elétrica (115-230Vac) N.A. Padrão ABNT NBR 11725
Adquirido pelo cliente (padrão Suprimento de oxigênio medicinal. Usado quando não há disponibilidade
hospitalar) Cilindro para oxigênio medicinal de uma rede hospitalar de oxigênio medicinal. N.A. Padrão ABNT NBR 11725
RTM 67 - 67/2 4-20mA ou 0-10Vcc
(com selo Verifica se há suprimento de ar medicinal para o sistema. Aviso em caso de (com conversor para 0-
S.P1 Temperunião sanitário) Sensor de pressão - Alimentação de ar comprimido baixa reserva de ar quando utilizando suprimento de ar apenas do cilindro. 5Vcc) 1/2" NPT
RTM 67 - 67/2 Verifica se há suprimento de oxigênio medicinal para o sistema. Aviso em 4-20mA ou 0-10Vcc
(com selo caso de baixa reserva de oxigênio quando utilizando suprimento de (com conversor para 0-
S.P2 Temperunião sanitário) Sensor de pressão - Alimentação de oxigênio medicinal oxigênio do cilindro. 5Vcc) 1/2" NPT
Cód.: 005488 (p/
cilindro) / Cód.:
005090 (p/ rede Regular a pressão de ar para que o misturador de ar/oxigênio funcione
A.VRP1 PROTEC hospitalar) Válvula reguladora de pressão - Ar comprimido (antes do misturador) corretamente Mecânico Padrão ABNT NBR 11725
Cód.: 005068 (p/
cilindro) / Cód.:
005091 (p/ rede Regular a pressão do gás oxigênio para que o misturador de ar/oxigênio
A.VRP2 PROTEC hospitalar) Válvula reguladora de pressão - Oxigênio medicinal (antes do misturador) funcione corretamente Mecânico Padrão ABNT NBR 11725
Entrada: DISS ou NIST (utilizar
Regular o percentual de oxigênio no ar a ser insuflado no pulmão do mangueira com adaptador). Saída:
A.MG1 Medin Blender 1085 Misturador ar/oxigênio medicinal paciente Mecânico M22x1,5
aprox. 0,65mV/%O2
(valor depende de
calibração / utilizar
Envitec conversor 0,70mV para
S.TO1 (Honeywell) OOM103 Sensor de oxigênio Monitora o percentual de oxigênio na mistura ar/oxigênio 0-5Vcc) M16x1
Entrada: Substituir conector
proprietário por adaptador <rosca não
informada> . Saída: 9/16” UNF;
M12×1,25; G3/8; G 1/4 (with hose
A.VRlpl GCE Medimeter 30lpm Válvula reguladora de vazão - Mistura ar/oxigênio (após misturador) Regular a pressão referente ao PIP (Pressão inspiratória) Mecânico nipple)
Eletromecânica
(acionamento por relé
A.VEM1 MAGNET-SCHULTZ V PK M 007 Válvula de inspiração Libera pressão na linha de inspiração / 24V) Conforme encapsulamento
FAS 16mm
FASPROP (orifício
IMI 0,5mm) / Cód.: 17- 0-24V proporcional
216C-00- (com conversor 0-5V
A.VRlpl Válvula proporcional <opcional / substitui GCI Medimeter> Controla a pressão e vazão eletronicamente na linha de inspiração.
41+D3WFIL+BD0 para 0-24Vcc) Entrada/Saída: G1/8
V PR M (A02) - 0-12V proporcional
MAGNET-SCHULTZ Opão para válvula (com conversor 0-5V
proporcional para 0-12Vcc) Conforme encapsulamento

Aquece e umidifica a mistura de ar/oxigênio, para evitar que ocorra dano às Equipamento Entrada/Saída: Ø22mm (mangueira
E.UA1 Globaltec GT5000 Umidificador de ar aquecido vias respiratórias e dos pulmões do paciente (acionamento por relé) padrão)
5220-2 ou 5230-2
(alta precisão)/ Monitora a qualidade do ar inspirado pelo paciente. Pressão utilizada para Entrada/Saída: Ø10mm <confeccionar
S.QA1 TSI (opcional 41xx) Sensor de pressão, fluxo, temperatura e umidade monitorar a intenção do paciente em inspirar. USB/RS232 adaptador Ø10mm para Ø22mm>
A.VU1 e Entrada: Ø22mm (mangueira padrão).
A.VU2 Respironics Cód.: 302418 Válvula unidirecional Mecânico Saída: Ø15mm (Diam. Int.)
Filtro
Bacteriano/Viral
para Fluxo
Principal (Cód.: Evita a contaminação dos componentes do dispositivo. Evita a dispersão de Entrada: Ø15mm (Diam. Ext.). Saída:
Teleflex 1605) Filtro bacteriológico virus e bactérias provenientes da respiração do paciente, no ambiente. N.A. Ø22mm (mangueira padrão)
Entrada/Saída: Ø22mm (mangueira
RWR Cód.: 00.0192 Coletor de condensado (Dreno em polisulfona para ciruito repiratório) Evita que o condensado formado nas mangueiras adentre para o dispositivo. N.A. padrão)
Monitora a pressão e vazão de ar expirado pelo paciente. Pressão utilizada
S.MA1 TSI 4140 ou 4143 Sensor de pressão, fluxo e temperatura. para monitorar intenção do paciente em expirar. RS232 Entrada/Saída: 1/4 ou 3/8

Eletromecânica
A.VEM2 MAGNET-SCHULTZ V PK M 007 Válvula de expiração Libera passagem do ar de expiração até a válvula de PEEP (acionamento por relé) Conforme encapsulamento
A.VE1 Oxigel Cód.: 7-706-2520 Válvula de PEEP Regula a pressão de expiração do paciente. Mecânica Entrada: Ø22mm (mangueira padrão)

RS232 (através de
adaptador) + 4 portas
seriais + 16 portas
analógicas 0-5V
(podem ser
convertidas para outros
tipos de sinais através
E.CP1 Arduino Mega 2560 rev 3 Controlador Realiza a operação e monitoramento do sistema. do uso de conversores) N.A.
Indica os parâmetros de funcionamento e operação do dispositivo, curvas
de respiração do paciente, além de ser utilizado para a configuração dos
itens que não são ajustados manualmente nos componentes de
E.IU1 Nextion FZ1752E IHM 7" Touchscreen funcionamento mecânico. Serial N.A.
Provem indicação visual para o(a) enfermeiro(a), em caso de falha do
aparelho e/ou problema com o paciente, permitindo rápida atuação do
E.SAV1 Genérico [12Vcc / Cor:Vermelho] Sinaleiro audiovisual (sinaleiro + Sirene) profissional de saúde para com o paciente. Acionamento por relé N.A.
Converte a energia da rede rede elétrica (127 Vac ou 230 Vac) para 12V em
corrente contínua, utilizada alimentar o sistema (através do regulador de
E.FA1 Andeli MS-120-24 Fonte de alimentação 110-220Vac - 24Vcc chaveada tensão) e carregar a bateria. N.A. N.A.
Pode funcionar como backup em caso de falta de energia na rede de
alimentação elétrica do recinto, ou para transferênciado paciente entre
E.FE1 2x Genérico 12V 5Ah Bateria locais. N.A. N.A.
Converte tensão das baterias/fonte (24Vcc) para 5Vcc utilizada para o
E.CE1 Daygreen 810-1224-05 Conversor 12/24Vcc - 5Vcc comando e operação do dispositivo. N.A. N.A.
Inversor de frequência para geração de tensão em corrente alternada, para
uso quando em falta de energia na rede de alimentação elétrica do recinto,
E.CE2 CSR Cód.: 24123 Inversor 24Vcc - 220Vac 150W ou para transferênciado paciente entre locais. N.A. N.A.

Fonte: Os autores.

Nesta etapa, apesar de focar principalmente nos componentes essenciais para o


sistema, foi tomado grande cuidado na escolha dos componentes, para que permita uma fácil
integração dos mesmos, quando da sua implementação no dispositivo.
65

Um ponto chave para a boa integração dos componentes, foi a escolha do Arduino®
Mega 2560 como controlador do sistema, uma vez que o mesmo possui preço muito inferior
do que CLPs, e oferece grande flexibilidade. Outro ponto positivo, é que devido ao Arduino
ser uma plataforma aberta e popular, há uma infinidade de soluções prontas para
implementação e uso no mesmo. Como exemplo, pode-se sitar o uso de sensores que possuem
comunicação através de interface serial, onde, para realizar a integração com o Arduino, basta
adquirir um módulo de comunicação (Shield RS232).
Devido a grande complexidade do projeto, foi dada maior ênfase na seleção dos
componentes, e avaliação para montagem mecânica, sendo optado neste caso, para trabalhar
de forma integrada com uma equipe de automação, para o software a ser desenvolvido.

4.5.3 Estudos do comportamento em uso

O dispositivo trabalhará com 3 modos de respiração, sendo eles o de pressão


controlada (através do controle da pressão durante o ciclo de respiração do paciente), fluxo
controlado (através do controle do fluxo respiratório durante o ciclo de respiração do
paciente) e o modo misto, sendo que esse seria uma união dos 2 métodos citados
anteriormente.
Já os modos de funcionamento do equipamento podem variar entre modo controlado e
o modo assistido. Enquanto o disparo por pressão é ativado pelo esforço inspiratório do
paciente (assistido), o disparo por tempo é deflagrado pelo aparelho (controlado), funcionando
como um mecanismo de resgate, que é ativado apenas quando o ciclo assistido não ocorre.
O dispositivo contará com métricas para a verificação das condições do paciente e do
seu próprio funcionamento onde em caso de falha em algum dos componentes do sistema ou
em caso de condição anormal de respiração do paciente, o mesmo ativará um alarme sonoro e
visual, indicando ao profissional da saúde a necessidade de uma intervenção junto ao
paciente.

4.5.4 Estudo dos materiais e manufatura do dispositivo

devido ser um equipamento onde todos os seus componentes já são aprovados pela
ANVISA não se faz necessária uma segunda análise, portanto, apenas o carrinho e a parte
interna do mesmo, os quais são respectivamente os descrito acima.
66

O aço inoxidável utilizado em toda a parte externa, juntamente com parafusos e soldas
de inox. com uma liga metálica constituída essencialmente por uma mistura de ferro e pelo
menos 10,5% de cromo. Essa adesão de cromo torna o aço inoxidável superior ao aço comum.
Portanto, possui as seguintes características: resistência ao impacto, durabilidade e resistência
ao calor e à corrosão.
Algumas das propriedades interessantes do alumínio, o qual é utilizado na parte
interna do equipamento inclui boa aparência, facilidade de fabricação, boa resistência à
corrosão, baixa densidade, alta relação resistência / peso e alta resistência à fratura. Por causa
dessas características, o alumínio é um dos materiais mais econômicos e estruturalmente
eficazes usados em equipamentos.

4.5.5 Estudo de vibrações e ruídos

No projeto a ser desenvolvido o único equipamento capaz de gerar ruídos é o


compressor de ar, porém foi optado pela utilização de um equipamento comercial, que além
de já possuir as características sanitárias necessárias para operar em meio hospitalar, possui 2
modelos, sendo que um deles que já possui uma capsula de isolamento acústico, tornando
possível a instalação do mesmo em ambientes fechados e até mesmo em meio a um quarto
sem gerar um desconforto auditivo. Já o modelo sem isolamento acústico, deve ser utilizado
apenas em ambientes externos. Esse equipamento, além dessas opções e flexibilidades, é
capaz de atender mais de um paciente apenas com um equipamento, esse numero pode variar
conforme a necessidade dos pacientes, mas estima-se que o mesmo seja capaz de atender 5
pacientes simultâneos, viabilizando ainda mais seu uso, devido em alguns casos, apenas 1
equipamento ser capaz de atender 1 quarto completo de pacientes necessitando de respiração
assistida.

4.5.6 Estudo de manutenção - aspectos gerais

A manutenção do equipamento é voltada para a fácil realização do trabalho e também


a fácil obtenção dos componentes, uma vez que todos os componentes essenciais utilizados
são comerciais, não sendo necessária a produção, analise, testes, aprovação e homologação de
dos componentes individuais. Estes fatores citados deixariam a manutenção demorada e com
baixa fluidez, pois demanda de muitos tramites que envolvem órgãos governamentais os quais
67

estão operando com funcionários e turnos reduzidos em meio a pandemia. Esses itens, por se
tratarem de componentes comerciais, podem estar em estoque e no caso de falha em algum
equipamento o mesmo pode ser substituído por outro igual ou equivalente, até que o
defeituoso seja encaminhado para a assistência técnica homologada, aumentando assim
significativamente a disponibilidade do equipamento.

4.5.7 Estudo de custos

Atualmente com os índices de contaminação e mortes em alta em todo o mundo, foi


criada uma politica de isenção de impostos a fim de permitir um valor mais acessível em
todos os insumos necessários para um melhor combate a pandemia. Porém essa isenção de
impostos não teve data definida para acabar, portanto atualmente alguns equipamentos ou
insumos estão com um preço muito inferior aos encontrados no mercado alguns anos atrás.
Outro fator que não permite uma estimativa nos valores é a falta de informações existentes no
mercado, uma vez que são poucas empresas fabricantes e demandam de uma estimativa de
pedido mínimo e um cadastro da empresa destinatária para ser possível a realização de um
orçamento e em mercados abertos esses equipamentos não são comercializados. Além desses
fatores citados acima, devido o equipamento ser customizável na hora da compra, devido sua
construção ser a partir de módulos, é possível alterar o valor do mesmo e se ajustar as
necessidades do cliente, deixando-o com o melhor custo benefício para cada cliente.

4.5.8 Prototipagem via software de modelagem tridimensional

Como o funcionamento do dispositivo se deve principalmente pela escolha dos


componentes e fluxo de gases e sinais no fluido, e devido a inexistência de componentes
projetados com funcionamento dinâmico, foi acordado entre os integrantes, que a
prototipagem mecânica, onde, neste caso, trata-se apenas do posicionamento e fixação dos
componentes, poderia ser feita através de software de modelagem tridimensional, deixando
para testar fisicamente o dispositivo com os teste de automação e do cumprimento dos
parâmetros de funcionamento e da qualidade do ar, exigidos pela ANVISA.
68

Figura 15 - Prototipagem em software de modelagem tridimensional SolidWorks - Montagem do


dispositivo.

Fonte: Os autores.

Figura 16 - Prototipagem em software de modelagem tridimensional SolidWorks - Quadro de comando.

Fonte: Os autores.

4.5.9 Realização de testes de avaliação do protótipo/produto

Para uma primeira avaliação foi realizada a prototipagem através do modelamento


tridimensional (conforme exposto em 4.5.8), para a verificação da disposição e interferência
dos componentes. Além disso, foi realizada uma análise minuciosa quanto ao atendimento da
qualidade do ar e dos parâmetros de controle do aparelho (tanto em nível de software quanto
69

nível de sensoriamento). Sendo atendidos esses critérios, o próximo passo é a fabricação e


montagem física de um exemplar para testes. Com o modelo físico construído, deve ser
verificado o correto funcionamento do software nas mais diversas situações, além da correta
integração de todos os componentes. Além disso por se tratar de um equipamento da área
hospitalar, o equipamento deve ser certificado pela ANVISA, antes de entrar em efetiva
operação, sendo utilizado para isso este mesmo exemplar construído.
OBS: a confecção do mesmo se tornou inviável devido aos altos custos envolvidos
referentes aos componentes necessários. Além disso, já através do que foi desenvolvido, é
possível afirmar que o equipamento em desenvolvimento é qualificável para o atendimento do
proposto, ou seja, para o atendimento e auxilio dos pacientes acometidos pela COVID-19.
70

4.6 PROJETO DETALHADO

O projeto detalhado complementa a estrutura do projeto preliminar e define a forma, o


tamanho e o acabamento superficial do componente por meio da revisão das especificações do
material, das possibilidades de produção e uso e da definição técnica do produto.
Nesta última etapa do projeto do respirador mecânico, responsável por salvar muitas
vidas em meio a pandemia de COVID-19, são desenvolvidos os desenhos e layouts
necessários para a fabricação, e montagem do equipamento. O projeto detalhado exemplifica
as formas determinadas no projeto preliminar e finalmente define tecnicamente o produto.
O foco principal do projeto detalhado está na preparação completa do projeto para que
seja possível a produção do equipamento, com a elaboração dos desenhos de componentes e o
desenho de conjunto. Para este projeto, foi utilizado principalmente o software
SOLIDWORKS programa este muito utilizado nos desenvolvimentos de projetos de sistemas
mecânicos.
Os desenhos necessários para a fabricação são encontrados APÊNDICE B –
DESENHOS TÉCNICOS DO SISTEMA PROPOSTO.
71

5 CONCLUSÕES

O projeto do respirador mecânico atingiu aos objetivos definidos quando do início


deste trabalho. Ademais, serviu para adquirir grande experiência devido à complexidade do
projeto, bem como, pelo fato deste projeto envolver uma área onde até então os membros do
grupo praticamente não haviam tido contato.
Quanto aos resultados alcançados no projeto do respirador, estes foram satisfatórios,
uma vez que o projeto apresenta grande flexibilidade de fabricação, bem como agilidade e
facilidade de fabricação e manutenção, uma vez que a maioria dos itens são produtos já
comercializados. Outro ponto importante a ser destacado, é que mesmo um projeto complexo,
o custo final de montagem tende a ser relativamente baixo, se comparado com o valor de
aquisição praticado pelo varejo na comercialização de respiradores mecânicos artificias, sendo
que este respirador desenvolvido neste projeto, consegue atender plenamente as necessidades
dos pacientes no enfrentamento da corrente pandemia.
72

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ZAIONS, Douglas Roberto. Projetos de sistemas mecânicos. 122 p. Joaçaba, 2014.


APÊNDICE A – MANUAL DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

A seguir é apresentado o Manual de Operação e Manutenção do equipamento


proposto.
MANUAL DE MANUTENÇÃO

• MONTAGEM DO EQUIPAMENTO

Qualquer pessoa que for encarregada de montar este sistema, deve previamente ter lido
e entendido as instruções de montagem indicadas neste manual. A pessoa que realizará a
montagem deve ter conhecimentos técnicos em mecânica, usar EPI´s de segurança, ter
condições físicas para a realização das atividades, as quais devem seguir fielmente o esquema
de ligação apresentado abaixo;
• INTERFACE E CONFIGURAÇÃO DO RESPIRADOR

OBS: Esta etapa não foi desenvolvida no projeto, pois o mesmo visava a parte de
construção mecânica do equipamento, sendo assim, a parte de automação e configuração seria
de responsabilidade de outra equipe. Sendo que quando fosse realizada, esta etapa possuiria
prints e imagens demonstrando a configuração do equipamento de acordo com cada paciente

• MANUTENÇÃO

1) Equipamento não liga


Verificar disjuntores no quadro de comando
2) Baixa pressão de oxigênio
Verificar válvulas e registros do cilindro de oxigênio e também a conexão do regulador de
pressão
3) Ruido de vazamento de ar
Verificar conexão e integridade das mangueiras
4) Alarme de baixa umidade de ar
Verificar o nível de água no reservatório do umidificador
5) Vazão de ar insuficiente
Verificar reguladores de pressão
6) Misturador de ar e oxigênio soando alarme
Verificar a diferença de pressão nas redes de ar e oxigênio
7) Ruídos ocasionado por vibrações
Verificar o sistema de fixação e reapertar os parafusos
8) Sensores, atuadores ou equipamentos elétricos
Em caso de problemas nesses elementos, deve-se interromper o uso do equipamento
imediatamente e em seguida, entrar em contato com o fornecedor/fabricante.
APÊNDICE B – DESENHOS TÉCNICOS DO SISTEMA PROPOSTO

A seguir são apresentados os desenhos técnicos do sistema proposto.

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