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O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE

APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Acadêmicas¹
Camila Klaumann Camargo
Fernanda Albuquerque Gil
Gabriela Louise da Silva
Janete Alves Xavier de Souza

Tutor Externo²
Valquiria Pereira

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI


Licenciatura em Pedagogia - Prática Interdisciplinar: Vivências Educativas (PED102) – 24/06/2021

RESUMO

O lúdico é parte integrante do mundo infantil da vida de todo o ser humano. Portanto jogos,
brinquedos e brincadeiras são elementos que fazem parte da infância das crianças aonde a
realidade e o faz de conta intercalam-se. Nesse contexto, o presente trabalho tem o objetivo de
trazer uma reflexão da importância e valorização do lúdico na educação, ao utilizá-lo como
ferramenta de aprendizagem na Educação Infantil, apontando seus benefícios em relação a
aprendizagem e desenvolvimento das crianças, reforçando o papel do professor como mediador
nesse processo, atribuindo a visão das escolas ao proporcionar ambientes adequados para que os
objetivos das atividades lúdicas propostas com as crianças sejam alcançados , e por fim, salientar
que a educação lúdica pode ser o melhor caminho de interação entre os adultos e as crianças e
entre as crianças entre si para gerar novas formas de desenvolvimento e de reconstrução de
conhecimento. Pois quando bem aplicada a ludicidade poderá contribuir para a melhoria do
ensino do educando fazendo com que ele seja capaz de relacionar fatos e ideias, construir sua
identidade e autonomia, ter o conhecimento de si e do mundo.

Palavras-chave: Lúdico – Aprendizagem – Desenvolvimento - Jogos – Brincadeiras

1. INTRODUÇÃO

Diante de tantas formas de se trabalhar a educação, destacamos o uso do lúdico como uma
das peças principais no processo de aprendizagem. O Lúdico é a forma de desenvolver o
conhecimento, unindo a criatividade, através de jogos, músicas, danças, brinquedos e brincadeiras
de forma que a criança aprende a desenvolver a coordenação, a atenção, o equilíbrio, a imaginação
e a memória.
A atividade lúdica muito similar ao brincar tem na educação o compromisso de produzir
prazer e diversão ao aluno, despertando a sua curiosidade, facilitando o seu entendimento,
consequentemente o aprendizado. A educação exige mudanças e o lúdico sem dúvida está inserido
nesse contexto, de modo que faz-se necessário que essa prática, a ludicidade, seja entendida como
educação e não apenas diversão.

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I –
dd/mm/aa
2

Nosso objetivo neste trabalho é mostrar que o lúdico se tornou uma ferramenta pedagógica
fundamental para a aprendizagem e está ligada ao desenvolvimento da criança principalmente na
Educação Infantil.
De acordo com Melo (2011) não é difícil comprovar que se aprende brincando, quando
estamos em contato direto com a Educação Infantil. É neste ambiente de aprendizagem que
percebemos o quanto é eficiente e desafiador o uso de atividades lúdicas como aliadas do
desenvolvimento cognitivo, físico e emocional das crianças. Isso acontece porque as experiências
lúdicas podem transformar a aprendizagem em momentos prazerosos e significativos.
Sendo assim, usamos como justificativa no decorrer deste trabalho o quanto importante é o
lúdico na Educação Infantil como ferramenta facilitadora da aprendizagem, pois inicialmente a
criança aprende a interagir com o adulto e através dos diversos estímulos, descobre o mundo em sua
volta. E concomitantemente ao chegar à escola vai construindo conhecimentos importantes para sua
formação integral, tendo como mediador, seu professor, e na interação com seus colegas,
desenvolve sua identidade e autonomia, importantes para a construção pessoal e social.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O brincar é uma das principais atividades do período da infância, cuja sua natureza e origem
específicas são elementos essenciais para a construção da personalidade e compreensão da criança
na realidade da qual ela se insere.
Como bem ressalta Kishimoto Santos (1997, p. 24):

“Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a
curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da
concentração e atenção.”
De acordo com Vygotsky (2001), a brincadeira é entendida como atividade social da
criança, enfatizando que ela apresenta três características: a imitação, a regra e a imaginação,
presentes em todos os tipos de brincadeiras, podendo ser de faz-de-conta, tradicional ou outra
atividade lúdica.
Os atos de brincar e jogar no processo educacional faz com que o indivíduo seja capaz de
pensar, interpretar, analisar, lhe dando autonomia, concentração e visão crítica sobre diversas
situações, consequentemente ajudando a solucionar um determinado problema e, através desses
atos, a criança desenvolve a iniciativa e a capacidade de enfrentar desafios.
Segundo Oliveira (2002) enquanto a criança brinca o afeto, a motricidade, a linguagem, a
representação, a memória e outras funções cognitivas estão entrelaçadas. O brincar cria condições
de aprendizagens significativas, por exigir da criança formas mais complexas de se relacionar com
o mundo e assim produzir cultura.
A criança ao desfrutar de momentos lúdicos, tais como: brincar, pintar, desenhar, cantar,
subir em árvores, tomar banho de chuva, enfim brincar, ela desfruta com intensidade e significado,
cada momento da infância. Momentos estes fundamentais para um crescimento motor saudável.
Portanto, a ludicidade está envolta de todas as atividades e brincadeiras livres ou
dirigidas, dos jogos e dos brinquedos, do aprender e do conhecer o mundo, de maneira
divertida.
O faz de conta é de fundamental importância na primeira infância, através dele as
crianças reelaboram criativamente situações vividas em seu cotidiano, surgindo assim novas
interpretações de realidade.
O autor Arnais (2012, p. 35) ressalta esse entendimento quando diz:

“Quando a criança brinca com seus brinquedos, no jogo de faz-de-conta, ela explora,
forma ideias sobre as coisas, objetos, pessoas e sobre si. Ao observamos crianças
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brincando, podemos vê-las construindo torres com blocos de armar, conversando com
bonecas, fazendo o papel materno, alimentando, dando banho, dirigindo carros e se
vestindo como adultos.”

Já Vygotsky (1999) faz referências a diversos tipos de brincadeiras, e também discute o


papel do brinquedo referindo-se especificamente ao jogo de papéis ou à brincadeiras de “faz de
conta”, como brincar de casinha, brincar de escolinha, numa situação imaginária como a que ocorre
na brincadeira de faz de conta, em que a criança é levada a agir num mundo imaginário, onde a
situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos reais
concretamente presentes.
Segundo Ribeiro (2013) o lúdico é parte integrante do mundo infantil da vida de todo ser
humano, e ele ocorre primeiramente no nascimento quando ao nascer a criança já interage com sua
mãe, nos olhares, na afetividade, na brincadeira, no momento da alimentação, na hora de dormir, ao
ouvir uma história e até na hora da higiene.
Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da
criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.
De modo que o olhar sobre o lúdico não deve ser visto apenas como diversão, mas sim, de
grande importância no processo de ensino-aprendizagem na fase da infância.
Fialho (2007), diz:

“A exploração do aspecto lúdico pode tornar-se uma técnica facilitadora na elaboração de


conceitos, no reforço de conteúdos, na sociabilidade entre os alunos, na criatividade e no
espírito de competição e cooperação, tornando, esse processo transparente, ao ponto
emque o domínio sobre os objetivos propostos sejam assegurados.”

A ludicidade é um fator que está muito presente nas Escolas de Educação Infantil. É
inevitável falarmos sobre a educação infantil sem citarmos a ludicidade, pois tanto os jogos
quanto as brincadeiras, são elementos fundamentais para a aprendizagem e desenvolvimento da
mesma.
Trabalhando com o lúdico no processo de aprendizagem dos alunos, se tem um melhor
êxito, pois os alunos se sentem motivados e se tornam mais criativos em suas atividades.
De acordo com Leal (2011, p.08):
“É possível dizer que o lúdico é uma ferramenta pedagógica que os professores podem
utilizar em sala de aula como técnicas metodológicas na aprendizagem, visto que
através da ludicidade os alunos poderão aprender de forma mais prazerosa, concreta
e, consequentemente, mais significativa, culminando um uma educação de qualidade”.

O brincar nas escolas de Educação Infantil ajuda a construir o conhecimento, promovendo


momentos onde as crianças expressam diferentes sentimentos, realizando atividades lúdicas que
visam melhorar sua socialização, vivenciando situações de trabalho em equipe e respeito.
Em concordância com o pensamento de Piaget (1975), Kishimoto (1997, p. 32)
ressalta:

“Ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível de seus estágios cognitivos e constrói
conhecimentos”.

A interação criança-criança durante a brincadeira é fundamental, mas a interação da criança


com o educador também é importante, tendo em vista que a presença do educador na brincadeira é
agregadora e estimulante, pois brincando junto o educador irá mostrar como se brinca.
O professor deve ter em mãos ferramentas necessárias para a aprendizagem dos alunos e
para sua prática pedagógica, e o lúdico é essa grande ferramenta para a efetivação deste processo.
Para Dias (2013), o professor precisa ter uma fundamentação bem estruturada e ter bastante
atenção para que possa compreender a subjetividade e a particularidade de cada criança, procurando
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planejar e fazer observações em todas atividades propostas para um melhor desenvolvimento de


suas aprendizagens.
De acordo com a RCNEI (1998):
É preciso que a prática educacional do professor da educação infantil articule os objetivos
gerais e específicos em cada etapa (creches: de 0 a 3 anos e pré-escolas: de 4 a 6 anos)
dentro de dois âmbitos de experiências: a) Formação Pessoal e Social; b) Conhecimento
de Mundo.

Assim cabe a ele ter o entendimento e o propósito de que através de uma atividade lúdica é
possível brincando ensinar as crianças. De modo que ele deva estruturar o campo das brincadeiras
na vida das crianças, proporcionando tempo e espaços favoráveis para as crianças brincarem. Como
também disponibilizar objetos, fantasias, brinquedos ou jogos com o intuito de inserir a criança ao
meio cultural, onde ela poderá vivenciar a prática de acordo com a sua realidade fará com que a
criança se relacione com o ambiente escolar de maneira mais natural.
Conforme (CARVALHO, 2005, p.47)

“O brincar na teoria de Winnicott é proporcionar a criança a um ambiente afetivo e


seguro, pois o brincar, a criança precisa se sentir em segurança e relaxada, respeitar a sua
capacidade de criar na brincadeira; isso não significa deixar de compartilhar dessa
brincadeira, que vem a enriquecê-la e não se constitua na imposição do nosso brincar
sobre aquele da criança.”

A importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil está inserida na Base Nacional


Comum Curricular (BNCC, 2018), sendo o segundo direito de aprendizagem e desenvolvimento da
criança, sendo elas: 1 conviver, 2 brincar, 3 participar, 4 explorar, 5 expressar e 6 conhecer-se.
Através da brincadeira a criança acaba sendo protagonista do seu próprio desenvolvimento.
Ao brincar é preciso que ela criança tenham certa independência para escolher seus companheiros e
os papéis que irão assumir no interior de um determinado tema e enredo, de forma que:
"... A criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se aos jogos e às atividades recreativas, que devem ser
orientadas para os fins visados pela educação; a sociedade e os poderes públicos devem esforçar-se por favorecer o
gozo deste direito". (Declaração universal dos direitos da criança, 1959)

Não existe brincadeira sem criança e vice-versa, a brincadeira quando feita de forma dirigida
ou não, tem suas intencionalidades educativas e pedagógicas. A criança quando brinca acaba dando
pistas ao professor sobre seu mundo fora da escola, auxiliando o educador a desenvolver uma
proposta pedagógica voltada para o seu aluno de forma mais particular.
Infelizmente nos tempos atuais ainda os adultos não veem ou não dão importância a
brincadeira na infância como uma forma de expressar a imaginação.
Para Holtz (1998, p.12):
“…o brincar deve ser valorizado por aqueles envolvidos na educação e na criação das
crianças pequenas, fazendo a escolha dos materiais lúdicos que são reservados no
brincar, cujo objetivo deve ter seu efeito sobre o desenvolvimento da criança. Porque
muitas crianças chegam à escola maternal incapazes de envolver-se no brincar, em
virtude de uma educação passiva que via o brincar como uma atividade barulhenta,
desorganizada e desnecessária.”

As práticas pedagógicas na Educação Infantil, devem garantir experiências diversas que


contemplem o desenvolvimento integral da criança. O professor deve ter o conhecimento de
que o lúdico é uma importante ferramenta pedagógica em que poderá utilize-lo para atingir
seus objetivos ao elaborar suas atividades. Pois o lúdico irá auxiliá- no processo de ensino-
aprendizagem, estimular a criança ao “Conhecimento de si e do mundo” na primeira infância.
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A Escola de Educação Infantil deve proporcionar as crianças múltiplas atividades de


diferentes linguagens e expressões, assegurando uma metodologia que vise favorecer o
desenvolvimento integral, em todos os aspectos sociais, psicológicos, cognitivos e afetivos.
De modo que toda a rotina na escola de Educação Infantil e, todo o planejamento
realizado pelo professor, o lúdico está intrínseco, não se pode educar sem brincar ou cuidar
sem brincar, assim como o educar é indissociável ao cuidar, de tal forma a ludicidade também.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (2009) colocam a criança como cerne do
planejamento na Educação Infantil conforme a seguir:

Art. 4.º As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a


criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas
interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade
pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, observa, experimenta, narra,
questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

Discussões acerca da prática de atividades lúdicas na Educação Infantil tem sido o


propósito de muitos pensadores e educadores. Atribuiu-se a necessidade de que que a formação
do educador seja de total responsabilidade pela permanência do aluno na escola, para adquirir
valores, melhorar os relacionamentos entre os colegas na sociedade que é um direito de todos.
Neste cenário é importante considerar na proposta curricular o lúdico e, proporcionar
atividades significativas em que o brincar seja uma oportunidade de conhecimento de si e
do mundo.
As atividades lúdicas na educação infantil vem sendo discutidas por muitos pensadores
e educadores, que a formação do educador seja de total responsabilidade pela permanência do
aluno na escola, para adquirir valores, melhorar os relacionamentos entre os colegas na
sociedade que é um direito de todos. Neste cenário é importante considerar na proposta
curricular o lúdico e, proporcionar atividades significativas em que o brincar seja uma
oportunidade de conhecimento de si e do mundo.
Afinal ele é o principal facilitador da socialização no processo de ensino-aprendizagem da
criança estimulando sua linguagem corporal, sua integração com a sociedade e conhecimento de si e
de mundo, nas relações interpessoais, auxiliando a aquisição de regras e de novos conhecimentos
de forma prazerosa.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho caracteriza-se por uma pesquisa descritiva, qualitativa, baseada na


metodologia de pesquisa bibliográfica. Levamos o período médio de 2 meses desde a sua
elaboração e conclusão.
Em busca da construção do conhecimento a cerca do tema analisamos e exploramos todos os
dados coletados de diferentes fontes bibliográficas como: análise de conteúdos de produções
científicas, artigos, resumos, vídeos, revistas, matérias informais, reflexões de autores, afim de um
melhor embasamento á respeito da temática/problemática deste estudo, como também utilizamos
as trocas de vivências entre as componentes do grupo, em que todas valeram-se de suas próprias
experiências como estagiárias no ambiente escolar.
De modo que, os estudos elencados referente á ludicidade na Educação Infantil, teve como
objetivo neste trabalho enfatizar que o lúdico é um fator positivo na construção do conhecimento
das crianças durante a infância, desenvolvendo nelas a imaginação, raciocínio, criatividade e
espontaneidade na construção do sistema de representação (leitura e escrita). E, também despertar
reflexões sobre a importância da temática como prática pedagógica, a adequação de ambientes nas
instituições escolares para que o lúdico seja trabalhado de forma prazerosa e significativa com a
criança, o entendimento do professor como mediador da aprendizagem em que estabelece uma
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inter-relação com a criança, em que ocorre uma de troca de saberes e de afeto mútuo, mostrando a
necessidade que tais educadores se preocupem com a construção do conhecimento da criança e que
estejam abertos a inovações e mudanças.
Dentro do contexto do tema, o embasamento no Referencial Curricular Nacional para
Educação Infantil - RCNEI (1998) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foram
estratégias de entendimento, além dos vídeos assistidos no canal do youtube sobre o tema abordado,
e em especial a entrevista com Tizuko Morchida Kishimoto, Pedagoga, com doutorado e pós-
doutorado em educação, que tem vários livros publicados sobre assuntos relacionados a jogos,
brincadeiras e educação infantil, que defende o Brincar como uma atividade fundamental para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia. E, aponta a importância do faz de conta, pois ao
brincar de faz de conta, as crianças buscam imitar, imaginar, representar de uma forma específica
que uma coisa pode ser outra, que um personagem pode ser um objeto.
Também assistimos vários vídeos da professora Michelle no Canal Ênfase Educacional em
que ela fala sobre o desenvolvimento da criança desde a primeira infância até a adolescência
baseada na Teoria de Vygotski, apontando várias questões importantes em rel ação a processo de
ensino aprendizagem e denota a relação do lúdico com as brincadeiras, mas não somente elas,
como também os jogos, esses podendo ser: de conceito, raciocínio, regras. E, a partir do
conceito da ludicidade nas brincadeiras e jogos, a mestre em educação faz uma reflexão da
importância de trazer atividades que façam a criança pensar, a imaginar e a se desenvolver.

SLIDE DE SOCIALIZAÇÃO

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao se aprofundar nos pensamentos dos autores citados neste trabalho, foi possível
estabelecer uma relação acerca do tema abordado e entender a sua importância no contexto infantil.
Téoricos como Vygotsky, Piaget e Kishimoto trouxeram contribuições e um olhar reflexivo
e torno da prática do lúdico como ferramenta de aprendizagem mais agradável, significativa e
prazerosa para os educandos.
Vygotsky em seu legado não elaborou especificamente uma teoria pedagógica, no entanto
suas ideias trouxeram diversas contribuições para a educação. Em sua teoria Sociointeracionista ele
utilizou de conceitos básicos como mediação/interação; processos de internalização; níveis de
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desenvolvimento; zona de desenvolvimento proximal; tomada de consciência; relação


desenvolvimento e aprendizagem; função do brinquedo no desenvolvimento da criança que
enfatizam o papel da aprendizagem no desenvolvimento humano, valorizando a escola, o professor
e a intervenção pedagógica conforme viemos abordando no decorrer deste trabalho.
Vygotsky, ao longo de sua obra, discute aspectos da infância, acerca do papel que o
brinquedo desempenha, fazendo referência a sua capacidade de estruturar o funcionamento psíquico
da criança. Ele atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, pois para ele, o
sujeito não é apenas ativo, mas também interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações
intra e interpessoais porque é, na troca com outros sujeitos que o conhecimento e as funções sociais
são assimilados.
Em sua teoria, Vygotsky parte do pressuposto que a aprendizagem vem antes do
desenvolvimento. Somente aos poucos é que a criança vai despertando a consciência da consciência
que possui. Também afirma que a aquisição dos conhecimentos da criança inicia por meio da
interação social/cultural e da mediação de um adulto no meio em que ela está inserida. De modo
que, entendemos que ao longo da história, desde o nascimento da criança há uma constante
interação dela com os adultos, que não só asseguram sua sobrevivência mas também mediam sua
relação com o mundo, incorporando a elas condutas e objetos de sua cultura. Logo, as crianças
passam a assimilar habilidades básicas como sentar, falar, andar, comer com talheres, tomar água no
copo, etc.
Para ele o brinquedo é responsável pela ampliação do conhecimento, pois a função do
brinquedo não é proporcionar prazer para a criança e, sim, satisfazer imediatamente o seu desejo,
fazendo com que a criança aprenda a agir de forma cognitiva por meio do brinquedo.
Seguindo a sua ideia de que o aprendizado se dá por interações compreendemos que o jogo
lúdico e o jogo de papéis, como brincar de “mamãe e filhinha” permitem que crie-se condições para
que determinados conhecimentos ou valores sejam consolidados ao exercitar no plano imaginativo
capacidades de imaginar situações, representar papéis, seguir regras de conduta de sua cultura (só a
mamãe que pode colocar a filhinha de castigo), etc.
Tal reflexão de Vygotski, nos fez compreender que a cultura é que fornece á criança os
elementos simbólicos de representação da realidade, permitindo que ela construa a sua interpretação
do mundo real que a rodeia. Assim, a criança se projeta no mundo dos adultos, ensaiando
atividades, comportamentos e hábitos que (dependendo da faixa de idade) não está preparada para
tal, mas que na brincadeira permite com que sejam criados processos de desenvolvimento,
internalizando o real e promovendo o desenvolvimento cognitivo.
Á vista disso, Vygotski aponta dois níveis de desenvolvimento (Real e Potencial) como o
caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer
sozinha. No entanto, ele ressalta que não é algo intríseco da criança, esse desenvolvimento ocorre
durante o processo de interação social. Por isso, ele enfatiza que o bom ensino é aquele que
estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina
completamente, puxando dela um novo conhecimento. De modo que, ele reforça o papel do
professor em ter a habilidade em saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de
cada aluno entre ambas.
Para Vygotsky, a educação não deve ficar esperando o desenvolvimento intelectual da
criança e sim estimula-la. Ele chama a atenção, quando diz que a escola não pode se limitar ao que
a criança já sabe (o conhecimento que ela já traz do seu cotidiano, suas ideias a respeito dos objetos,
etc) e sim conduzi-la a desafios e construção de novos conhecimentos, pois quanto mais a criança
aprende, mais se desenvolverá.
Já a autora Kishimoto, nos traz a reflexão de que na antiguidade já havia o uso de atividades
lúdicas como jogos educativos para que as crianças tivessem maior desempenho diante das
atividades sugeridas a elas. Ressaltando, que os jogos foram transferidos de geração em geração por
meio de sua pratica, permanecendo na memória infantil. E que através da tradição e da
universalidade dos jogos são observados que os povos, antigos como o da Grécia e do Oriente, já
brincaram de amarelinha, empinar pipas e jogar pedrinhas.
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Kishimoto reforça que “os jogos de construção são considerados de grande importância por
enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver as habilidades das
crianças.
Também próxima ao pensamento de Vygotsky ela esclarece que por meio do lúdico o aluno
desperta o desejo do saber, a vontade de participar e a alegria da conquista. Destaca a importância
da atividade lúdica, ser incluída como prática em um planejamento de aula por proporcionar
concentração e favorecer a assimilação dos conteúdos com naturalidade.
Além disso, Kishimoto aponta a necessidade de estruturação adequada nas escolas, com a
criação de espaços como salas de jogos e cantos temáticos que permitam às crianças ter mais
liberdade e possibilidades diferentes nos seus movimentos, bem como investir na atividade de
exploração.
Ao falarmos de Piaget o associamos ao construtivismo, método de ensino mais utilizado nos
planejamentos escolares. Afinal Piaget foi o criador da teoria construtivista, pois era extremamente
contra métodos pedagógicos tradicionais, no qual o ensino é centrado no professor e ele é o
transmissor da cultura. O estudante apenas possui metas trimestrais ou semestrais e seu aprendizado
é verificado por meio de avaliações periódicas. Ele foi um grande defensor de uma educação ativa,
em que a criança é a agente do seu conhecimento e o constrói progressivamente, por meio da
experimentação.
Piaget, também deu a importância ao universo lúdico na infância, afirmando que o
desenvolvimento da criança acontece através do lúdico, pois ela precisa brincar para crescer. No
lúdico a criança se satisfaz, realiza seus desejos e explora o mundo ao seu redor.
Na visão de Piaget a criança só aprende se ela tiver condições de absorver determinado
conteúdo e mesmo tendo condições, a criança só irá se interessar por conteúdos que ainda lhe façam
falta, que ainda não sejam de seu conhecimento.
Segundo Piaget os jogos devem ser usados como prática lúdica essencial e de caráter
construtivo no desenvolvimento cognitivo da criança. Ele aponta três formas básicas de atividade
lúdica que caracterizam a evolução do jogo na criança, de acordo com a fase do desenvolvimento
em que aparecem.
Os Jogos de Exercício Sensório motor - Caracterizam a etapa que vai do nascimento até o
aparecimento da linguagem. Esses exercícios motores consistem na repetição de gestos e
movimentos tais como: o bebê estica e encolhe os braços e pernas, agita mãos e dedos, toca objetos,
produz ruídos e sons, etc.).
Os Jogos Simbólicos - Período compreendido entre os 2 a 6 anos, aqui a tendência lúdica se
manifesta, sob a forma do jogo simbólico (jogo de ficção) em que aflora a imaginação e imitação.
Assim, a criança usa a sua imaginação ao transformar um cabo de vassoura em um cavalo, uma
caixa de fósforos em um carrinho, um caixote passa a ser um caminhão ou trenzinho. Como
também, à medida que a criança brinca de casinha, representando papéis de mamãe, papai e filho,
ou brinca de escola, ela está reproduzindo os papéis do professor e aluno, ou seja, ela está ao
mesmo tempo, criando novas cenas e também imitando situações reais por ela vivenciadas.
Todo esse processo tem a função de fazer com que através da ficção (brincadeira) a criança
exporte a realidade assimilada em seu meio de uma maneira transformada de acordo com os seus
desejos. Ou seja, a criança que brinca de boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a a sua maneira,
e revive todos os prazeres e conflitos da compensação de necessidades não satisfeitas, ou da simples
inversão de papéis. Demonstrando ações diversas como autoritarismo, bondade, perseverança,
comodismo, etc).
Jogos de Regras - inicia por volta dos 5 anos, mas se desenvolve principalmente na fase que
vai dos 7 aos 12 anos, predominando durante toda a vida do indivíduo.
Na teoria de Piaget o jogo de regras, é uma conduta lúdica que supõem relações sociais ou
interindividuais. Os jogos de regras são transmitidos socialmente de criança para criança e por
consequência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento
social. Para Piaget, o jogo constituiu-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já
que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.
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Eles podem ser de combinações sensório-motoras como corridas, jogos com bolas de gude
ou com bolas, etc ou então intelectuais como jogos de cartas, xadrez em que há competição dos
indivíduos. Nesses jogos há regras que são regulamentadas, como um código caráter eminentemente
social que é transmitido de geração em geração.
Além disso, ao longo dos seus estudos Piaget identificou que a criança passa por quatro
períodos de desenvolvimento: O Sensório-Motor (0 a 2 anos de idade); O Pré-operatório (2 a 7 anos
de idade); O Pré-Operatório Concreto (7 a 11 anos de idade) e Operatório Abstrato (11 anos em
diante). Esses períodos caracterizam-se desde quando a criança começa a administrar seus primeiros
reflexos básicos, passando ao surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, do faz de conta,
do jogo simbólico, da fantasia, desenvolvimento das noções de tempo, espaço, causalidade, ordem,
velocidade, números, peso, volume até chegar ao peíodo do início da fase adulta.
Como também atribuiu quatro fatores que auxiliam a criança a passar de um período para o
outro: o amadurecimento; a experiência; a interação social e o equilíbrio.
Destacou que o desenvolvimento da inteligência ocorre por meio de estímulos nos quais a
criança constrói seus esquemas (estruturas mentais) chegando ao seu ponto de equilíbrio.
Ou seja a criança integra sensações e estímulos recebidos do meio, transformando-os e
organizando-os em novas estruturas físicas e psicológicas. Isso quer dizer que ao receber os
estímulos exteriores ela compara com seu esquema mental/cognitivo (a informação que ela já tem
em seu consciente) de modo que ela consegue agir como o meio de forma eficiente.
Teses essas que afloram o conhecimentos de educadores ao elaborarem planos de aulas,
estabelecer e avaliar os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos.

5. CONCLUSÃO

Concluímos que o estudo deste trabalho denotou a importância do lúdico como prática
pedagógica na Educação Infantil e suas contribuições relativas ao desenvolvimento da criança, uma
vez que esta pode aprender brincando.
A brincadeira revela-se como um instrumento de extrema relevância para o desenvolvimento
da criança. Sendo uma atividade normal da fase infantil, merece atenção e envolvimento. A infância
é uma fase que marca a vida do individuo e o brincar nunca deve ser deixado de lado, muito pelo
contrário, deve ser estimulado, já que é responsável pelo auxílio nas evoluções psíquicas.
Os estudos de Vygotsky e Piaget contribuíram muito para a construção de conhecimentos
acerca do desenvolvimento infantil e para as noções de brinquedo nesse desenvolvimento,
trabalhando com a noção de que o brincar satisfaz certas necessidades da criança e que essas
necessidades são distintas em cada fase da criança, pois vão mudando no decorrer de sua
maturação.
Nesse sentido, enfatizamos que o segmento da Educação Infantil configura-se como o
primeiro contato da criança com a escola. Nessa fase as crianças vivenciam momentos de
transformações e descobertas ao interagirem com pessoas e coisas do mundo, e assim atribuem
significados para suas experiências e para os fatos que as cercam, á vista disso, o professor
desempenha um papel fundamental no processo de busca pelo conhecimento das crianças, através
de sua metodologia, organização e mediação.
De forma que para que os objetivos sejam alcançados, gestores e educadores devem ter a
visão de que as escolas devem proporcionar salas de aulas e ambientes adequados que favoreçam e
estimulem as crianças a aprender de uma forma prazerosa, valendo-se de brincadeiras que
possibilitem o incentivo ao desenvolvimento da criatividade, da imaginação, de ações que
propiciem o conhecimento do mundo, e as auxilie no processo de aprendizagem.
Com isso, o brincar toma novos contornos, modificando-se, também, para atender às novas
necessidades que vão surgindo no contexto da criança.
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Finalizamos enfatizando que devemos utilizar o lúdico como uma ferramenta importante nas
dificuldades de aprendizagem, pois a criança pode ser trabalhada na individualidade ou em grupos e
ela mesma poderá buscar respostas para suas dúvidas e corrigir o que é de real dificuldade.
Assim, ela passará a se conhecer melhor, criará estratégias para um melhor aprendizado, que
será prazeroso e significativo.
Desse modo, ressaltamos que o uso de atividades lúdicas podem ser o melhor caminho de
interação entre os adultos e as crianças e entre as crianças entre si para gerar novas formas de
desenvolvimento e de reconstrução de conhecimento.

REFERÊNCIAS

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/a-importancia-do-brincar-na-
%20infancia/56099

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/teoria-de-piaget/%2045255

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1681-8.pdf

https://www.youtube.com/watch?v=09w8a-u-AUU&t=893s

https://www.youtube.com/watch?v=zU24B2YTnQ8

https://www.youtube.com/watch?v=U6HZ70rh2iM

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