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Convenção e Recomendação

sobre Trabalho Decente


para as Trabalhadoras e os
Trabalhadores Domésticos1

No período de 1º a 17 de junho de 2011 aconteceu, na sede da OIT, em Ge-


nebra, a 100ª Conferência Internacional do Trabalho (CIT). Nesta ocasião, foi
finalizada a discussão sobre o tema trabalho decente para as/os trabalhado-
ras/es domésticas/os, que definiu a adoção de um instrumento internacional
de proteção ao trabalho doméstico na forma de uma convenção, intitulada
Convenção sobre o Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Traba-
lhadores Domésticos, 2011 (nº 189), acompanhada de uma Recomendação
com o mesmo título (nº 201).
Com o objetivo de disseminar amplamente as informações concernentes a
estes instrumentos, o Escritório da Organização Internacional do Trabalho no
Brasil divulga a quinta Nota Informativa sobre o tema trabalho doméstico,
que apresenta o conteúdo da Convenção e da Recomendação e informações
sobre os desdobramentos da adoção destes intrumentos.

Organização Internacional do Trabalho. Escritório no Brasil. As notas produzidas pelo es-


1

critório da OIT no Brasil sobre a discussão do trabalho doméstico nas Conferências Inter-
nacionais do Trabalho de 2010 e 2011 foram realizadas no âmbito do projeto “Gender
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equality within the world of work”, financiado pelo Governo Norueguês.


O trabalho doméstico e a OIT tes no âmbito da OIT com normas específi-
cas, no sentido de promover uma proteção
O trabalho doméstico é um tema que
mais efetiva aos direitos das/os trabalha-
apresenta grandes desafios do ponto de
doras/es domésticas/os, a OIT realizou um
vista da ação pública e da organização de
processo de dupla discussão sobre traba-
atores sociais. Sua complexidade é coloca-
lho decente para trabalhadoras/es domés-
da em função de suas características pe-
ticas/os nas 99ª (2010) e 100ª (2011) Con-
culiares, de seu papel na estruturação do
ferências Internacionais do Trabalho (CIT),
mercado de trabalho, bem como de seu en-
que resultou na adoção da Convenção so-
trelaçamento com aspectos fundamentais
bre o Trabalho Decente para as Trabalha-
da organização social e das desigualdades
doras e Trabalhadores Domésticos, 2011
de gênero e raça, como a divisão sexual do
(nº 189), acompanhada de uma Recomen-
trabalho e a desvalorização do trabalho re-
dação (nº 201). Desta maneira, a OIT con-
produtivo. Trabalhadoras/es domésticas/os
tribui, de forma efetiva, para a promoção
sofrem sistematicamente com o desres-
do trabalho decente para as/os milhões
peito aos direitos humanos e aos direitos
de trabalhadores e trabalhadoras domés-
fundamentais no trabalho.
ticos/as.
As trabalhadoras/es domésticas/os se-
guem, portanto, sendo vítimas frequentes A discussão sobre trabalho doméstico
de violação dos direitos humanos e dos nas Conferências Internacionais do
direitos fundamentais no trabalho, como Trabalho de 2010 e 2011
o trabalho forçado, o trabalho infantil e
Como apoio ao processo discussão ocorri-
a discriminação. O trabalho doméstico é
do na CIT 2010 e na CIT 2011, a OIT ela-
uma das atividades para as quais a noção
borou uma série de relatórios3 que sub-
de trabalho decente2 tem especial impor-
sidiaram consultas prévias aos Estados
tância e, considerando as discriminações
Membros. Os resultados destas consultas
de gênero e raça envolvidas, tem estrei-
foram objeto de discussão no âmbito da
ta relação com a questão mais ampla da
Comissão do Trabalho Doméstico, instân-
igualdade de oportunidades e tratamento
cia estabelecida no contexto das Confe-
no mundo do trabalho.
rências para abordar este tema, com par-
Considerando, portanto, a necessidade de ticipação facultativa de representações
complementar as normas gerais já existen- tripartites das delegações dos países.
Para a discussão do tema na Comissão do
Conceito formalizado pela OIT, em 1999,que sin-
2 Trabalho Doméstico e, posteriormente, na
tetiza a sua missão histórica de promover opor-
tunidades para que homens e mulheres possam
ter um trabalho produtivo e de qualidade, em
condições de liberdade, equidade, segurança e Mais informações sobre estes Relatórios podem
3

dignidade humanas, sendo considerado condi- ser encontradas na quarta nota sobre o trabalho
ção fundamental para a superação da pobreza, doméstico elaborada pelo escritório da OIT Bra-
a redução das desigualdades sociais, a garantia sil, que pode ser acessada no link http://www.
da governabilidade democrática e o desenvolvi- oitbrasil.org.br/topic/gender/news/news_200.
2

mento sustentável. php


plenária da CIT 2010, foram elaborados viam recebido informações e/ou participa-
dois Relatórios (branco e amarelo). Com do de discussões em seus países de origem
base nos trabalhos da Comissão, a plenária com relação ao debate do trabalho domés-
da Conferência aprovou, em 2010, a ela- tico que aconteceria nas Conferências.
boração de uma norma internacional para No Brasil, o Escritório da OIT desenvolveu,
o trabalho doméstico, que deveria tomar desde 2009, uma série de iniciativas, com
a forma de uma convenção acompanhada o apoio da ONU-Mulheres e das Secreta-
de uma recomendação. Propostas de con- rias de Políticas para as Mulheres (SPM)
teúdo para compor ambos instrumentos e de Políticas de Promoção da Igualdade
também foram elaboradas nesta etapa. Racial (SEPPIR). Neste sentido, vários do-
Como seguimento da Conferência de 2010 cumentos de apoio e estudos foram divul-
e preparação para a Conferência de 2011, gados. Ademais, foram realizadas oficinas
a OIT elaborou os Relatórios Marrom e e reuniões técnicas, que contaram com a
Azul, contendo propostas de textos para participação de representações das traba-
a convenção e a recomendação, que ser- lhadoras domésticas, do governo brasilei-
viram de subsídio para as discussões que ro – SPM, Seppir, Ministério das Relações
aconteceram na Comissão do Trabalho Do- Exteriores (MRE) e Ministério do Trabalho
méstico na Conferência de 2011. e Emprego (MTE) – e representantes de
De maneira coordenada, os escritórios da organizações de trabalhadores/as e em-
OIT no mundo apoiaram este processo, por pregadores/as.
meio da assistência técnica às etapas de Como resultado deste processo de mobi-
consulta aos países. Este apoio foi presta- lização, a delegação brasileira teve uma
do, em muitos casos, a partir da realização destacada participação nas discussões que
reuniões técnicas e eventos de discussões aconteceram nas Conferências e, além
envolvendo os governos dos países repre- disso, contou com a participação de seis
sentações de empregadores/as e de tra- trabalhadoras domésticas na qualidade de
balhadores/as. A OIT dedicou-se também observadoras.
à elaboração de estudos e disseminação
de informações sobre o tema do trabalho A Conferência Internacional do
doméstico, buscando sempre atingir am- Trabalho de 2011
plos setores da sociedade, com especial A Comissão do Trabalho Doméstico esteve
atenção às instâncias tripartites e de diá- reunida no período de 1º a 10 de junho de
logo social. Foram conduzidos processos 2011. As discussões realizadas pelos de-
distintos em cada país, considerando as legados e delegadas tripartites presentes
realidades locais, bem como os diferentes foram orientadas pela idéia de propor ins-
graus de mobilização dos atores locais e de trumentos ratificáveis e flexíveis, mas ao
inserção da temática na agenda pública. mesmo tempo, que garantissem uma pro-
Assim, grande parte das delegações que es- teção efetiva dos direitos dos/as trabalha-
3

tiveram presentes nas CIT 2010 e 2011 ha- dores/as domésticos/as. A discussão que
ocorreu na Comissão retomou o Relatório dores/as domésticos/as com relação aos
Azul da OIT, que já apontava um grande direitos já garantidos aos demais traba-
apoio para a adoção de uma convenção lhadores/as e a consideração do tempo
acompanhada de uma recomendação. de disponibilidade imediata para o tra-
Dessa maneira, após um intenso trabalho balho como horas trabalhadas foram rei-
de discussão tripartite, a Comissão chegou teradas nos instrumentos. O direito a um
ao consenso de que os instrumentos de- ambiente de trabalho seguro e saudável,
veriam tomar a forma de uma convenção bem como a necessidade de adoção de
acompanhada de uma recomendação, e medidas neste sentido estão asseguradas
foram estabelecidos os conteúdos destes na Convenção, e a Recomendação traz
instrumentos. orientações com relação às medidas que
De uma maneira geral, as propostas finais deveriam ser adotadas nesta área. Por fim,
de convenção e recomendação mantive- o tema das agências de emprego privadas
ram os pontos colocados na proposta pre- ganhou espaço. A Convenção afirma que
liminar. Neste sentido, temas cuja discus- os países deverão adotar medidas relati-
são já havia avançado como as condições vas à determinação das condições de fun-
do trabalho realizado por menores de 18 cionamento destas agências, bem como
anos, a necessidade de se estabelecer estabelecer procedimentos de queixas no
uma idade mínima para o trabalho domés- caso de eventuais abusos.
tico e a proteção aos/às trabalhadores/as Como resultado da discussão ocorrida na
domésticos/as migrantes foram mantidos. Comissão, um relatório com a proposta
Por outro lado, temas com relação aos de que os instrumentos a serem adota-
quais não havia sido possível se chegar a dos deveriam ser uma convenção e reco-
um consenso foram amplamente discuti- mendação, bem como seus conteúdos foi
dos e consolidados na Convenção e Reco- encaminhado à plenária da Conferência
mendação. Com relação ao tema do direito Internacional do Trabalho, sendo votado
à privacidade e inspeção do trabalho, por em 16 de junho de 2011. Os instrumentos
exemplo, a Convenção coloca que os paí- propostos receberam ampla aprovação:
ses deverão formular e colocar em prática a Convenção foi aprovada por 396 votos
medidas relativas à inspeção do trabalho a favor, 16 votos contra e 63 abstenções,
e, na medida em que seja compatível com o que significa que a Convenção foi apro-
a legislação nacional, estas medidas deve- vada por 83% dos delegados presentes. A
rão especificar as condições com relação Recomendação foi aprovada por 434 votos
aos quais se poderá autorizar o acesso ao a favor, 8 contra e 42 abstenções, o que
domicílio, com o devido respeito à priva- significa que 89% dos delegados presen-
cidade. Com relação ao tema da jornada tes votaram a favor de sua adoção. Todos
de trabalho, questões importantes como o os representantes de trabalhadores/as
direito ao descanso semanal de 24 horas, presentes votaram a favor da adoção dos
instrumentos; entre os representantes dos
4

igualdade de tratamento dos/as trabalha-


empregadores, houve um equilíbrio entre ficação por dois países. Muitos Membros,
os votos favoráveis à adoção e as absten- presentes à Conferência, já manifestaram
ções; entre os governos, a grande maioria comprometimento pela ratificação em
votou pela adoção dos instrumentos. seus países. A ratificação é um ato sobera-
De acordo com os procedimentos da OIT, a no dos países e deverá respeitar os proce-
nova Convenção estará em vigor após rati- dimentos definidos em nível nacional.

Resumo da Convenção (nº 189) e da Recomendação (nº 201) sobre as


Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, 2011
Convenção
Artigos Conteúdo
1e2 Definições e cobertura: Trabalho doméstico: aquele realizado em ou
para domicílio (s); trabalhador: (sexo feminino ou masculino) quem
realiza o trabalho doméstico no âmbito de uma relação de trabalho,
estando excluídos aqueles/as que o fazem de maneira ocasional e sem
que seja um meio de subsistência. A convenção se aplica a todos/as
trabalhadores/as domésticos/as. Há possibilidade de exclusão de cate-
gorias, desde que justificadas (outra proteção equivalente ou questões
substantivas).
3e4 Direitos humanos e direitos fundamentais do trabalho: Implementação
de medidas efetivas para garantir estes direitos.
Trabalho Infantil Doméstico: Estabelecimento de idade mínima, em
consonância com convenções associadas ao tema (nº 138 e 182), e
adoção de medidas com relação a trabalhadores/as com menos de 18
anos.
5 Proteção contra abusos, assédio e violência: adoção de medidas nestes
temas.
6 Condições de emprego equitativas e trabalho decente: adoção de me-
didas efetivas nestes temas.
7 Informação sobre termos e condições, quando possível em contratos
de trabalho.
8 Proteção às/aos trabalhadoras/es domésticas/os migrantes: oferta de
emprego por escrito/contrato de trabalho com condições estabelecidas
no artigo 7, ainda no país de origem.
9 Liberdade para decidir moradia, se acompanha ou não membros do do-
micílio em suas férias e quanto a manter em posse seus documentos.
10 Jornada de trabalho: medidas para assegurar jornada, compensação de
horas extras e períodos de descanso diários, semanais (24 horas con-
secutivas) e férias. Tempo em que trabalhadores/as estão à disposição
conta como horas de trabalho.
5
11 Estabelecimento de remuneração mínima.
12 Remunerações e proteção social: pagamentos em dinheiro, em inter-
valos regulares e pelo menos uma vez ao mês. Possibilidade de paga-
mento in natura, desde que estabelecidas condições para que não seja
desfavorável.
13 e 14 Medidas de saúde e segurança no trabalho; proteção social e proteção
à maternidade.
15 Agências de emprego privadas: condições de funcionamento; proteção
contra abusos de agências de emprego mediante obrigações jurídicas.
16 Acesso a instâncias de resolução de conflitos.
17 Inspeção do Trabalho: adoção de medidas e possibilidade de acesso ao
domicílio, com respeito à privacidade.
18 As disposições da Convenção deverão ser colocadas em prática por
meio da legislação nacional, de acordos coletivos e de outras medidas
adicionais com relação aos/às trabalhadores/as domésticos/as.
19 a 27 Procedimentos para adoção, ratificação e implementação da conven-
ção.

Recomendação
Artigos Conteúdo
2 Liberdade de associação e direito à negociação coletiva: revisão da
legislação nacional no sentido de tornar efetivos estes direitos. Direito
dos/as trabalhadores/as domésticos/as e dos empregadores/as terem
suas próprias organizações.
3 Exames médicos: princípio da confidencialidade; impedimento de exa-
mes de HIV e gravidez e não-discriminação em função de exames.
4 Medidas com relação aos exames médicos: informação sobre saúde
pública.
5 Identificação e proibição de trabalho doméstico insalubre para crian-
ças, proteção para trabalhadores/as domésticos/as jovens: para estes
últimos, limitação da jornada; proibição de trabalho noturno; restrição
quanto a tarefas penosas e vigilância das condições de trabalho.
6 Informações sobre termos e condições de emprego; estabelecimento
de informações em contratos.
7 Proteção contra abuso, assédio e violência: estabelecimento de meca-
nismos de queixa; programas de reinserção e readaptação de trabalha-
dores/as vítimas.
6
8-13 Jornada de trabalho: registro exato das horas trabalhadas, das horas
extras e dos períodos de disponibilidade imediata para o trabalho de
fácil acesso para os/das trabalhadores/as; regulamentação do tempo
em que o trabalhador/a está disponível para o trabalho; estabelecimen-
to de medidas específicas para trabalho noturno; estabelecimento de
pausas durante jornada diária; estabelecimento de descanso semanal
de 24 horas, em comum acordo; compensação por trabalho em dia de
descanso; acompanhamento dos membros do domicílio nos períodos
de férias não deve ser considerado como férias do/a trabalhador/a.
14-15 Proteção quanto à remunerações e pagamento in natura: limitação de
pagamento in natura; critérios objetivos para cálculo do valor; conside-
rar somente questão de alimentação e alojamento; proibição de incluir
artigos relacionados ao desempenho do trabalho; informações precisas
quanto aos valores do pagamento.
17 Condições adequadas de acomodação e alimentação.
18 Prazo para busca de outro emprego e tempo livre durante o trabalho
em casos de término do emprego por iniciativa do empregador/a para
trabalhadores/as que moram nas residências.
19 Saúde e segurança: Medidas e dados sobre saúde e segurança no tra-
balho; estabelecimento de sistema de inspeção.
20 Adoção de medidas para contribuição à previdência social.
21 e 22 Trabalhadores/as migrantes: sistema de visitas; rede de alojamento de
urgência; linha telefônica de assistência; informações quanto às obriga-
ções dos empregadores, legislação e direitos no caso dos trabalhado-
res/as nos países de origem e destino; repatriação.
23 Agências de emprego privadas: promoção de boas práticas das agên-
cias privadas de emprego com relação ao trabalho doméstico.
24 Inspeção do trabalho: estabelecimento de condições para a inspeção
do trabalho.
25 Políticas e programas: para o desenvolvimento continuado de compe-
tências e qualificação, incluindo alfabetização; para favorecer o equi-
líbrio entre trabalho e família; formulação de dados estatísticos sobre
trabalhadores/as domésticos/as.
26 Cooperação internacional para proteção dos trabalhdores/as domésti-
cos/as.
7
Convenção sobre o Trabalho balhadores, inclusive trabalhadores domésticos, a
Anexos

Decente para as Trabalhadoras e os não ser que se disponha o contrário;


Trabalhadores Domésticos (nº 189)4 Observando a particular relevância, para os tra-
A Conferência Geral da Organização Internacional balhadores domésticos, da Convenção sobre Tra-
do Trabalho, balhadores Migrantes (Revisada), 1949 (nº 97), a
Convenção sobre Trabalhadores Migrantes (Dis-
Convocada em Genebra pelo Conselho de Adminis-
posições Complementares), 1975 (nº 143), a Con-
tração da Organização Internacional do Trabalho,
venção sobre Trabalhadores e Trabalhadoras com
reunida nesta cidade no dia 1º de junho de 2011
Responsabilidades Familiares, 1981 (nº 156), a
em sua 100ª Reunião;
Convenção sobre Agências Privadas de Empregos,
Consciente do comprometimento da Organização In- 1997 (nº 181), e a Recomendação sobre Relacio-
ternacional do Trabalho de promover o trabalho de- namento Empregatício, 2006 (nº 198), bem como
cente para todos por meio do alcance dos objetivos o Marco Multilateral da OIT para as Migrações La-
da Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos borais: Princípios e diretrizes não vinculantes para
Fundamentais no Trabalho e da Declaração da OIT so- uma abordagem baseada em direitos para a migra-
bre Justiça Social para uma Globalização Equitativa; ção laboral (2006);
Reconhecendo a contribuição significativa dos tra-
Reconhecendo as condições específicas sob as
balhadores domésticos para a economia global,
quais o trabalho doméstico é executado e que fa-
que inclui o aumento das possibilidades de traba-
zem com que seja desejável complementar as nor-
lho remunerado para as trabalhadoras e trabalha-
mas de âmbito geral com normas específicas para
dores com responsabilidades familiares, o aumen-
os trabalhadores domésticos para que possam
to da capacidade de cuidado das pessoas de idade
exercer plenamente seus direitos;
avançada, das crianças e das pessoas com deficiên-
cia, e um aporte substancial das transferências de Recordando outros instrumentos internacionais re-
renda em cada país e entre os países; levantes, como a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Considerando que o trabalho doméstico continua
Políticos, o Pacto Internacional de Direitos Econô-
sendo subvalorizado e invisível e é executado prin-
micos, Sociais e Culturais, a Convenção Internacio-
cipalmente por mulheres e meninas, muitas das
nal sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-
quais são migrantes ou membros de comunidades
criminação Racial, a Convenção sobre a Eliminação
desfavorecidas e, portanto, particularmente vulne-
ráveis à discriminação em relação às condições de de Todas as Formas de Discriminação contra a Mu-
emprego e trabalho, bem como outros abusos de lher, a Convenção das Nações Unidas Contra o Cri-
direitos humanos; me Transnacional Organizado e, em particular, seu
Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico
Considerando também que, em países em de-
de Pessoas, especialmente Mulheres e Crianças,
senvolvimento, que historicamente têm escassas
assim como o Protocolo contra o Contrabando de
oportunidades de emprego formal, os trabalhado-
Imigrantes por Terra, Mar e Ar, a Convenção sobre
res domésticos constituem uma proporção signifi-
os Direitos da Criança, a Convenção Internacional
cativa da força de trabalho nacional e permanecem
sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalha-
entre os mais marginalizados; e
dores Migrantes e seus Familiares; e
Recordando que convenções e recomendações in-
ternacionais do trabalho se aplicam a todos os tra- Tendo decidido adotar diversas proposições relati-
vas ao trabalho decente para os trabalhadores do-
mésticos, questão que constitui o quarto ponto da
Tradução feita pelo Escritório da OIT no Brasil
4
8

(não oficial). ordem do dia da reunião; e


Tendo decidido que estas propostas devem tomar ganização Internacional do Trabalho, indicar toda
a forma de uma Convenção Internacional, categoria particular de trabalhadores que tenha
sido excluída em virtude do parágrafo anterior, as-
Adota, neste dia, 16 de junho do ano de dois mil e
sim como as razões para tal exclusão; e, em rela-
onze, a seguinte Convenção, que pode ser citada
tórios subsequentes, deverão especificar qualquer
como a Convenção sobre as Trabalhadoras e os Tra-
medida tomada visando a extensão da aplicação da
balhadores Domésticos, 2011.
Convenção aos trabalhadores em questão.
Artigo 1
Artigo 3
Para o propósito desta Convenção:
1. Todo Membro deverá adotar medidas para asse-
(a) o termo “trabalho doméstico” designa o tra- gurar a promoção e a proteção efetivas dos direi-
balho executado em ou para um domicílio ou tos humanos de todos trabalhadores domésticos,
domicílios; em conformidade com as disposições da presente
(b) o termo “trabalhadores domésticos” desig- Convenção.
na toda pessoa, do sexo feminino ou masculino, 2. Todo Membro deverá, no que diz respeito aos
que realiza um trabalho doméstico no marco de trabalhadores domésticos, adotar medidas previs-
uma relação de trabalho; tas na presente Convenção para respeitar, promo-
(c) uma pessoa que executa o trabalho domésti- ver e tornar realidade os princípios e direitos fun-
co apenas ocasionalmente ou esporadicamente, damentais no trabalho, a saber:
sem que este trabalho seja uma ocupação profis- (a) a liberdade de associação e a liberdade sin-
sional, não é considerada trabalhador doméstico. dical e o reconhecimento efetivo do direito à
negociação coletiva;
Artigo 2
(b) a eliminação de todas as formas de trabalho
1. A presente Convenção se aplica a todos os traba-
forçado ou obrigatório;
lhadores domésticos.
(c) a erradicação efetiva do trabalho infantil; e
2. Todo Membro que ratifique esta Convenção po-
derá, após consultar as organizações mais repre- (d) a eliminação da discriminação em matéria
sentativas de empregadores e trabalhadores, assim de emprego e ocupação.
como as organizações que representem trabalha- 3. Ao adotar medidas para assegurar que os tra-
dores domésticos e organizações que representem balhadores domésticos e os empregadores dos
os empregadores dos trabalhadores domésticos, trabalhadores domésticos usufruam da liberdade
quando tais organizações existam, excluir integral- sindical, da liberdade de associação e do reconhe-
mente ou parcialmente do seu âmbito de aplicação: cimento efetivo do direito à negociação coletiva,
(a) categorias de trabalhadores para as quais os Membros deverão proteger o direito dos traba-
esteja previsto outro tipo de proteção no míni- lhadores domésticos e dos empregadores dos tra-
mo equivalente; balhadores domésticos de constituir organizações,
federações e confederações, que julguem perti-
(b) categorias limitadas de trabalhadores em
nentes, e, a partir da condição de observar os es-
razão de problemas especiais de natureza subs-
tatutos destas organizações, afiliar-se às mesmas.
tantiva que possam surgir.

3. Todo Membro que se beneficiar da possibilida- Artigo 4


de prevista no parágrafo anterior deverá, em seu 1. Todo Membro deverá estabelecer uma idade
primeiro relatório sobre a aplicação da Convenção mínima para os trabalhadores domésticos, em
9

de acordo com o artigo 22 da Constituição da Or- consonância com as disposições da Convenção so-
bre a Idade Mínima, 1973 (nº 138), e a Convenção (e) a remuneração, método de cálculo e perio-
sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999 dicidade de pagamentos;
(nº 182), idade que não poderá ser inferior à idade
(f) as horas regulares de trabalho;
mínima estabelecida na legislação nacional para os
trabalhadores em geral. (g) as férias anuais remuneradas e os períodos
de descanso diários e semanais;
2. Todo Membro deverá adotar medidas para asse-
gurar que o trabalho realizado por trabalhadores (h) a provisão de alimentação e acomodação,
domésticos menores de 18 anos e com idade su- quando for o caso;
perior à idade minima para emprego não os impe-
(i) o período de experiência, quando for o caso;
ça ou interfira em sua educação obrigatória, nem
comprometa suas oportunidades para acessar o (j) as condições de repatriação, quando for o
ensino superior ou uma formação profissional. caso; e

Artigo 5 (k) as condições que regirão o término da rela-


ção de trabalho, incluindo todo o prazo de aviso
Todo Membro deverá adotar medidas para asse-
prévio comunicado pelo trabalhador doméstico
gurar que os trabalhadores domésticos gozem de
ou pelo empregador.
uma proteção efetiva contra todas as formas de
abuso, assédio e violência. Artigo 8
Artigo 6 1. Na legislação nacional, se deverá dispor que tra-
Todo Membro deverá adotar medidas para assegu- balhadores domésticos migrantes, que são contra-
rar que trabalhadores domésticos, como os traba- tados em um país para prestar serviços domésticos
lhadores em geral, usufruam de condições equita- em outro país, recebam uma oferta de emprego
tivas de emprego e condições de trabalho decente, por escrito ou contrato de trabalho, que seja válido
assim como, se residem no domicílio onde traba- no país onde os trabalhadores prestarão serviços,
lham, assegurar condições de vida decentes que que inclua as condições de emprego assinaladas
respeitem sua privacidade. no Artigo 7, antes de cruzar as fronteiras nacionais
para assumir o emprego sobre o qual a oferta ou o
Artigo 7 contrato dizem respeito.
Todo Membro deverá adotar medidas para assegu- 2. A disposição do parágrafo anterior não se apli-
rar que os trabalhadores domésticos sejam informa- ca aos trabalhadores que possuem liberdade de
dos sobre suas condições de emprego de maneira movimento em virtude de emprego sob acordos
apropriada, verificável e de fácil compreensão e, regionais, bilaterais ou multilaterais ou no marco
preferivelmente, quando possível, por meio de con- de organizações de integração econômica regional.
tratos escritos de acordo com a legislação nacional
ou acordos coletivos que incluam em particular: 3. Os Membros deverão adotar medidas para coo-
perar entre si no sentido de assegurar a aplicação
(a) o nome e sobrenome do empregador e do
efetiva das disposições da presente Convenção
trabalhador e os respectivos endereços;
para trabalhadores domésticos migrantes.
(b) o endereço do domicílio ou domicílios de
4. Todo Membro deverá especificar, por meio da le-
trabalho habituais;
gislação ou outras medidas, as condições segundo
(c) a data de início e, quando o contrato é váli- as quais os trabalhadores domésticos migrantes te-
do por um período determinado de tempo, sua rão direito à repatriação por expiração ou término
duração; do contrato de trabalho em virtude do qual foram
10

(d) o tipo de trabalho a ser executado; empregados.


Artigo 9 Artigo 12
1. Cada Membro deverá tomar medidas para asse- 1. Os salários dos trabalhadores domésticos deve-
gurar que os trabalhadores domésticos: rão ser pagos diretamente em dinheiro, em inter-
valos regulares, não menos que uma vez por mês.
(a) possam alcançar livremente com o empre-
A menos que a modalidade de pagamento esteja
gador ou potencial empregador um acordo so-
prevista na legislação nacional ou em acordos cole-
bre se residirão ou não no domicílio onde tra-
tivos, o pagamento poderá ser realizado por trans-
balham;
ferência bancária, cheque bancário, cheque postal
(b) que residem no domicílio no qual trabalham ou ordem de pagamento ou por outro meio de pa-
não sejam obrigados a permanecer no domicí- gamento monetário legal, com o consentimento do
lio ou acompanhar os membros do domicílio trabalhador interessado.
durante períodos de descanso diários ou sema-
2. O pagamento de uma proporção limitada da re-
nais ou durante as férias anuais; e
muneração dos trabalhadores domésticos na for-
(c) tenham o direito de manter em sua posse ma de parcelas in natura poderá ser determinada
seus documentos de viagem e identidade. na legislação nacional, em acordos coletivos ou em
Artigo 10 decisão arbitral, em condições não menos favo-
ráveis que aquelas geralmente aplicáveis a outras
1. Todo Membro deverá adotar medidas para ga-
categorias de trabalhadores, sempre e quando se
rantir a igualdade de tratamento entre os trabalha-
adotem as medidas necessárias para assegurar que
dores domésticos e os trabalhadores em geral com
as prestações in natura sejam feitas com o acordo
relação às horas normais de trabalho, à compen-
do trabalhador e sejam apropriadas para seu uso e
sação de horas extras, aos períodos de descanso
benefício pessoal, e que o valor atribuído às mes-
diários e semanais e férias anuais remuneradas,
mas seja justo e razoável.
em conformidade com a legislação nacional e com
acordos coletivos, considerando as características Artigo 13
específicas do trabalho doméstico. Todo trabalhador doméstico tem direito a um am-
2. O período de descanso semanal deverá ser de biente de trabalho seguro e saudável. Todo Mem-
pelo menos 24 horas consecutivas. bro, em conformidade com a legislação e a prática
nacionais, deverá adotar medidas eficazes, com de-
3. Períodos nos quais os trabalhadores domésti-
vida atenção às características específicas do tra-
cos não dispõem livremente de seu tempo e per-
balho doméstico, a fim de assegurar a segurança e
manecem à disposição do domicílio onde traba-
saúde no trabalho dos trabalhadores domésticos.
lham de maneira a atender a possíveis demandas
de serviços devem ser consideradas como horas As medidas referidas no parágrafo anterior pode-
de trabalho, na medida em que se determine na rão ser aplicadas progressivamente, em consulta
legislação nacional, acordos coletivos ou qualquer com as organizações mais representativas de em-
outro mecanismo em conformidade com a prática pregadores e trabalhadores, assim como com as
nacional. organizações representativas dos trabalhadores
domésticos e com as organizações representativas
Artigo 11
dos empregadores dos trabalhadores domésticos,
Todo Membro deverá adotar medidas para asse- quando tais organizações existam.
gurar que trabalhadores domésticos se beneficiem
Artigo 14
de um regime de salário mínimo, onde tal regime
exista, e que a remuneração seja estabelecida sem 1. Todo Membro deverá adotar as medidas apro-
11

discriminação por sexo. priadas, com a devida atenção às características es-


pecíficas do trabalho doméstico e atuando em con- os trabalhadores domésticos e serão previstas
formidade com a legislação e a prática nacionais, sanções, incluída a proibição das agências pri-
para assegurar que os trabalhadores domésticos vadas de emprego que incorram em práticas
se beneficiem de condições não menos favoráveis fraudulentas e abusos;
que aquelas aplicadas aos trabalhadores em geral,
(d) considerar, quando se contratar os traba-
com relação à proteção da seguridade social, inclu-
lhadores domésticos de um país para prestar
sive no que diz respeito à maternidade.
serviços em outro país, a celebração de acordos
2. As medidas referidas no parágrafo anterior po- bilaterais, regionais ou multilaterais, com a fina-
derão ser aplicadas progressivamente, em consulta lidade de prevenir abusos e práticas fraudulen-
com as organizações mais representativas de em- tas na contratação, colocação e no emprego; e
pregadores e trabalhadores, assim como com as
(e) adotar medidas para assegurar que as taxas
organizações representativas dos trabalhadores
cobradas pelas agências privadas de emprego
domésticos e com as organizações representativas
não sejam deduzidas da remuneração dos tra-
dos empregadores dos trabalhadores domésticos,
balhadores domésticos.
quando tais organizações existam.
2. Ao colocar em prática cada uma das disposições
Artigo 15 deste artigo, todo Membro deverá realizar consul-
1. Para proteger efetivamente os trabalhadores do- tas com as organizações mais representativas dos
mésticos contra práticas abusivas que tenham sido empregadores e dos trabalhadores, assim como
contratados ou colocados no emprego por agên- com as organizações representativas dos trabalha-
cias privadas de emprego, inclusive os migrantes, dores domésticos e com as organizações represen-
todo Membro deverá: tativas dos empregadores dos trabalhadores do-
mésticos, quando tais organizações existam.
(a) determinar as condições que regirão o fun-
cionamento das agências privadas de emprego Artigo 16
que contratam ou colocam no emprego traba-
Todo Membro deverá adotar, em conformidade
lhadores domésticos, em conformidade com a
com a legislação e prática nacionais, medidas para
legislação e prática nacionais;
assegurar que todos os trabalhadores domésticos,
(b) assegurar a existência de mecanismos e seja em pessoa ou por meio de representantes, te-
procedimentos adequados para a investiga- nham acesso efetivo aos tribunais ou outros me-
ção de queixas, abusos presumidos e práticas canismos de resolução de conflitos, em condições
fraudulentas em decorrência das atividades das não menos favoráveis que aquelas previstas para
agências privadas de emprego em relação aos os demais trabalhadores.
trabalhadores domésticos;
Artigo 17
(c) adotar todas as medidas necessárias e apro-
Todo Membro deverá estabelecer mecanismos de
priadas, tanto em sua jurisdição como, quando
queixa e meios eficazes e acessíveis para assegu-
proceda, em colaboração com outros Mem-
rar o cumprimento da legislação nacional relativa à
bros, para proporcionar uma proteção adequa-
proteção dos trabalhadores domésticos.
da e prevenir os abusos contra os trabalhadores
domésticos contratados ou colocados em seu Todo Membro deverá formular e colocar em práti-
território por agências privadas de emprego. ca medidas relativas à inspeção do trabalho, à apli-
Serão incluídas as leis ou regulamentos que es- cação de normas e sanções, com a devida atenção
pecifiquem as obrigações respectivas da agên- às características específicas do trabalho domésti-
cia privada de emprego e do domicílio para com co, em conformidade com a legislação nacional.
12
À medida que seja compatível com a legislação na- nização Internacional do Trabalho, para registro. A
cional, tais medidas deverão especificar as condi- denúncia não terá efeito antes de se completar um
ções sob as quais se poderá autorizar o acesso ao ano a contar da data de seu registro.
domicílio, com o devido respeito à privacidade.
2. Todo Membro que tenha ratificado esta Conven-
Artigo 18 ção e que, no prazo de um ano depois de expirado o
período de dez anos referido no parágrafo anterior,
Todo Membro, em consulta com organizações mais
não tiver exercido o direito de denúncia disposto
representativas de empregadores e trabalhadores,
neste artigo, ficará obrigado a um novo período de
deverá colocar em prática as disposições desta
dez anos e, daí em diante, poderá denunciar esta
Convenção por meio da legislação, acordos coleti-
Convenção ao final de cada período de dez anos,
vos ou outras medidas adicionais de acordo com
nos termos deste artigo.
a prática nacional, estendendo ou adaptando me-
didas existentes para aplicá-las também aos traba- Artigo 23
lhadores domésticos ou elaborando medidas espe-
1. O Diretor Geral da Organização Internacional do
cíficas para o setor, quando apropriado.
Trabalho notificará todos os Membros da Organiza-
Artigo19 ção Internacional do Trabalho sobre o registro de
todas as ratificações e denúncias que lhe forem co-
Esta Convenção não afetará disposições mais fa-
municadas pelos Membros da Organização.
voráveis aplicáveis a trabalhadores domésticos em
virtude de outras convenções internacionais do 2. Ao notificar os Membros da Organização sobre
trabalho. o registro da segunda ratificação que lhe tiver sido
comunicada, o Diretor Geral lhes chamará a aten-
Artigo 20 ção para a data na qual entrará em vigor esta Con-
As ratificações formais desta Convenção serão co- venção.
municadas, para registro, ao Diretor Geral da Orga-
Artigo 24
nização Internacional do Trabalho.
O Diretor Geral da Organização Internacional do
Artigo 21 Trabalho comunicará ao Secretário Geral das Na-
1. Esta Convenção obrigará unicamente os Mem- ções Unidas, para registro, em conformidade com
bros da Organização Internacional do Trabalho o artigo 102 da Carta das Nações Unidas, informa-
cujas ratificações tiverem sido registradas pelo Di- ções completas sobre ratificações e atos de denún-
retor Geral. cia por ele registrados.

2. Esta Convenção entrará em vigor doze meses Artigo 25


após da data de registro em que as ratificações de
O Conselho de Administração da Organização In-
dois Membros tenham sido registradas pelo Dire-
ternacional do Trabalho apresentará à Conferên-
tor Geral.
cia Geral, quando considerar necessário, relatório
3. A partir deste momento, esta Convenção entrará sobre a aplicação desta Convenção e examinará a
em vigor para todos os Membros, doze meses após conveniência de incluir na ordem do dia da Con-
a data do registro de sua ratificação. ferência a questão de sua revisão total ou parcial.

Artigo 22 Artigo 26
1. Todo Membro que tenha ratificado esta Conven- 1. No caso da Conferência adotar uma nova con-
ção poderá denunciá-la ao final de um período de venção que reveja total ou parcialmente esta Con-
dez anos, a contar da data de sua entrada em vigor, venção, a menos que a nova Convenção contenha
13

mediante comunicação ao Diretor Geral da Orga- disposições em contrário:


a) a ratificação por um Membro da nova Con- Adota, neste dia, 16 de junho do ano de dois mil
venção revisada implicará, ipso jure, a denúncia e onze, a presente Recomendação, que pode ser
imediata desta Convenção, a partir do momen- citada como a Recomendação sobre as Trabalhado-
to em que a nova Convenção revisada entrar ras e os Trabalhadores Domésticos, 2011.
em vigor, não obstante as disposições do artigo
1. As disposições desta recomendação complemen-
22º supra;
tam aquelas da Convenção sobre as Trabalhadoras
b) a partir da data de entrada em vigor da con- e os Trabalhadores Domésticos, 2011 (“a Conven-
venção revisada, esta Convenção deixará de es- ção”) e deveriam ser consideradas conjuntamente
tar sujeita a ratificação pelos Membros. com elas.

2. A presente Convenção continuará, em todo o 2. Ao adotar medidas para assegurar que os tra-
caso, em vigor, na sua forma e conteúdo atuais, balhadores domésticos usufruam da liberdade de
para os Membros que a ratificaram, mas não ratifi- associação e do reconhecimento efetivo do direito
carem a convenção revisada. à negociação coletiva, os Membros deveriam:

Artigo 27 (a) identificar e eliminar restrições legislativas ou


administrativas ou outros obstáculos ao exercício
As versões em inglês e francês do texto desta Con-
do direito dos trabalhadores domésticos de cons-
venção são igualmente autênticas.
tituir suas próprias organizações ou afiliar-se às
organizações de trabalhadores que julguem conve-
nientes e ao direito das organizações de trabalha-
dores domésticos de se afiliarem a organizações,
Recomendação sobre o Trabalho federações e confederações de trabalhadores;
Doméstico Decente para as
(b) contemplar a possiblidade de adotar ou apoiar
Trabalhadoras e os Trabalhadores
medidas para fortalecer a capacidade das orga-
Domésticos (nº 201)5
nizações de trabalhadores e empregadores, as
A Conferência Geral da Organização Internacional organizações que representem os trabalhadores
do Trabalho, domésticos e as organizações que representem os
Convocada em Genebra pelo Conselho de Adminis- empregadores dos trabalhadores domésticos, com
tração da Organização Internacional do Trabalho, a finalidade de promover, de forma efetiva, os in-
reunida nesta cidade em 1º de Junho de 2011 em teresses de seus membros, com a condição de que
sua 100ª sessão; se proteja, em todo o momento, o direito à inde-
pendência e autonomia de tais organizações, em
Depois de ter adotado a Convenção sobre as Tra-
conformidade com a legislação.
balhadoras e os Trabalhadores Domésticos, 2011;
3. Ao adotar medidas para a eliminação da discrimi-
Depois de ter decidido adotar diversas proposições
nação em matéria de emprego e ocupação, os Mem-
relativas ao trabalho decente para os trabalhado-
bros, em conformidade com as normas internacio-
res domésticos, questão que constitui o quarto
nais do trabalho, deveriam, entre outras coisas:
ponto da ordem do dia; e
(a) assegurar que os sistemas de exames médi-
Depois de ter decidido que tais proposições devem
cos relacionados ao trabalho respeitem o prin-
tomar a forma de uma recomendação que comple-
cípio da confidencialidade de dados pessoais
mente a Convenção sobre as Trabalhadoras e os
e a privacidade dos trabalhadores domésticos
Trabalhadores Domésticos, 2011;
e estejam em consonância com o repertório
de recomendações práticas da OIT, intitulado
Tradução feita pelo Escritório da OIT no Brasil
5
14

(não oficial). “Proteção de dados pessoais dos trabalhado-


res” (1997) e com outras normas internacionais dades dos trabalhadores domésticos menores de
pertinentes sobre proteção de dados pessoais; 18 anos e com idade superior à idade mínima de
emprego definida pela legislação nacional e adotar
(b) prevenir qualquer discriminação em relação
medidas para protegê-los, inclusive:
a tais exames; e
(a) limitando estritamente suas horas de traba-
(c) garantir que não se exija que os trabalhado-
lho para assegurar que disponham de tempo
res domésticos se submetam a exames de diag-
adequado para descanso, educação ou forma-
nóstico de HIV ou gravidez, ou que revelem seu
ção profissional, atividades de lazer e de conta-
estado quanto ao HIV ou gravidez.
to com familiares;
4. Os Membros, ao avaliar a questão dos exames
(b) proibindo o trabalho noturno;
médicos dos trabalhadores domésticos, deveriam
considerar: (c) restringindo o trabalho excessivamente de-
mandante, tanto física como psicologicamente;
(a) colocar à disposição dos membros dos do-
(d) estabelecendo ou fortalecendo mecanismos
micílios e dos trabalhadores domésticos a in-
de vigilância de suas condições de trabalho e
formação sobre saúde pública disponível com
vida.
respeito aos principais problemas de saúde e
enfermidades que podem suscitar a necessida- 6. (1) Os Membros deveriam prestar assistência
de de se submeter a exames médicos em cada apropriada, quando necessário, para assegurar que
contexto nacional; os trabalhadores domésticos compreendam suas
condições de emprego.
(b) colocar à disposição dos membros dos do-
micílios e dos trabalhadores domésticos a infor- (2) Além dos elementos enumerados no Artigo 7
mação sobre exames médicos voluntários, os da Convenção, as condições de emprego deveriam
tratamentos médicos e as boas práticas de saú- incluir os seguintes dados:
de e higiene, em consonância com as iniciativas
(a) uma descrição do posto de trabalho;
de saúde pública destinadas à comunidade em
geral; (b) licença por enfermidade e, quando proceda,
todo outro tipo de licença pessoal;
(c) difundir informação sobre as melhores práti-
cas em mátéria de exames médicos relativos ao (c) a taxa de remuneração ou compensação
trabalho, com as adaptações pertinentes para das horas extras e das horas de disponibilidade
ter em conta o caráter específico do trabalho imediata para o trabalho, em consonância com
doméstico. o parágrafo 3 do artigo 10 da Convenção;

5. (1) Os Membros deveriam, levando em consi- (d) todo outro pagamento ao qual o trabalha-
deração as disposições da Convenção nº 182 e a dor doméstico tenha direito;
Recomendação nº 190 sobre as Piores Formas de (e) todo pagamento in natura e seu valor mo-
Trabalho Infantil, de 1999, identificar as modalida- netário;
des de trabalho doméstico que, por sua natureza
(f) detalhes sobre o tipo de alojamento provido; e
ou pelas circunstâncias nas quais são executados,
poderiam prejudicar a saúde, segurança ou moral (g) todo desconto autorizado da remuneração
de crianças e proibir e eliminar estas formas de tra- do trabalhador.
balho infantil.
(3) Os Membros deverão considerar o estabeleci-
(2) Ao regulamentar as condições de trabalho e de mento de um contrato de trabalho padrão para o
vida dos trabalhadores domésticos, os Membros trabalho doméstico, em consulta com as organiza-
15

deveriam dispensar especial atenção às necessi- ções mais representativas de empregadores e dos
trabalhadores, assim como com as organizações re- bros do domicílio para atender a possíveis deman-
presentativas dos trabalhadores domésticos e com das por seus serviços (períodos de disponiblidade
as organizações representativas de empregadores imediata para o trabalho), os Membros, na medida
dos trabalhadores domésticos, quando tais organi- em que a legislação nacional ou acordos coletivos
zações existam. determinem, deverão regulamentar:

(4) O contrato padrão deverá estar permanente- (a) o número máximo de horas por semana,
mente à disposição, de forma gratuita, para os tra- mês ou ano que pode ser solicitado ao traba-
balhadores domésticos, empregadores domésticos, lhador doméstico que permaneça em disponi-
organizações representativas e público em geral. blidade imediata para o trabalho e a forma com
que se pode medir estas horas;
7. Os Membros deverão considerar o estabeleci-
mento de mecanismos para proteger os trabalha- (b) o período de descanso compensatório ao
dores domésticos do abuso, assédio e violência, qual o trabalhador doméstico tem direito, caso
por exemplo: o período normal de descanso seja interrompi-
do pela obrigação de permanecer em disponi-
(a) criando mecanismos de queixa acessíveis
blidade imediata para o trabalho; e
com a finalidade de que os trabalhadores do-
(c) a taxa segundo qual o período de disponi-
mésticos possam informar os casos de abuso,
blidade imediata para o trabalho deve ser re-
assédio ou violência;
munerado.
(b) assegurando que todas as queixas de abuso,
(2) Para os trabalhadores domésticos cujas tarefas
assédio ou violência sejam investigadas e sejam
habituais sejam realizadas à noite, levando em con-
objeto de ações judiciais, segundo proceda; e
sideração as dificuldades do trabalho noturno, os
(c) estabelecendo programas de reinserção e Membros deverão considerar a adoção de medidas
readaptação dos trabalhadores domésticos ví- comparáveis às que se referem o subparágrafo 9.1.
timas de abuso, assédio e violência, inclusive
10. Os Membros deveriam tomar medidas para
proporcionando a eles alojamento temporário
garantir que trabalhadores domésticos tenham di-
e atenção à saúde.
reito a períodos adequados de descanso durante a
8. (1) As horas de trabalho, inclusive as horas ex- jornada de trabalho que permitam a realização de
tras e os períodos de disponibilidade imediata para refeições e pausas.
o trabalho deveriam ser registradas com exatidão,
11. (1) O dia de descanso semanal deve ser de ao
em conformidade com o parágrafo 3 do artigo 10
menos 24 horas consecutivas.
da Convenção, e o trabalhador doméstico deverá
ter fácil acesso a esta informação; (2) O dia fixo de descanso semanal deverá ser de-
terminado em comum acordo entre as partes, em
(2) Os Membros deveriam considerar a possibili-
conformidade com a legislação nacional ou acor-
dade de elaborar orientações práticas a este res-
dos coletivos, atendendo às demandas do trabalho
peito, em consulta com as organizações mais re-
e às necessidades culturais, religiosas e sociais do
presentativas de empregadores e trabalhadores,
trabalhador doméstico.
assim como com as organizações representativas
dos trabalhadores domésticos e com organizações (3) Quando a legislação nacional ou acordos coleti-
representativas de empregadores de trabalhadores vos prevejam que o descanso semanal poderá ser
domésticos, quando elas existam. acumulado em um período de mais de sete dias
para os trabalhadores em geral, tal período não de-
9. (1) Com respeito aos períodos nos quais os tra-
verá exceder 14 dias para o trabalhador doméstico.
balhadores domésticos não dispõem livremente de
16

seu tempo e permanecem à disposição dos mem- 12. A legislação nacional e os acordos coletivos
deveriam definir as razões pelas quais se poderia 15. (1) os trabalhadores domésticos deveriam re-
exigir dos trabalhadores domésticos que prestem ceber, no momento de cada pagamento, uma rela-
serviço em seu período de descanso diário ou se- ção escrita de fácil compreensão, na qual figurem
manal, e se deveria prever um período de descanso a remuneração total que será paga e a quantidade
compensatório apropriado, independente de com- específica e a finalidade de qualquer dedução que
pensação financeira. tenha sido feita.

13. O tempo dispendido pelo trabalhador domés- (2) Mediante o término da relação de trabalho,
tico no acompanhamento de membros do domicí- qualquer valor pendente deveria ser pago imedia-
lio durante as férias não deveria ser contado como tamente.
parte de suas férias anuais remuneradas.
16. Os Membros deveriam adotar medidas para as-
14. Quando se estabeleça que o pagamento de segurar que os trabalhadores domésticos usufruam
uma determinada proporção da remuneração será de condições não menos favoráveis àquelas aplica-
feita em parcelas in natura, os Membros deveriam das aos demais trabalhadores em geral no que diz
contemplar a possibilidade de: respeito à proteção dos créditos salariais no caso
de insolvência ou falecimento do empregador.
(a) estabelecer um limite máximo para a pro-
porção da remuneração que poderá ser paga in 17. Quando a acomodação e alimentação são forne-
natura, de forma a não diminuir indevidamente cidas, deveria se prever, levando-se em considera-
a remuneração necessária para a manutenção ção as condições nacionais, as seguintes condições:
dos trabalhadores domésticos e suas famílias; (a) um quarto separado e privado que seja ade-
(b) calcular o valor monetário dos pagamentos quadamente mobiliado e ventilado, equipado
in natura, tomando por referência critérios ob- com uma maçaneta com chave, que deve ser
jetivos, como o valor de mercado de tais presta- entregue ao trabalhador doméstico;
ções, seu preço de custo ou o preço fixado por (b) acesso a instalações sanitárias em boas con-
autoridades públicas, segundo proceda; dições, compartilhada ou privadas;

(c) limitar os pagamentos in natura ao que é (c) iluminação suficiente e, na medida em que
claramente apropriado para o uso e benefício seja necessário, calefação ou ar condicionado,
pessoal do trabalhador doméstico, como ali- em função das condições prevalecentes do do-
mentação e acomodação; micílio; e
(d) refeições de boa qualidade e em quantida-
(d) assegurar, quando se exige a um trabalha-
de suficiente, adaptadas, quando proceda e de
dor doméstico que resida no domicílio do em-
maneira razoável, às necessidades culturais e
pregador, que não se aplique nenhum desconto
religiosas particulares dos trabalhadores do-
na remuneração com respeito ao alojamento,
mésticos a que se referem.
a menos que o trabalhador doméstico aceite o
desconto; e 18. No caso do término da relação de trabalho por
iniciativa do empregador, por outros motivos que
(e) assegurar que os artigos diretamente rela-
não faltas graves, aos trabalhadores domésticos
cionados ao desempenho das tarefas dos tra-
que moram no domicílio no qual trabalham, deve-
balhadores domésticos, como uniformes, fer-
ria ser concedido um período razoável de aviso pré-
ramentas e material de proteção, assim como
vio e tempo livre suficiente durante este período
sua limpeza e manutenção, não sejam conside-
para buscar um novo emprego e alojamento.
rados como pagamentos in natura, e que seu
custo não seja descontado da remuneração dos 19. Os Membros, em consulta com as organiza-
17

trabalhadores domésticos. ções mais representativas de empregadores e de


trabalhadores, assim como com organizações re- migrantes, cobertos por tais acordos, gozem da
presentativas dos trabalhadores domésticos e com igualdade de tratamento com respeito à seguri-
organizações representativas dos empregadores dade social, assim como do acesso aos direitos de
dos trabalhadores domésticos, quando tais orga- seguridade social e à manutenção da transferência
nizações existam, deveriam adotar medidas com a de tais direitos.
finalidade de, por exemplo:
(3) O valor monetário dos pagamentos in natura
(a) proteger os trabalhadores domésticos, eli- deveria ser devidamente considerado para fins de
minando ou reduzindo ao mínimo, na medida previdência social, inclusive com respeito à contri-
do que é razoavelmente factível, os perigos e buição dos empregadores e dos direitos e benefí-
riscos relacionados com o trabalho, com vistas cios dos trabalhadores domésticos.
a prevenir acidentes, enfermidades e mortes e
21. (1) Os Membros deveriam considerar a adoção
promover a segurança e saúde no trabalho nos
de medidas adicionais para assegurar a proteção
domcílios que constituam locais de trabalho;
efetiva dos trabalhadores domésticos e, em par-
(b) estabelecer um sistema de inspeção sufi- ticular, dos trabalhadores domésticos migrantes,
ciente e apropriado, em conformidade com o como por exemplo:
disposto no artigo 17 da Convenção, e sanções
(a) estabeler uma linha telefônica nacional de
adequadas em caso de infração da legislação do
assistência, com serviços de tradução para os
trabalho em matéria de segurança e saúde no
trabalhadores domésticos que precisem de
trabalho;
apoio;
(c) instaurar procedimentos para a coleta e pu-
(b) em consonância com o artigo 17 da Con-
blicação de estatísticas sobre enfermidades e
venção, prover um sistema de visitas, antes da
acidentes profissionais relativos ao trabalho do-
colocação, a domicílios que empregarão traba-
méstico, assim como outras estatísticas que se
lhadores domésticos migrantes;
considerem úteis para a prevenção dos riscos
(c) criar uma rede de alojamento de emergência;
e acidentes no contexto da segurança e saúde
no trabalho; (d) sensibilizar empregadores quanto as suas
obrigações, proporcionado a eles informação
(d) prestar assistência em matéria de segurança
sobre as boas práticas relativas ao emprego dos
e saúde no trabalho, inclusive sobre aspectos
trabalhadores domésticos, sobre as obrigações
ergonômicos e equipamentos de proteção; e
legais em matéria de emprego e migração em
(e) desenvolver programas de formação e di- relação aos trabalhadores domésticos migran-
fundir orientações sobre os requisitos em ma- tes, sobre suas medidas de execução e as san-
téria de segurança e saúde no trabalho que se- ções em caso de infração, e sobre os serviços
jam específicas para o trabalho doméstico. de assistência à disposição dos trabalhadores
20. (1) Os Membros deveriam considerar, em con- domésticos e seus empregadores;
formidade com a legislação nacional, meios para (e) assegurar que trabalhadores domésticos
facilitar o pagamento das contribuições à previdên- possam recorrer a mecanismos de queixa e
cia social, inclusive com respeito aos trabalhadores tenham a capacidade para apresentar recur-
domésticos que prestam serviços para múltiplos sos legais, tanto civil quanto penal, durante o
empregadores, por exemplo mediante um sistema emprego e depois de terminada a relação de
de pagamento simplificado. trabalho, independentemente de ter deixado o
(2) Os Membros deveriam considerar a celebração país de emprego; e
de acordos bilaterais, regionais ou multilaterais (f) estabelecer um serviço público de comuni-
18

para assegurar que os trabalhadores domésticos cação que informe aos trabalhadores domésti-
cos, em idiomas que eles compreendam, seus cumprimento das disposições aplicáveis ao traba-
direitos, legislação relevante, mecanismos de lho doméstico deveriam ser autorizados a ter aces-
queixa disponíveis e recursos disponíveis, a le- so aos locais em que se realiza o trabalho.
gislação em matéria de emprego e a legislação
25. (1) Os Membros, em consulta com as organiza-
sobre migração, assim como acerca da prote-
ções mais representativas de empregadores e de
ção jurídica contra delitos como atos de violên-
trabalhadores, assim como com organizações re-
cia, tráfico de pessoas e privação de liberdade,
presentativas dos trabalhadores domésticos e com
e lhes proporcione outros dados que possam
organizações representativas dos empregadores
necessitar.
dos trabalhadores domésticos, quando tais orga-
(2) Os Membros que são países de origem de tra- nizações existam, deveriam estabelecer políticas e
balhadores domésticos migrantes deveriam con- programas, com o objetivo de:
tribuir para a proteção efetiva dos direitos desses (a) fomentar o desenvolvimento contínuo de
trabalhadores, informando-lhes seus direitos antes competências e qualificações dos trabalhadores
de sua partida de seu país, estabelecendo fundos domésticos, inclusive, se for o caso, a alfabeti-
de assistência legal, serviços consulares especiali- zação de forma a melhorar suas possibilidades
zados e adotando qualquer outra medida que seja de desenvolvimento profissional e de emprego;
apropriada.
(b) atender às necessidades dos trabalhadores
22. Os Membros, em consulta com as organizações domésticos quanto ao alcance do equilíbrio en-
mais representativas de empregadores e de traba- tre trabalho e vida familiar; e
lhadores, assim como com organizações represen- (c) assegurar que as preocupações e os direitos
tativas dos trabalhadores domésticos e com orga- dos trabalhadores domésticos sejam levados
nizações representativas dos empregadores dos em consideração no contexto de esforços mais
trabalhadores domésticos, quando tais organiza- gerais de conciliação entre responsabilidades
ções existam, deveriam considerar a possibilidade do trabalho e familiares.
de especificar, por meio de legislação nacional ou
(2) Os Membros, em consulta com as organiza-
outras medidas, as condições sob as quais os tra-
ções mais representativas de empregadores e de
balhadores domésticos migrantes teriam direito à
trabalhadores, assim como com organizações re-
repatriação sem custos para eles, após o término
presentativas dos trabalhadores domésticos e com
do contato de trabalho em virtude do qual foram
organizações representativas dos empregadores
empregados.
dos trabalhadores domésticos, quando tais orga-
23. Os Membros deveriam promover boas práticas nizações existam, deveriam elaborar indicadores
das agências privadas de emprego com relação aos e sistemas de medição apropriados de maneira a
trabalhadores domésticos, inclusive trabalhadores fortalecer a capacidade dos órgãos nacionais de
domésticos migrantes, tendo em conta os princí- estatística com o objetivo de coletar, de maneira
pios e enfoques contemplados na Convenção sobre efetiva, dados necessários para facilitar a formula-
Agências Privadas de Emprego, 1997 (nº 181) e na ção eficaz de políticas em matéria de trabalho do-
Recomendação sobre Agências Privadas de Empre- méstico.
go, 1997 (nº 188).
26. (1) Os Membros deveriam considerar a coo-
24. Na medida em que seja compatível com a le- peração entre si para assegurar que a Convenção
gislação e a prática nacionais relativas ao respeito sobre as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domés-
à privacidade, os Membros poderão considerar as ticos, 2011, e a presente Recomendação sejam
condições sob as quais os inspetores do trabalho aplicadas de forma efetiva aos trabalhadores do-
19

ou outros funcionários encarregados de velar pelo mésticos migrantes.


(2) Os Membros deveriam cooperar nos níveis bi- que inclua apoio ao desenvolvimento econômico e
lateral, regional e global com o propósito de me- social e desenvolvimento de programas de erradi-
lhorar a proteção de trabalhadores domésticos, cação da pobreza e de ensino universal.
especialmente no que diz respeito à prevenção do
(4) No contexto da imunidade diplomática, os
trabalho forçado e tráfico de pessoas, ao acesso à
Membros deveriam considerar:
seguridade social, ao monitoramento de agências
privadas de emprego que contratam pessoas para a) a adoção de políticas e códigos de conduta
desempenharem trabalho doméstico em outro para o pessoal diplomático destinados a pre-
país, à dissseminação de boas práticas e à compila- venir a violação dos direitos dos trabalhadores
ção de estatísticas sobre trabalho doméstico. domésticos; e

(3) Os Membros deveriam tomar as medidas apro- b) a cooperação entre si em nível bilateral, re-
priadas para assistir uns aos outros e dar efeito às gional e multilateral com a finalidade de enfren-
disposições da Convenção por meio da cooperação tar as práticas abusivas contra os trabalhadores
ou assistência internacionais reforçadas, ou ambas, domésticos e previni-las.

20

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