LIBRAS
LIBRAS
Marlene Cardoso
COLEÇÃO FORMANDO EDUCADORES
EDITORA NUPRE
2010
REDE DE ENSINO FTC
William Oliveira
PRESIDENTE
Reinaldo Borba
VICE‐PRESIDENTE DE INOVAÇÃO E EXPANSÃO
Fernando Castro
VICE‐PRESIDENTE EXECUTIVO
João Jacomel
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
Cristiane de Magalhães Porto
EDITORA CHEFE
Francisco França Souza Júnior
CAPA
Mariucha Silveira Ponte
PROJETO GRÁFICO
Marlene Cardoso
AUTORIA
Paula Rios
DIAGRAMAÇÃO
Paula Rios
ILUSTRAÇÕES
Corbis/Image100/Imagemsource/Stock.Xchng
IMAGENS
Hugo Mansur
Márcio Melo
Paula Rios
REVISÃO
COPYRIGHT © REDE FTC
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização
prévia, por escrito, da REDE FTC ‐ Faculdade de Tecnologia e Ciências.
www.ftc.br
SUMÁRIO
1 SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAIS ................................................................................ 9
1.1 TEMA 1. SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS .......................................................................11
1.1.1 CONTEÚDO 1. VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE11
1.1.2 CONTEÚDO 2. O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO ............................................13
1.1.3 CONTEÚDO 3. PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ...............17
1.1.4 CONTEÚDO 4. LIBRAS E IDENTIDADE SOCIAL: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS
LEGAIS .............................................................................................................................21
MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................27
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................28
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................29
1.2 TEMA 2. SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE .........................................................31
1.2.1 CONTEÚDO 1. SURDEZ X DEFICIÊNCIA ...........................................................................31
1.2.2 CONTEÚDO 2. SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS ................40
1.2.3 CONTEÚDO 3. ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA LIBRAS .....................................................57
1.2.4 CONTEÚDO 4. ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS ..................................................................59
MAPA CONCEITUAL ...........................................................................................................................69
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................70
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...................................................................................................................71
2 SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA PEDAGÓGICA .................................................................... 75
2.1 TEMA 3. ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS ........................................................77
2.1.1 CONTEÚDO 1. LINGUAGEM X LÍNGUA ...........................................................................77
2.1.2 CONTEÚDO 2. LIBRAS: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS ..........................81
2.1.3 CONTEÚDO 3. SURDEZ, FAMÍLIA E COMUNICAÇÃO: APRENDENDO A LIBRAS ........... 105
2.1.4 CONTEÚDO 4. A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO
SURDO .......................................................................................................................... 106
MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 123
ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 124
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 125
2.2 TEMA 4. CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL E NO MUNDO ........ 127
2.2.1 CONTEÚDO 1. EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS ................. 127
2.2.2 CONTEÚDO 2. REFLEXÕES SOBRE A PRÁXIS PEDAGÓGICA E A MEDIAÇÃO NA
LINGUAGEM ESCRITA .................................................................................................. 137
2.2.3 CONTEÚDO 3. DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA ................................. 141
2.2.4 CONTEÚDO 4. DERRUBANDO MITOS E CRENÇAS NO TRABALHO COM O SURDO ...... 145
MAPA CONCEITUAL ........................................................................................................................ 149
ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 150
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ................................................................................................................ 151
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................. 155
REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 157
APRESENTAÇÃO
Neste texto pretendemos refletir sobre a língua Libras, apresentando também a concep-
ção contemporânea de surdez, bem como implicações pedagógicas do processo educacional
com crianças e jovens surdos.
Além disso, desejamos favorecer uma reflexão crítica sobre as propostas educacionais
ora vigentes no sistema educacional brasileiro, para que, em sua futura prática profissional,
você priorize um fazer pedagógico em prol da inclusão.
Neste sentido, este texto é voltado aos discentes em formação em licenciatura, embora
não sejam aqui esgotados todos os aspectos relativos ao trabalho com pessoas surdas, haja
vista sua abordagem introdutória acerca da temática da surdez, suas origens e implicações
biológicas, educacionais e sociais para o indivíduo surdo, bem como para a comunidade esco-
lar que o acolhe.
O presente texto tem por foco questões relativas ao processo de surdez em contextos de
aprendizagem e as possibilidades de inclusão de surdos no Brasil, tratando, por isso, de aspec-
tos do sistema de ensino e suas vicissitudes.
Didaticamente, os conteúdos deste texto estão organizados em dois blocos temáticos e
quatro grandes temas, apresentados em conteúdos específicos, a saber.
O BLOCO TEMÁTICO I – COMUNIDADE SURDA apresenta no Tema 1 os “Aspec-
tos socioantropológicos” e o Tema 2 versa sobre “Surdez e interação”.
O BLOCO TEMÁTICO II apresenta a temática sobre “A SURDEZ E SUAS
IMPLICAÇÕES”, em dois grandes temas: o Tema 1 aborda os “Aspectos Biológicos’ e no
Tema 2 são apresentados os “Aspectos Pedagógicos”.
Neste sentido, este texto se propõe a apresentar de forma clara e sucinta os conceitos
fundamentais da língua Libras, de modo a favorecer uma maior compreensão por parte de
profissionais da área educacional quanto às possibilidades e limites para um trabalho pedagó-
gico inclusivo com pessoas surdas.
Diante disso, consideramos ser esta uma ferramenta importante para o trabalho em e-
ducação, sendo um convite a que você aprenda e passe a falar também com as mãos, difun-
dindo, assim, a cidadania na comunidade surda ao respeitar e valorizar sua cultura.
Bem-vindo ao mundo do silêncio.
Marlene Cardoso
8
MARLENE CARDOSO
1
BLOCO
TEMÁTICO
SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E
SOCIAIS
SURDEZ: ASPECTOS BIOLÓGICOS E
SOCIAIS
1.1
TEMA 1.
SURDEZ E PROCESSOS PSICOSSOCIAIS
1.1.1
CONTEÚDO 1.
VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA DO SURDO NA CONTEMPORANEIDADE
[...] A história comum dos Surdos é uma história que enfatiza a caridade, o
sacrifício e a dedicação necessários para vencer ‘grandes adversidades’ [...].
(SÁ, apud PERLIN; STROBEL, 2006, p. 5).
“[...] quase metade dos professores eram surdos. Não existiam audiologistas,
terapeutas de reabilitação, ou psicólogos educacionais e, para a maioria, nenhum destes
eram aparentemente necessário. [...] pelo contrário a criança e os adultos surdos eram
descritos em termos culturais: que a escola frequentaram, quem eram os seus parentes e
amigos surdos (caso os houvesse), quem era a sua esposa surda, onde trabalhavam, quais
as equipes desportivas de surdos e organizações de surdos a que pertenciam, qual o serviço
que prestavam à comunidade dos surdos? [...]”
Fonte: LANE apud PERLIN; STROBEL, 2006, p.15.
11
LIBRAS
Pode parecer uma questão menor nos preocuparmos com a terminologia, mas o modo
como nos referimos a uma pessoa reflete nosso conceito sobre ela, bem como explicita nossos
preconceitos, ignorância e arrogância, que se tornam transparentes nos títulos, rótulos e defi-
nições que atribuímos aos outros. É preciso, então, conhecer o vocabulário de um campo para
incorrer em erros elementares, bem como para não dar continuidade ao preconceito implícito
muitas vezes no discurso leigo ou popular.
Surdo-mudo, deficiente auditivo (DA), pessoa portadora de necessidades especiais, de-
ficiente da áudio-comunicação, por que existem tantos termos? Poderíamos pensar: ao usar-
mos tantas palavras distintas para designarmos uma pessoa que pertence um grupo específico
estamos nos posicionando de forma demasiadamente cuidadosa?
Talvez seja este o momento de refletir se todo este aparato terminológico está camuflan-
do nosso desconforto por nos mantermos preconceituosos, e que por isso caímos em um exa-
gerado modismo, muito em voga e reconhecido como uma onda do “politicamente correto”.
Na ânsia de não ofendermos a pessoa surda, ou pertencente a qualquer outra minoria,
acabamos criando um número de designações, que sempre são substituídas por outras, pois
nenhuma preenche satisfatoriamente a definição mais atual sobre o indivíduo surdo.
Contudo, a maioria das pessoas que não tem contato com a área da surdez, pensa que o
termo surdo(a) é uma palavra ofensiva, mas não é. Os próprios surdos esclarecidos querem
ser chamados assim, pois não se refere simplesmente aquelas pessoas com perda de audição,
mas sim a todo um contexto de serem um grupo minoritário com necessidade de comunica-
ção essencialmente e, por extensão, de língua de sinais.
Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os
vêem capazes como sujeitos culturais, uma formação de identidade que só ocorre entre os
espaços culturais surdos.
12
MARLENE CARDOSO
Quanto mais você ler sobre o assunto melhor.
Aproveite e acesse o próximo link: http://www.mj.gov.br/
1.1.2
CONTEÚDO 2.
O LUGAR HISTÓRICO E SOCIAL DO SURDO
Ao longo da história, e das diversas culturas, os surdos eram pessoas consideradas im-
prestáveis e amaldiçoadas, exterminados através de infanticídio "legalizado", bem como eram
ao mesmo tempo vistas como pobres coitados que deveriam ser sempre tutelados, e que não
poderiam jamais ter vida própria por serem incapazes.
A partir do século XVI surgem os primeiros pedagogos para surdos, e a sua educação e
inclusão na sociedade começa a ser repensada de forma séria.
Foi a partir do século XVI, que passou a ser cogitada a possibilidade de educar pessoas
surdas, porém isto somente foi efetivamente realizado no início com indivíduos surdos de
famílias abastadas e herdeiros de fortunas, por sua educação ser uma condição para que pu-
dessem receber herança.
Com o início do Renascimento e a renovação das ideias a partir da Idade Média e do
isolamento imposto pelo regime feudal, houve formação de Comunidades Surdas e o desen-
volvimento da língua de sinais, já utilização pelos surdos desde a Antiguidade.
Em 1974, na Holanda, aparece no discurso do médico suíço Amman com o postulado
sobre a primazia da oralidade do surdo na atenção pedagógica à surdez. Como ele, vários ou-
tros seguiram a mesma tendência, afirmando ser a oralidade a única via de acesso à razão e ao
pensamento humano.
Assim, no início do século XX, a maior parte das escolas de surdos, em todo o mundo,
abandona o uso da língua de sinais. Reflexo do Congresso de Milão de 1880, quando, a despei-
to do que pensavam os surdos (maiores interessados, e que sequer foram consultados), consi-
derou-se que a melhor forma de educação do surdo, seria aquela que utilizasse unicamente o
oralismo.
Desta forma, é traçado o desenho do oralismo, abordagem cujo discurso propõe a supe-
ração da surdez e a aceitação social do surdo por meio da oralização, o que significou o bani-
mento da língua de sinais dos modelos educacionais. O ensino da fala passou a ocupar centra-
lidade máxima, e converteu-se em meio e fim da educação do surdo. A orientação era no
sentido de que:
13
LIBRAS
[...] a vida da criança surda deva ser organizada de tal modo que a fala seja
necessária e interessante para ela, e a língua de sinais sem importância e des-
necessária [...] (VYGOTSKY, 1993, p. 37).
Considerava-se que o surdo, para viver em sociedade, deveria conseguir "ouvir" (com o
uso de aparelho e apoiando-se em técnicas de leitura labial) e "falar" (através de exaustivos
exercícios e, em último caso, da comunicação escrita) com o ouvinte, devendo superar a defi-
ciência, o defeito de nascença, para poder ter o direito de conseguir viver e ser aceito pelo seu
grupo social.
Interessante!
14
MARLENE CARDOSO
Dois grandes homens contribuíram com sua genialidade e arte para a história da huma-
nidade, sem que as limitações impostas pela deficiência tomassem o lugar de protagonistas nas
vidas de cada um deles.
Lembramos por isso neste texto o valor de ambos.
LUDWIG VAN BEETHOVEN
FONTE: HTTP://WWW.CM‐LOUSA.PT/IMAGES/AGENDA/154_BILDNIS_LUDWIG_VAN_BEETHOVEN.JPG
ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA
FONTE: HTTP://WWW.GRUPOESCOLAR.COM/A/B/891FA.JPG
15
LIBRAS
TETO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.INFOESCOLA.COM
Pesquise sobre a obra destes dois mestres da arte e busque outros exemplos de pessoas
que superaram a deficiência apesar das barreiras da preconceituosa sociedade ocidental.
O modelo antropológico, por sua vez, rompe com essa forma de pensar e concebe os
surdos como adultos multilinguais e multiculturais, concepção de fundamento e de práxis.
Nesse modelo se insere a educação bilíngue para surdos, que significa, como propõe Skliar
(1998), apoiado nas proposições da UNESCO (1954): “o direito que têm as crianças que utili-
zam uma língua diferente da língua oficial de serem educadas na sua língua” (SKLIAR, 1998,
p. 17).
16
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_A8FPA0P6NTE/TCLA6NILWCI/AAAAAAAAIX0/QZO7I4PJUGS/S1600/ALFABETO+E+LIBRAS.JPG
1.1.3
CONTEÚDO 3.
PROCESSOS PSICOSSOCIAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
17
LIBRAS
de leitura semelhantes aos do ouvinte, uma identidade equilibrada, e não apresentam os pro-
blemas sociais e afetivos próprios dos filhos surdos de pais ouvintes.
Os surdos formam uma comunidade linguística minoritária caracterizada por comparti-
lhar uma língua de sinais e valores culturais, hábitos e modos de socialização próprios. A lín-
gua de sinais constitui o elemento identitário dos surdos, e o fato de construir-se em comuni-
dade significa que compartilham e conhecem os usos e normas de uso da mesma língua, já
que interagem cotidianamente em um processo comunicativo eficaz – e cognitiva por meio do
uso da língua de sinais própria de cada comunidade de surdos.
FONTE: HTTP://ZURETACONCURSOS.FILES.WORDPRESS.COM/2008/07/1BONECOS_UNIAO.JPG
A comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao déficit, já que não le-
va em consideração o grau de perda auditiva de seus membros. A participação na comunidade
surda se define pelo uso comum da língua de sinais, pelos sentimentos de identidade grupal, o
autorreconhecimento e identificação como surdo, o reconhecer-se como diferente, os casa-
mentos endogâmicos, fatores estes que levam a redefinir a surdez como uma diferença e não
como uma deficiência. Pode-se dizer, portanto, que existe um projeto surdo da surdez.
Observe como é importante o respeito a língua materna dos surdos. Pense nisto...
A língua de sinais anula a deficiência e permite que os surdos consigam, então, uma
comunidade linguística minoritária diferente e não um adesivo na normalidade.
Identidade surda
A identidade do surdo é um tema que vem sendo debatido de forma nova, em termos,
principalmente, de sua inserção no campo dos estudos culturais, ao qual melhor se adapta sob
a perspectiva da representação da diferença.
18
MARLENE CARDOSO
FONTE:
HTTP://SBYSIQ.BLU.LIVEFILESTORE.COM/Y1P2GRWLUOIQHQPTZELF3MPRVHQM12OZVXZKVNF73KMDXGYQKZNET1WFB6WPQLZ5OJD3S
S9QO_5ONB‐BSDBBXNLQA/FESTA%20DA%20PRIMAVERA%20(203).JPG
No caso dos surdos, vale dizer que a identidade é construída numa forma de representa-
ção naturalmente edificada na comunidade ou nas comunidades surdas essa representação
possui uma narrativa “imaginada”, cujos processos cimentam a unidade de uma comunidade.
Olhando a parceria ou os vínculos entre identidade e currículo, é possível refletir sobre
as relações entre currículo e subjetividade. Em outras palavras devemos refletir que se a base
da cultura surda não estiver presente no currículo, dificilmente o sujeito surdo irá percorrer a
trajetória de sua nova ordem, que será oferecida na pista das representações inerentes às ma-
nifestações culturais.
FONTE: HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_VIJGHWJX6YW/TCAC5OIK7NI/AAAAAAAAEVU/WAPLNP0WBZ4/S320/BASQUETECADEIRA1.JPG
19
LIBRAS
Por quê?
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32621998000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
20
MARLENE CARDOSO
1.1.4
CONTEÚDO 4.
LIBRAS E IDENTIDADE SOCIAL:
ASPECTOS PEDAGÓGICOS E ASPECTOS LEGAIS
FONTE: HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/_WLCERUQV4BK/SSMDOQ_CX6I/AAAAAAAAAWG/LWZOJRBQMTA/S400/VARIAS‐MAOS.JPG
21
LIBRAS
Aspectos pedagógicos
22
MARLENE CARDOSO
A legislação do Brasil (Constituição Federal/88, LDB 9394/96 entre outras) prevê a inte-
gração do educando com necessidades especiais no sistema regular de ensino. Essa integração,
no entanto, deve ser um processo individual, fazendo-se necessário estabelecer, para cada ca-
so, o momento oportuno para que o estudante comece a frequentar a classe comum, com pos-
sibilidade de êxito e progresso.
A inclusão do aluno surdo em classe comum não acontece como num passe de mágica.
É uma conquista que tem que ser feita com muito estudo, trabalho e dedicação de todas as
pessoas envolvidas no processo: aluno surdo, família, professores, fonoaudiólogos, psicólogos,
assistentes sociais, alunos ouvintes, demais elementos da escola etc.
As crianças que apresentam perda auditiva (leve moderada) têm capacidade para ouvir
o professor, porém não têm consciência de haver perdido parte da mensagem. Quando o pro-
fessor menciona alguma atividade realizada anteriormente dirigindo-se a um aluno dizendo
seu nome, observamos que ele se mostra surpreso, pois se o professor não tivesse mencionado
o nome dele isto passaria despercebido, devido a falta de atenção auditiva.
23
LIBRAS
Inicialmente, essa criança pode ser considerada apática e pouco inteligente, mas, da per-
cepção de linguagem, o que a torna mais participativa na sala de aula.
Nas salas de aula as condições acústicas não costumam ser favoráveis, somam-se os ruí-
dos interno produzido pela conversação, pelo arrastar de mesas e cadeiras. As crianças que
fazem uso da prótese auditiva têm a ampliação da voz do professor e de todo os outros baru-
lhos. A percepção da fala não é suficiente clara somando-se os sons competitivos.
Investigue esse site ele trará mais informação para seu aprendizado:
http://www.feneis.com.br/page/index.asp
Aspectos legais
Importante que possamos refletir sobre o impacto de algumas normas do nosso orde-
namento jurídico que trouxeram efetividade de direitos aos surdos no Brasil.
A Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, foi muito significativa por reconhecer o caráter
de língua da Libras. Esta Lei dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, além de dar
outras providências.
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira
de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
24
MARLENE CARDOSO
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de co-
municação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura
gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriun-
dos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”.
O decreto Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005, regulamenta a Lei no 10.436,
de 24 de abril de 2002, e institui a obrigatoriedade da inclusão da Libras como disciplina
curricular:
Além disso, este decreto também dispõe sobre a formação do professor de Libras:
25
LIBRAS
26
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL
27
LIBRAS
ESTUDO DE CASO
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 1,
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus
colegas no fórum da disciplina.
Caso 1
Bete, uma criança surda, não consegue acompanhar a classe de ouvintes porque não en-
tendem o que está sendo dito por sua professora, a qual não sabe Libras.
Questões:
1. Considerando as normas previstas na Lei 10.436/2, quais direitos previstos em Lei pa-
ra esta aluna o sistema educacional está deixando de garantir?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição
e nos demais documentos citados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Revisão
Agora é o momento de você exercitar a sistematização dos seus conhecimentos neste
Tema 1. Se tiver dificuldade, volte a estudar o material e discutir com toda a comunidade
do seu curso no fórum da disciplina para esclarecer todos os conceitos e concepções
discutidos até este ponto.
Bom trabalho!
28
MARLENE CARDOSO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares
QUESTÃO 01
Considerando o que você estudou no tema 1 do nosso material impresso sobre os aspec-
tos socioantropológicos da surdez, identifique as alternativas falsas e as verdadeiras:
I. Para não ofendermos as pessoas surdas, ou pertencentes a qualquer outra mino-
ria, devemos ampliar a terminologia usada para nos referirmos a elas;
II. As pessoas que não têm contato com a área da surdez, pensam que a expressão
surdo(a) é uma palavra ofensiva, sem saber que a própria comunidade surda
prefere esta expressão;
III. O termo surdo define não apenas pessoas com perda auditiva, mas remete-nos à
noção de que há um grupo minoritário e essencialmente com necessidade de
comunicação específica, ou seja, de uma língua.
Está correta a alternativa:
a) F – F – V
b) V – F – V
c) V – V – F
d) F – V – V
QUESTÃO 02
Analise a frase abaixo e responda o que é pedido:
Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os vê-
em como sujeitos culturais capazes, uma formação de identidade que só ocorre entre os espa-
ços culturais surdos.
Diante desta afirmativa, é correto dizer:
a) A maioria dos surdos prefere se manter longe da identidade surda, pois tem uma
forte identificação com seus familiares oralistas;
b) A construção de uma identidade do surdo, como um indivíduo capaz, está dire-
tamente relacionada ao seu convívio com outros indivíduos desta comunidade;
c) A construção da identidade do indivíduo surdo ocorre a partir do momento em
que ele entra na rede regular de ensino, mas se concretiza antes da adolescência;
d) Alguns indivíduos surdos entram uma espécie de crise de identidade quando
começam a conviver com outros indivíduos surdos nas várias esferas sociais.
29
LIBRAS
QUESTÃO 03
Tendo por base os aspectos históricos que estudamos nesta disciplina, com relação ao
tratamento dispensado socialmente à pessoas surdas, é possível afirmar:
a) Em diversas culturas, os surdos eram considerados como pessoas imprestáveis e
amaldiçoadas, o que tornava aceitável o infanticídio "legalizado";
b) Ao longo da história, os surdos foram vistos como pessoas independentes e que
não se desenvolviam por terem uma postura preguiçosa;
c) Em determinadas culturas, os surdos eram vistos como pobres coitados depen-
dentes de tutela, ainda que se acreditasse que poderiam ter vida própria por se-
rem capazes de trabalhar;
d) Na maioria das culturas, o surdo convivia com seus familiares quando não apre-
sentava capacidade para o trabalho, ou quando se mostrava inseguro nos espaços
sociais.
QUESTÃO 04
Leia as questões abaixo e identifique a alternativa incorreta:
a) A partir do século XVI surgiram os primeiros profissionais pedagogos para sur-
dos, o que permitiu que as questões relativas à educação para surdos e sua inclu-
são na sociedade fossem tratadas de forma mais séria;
b) De acordo com alguns autores, a possibilidade de educar o surdo começou a ser
cogitada a partir do século XVI, ainda que de forma efetiva para aqueles surdos
de famílias abastadas;
c) A educação dos indivíduos surdos e herdeiros de fortunas, foi um fator que ala-
vancou os processos educativos deste grupo, haja vista que a educação era uma
condição para que pudesse receber herança;
d) O desenvolvimento da cultura surda se efetivou no século XIX, após o desenvol-
vimento da língua de sinais e com o estabelecimento legal das cotas para defici-
entes.
QUESTÃO 05
De acordo com seus estudos identifique a opção coerente com o que discutimos em nos-
sa disciplina:
a) Coincide com o Renascimento e a renovação das ideias a formação de Comuni-
dades Surdas e o desenvolvimento da língua de sinais, já utilizada pelos surdos
desde a Antiguidade;
30
MARLENE CARDOSO
b) Historicamente, cada grupo social de uma forma própria de lidar com as pessoas
surdas, o que contribuía para o desenvolvimento destes indivíduos;
c) Alguns surdos têm dificuldade para construir uma identidade, precisando convi-
ver com oralistas e surdos para se posicionar em um dos grupos;
d) Existem vários termos que designam pessoas surdas, mas nenhum preenche sa-
tisfatoriamente a definição contemporânea sobre o surdo.
1.2
TEMA 2.
SURDEZ E O LUGAR DO SURDO NA SOCIEDADE
1.2.1
CONTEÚDO 1.
SURDEZ X DEFICIÊNCIA
Nossa disciplina é sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, língua utilizada pela
comunidade surda e que permite a comunicação com as mãos através de gestos que expres-
sam tanto as letras do alfabeto, palavras e situações, quanto representam sentimentos e concei-
tos abstratos. No entanto, ressaltamos que a LIBRAS não deve ser entendida como uma
transcrição literal das palavras, haja vista sua estrutura, que a caracteriza como uma língua
específica, assim como o inglês, o português, o italiano são línguas que têm uma estrutura.
Neste sentido, a comunicação de uma pessoa surda com as demais através da LIBRAS não se
restringe a fazer uma mímica das letras de cada palavra.
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.UOUWWW.COM/2008/06/CURSO‐DE‐LIBRAS‐LINGUA‐BRASILEIRA‐DE‐SINAIS.HTML
31
LIBRAS
Porém, antes de começar a aprender a falar com as mãos, você precisa saber mais sobre
a surdez e o indivíduo surdo. Esse é o diferencial dessa disciplina. Os próximos conteúdos
contribuirão para você se sentir seguro na conversação com o surdo.
Fique atento!
A surdez atinge cada indivíduo de forma diferente e por fatores diversos. Deste modo,
é preciso reconhecer os mecanismos dessa deficiência e de que forma cada indivíduo reage
ao silêncio.
Conceito de surdez
Vamos conhecer e esclarecer os termos que serão usados durante todo o texto,
conceituando, segundo os autores, com respeitabilidade no campo da surdez.
Aspectos Biológicos
IMAGEM DO DNA
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.PIXMAC.COM.BR/PICTURE/DNA+RESUMO/000000167806
32
MARLENE CARDOSO
A surdez é uma deficência que fisicamente não é visível, e atinge uma pequena parte da
anatomia do indivíduo. Porém, traz para o indivíduo surdo consequências sociais,
educacionais e emocionais amplas e intangíveis.
Podemos definir a surdez, também, como a privação auditiva que constitui grave
distúrbio neurológico-sensorial, afetando a capacidade de comunicação vividas, as relações
sociais e a construção do pensamento infantil.
A audição é o sentido responsável por captar as informações sonoras, sejam verbais ou
não. O órgão que realiza esse processo é o ouvido que pode ser dividido em ouvido externo,
médio e interno, sendo este o caminho percorrido pelo som até chegar ao cérebro.
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IF.UFRJ.BR/TEACHING/FIS2/ONDAS2/OUVIDO/OUVIDO.HTML
O som se espalha pelo ar através de uma vibração, fenômeno que pode ser visualizado
na ilustração abaixo:
IMAGEM DE UMA ONDA SONORA
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/ROMULODELAZZARI/2533433797/)
Esta vibração é captada pela orelha externa (pavilhão auditivo e canal externo do ouvi-
do) e é conduzida até a orelha média, onde estão localizadas estruturas responsáveis pela am-
33
LIBRAS
plificação desta vibração. Depois de amplificada a vibração chega à orelha interna, gerando
uma pequena energia elétrica que é transmitida ao cérebro pelo nervo coclear, que é o nervo
da audição, onde será decodificada para gerar a compreensão dos sons. A surdez pode ocorrer
caso haja anomalias em qualquer uma das etapas deste processo de audição.
Muito bem!
Agora que já entendemos o processo de audição, e as várias formas e origens da
surdez, vamos entender o que é e como acontece o diagnóstico auditivo.
Continue empenhado em seu processo de conhecimento!
Audiometria
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.DIREF.ORG.BR/CONVENIOS/CLINICAS.HTM
34
MARLENE CARDOSO
EXAME AUDIOMÉTRICO
FONTE: HTTP://WWW.SEAMA.EDU.BR/ADMIN/UPLOAD/AUDIOMETRIA.JPG
35
LIBRAS
Tipos de Surdez
Sob o aspecto que interfere na aquisição da linguagem e da fala, o déficit auditivo pode
ser definido como perda média em decibéis, com a seguinte classificação: surdez neurossenso-
rial, surdez leve, surdez severa, surdez profunda.
36
MARLENE CARDOSO
Surdez Neurossensorial
CORTE VERTICOTRANSVERSAL DO OUVIDO DIREITO
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.SCIELO.BR/SCIELO.PHP?PID=S0080‐62342007000300020&SCRIPT=SCI_ARTTEXT
37
LIBRAS
Surdez Leve
O indivíduo que apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis é diagnosticado como
tendo uma surdez leve. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fo-
nemas da palavra. Além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida.
Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a cau-
sa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.
Surdez Severa
A pessoa que apresenta surdez severa escuta som forte como: latido do cão, avião, cami-
nhão, serra elétrica, mas não é capaz de ouvir a voz humana sem o aparelho auditivo.
FONTE: HTTP://TAILINEHIJAZ.WORDPRESS.COM/CATEGORY/MONITORIA‐HPIJ/
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IMPLANTECOCLEAR.ORG.BR/TEXTOS.ASP?ID=5
38
MARLENE CARDOSO
Surdez Profunda
As pessoas com surdez severa escutam apenas sons graves que transmitem vibrações
(helicóptero, avião, trovão), sendo a perda auditiva superior a noventa decibéis. A gravidade
dessa perda é tal que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar
a voz humana, impedindo-o de adquirir a linguagem oral.
FONTE: HTTP://WWW.LOUCOSPELOTIMAO.COM/CATEGORY/A‐HISTORIA‐DO‐CORINTHIANS/PAGE/2/
A construção da linguagem oral no individuo com surdez profunda é uma tarefa longa e
bastante complexa, envolvendo aquisições, como:
Tomar conhecimento do mundo sonoro;
Aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição;
Perceber e conversar a necessidade de comunicação e de expressão;
Compreender a linguagem;
Aprender a expressar-se.
Surdez Adquirida
Uma criança que nasce surda, ou que adquire a surdez nos primeiros meses de vida,
não recebe informações do meio ambiente, através da audição, necessaria ao seu
desenvolvimento cognitivo, emocional e integração social.
39
LIBRAS
EXAME AUDITIVO
FONTE: HTTP://TODAPERFEITA.COM.BR/TESTE‐DA‐ORELHINHA‐ONDE‐FAZER/
1.2.2
CONTEÚDO 2.
SURDEZ: FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E TRATAMENTOS
Nem sempre é possível evitar que alguma doença ou alteração ocorra no indivíduo,
entretanto frequentemente é possível realizar um diagnóstico precoce do problema e adotar
medidas para diminuir suas consequências.
A Organização Mundial de Saúde classifica as Medidas de Prevenção em Primárias,
Secundárias e Terciárias.
40
MARLENE CARDOSO
Com relação à área da surdez podemos dizer que a prevenção primária diz respeito à
administração de vacinas e medidas de saneamento básico, que podem evitar que as pessoas se
contaminem ou desenvolvam doenças que causam surdez.
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.SENADO.GOV.BR/SF/SENADO/PORTALDOSERVIDOR/JORNAL/JORNAL77/SAUDE_VACINA.ASPX
FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.INCLUSIVE.ORG.BR/?P=14499
41
LIBRAS
Causas da Surdez
A surdez pode ser adquirida de várias maneiras, selecionamos as causas mais comuns
para estudarmos. Algumas formas de adoecimento levam as alterações genéticas nos embri-
ões, tendo como uma das consequências, a perda auditiva parcial ou total. É importante res-
saltar que as causas de surdez podem estar relacionadas tanto a aspectos genéticos, quanto a
eventos ocorridos nos períodos perinatal e/ou pós-natal, a exemplo da anóxia perinatal e da
anóxia pós-natal. Dentre as causas mais comuns de alteração intrauterina, citamos:
Mutação genética;
Anomalias decorrentes de adoecimento da gestante ou do genitor;
Sífilis;
Rubéola;
Toxoplasmose;
Meningite;
Anoxia;
Desnutrição da gestante.
Anomalias
Anomalias podem ser definidas como sendo uma alteração orgânica. Uma anomalia
pode ocorrer em qualquer idade do indivíduo e levar a sequelas permanentes, a exemplo da
surdez. Além disso, uma anomalia em um indivíduo adulto pode gerar anomalias em sua pro-
le, como veremos a seguir.
Um exemplo de anomalia que traz sequelas permanentes pode ser visto na mutação ge-
nética que dá origem a Síndrome de Waardenburg, a qual, por sua vez gera outras anomalias
como deformação da face, Albinismo e surdez. A idade paterna avançada parece ser um dos
fatores responsáveis pela mutação genética denominada Síndrome de Waardenburg1 que
atinge o embrião.
Principais características da Síndrome de Waardenburg:
Deslocamento lateral dos cantos internos dos olhos;
1
A Síndrome de Waardenburg foi descrita pela primeira vez por P. J. Waardenburg em 1951 e entre os princi‐
pais sinais clínicos do quadro está a surdez congênita (MARTINS, 2003, p. 117).
42
MARLENE CARDOSO
Sífilis
A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível e que pode levar a sequelas permanen-
tes no indivíduo e em sua prole, como a surdez e a cegueira.
É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema Pallidum e adquirida por
contato sexual com pessoa contaminada, por beijo ou por transfusão de sangue.
Quando não tratada, a Sífilis pode progredir, tornando-se crônica e com manifestações
sistemáticas. Manifesta-se em três fases: primária, secundária e terciária. As características
mais marcantes da infecção são apresentadas durante os dois primeiros estágios.
Sintomas:
1º estágio – pequenas vesículas avermelhadas indolores, chamado “cancro”, aparecem
na região próxima aos genitais. As vesículas aparecem 10 dias a 3 meses após o contágio, pro-
longando de 1 até 8 semanas.
2º estágio – os sintomas são semelhantes aos de um resfriado, febre, dor de cabeça, cor-
po dolorido.
O diagnóstico é feito pelo médico através da avaliação clinica, quanto as formas de con-
taminação e por exame de sangue. Tratamento: é feito à base de penicilina oral e injetável.
Diabetes
Rubéola
A rubéola ou rubéola é uma doença infecciosa causada pelo vírus da rubéola Togavírus.
Transmissão: vias respiratórias. É uma doença geralmente benigna, mas pode causar má for-
mação no embrião, se a contaminação ocorrer durante a gestação. A rubéola também é res-
43
LIBRAS
ponsável por parto prematuro. Dentre as sequelas da rubéola durante a gravidez vemos a sur-
dez e algumas formas de má formação.
Sintomas:
O período de incubação do vírus é de 15 dias e os sintomas são parecidos com os da gri-
pe: dor de cabeça, dor ao engolir, dores musculares, coriza, aparecimento de gânglios (ínguas),
febre, manchas avermelhadas inicialmente no rosto, que depois se espalham por todo o corpo.
Citomegalovírus
Um outro conjunto de fatores e situações durante a gestação e o parto pode gerar seque-
las nos bebês, sendo a surdez uma delas.
Anoxia
44
MARLENE CARDOSO
Prematuridade
Traumas do parto
Drogas ototóxicas
São medicamentos que afetam o ouvido interno e cóclea, os quais são responsáveis pela
audição e equilíbrio. O uso destas substâncias pode gerar uma lesão no ouvido interno e/ou a
cóclea causando perda auditiva irreversível.
Icterícia ou hiperbilirrubina. É causada pela concentração, anormal e alta de bilirrubi-
na no sangue. Os glóbulos vermelhos velhos, danificados ou anormais são extraídos da circu-
lação principalmente pelo baço. Durante esse processo, a hemoglobina (proteína dos glóbulos
vermelhos que transporta o oxigênio) transforma-se num pigmento amarelo chamado bilir-
rubina. A bilirrubina chega ao fígado através da circulação e ali é quimicamente alterada para
depois ser excretada para o intestino como um componente da bílis.
Na maioria dos recém-nascidos a concentração de bilirrubina no sangue normalmente
aumenta de forma transitória durante os primeiros dias posteriores ao nascimento, motivo
pelo qual a pele está amarelada (icterícia).
Além dos fatores genéticos que levam a surdez do bebê ainda no útero ou em função do
parto, há algumas formas de adoecimento que em qualquer faixa etária podem levar a um
quadro de surdez.
45
LIBRAS
Uma alimentação desequilibrada pode causar sérios problemas para a mulher grávida e
consequentemente para o bebê. Uma alimentação equilibrada baseada em frutas, legumes,
hortaliças e pouca carne é o ideal para todas as pessoas, principalmente para as futuras ma-
mães.
Baixo peso
A criança que nasce com menos de 2500g é considerada com baixo peso, que pode ser
por consequência do nascimento prematuro e da qualidade de crescimento fetal intrauterino.
Encefalite
São inflamações agudas no cérebro, podendo ser causadas por infecção viral ou bacteri-
ana como meningite bacteriana, ou pode ser uma complicação de outras doenças infecciosas
como raiva (viral) ou sífilis (bacteriana). Acontece em certas infestações parasitas e protozoá-
rias, como toxoplasmose, malária ou meningoencefalite amoébica primária, e também pode
46
MARLENE CARDOSO
ocorrer encefalites em pessoas com sistema imune comprometido. Essa lesão empurra o
cerebro contra o crânio, podendo conduzir, inclusive, à morte.
Meningite
É uma inflamação das meninges – membranas que recobrem e protegem o cérebro. Ela
pode ser viral, adquirida depois de uma gripe ou doença causada por vírus, ou de origem bac-
teriana, normalmente mais branda.
Uma das bactérias é a meningococo que pode ser transmitida pelo ar. Outra forma de
contagio é o contato com a saliva de um doente. A bactéria entra pelo nariz e aloja-se no inte-
rior da garganta. Em seguida vai para corrente sanguínea, percorrendo pelo cérebro ou difu-
são pelo corpo, causando uma infecção generalizada.
Sintomas:
Nos neonatos de até um mês – irritabilidade, choro em excesso, febre, sonolência e a
moleira fica estufada, como se houvesse um galo na cabeça da criança. Acima dessa idade – A
criança tem dificuldades de movimentar a cabeça. A partir dos cinco anos – Febre, rigidez da
nuca, dor de cabeça e vômitos em jato.
Sarampo
É uma doença causada pelo vírus do sarampo e sua transmissão é por via respiratória.
Essa doença, em alguns países, ainda é a causa de muitas mortes de crianças, por motivo de
falta de vacinação em massa.
Sintomas:
Febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia, manchas branca na
mucosa da boca, depois surgem manchas avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e pro-
gredindo em direção aos pés, durante pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem
de aparecimento.
47
LIBRAS
Caxumba
Além das questões vistas até aqui, você deve saber que muitas das condições de vida e
trabalho podem levar o indivíduo a ter uma perda auditiva total ou parcial ao longo da vida.
Neste aspecto ressaltamos a exposição a ruídos fortes como sendo o maior causador de surdez
na atualidade.
Além das sequelas por adoecimento, alguns hábitos pessoais e condições de trabalho
também representam risco para o indivíduo no que diz respeito à sua acuidade auditiva, con-
forme podemos ver nas situações descritas abaixo.
Ruídos fortes
O ruído intenso, sons acima de 75 dB, é a causa mais frequente da surdez. A exposição
constante ou a exposição aguda a sons muito intensos, como uma explosão, pode levar o indi-
víduo a uma perda auditiva parcial ou total.
FONTE: HTTP://WWW.SRPROPAGANDA.COM.BR/
48
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://WWW.ESSAEBOA.BLOGGER.COM.BR/2005_01_23_ARCHIVE.HTML
Outras situações da vida cotidiana podem gerar dano no aparelho auditivo: armas de fo-
go, motocicletas, maquinas de cortar grama etc., podem causar danos ao ouvido interno cau-
sando a surdez.
Além das situações cotidianas de agressão ao ouvido do ser humano, algumas condições
de trabalho são especialmente danosas à saúde auditiva, como podemos verificar nas indús-
trias, nos canteiros de obra com suas máquinas e britadeiras e demais máquinas, nos aeropor-
tos, dentre outros.
FONTE: HTTP://EUTRABALHOSEGURO.BLOGSPOT.COM/2009/11/SESMT‐FORCA‐TAREFA‐NA‐CONSTRUCAO‐CIVIL.HTML
49
LIBRAS
O diagnóstico de surdez
Habitualmente, as pessoas que convivem com a criança têm mais capacidade de detectar
se há algo errado do que qualquer teste. Por isso, os pais e professores devem estar atentos a
determinadas ausências de reação por parte da criança quando lhe são apresentados ruídos
altos. Do mesmo modo, os adultos precisam acompanhar o desenvolvimento da fala e buscar
avaliação profissional em caso de atraso.
Diagnóstico precoce
A criança deve ser capaz de prestar atenção, detectar, localizar e discriminar os sons.
Sabemos que a deficiência auditiva pode ocorrer antes (dentro do útero materno), durante ou
depois do nascimento.
FONTE: HTTP://HIMOTHERS.BLOGSPOT.COM/2009/11/MAMAES‐E‐BEBES.HTML
50
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://INDIFERENTEE.BLOGSPOT.COM/2010/06/SIMPLESMENTE‐VIVA.HTML
Se a criança não reage aos sons ou apresenta outras dificuldades, uma das possibilidades
a ser verificada é de que ela pode estar com a audição reduzida, neste caso, é possível avaliar a
audição através do exame de audiometria infantil que pode ser feito inclusive em recém-
nascidos, como vimos neste texto.
Prevenção
Lei 10.436/2
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e
do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial,
de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Bra-
sileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCN, conforme legislação vigente.
51
LIBRAS
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modali-
dade escrita da língua portuguesa.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República.
A deficiência auditiva apresenta causas que são classificadas como congênitas ou adqui-
ridas. As causas congênitas da deficiência auditiva mais comuns são a hereditariedade, as se-
quelas devido a viroses e às doenças tóxicas da gestante. A deficiência auditiva é adquirida
quando existe predisposição genética, meningite, ingestão de remédios, viroses etc.
É fundamental um acompanhamento precoce para um desenvolvimento da criança sur-
da, pois um profissional de qualidade poderá ajudar em uma redução de barreiras tanto na
comunicação do sujeito surdo ou deficiente auditivo como em todo contexto social.
Ideia-Chave
Deficiência auditiva: diminuição da capacidade de percepção normal dos sons.
Possibilidades de Tratamento
Vacinas
Já existem vacinas que as mulheres podem tomar antes de engravidar, como por exem-
plo: vacina contra rubéola e após o nascimento a criança deve tomar vacinas contra: sarampo,
caxumba, meningite tipo B e C.
Vacina antirrubéola pode ser dada em mulheres de 15 aos 35 anos e crianças dos 15 me-
ses aos 15 anos, a rubéola é uma grande vilã, pois é a causadora de vários casos de surdez, na
gravidez a mulher infectada pela rubéola pode vir a conceber um bebê com problemas auditi-
vos.
Vacina antissarampo é indicado para todas as crianças que não tiveram a doença ou pa-
ra aquela com dúvidas a respeito. Ela pode ser vacinada após o 9º mês de vida.
Vacina anticaxumba ou papeira deve ser aplicada a partir dos 12 meses de idade.
52
MARLENE CARDOSO
Existe a vacina tríplice viral que é a combinação das vacinas contra sarampo, rubéola e
caxumba que deve ser aplicada a 1ª dose aos 12 meses de idade e a 2ª dose aos 4 ou 5 anos de
idade.
Vacina antimeningite a partir de 2 meses de idade.
Fazer um bom pré-natal é o melhor caminho para a gestante percorrer durante os 9 me-
ses, o médico orientará quanto à nutrição e possíveis doenças como: sífilis e a toxoplasmose
que causam a surdez. O médico também pode vir ajudar a prevenir o nascimento prematuro
da criança. Todo o acompanhamento e monitoramento do bebê e da mãe durante o processo
de gestação é de fundamental importância.
Aconselhamento genético
A consanguinidade entre os pais é um fator genético de grande risco para o bebê que irá
nascer. Antes de engravidar, é de fundamental importância que o casal faça uma consulta com
um médico geneticista.
Todo medicamento usado pela gestante ou pelo bebê, seja ela de ingestão a pomada, de-
ve passar pela autorização prévia do médico e pelo bom censo da leitura da bula do remédio.
O uso de medicamentos ototóxicos é perigoso para o indivíduo de qualquer idade.
Uso da camisinha
A relação sexual fazendo uso da camisinha é o cuidado básico para se evitar doenças se-
xualmente transmissíveis (DST), como a Herpes e Sífilis, que causam a surdez e outros males.
Evitar barulhos
Evitar frequentar ambientes barulhentos e o uso de fones de ouvido com o som em vo-
lume alto.
Após os exames e consultas com o otorrinolaringologista será indicado o tratamento
que mais se adequa a cada indivíduo e surdo.
Alguns casos necessitaram de cirurgia, já em outros a utilização do aparelho auditivo
permitirá uma percepção melhor do mundo sonoro. Importante ressaltar que o aparelho não
53
LIBRAS
restituirá a audição, mas poderá dar conhecimento ao indivíduo sobre o ambiente sonoro, o
que é importante para sua segurança.
Prótese auditiva
Definição:
É um aparelho eletrônico de vários tipos, formatos e cores, utilizados por pessoas que
tenham como diagnóstico perda de audição.
Exemplos de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI). Usados por trás do
ouvido ou no canal auditivo, podem ajudar nas deficiências moderada e grave.
FONTE: HTTP://WWW.INFONET.COM.BR/SAUDE/LER.ASP?ID=88361&TITULO=SAUDE
54
MARLENE CARDOSO
FONTE: DISPONÍVEL EM:
HTTP://WWW.APARELHOSAUDITIVOSBRASIL.COM.BR/APARELHOS‐AUDITIVOS‐HISTORIA.HTM
55
LIBRAS
aparelho auditivo de transistor a ser lançado no mercado no final de 1952 foi vendido por
aproximadamente US$230.
No século XX, os aparelhos auditivos se tornaram digitais. A qualidade do som melho-
rou e se tornou mais ajustável. Também durante esse período, os aparelhos auditivos progra-
máveis foram introduzidos.
56
MARLENE CARDOSO
http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/institucional/dee/dee_surdez.php
1.2.3
CONTEÚDO 3.
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA LIBRAS
O primeiro passou para entender as questões pedagógicas em relação a surdez e o surdo
é entender a Libras.
Segundo Romeu Kazumi Sassaki (2002), quanto as Línguas de Sinais os termos corretos
são:
Linguagem de sinais?
Linguagem Brasileira de Sinais?
Língua de sinais ou dos sinais?
Língua Brasileira de Sinais?
Língua de Sinais Brasileira?
Libras?
LIBRAS?
Em primeiro lugar, trata-se de uma língua e não de uma linguagem. Assim, ficam
descartados os termos “linguagem de sinais” e “Linguagem Brasileira de Sinais”. De acordo
com Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 22):
2
Disponível em: http://www.materdei.com.br/jornal_fev_mar_2006/materia04.jsp
57
LIBRAS
Em segundo lugar, o correto é “língua de sinais” porque se trata de uma língua viva e,
portanto, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais.
Quando se diz “língua dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já está fechada.
Em terceiro lugar, o nome correto é “Língua de Sinais Brasileira” (ou “Língua de sinais
brasileira”), pois Língua Brasileira não existe. O termo “língua de sinais” constitui uma
unidade vocabular, ou seja, funciona como se as três palavras (língua, de e sinais) fossem
uma só. Então, adjetivamos cada “língua de sinais” existente no mundo. Língua de Sinais
Brasileira, Língua de Sinais Americana, Língua de Sinais Mexicana, Língua de Sinais
Francesa etc. Capovilla (apud SASSAKI, 2002, p. 28):
[...] Língua de Sinais é uma unidade, que se refere a uma modalidade linguís-
tica quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva. Assim, há Lín-
gua de Sinais Brasileira (porque é a Língua de Sinais desenvolvida e empre-
gada pela comunidade surda brasileira, há Língua de Sinais Americana,
Francesa, Inglesa, e assim por diante. Não existe uma Língua Brasileira (de
sinais ou falada). Sei disso porque quando fazia uso destes termos TODOS os
benditos redatores de revistas e jornais riscavam o Brasileira e trocavam pelo
Portuguesa, produzindo um monstrengo conceitual de proporções e conse-
quências desastrosas... Além disso, a propósito, se traduzirmos American
Sign Language obteremos Língua de Sinais Americana e não Língua Ameri-
cana de Sinais[...].
Em quarto lugar, a sigla correta é “Libras” e não “LIBRAS” (ver explicação no próximo
parágrafo). Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da
seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “Libras”, a
sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira.
58
MARLENE CARDOSO
prescinde de abreviatura. Além disso, tem forte apelo emocional para os leitores surdos que,
então, saberão que estamos nos referindo à língua deles. E como temos profundo respeito pela
comunidade surda brasileira e pela sua língua, o mínimo que nós, ouvintes, podemos e deve-
mos fazer é usar o mesmo termo que essa comunidade usa quando se refere à sua língua em
nossa língua, o Português. Além disso, esta é “uma forma de procurar engajar o leitor surdo
em tudo o que se refere à sua língua para que ele possa participar ativamente” (CAPOVILLA
apud SASSAKI, 2002, p. 31).
Sassaki (1997, p. 41) conceitua a inclusão como o “processo pelo qual a sociedade se a-
dapta, para poder incluir, em seus sistemas gerais, pessoas com necessidades especiais”.
A necessidade da sociedade se adaptar para a Inclusão de fato é fundamental para um
desenvolvimento social e cultural da comunidade surda, pois será na interação que acontecerá
o desenvolvimento da Libras e consequentemente a do surdo, seja na leitura, escrita e no con-
texto sociocultural.
Em Educação para surdo se devem estabelecer as relações e valores que são integradas
na educação dos ouvintes, valorizando a língua do surdo (Libras) e valorizando em conjunto a
língua e cultura dos ouvintes. Evita desta forma uma pedagogia reabilitadora.
Uma pedagogia interativa leva o surdo a uma dimensão de vida, língua, cultura e auto-
nomia que favorece sua inclusão com um todo.
1.2.4
CONTEÚDO 4.
ASPECTOS LEGAIS DA LIBRAS
FONTE: HTTP://LIBRASLIVRE.BLOGSPOT.COM/2009_11_01_ARCHIVE.HTML
59
LIBRAS
Estados com leis aprovadas garantindo a Libras: Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Espírito
Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande de Sul, Rio de Janeiro, Para-
ná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso de Sul e Rondônia.
Municípios: João Pessoa – Paraíba, Natal – Rio Grande do Norte;
O Estado de Minas Gerais tem o maior número de municípios com lei municipal ga-
rantindo a Libras;
Municípios: Araxá, Belo Horizonte, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de
Fora, Uberlândia, Ituiutaba, Uberaba, Juiz de Fora, Divinópolis, Patos de Minas, Sete
Lagoas, Pouso Alegre.
Ser Surdo: [...] olhar a identidade surda dentro dos componentes que consti-
tuem as identidades essenciais com as quais se agenciam as dinâmicas de po-
der. É uma experiência na convivência do ser na diferença (PERLIN;
MIRANDA 2003, p.217).
60
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://JIE.ITAIPU.GOV.BR/PRINT_NODE.PHP?SECAO=TURBINADAS1&NID=7537
Já temos leis estadual e municipal. A data que homenageia os surdos é o dia 26 de se-
tembro, a qual foi escolhida em homenagem à inauguração da primeira escola de surdos do
país, o INES3.
Por isso, todos os anos durante o mês de setembro, a comunidade surda mobiliza-se pa-
ra marcar a data e dar visibilidade à luta, necessidades e direitos do indivíduo surdo. Dentre as
atividades realizadas neste mês, vemos a organização de festas, manifestações, passeatas e si-
milares, chamando a atenção tanto da sociedade de forma ampla, quanto de pessoas surdas
que porventura não estejam mobilizadas politicamente na reivindicação dos seus direitos.
Surdos na universidade
3
Instituto Nacional de Educação de Surdos
61
LIBRAS
62
MARLENE CARDOSO
A conquista deste direito traz impactos significativos na vida social e política da Nação
brasileira. O provimento das condições básicas e fundamentais de acesso a Libras se faz indis-
pensável. Requer o seu ensino, a formação de instrutores e intérpretes, a presença de intérpre-
tes nos locais públicos e a sua inserção nas políticas de saúde, educação, trabalho, esporte e
lazer, turismo e finalmente o uso da Libras pelos meios de comunicação e nas relações cotidi-
anas entre pessoas surdas e não-surdas.
Outra lei que amplia essa conquista da comunidade surda é a de Nº 10.098 que dispõe
sobre a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência.
Revisão
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos
conteúdos do nosso Tema 1, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.
Bom trabalho!
Questão 1
Considerando a concepção de que surdez se caracteriza por uma privação auditiva que
constitui grave distúrbio neurológico-sensorial, elabore um texto, com no máximo 15 linhas
para descrever e explicar o processo de surdez.
63
LIBRAS
Questão 2
Questão 3:
Leia atentamente o fragmento da música “É”, de Gonzaguinha, que apresentamos neste
texto e registre seus comentários sobre as relações que podemos estabelecer entre a temática
apresentada na música e a questão da surdez no sistema educacional brasileiro.
64
MARLENE CARDOSO
Autor: Gonzaguinha
Imagem
Música: É
65
LIBRAS
É! É! É! É! É! É! É!...
É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação.
Questão 4
[...] A construção da linguagem oral do individuo com surdez profunda é uma tarefa
longa e bastante complexa, envolvendo aquisições, como: tomar conhecimento do mundo
sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição, per-
66
MARLENE CARDOSO
Questão 5
Com base nos estudos que você fez neste tema, cite e explique os principais conceitos re-
lacionados à surdez e ao processo educacional de pessoas surdas.
Bem, após estudar sobre surdez e ter as primeiras noções sobre a cultura da comunidade
surda, podemos avançar em nosso estudo sobre os aspectos psicossociais que envolvem a co-
munidade surda.
Vamos adiante!
67
LIBRAS
68
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL
69
LIBRAS
ESTUDO DE CASO
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 2,
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus
colegas no fórum da disciplina.
Caso 2
Ana Maria é uma jovem de 25 anos que tem surdez profunda bilateral. Desde os 8 anos
de idade Ana faz uso da Libras (Língua brasileira de sinais). Entretanto, ela ainda se encontra
no Ensino Fundamental, em que não tem auxílio em sala de aula, nem de um professor bilín-
gue nem de um intérprete de Libras.
Seus professores e colegas não dominam a Libras, por isso se comunicam minimamente
com Ana geralmente usando gestos e mímicas.
Considerando tudo que vimos em nossa disciplina, responda as questões abaixo e em
seguida discuta com seus colegas no fórum da disciplina.
1. Diante das condições descritas no presente estudo, como a referida aluna com surdez
profunda bilateral, poderia ser incluída de fato na uma sala de aula regular, se não há na escola
um professor bilíngue, nem um intérprete de Libras.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. O que você pensa a respeito dos direitos dos alunos surdos expressos na Constituição
e nos demais documentos citados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Agora, tomando por base sua vivencia em sua comunidade escolar reflita sobre as ques-
tões abaixo:
1. Os surdos da localidade em que você vive estão tendo direito ao acesso a educação es-
pecializada prevista na legislação? Justifique sua resposta.
70
MARLENE CARDOSO
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. Eles são percebidos na comunidade como sujeitos dos seus direitos? Justifique sua
resposta.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3. Quais estratégias você sugere para que a inclusão desta aluna seja efetiva, tanto na
comunidade escolar, quanto nos demais grupos sociais em que ela está inserida?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Revisão
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos
conteúdos do nosso Tema 2, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.
Bom trabalho!
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares
QUESTÃO 01
A Declaração de Salamanca de 1994 foi um marco importante na conquista da cidadania
para todas as pessoas que têm alguma forma de deficiência. Identifique abaixo os princípios
norteadores desta declaração:
I. O reconhecimento das diferenças e o atendimento às necessidades de cada um;
II. A promoção de aprendizagem e a formação de professores;
71
LIBRAS
III. A instalação de rampas nas calçadas das cidades e de tradutores nos programas
jornalísticos;
IV. O reconhecimento da importância da "escola para todos".
Assinale a alternativa correta:
a) I, II e III
b) II e IV
c) Apenas II
d) I e III
e) I, II, IV
QUESTÃO 02
Neste texto fizemos algumas reflexões sobre a compreensão de teóricos como Piaget e
Vygotsky acerca do ser humano e o impacto das interações para sua inteligência. Analise o
parágrafo a seguir e assinale a alternativa correta.
“Piaget e Vygotsky concordavam que a inteligência humana somente se desenvolve no
indivíduo em função de interações sociais. Isso quer dizer que consideravam o homem geneti-
camente social. Podendo, portanto, afirmar que atualmente nenhuma aprendizagem é um ato
isolado, puramente individual” (Tema 4, Conteúdo 1).
Assinale a alternativa que apresenta a interpretação correta sobre as ideias de Piaget e
Vygotsky em relação ao que estamos estudando em neste texto:
a) A comunidade surda aprende de forma mais efetiva sem o uso da Libras, en-
quanto língua própria dos surdos;
b) Ao conviver com pessoas surdas os oralistas têm prejuízo em seu aprendizado do
português;
c) A ampliação da interação social entre oralistas e surdos favorece o desenvolvi-
mento da inteligência e a aprendizagem destes dois grupos;
d) No que diz respeito a aprendizagem dos surdos, a aprendizagem é um ato isola-
do já que eles têm uma língua própria, a Libras;
e) Os surdos que não falam Libras têm possibilidade ampliada de falar o português
ou qualquer outro idioma, pois não se prendem a Libras.
QUESTÃO 03
A primeira escola de surdos do Brasil foi o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Funda-
do em 1857. A criação desta instituição foi iniciativa:
72
MARLENE CARDOSO
QUESTÃO 04
Tendo por base tudo que você estudou no presente texto, identifique qual das afirma-
ções abaixo está INCORRETA, considerando especialmente as afirmações de Saussure (1996).
a) A linguagem é formada pela língua e pela fala. A língua é tida como um sistema
de regras abstratas compostas por elementos significativos inter-relacionados;
b) A língua é o aspecto social da linguagem, já que é compartilhada por todos os fa-
lantes de uma comunidade linguística;
c) Na visão de Saussure, a fala é o aspecto individual da linguagem, sendo marcada
por características pessoais que os falantes imprimem na linguagem;
d) O termo fala não se refere ao ato motor de articulação de fonemas, sendo na ver-
dade a produção do falante na relação com os outros;
e) O termo linguagem se restringe a uma forma de comunicação, e no caso dos
surdos especificamente a linguagem corporal.
QUESTÃO 05
Considerando todos os pressupostos da Declaração de Salamanca e seu significativo pa-
pel para a história da inclusão dos surdos no mundo, cite quais direitos atuais a comunidade
surda alcançou e que podem estar relacionados aos efeitos da Declaração de Salamanca.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
73
LIBRAS
Sugestão de filmes
Alguns filmes têm retratado de forma muito interessante a realidade das pessoas que
têm surdez, trazendo aspectos diversos da sua realidade, desde as questões pessoais à forma
com que a sociedade ocidental lida com a pessoa surda. Por isso, sugerimos alguns filmes que
podem enriquecer seu conhecimento sobre esta temática.
Para refletir sobre as questões que estudamos sugerimos:
FILME: Ana (Brasil/2004)
Resumo: Este filme retrata a vida da personagem ANA que é surda e mora isolada com
seu irmão e sua mãe, um dia, se aventura fora do mundo familiar.
FILME: Blue Moon (Canadá/1999)
Resumo Este filme retrata a história de uma jovem mãe tem filha surda de 5 anos.
74
MARLENE CARDOSO
TEMÁTICO 2
BLOCO
SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA
PEDAGÓGICA
75
LIBRAS
SURDEZ E IMPLICAÇÕES À PRÁTICA
PEDAGÓGICA
2.1
TEMA 3.
ENSINO E APRENDIZAGEM A PARTIR DA LIBRAS
2.1.1
CONTEÚDO 1.
LINGUAGEM X LÍNGUA
Lei 10.436/2
Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas Surdas ou Com Deficiência Auditiva
Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem ga-
rantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de:
I. Escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com
professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino funda-
mental;
II. Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos
surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou
educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cien-
tes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de
tradutores e intérpretes de Libras – Língua Portuguesa.
1º São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a
modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvol-
vimento de todo o processo educativo.
77
LIBRAS
78
MARLENE CARDOSO
A construção da linguagem oral no aluno com surdez profunda é uma tarefa longa e
bastante complexa, envolvendo aquisições como:
1-Tomar conhecimento do mundo sonoro;
2-Aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição;
3-Perceber e conservar a necessidade de comunicação e de expressão;
4-Compreender a linguagem;
5-Aprender a expressar-se.
79
LIBRAS
Por isso, se a escola optar por uma proposta de educação que valorize a língua de sinais
e o contato com os pares surdos, a identidade da criança será mais fortalecida. É através desses
modelos que se oportunizarão futuras representações sociais e a interiorizarão de significados
da cultura, que serão compartilhados socialmente em todos os momentos de sua vida.
Também, em sala de aula, a interação deverá estar estruturada de modo a estimular o in-
tercâmbio e a valorização das ideias, o respeito por pontos de vista contraditórios e a valoriza-
ção da pluralidade e da diferença.
A aprendizagem escolar será muito mais significativa se pautada em ações de conhecer e
não na mera transmissão onipotente de conhecimentos. Um ambiente desafiador, que estimu-
le a troca de opiniões e a construção do conhecimento entre os alunos, favorece a função do
professor mediador e o desenvolvimento de objetivos de autoestima positiva, segurança, con-
fiança e bem-estar pessoal.
FONTE: HTTP://WWW.BRINQUEDOSEDUCATIVOS.NET/BRINQUEDOS‐EDUCATIVOS‐COMO‐ESCOLHER.HTML
80
MARLENE CARDOSO
tradicionais, frontais, nas quais só o professor demonstra o seu conhecimento e os alunos são
receptores passivos desse saber, tornam difícil a interação, de modo geral, e estigmatizam,
ainda mais, as dificuldades de relacionamento dos alunos surdos por impedir um trabalho
cooperativo com seus colegas, levando-os ao isolamento.
Formas de organização de trabalhos que enfatizem a utilização de recursos comunicati-
vos visuais, manuais ou simbólicos, a experiência direta, a observação, a exploração e a desco-
berta, facilitam um trabalho cooperativo e o contato entre os membros do grupo. Além disso,
é necessário pensar, sempre que possível, nas possibilidades de identificação com outros pares
surdos, o que é facilitado quando há grupos de alunos surdos numa mesma turma. Essa é uma
estratégia facilitadora que nem sempre é levada a cabo, pois a tendência é ‘espalhar’ os alunos
surdos pelas diversas turmas das escolas. Lembrem-se, no caso de alunos surdos, o convívio
com seus pares permite a identificação positiva, a possibilidade de trocas linguísticas, desfa-
zendo-se, para eles, a sensação de ‘isolamento’ social e cultural.
Outro aspecto a ser lembrado, é que, sempre que possível, deve ser estimulada a presen-
ça de surdos adultos na escola, que auxiliem as crianças na construção de sua identidade, tra-
zendo-lhes estabilidade afetiva e emocional, favorecendo sua comunicação e participação no
grupo social.
Chegou a hora de se comunicar através das mãos. Vamos começar conhecendo o dicio-
nário multimídia de LIBRAS. Investigue como ele foi criado, clique no link:
http://www.ines.org.br/ines_livros/35/35_002.HTM
2.1.2
CONTEÚDO 2.
LIBRAS: A INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS
81
LIBRAS
TERMO CORRETO: língua de sinais. Trata-se de uma língua viva e, por isso, novos si-
nais sempre surgirão. A quantidade total de sinais não pode ser definitiva.
Linguagem de sinais
Este sistema de escrita dos sinais teve sua origem nos Estados Unidos, há cerca de 30
anos por Valerie Sutton, diretora do Deaf Acttion Commitee (DAC4), e aconteceu de forma
peculiar. Valerie buscou criar um sistema que lhe auxiliasse para fazer anotações dos movi-
mentos de dança, e ao fazer isso acabou por desenvolver a Sign Writing, embora não fosse sua
intenção inicialmente este sistema servia para a comunicação com surdos, sendo por isso in-
corporada para processos educacionais de pessoas surdas.
4
Organização sem fins lucrativos.
82
MARLENE CARDOSO
FONTE: HTTP://WWW.MARCIASAMPAIO.COM.BR/FESTIVALDANCA/FOTOS2007.PHP
A escrita Sign Writing pode representar qualquer língua de sinais do mundo sem a in-
fluência da língua falada. Cada país com sua língua de sinais vai adaptá-la para sua própria
ortografia.
Esse sistema tem a possibilidade de representar as línguas de sinais funcionando como
um sistema de escrita alfabética, em que as unidades gráficas fundamentais representam uni-
dades gestuais fundamentais, suas propriedades e relações.
Utiliza-se neste trabalho a escrita de sinais baseada no sistema Sign Writing criado em
1974 por Valerie Sutton (http: Sign Writing.org). É um sistema de representação gráfica das
línguas de sinais que permitem através de símbolos visuais representar as configurações das
mãos, seus movimentos, as expressões faciais e os deslocamentos corporais.
Para escrever a Sign Writing, é preciso saber uma língua de sinais.
No Brasil algumas escolas já adotaram a escrita de sinais na educação de surdos, os re-
sultados tem sido surpreendentes inclusive no ensino da língua portuguesa, pois antes de en-
sinar o português escrito, os educandos surdos aprenderam a ler, escrever e fazer uma redação
em sua própria língua, a LIBRAS (L1), para em um segundo momento trabalhar com a língua
portuguesa (L2). As outras disciplinas também ganharam mais vida, pois além de conquistar o
direito de ser ensinado em sinais ele também pode escrever e ser avaliado em sinais.
Queremos deixar bem claro que a LIBRAS não vai abolir a língua portuguesa, muito pe-
lo contrário, vai valorizá-la. Antes a língua portuguesa escrita era vista pela maioria dos sur-
dos como algo praticamente impossível de se aprender, pois eles não tinham uma referencia
escrita para seguir. Se você, que é ouvinte, for fazer um curso de uma língua estrangeira, du-
rante todo o seu processo de aprendizagem você terá como referência a sua língua L1 (língua
83
LIBRAS
portuguesa escrita e falada), mesmo que você e o professor durante a aula falem somente a
língua estrangeira, o seu processo cerebral de aprendizagem tomará como base as referências
linguísticas e gramaticais da sua L1 para adquirir a L2 que está sendo ensinada. Com o surdo
não é diferente, perpassa pelo mesmo princípio.
HISTÓRIA DA SIGNWRITING
Estrutura do SignWriting
O SignWriting é definido por três estruturas básicas: posição de mãos, contato e movi-
mento.
Creio que você esteja curioso (a) para conhecer a escrita da LIBRAS5!
Selecionei alguns para você aprender como se escreve, aproveite e treine tentando re-
produzir a escrita.
5
Fonte das imagens da escrita em Libras disponível em: SITE
http://signwriting.org/library/history/hist010.html
84
MARLENE CARDOSO
PARA MEDITAR:
A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, sonham e expressam. As
línguas de sinais envolvem movimentos que podem parecer sem sentido para muitos, mais
que significam a possibilidade de organizar as ideias, estruturar o pensamento e manifestar
o significado da vida para os surdos. Pensar sobre a surdez requer conhecer a Língua de
Sinais. Permita-se ouvir essas mãos [...].
Fonte: QUADROS, 1997, p. 33.
85
LIBRAS
Existe uma figura que tem um papel muito importante na inclusão social do surdo, você
sabe quem é?
É o interprete, não poderiamos deixar de falar nele quando nos referimos à interação
com os surdos.
Intérprete de LIBRAS
TERMO CORRETO: intérprete da Libras (ou de Libras). Libras é sigla de Língua de Si-
nais Brasileira. “Libras é um termo consagrado pela comunidade surda brasileira, e com o qual
ela se identifica. Ele é consagrado pela tradição e é extremamente querido por ela. A manuten-
ção deste termo indica nosso profundo respeito para com as tradições deste povo a quem de-
sejamos ajudar e promover, tanto por razões humanitárias quanto de consciência social e ci-
dadania. Entretanto, no índice linguístico internacional os idiomas naturais de todos os povos
do planeta recebem uma sigla de três letras como, por exemplo, ASL (American Sign Langua-
ge). Então, será necessário chegar a uma outra sigla. Tal preocupação ainda não parece ter
chegado na esfera do Brasil”, segundo Capovilla (2001).
O interprete de LIBRAS é o mediador entre a comunidade surda e ouvinte, nos ultimos
anos, a presença do interprete de língua de sinais, tem ganhado espaço nas escolas por causa
da política educacional brasileira, que prevê a inclusão do sujeito surdo nas instituições de
ensino. Além de disso, devido o desconhecimento da maioria da população sobre a LIBRAS,
torna-se necessário que existam interpretes nos mais diversos setores da sociedade, públicos e
privados.
A interpretação entre a língua oral e de sinais é uma atividade bilingue – bicultural. É
também uma atividade desafiadora, devido a grande diferença entre as modalidades das
línguas (oral-auditiva e gestual-visual) que exige do interprete um profundo conhecimento
das culturas surdas e ouvintes para traduzir com o maximo de fidelidade.
Os intérpretes mais experientes usam os sinais com tanta leveza e naturalidade que faz
com que o processo de interpretação pareça algo que qualquer pessoa poderia fazer.
Entretanto, os intérpretes são profissionais altamente treinados, cujo trabalho exige uma
completa atenção e dedicação à tarefa que está sendo exercida.
Para a pessoa não treinada a tradução processa-se de forma simples, é somente
movimentar as mãos e passar para sinais o que a pessoa está falando em português. Na
realidade o processo de interpretação é mais complexa, pois o interprete pensa ao mesmo
tempo em duas línguas, e no caso da LIBRAS e a Língua Portuguesa, suas modalidades são
86
MARLENE CARDOSO
completamente diferentes, por uma ser gestual-visual e a outra ser oral-auditiva, dificultando
mais ainda o processo.
Durante a interpretação, o cérebro processa a informação que está chegando e raciocina
em duas línguas , não importa se a tradução é do Português para LIBRAS ou da LIBRAS para
o Português, o processo é análogo:
O elemento “desconhecido” é outra questão que os intérpretes têm que lidar em sua
rotina diária de trabalho. Durante uma conversação informal eles ficam à vontade, pois o que
está sendo comunicado é efetivamente dito em suas próprias palavras, sabendo, assim, o que
vão dizer.
Em uma interpretação, os interpretes devem esperar ouvir palavras que são
desconhecidas para ele. Por ser uma atividade extremamente exigente em termos de atenção e
energia, os intérpretes são incentivados a se familiarizar antecipadamente com os assuntos que
irão interpretar ou a se especializar em uma determinada área. Assim, estes profissionais se
tornarão suficientemente competentes para que diminua um pouco a pressão causada pelo
“elemento desconhecido”.
O papel do intérprete
O intérprete está presente para tornar possível a comunicação entre indivíduos que não
compartilham da mesma língua, seja ela de modalidade gestual-visual ou oral-auditiva. Por
ser uma profissão nova, muitas empresas e instituições não compreendem com exatidão o
trabalho do intérprete.
Para você compreender melhor, discutiremos funções que NÃO são do intérprete:
Supervisores: Imparcialidade é algo fundamental, controlar o comportamento das
pessoas surdas em seu local de trabalho foge da função da interpretação.
Editores: Mesmo quando o intérprete sabe que a pessoa está dizendo á inadequado ou
falso, a informação será interpretada exatamente da forma recebida. A fidelidade é um aspecto
imprescindível na interpretação.
87
LIBRAS
Professores: A tarefa de professor e intérprete são bastante diferentes entre si, embora
ambas as profissões trabalhem diretamente com as pessoas surdas em sala de aula. Alguns
professores de surdos trabalham como intérpretes, como uma segunda atividade, mas não é
sua formação como professor de surdos que lhe qualificará para interpretar.
Vale ressaltar que os cursos de formação de intérpretes de LIBRAS não oferecem
treinamento nos métodos educacionais para surdos. Há sim um breve estudo da história da
educação e da surdez, mas apenas em seu contexto cultural.
Cada interpretação é unica, em determinados casos torna-se dificil detectar as
características mais comuns no papel do intérprete. Há alguns anos atrás, os intérpretes e
profissionalismo
FONTE: HTTP://MAREVELOTF.BLOGSPOT.COM/2010/03/O‐FIM‐DO‐ISOLAMENTO‐DOS‐INDIOS‐SURDOS.HTML
88
MARLENE CARDOSO
O intérprete:
Deve ser uma pessoa de confiança na sua interpretação e no sigilo – Fidelidade;
Não deixar que a sua moral e religião interfiram na interpretação;
Em caso de erro na interpretação, é preciso corrigir imediatamente;
Ser bilingue ( Domínio da Língua Portuguesa e da LIBRAS);
Ter histórico profissional de confiabilidade;
Capacidade de admitir suas limitações quando não se sentir capaz;
Equilibrio durante a interpretação;
Formação educacional;
Conhecimentos da ética e da responsabilidade da profissão;
Participante da Comunidade surda, sendo reconhecido por ela;
Ser capaz de trabalhar em equipe e de apoiar os outros intérpretes;
Estudo constante da Língua de Sinais.
O linguísta Stokoe um escocês que vivia e trabalhava nos Estados Unidos. Em 1955, ele
se tornou professor do Departamento de Inglês do Gallaudet College, hoje conhecida como
Gallaudet University. Nessa época, ele não sabia nada de ASL. Ele teve de aprender alguns
sinais, que ele usava ao mesmo tempo em que dava suas aulas em inglês, como a maioria dos
outros professores. Nessa época, nem na Gallaudet havia aulas de ASL (Língua de Sinais Ame-
ricana) pelo simples fato de que ninguém, nem mesmo os surdos, consideravam a sinalização
como parte de uma língua autônoma. Stokoe não demorou a perceber que existia uma dife-
rença entre a sinalização que ocorria quando um surdo se comunicava com outro, e a que ele
usava como acompanhamento de palavras em inglês, durante suas aulas. A partir daí, ele co-
meçou a observar cuidadosamente a sinalização usada pelos surdos e demonstrou que aquela
sinalização era uma língua autônoma, que seguia uma gramática própria. Assim descreveu a
gramática dessa língua, e que deu início a uma revolução nos estudos linguísticos, mostrando
o todo o mundo que as línguas de sinais são línguas naturais. A partir dessa descoberta as co-
munidades surdas se fortaleceram na sociedade mais segura para relacionar as diferença entre
cultura e identidade surda.
Foi estabelecido pela linguista surda Carol Padden, a diferença entre comunidade e
cultura:
A comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas,
compartilham metas comuns e certas responsabilidades umas com as outras, trabalhando
89
LIBRAS
juntos para alcançar seus alvos. Portanto, em uma comunidade surda pode ter também
ouvintes e surdos que não são culturalmente surdos.
Uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas
que possuem sua propria língua, valores, regras de comportamento e tradições. Portanto é
mais fechada que a comunidade surda, os membros de uma cultura surda se comportam
como pessoas surdas, usam a língua das pessoas surdas e compartilham entre si das acrenças
das pessoas surdas e com outras pessoas que não são surdas.
Mas não basta ser surdo para fazer parte da comunidade e cultura de surdos. A maioria
dos surdos por ser filhos de pais ouvintes, muitos deles não sabem a LIBRAS e não tem
contato com as associações de surdos, que são as comunidades surdas, podendo se tornar o
que os surdos definem como DA.
Os surdos que estão engajados na causa politica da comunidade de surdos, costumam
fazer distinção entre surdos e DA. O termo deficiente estigmatiza a pessoa pois a mostra pelo
que ela não tem em relação às outras pessoas ditas normais. Por este motivo o termo SURDO
é o mais aceito por sua comunidade.
FONTE: HTTP://ABENFO.REDESINDICAL.COM.BR/TEXTOS.PHP?ID=64
Estima-se que no Brasil existe mais de 5.750.809 pessoas com problemas relacionados à
surdez. Há surdos em todas as regiões do território nacional, e em várias regiões eles têm se
organizado, formando associações em todo o país. Pelo fato de vivermos em um país com um
vasto território, as diversidades entre as comunidades de surdos são grandes em termos de
vestuário, alimenteção, situação socioeconômica e variações linguisticas regionais, assim
como os ouvintes falantes da língua portuguesa.
90
MARLENE CARDOSO
Como toda associação, as associações de surdos das mais diversas regiões se regularizam
por meio de estatutos. Em suas eleições os associados articulam-se formando chapas para
concorrer a uma gestão, geralmente de dois anos, através do voto secreto escolhendo, assim,
seus representantes.
A CBDS, fundada em 1984, promove campeonatos desportivos masculinos e femininos
em diversas modalidades a nível nacional e internacional. Seu principal objetivo é promover o
desenvolvimento desportivo nos surdos.
A FENEIS, é uma entidade não governamental filiada a World Federation of The Deaf e
registrada no Conselho Nacional de Serviço Social/MEC. Foi fundada em 1987, quando os
surdos decidiram assumir a liderança da Federação Nacional de Educação e Integração do
Deficiente Auditivo (FENEIDA), que teve seu surgimento com a união do trabalho de várias
91
LIBRAS
escolas, associações de pais e outras instituições do Rio de Janeiro. Hoje em dia há FENEIS em
vários estados Brasileiros.
O avanço nas pesquisas linguísticas acerca da língua de sinais trouxe como consequên-
cia seu reconhecimento cientifico e social. Com relação ao seu status de língua natural, surge
uma nova figura: o intérprete, o mediador na comunicação entre surdos e ouvintes, nas dife-
rentes situações de interação social.
Esse profissional tem como função traduzir e interpretar a língua de sinais para a língua
portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se apresentar (oral ou escrita).
Entretanto, a passagem de uma a outra (língua de sinais/língua portuguesa), implica
uma série de variáveis que englobam diferenças estruturais, nos planos culturais, ideológico e
linguístico, determinando modos diversos de significação e leitura da realidade.
Deste modo, não basta ao interprete de língua de sinais conhecer apenas a estrutura
gramatical da língua de sinais, mas penetrar nos valores culturais da comunidade surda, seus
costumes e idiossincrasias, a fim de que não esteja apenas garantindo a ”decodificação” de
aspectos estruturais das línguas em questão, mas, sobretudo seu discursivo, a constituição de
sentidos instituída na relação entre os falantes.
O reconhecimento final dos surdos e de sua comunidade linguística só pode assegurar-
se a partir do reconhecimento das línguas de sinais dentro de um conceito mais geral de bilin-
guismo. O fato de que uma criança surda utilize a LS (Língua de Sinais) como meio de instru-
ção não significa que perca a capacidade de adquirir uma segunda língua, mas que a introdu-
ção desta segunda língua através da língua natural lhe assegura o domínio de ambas.
O modelo bilíngue propõe, então, dar as mesmas possibilidades psicolinguísticas que
tem a ouvinte.
Educadores ouvintes impuseram a superioridade da língua oral sobre a língua de sinais.
O importante não era a comunicação em si, mas a necessidade de tornar os surdos parecidos
com os ouvintes.
Atualmente, devido à resistência da comunidade surda, o oralismo perde espaço para
outras formas de buscar o fortalecimento da identidade das pessoas surdas. A partir daí, edu-
cadores comprometidos em apoiar o desenvolvimento intelectual, psicossocial e cognitivo dos
surdos, começam a defender a luta para reconhecer a Língua Brasileira de Sinais como sendo a
língua materna do surdo.
Nunca o conhecimento e a aprendizagem foram tão valorizados como atualmente. Esta
é uma clara indicação de que já vivemos na sociedade do conhecimento. E, portanto, os seus
processos de aquisição assumirão papel de destaque, de primeiro plano, exigindo o repensar
dos processos educacionais, em especial daqueles que estão diretamente relacionados à escola.
92
MARLENE CARDOSO
No momento em que a civilização moderna passa por diversas mudanças, no plano eco-
nômico, educacional e social, a escola é uma das instituições que possibilita ao homem do
nosso tempo, interferi nesse processo, agilizando etapas para construir um novo modelo de
desenvolvimento social, no qual a ampla maioria da população tem acesso ao conhecimento,
necessário à sua qualidade de vida e à realização de ideais de ética, solidariedade e humanis-
mo.
A velocidade das mudanças que ocorrem na sociedade, torna impossível pensar que a
escola dará conta de prover todo o conhecimento de que um profissional necessita. A escola
será um – entre muitos outros – dos ambientes e, que será possível adquirir conhecimento.
Para tanto, ela terá que incorporar os mais recentes resultados das pesquisas sobre aprendiza-
gem e assumir conhecimento, desenvolvendo, assim, competências e habilidades para poder
continuar a aprender ao longo da vida.
Os mais recentes estudos sobre aprendizagem fornecem importantes resultados que po-
dem ser usados na análise do que acontece com a educação hoje. O trabalho de Piaget mostra
que as pessoas têm uma capacidade de aprender a todo o momento. Aprendemos a andar, a
falar, a ser profissionais, a educar os filhos etc. Aprendemos tudo isso vivendo, fazendo as coi-
sas e interagindo com as pessoas, não somente sendo ensinados.
Além disso, como mostrou Delval (apud VALENTE, 2000), um estudioso da psicologia
do desenvolvimento e discípulo de Piaget, as pessoas também têm a capacidade de ensinar,
transmitindo cultura e valores que a sociedade tem acumulado Delval (apud VALENTE,
2000). Tal fato acontece desde a primeira interação mãe-filho. Portanto, aprendemos e ensi-
namos porque precisamos resolver problemas reais e interagir com as pessoas.
Uma das pautas de discussão da modernidade é o pensar e repensar constantes sobre o
papel do ambiente socioeconômico-cultural em relação ao diferente. A inclusão tem sido um
tema muito debatido. Ela abrange conceitos como respeito mútuo, compreensão, apoio e e-
quidade.
Não é uma tendência, um processo ou um conjunto de procedimentos educacionais
passageiro a serem implementados. Ao contrário, a inclusão é um valor social que se conside-
rado desejável, torna-se um desafio no sentido de determinar modos de conduzir nosso pro-
cesso educacional e profissional para promovê-la.
A pesquisa sobre a educação dos surdos, vem tomando um espaço cada vez maior nas
reflexões teóricas dos que atuam com os mesmos. Encontro-me há anos realizando, com pro-
fessores e alunos surdos, tanto na rede particular, quanto na municipal e estadual de ensino da
Bahia, um trabalho de orientação e de sala de aula na qual a ação pedagógica é frequente.
Durante muito tempo houve uma incerteza quanto às propostas de ensino dos deficien-
tes auditivos, devido à divisão de conceitos na qual, havia uma dicotomia referente ao trabalho
prático e as questões teóricas.
93
LIBRAS
A insatisfação e a inquietação são constantes no que diz respeito às dificuldades dos sur-
dos. Fora sempre relevante refletir sobre as dificuldades destes em transpor suas ideias e opi-
niões para a escrita na língua portuguesa e diminuir o distanciamento da escrita em Libras6.
Os anseios dos professores e de outros profissionais em relação à escrita dos surdos de-
monstra a necessidade de um aprofundamento para compreender e superar as dificuldades
entre os limites da Libras e do Português.
A utilização da Língua de Sinais é fundamental para entender a escrita do surdo, ausên-
cia de alguns elementos do texto (conectivos, preposição, tempo verbal, concordância verbal e
nominal) e esclarecimento das dúvidas entre professor e aluno. Pesquisadores abordam que o
fracasso destes perpassa pela falta de significados de sua língua (LIBRAS), causando um índice
de analfabetismo muito alto.
A experiência com os surdos impõe a necessidade de compreender o seu mundo subje-
tivo, para só então fazer algo por ele e com ele. Qualquer atuação profissional com esses sujei-
tos implica em uma disposição, em fazer mudanças; não apenas no próprio enquadre através
de adaptações, como também na visão de mundo daquele que faz esta escolha.
Para o profissional da educação que trabalha com a palavra, com a língua e a comunica-
ção, estar diante de alguém que não fala, constitui um desafio; trabalhá-lo é crer, acima de
tudo no seu potencial e no do individuo. Já faz parte do senso comum dizer que os professores
estão buscando novos caminhos para trabalhar com essas pessoas que se utiliza de uma outra
língua na sua comunicação, a Libras.
Um novo saber se impôs no cenário profissional. Nessa perspectiva, os desafios que te-
mos a enfrentar são inúmeros, e toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensi-
no de qualidade implicam na adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações
atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções tipicamente escolares,
que têm nos objetivos pedagógicos sua eficácia para o ensino destes.
Portanto devemos enfrentar e analisar essa realidade, reconhecendo que os professores
não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais que não se reduzem ao
domínio dos conteúdos a serem ensinados (PERRENOUD, 2000). O professor precisa plane-
jar, atuar e avaliar suas intervenções para cada contexto singular, o que significa um trabalho
contínuo de estudos e reflexões sobre a sua prática.
Construir uma educação capaz de ligar os conhecimentos às práticas sociais, tornar es-
ses conhecimentos artefatos para a construção da cidadania, orientada para a autonomia e a
democracia, são aprendizados necessários aos educadores do nosso tempo. Philippe Perre-
noud (2000) refere-se à necessidade da escola como espaço de mobilização de conhecimentos
6
Língua Brasileira de Sinais, segundo a Federação Nacional de Educação de Surdos (FENEIS).
94
MARLENE CARDOSO
para a construção de competências, de indivíduos que saibam agir em uma sociedade mutante
e complexa.
Resumo:
Há três correntes ou propostas educacionais:
Oralista;
Bimodal;
Bilinguista.
Corrente Oralista
Ênfase na língua oral e recuperação da pessoa surda. Visão do surdo como um doente,
alguém a ser “recuperado”.
Corrente Bimodal
Corrente Bilinguista
Lei 10.436/2
3. Para os efeitos desta Norma, devem ser consideradas as seguintes definições:
3.1 Acessibilidade: é a condição para utilização, com segurança e autonomia, dos servi-
ços, dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência
auditiva, visual ou intelectual.
3.2 Legenda Oculta: corresponde à transcrição, em língua portuguesa, dos diálogos, efei-
tos sonoros, sons do ambiente e demais informações que não poderiam ser percebidos ou
compreendidos por pessoas com deficiência auditiva.
3.3 Audiodescrição: corresponde a uma locução, em língua portuguesa, sobreposta ao
som original do programa, destinada a descrever imagens, sons, textos e demais informações
que não poderiam ser percebidos ou compreendidos por pessoas com deficiência visual.
3.4 Dublagem: tradução de programa originalmente falado em língua estrangeira, com a
substituição da locução original por falas em língua portuguesa, sincronizadas no tempo, en-
tonação, movimento dos lábios dos personagens em cena etc. (NBR 15290).
3.5 Campanhas institucionais – campanhas educativas e culturais destinadas à divulga-
ção dos direitos e deveres do cidadão.
3.6 Informativos de utilidade pública – qualquer informação que tenha a finalidade de
proteger a vida, a saúde, a segurança e a propriedade.
3.7 Janela de Libras: espaço delimitado no vídeo onde as informações são interpretadas
na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
O exigido pela Lei acima ajudará na formação do sujeito surdo no processo educacional.
95
LIBRAS
Bilinguismo
Todas as pessoas que usam duas línguas ou dialetos sejam na modalidade escrita ou fa-
lada (ou sinalizada) em sua vida cotidiana são consideradas bilíngues, como é o caso dos sur-
dos que, em sua maioria, usam a LIBRAS, mas escreve na língua portuguesa.
A educação com bilinguismo é a proposta de ensino que busca tornar acessível à criança
surda duas línguas no seu contexto escolar. Os surdos conquistam o direito de serem ensina-
das em sua própria língua, as disciplinas são ministradas em LIBRAS e a língua portuguesa
escrita e/ou falada é ensinada como 2ª língua com uma metodologia apropriada e em momen-
tos distintos. Percebeu-se que diante deste ambiente de valorização da sua cultura, língua e
identidade possibilitou aos surdos um pleno desenvolvimento e compreensão do conteúdo
escolar e sua postura diante da sociedade.
O bilinguismo pressupõe o ensino de duas línguas para a pessoa surda. A primeira lín-
gua é a Libras (Língua Brasileira de Sinais), que dará a base para a aprendizagem de Língua
Portuguesa, no caso do Brasil, que pode ser na forma escrita ou oral.
Não é um objetivo de uma educação bilíngue, que os alunos mudem a língua de suas re-
lações sociais. O “objetivo é que os alunos aprendam uma nova língua que possam utilizar no
mundo externo”.
Educação Oralista
96
MARLENE CARDOSO
Bimodalismo/Comunicação Total
Na década de 70 surge a proposta educacional que utiliza a língua de sinais como recur-
so para o ensino da língua oral, caracteriza-se pelo uso simultâneo de sinais e da fala mistu-
rando os sinais com a estrutura gramatical da língua portuguesa, que passa a ser chamado de
português sinalizado.
A Comunicação Total não é considerada um método de ensino, mas uma filosofia e
maneira de servir ao surdo, auxiliando na comunicação com os ouvintes. Como essa filosofia
preocupa-se com a aceitação da surdez e a quebra do bloqueio da comunicação incentivando
as diversas formas de comunicação (mímicas, linguagem oral ou escrita, língua de sinais, ges-
tos, desenhos), deu-se, então, início à queda do oralismo.
Surgem surdos líderes, pois com a busca da quebra do bloqueio da comunicação, as in-
formações começaram a chegar ao surdo, o seu desempenho escolar e profissional melhorou,
as pessoas começaram a se interessar pela língua de sinais, até então conhecida por linguagem
dos sinais.
O interprete de língua de sinais começa a ter espaço, pois os surdos começaram a parti-
cipar das reuniões no trabalho, simpósios, congressos juntamente com os ouvintes, tendo as-
segurado seu acesso às informações e seu direito de emitir opiniões.
Ênfase na língua de sinais e na cultura surda. Visão do surdo como membro de uma
comunidade minoritária.
Seguidores de Piaget têm ampliado seus estudos, discutindo mais recentemente outras
questões ligadas ao desenvolvimento humano, tais como o desenvolvimento moral, a aquisi-
ção da linguagem escrita, a participação do outro na interação e na construção das estruturas
97
LIBRAS
Lev Vygotsky
FONTE: HTTP://FACULTY.WEBER.EDU/PSTEWART/6030/6030.HTML
Para Vygotsky, o homem constitui-se como tal através de suas interações, é visto como
alguém que transforma e é transformado nas relações produzidas em uma determinada cultu-
ra. Organismo e meio exercem influência recíproca, o biológico e o social não estão dissocia-
dos, por isso, sua teoria é chamada sociointeracionista.
Um de seus estudos de mais destaque é a Teoria das Zonas de Desenvolvimento que ofe-
rece elementos importantes para a compreensão de como se dá a interação entre ensino, a-
98
MARLENE CARDOSO
A Zona de Desenvolvimento Real é aquilo que a criança manifesta em sua vida cotidia-
na. Trata-se daquilo que de fato, ela realiza dentro das coisas previsíveis. Já a Zona de Desen-
volvimento Potencial (ZPD) consiste naquilo que o sujeito pode fazer independente da sua
etnia, região ou da sua cultura. É o previsível, é o esperável da espécie humana. A zona de de-
senvolvimento proximal diz respeito àquilo que a pessoa faz hoje com a ajuda de uma outra,
mas que amanha poderá estar fazendo sozinha. É a zona cooperativa do conhecimento.
FONTE: HTTP://WWW.PEDRINHASPAULISTA.SP.GOV.BR/ASSISTENCIASOCIAL%20ADOLECENTE.HTM
99
LIBRAS
Albert Einstein
FONTE: HTTP://WWW.BIINTERNATIONAL.COM.BR/ALUNO/RODRIGORAMOS/
100
MARLENE CARDOSO
7
Teoria da Linguagem que explica os mecanismos dos sistemas sonoros das línguas, bem como, a relação des‐
tes sistemas com os demais componentes da gramática, como: morfologia, sintaxe e semântica.
101
LIBRAS
do indivíduo. Assim, a linguagem está sempre presente no sujeito, mesmo nos momentos em
que este não está se comunicando com outras pessoas.
As crianças quando ingressam na escola trazem uma bagagem de conhecimentos de sua
língua materna, das historias pessoais e vivências diferenciadas, fundamentais para o desen-
volvimento de sua consciência metalinguística8. Nesse enfoque, a linguagem compõe o sujeito,
a forma como ele percebe o mundo e a si mesmo. Dentro dessa conceituação, pode-se enten-
der que os surdos têm uma língua própria devendo ser compartilhada entre as comunidades
linguística: a comunidade surda. Com isto se estabelece a diferença entre ouvir e escutar.
A maior dificuldade pela qual passa o surdo é justamente constituir-se enquanto sujeito,
isto é, possuir uma identidade própria, para daí reconhecer-se como um povo, com uma lín-
gua distinta e cultura própria.
A linguista surda Padden (apud CUNHA, 2007) faz uma diferença entre cultura e co-
munidade surda. Para ela, devemos entender como sendo cultura o conjunto de comporta-
mentos que os indivíduos de um determinado grupo aprendem. Ressalta a autora ainda que as
pessoas de cada grupo possuem sua língua, valores, regras de comportamento e tradições que
são próprias das pessoas do grupo.
Por outro lado, Padden (1989) informa que a comunidade deve ser entendida como
sendo um sistema social geral em que seus indivíduos, além de viverem juntos, dividem metas
comuns e têm responsabilidades umas com as outras.
As comunidades surdas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares,
comunicação, situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geram variações linguísti-
cas regionais. Na cultura dos ouvintes existe a Língua Portuguesa que contribui para o desen-
volvimento da compreensão, da comunicação e pensamento e está constituída de símbolos
essencialmente auditivos.
Observe que os alunos ouvintes adquirem espontaneamente línguas orais, porque a in-
formação lhes chega pela via auditiva. Por sua vez, para os surdos, as informações chegam pela
via visual.
São, portanto, os signos visuais que comandam a atividade criadora; esta é a singulari-
dade do surdo. Desta forma, uma identidade surda só pode ser constituída dentro de uma
cultura visual, por isso, a escrita do surdo não se aproxima da escrita do ouvinte. A partir des-
ta visão é que se defende uma educação bilíngue.
8
Habilidade de pensar e refletir sobre a sua língua.
102
MARLENE CARDOSO
Coerência Comunicativa
Linguagem e Escrita
TEMA: Rotina9
Ontem, na manhã, eu acordava às 5:30h ou 5:40h, tomei café com pão, tomei banho,
vestiu roupa, escovei os dentes, espero no ponto de ônibus, chegava o ônibus de
Aeroporto, eu fui para escola, cheguei na escola, mais ou menos às 7:16h ou 7:20h. Na
(escola X), eu estava conversando com meus colegas, começou aula de matemática.
Após terminar matemática, bate o sino, professor Fred anunciou lanche pra os alunos
e até às 10:20 tinha começado aula de matemática novamente.
Até terminar na escola, eu andei de ônibus de Lapa, cheguei na minha casa, eu
almocei, tomei banho, vestiu a roupa, liga a televisão e até às 17:25h lembro ver canal 7,
começou (desenho A) na (emissora Y), também (desenho B).
Às 19:00h, minha mãe chegou minha casa, eu abracei minha mãe, também beijo, D.
tomou banho, vestiu a roupa, tomamos café, comemos pão com queijo e presunto.
9
OBS.: Foram omitidos nomes de programas, emissoras e escola do aluno propositadamente.
103
LIBRAS
Não tente ler o texto como um ouvinte que apreendeu de forma completa todas as
regras gramaticais desde que nasceu.
A escrita do surdo é semelhante à escrita de estrangeiros aprendendo a língua
portuguesa.
Portanto, olhe para esse texto de forma a ter sempre em mente que se trata de um
aluno que a limitação física da surdez, apesar de dificultar o aprendizado, não impede que
ele possa avançar na compreensão do mundo que o rodeia. Seja generoso.
De acordo com o que vimos até aqui, na Práxis Pedagógica, no tocante a produção escri-
ta e a mediação na sala de apoio aos deficientes auditivos, verifica-se a importância das condi-
ções de produção textual a partir das especificidades desses sujeitos na apreensão da escrita,
não devendo considerar tais diferenças como “aberrações” ou “erros”.
“Por que é tão difícil para a sociedade ouvinte aceitar uma língua de sinais? Será o fato
da língua de sinais ser a ’marca‘ da surdez, já que uma criança surda ’calada’, pode passar
dessapercebida, mas se ’fala‘ em língua de sinais mostra-se ’SURDA‘ e pode despertar
curiosidade, piedade, desrespeito e, por isso, constrangimento a seus pais?
Por que finges que é melhor ter uma criança pouco participativa, sem posicionamento
crítico, devido ao fato de não estar podendo assimilar todas as informações que são
passadas oralmente, quando se poderia ter uma criança que, se comunicando em língua de
sinais, feliz, brincasse, brigasse e se posicionando frente aos desafios do mundo? Por que
104
MARLENE CARDOSO
negar a beleza de ver uma criança surda, nos seus primeiros anos de vida, já se
comunicando em língua de sinais, contando estórias infantis, perguntando esperta e
curiosa sobre as coisas do mundo, interagindo-se e apreendendo tudo de forma natural,
rápida e não traumatizante? Por que é tão diflcil para um ouvinte perceber que uma pessoa
pode ter uma língua que utiliza outro canal para transmissão de suas ideias mais
profundas, sentimentos e leitura do mundo?
2.1.3
CONTEÚDO 3.
SURDEZ, FAMÍLIA E COMUNICAÇÃO:
APRENDENDO A LIBRAS
Temos conhecimento que é do ambiente familiar que vai depender todo o sucesso da
educação de uma criança e isto é válido para toda e qualquer criança, com surdez ou não.
Firmamos também que toda família se prepara para receber seu filho sadio fisicamente e
mentalmente.
Na verdade é que quando isso não vem acontecer a família entra em uma jornada de
culpa e desestruturação em casa.
Após o diagnóstico de que seu filho tem uma perda auditiva ou uma surdez é normal
que passem um momento de tristeza, angústia e perdidos sem saber o que vão fazer dali por
diante,pois o preparo não aconteceu para que esse processo fosse amortizado.
Angústia pelos pais de crianças surdas é logo nos anos iniciais de vida, no processo esco-
lar e processo clínico e algo a ser descoberto com ajuda de Especialistas. A escola precisa de
uma equipe de profissionais que atuem em conjunto para obter sucesso. As portas quase sem-
pre são fechadas para essas mães e filhos que buscam esclarecimento e uma inclusão na socie-
dade. Embora a Lei seja bastante clara quando colocar a obrigatoriedade destas crianças nas
escolas regulares.
105
LIBRAS
Poucos são os pais que conhecem seus Direitos e as Instituições que podem ajudar a es-
sas crianças e familiares. Cabe aos governantes divulgarem mais de forma intensa e continua a
importância do diagnóstico precoce e os espaços de acompanhamento.
Os serviços educacionais iniciam-se pela Educação Infantil, no programa de estimulação
precoce e na pré-escola.
2.1.4
CONTEÚDO 4.
A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO SURDO
Aprendendo a Libras
Ideia-chave:
Libras é uma língua e não a deve ser confundida com a mímica, a Libras está em evolu-
ção principalmente pelas criações que os mais jovens vêm realizando; apesar de surdos e ou-
106
MARLENE CARDOSO
vintes terem línguas diferentes, podem conviver enquanto comunidade una e indivisível. É
uma convivência boa para ambos só será satisfatória se houver um esforço bilateral de se a-
proximarem reciprocamente pelas duas línguas.
A Língua Brasileira de Sinais é um sistema linguístico legítimo e natural, utilizado pela
comunidade surda brasileira, de modalidade gestual-visual e com estrutura gramatical inde-
pendente da Língua portuguesa falada no Brasil. A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, possi-
bilita o desenvolvimento linguístico, social e intelectual daquele que a utiliza enquanto ins-
trumento comunicativo, favorecendo seu acesso ao conhecimento cultural-científico, bem
como a integração no grupo social ao qual pertence.
As pessoas surdas consideram que por ser a LIBRAS uma língua própria da comunidade
surda brasileira, deve-se procurar garantir que o ensino desta língua seja realizado, preferenci-
almente, por professores/instrutores surdos, viabilizando dessa forma maior riqueza interativa
cultural entre professor/instrutor surdo e alunos. Diante de tal colocação, se faz necessário
capacitar cada vez mais surdos para serem professores e instrutores conforme as exigências
legais e o proposto pelas federações e associações de surdos.
Vamos começar a utilizar a Língua Brasileira de Sinais. É importante para a inclusão do
surdo na escola regular e na sociedade que profissionais que lidam com essas pessoas, devem
aprender a se comunicar através da LIBRAS.
Podemos perceber que um curso de língua de sinais não pode apenas ensinar a falar
com as mãos. Você terá que se apropriar de outros conhecimentos (que apareceu ao longo
deste módulo) para poder utilizar a LIBRAS com um veículo poderoso de aprendizado para o
aluno surdo. Literalmente: mãos à obra.
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do
ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais podem ser en-
contrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais:
107
LIBRAS
1-Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto
manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou es-
querda para os canhotos), ou pelas duas mãos.
2-Ponto de articulação: É o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou se-
ja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço
neutro.
108
MARLENE CARDOSO
Muita atenção!
Aqui, disponibilizamos neste material para você o alfabeto dos sinais. Comece a
exercitar as suas mãos.
Não tenha receio e seja curioso!
Alfabeto da Libras
109
LIBRAS
Agora que você sabe muita coisa sobre a comunidade surda, propomos algumas pala-
vras abaixo para que você possa praticar certo?
Vamos lá!
Agora para fixar o alfabeto LIBRAS treine falar com as mãos as seguintes palavras:
110
MARLENE CARDOSO
111
LIBRAS
Lembre-se!
Digitar uma palavra ou frase em LIBRAS, só é utilizado quando aquela palavra não
tem o sinal específico.
Datilologia (alfabeto manual): palavra separada, letra por letra.
Ex: C-E-R-T-O = c-e-r-t-o
Sinal e um gesto feito utilizando as duas mãos simultaneamente ou apenas uma delas.
Ex: O sinal de Certo é:
Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras/
Vamos aprender agora a diferença entre digitalizar ou utilizar um sinal para uma
mesma palavra ou frase. Fique atento...
Isso aumentará a sua agilidade na conversação.
Observe que a configuração da mão é a mesma para as várias palavras, só difere na posi-
ção da articulação: para o verbo aprender, na testa, no dia da semana sábado, na boca. No caso
da fruta/cor laranja o que vai diferenciar é o contexto da frase.
Vejamos alguns sinais mais usados. Prepare-se! E lembre-se: quanto mais treinar, mais
rápido o aprendizado. Só depende de você.
112
MARLENE CARDOSO
Vamos começar pelos sinais de saudação. Que tal na próxima aula você entrar na sala e
saudar seus colegas em LIBRAS?
Saudações:
Repare que os sinais de saudação iniciam com a palavra boa ou bom e seguido do perío-
do, tarde, noite ou dia são sinais compostos. Observe:
113
LIBRAS
114
MARLENE CARDOSO
Os sinais da família:
Muita atenção com os verbos. A LIBRAS não tem em suas formas verbais a marca de
tempo como o português. Dessa forma, quando o verbo refere-se há um tempo passado, futu-
ro ou presente, o que vai marcar o tempo da ação ou do evento serão itens lexicais ou sinais
adverbiais como ONTEM, AMANHÃ, HOJE.
Antes de qualquer coisa vamos aprender os sinais de alguns verbos. Os verbos serão a-
presentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são feitas no espaço.
115
LIBRAS
Os sinais que veiculam conceito temporal, em geral, vêm seguidos de uma marca de pas-
sado, futuro ou presente da seguinte forma: movimento para trás, para o passado; movimento
para frente, para o futuro; e movimento no plano do corpo, para presente.
É interessante notar que uma linha do tempo constituída a partir das coordenadas pas-
sado (atrás); presente (no plano do corpo); futuro (na frente) pode ser observada também em
línguas orais como português e o inglês. Além disso, a LIBRAS utilizam as expressões faciais e
corporais para estabelecer tipos de frases. Por isso para perceber se uma frase em LIBRAS está
na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa, precisa-se estar atento
às expressões faciais e corporais, que são feitas simultaneamente com certos sinais ou com
toda a frase.
Podemos perceber que temos muitos sinais para aprender. Contudo, é necessário que
tenhamos em mente que gravar os sinais depende muito do contato diário que deveremos ter
com os surdos, ou seja, quanto mais treinar com a comunidade surda mais fácil ficará sua co-
municação.
É possível que você já consiga entabular uma conversa com um surdo apesar dos poucos
sinais vistos até agora. Portanto, cuidado. Ainda não poderemos nos aventurar em ser um
intérprete de LIBRAS. Senão, incorreremos no mesmo equívoco que a maioria dos ouvintes
faz ao tentar se comunicar com poucos sinais com o surdo. Normalmente o ouvinte diante de
um surdo fala mais alto, pausadamente, ou usando gestos ou sinais acreditam que conseguirão
dialogar sem maiores problemas.
116
MARLENE CARDOSO
Para ser interprete é preciso conhecer profundamente a LIBRAS e a cultura surda e ser
um mediador da comunicação entre o surdo e o ouvinte. Se tomarmos, por exemplo, a sala de
aula o trabalho do intérprete precisa ser negociado de modo a não gerar conflitos, devendo
ocorrer de forma integrada com o trabalho e o papel do professor. A relação professor – intér-
prete não pode resumir-se a um “estar junto numa mesma sala de aula”, precisa ser o resulta-
do de uma construção conjunta, harmoniosa, visando ao êxito pedagógico da criança surda.
Pode-se dizer ainda que o ato de interpretar corresponde ao processo cognitivo pelo
qual se trocam mensagens de uma língua a outra, sejam elas orais ou sinalizadas.
117
LIBRAS
sentido, o intérprete é um sujeito Bilíngue que intermedeia a comunicação entre duas pessoas
que falam apenas uma língua, e no caso em que estamos tratando o intérprete, viabiliza a co-
municação entre um sujeito que se comunica com a Libras e o português, enquanto o outro
domina apenas o português.
A habilidade requerida num profissional intérprete é a competência da Língua Portu-
guesa e na Língua Brasileira de Sinais. Esta competência deve ser constantemente reforçada
por meio do contato com a comunidade surda.
Nesta sentença, além da concordância sujeito-predicado que determina quem faz o que
no evento descrito pelo verbo da sentença, a ordem também é significativa porque senão não
saberíamos qual é o sujeito da sentença “o leão matou o urso” porque tanto o constituinte “o
leão” quanto o constituinte “o urso” podem concordar com o verbo.
Entretanto, a primeira sentença poderia ter o seu último constituinte deslocado para a
frente da sentença através de operações como por exemplo a topicalização:
Note-se, porém, que nos dois casos houve necessidade de apelo a mecanismos não mui-
to usado do tipo entoação e uso da preposição “a”. Nestes casos, “o urso” continua sendo o
118
MARLENE CARDOSO
objeto direto de “matar” e “o leão”, o seu sujeito, apesar de termos a topicalização do objeto,
isto é, apesar do objeto direto ser o tópico da sentença e o sujeito e o verbo serem o comentá-
rio do tópico.
A topicalização é relativamente frequente em português, principalmente, na fala colo-
quial. Entretanto, em LIBRAS, a frequência é maior, diríamos até que é regra geral.
Animais:
Gênero:
Tempo:
119
LIBRAS
Antônimos:
Frutas:
Outros sinais:
Pesquise:
http://www.acessobrasil.org.br/libras
120
MARLENE CARDOSO
Sugestão de filmes
Mais uma vez trazemos algumas sugestões de filmes para enriquecer o seu estudo sobre
a realidade de pessoas surdas e sua comunicação através da LIBRAS.
FILME: Alpine Fire (Suíça)
Resumo: Este filme conta a história de um menino que fala a língua de sinais e mostra
de forma muito interessante esta forma de comunicação.
121
LIBRAS
122
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL
123
LIBRAS
ESTUDO DE CASO
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 3,
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus
colegas no fórum da disciplina.
Caso 3
Marta, 25 anos, perdeu a audição aos 8 anos devido ao uso de medicamentos ototóxicos.
Desde que a família percebeu a dificuldade auditiva da filha mais velha, encaminharam imedi-
atamente a um especialista em fonoaudiologia que a acompanha sistematicamente.
Marta usa constantemente o aparelho auditivo, sem o qual ela ouve somente sons fortes
como o barulho do avia e não consegue ouvir a voz das pessoas. Apesar da surdez parcial,
Marta articula corretamente as palavras.
Durante o dia Marta ajuda o pai no mercadinho da família e à noite faz cursinho pré-
vestibular.
Reflita a partir da análise do caso descrito, tendo por base as solicitações feitas abaixo:
Considerando os casos 1 e 2 descritos no módulo, estabeleça uma comparação entre a
qualidade de vida alcançada por Marta (caso 3) e as pessoas descritas nos casos 1 e 2.
Bom trabalho!
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Revisão
Agora que você já se apropriou dos conceitos e concepções tratados ao longo dos
conteúdos do nosso Tema 3, sistematize seu conhecimento com as questões abaixo.
Bom trabalho!
124
MARLENE CARDOSO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares
Leia o texto abaixo e responda as questões 1 e 2
125
LIBRAS
QUESTÃO 01
Analise o texto acima e descreva as diferenças entre este texto e um texto padrão da lín-
gua portuguesa observadas por você.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
QUESTÃO 02
Após identificar os pontos de diferenciação entre a forma de um surdo escrever um tex-
to e o texto de um oralista, reescreva este texto acrescentando os elementos da língua portu-
guesa.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
QUESTÃO 03
Qual a diferença estrutural existente entre a Libras e a língua portuguesa? Qual a ordem
predominante no português?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
126
MARLENE CARDOSO
QUESTÃO 04
Descreva como se caracteriza um intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), ci-
tando quais as habilidades requeridas neste profissional.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
QUESTÃO 05
Descreva caracteristicas da comunidade de surdos no Brasil. Em seguida analise quais
fatores podem contribuir para que esta comunidade tenha as características citadas por você.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2.2
TEMA 4.
CIDADANIA E DIREITOS DA COMUNIDADE SURDA NO BRASIL
E NO MUNDO
2.2.1
CONTEÚDO 1.
EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS
A Educação Especial, em sua definição atual, é entendida como uma modalidade que
abrange os diferentes níveis de eduacação escolar, ou seja, educação infantil, educação
fundamental, educação média e educação superior.
127
LIBRAS
No ano de 1990, aconteceu a Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos. A edu-
cação aparece como preocupação mundial. O tema foi motivo de vários estudos e encontros.
Na Espanha, durante a Conferência Mundial de Necessidades Educacionais Especiais, foi a-
provada a Declaração de Salamanca no ano de 1994, cujos princípios norteadores trouxeram
impacto direto para o alcance de direitos por parte das pessoas que têm alguma deficiência, o
que tem repercutido na crescente ampliação dos seus direitos de cidadania e na transformação
da sociedade para um modelo inclusivo e mais equitativo.
128
MARLENE CARDOSO
A promoção de aprendizagem;
O reconhecimento da importância da "escola para todos";
A formação de professores.
Os aspectos políticos – ideológicos que estão embutidos nos princípios desta Declara-
ção, nos leva a pensar num mundo inclusivo, onde todos têm direito à participação na socie-
dade, fazendo valer a democracia de forma cada vez mais ampla.
FONTE: DISPONÍVEL EM: WWW.INFOJOVEM.ORG.BR/
A nova LDB 9.394/96 em seu capítulo V coloca que a educação dos portadores de neces-
sidades especiais deve se dar de preferência na rede regular de ensino, o que traz uma nova
concepção na forma de entender a educação e integração dessas pessoas.
Por educação inclusiva se entende o processo de inclusão dos portadores de necessida-
des especiais ou distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus
graus.
Educação especial
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império
com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual
Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto
Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro.
129
LIBRAS
130
MARLENE CARDOSO
HELENA ANTIPOFF
FONTE: HTTP://WWW.CLIOPSYCHE.UERJ.BR/ARQUIVO/ANTIPOFF.HTML
131
LIBRAS
Educação Inclusiva
Não é uma tarefa fácil, sabemos disso! Mas é necessário, pois caso contrário não alcan-
çará o objetivo de incluir e sim excluiremos.
132
MARLENE CARDOSO
Integração
Isto significaria que a todos os membros de uma sociedade deveriam ser fornecidas o-
portunidades iguais de participar em atividades comuns àquelas partilhadas por grupos de
idades equivalentes.
133
LIBRAS
As escolas regulares passaram a ter a tarefa de educar a todos os alunos, apesar das dife-
renças, incapacidades, interesses que eles apresentassem. A obrigatoriedade da oferta de edu-
cação para todos levou a uma reavaliação da função e organização das escolas que deveriam
ser mais abrangentes, ou seja, integradora e não excludente.
134
MARLENE CARDOSO
A integração defendida pela equipe da educação especial, vem produzindo efeitos posi-
tivos tanto individuais como sociais. Do ponto de vista individual, otimiza as possibilidades de
desenvolvimento físico, intelectual e social de todos os alunos.
DANÇA FLAMENCA – ESPANHA
FONTE: HTTP://UNIESPANOLLOMEJOR.BLOGSPOT.COM/2010_04_01_ARCHIVE.HTML
135
LIBRAS
A Declaraçãoo de Salam
manca, procllamada na Espanha, em e sintoniaa com a Deeclaração
Mundiaal sobre Eduucação paraa Todos, connclama a Universalizaç
U ção do ensiino e advogga a edu-
cação de
d qualidadee para os alu
unos que appresentam dificuldades
d s de escolarrização, deccorrentes
de suas condições individuais,
i econômicaas ou sociocculturais.
Vamos co
onhecer um
m pouco maiis esta histó
ória
DOM PEEDRO II – HERNEST HUET
FONTE: HTTP://WWW.B
BAILLEMENT.COM
M/INTERNES/HUEET.HTML
Peesquise no site
s a seguirr, pois esta história
h com bro de 1857, durante
meçou em 266 de setemb
o Impérrio de D. Peedro II, quaando o proffessor franccês Hernest Huet fundo
ou, com o apoio
a do
imperad
dor, o Impeerial Institutto de Surdo
os Mudos, que
q depois ses tornou Innstituto Naccional de
Educaçãão de Surdoos:
1ª ESCOLA DE SURDOS D
DO BRASIL
FONTTE: WWW.INES.O
ORG.BR
136
MARLENE CA
ARDOSO
2.2.2
CONTEÚDO 2.
REFLEXÕES SOBRE A PRÁXIS PEDAGÓGICA E A MEDIAÇÃO NA
LINGUAGEM ESCRITA
“Eu realmente não acredito que consigamos criar vidas artificiais. Mas, depois de
haver atingido a lua e de ter pousado uma ou duas naves em Marte, eu vejo que essa minha
descrença significa muito pouco. Mas os computadores são totalmente diferentes dos
crebros, cuja função não é primariamente a de computar, mas a de guiar e equilibrar um
organismo e ajudá-lo a continuar vivo. É por está razão que o primeiro passo da natureza
em direção a uma mente inteligente foi a criação da vida, e eu acho que se nos pudéssemos
criar artificialmente uma mente inteligente deveríamos seguir o mesmo caminho”
Fonte: Carta de um surdo (p. 261-20).
Foi num congresso em Milão em 1880 que um grupo não muito numeroso de educado-
res ouvintes impôs a superioridade da língua oral sobre a língua de sinais. O importante não
era a comunicação em si, mas a necessidade de tornar os surdos parecidos com os ouvintes.
Atualmente, devido à resistência da comunidade surda, o oralismo perde espaço para
outras formas de buscar o fortalecimento da identidade das pessoas surdas. A partir daí, edu-
cadores comprometidos em apoiar o desenvolvimento intelectual, psicossocial e cognitivo dos
surdos, começam a defender a luta para reconhecer a Língua Brasileira de Sinais como sendo a
língua materna do surdo.
Nunca o conhecimento e a aprendizagem foram tão valorizados como atualmente. Esta
é uma clara indicação de que já vivemos na sociedade do conhecimento. E, portanto, os seus
processos de aquisição assumirão papel de destaque, de primeiro plano, exigindo o repensar
dos processos educacionais, em especial daqueles que estão diretamente relacionados à escola.
No momento em que a civilização moderna passa por diversas mudanças, no plano eco-
nômico, educacional e social, a escola é uma das instituições que possibilita ao homem do
nosso tempo, interferi nesse processo, agilizando etapas para construir um novo modelo de
desenvolvimento social, no qual a ampla maioria da população tem acesso ao conhecimento,
necessário à sua qualidade de vida e à realização de ideais de ética, solidariedade e humanis-
mo.
A velocidade das mudanças que ocorrem na sociedade torna impossível pensar se a es-
cola dará conta de prover todo o conhecimento de que um profissional necessita. A escola será
um – entre muitos outros – dos ambientes e, que será possível adquirir conhecimento. Para
tanto, ela terá que incorporar os mais recentes resultados das pesquisas sobre aprendizagem e
assumir conhecimento, desenvolvendo, assim, competências e habilidades para poder conti-
nuar a aprender ao longo da vida.
137
LIBRAS
Os mais recentes estudos sobre aprendizagem fornecem importantes resultados que po-
dem ser usados na análise do que acontece com a educação hoje. O trabalho de Piaget mostra
que as pessoas têm uma capacidade de aprender a todo o momento. Aprendemos a andar, a
falar, a ser profissionais, a educar os filhos etc. Aprendemos tudo isso vivendo, fazendo as coi-
sas e interagindo com as pessoas, não somente sendo ensinados. Além disso, toda pessoa tem
a capacidade de ensinar, transmitir a cultura e valores da coletividade em que está inserido.
Tal fato acontece desde a primeira interação mãe-filho. Portanto, aprendemos e ensinamos
porque precisamos resolver problemas reais e interagir com as pessoas.
Uma das pautas de discussão da modernidade é o pensar e repensar constantes sobre o
papel do ambiente socioeconômico-cultural em relação ao diferente. A inclusão tem sido um
tema muito debatido. Ela abrange conceitos como respeito mútuo, compreensão, apoio e e-
quidade. Não é uma tendência, um processo ou um conjunto de procedimentos educacionais
passageiro a serem implementados. Ao contrário, a inclusão é um valor social que se conside-
rado desejável, torna-se um desafio no sentido de determinar modos de conduzir nosso pro-
cesso educacional e profissional para promovê-la.
A pesquisa sobre a educação dos surdos, vem tomando um espaço cada vez maior nas
reflexões teóricas dos que atuam com os mesmos. Encontro-me há anos realizando, com pro-
fessores e alunos surdos, tanto na rede particular, quanto na municipal e estadual de ensino da
Bahia, um trabalho de orientação e de sala de aula na qual a ação pedagógica é frequente.
Durante muito tempo houve uma incerteza quanto às propostas de ensino dos deficien-
tes auditivos, devido à divisão de conceitos na qual, havia uma dicotomização referente ao
trabalho prático e as questões teóricas. A insatisfação e a inquietação são constantes no que se
diz respeito às dificuldades dos surdos. Fora sempre relevante refletir sobre as dificuldades
destes em transpor suas ideias e opiniões para a escrita na língua portuguesa e diminuir o dis-
tanciamento da escrita em Libras10.
O convívio com os anseios dos professores e de outros profissionais em relação à escrita
dos surdos e seus entraves, demonstra a necessidade de um aprofundamento para compreen-
der e superar as dificuldades entre os limites da Libras e do Português. A utilização da Língua
de Sinais é fundamental para entender a ausência de alguns elementos do texto (conectivos,
preposição, tempo verbal, concordância verbal e nominal) e esclarecimento das dúvidas entre
professor e aluno. Pesquisadores abordam que o fracasso destes perpassa pela falta de signifi-
cados de sua língua (Libras), causando um índice de analfabetismo muito alto.
A experiência com os surdos impõe a necessidade de compreender o seu mundo subje-
tivo, para só então fazer algo por ele e com ele. Qualquer atuação profissional com esses sujei-
10
Língua Brasileira de Sinais, segundo a Federação Nacional de Educação de Surdos (FENEIS).
138
MARLENE CARDOSO
tos implica em uma disposição, em fazer mudanças; não apenas no próprio enquadre através
de adaptações, como também na visão de mundo daquele que faz esta escolha.
Para o profissional da educação que trabalha com a palavra, com a língua e a comunica-
ção, estar diante de alguém que não fala, constitui um desafio; trabalhá-lo é crer, acima de
tudo no seu potencial e no do individuo. Já faz parte do senso comum dizer que os professores
estão buscando novos caminhos para trabalhar com essas pessoas que se utiliza de uma outra
língua na sua comunicação, a Língua Brasileira de Sinais.
Um novo saber se impôs no cenário profissional. Nessa perspectiva, os desafios que te-
mos a enfrentar são inúmeros, e toda e qualquer investida no sentido de se ministrar um ensi-
no de qualidade implicam na adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações
atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções tipicamente escolares,
que têm nos objetivos pedagógicos sua eficácia para o ensino destes.
Portanto devemos enfrentar e analisar essa realidade, reconhecendo que os professores
não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais que não se reduzem ao
domínio dos conteúdos a serem ensinados (Perrenoud, 2000). O professor precisa planejar,
atuar e avaliar suas intervenções para cada contexto singular, o que significa um trabalho con-
tínuo de estudos e reflexões sobre a sua prática.
Construir uma educação capaz de ligar os conhecimentos às práticas sociais, tornar es-
ses conhecimentos artefatos para a construção da cidadania, orientada para a autonomia e a
democracia, são aprendizados necessários aos educadores do nosso tempo. Philippe Perre-
noud (2000) refere-se à necessidade da escola como espaço de mobilização de conhecimentos
para a construção de competências, de indivíduos que saibam agir em uma sociedade mutante
e complexa.
139
LIBRAS
na. Os resultados das pesquisas epistemológicas realizadas por ele, seus colaboradores e suces-
sores, auxiliam sobremaneira a compreensão do desenvolvimento humano e da aprendizagem
no que se refere à lógica matemática e suas relações com a linguagem e com a construção da
moral.
Leia com atenção o que a Lei 10.436/2 e note que ela abre caminhos para um ensino e
formação que garantir acessibilidade dos surdos aos meios de comunicação.
Conhecer as Leis, decretos e portarias aqui apresentados é difundir cidadania. Pense
nisso!
Análise Contrastiva
É uma metodologia, geralmente associada ao ensino de uma segunda língua. Entretanto,
pode-se afirmar que os recursos que são utilizados na sala de apoio se assemelham aos propos-
tos por essa metodologia. São estabelecidas as similaridades e as diferenças entre a língua-alvo,
a ser aprendida e a língua materna com a finalidade de facilitar a aprendizagem da segunda
língua pelos indivíduos que já possuem uma primeira língua. Esse procedimento de comparar
as duas línguas é aplicado pela linguística contrastiva.
140
MARLENE CARDOSO
2.2.3
CONTEÚDO 3.
DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALAMANCA
141
LIBRAS
142
MARLENE CARDOSO
143
LIBRAS
144
MARLENE CARDOSO
2.2.4
CONTEÚDO 4.
DERRUBANDO MITOS E CRENÇAS NO TRABALHO COM O SURDO
SUPER INTERESSANTE
O texto a seguir faz parte do trabalho de pesquisa sobre a Língua de Sinais, da linguista
Ronice Muller de Quadros e Karnopp, que aborda os mitos que envolvem a língua de sinais.
Várias pessoas acreditam em coisas que não necessariamente são verdadeiras. Obser-
vamos nos discursos das pessoas que não conhecem os surdos e as línguas de sinais que há
uma serie de crenças que não correspondem à realidade. As pessoas pensam essas coisas sobre
as línguas de sinais, porque por muitos anos houve ideias a respeito a que foram disseminadas
por questões filosóficas, religiosas, políticas e econômicas. Talvez você mesmo pense que essas
coisas sejam verdadeiras. Não se sinta culpado, pois isso é fruto do desconhecimento. Apesar
do impacto dessas concepções, as pesquisas avançaram muito e nos mostraram que tais con-
cepções são equivocadas. Estaremos, portanto, apresentando evidências para desmistificar tais
ideias.
MITO 1 – A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta,
incapaz de expressar conceitos abstratos.
DESMISTIFICAÇÃO: Tal concepção está atrelada à ideia filosófica de que o mundo das
ideias é abstrato e o mundo dos gestos é concreto. O equivoco desta concepção é entender
sinais como gestos, na verdade os sinais são palavras apesar de não serem orais auditivas. Os
sinais são tão arbitrários quanto às palavras. A produção gestual na língua de sinais também
acontece como observado nas línguas faladas. A diferença é que no caso dos sinais, os gestos
também são visuais – espaciais tornando as fronteiras mais difíceis de ser estabelecidas. Os
sinais das línguas de sinais podem expressar quaisquer ideias abstratas. Podemos falar sobre as
emoções, os sentimentos, os conceitos em línguas de sinais, assim como em línguas faladas.
145
LIBRAS
MITO 2 – haveria uma única e universal língua de sinais usada por todas as pessoas
surdas.
DESMISTIFICAÇÃO: Esta ideia está relacionada com o mito anterior. Se as línguas de
sinais são consideradas gestuais, então elas são universais. Isto é uma falácia, pois as várias
línguas de sinais que já foram estudadas são diferentes uma das outras. Assim como as línguas
faladas, temos línguas de sinais que pertencem a troncos diferentes. Temos pelos menos dois
troncos identificados, as línguas de origem francesa e as línguas de origem inglesa. Provavel-
mente, a nossa língua de sinais pertence ao tronco das línguas de sinais que se originaram na
língua de sinais francesas.
MITO 3 – Haveria uma falha na organização gramatical da língua de sinais que seria de-
rivada das línguas de sinais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às
línguas orais.
DESMISTIFICAÇÃO: Como as línguas de sinais são consideradas gestuais, elas não po-
deriam apresentar a mesma complexidade das línguas faladas. Isso também não é verdadeiro,
pois em primeiro lugar as línguas de sinais são línguas de fato. Em segundo lugar as línguas de
sinais independem das línguas faladas. Um exemplo que evidencia isso claramente é que a
língua de sinais portuguesa é de origem inglesa e a língua de sinais brasileira é de origem fran-
cesa, mesmo sendo o português a língua falada nos respectivos países, ou seja, Portugal e Bra-
sil. Como essas línguas de sinais pertencem a troncos diferentes elas são muito diferentes uma
da outra. É claro que não podemos negar o fato de ambas as línguas estarem em contato prin-
cipalmente entre os surdos letrados. O que se observa diante deste contato é que, assim como
observado que entre línguas faladas em contato, existem alguns empréstimos linguísticos. Pa-
ra, além disso, as línguas de sinais não têm relação com a língua falada do seu país. Elas são
autônomas e apresentam o mesmo estatuto linguístico identificados nas línguas faladas, ou
seja, dispõem dos mesmos níveis linguísticos e são tão complexas quanto as línguas faladas.
MITO 4 – A língua de sinais seria um sistema de comunicação superficial, com conteú-
do restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação
oral.
DESMISTIFICAÇÃO: Como as línguas de sinais são tão complexas quanto as línguas
faladas, esta afirmação não procede. Nós já vimos que a língua de sinais pode ser utilizada
para inúmeras funções identificadas na produção das línguas humanas. Você pode usar a lín-
gua de sinais para produzir um poema, uma história, um conto, uma informação, um argu-
mento. Você pode persuadir, criticar, aconselhar, entre tantas outras possibilidades que se
apresentam ao se dispor de uma língua. Assim, a língua de sinais não é inferior a nenhuma
outra língua, mas sim, tão linguisticamente reconhecida quanto qualquer outra coisa.
MITO 5 – As línguas de sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos ou-
vintes.
146
MARLENE CARDOSO
Sugestão de filme
Chegando ao final das nossas reflexões nesta disciplina, sugerimos mais dois filmes para
refletir sobre tudo que estudamos juntos até aqui.
Filme: E Seu Nome é Jonas (USA/1979)
Jonas (And Your Name Is Jonah?)
Resumo: Nesta produção vemos uma história em que é ensinada a língua de sinais para
que uma criança surda possa sair do isolamento.
147
LIBRAS
148
MARLENE CARDOSO
MAPA CONCEITUAL
149
LIBRAS
ESTUDO DE CASO
Utilizando o conhecimento que você adquiriu com o estudo dos conteúdos do tema 4,
analise o caso abaixo e responda as questões. Em seguida discuta suas conclusões com seus
colegas no fórum da disciplina.
Caso 4
Antonio nasceu surdo devido à mãe ter adquirido rubéola durante a gravidez. Hoje aos
27 anos, não articula uma única palavra e ouve somente sons fortes como o barulho do trovão.
A surdez não impede que Antônio seja uma pessoa bastante produtiva, envolvendo-se
em várias atividades. Ele lidera a associação de surdos da sua cidade e trabalha como instrutor
de LIBRAS em uma escola.
Apesar disso, ele tem tido dificuldades para cumprir as exigências da rede regular de en-
sino e somente aos 26 anos, após repetir vários anos, conseguiu concluir o ensino médio, o
que exibe para todos com muito orgulho o seu diploma.
Questões:
1. Qual a causa da surdez de Antonio? Explique o período natal que ocorreu.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Considerando o caso de Marta (caso 3) e o de Antônio (caso 4) identifique a classifi-
cação da surdez de Marta, especificando a média da perda auditiva.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Vamos lá!
Agora que você estudou e refletiu sobre a Libras, bem como sobre as questões relativas
ao universo social dos surdos, podemos testar conhecimentos fazendo uma pequena
revisão a partir de algumas questões do ENADE.
Caso tenha dúvidas para responder as questões, busque rever os conteúdos discutidos
ao longo deste texto.
150
MARLENE CARDOSO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE, adaptadas do ENADE ou similares
QUESTÃO 01
O interprete de libras é o mediador entre a comunidade surda e ouvinte, nos últimos
anos, a presença do interprete de língua de sinais, tem ganhado espaço. Sobre o interprete é
aponte as alternativas verdadeiras e falsas:
I. Devido ao desconhecimento da maioria da população sobre a Libras, torna-se
necessário que existam intérpretes nos mais diversos setores da sociedade, públi-
cos e privados.
II. As condições essenciais para atuar como intérprete é ter domínio da Libras (e
também da Língua Portuguesa) e, fundamental, da cultura da comunidade surda
e ouvinte – além de boa audição.
III. O intérprete deve adotar uma maneira de se vestir de acordo com seu gosto, po-
dendo utilizar de adereços, acessórios sem nenhum problema.
IV. A interpretação entre a língua oral e de sinais é uma atividade bilingue – bicultu-
ral.
Assinale as alternativas corretas:
a) I, II, III
b) I, II, IV
c) II, III, IV
d) I, III, IV
QUESTÃO 02
Alguns bebês nascem ouvindo, já outros precisam de sua ajuda para terem esta oportu-
nidade, ouvir é fundamental para o desenvolvimento da fala e da linguagem. O teste da ore-
lhinha é um método eficaz e moderno para diagnosticar problemas de surdez em recém-
nascidos. Sobre a prevenção da surdez podemos desconsiderar que:
a) Os bebês que nascem com problemas de audição de um ou dois ouvidos, neces-
sitam receber ajuda nos primeiros anos de vida.
b) O diagnóstico após os seis meses de idade traz prejuízos ao desenvolvimento do
bebê e na relação com o meio à sua volta.
151
LIBRAS
c) O bebê com perda auditiva diagnosticada logo depois que nasce, e realizando o
tratamento até os seis meses de idade apresentam desenvolvimento muito pare-
cido com o de uma criança que não apresenta este problema.
d) Todo recém-nascido pode apresentar problemas de audição ou adquiri-los nos
primeiros anos de vida. Pode ocorrer mesmo sem casos de surdez na família ou
outros fatores de risco.
QUESTÃO 03
A exclusão existe desde a antiguidade. Há povos que sacrificavam pessoas devido a sua
deficiência. Não somente em Roma, mas também na Grécia antiga, os surdos eram considera-
dos incapazes de raciocinar e insensíveis (SOUZA, 1998). Com base na afirmativa, sobre o
processo histórico e social do surdo podemos afirmar que:
I. no século XVI para que o surdo pudesse ter acesso a educação era necessário o
domínio da Língua de Sinais.
II. o uso da língua de sinais pelos surdos é um dos elementos que identifica a dife-
rença e gera atitudes de anormalidade.
III. os surdos eram considerados pessoas imprestáveis e amaldiçoadas e extermina-
dos através de infanticídio "legalizado".
IV. IV- a partir do Congresso de Milão de 1880 o ensino da fala passa a ocupar cen-
tralidade máxima como meio e fim da educação do surdo.
Assinale as alternativas corretas:
a) I, II, IV
b) I, III, IV
c) I, II, III
d) II, III, IV
QUESTÃO 04
Leia o depoimento a seguir: “[...] o que mais marcou na minha vida na escola foi quando
a professora disse para mim que fazer os sinais é muito feio, que eu era igualzinho a um maca-
co, disse que eu sou parecida com o macaco e me obrigava a não fazer os sinais, [...]” (depoi-
mento de uma surda, 2005).
Essa prática utilizada pela professora descrita acima apresenta características do modelo
educacional:
152
MARLENE CARDOSO
QUESTÃO 05
A educação para alunos surdos deverá apresentar serviços especializados com propostas
pedagógicas de educação bilíngue que ofereça uma escolarização formal, na Educação Infantil,
Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio. Com base nessa afirmativa e em seus conhecimentos
sobre o processo de ensino aprendizagem, analise as afirmações que seguem.
I. A criança surda ao chegar a uma sala de aula regular deverá ter acesso às ativida-
des lúdicas, tais como jogos e brincadeiras iguais ao demais grupo.
II. O professor ao planejar suas aulas deverá priorizar em sua prática docente ativi-
dades relativas à realidade da sua turma já que em geral os alunos surdos são ex-
cluídos dos trabalhos em grupo e das exposições orais.
III. Os Jogos são recursos irrelevantes para a educação dos alunos surdos. Limitando
seu desenvolvimento cognitivo e linguístico.
IV. Os professores deverão ser capacitados para o atendimento às necessidades edu-
cacionais especiais dos alunos surdos utilizando atividades ilustrativas, com de-
senhos e imagens.
Estão de acordo com o processo pedagógico apenas as afirmações:
a) II, III e IV
b) I, III e IV
c) I, II e III
d) I, II e IV
153
LIBRAS
154
MARLENE CARDOSO
GLOSSÁRIO
155
LIBRAS
156
MARLENE CARDOSO
REFERÊNCIAS
157
LIBRAS
sorda.eu/resources/Fernandes_praticas_letramentos+surdos_2006.pdf.>, acesso em
12.03.2010
FERNANDES, E. Problemas linguísticos e cognitivos do surdo. Porto Alegre: Agir, 1990.
FERNANDEZ, S. M. M. A educação do deficiente auditivo: um espaço dialógico de
produção de conhecimentos. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: EDITORA, 1993.
FREIRE, P. Pedagogia e autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 1997.
FROMKIN, Victoria; RODMAN, Robert. An introduction to language. 3 ed. New York:
Holt, Rinehart and Winston, 1978.
GÓES, M. C. R. A linguagem escrita de alunos surdos e a comunicação bimodal. Tese de
Livre-docência defendida em Campinas: FE/Unicamp, 1994.
GOMES, Ana Maria P. Repensando o conceito de surdez. In: Psicosurdos: Psicologia da
surdez. 2009. Disponível em <http://psisurdos.blogspot.com/2009/10/repensando-o-
conceito-de-surdez-por-ana_1852.html>, acesso em 10 de março de 2010.
INES, Série audiologia. Rio de Janeiro: Gráfica Imprima, 2003.
LANE, Harlan. A máscara da benevolência: a comunidade surda amordaçada.
Lisboa: Instituto Piaget, 1992.
LIDDELL, Scott K. Grammar, gesture and meaning in American sign language. Cambridge:
Cambridge University Press, 2003.
MARTIN, Robert . Para entender a linguística: epistemologia elementar de uma disciplina.
São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
MARTINS, Carlos H. F; YOSHIMOTO, Fabiana R; FREITAS, Priscila Z. Síndrome de
Waardenburg: achados audiológicos em 2 irmãos. In: Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia, vol. 69, nº1, p.117-119,jan-fev/2003. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/rboto/v69n1/a19v69n1.pdf>, acesso em 11.01.2010.
MOREIRA, Marco A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. 132 p.
PERLIN, Gladis e MIRANDA, Wilson. Surdos: O narrar e a política In: Estudos Surdos -
Ponto de vista: Revista de Educação e Processos Inclusivos, nº. 5, UFSC/NUP/CED,
Florianópolis, 2003.
PERLIN, Gladis e STROBEL, Karin. Fundamentos da educação de surdos Florianópolis:
UFSC/ NUP/CED, 2006. Disponível em
<http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/adl/fb/logs/Arquivos/textos/fu
ndamentos/Fundamentos%20da%20Educa%E7%E3o%20de%20Surdos_Texto-Base.pdf>
acesso em 29.04.2008.
PERRENOUD, P.H. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999
Disponível em <http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php, acesso em
22.03.2010.
158
MARLENE CARDOSO
PERRENOUD, P. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto alegre: Artes Médicas
Sul, 2000.
PETTER, Margarida. Linguagem, língua, linguística. In.: FIORIN, J.L (Org.). Introdução à
linguística. 2002.
PIAGET, J. O estruturalismo. Rio de Janeiro: Difel, 1979.
QUADROS, Ronice M. Educação de surdos. Aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1997.
QUADROS, Ronice M.; PERLIN, Gladis (Orgs.). Estudos Surdos II. In: Série Pesquisas.
Petrópolis: Editora Arara azul. 2007. Disponível em <http://www.editora-arara-
azul.com.br/estudos2.pdf>, acesso em 20.04.2010.
REIS, Caroline B.V; BRITO, Maria L.R. O futuro de seu filho em suas mãos. Disponível em
<http://www.apaetp.org.br/norelinha.htm>, acesso em 03.02.2010.
REVISTA, AMEM. Surdos, 1º trimestre, ano IV, nº10. Ed: AMEM. 2003.
REVISTA, FENEIS. Outubro/Dezembro, ano III, nº12. 2001.
REVISTA, Língua de Sinais. A imagem do pensamento. Vol 10. Ed. Escala. São Paulo, 2001.
SÁ, Nídia R. L. de. Cultura, poder e educação de surdos. Manaus: Editora da Universidade
Federal do Amazonas, 2002.
SACKS, Oliver W. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia
das Letras, 1998.
SASSAKI, Romeu K. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. In: Revista Nacional
de Reabilitação, ano V, nº 24, jan./fev. 2002, p. 6-9. Disponível em
http://saci.org.br/?modulo=akemi¶metro=7483, acesso em 17.05.2010.
______. Como chamar as pessoas que têm deficiência. In: Vida independente. São Paulo:
RNR, 2003, p. 12-15.
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. 9 ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1996.
SILVA, Luis I. L. da. Decreto nº 5.626/2005. Casa Civil da Presidência da República: DOU,
2005. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm>, acesso em 30.04.2010.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução as teorias do
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 156p.
SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação,
1998.
STROGENSKI, P.R. Linguagem e sujeito. Disponível em
http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/24001/1/metafora_e_cognicao.pdf, acesso
em 04.04.2010.
159
LIBRAS
STUMPF, Marianne R. Escrita de sinais III. Santa Catarina: UFSC, 2008. Disponível em:
http://www.signwriting.org/archive/docs6/sw0569-BR-2008-Stumpf-ELSIII.pdf, acesso em
17.05.2010.
VALENTE, José A. Aprendizagem continuada ao longo da vida e exemplo da terceira
idade. Disponível em
<http://www.redadultosmayores.com.ar/buscador/files/DESAR005.pdf>, acesso em
15.03.2010
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
UNESCO,. Declaração de Salamanca - Sobre princípios, políticas e práticas na área das
necessidades educativas especiais. Paris, 1994. Disponível em
http://redeinclusao.web.ua.pt/files/fl_9.pdf., acesso 10.03.2010.
160
MARLENE CARDOSO