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COLUNISTA

Direto da Fonte
Sonia Racy

Livraria ‘afetiva’ abre as portas no


Centro de SP
Marcela Paes
01 de agosto de 2021 | 00h50

O empurrão para Bruno Eliezer montar seu primeiro negócio – um sebo – partiu de uma “crise conjugal”. Sua
mulher, Vanessa, não aguentava mais dividir o espaço do apartamento dos dois com o outro grande amor do
jovem de Poços de Caldas: os mais de 6 mil livros que Eliezer acumulava.

“Ela me deu um ultimato e disse que eu tinha que tirar os livros de lá de qualquer jeito (risos). Aí, eu abri o sebo
Ponta de Lança, em janeiro de 2018”, explica. De lá pra cá, o livreiro transformou a paixão em profissão e agora
dá mais um passo na empreitada. Inaugura, na quarta-feira, a livraria Ponta de Lança, no bairro de Santa Cecília.
Com um acervo de 4 mil títulos, o espaço vai se debruçar, principalmente, sobre a literatura latino-americana. Do
montante, 500 serão livros seminovos e 500 livros considerados raros. Também promete ser um local de
encontros de clubes do livro, lançamentos e recitais de música. O café Naif – que já existe no bairro – terá uma
espécie de filial dentro da livraria e os produtos vendidos serão de pequenos comerciantes da vizinhança.

“A ideia é fazer com que as pessoas se sintam na sua própria casa. Os livros são a minha paixão e quero que mais
gente tenha contato com esse mundo. Hoje falamos tanto em autocuidado e ler também é uma forma de
autocuidado”, diz. Com a diminuição das visitas em seu sebo no período da pandemia e a falta de caixa, a
iniciativa para colocar a livraria de pé tem sido um esforço coletivo.
A primeira pessoa a ajudar foi a proprietária do imóvel, onde antes funcionava o bar Heute. “Ela já tinha fechado
com outro locatário e seria uma lavanderia. Mas, quando eu finalmente expliquei que queria abrir uma livraria,
ela mudou de ideia. Quis ajudar. As pessoas querem espaços como este. Faltava uma livraria no bairro com esse
princípio afetivo, menos comercial”, explica Eliezer.

O trabalho em equipe também continuou com a ajuda do designer Fuad Murad. Todo o mobiliário do local –
pertencente ao acervo de Fuad – estará a venda e a decoração da livraria ficará em constante mudança. “Para
quem não tinha nem um computador, as coisas estão caminhando”.

Eliezer não teme o terror de nove entre 10 donos de livrarias físicas, a Amazon. Hoje, a gigante internacional do
varejo abocanha uma grande fatia do mercado livreiro. “Aqui temos algo que eles nunca vão ter: o cheiro do livro,
a possibilidade do tato, do erro. Aqui nós temos imperfeições, mas também oferecemos a possibilidade do leitor
se apaixonar por algo que não esperava”.

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Sonia Racy
01 de agosto de 2021 | 00h45

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