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Expediente

Banco de imagens: Freepick (https://br.freepik.com/)


Governador de Pernambuco Autores
Paulo Henrique Saraiva Câmara Willderlânia Ximenes Cunha
George Bento Catunda
Vice-governadora de Pernambuco
Luciana Barbosa de Oliveira Santos Projeto gráfico
Clayton Quintino de Oliveira
Secretário de Educação de Pernambuco
Frederico da Costa Amâncio Revisão e catalogação
Hugo Carlos Cavalcanti (Crb4 - 2129)
Secretária-executiva de Educação
Integral e Profissional
Maria de Araújo Medeiros Souza

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

C972c
Cunha, Willderlânia Ximenes.
Criative: Inovação docente e Cultura Maker: Manual de orientação pedagógica /
Willderlânia Ximenes Cunha, George Bento Catunda. – Recife: Secretaria Executiva de
Educação Integral e Profissional, 2020.
57p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material produzido em março de 2020 para formação pedagógica em Inovação
docente e Cultura Maker destinada aos professores da Rede Estadual de ensino de
Pernambuco com oferta na modalidade a distância.

1. Educação. 2. Inovação. 3. Comunicação. 4. Criatividade. 5. Tecnologia. 6.


Informação. I. Catunda, George Bento. II. Título.
CDU – 37:658.004

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129

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Apresentação ............................................................................ 5
1. Pensando como designer ...................................................... 7
2. Inovação docente................................................................ 28
3. Cultura Maker na Escola ..................................................... 49
4. Aprendizagem é um processo ............................................. 54
Considerações finais ............................................................... 61

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Apresentação

Olá, professor(a)!

Este curso foi desenvolvido pela Secretaria-executiva de Educação


Integral e Profissional (SEIP) com atenção às ações e metodologias
didáticas inovadoras que têm contribuído para a nova formação
pedagógica do século XXI.

A CRIATIVE tem por objetivo contribuir com a formação continuada


de professores, auxiliando no desenvolvimento e aperfeiçoamento de
práticas pedagógicas que possibilitem uma melhor compreensão dos
conteúdos, a busca por uma pedagogia que incentive o protagonismo
do estudante, que produz colaboração, criatividade e autonomia.
Assim, produzindo empoderamento e transformação da realidade
dos envolvidos nesse processo.

Tendo como público-alvo professores da Rede Estadual de


Pernambuco, esta formação foi desenvolvida em quatro módulos, a
saber:

▌Pensando como Designer;


▌Inovação Docente;
▌Cultura Maker na Escola;
▌Aprendizagem é um Processo.

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Além de um módulo complementar, para que o professor possa
colocar em prática na escola algumas das ferramentas inovadoras.
Esse módulo será utilizado para a Certificação da Escola.

Cada módulo tem uma videoaula e uma atividade, além de ser


acompanhado por este Manual de Orientações Pedagógicas. As
dúvidas e discussões ocorrem num fórum específico.

Durante a formação, os professores poderão não apenas conhecer,


mas aprimorar conhecimentos frente a uma grande mudança
tecnológica na sociedade atual e ter a oportunidade de experimentar
a aplicação de novas práticas de ensino, bem como, o
compartilhamento de dúvidas e experiências a partir de suas
realidades.

Esperamos que esta formação possa auxiliar nos direcionamentos


de práticas pedagógicas inovadoras no Estado de Pernambuco,
propiciando aos professores a oportunidade de (re) criarem novas
formas de ensinar.

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Pensando como designer

Que legal ter você aqui!!! Seja bem-vindo(a)!

O primeiro módulo do curso consiste em estimular as pessoas a se


tornarem designers, ou seja, parte de um processo na construção de
soluções inovadoras que sejam capazes de conectar ideias,
interesses, envolver pessoas, usar a tecnologia para que possam ser
obtidos resultados satisfatórios. É ser capaz de observar os
problemas como oportunidades de novas soluções inovadoras.

A tecnologia digital vem estimulando o contexto educacional a buscar


recursos transformadores e metodologias diferenciadas no trabalho
pedagógico. Já imaginou dentro de uma sala de aula como os alunos
são diferentes entre si, e que um dos maiores desafios dos
professores é conseguir unir a turma em propósito dos mesmos
objetivos educacionais?

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Ficou curioso(a) sobre como você pode iniciar esse processo e tornar
sua aula mais atrativa? Continue lendo e descubra no decorrer desse
módulo como ser um designer na educação.

Um designer (utilizamos esse termo para nos referir a um


desenvolvedor de soluções, não apenas a um desenhista, ok?), ao
se deparar com a necessidade de criação de uma solução, tem um
jeito próprio de pensar. Ele pensa além do óbvio, além das
referências utilizadas por nós.

Assim, eles são capazes de criar isso...

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E soluções criativas assim certamente são capazes de promover
verdadeira transformação em sala de aula (seja presencial ou em
ambientes virtuais). Para chegarmos nisso, devemos ser capazes de
sair do lugar comum. Não podemos nos prender a redomas que nós
mesmos estamos nos impondo.

A abordagem do Design Thinking, como é mais conhecida, é


composta por um conjunto de métodos que visam a solução de
problemas de maneira coletiva e colaborativa, tendo como
perspectiva a empatia máxima entre os seus interessados.

Na área educacional o designer funciona como uma proposta de


ensino focada no ser humano, que objetiva integrar as necessidades
individuais dos estudantes e promover a inovação de soluções que

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tenham influência desde os trabalhos em equipe até a orientação
para prosseguimento dos estudos e alcance no mercado de trabalho.

Para aguçar essa criatividade, o design thinking aplica cinco níveis


para a resolução de problemas e busca de soluções. São elas:

1 Descoberta
Esse processo começa com a observação das pessoas envolvidas
no desafio para que possamos entender quais são suas
necessidades antes de começar a pensar em um projeto.

2 Interpretação
Nessa fase, você precisa deixar as percepções surgirem na conversa
com o grupo envolvido. Compartilhar anotações, registros e
observações é de suma importância.

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3 Ideação
É o momento da geração de ideias, também conhecido como
“brainstorming”. Momento em que todos os envolvidos apresentam
suas ideias por meio de palavras ou desenhos.

4 Experimentação
Chegou a fase de dar vida às ideias, apresentá-las a outras pessoas
e redefinir a ideia inicial.

5 Evolução: Após a criação do projeto, é hora de planejar os

próximos passos. A construção e o aprendizado são permanentes.

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Iremos propor aqui que você faça um exercício, vamos nessa!? Se
souber a solução, fique à vontade para seguir sua leitura. Caso
contrário, invista um pouco de tempo aqui quebrando a cabeça.

Você deve ligar os 9 pontos acima com 4 segmentos de reta unidos


(consecutivos), passando em cada ponto exatamente uma vez, de
modo que nenhum segmento de reta seja traçado duas vezes.

Não siga sua leitura deste ponto sem antes


tentar várias vezes!

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Observe que nos impusemos a criar um quadrado imaginário em
torno da imagem e buscar soluções apenas dentro desse quadrado.

Ou seja, estamos nos autolimitando às possibilidades de soluções.


Isso acontece porque passamos a vida toda tendo nossa capacidade
criativa bloqueada.

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Já observou como as crianças são criativas? De perguntas
desconcertantes à soluções extremamente inovadoras, as crianças
ainda estão em processo de bloqueio criativo. Sua criatividade ainda
é plena. A família e a escola são os principais responsáveis por matar
a criatividade das crianças. Esse é um ponto de grande atenção: não
podemos continuar a permitir isso!

Ken Robinson é aclamado mundialmente como especialista em


educação, criatividade, inovação e recursos humanos e detalha isso
com grande talento. Se liga no vídeo a seguir (clicando na imagem
ou por meio do QR Code).

A primeira e mais importante etapa é percebermos que precisamos


ir além dos padrões para encontrar soluções criativas que
apresentem maior eficácia na solução dos problemas de
aprendizagem que encontramos em nosso cotidiano.

Os designers têm muito a nos ensinar. Pra começar, reforço que


estou chamando de designer aqueles desenvolvedores de soluções,
ou seja, qualquer pessoa pode se tornar um.

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Além do mais, o designer propicia a

CRIATIVIDADE!
Tenho certeza que você já escutou inúmeras vezes:

Pense fora da caixa!

Mas por trás dessa fala que ultimamente tornou-se bem corriqueira,
é uma forma de instigar soluções inovadoras e nova visão de mundo.
Você pode aprender a libertar-se de estereótipos, preconceitos e
modelos cognitivos tradicionais. Vamos tentar!?

Vale ressaltar que “pensar fora da caixa” não significa que você terá
uma ideia extraordinária e que iria revolucionar toda a escola. Você
pode e consegue ser criativo(a) nas pequenas coisas, mas que
podem fazer uma grande diferença em sua prática pedagógica.
Existe uma série de fatores que ajudam uma pessoa a desenvolver
seu lado criativo, ou seja, é uma habilidade que pode ser
desenvolvida, exercida e aperfeiçoada.

Que tal tentar? Responda as perguntas abaixo e compreenda


melhor.

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Ah, não importa ter milhares de ideias, sugestões, sem que elas não
possuam interligação para encontrar uma solução criativa. Cada um
de nós possuímos nossas próprias técnicas, e precisamos descobrir,
concorda? Para isso, temos a dica de uma atividade para que você
possa utilizá-la, se liga!

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OBJETIVO
Obter o maior número de ideias e sugestões de soluções num
curtíssimo período de tempo.

A ATIVIDADE
A técnica é realizada com um grupo, virtual, de seis participantes,
que geram três soluções, a partir de cinco análises em cinco minutos
para cada fase. Técnica criativa que provê uma forma eficaz e
simples para coletar ideias inovadoras de um grupo de pessoas para
resolver um problema, desenvolver um projeto ou melhorar uma
situação existente.

● Cada participante recebe uma folha dividida em 18 espaços


(6x3);
● O participante escreve em sua folha, ou no WhatsApp, três
ideias e passa para o próximo participante seguindo um
sentido;
● Cada participante tem 5 minutos para propor suas ideias, dar
continuidade ou sugerir melhorias sobre alguma ideia anterior;
● O processo deve ser conduzido em silêncio.

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Ao final, você vai consolidar todas as propostas e postar o arquivo
em anexo, já preenchido.

Dica Importante:
O uso da técnica permite que todos, sem qualquer favorecimento,
possam expressar suas ideias no papel, evitando constrangimentos
por aqueles que se destacam (ou não) diante dos outros.

O IfM (Institute for Manufacturing) da Universidade de Cambridge,


adverte que para a boa prática dessa técnica o moderador deve:

 Permitir a comunicação verbal apenas entre os ciclos escritos;


 Procurar ser o mais visual possível (imagens, figuras);
 Dar abertura apenas a críticas construtivas;

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 Estimular o desdobramento das ideias entendidas como mais
promissoras por meio das mais simples.

A escola é um bom espaço para que essa atividade possa ser


desenvolvida e vivenciada, preparando os nossos estudantes para
este novo tempo, em que a criatividade, inovação e autogestão são
cada vez mais valorizadas.

Através do ensino empreendedor você pode estimular conversas


sobre sonhos pessoais e profissionais, o que possibilita desenvolver
habilidades necessárias para a vida, como: planejar, buscar
informações, estabelecer metas, ser persistente, autoconfiante,
protagonista.

Um dos principais focos da educação empreendedora é desenvolver


atitude e mentalidade empreendedora, que visam estimular o
raciocínio lógico e a busca por aprender conceitos e conhecimentos
que contribuam para resolver problemas.

E desenvolver a CRIATIVIDADE desperta uma das mais novas


tendências na educação: o teacherpreneur. Isso mesmo! A
perspectiva de poder quebrar paradigmas em educação é o que está
criando uma nova era deste profissional: o professor empreendedor.
Você sabe o que ele faz?

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São professores que, além de lecionarem e desenvolverem futuros
profissionais, buscam soluções para melhorar a área em que atuam
e ofertar novas experiências de aprendizado. Por meio deles é
possível implementar as novidades em sala de aula de forma mais
rápida e exitosa.

As novas tendências que podem surgir a partir desse movimento


podem ser ótimas e revolucionar diversos problemas, porém os
professores precisam estar dispostos a implementar em suas salas
de aula. Não adianta ter simplesmente boas ideias, necessita-se de
ação, de mão na massa. Para que se almeje isso melhorando
efetivamente o panorama da educação, o professor empreendedor
precisa adotar, além da inovação tecnológica, um ensino
personalizado como ferramenta para o desenvolvimento de todos os
envolvidos no processo. Uma das maneiras é aperfeiçoar e adquirir
conhecimentos ligados a estudos sobre: gestão democrática,
liderança, team building, smarts schools, etc.

Você já ouviu falar de algum desses estudos? O que acha de


conhecer um deles com as informações abaixo, criando um “Menu a
La Carte” para isso? Como assim? Te explico melhor!

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A Blended Learning ou Menu a La Carte, pode ser traduzido
como ensino misto, ou ensino combinado. Ele une o estudo
presencial ao estudo online, aproveitando os benefícios de cada um
deles. Para esse tipo de metodologia dar certo, é preciso utilizar
conteúdos online realmente interessantes, que prendam a atenção
de nós professores que muitas vezes chegamos em casa cansados
demais após uma jornada de trabalho. Certo!?

Por isso, utilize sempre conteúdos interativos, cursos, vídeos e


até jogos, o que aumenta o engajamento dos estudantes durante as
aulas.

Quer realizar um desses cursos? É só clicar nos links abaixo e


explorar! Bom proveito!

https://www.ginead.com.br/area/5/educacao
https://vanzolini.org.br/
https://www.coursera.org/

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Isso se deve ao modelo que permite reunir as metodologias ativas,
possibilitadas pela tecnologia do ensino a distância, com a prática e
interação das aulas presenciais.

Vários são os benefícios de empreender na formação continuada


com esse método, entre eles:

▌Os custos são reduzidos se compararmos com cursos e


treinamentos presenciais;

▌Tanto você professor, quanto o estudante, podem explorar


ferramentas diversas. Dessa forma, o aprendizado vai sendo
moldado individualmente;

▌O estudante pode praticar e desenvolver o conhecimento adquirido


em sala de aula;

▌Maior autonomia, já que o estudante pode decidir em qual local e


horário estudar.

Ressalta-se que se o método for trabalhado de maneira correta, pode


trazer mudanças transformadoras para o ambiente escolar e
extraescolar.

Agora te pergunto: A discussão realizada até o momento seria o


suficiente para que você se torne um professor empreendedor do

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futuro? Ela é apenas um dos passos! Os demais irão, aos poucos,
sendo conhecidos/adquiridos. Entre eles, a mudança em relação a
distribuição dos estudantes em sala de aula, que deixariam de
sentar-se em fileiras e passariam a organizar-se em rodas, facilitando
debates sobre os conteúdos lecionados em sala.

Outra transformação é no currículo, onde as matérias bases da grade


curricular possam ser compartilhadas com as eletivas, etc.

Ouse e descubra o quanto


empreendedor você pode ser!

CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. São Paulo:


Edgar Blücher, 2004.

DT PARA EDUCADORES. [Conteúdo eletrônico]. Disponível em:


<https://issuu.com/dtparaeducadores>. Acesso em: 29 mar. 2020.

PORTUGAL, Cristina. Design em Situações de Ensino


Aprendizagem. Um diálogo Interdisciplinar. 2009. 206p. Tese
(Doutorado em Design), Departamento de Artes & Design. Pontífica
Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2009.

EDUCAÇÃO. Institui Claro. Portal Online. Disponível em:


<https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/nossas
novidades/reportagens/design-thinking-abordagem-traz-ideias
criativas-para-educacao/>. Acesso em: 29 mar. 2020.

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Modelo de caderno de atividades para realizar com os estudantes:
http://www.dtparaeducadores.org.br/site/wpcontent/uploads/201
/02/DT_CadernoAtividades_EM_BRANCO.pdf

Criatividade e Educação

ARAÚJO, T. Criatividade na Educação. São Paulo: CPCD, 2009.

HERNÀNDEZ, A. F. R. Mais além da inteligência emocional:


educação socioafetiva e criatividade. In: WECHSLER, S. M.; SOUZA,
V. L. T. de (Org.). Criatividade e aprendizagem: caminhos e
descobertas em perspectiva internacional. Campinas: Loyola,
2011. p. 103-123.

SUANNO, J. H. Escola Criativa e Práticas Pedagógicas


Transdisciplinares e Ecoformadoras. 2013. 297 f. Tese de
Doutorado em Educação. Universidade Católica de Brasília
(UCB), Brasília, 2013.

ESCOLAS trabsformadoras. [conteúdo online]. Disponível em:


<https://escolastransformadoras.com.br/wpcontent/uploads/2019/
4/CRIATIVIDADE_mudar_a_educacao.pdf>. Acesso em 29 mar.
2020.

Empreendedorismo e Educação

ACURCIO, M. R. B.; ANDRADE, R. C. O empreendedorismo na


escola. Porto Alegre: Artmed, 2005.

SILVA, Fernanda Góes da; CÁRIA, Neide Pena. A inserção do


empreendedorismo na educação básica. In.: XII EDUCERE.
Anais.... Paraná: PUCPR, 2015. Disponível em:

26
<https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20521_9799.pdf>.
Acesso em: 29 mar. 2020.

MINDMINERS. Blog. [conteúdo online]. Livros sobre Design


Thinking: confira 6 dicas e amplifique seu conhecimento. Disponível
em: https://mindminers.com/blog/livros-sobre-design-thinking/>.
Acesso em: 29 mar. 2020.

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2. Inovação docente

Olá, Professor(a)!!! Inspirados para desbravar novos conhecimentos


nesse segundo módulo? Tenho certeza que sim!

Este segundo módulo busca auxiliar o professor a encontrar


melhores respostas para lidar com os estudantes do presente século.
Nele, faremos uma reflexão sobre como você professor(a) contribui
para o desenvolvimento de projetos em contextos educacionais.
Vamos nessa!

As novas gerações, mais conhecidas como a Y e Z, trouxeram


consigo mudanças na forma de aprender. Criados imersos no meio
das tecnologias, tiveram e têm seus cérebros desenvolvidos de forma
diferente. Por isso, tantos alunos têm dificuldade de conseguir focar
atenção em uma aula até o fim e fazerem anotações.

Uma vez que entendemos isso, como podemos esperar que as novas
gerações aprendam como aprendíamos anos atrás? Estamos numa
era onde os professores têm compreendido a necessidade de
oferecer uma educação desafiadora, prazerosa e conectada aos
novos tempos.

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Você professor (a) é considerado(a) um (a) líder educacional, com
uma lente disruptiva trazendo impacto significativo para um modelo
de aprendizagem centrado no estudante.

O que se entende por inovação pedagógica vai muito além de fazer


algo extraordinário, que ninguém nunca havia feito antes. Segundo
a professora Isabel Cunha (2006), inovação é compreendida como
um conjunto de ações e experiências que com certo grau de
intencionalidade e sistematização, lidam em alterar ideias, culturas,
conteúdos e práticas pedagógicas.
Imagina quantas inovações você já realizou sem se dar conta!
Pois é! Que tal listar pelo mesmos cinco aulas que você
considera durante sua trajetória profissional impactante na vida dos
estudantes.

O psicólogo Alfredo Hernandes, da Universidade de Salamanca, na


Espanha, coordenador de um projeto chamado “Escuela 21” e
referência em inovação escolar, afirma que o processo de inovação

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é sustentado pela: criatividade e resultado. E você já fez algo para
estimular sua criatividade hoje?

Dentro do âmbito educacional, uma das atitudes criativas que você


professor pode favorecer é ajudar o estudante a ser protagonista por
meio das metodologias ativas, contribuindo para que o engajamento
propicie uma aprendizagem significativa. Afinal, estudantes
engajados aprendem mais.

Combinar o online e offline visa satisfazer a necessidade dos


estudantes sobre o que desejam aprender. Nessa nova forma de
ensino, nós professores agora somos chamados de “mediadores”,
focando em algumas áreas de suma importância, são elas:

▌Trabalho de conteúdos de cursos online e offline;

▌Facilitação da comunicação com e entre os estudantes, incluindo


uma pedagogia de comunicação online atrativa;

▌Orientar a experiência de aprendizagem de estudantes e


personalizar as aulas, fortalecendo a experiência de aprendizagem,
entre outras.

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Já acordou hoje com o despertador do seu dispositivo móvel
tocando? Recebeu as principais notícias do dia via aplicativo?
Pensou em solicitar alguma comida no decorrer do dia com os
cupons ganhos do supermercado? Consultou no seu bloco de notas
os pontos chaves da aula que irá lecionar hoje?

Pois bem, numa era onde praticamente tudo ao nosso redor está
conectado à internet, cabe ao professor iniciar sua nova metodologia
com uma mudança de postura. É preciso entender que deve ser
dinâmico, não transmissor de conhecimento e, sim, mediador de um
processo contínuo que precisa ser compartilhado e vivenciado. Neste
meio, entram as novas tecnologias e novos recursos que poderão
auxiliar na prática pedagógica.

Faz-se necessário que o professor esteja preparado para lidar com


os conflitos emocionais e éticos que venham a surgir, uma vez que a
dinâmica da sala de aula ganha um novo formato, deixa de ser
individualista e passa a ser interacionista e colaborativa, construindo
vínculos entre os atores envolvidos.

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Desta forma, o papel do professor, digo, o seu, querido(a) colega, é
de organizar a informação, ajudando o estudante a construir sua
própria compreensão para que deem sentido ao conhecimento. E é
exatamente aí que entra o papel de “CURADOR” na educação,
palavra que tem vem do latim curator, que significa tutor, ou seja,
aquele que administra a seu cuidado, sob sua responsabilidade.
(MARTINS, 2006).

Nesse contexto, algumas habilidades são necessárias ao curador em


educação. Inspirados nas recentes pesquisas de Tony Bates (2016),
estudioso do tema, apresentamos a seguir algumas das principais:

▌COMUNICAÇÃO: é preciso desenvolver habilidades de


comunicação no geral, mas em especial em mídias sociais,
compartilhar informações, saber dar e receber feedbacks. As
tradicionais habilidades de ler, falar e escrever de forma coerente
permanecem, mas é preciso pensar a comunicação escrita para
diferentes contextos de alunos, utilizando diferentes estratégias.

▌ÉTICA E RESPONSABILIDADE: são elementos indispensáveis


para construir confiança, tão necessários, principalmente, em
redes sociais informais. Em um mundo de valores tão

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diversificados, um maior grau de confiança é um ponto positivo
com os alunos, a comunidade e os pares na escola.

▌TRABALHO EM EQUIPE E FLEXIBILIDADE: hoje ninguém


trabalha sem colaboração e partilha de conhecimento. Sabe por
que? Vivemos numa era tão complexa que, para responder aos
desafios postos, há uma solução: combinar conhecimento
coletivo, resolução de problemas e implementação com um bom
trabalho em equipe, com flexibilidade na resolução dos desafios.

▌HABILIDADE DE PENSAMENTO: significa ter pensamento


crítico, criatividade, originalidade. É preciso saber operar, criar
soluções para além dos manuais padronizados. Esta era é
daqueles que pensam para além das linhas.

▌HABILIDADES DIGITAIS: a maioria das atividades hoje, na era


do conhecimento, demanda o uso de tecnologia. Porém, não
basta saber o geral, é preciso usar essa habilidade com as
diversas ferramentas para acessar conhecimentos que sejam
úteis e aplicáveis a sua área. Por exemplo, um professor que sabe
usar um software para preparar a aula ou usar objetos de
aprendizagem (recursos educativos) para implementá-la.

A importância desse processo de curadoria já se faz presente nos


exames avaliadores como o ENEM (Exame Nacional do Ensino
Médio) e o PISA (Programa Internacional de Avaliação dos
Estudantes) que, de certa forma, servem como balizadores dos

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currículos escolares. Pois, o ato educativo deve ser intencional e
planejado.

DESAFIO

Após ler, assistir as vídeoaulas e refletir sobre as mudanças do


papel do professor nesse novo contexto, escolha uma curadoria que
você já realizou há um tempo em alguma de suas aulas e procure
desenvolvê-las atualmente numa nova perspectiva.

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DICAS
1. Dê preferência àquela aula que apresentou um desafio maior
para você;
2. Garanta que, durante a elaboração e realização da aula, o foco
de sua análise esteja na mudança escolhida, mesmo que nesse
processo outras mudanças se evidenciem;
3. Faça um depoimento, em um vídeo de até 2 minutos, sobre
essa aula e peça ajuda dos estudantes para edição,
respondendo às questões: Como foi a aula? Qual mudança de
papel você exercitou? O que funcionou? O que não foi
alcançado? Qual foi o maior desafio?
4. Compartilhe o link de seu vídeo para que outros professores
possam aprender com sua experiência;
5. Envie um breve relato dessa experiência para nosso fórum
virtual. Será instigador ver o resultado dessas experiências
propiciadas por você!

Quando concluir essa atividade com êxito, tenho a certeza que


você propiciou uma educação na aula de hoje mais humanizadora,
abandonando valores e práticas obsoletas que iam de encontro ao
currículo escolar e à realidade do estudante. Uma prática mais
imersiva, ouvindo e valorizando o potencial de cada pessoa, além
de sustentável, em que os estudantes aprendem sobre si
mesmos, sobre seu lugar na comunidade, no mundo e sobre as
necessidades do nosso país.

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Segundo Costa (2008, p. 239), “as mudanças dependem em larga
medida das atitudes que os professores têm, em geral, perante o
processo de ensino e aprendizagem e do seu posicionamento
perante a própria mudança”.

Pois a atuação do professor é fundamental para que os processos de


inovação ocorram. A sua forma de relacionar-se com o meio no qual
atua é um fator importantíssimo para se relacionar com seus
estudantes e conduz a aprendizagem.

Portanto, consideramos práticas pedagógicas inovadoras aquelas


desenvolvidas no âmbito educativo por professores que buscam
formas diferenciadas de melhorar e aperfeiçoar constantemente suas
metodologias de ensino. (CUNHA, 2017).

Assim, discutir o conceito de inovação pedagógica especificamente


na área de educação, para Cunha (2008), não é uma tarefa simples
de ser construída, principalmente pela mudança estar atrelada
também a fatores como o currículo, as relações que permeiam o
ambiente educativo, entre outros. A sociedade necessita de
professores que estejam dispostos a aprender e a inovar a qualquer
momento suas práticas pedagógicas, não apenas durante seus
cursos de formação.

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Mas como fazer com que a tecnologia seja uma aliada nesse
processo de aprendizagem? Qual a importância que você professor
tem no uso das tecnologias?

É necessário que todos os envolvidos dentro da escola conheçam a


realidade dos estudantes junto às novas tecnologias, para que
saibam utilizá-las a favor da educação.

O uso da tecnologia traz diversos benefícios para os estudantes,


desperta a criatividade, novas formas de comunicar, pensar, estudar
e aprender, mas para que seu uso seja efetivo é preciso apresentar
um conteúdo atraente, sem esquecer que o mesmo deve ser crítico,
significativo e reflexivo.

Atualmente, o professor continua e continuará sendo o facilitador em


sala de aula, orientador do uso das tecnologias, com o papel
significativo de buscar novas alternativas para desenvolver a
aprendizagem dos estudantes.

Nesse novo modelo de ensino, temos várias formas, entre elas


algumas que você pode adotar no seu dia a dia, inovando. Seguem
abaixo algumas sugestões:

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Rotação por Estações:
Aula em que os estudantes, numa
única aula, alternam o aprendizado
online e outras modalidades de
aprendizado. O cronograma pode
ser fixo ou a critério do professor.
Nesse formato, maior parte do
aprendizado ainda ocorre numa
sala de aula física e o professor consegue passar inúmeras
informações de jeitos diferenciados.

Rotação Individual:
O professor escolhe um
determinado tema, os estudantes
rodam, individualmente, num
cronograma fixo personalizado
entre as modalidades de
aprendizagem, sendo uma delas
online. Este modelo é diferente
porque nele os estudantes não giram para cada estação ou
modalidade disponível.

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Laboratório Rotacional:
Aqui os estudantes podem alternar
pelas estações num determinado
horário estabelecido. Este modelo
de aula permite acordos flexíveis
entre professores e outros
profissionais, favorecendo o uso
dos laboratórios de informática da
escola, por exemplo.

Flex:
Neste modelo, os estudantes alternam
entre as modalidades de aprendizado
numa programação fluida e
personalizada que usa a aprendizagem
online como base. Similar à rotação por
estações, os estudantes aprendem
dentro da sala de aula, mas sob o
modelo flex, cada sala sendo dividida em componentes online e
off-line.

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Sala de aula invertida:
Com a sala de aula invertida, os
estudantes têm acesso direto ao
conhecimento, antes da aula. O
professor serve como treinador e
mentor. Com este modelo, os
alunos têm de preparar seus
momentos de contato com o
mentor. Durante o tempo de contato, os professores podem
ampliar a aplicação e o processamento mais profundo do material
de aprendizagem, mediante o avanço do estudante.

Inúmeras são as ferramentas para se desenvolver a criatividade,


inovando a prática pedagógica docente, com objetivos específicos
que facilitam a expressão e desenvolvimentos de determinados
processos de criatividade individual, grupal e organizacional.

Já imaginou aprender ensinando ou fazendo parte do assunto sobre


o qual você está estudando? Massa, né!? Essa é a proposta da
“Metodologia Ativa”, uma alternativa de ensino que vem sendo
aplicada em todo o país, em busca de um aprendizado mais
significativo. Porém, a Aprendizagem Ativa é mais antiga do que você
imaginava... Oi? Sim, é o que acabei de escrever aqui!

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A influência da tecnologia e da EaD (Educação a Distância) em
nossas vidas, tem estimulado a área educacional a utilizarem novas
metodologias em suas aulas.

Em nossa história, por inúmeras razões, foi esquecido o


entendimento de que, em qualquer idade, a qualquer tempo e hora,
o conhecimento não nasce com o indivíduo, nem é dado pelo meio
social. O indivíduo constrói conhecimento através da interação com
o ambiente físico e social, em um contínuo processo de elaboração
e reelaboração.

Essa é a visão construtivista da aprendizagem, que nos auxilia a


compreender melhor os vários crescentes problemas da educação e
nos faz entender a forma equivocada como a aprendizagem, em
muitos momentos é vista. Uma visão que desencadeou as
Metodologias Ativas.

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As “MA” é uma temática muito recente de discussão na área
educacional, mesmo existindo há épocas. Muitos professores(as),
buscam sempre métodos para aplicar em suas práticas pedagógicas,
afinal sempre foi e será um grande desafio o “como ensinar”.

Para engajar pessoas, é preciso, antes de tudo, motivar cada


indivíduo, dialogar, explorar histórias de vida, incentivar as
experiências e atender às necessidades de cada um deles. Não
sejamos inocentes ao ponto de achar que vamos propor uma
atividade, onde os estudantes se levantarão e estarão todos sorrindo.
O foco das metodologias ativas é efetivar o aprendizado e não
apenas mexer o corpo. Uma reflexão bem feita em uma aula, vale
mais do que a soma de muitas técnicas.

Se o professor(a) não souber engajar seus alunos, a aula será


demonstrativa, expositiva, e obterá outros resultados de
aprendizagem. Por exemplo, a gamificação está sendo bastante
enfatizada para ser usada em sala de aula, acontece que, se o
professor não estimular os alunos para tal uso, será apenas mais um
jogo, e não uma das metodologias ativas.

Isso serve para qualquer recurso pedagógico que não coloca o


estudante como protagonista e não valoriza suas individualidades.

42
Enfim, uma metodologia ativa é baseada em alguns princípios,
como:
▌Estudante no centro do processo de aprendizagem;
▌Autonomia;
▌Problematização da realidade e reflexão;
▌Trabalho em equipe;
▌Inovação;
▌Professor: mediador, facilitador, ativador.

Não existe uma “receita de bolo” ou um único formato para aplicação,


pois cada turma é específica, tem necessidades e interesses
diferenciados e buscam conhecimentos e habilidades que tenham
significado nas suas vidas.

Antes de serem técnicas, as metodologias ativas são propostas que


inquietam/provocam o professor(a). É preciso que este profissional
esteja disposto a ouvir, comunicar-se, respeitar a individualidade e
envolver atividades que façam sentido. Sem isso, não existirá método
ativo.

Existem algumas atividades que estimulam a participação ativa dos


estudantes na construção do conhecimento e desenvolvimento de
novas experiências. Abaixo, seguem algumas sugestões para se
trabalhar em sala de aula:

43
 Objetivo: Contribuir na elaboração de formulários,
questionários, enquetes, questões e muito mais.

 Vantagens:
 Aplicar avaliações;
 Coletar trabalhos;
 Formar banco de dados;
 Realizar feedbacks

 Objetivo: Permitir a criação, armazenamento,


compartilhamento e distribuição de documentos de texto em
vários formatos, planilhas de cálculo, apresentação de slides e
gerar automaticamente diversas estatísticas com os resultados
coletados.

 Vantagens:
 Ajuda no trabalho colaborativo;
 Armazenamento de atividades realizadas;
 Compartilhamento de documentos com inúmeras pessoas;
 Otimização na organização de dados.

44
 Objetivo: Auxiliar na otimização das informações de um dado
conteúdo de maneira mais rápida.

 Vantagens:
 Uma maneira diferente de tornar a aula interativa;
 Pode ser disponibilizado em vários meios digitais e impressos;
 Qualquer pessoa pode ter acesso
 Facilita o contato entre o mundo online e offline

 Objetivo: Facilitar o aprendizado, a colaboração e a discussão


baseados em projetos.

 Vantagens:
 Planejamento de aulas;
 Elaboração e acompanhamento de atividades;
 Organização de atividades;
 Gerenciamento de trabalhos e projetos.

45
 Objetivo: Propiciar a modernização das aulas usando a
criatividade desde a elaboração e produção de materiais como
e-books, infográficos, até publicações em mídias sociais para a
comunicação de resultados de projetos.

 Vantagens:
 Promove colaboração em sala;
 Estudantes aprendem se divertindo;
 Organização de atividades;
 Construção colaborativa.

Diante deste contexto, as metodologias ativas precisam dialogar


também com os diferentes projetos e espaços pedagógicos
existentes na dinâmica do(a) estudante. Um desses espaços, que
vem ganhando repercussão no contexto educacional é o “Espaço
Maker”, local onde a criatividade e autonomia são elementos
importantes para a busca de soluções. Conheça um pouco mais
sobre essa temática em nosso próximo módulo. Te encontro em
breve!

46
ALVES, Lynn. R. G. Nativos Digitais: Games, Comunidades e
Aprendizagens. In: MORAES, Ubirajara C. (Org.). Tecnologia
Educacional e Aprendizagem: o uso dos recursos digitais.
São Paulo: Livro Pronto, 2007. p. 233-251.

Apresentação sucinta sobre melhores práticas de ensino no


século 21 http://www.eiu.edu/facdev/PowerPoint%20
%203%20Ames.pdf

BACICH,L.; MORAN. J.(Org.) Metodologias ativas para uma


educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto
Alegre: Penso,2018.

BATES, Tony. Educar na era digital: design, ensino e


aprendizagem. São Paulo: Artesanato Educacional, 2016.

CUNHA, Maria Isabel. A didática como construção: aprendendo


com o fazer e pesquisando com o saber. In: SILVA, Ainda
Monteiro; MACHADO, Laêda Bezerra; MELO, Márcia Maria de
O. M.; AGUIAR, M. Conceição Carrilho (Orgs). Educação formal
e não formal, processos formativos, saberes pedagógicos:
desafios para inclusão social. 13° ENDIPE, Recife, 2006, pp.
485-503.

_________. Inovações pedagógicas: o desafio da


reconfiguração de saberes na docência universitária.
Cadernos Pedagogia Universitária. São Paulo: Universidade
de São Paulo -USP, 2008.

CUNHA, Willderlânia Ximenes. A prática pedagógica de

47
professores do Instituto Federal de Pernambuco na Qual se
Usam Dispositivos Móveis. 2017. 97p. Dissertação (Mestrado
em Educação Matemática e Tecnológica) - Programa de Pós
Graduação em Educação Matemática e Tecnológica
PPGEDUMATEC, Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
2017.

COSTA, F. A utilização das TIC em contexto educativo.


Representações e práticas de professores. 2008. Tese
(Doutoramento) - Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação, Lisboa, 2008.

Educação no Século 21: tendências, ferramentas e projetos para


inspirar / [organizador Young Digital Planet ; tradução Danielle
Mendes Sales]. – São Paulo: Fundação Santillana, 2016.

Educação no Século XXI - Volume 27 – Formação


Docente/Organização: Editora: Poisson Belo Horizonte - MG:
Poisson, 2019.

KENSKI, Vani M. Ação Docente e Livro Didático nos Ambientes


Digitais. In: NOVOA, Cristiane; ALVES, Lynn (Orgs). Educação e
Tecnologia: Trilhando Caminhos. Salvador: Editora da UNEB,
2003.

MARTINS, Mirian Celeste (coord.). Curadoria Educativa:


inventando conversas. Reflexão e Ação – Revista do
Departamento de Educação/UNISC – Universidade de Santa Cruz
do Sul, vol. 14, n.1, jan/jun 2006, p.9-27.

PIMENTA S. G. Pesquisa-ação crítico-colaborativa: construindo


seu significado a partir de experiências com a formação
docente. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p.
521-539, 2005.

48
3. Cultura Maker na Escola

Acredito que essa temática foi uma das coisas que te chamou
atenção durante a sua inscrição no curso e por isso, você está aqui.
Parabéns!

Você acaba de entrar na lista dos professores(as) que estão abertos


a mudança, a inovação e a melhorar a qualidade da educação desse
país.

A “Educação Maker” estimula a criatividade, além de favorecer a


autoconfiança e melhorar o desempenho escolar. É uma evolução do
Faça Você Mesmo (Do It Yourself), que se apropriou de ferramentas
tecnológicas como a placa do arduíno, impressoras 3D, cortadoras a
laser e kits de robótica, prototipação e fabricação de produtos,
soluções e projetos. Popularmente conhecido como movimento
maker, este novo conceito traz a proposta de espaços específicos
para os estudantes colocarem a “mão na massa” e desenvolverem
projetos na prática.

Além do mais, esse movimento se adequa às diretrizes da educação


básica brasileira, que estabelece na BNCC (Base Nacional Comum
Curricular) o estímulo ao pensamento crítico, científico e criativo, à
empatia, à cooperação e à responsabilidade e cidadania, como uma

49
das competências para serem trabalhadas ao longo de todo
desenvolvimento do estudante, fomentando a cultura de inovação e
a interdisciplinaridade nas escolas. Ou seja, podemos observar uma
intersecção entre os objetivos das metodologias ativas e da cultura
maker, na qual se coloca o estudante em primeiro plano, para que
assim ele seja o protagonista do próprio aprendizado. Sem falar que
também contribui para o desenvolvimento de conhecimentos em
diferentes campos do saber.

Um dos exemplos dessa cultura maker no Brasil é a famosa “Campus


Party”, tida como a maior experiência tecnológica do mundo.
Reunindo milhares de jovens, especialmente em torno de um festival
de inovação, criatividade, ciências, empreendedorismo e universo
digital”.

Ainda bem que com a cultura maker, qualquer pessoa pode se tornar
uma espécie de “professor(a) pardal”. É tão simples, basta assistir a
um vídeo no Youtube que você aprende sobre um produto e pode
reproduzir artesanalmente. Legal, né!?

50
Vamos mobilizar seus alunos para tornar sua aula “maker”?

Um exemplo é construir um espaço de reciclagem, horta, cantinho da


leitura na escola, seja permanente ou não; é desenvolver uma
engenhoca que gere excelentes resultados no aprendizado.

Olha, abaixo segue uma sugestão de atividade bacana para nortear a


criação de um projeto:

 Objetivo: Alcançar uma determinada meta ou garantir a melhor


execução de projetos na escola.

 Por que ela recebe esse nome?


Seu nome designa uma sigla que contém todas as iniciais dos
processos em inglês, sendo:

1 – What (o que) - O que será feito (etapas)


2 – Why (por que) - Por que será feito (justificativa)
3 – Where (onde) - Onde será feito (local)

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4 – When (quando) - Quando será feito (tempo)
5 – Who (por quem) - Por quem será feito (responsabilidade)
1 – How (como) - Como será feito (método)
2 – How Much (quanto) - Quanto custará (custo)

 Como utilizar?
Você deve responder às 07 perguntas citadas acima com clareza
e objetividade. Logo após, você deverá elaborar um quadro
explicativo sobre tudo o que foi planejado e colocar em ação.

Hoje, a informação está nas palmas das mãos a partir de uma rápida
pesquisa no Google. Com isso, o ambiente escolar deve valorizar a
prática e o desenvolvimento de atividades que colaborem com as
exigências do currículo, aproximando-as do mundo real. Analise que
a educação maker é uma aliada do aprendizado, visto que faz da
escola um amplo espaço para experimentação e prática do
conhecimento, além de torná-la um ambiente colaborativo,
possibilitando maior interação entre os professores e estudantes.
O Ensino Médio é uma oportunidade de despertar nos
estudantes, interesses e habilidades indispensáveis ao mercado de
trabalho, como proatividade, liderança e condições para lidar com as
mais novas tecnologias.

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Contudo, por meio da cultura maker, nós professores temos nas mãos
recursos pedagógicos fundamentais para instigar as tão faladas
competências do século XXI em nossos estudantes e, principalmente,
dar voz a eles no processo de ensino e aprendizagem. Afinal, os
estudantes precisam ser protagonistas dos próprios conhecimentos.

ANDERSON. C. A Nova Revolução Industrial. São Paulo: Alta


Books, 2012.

BARRETO, Raquel. Tecnologia e educação: trabalho e formação


docente. Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 25, n. 89, p.
1181-1201, 2004.

NÓVOA, António. O regresso dos professores. In: Conferência


desenvolvimento profissional de professores para a qualidade e para
a equidade da aprendizagem ao longo da vida. Lisboa, 2007.

53
4. Aprendizagem é um processo

Querido(a) Cursista, chegamos a mais um módulo de conhecimento.


Creio que até aqui foram inúmeras informações, algumas delas bem
novas pra você. Tenho certeza que você plantou mais uma árvore na
sua caminhada profissional enriquecendo e transformando a
educação brasileira.

Consideramos que o aprendizado é contínuo e processual, que não


se finda após a conclusão de um curso superior, por exemplo. As
pessoas estão sempre assimilando novas informações e
conhecimentos e nem sempre eles acontecem no ambiente formal.
Muitas experiências ocorrem por meio da prática, do exemplo de
outras pessoas, na troca de ideias ou com outras formas de
estímulos.

Para La Rosa (2007), a aprendizagem é um processo pessoal,


integrativo-cumulativo, dinâmico, contínuo, gradual, global e
depende de condições físicas e psicológicas do indivíduo. Com a
inserção das novas tecnologias da informação e comunicação aos
ambientes escolares, muitos estudiosos voltaram suas discussões e
pesquisas para as novas formas de aprender.

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Ou seja, a educação não pode mais ficar restrita apenas ao ambiente
da sala de aula, ela necessita ser impulsionada para a utilização das
tecnologias que estão sendo, cada vez mais, oferecidas em
abundância por outros espaços.

Vejamos como um processo com dois caminhos pode mudar


completamente seu resultado.

O primeiro caminho é oferecer ao estudante as aulas (presenciais ou


vídeoaulas), materiais de consultas, livros, games, etc. A partir daí
ele vai desenvolvendo competências e habilidades, construindo
conhecimento, comportamentos e por aí adiante. Nesse caminho, o
estudante é peça central do processo.

Um segundo caminho é ter no professor um elemento-chave desse


processo. Aqui ele planeja e executa cuidadosamente percursos e
estratégias que favorecem a aprendizagem. É claro que o estudante
continua sendo a peça principal, mas decisivamente favorecido pela
competência do seu professor.

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Então vamos brincar um pouco. Veja se a aula a seguir, está legal!

Claro que usamos um estereótipo para exemplificar para você. Mas


será que essa aula está sendo útil a alguém?

Agora vamos colocar o professor como elemento-chave do processo


de aprendizagem (sem, obviamente, tomar o lugar do aluno como
peça central). O que você acha dessa próxima aula?

Percebe a diferença? Qual das duas mais favorece a aprendizagem?


Qual das duas parece ter sido objeto de cuidadoso planejamento?

É exatamente disso que estamos falando, o professor elemento-


chave. E para ser esse elemento, ele precisa contar histórias,
construir uma narrativa que favoreça a aprendizagem do estudante.

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Atenção! Tudo começa com engajar e estimular o estudante,
lembra!? Ao estimular, chegamos ao ponto crucial da aprendizagem.
O primeiro passo é você saber que precisa pensar nisso. Muitas são
as formas possíveis, vamos ver algumas delas:

CRIAR POLÊMICA
Tenho certeza de que você não
ficou indiferente quando viu a foto
do presidente dos EUA Donald
Trump. Dessa mesma forma, já
imaginou num primeiro slide de sua aula uma foto de Adolf Hitler, com
os dizeres “os benefícios do holocausto”. Você certamente vai
provocar revolta, admiração (nos neonazistas), curiosidade, enfim,
vai despertar emoção e atrair a atenção inicialmente.

HUMOR
Faça rir. As pessoas quando
sorriem sentem prazer com aquele
conteúdo que está sendo abordado,
e, consequentemente, lhes dão
mais atenção. Você acha que no segundo exemplo da aula (A do funk
na aula de química) aqueles estudantes estavam indiferentes? Será
que a sala estava lotada ou muitos alunos ficaram do lado de fora?
Respondo... sala lotada, alunos atentos e participativos.

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DRAMA
Faça chorar. Fazer chorar também
desperta emoções (muitas vezes
fortes) e provoca atenção nos
alunos. Como será que um fanático
por futebol e pela seleção brasileira reagiria, se a aula começasse
com todos os muitos gols da derrota por 7 x 1 para a Alemanha, na
Copa de 2014? E se apresentássemos um vídeo documentário sobre
a fome das crianças na África? Será que os estudantes ficariam
indiferentes?

No final das contas, precisamos emocionar. Artistas populares,


compositores, redatores são muito bons nisso. Conseguem nossa
atenção por quase duas horas num filme, esse mesmo tempo num
show ou numa boa peça de teatro, além de tantos outros exemplos.

Eles são bons porque conseguem construir uma narrativa que


emociona, seja num roteiro de filme, numa música, numa piada, etc.

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Narrativa, não se esqueça dessa palavra, a maneira de narrar, de
contar uma história ou estória (não sabe a diferença? Corre para o
Google) faz construir novos sentidos no processo educativo. Pois, há
participação, mediação, interatividade, porque há um novo cenário
de aprendizagem, papeis, atores e caminhos a seguir.

Abordagem da aprendizagem orientada por processos


http://files.eric.ed.gov/ fulltext/EJ719906.pdf

CHAVES, Eduardo. Tecnologia na Educação, Ensino a Distância,


e aprendizagem mediada pela tecnologia: conceituação básica.
Revista de Educação, PUC-Campinas, v. 3, nº 7, nov, 1999, p.29-
43.

LA ROSA, J. Psicologia e educação: o significado do


aprender.Porto Alegre: EDiPUCR, 2003. 230p.

59
• Ferramentas de colaboração on-line:

 Trello https://www.trello.com/
 Yammer https://www.yammer.com/
 Red Pen http://www.redpentool.com/
 Govisually http://www.govisually.com/
 Google Docs https://docs.google.com
 Microsoft SharePoint: https://products.office.com/pt-
br/sharepoint/collaboration
 Screenhero https://www.screenhero.com/
 Skype http://www.skype.com/
 Google Hangouts https://plus.google.com/hangouts
 Snapchat https://www.snapchat.com/

... e muitas outras!

60
Considerações finais

Olá! Quando nos referimos ao processo de ensino e aprendizagem,


sempre conectamos o momento com o mercado de trabalho. Daí
surge a constante necessidade de que esses processos aconteçam
ao longo de toda vida, já que juntamente a eles surgem novas
metodologias e tecnologias para realização de atividades. Com isso,
cria-se a necessidade de um professor e estudante mais flexível,
adaptativo, inovador e criativo.

Ressaltamos que, para que essa cultura de criatividade e inovação


se desenvolva, é preciso que exista uma mudança de paradigmas no
âmbito educacional. É necessário expandir e intensificar a completa
integração das tecnologias digitais como recurso pedagógico de
aprendizagem para o currículo e seu uso em sala de aula, bem como
fora dela, de maneira educativa.

Foi mediante este contexto que idealizamos todo o curso e material


de apoio pedagógico para os professores da rede Estadual de
Pernambuco, contribuindo para a formação de professores e
desenvolvimento de melhores práticas pedagógicas, pontos
principais do desenvolvimento da educação nesse novo cenário
tecnológico.

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Tanto a inovação como a criatividade trazem novas soluções e
aumentam os resultados significativos do processo de ensino e
aprendizagem. Assim, contamos com você para avançarmos, junto
aos estudantes, tornando-os protagonistas da sua própria história e
compreendendo que você professor(a) foi o elemento chave nessa
caminhada.

Ah, mas o curso não se encerra por aqui. Você tem uma atividade
para realizar e obter seu certificado, se liga nos próximos vídeos que
te explico direitinho. Te espero lá!!

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