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AULA II - 15/03 - NOVO TESTAMENTO I

EVANGELHOS Sinóticos, João e Atos dos Apóstolos


Resenha do livro: “Contexto e ambiente do Novo Testamento”
De EDUARD LOHSE

INTRODUÇÃO:

Eduard Lohse nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 1924. De 1956 a 1971 trabalhou como
professor do Novo Testamento em Kiel e na Universidade de Gotinga. Em 1971 foi nomeado
bispo da Igreja luterana de Hanover. (Para nós católicos quem interpreta a palavra é a Santa
Sé)
Utilize de preferência documentos ou autores católicos – Atenção a fidelidade a Doutrina

Lohse apresenta uma exposição clara e concisa de suas convicções, estando sempre
fundamentadas em criteriosa pesquisa histórica. Analisando todos os contextos (histórico,
religioso, geográfico, político, econômico e social), ele coloca o seu leitor a par dos
acontecimentos da época em que foram escritos os diversos livros bíblicos. A partir da análise
histórica, o leitor adquire condição para notar os detalhes que até então estavam ocultos, sem
sentido e complicados. Não basta estudar apenas a Bíblia – Tradição, Escrituras e Magistério

O teor da obra de Lohse é nada menos do que o próprio título revela: “Contexto e Ambiente do
Novo Testamento”. Como era de se esperar, o título reflete aquilo que a obra é como um todo.
A partir de uma descrição minuciosa da história da Palestina e suas relações com outros
povos, Lohse demonstra o que existe em torno de uma passagem bíblica. O livro é dividido em
dois grandes blocos: o judaísmo no tempo do Novo Testamento e o ambiente helenístico-
romano do Novo Testamento. O cristianismo surgiu dentre essas duas culturas: a judaica e a
helenista. Nessa cultura helenista está inclusa a influência romana que não se concentrou na
cultura, mas sim, na economia, na política e na infraestrutura. Helenos – Gregos (língua
universal da época)

A primeira parte da obra de Lohse, que no momento é o que nos interessa, mostra tudo àquilo
que aconteceu durante o período de mais de 400 anos que separa, na Bíblia, a última página
do livro de Malaquias da primeira página do Evangelho segundo Mateus. Esse período é
chamado de período intertestamentário e foi nessa fase que se desenvolveram os grupos
religiosos do judaísmo, o desenvolvimento da apocalíptica e se reforçou a esperança
messiânica (Antes de Cristo – conhecidos como povo hebreus). O livro de Lohse em sua
primeira parte mostra também, como o judaísmo se desenvolveu no tempo desde o cativeiro
babilônico até a revolta de Bar Kosba. Esse estudo é importante para compreendermos os
fatores originadores do cristianismo, e que o mesmo não surgiu do nada, sendo na verdade, o
resultado de uma série de eventos consecutivos e cumulativos que ocorreram na história.

O desenrolar dos fatos: Como os povos vizinhos, também os judeus sempre estiveram sob o
domínio dos grandes impérios, que sucessivamente dominaram o Oriente Próximo. De vez em
quando, permitiam aos pequenos povos levar uma vida independente, sem lhes criar
obstáculos. Mas de tempos a tempos interferiam com violência. Tentando determinar sua forma
de vida.

A história do judaísmo começa com o tempo do exílio babilônico. Os judeus levados para a
terra alheia da Babilônia podiam ficar juntos e conservar sua fé no Deus de Israel. Impedidos
de continuar o culto do templo permaneceram, porém, fiéis à lei do seu Deus. Após o fim do
domínio babilônico, com a vitória triunfal do rei persa Ciro, que com violentos ataques pôs fim
ao reino neobabilônico, adotaram uma política diferente da dos seus antecessores, os assírios
e babilônicos; não forçaram mudanças populacionais, nem exigiram o reconhecimento de uma
única religião de Estado para todos, mas ligaram sua política à situação local e permitiram a
continuação da vida tradicional dos povos.

Pouco tempo depois da conquista da Babilônia, o rei Ciro editou um decreto que dispunha
sobre a reconstrução da “Casa de Deus” em Jerusalém e sobre a devolução dos seus
instrumentos cultuais, se tirados do templo por Nabucodonosor (Esd 6,3-5).

Por encargo do “Grande Rei”, Esdras e Neemias chegaram um após o outro à Palestina para
pôr em ordem a situação. Neemias se preocupou com a construção de uma muralha ao redor
da cidade de Jerusalém. Esdras ensinou aos habitantes de Jerusalém a lei, promulgando-a em
nome do rei. A lei de Israel tornou-se o direito comum persa para Jerusalém e a Judéia. Esses
acontecimentos provocaram o desgosto e a inveja dos vizinhos e, especialmente, dos
habitantes da Samaria que, não foram reconhecidos pelos judeus como verdadeiros israelitas.
Essa separação e o grande favorecimento de Jerusalém pelo rei persa causaram entre os
habitantes da Samaria um sentimento de amargura, que contribuiu para um crescente
distanciamento entre norte e sul. Tal distanciamento acarretou finalmente, a separação política
das províncias da Samaria e de Judéia.

Essa situação provocou neles o desejo de construir um santuário próprio, através do qual se
tornariam independentes de Jerusalém. A separação entre judeus e samaritanos aconteceu
depois da conclusão do Pentateuco e antes da definição dos limites canônicos das outras
partes do Antigo Testamento.

No tempo em que os samaritanos obtiveram seu próprio santuário, reinava uma inimizade
profunda entre eles e os judeus. Tal animosidade os levou a guerra. No ano 128 a.C., os
judeus, sob o comando de João Hírcano, destruíram o templo do monte Garizim.

No tempo de Jesus, judeus e samaritanos não se relacionavam (Jo 4,9). A palavra “samaritano”
era utilizada como insulto contra pessoas consideradas loucas (Jo 8,48).

A comunidade cristã primitiva logo superou a separação existente entre judeus e samaritanos e
levou o Evangelho para a Samaria (At 8,4-25).

Na batalha de Isso (333 a.C.), Alexandre Magno venceu o rei Dario III, abrindo-se com esta
vitória o caminho para o Egito, através da Síria e da Palestina.

A Judéia submeteu-se ao marechal Parmênio, sem tentar resistir. A Samaria, residência do


governador persa, foi conquistada por Perdikkas e seus soldados.

Como os judeus se submeteram pacificamente, confirmaram-se os direitos, já obtidos sob o


domínio persa, podendo continuar praticando seu culto livremente.

O comercio e a forma de vida dos gregos se difundiram por todo o país. Os povos do Oriente
Próximo se abriram à influência grega, às atitudes dos gregos, à sua cultura e herança
espiritual. Os judeus da Palestina viveram, portanto, na vizinhança imediata de gregos que
impuseram sua língua comum. Quem não sabia falá-la era considerado “bárbaro”. Muitos
judeus aprenderam a língua dos estrangeiros, falada em todos os países atingidos pela marcha
vitoriosa de Alexandre Magno.

Com a chegada do mundo helenístico, os judeus aprenderam a discutir da mesma maneira,


investigando e esclarecendo a verdade da vontade divina na forma de um diálogo didático.
Porém, a lei, transmitida pelos pais e antepassados, escrita na língua hebraica, obrigava a
comunidade a conservar a fé antiga, a celebrar o culto segundo a lei de Moisés e a
conscientizar-se da eleição de Israel como povo de Deus em meio a todos os povos.
Em consequência da morte prematura de Alexandre Magno, aos 33 anos de idade, seu império
entrou em convulsões políticas. Como os generais do rei brigavam pela herança, quebrou-se a
unidade do reino. O governador Ptolomeu, com resistência no Egito, ordenou a ocupação da
Palestina e a colocou primeiro sob seu domínio.

Como os persas e Alexandre Magno, também os Ptolomeu não interferiram nos assuntos
internos da comunidade cultual de Jerusalém. A direção do povo judeu estava na mão do sumo
sacerdote, que podia ordenar e administrar os interesses judaicos, com a aprovação do
soberano helenístico.

Depois de uma primeira tentativa frustrada, o rei sírio, Antíoco III (223 – 187 a. C.), conseguiu
tirar a Palestina das mãos dos egípcios, no final do terceiro século. Os ptolomeus tiveram que
se retirar e deixar o país na mão dos sírios.

Os judeus, durante a luta, colocaram-se do lado dos sírios, por isso, eles trataram os judeus de
maneira favorável e, aos direitos já obtidos foram acrescentados outros privilégios: as
necessidades e os gastos do culto do templo deveriam ser cobertos até determinada soma
pelos cofres do Estado, e se concedeu isenção de impostos aos membros do conselho de
anciãos e aos escribas.

Essa situação amigável, porém, não havia de perdurar por muito tempo.
Quando, no ano 175 a. C., Antíoco IV assumiu o governo da Síria, Onias era sumo sacerdote
em Jerusalém. Tinha, porém, adversários no clero, sobretudo nas pessoas do seu irmão Josua
e entre os partidários da helenização. Josua helenizou seu nome, transformando-o em Jasão, e
ofereceu aos sírios uma quantidade considerável de dinheiro, que devia ser arrecadada através
de um aumento dos impostos. Também conseguiu a remoção de Onias do cargo e sua própria
nomeação como sumo sacerdote. Embora Jasão ordenasse ministrar o culto no templo,
conforme as prescrições da lei, não deixou de promover com toda a energia a continuação da
helenização. Após três anos do governo sacerdotal de Jasão, um homem chamado Menelau
ofereceu mais dinheiro do que Jasão. Menelau, então, foi nomeado sumo sacerdote em lugar
de Jasão. O cargo de sumo sacerdote tornara-se objeto comercial da política.
(Período de fortalecimento do messianismo – Aguardo do novo Rei)

Antíoco, em 169 a.C., quis encher seus cofres, vazios por causa das guerras, saqueando o
templo de Jerusalém: os instrumentos preciosos do templo, o altar de incenso, o candelabro de
sete braços e a mesa dos pães de oblação foram levados para Antioquia (1Mc 1,20-24).

Com a nova intervenção, a helenização devia ser completada a força, acabando com a vida
própria da comunidade judaica. Os muros de Jerusalém foram derrubados, e na colina da
antiga cidade de Davi se construiu uma fortaleza (Acra). Proibiu-se aos judeus, sob pena de
morte, a observância do sábado, bem como a circuncisão dos seus filhos. Em Jerusalém, no
lugar do altar dos holocaustos. Foi erigido um altar pagão para realização de sacrifícios ao
Deus supremo, o Zeus olímpico (167 a.C.,). Também porcos foram oferecidos como sacrifício.

Para os judeus, a profanação significou o horror da devastação (cf. Dn 11,31; 12,11). Essas
ocorrências acarretaram uma perigosa crise para o judaísmo, cujo fim parecia estar próximo.

A chama da revolta contra o domínio estrangeiro acendeu-se por ocasião de um incidente na


pequena aldeia de Modin, perto de Lidda. Os inspetores do rei chegaram também a esse
lugarejo a fim de forçar os judeus a oferecer sacrifícios pagãos. Lá morava o velho sacerdote
Matatias, chefe de uma família denominada “asmoneus”, conforme seu ancestral. Matatias
matou um judeu, disposto a oferecer sacrifício no altar, bem como o funcionário real que pedira
o sacrifício. Matatias e seus filhos precisaram fugir e retira-se para as montanhas de Judá (1Mc
2,15-28). Logo um grupo de judeus, dispostos a lutar, juntou-se a eles. Quando, pouco depois,
morreu o velho sacerdote Matatias, seu filho Judas assumiu a liderança dos guerreiros. Este
recebeu o apelido de “o macabeu”, que significa “aquele que é como um martelo”.
(tarefa de Casa 😊 – realizar a leitura de Macabeus I e II) Judas tornou-se guerreiro hábil, respeitado
por seus amigos e temido por seus adversários. O rei Antíoco, mandou seu general Lísias para
a Palestina. Judas obteve êxito contra ele. Venceu o sírio em vários combates, marchou
vitorioso para Jerusalém, ocupou o santuário profanado e restaurou a veneração ao Deus de
Israel, prescrita na Lei.

Muitos setores do povo judeu ficaram contentes com o resultado da luta de libertação dos
macabeus, sobretudo porque, depois de algum tempo, o cargo de sumo sacerdote pôde ser
ocupado de novo.

Judas morreu, no ano 160 a.C. Sucedendo a Judas, seu irmão Jônatas tornou-se líder. Quando
Jônatas foi assassinado em 143 a.C, através de um estratagema dos sírios, seu irmão Simão,
o terceiro dos irmãos macabeus, assumiu a liderança na luta.

Sob o governo de Simão, os judeus viviam novamente em situação pacífica. As pessoas se


sentiam aliviadas. Elogiavam o reinado de Simão, como tempo de paz e felicidade, e, a fama
de seu nome chegou até o extremo da terra. Protegeu os pobres do seu povo, foi observante
da Lei, e eliminou os apóstatas e perversos. Cobriu de esplendor o Templo e multiplicou seus
utensílios sagrados. 1Mc 14,8-15). Apóstatas = contrários a fé

O reinado de Simão terminou abruptamente quando o rei foi vítima de um atentado perpetrado
por seu genro Ptolomeu. O assassino, porém, não conseguiu tomar o lugar de Simão. Ao
contrário, o governo foi entregue ao filho deste, João Hírcano, conforme as decisões tomadas
pelo povo no tempo de Simão.

Apesar de uma política bem-sucedida nos empreendimentos guerreiros, Hírcano encontrava


pouca aceitação junto ao povo e entre os piedosos. Dos grupos de judeus fiéis a Lei, nasceu a
comunidade dos fariseus. Originalmente, os asmoreus simpatizaram com eles; mais tarde,
porém, começou um acentuado distanciamento.

Após a morte de Hírcano, seu filho Aristóbulo usurpou a regência. Aristóbulo comportava-se
como os reis de pequenos Estados orientais e foi o primeiro governante judeu a atribuir-se o
título de rei. (Reinício dos reinados)

Depois de um curto reinado, Aristóbulo morreu em 103 a.C. Sua esposa, Salomé Alexandra,
libertou da prisão aos irmãos do rei morto e entregou o governo ao mais velho, tornando-se sua
esposa. O novo rei mudou seu nome Jônatas para o nome grego Janeu, chamando-se
Alexandre Janeu. Segundo a tradição, em seu leito de morte Alexandre Janeu aconselhou sua
esposa Salomé Alexandra a reconciliar-se com os fariseus. Após a morte do rei, ela assumiu o
governo, e por nove anos o dirigiu com cautela e sabedoria (76-67 a.C.). a tradição farisaica
elogia seu governo como um período pacífico e abençoado.

Quando Salomé Alexandra morreu no ano 67 a.C., devia sucedê-la no trono seu filho Hírcano
II. Mas seu irmão Aristóbulo começou a disputar com ele a dignidade real. Essa briga se
transformou em um conflito armado em que os soldados de Aristóbulo se mostraram superiores
aos de Hírcano. A dignidade de sumo sacerdote e de rei passaria para Aristóbulo. Porém, o
poder superior de Roma se interpôs, determinando, a partir daí, o destino do Oriente Próximo e
com isso também o da Palestina. Quando Pompeu se acercou com suas legiões, dissolveu-se
o enfraquecido reino dos selêucidas, incorporando-se ao Império Romano como província
“Síria”.

Pompeu entrou em Jerusalém e pisou no templo, vendo também o santíssimo. Todavia, não
roubou nada do santuário e ordenou a retomada do culto quanto antes.
Aristóbulo e seus dois filhos, Alexandre e Antígono, foram levados presos para Roma. Hírcano
retornou como sumo sacerdote.

Pouco tempo depois, Aristóbulo e seus filhos fugiram do cativeiro retornando para a Palestina e
começaram a tramar contra o poder vigente, mas nada conseguiram.
Os violentos conflitos pelo poder no império Romano produziram também seus efeitos na
Palestina. Na luta entre Pompeu e César, Hírcano e seus homens se encontravam sob o
domínio de Pompeu, em cuja mão estava o leste do império. Tendo César saído vitorioso do
conflito e Pompeu assassinado no Egito em 48 a.C., Hírcano e Antípatro conseguiram passar
rápida e felizmente para o lado vitorioso.

César não somente renovou os direitos da comunidade cultural de Jerusalém, como também
concedeu outros privilégios: de novo, anexou-se a cidade de Jope ao domínio do sumo
sacerdote, Hírcano foi confirmado no seu cargo e nomeado etnarca e aliado dos romanos.
(Etnarca = sacerdote)
Judaísmo sobre o controle romano

A Judéia se libertou da obrigação de sustentar legiões romanas durante o inverno. A partir daí,
o judaísmo se encontrava sob a proteção do Estado romano.

Em virtude do assassinato de César (44 a.C.), novas convulsões sacudiram o império. Hírcano
e Antípatro ficaram primeiro ao lado dos assassinos de César, cujo poder, porém, não durou
muito tempo. Octaviano e Antônio venceram-nos na batalha de Filipi, em 42 a.C. após a vitória,
Antônio assumiu o governo do leste do império, residindo em Alexandria com a rainha
Cleópatra.

Antípatro tornou-se vítima de um atentado. Antônio confirmou Hírcano e os dois filhos de


Antípatro nos seus cargos. Hírcano continuava como sumo sacerdote. Herodes e Fasael
governavam o país.

Subitamente, a região foi invadida pelos partos, oriundos do Oriente. Os partos prenderam
Hírcano e Fasael; Fasael se suicidou, e Hírcano foi entregue a Antígono, que assumiu o
mandato de sumo sacerdote e rei, dominando por três anos. Eliminados Hírcano e Fasael
restou somente Herodes, que fugiu para os romanos, procurando ajuda.

Herodes em 40 a.C., por decisão oficial do Senado, foi nomeado rei dos judeus, sendo primeiro
rei sem=terra, porque na Palestina se encontravam seus piores inimigos.
Retorno da palavra rei (apenas título)

Em pouco tempo, os romanos expulsaram os partos da Síria. De lá, Herodes atacou a


Palestina, com o apoio dos romanos. No ano 37 a.C., conseguiu ocupar Jerusalém e tomou
posse do trono.

Herodes eliminou os adversários do seu regime e todos os considerados perigosos para seu
governo. Não respeitou laços de amizade ou relações familiares. Herodes não era de
descendência sacerdotal. Por isso, não podia tornar-se sumo sacerdote, por isso nomeou ao
cargo um homem submisso a ele e depois transferiu o cargo a seu cunhado Aristóbulo. Um ano
depois Aristóbulo foi assassinado no banho, as suspeitas recaíram sobre Herodes.

Por ciúme dos asmoneus, Herodes mandou matar sua esposa Mariamne e, tempos depois,
também seus filhos Alexandre e Aristóbulo. O rei conservava a simpatia para com seu filho
primogênito, Antípatro, mas, pouco antes de sua morte, mandou executá-lo como traidor. A
suspeita determinava o agir de Herodes. Herodes estava sempre muito alerta a qualquer perigo
que ameaçasse seu domínio e poder. Não hesitava em mandar assassinar qualquer pessoa
que pudesse tornar-se perigo para ele. Por causa do regime linha dura e do terror com que
suprimiu qualquer movimento de oposição, foi odiado pela maioria do povo.

No final do governo de Herodes, nasceram João Batista e Jesus de Nazaré (Mt 2,1; Lc 1,5). No
testamento feito pelo rei, pouco antes de sua morte, repartiu seu reino entre seus três filhos
Arquelau, Herodes Antipas e Filipe.

Antipas e Felipe foram nomeados tetrarcas, ou seja, pequenos príncipes. Arquelau não
recebeu título de rei, mas somente um inferior, o de etnarca. Para o povo, essas diferenças de
título nada significavam. Considerou os governantes como reis. Por isso, o Novo Testamento
chama de reis Arquelau (Mt 2,22) e Herodes Antipas (Mc 6,14.26; Mt 14,9).

Arquelau foi o mais odiado pela população. Governava com rigidez tão arbitrária e brutal, que
seus súditos mandaram uma vez mais uma queixada a Augusto. O imperador atendeu às suas
queixas e no ano 6 d.C., Arquelau foi destituído e exilado para a Gália. Seu domínio ficou na
mão do governador romano, que ordenou e realizou um censo geral da população na Síria e na
Palestina. Portanto, no tempo de Jesus, a Galileia e o norte da Trans Jordânia encontravam-se
sob o domínio de príncipes judeus, enquanto a Samaria, a Judéia e a Idumeia eram
governadas pelo procurador romano (Lc 3,1).

No tempo de Jesus, Pôncio Pilatos exerceu o cargo de procurador (26-36d.C.). Filo de


Alexandria relata que sua administração consistia em “corrupção, violência, roubos, tortura,
ofensas, contínuas execuções sem processo, crueldade habitual e insuportável”.

Quando numa ocasião peregrinos Galileus quiseram sacrificar em Jerusalém, Pilatos ordenou
uma matança sangrenta entre eles (Lc 13,1). (não pode haver sacrifícios sem a autorização do
governo Romano) Mandou prender e matar pessoas suspeitas de serem revolucionárias (Mc
15,7). Esse homem duro e sem escrúpulos certamente não tinha receio de, após um
interrogatório sumário, sentenciar à morte na cruz um judeu, entregue pelo Sinédrio como
pessoa politicamente suspeita. Assim, Jesus de Nazaré morreu fora de Jerusalém, submetido
pelo procurador romano ao castigo mais vergonhoso que o mundo antigo conhecia.

Herodes Antipas governou a Galileia entre 4 a.C., e 39 d.C. ele estava casado com a filha de
um rei nabateu. Mais tarde, tomou Herodíades como sua mulher, esposa do seu meio-irmão,
um Herodes pouco conhecido. Desta maneira, infringiu a Lei. Herodíades era neta do rei
Herodes e de Mariamne e filha de Aristóbulo, executado, como sua mãe, por ordem de
Herodes. Ele repudiou sua primeira esposa, deixando-a voltar para seu pai, no reino nabateu.

O casamento com Herodíades trouxe desgraça para Herodes Antipas. O rei dos nabateus,
indignado, iniciou uma guerra contra seu antigo genro, derrotando-o completamente. A
ambição de sua esposa Herodíades foi fatal para Herodes Antipas. Ela insistiu que ele se
esforçasse junto ao imperador Calígula para conseguir sua investidura como rei. A tentativa do
príncipe falhou. Calígula suspeitou de Herodes Antipas e o mandou para o exílio na Gália (39
d.C.).

Angripa, neto de Herodes, tinha passado muito tempo em Roma, mostrando-se suficientemente
hábil para conseguir o favor de Calígula. Em 41 d.C., recebeu o governo da Judéia, da Samaria
e da Idumeia, reunindo assim aob seu cetro todo o reino antigamente dominado por seu avô.
Nesse tempo, a ameaça de um conflito de grandes proporções pairou sobre o país. Querendo
colocar sua estátua no Templo de Jerusalém, Calígula provocou forte reação dos judeus, que
viram nisso o horror da devastação, erigido no lugar santo (Mc 13,14). Calígula foi assassinado
repentinamente (41 d.C.). seu sucessor, Cláudio, não insistiu no culto divino de sua pessoa no
Templo.

Herodes Agripa apresentava-se como judeu piedoso, cioso da fiel observância da Lei. Por isso,
os escribas e fariseus o louvaram muito; ele agradava aos fariseus, perseguindo a comunidade
cristã de Jerusalém. Mandou matar Tiago, filho de Zebedeu, e prender Pedro (At 12,1-3).
Quando morreu, o governo não foi entregue a seu filho Agripa. Todo o país foi anexado à
província Síria. A administração foi assumida por um procurador romano, com residência em
Cesaréia e submetido ao governo da Síria.

Alguns anos mais tarde, Agripa II recebeu o território anteriormente governado por Felipe.
Agripa II também causou escândalo ao viver permanentemente na companhia de sua irmã
Berenice (At 25,13). Conforme os boatos, tratava-se de uma relação incestuosa.

No país, cresceu o ódio contra os romanos, ocasionando contínuas agitações.


A atitude brutal da ocupação romana levou a uma escalada de ódio entre a população judaica.
Agripa tentou convencer os judeus do absurdo de uma revolta armada contra Roma. O sumo
sacerdote, os círculos sacerdotais e os fariseus exortaram a proceder com moderação. Mas já
não era possível debelar o incêndio. Não mais se ofereceu o sacrifício diário pelo imperador
romano, assinalando assim o início da revolta aberta. Diante do ímpeto da revolta a fortaleza
Antônia também não resistiu. Foi tomada, ficando toda a cidade na mão dos judeus.

Os romanos, surpreendidos pelo rápido desenrolar dos acontecimentos, não mais dominavam
a situação.

O imperador Nero encarregou Vespasiano, seu general mais capacitado a comandar a guerra
contra os judeus. Vespasiano juntamente com seu filho Tito, aproximou-se com grandes
contingentes de Antioquia. Tito trouxe tropas do Egito. O ataque dos romanos dirigiu-se
primeiro contra a Galileia, depois, após quarenta e sete dias de cerco, sucumbiu a resistência,
exigindo os zelotas o suicídio de todos os defensores. Josefo rejeitou essa pretensão e foi
suficientemente esperto para salvar-se. Entregou-se a Vespasiano, profetizando-lhe a
obtenção da coroa imperial. Vespasiano deu-lhe a vida e Josefo ficou permanentemente no
quartel general dos romanos. Assim. Ele se tornou testemunha ocular e historiador de toda a
guerra judaica.

João de Cisala, líder dos zelotas, fugiu com um pequeno grupo para Jerusalém. No ano 67
d.C., toda Galileia se encontrava de novo nas mãos dos romanos.

A guerra devia ser decidida em Jerusalém. Naquele tempo, a comunidade cristã primitiva, não
participante da revolta, deve ter abandonado a cidade, dirigindo-se a Pella, na Trans Jordânia.
No ano 69 d.C., Vespasiano foi proclamado imperador por seus soldados. Viajou para Roma,
entregando a continuação da guerra a seu filho Tito. Durante a Páscoa do ano 70 d.C., Tito
aproximou-se com quatro legiões e tropas auxiliares bem equipadas, cercando Jerusalém com
seus habitantes e peregrinos.

No discurso de Jesus sobre o juízo final, segundo o Evangelho de Lucas, fala-se dessa
situação desesperada: “Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem
sabendo que a destruição dela está próxima” (Lc 21,20). “Dias virão em que os inimigos farão
trincheiras contra ti, te rodearão e te apertarão por todos os lados. Eles esmagarão a ti e a teus
filhos, e não deixarão em ti pedra sobre pedra” (Lc 19,43ss). Guerrilheiros judaicos capturados
foram crucificados pelos romanos. Erigiram-se cruzes em cima dos diques, ao redor da cidade,
para assustar os defensores.

Os romanos quebraram os três anéis da muralha que cercava a cidade, avançando cada vez
mais contra a resistência dos defensores. O templo foi devorado pelas chamas durante os
últimos combates. Tito conseguiu entrar no santíssimo, pouco antes de seu desabamento. O
candelabro de sete braços e a mesa dos Pães de oblação foram salvos como troféus, para
serem levados ma marcha triunfal, de cuja memória o arco de Tito em Roma nos dá
testemunho.
Devido à queda do Templo e da cidade, o judaísmo perdera seu centro visível.

O judaísmo era capaz de sobreviver a essa catástrofe terrível, porque possuía forças vitais
suficientes, possibilitando-lhe novo começo. Os fariseus se ocuparam decididamente aos
sacerdotes de orientação saduceia. Os saduceus, porém, foram mortos na destruição de
Jerusalém. Por isso, o movimento farisaico, guiado por escribas, caracterizou a reconstrução
das comunidades judaicas, dirigindo seu retorno e acolhimento após o desastre. Com a queda
do Templo, findou-se o culto sacrificial. A adoração do Deus de Israel continuaria nas
sinagogas, em cujo culto entraram partes da liturgia do Templo. Em Jâmnia, reuniu-se um novo
Sinédrio, do qual não mais participaram sacerdotes e anciãos, mas somente escribas.
Nas ruínas de Jerusalém, construiu-se um templo para Júpiter. A nova cidade foi habitada
somente por não judeus. O acesso dos judeus foi proibido.

Somente no séc. IV d.C. foram autorizados a entrar na cidade uma vez ao ano para
relembrarem o fato da destruição junto ao muro das lamentações, o que sobrou do templo
herodiano.

Considerações finais:
No decorrer de nosso trabalho, podemos averiguar que o território de Israel sempre esteve no
centro das disputas políticas, econômicas, sociais e religiosas desde que se têm registros.
Estas disputas, em determinado tempo se torna mais acentuada, e, por muitas vezes Israel se
vê sob a dominação de outros povos. Podemos notar que a crença de Israel em um Deus, que
lhes promete a posse da terra, é, o combustível que possibilita sua resistência durante os
momentos de opressão; pois uma vez feita a promessa por seu Deus, esta tende a ser
cumprida. É exatamente esta certeza de fé que propicia Israel constantemente se levantar das
cinzas e lutar por sua identidade dentro da história.

Muitas dúvidas pairam ainda hoje, sobre a real história dos fatos ocorridos que levaram à
formação de Israel, entretanto, não resta dúvida nenhuma sobre a persistência deste povo,
mesmo que sob o julgo dos opressores, em continuar mantendo viva sua cultura e história indo
contra tudo e contra todos, apoiados apenas na certeza de que seu Deus lhe dará a vitória.
Assim sendo, podemos supor que possa realmente existir algo a mais, algo de divino na
história deste povo.

O mais gratificante em estudar Israel, talvez seja poder constatar que o Cristianismo traz
consigo a extensão das promessas deste Deus que em Jesus Cristo, “JUDEU” nos adotou
como um só povo, nos guiando a Jerusalém Celeste.

Diácono Luciano José Dias


Finalizado a leitura compartilhada em 22/03/2021

QUEM SOU EU?


Diác. Luciano José Dias
Cursou cinco anos de teologia pelo ITESA - Instituto de teologia da diocese de Santo André,
(2005-2010), validou o diploma em nível Bacharelado pela Universidade Metodista de São Paulo
(2011). Pós-graduado em práticas pedagógicas de ensino religioso e em Cultura Judaico-Cristã,
História e Teologia pela Universidade UNIFAI - Assunção SP em 2012. Participou do programa
Bíblico em espanhol do Centro de Formação Bíblica Nossa Senhora de Sion durante os anos de
2012-2016. Estudou hebraico moderno em Jerusalém-Israel, lugar em que viveu durante os anos
de 2012 até 2016. Cursou Inglês em Kensington Academy of Enclish - David Game (London)
em 2013. Mestre em Teologia bíblica pela PUC-SP em 2019. Concentração em Antigo
Testamento. (Pentateuco).

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