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Abra a sua mente!

Como escrever textos mais criativos

Pedro Leandro
Copyright © 2017 por Pedro Leandro

Primeira edição: setembro de 2017

Capa e diagramação digital: Pedro Leandro

Imagens grátis para uso comercial e atribuição não requerida através do


website Pixabay.

Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos nos exemplos e


exercícios propostos deste livro são produtos da imaginação do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.

A obra segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.

Nenhuma parte dessa obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer
forma, meio eletrônico ou mecânico sem a permissão do autor.

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ilegais. Todas as obras são desenvolvidas com investimento de tempo,
pesquisa e estudo. Promova a literatura e incentive o seu autor preferido
adquirindo cópias legais do seu trabalho.
Índice

Introdução

Capítulo 1- Essa tal de criatividade

Capítulo 2 - Sistemas representacionais

Capítulo 3 - Exercitando o visual

Capítulo 4 - Exercitando o auditivo

Capítulo 5 - Exercitando o cinestésico

Capítulo 6 - Exercitando o VAC completo

Capítulo 7 - A importância da pesquisa para elaborar personagens, cenários e


enredos

Capítulo 8 - Estado mental & criatividade

Capítulo 9 - Jogo do ponto de vista

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Introdução
Quem sou eu?

Meu nome é Pedro Leandro e trabalho há mais de 10 anos na área de


marketing redigindo textos e releases. Diante dos constantes desafios na
criação e elaboração de campanhas, em 2015 tive a oportunidade de me
aprofundar nos estudos da Programação Neurolinguística. Desde então,
passei a usar melhor minha capacidade mental e criativa com esses novos
conhecimentos. Portanto, além da minha experiência na criação de textos
diversos, a PNL será a base dos exercícios propostos.

Como observo que muitas pessoas apresentam dificuldades em


desenvolver a criatividade, especialmente na redação de um modo geral,
tomei a decisão de escrever esse livro, que funcionará como um guia simples
e prático de como desenvolver a criatividade num curto prazo de tempo.

Para quem é o livro?

O livro Abra a sua mente! Como escrever textos mais criativos é


direcionado a todos que desejam exercitar a criatividade, especialmente na
produção de textos. Ele é livre para qualquer faixa etária. É indicado para
estudantes que desejam melhorar a redação e criatividade na elaboração de
trabalhos. Poderá ser muito bem aproveitado por professores que desejam
estimular seus alunos através dos exercícios. É direcionado também para
novos escritores ou todo aquele que deseja ingressar na carreira literária e
sinta a necessidade de exercitar mais a criatividade.

Que tipo de texto vou exercitar?

Aquele que você sentir mais necessidade (e vontade!) de escrever:


redação, trabalhos escolares, contos, poesias, romances, textos publicitários e
qualquer outra atividade em que haja a necessidade de criatividade na
produção textual.
O que o livro NÃO é?

Não se trata de um livro de roteiro literário ou de língua portuguesa


(ortografia, regras de pontuação, concordância, regência, pronomes,
concordância, etc.).

Qual é o principal objetivo do livro?

O livro tem como principal objetivo estimular a criatividade através


de exercícios de escrita e observação, contribuindo para o desenvolvimento
da produção textual. E, estimulando-se a criatividade, ela será refletida em
todos os campos da vida: no trabalho, no relacionamento interpessoal, em
atividades do cotidiano, no relacionamento com a família, colaboradores,
vizinhos, colegas de trabalho, escola, faculdade. A PNL é muito vasta! Para
esse livro, vou me limitar ao uso dos sistemas representacionais, ou seja, os
sentidos que usamos diariamente: visual, auditivo e cinestésico. Se você não
tem qualquer noção de PNL, não precisa se preocupar! Tudo será explicado
de uma forma bastante simples e totalmente prática.

Em quanto tempo vou perceber que estou mais criativo?

Uma semana? Um mês? Seis meses? Isso dependerá exclusivamente


de você. Serão sugeridos diversos exercícios além dos modelos prontos que
vou deixar para te inspirar. Se você praticar com regularidade e produzir os
textos propostos, num curto prazo notará uma melhora significativa na sua
criatividade e percepção do mundo. Pratique! Exercite a sua criatividade ao
máximo!
Capítulo 1- Essa tal de criatividade

1.1. - Qual é a definição de criatividade?

Você precisa ser mais criativo!


Quem nunca se deparou com essa frase, num certo tom de cobrança?
Ela pode ter vindo do professor, chefe, pai, mãe... e, muito provavelmente, de
você mesmo! Essa cobrança impacta de forma bem negativa, não é? Soa
como uma obrigação, um martírio, praticamente dá vontade de se esconder e
esperar que a tal criatividade surja como num passe de mágica. Ou que
inventem uma pílula que te deixe mais criativo da noite para o dia.

Mas, afinal de contas, o que é criatividade? Busquei uma definição e


comecei do básico mesmo, ou seja, fui ao dicionário (Michaelis).
► Qualidade ou estado de ser criativo.

► Capacidade de criar ou inventar; engenho, engenhosidade, inventiva.

Não fiquei satisfeito e busquei mais uma definição, só que dessa vez
na internet mesmo. Encontrei essa que considerei bem interessante.

(Fonte: http://www.significados.com.br/criatividade/):

Criatividade é o substantivo feminino com origem no latim creare,


que indica a capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas.

Criatividade é um elemento essencial no contexto do trabalho. Nas


empresas, os funcionários criativos são muitas vezes recompensados, porque
conseguem pensar em soluções eficazes para diversos problemas. A
criatividade frequentemente resulta em soluções que permitem à empresa
economizar ou criar produtos que aumentam o seu lucro.
No âmbito das artes, a criatividade artística consiste na capacidade
do indivíduo de criar obras com valor e elevado grau de diferenciação em
relação a outras obras. Uma obra criativa pode ser uma pintura, um livro,
uma escultura ou um edifício, por exemplo.

Existem oficinas de criatividade, que são uma colaboração entre a


educação e psicologia, e têm como objetivo potenciar o autoconhecimento e
a aceitação de outros indivíduos. Estas oficinas usam técnicas como pintura,
escultura, desenho e muitas outras para desenvolver o pensamento criativo e
diminuir o estresse.

Algumas pessoas são naturalmente mais criativas do que as outras,


mas isso não quer dizer que a criatividade não possa ser desenvolvida. Ela é
uma habilidade que pode ser construída diariamente, basta você se permitir.
Isso mesmo, se permitir! Permita-se ser criativo!

Quantas vezes não perdemos oportunidades de desenvolver algumas


habilidades simplesmente por alimentar crenças equivocadas de que não
somos capazes? E sem ao menos nos dar a chance de tentar? Isso nada mais é
do que uma crença negativa. E crenças podem ser mudadas.

1.2. - Quais são as suas crenças sobre criatividade?

O que a palavra criatividade representa para você? Libertar-se e


deixar o pensamento livre? Você acredita no seu potencial? Tem medo de ser
julgado pelas coisas que pensa? Você tem medo de ser criativo?

Uma crença que limita muitas pessoas: “Eu não nasci pra isso. Esse
negócio de criatividade é para quem pode ficar à toa pensando na vida. Não
tenho tempo pra isso!”

Já repararam como as crianças têm um imenso poder criativo? Elas


podem inventar brincadeiras com simples objetos. Elas não têm crenças que
as limitam. Tudo é novo, divertido, quase mágico. Conforme vamos
crescendo, muitas vezes até mesmo de forma inconsciente, vamos limitando
essa criatividade. Os motivos são inúmeros. Você pode ter escutado um
comentário de alguém do tipo: “Esse garoto ou essa garota só vive
inventando coisas! Caia na vida real! O mundo não é um conto de fadas”.

Culpar o ambiente é outra crença limitante. Muitas pessoas reclamam


que não são criativas porque não foram estimuladas a isso. “Ah, não vê o
fulano? Na casa dele tinha livros, os pais liam para ele e foi incentivado a
isso. Eu não. Minha família nunca gostou de ler e livro era visto como um
gasto desnecessário ou servia para acumular poeira na estante”.

Constatar que um determinado acontecimento pode não ter


contribuído muito ao estímulo da criatividade é até pertinente. Mas, a partir
do momento que você consegue enxergar isso, não se permita entrar no
vitimismo. Só depende de você mudar a situação. Nós devemos ser a nossa
maior fonte de criatividade e de estímulo. Aproveite todas as oportunidades.
Se você não as tem, corra atrás. Não espere que o estímulo venha de fora, por
mais que ame os seus amigos, família, etc. O maior responsável deve ser
você mesmo, por mais que num primeiro momento isso pareça solitário.
1.3. – Você é criativo em vários momentos e não se dá conta

Você tem momentos muito criativos e vive se colocando para baixo


dizendo que a criatividade não é seu ponto forte. Faça uma forcinha e
coloque a cabeça para funcionar.
► Lembra-se daquela vez que uma visita chegou de surpresa e você fez um jantar rápido
usando os ingredientes que tinha na geladeira e todo mundo elogiou?

► Ou não tinha dinheiro para comprar uma roupa para uma festa, deu uma renovada numa
peça antiga e ela ficou com cara de novinha?

► Quando adaptou algo na sua casa ou no trabalho, dando mais conforto ou gerando
economia?

► E a formatação daquela apresentação, que ficou muito mais compreensível e foi muito
elogiada por todos?

Valorize todos esses seus momentos, mesmo que os julgue pequenos.


Se aquilo que você fez resolveu um problema, trouxe benefícios não só para
você, mas para um grupo, parabéns! Você foi criativo.

Todas as vezes em que o desânimo bater e aquela voz começar a ecoar


em sua mente falando “eu não sou criativo, eu não sirvo pra isso”, fique
sozinho por dois minutos. Feche os olhos, respire fundo e lembre-se de tudo o
que viu, ouviu e sentiu naquela ocasião. Você se sentiu feliz? Orgulhoso por
ter tido uma determinada ideia? Aquele momento criativo ajudou outras
pessoas também? Quais foram os ganhos? Veja e sinta que se você já teve
esse momento criativo em sua vida poderá gerar muitos outros. Traga à tona
todo esse sentimento bom. O potencial é todo seu, basta você se permitir
novamente. Que tal fazer uma lista de todos esses momentos? E, todas as
vezes que realizar algo legal, preencha novamente essa folha. Guarde todas
elas com carinho e releia sempre que puder.
1.4. – Pequenos hábitos, grandes mudanças criativas

Antes mesmo de focar na escrita criativa, que é o objetivo principal


desse livro, é necessário entender que precisamos alimentar nosso cérebro
com informações. Fazendo uma comparação com a culinária, não temos
como colocar uma assadeira vazia no forno e esperar que um bolo de
chocolate apareça milagrosamente. Precisamos de uma receita e de todos os
ingredientes, não é mesmo?

Quer ver outro exemplo? Você não está muito satisfeito com a
decoração da sua sala. Quer convidar os amigos para jantares ou mesmo para
assistir aquele filminho regado à pipoca, mas considera o ambiente sem graça
e pouco confortável. E aí vem toda a dúvida: como deixar o ambiente mais
agradável para você e seus amigos? Então busca revistas especializadas em
decoração, “namora” vitrines de loja de móveis e até mesmo busca na
internet sugestões de decoradores e arquitetos renomados. Você alimenta o
seu cérebro de novas ideias até que encontra a decoração perfeita para o seu
ambiente, gosto pessoal e orçamento.

Que tal inserir pequenos hábitos no seu dia-a-dia que vão ajudá-lo a
ser mais criativo? Inclua alguma nova atividade, mesmo que pequena, para
alimentar o cérebro com novidades. Um novo trajeto para escola e/ou
trabalho e observar as coisas no caminho: fachadas, cores, prédios. Ouvir
uma música nova, mesmo que de um ritmo que não seja o seu favorito,
provar uma comida e perceber como reage àquele sabor. Estimular os
sentidos para aprender.

Costumo fazer caminhadas pelo meu bairro e gosto de observar os


detalhes pelo caminho. Um jardim, o céu azul, um bichinho de estimação,
uma propaganda de alguma loja, e por aí vai. É certo que muitas vezes repito
esse caminho. Quando eu me percebo no piloto automático, mudo o trajeto.
Os pés, que estavam meio viciados, tentam ir por aquele caminho que
estavam acostumados e eu dou uma ordem contrária. Chega a ser engraçada
aquela briga mental. “Ei, estou acostumado a ir por esse lado, por que você
mudou?”. E, nesse novo caminho, até me sinto meio turista no lugar onde eu
moro e observo novas características. Antes de mudar o trajeto existia uma
falsa crença de que aquilo tudo já era do meu conhecimento, mas descubro
que estava errado. Criatividade não é só criar, mas ter outras percepções,
outros pontos de vista de um mesmo acontecimento. Até mesmo dentro da
própria rotina, quando mudarmos o foco e descobrimos coisas bem
interessantes.
Capítulo 1 – Exercício (modelo)

Vamos começar a exercitar? Ainda não entrei na proposta do livro e


no guia que vai facilitar o desenvolvimento da sua criatividade. Esse é o
momento para você refletir como ela está. Use seus conhecimentos de agora
para essa proposta, combinado? Usei a imagem para me inspirar. Tenho uma
enorme vontade de aprender a tocar violão. Então, me desafiei a deixar um
exemplo para você de um pequeno texto sobre o assunto. Emprestei o meu
desejo para a personagem Lívia, de 14 anos.

Eu simplesmente não conseguia acreditar no que estava vendo. Lá


estava ele, amarelinho, em cima da minha cama. Quando eu disse que queria
aprender a tocar violão, era apenas um desejo, um sonho distante. Mas ela
levou a sério. Muito a sério pelo visto!

Quando minha mãe apareceu na porta do meu quarto, saí


correndo e a enchi de beijos.

— Eu não falei que você seria a primeira artista da família, Lívia?

— Meu Deus, ele é lindo! Estou com medo até de botar a mão nele.
Ela riu.

— E como você vai aprender a tocar, me diga? Além do mais, seus


primos aguardam ansiosos pelo showzinho na noite de Natal. Temos aí... —
Ela fez uma cara engraçada e começou a contar nos dedos. — Uns cinco
meses? Dá pra aprender a tocar quantas músicas até lá?

Caí sentada na cama com o susto.

— Showzinho? Mãe, eu vou passar vergonha na frente da família


toda! Por que você foi contar para os meus primos? Agora eles vão encher a
minha paciência.

Ela não parava de rir.

— Para de ser dramática! E tira logo esse uniforme do colégio para


poder almoçar.

Ela saiu do meu quarto e finalmente tive coragem de pegar o


violão. Deslizei suavemente os dedos sobre as cordas, sentindo a textura
delas. Quando emitiu um som, meu coração disparou. Eu, que ouvia música
o dia inteiro, agora seria capaz de tocá-las. Que pena que tem gente que não
acredita em magia... Minha varinha de condão tinha a forma de um violão.
Um violão amarelinho todinho meu...

E aí? Gostou? Esse será o tipo de proposta predominante de todo o


livro. Se você quiser, poderá fazer a sua própria versão dessa história. Desde
agora separe um caderno para praticar os exercícios.
Capítulo 1 – Exercício (parte 2)

Já que estamos no clima musical, vou manter o mesmo tema no


exercício proposto. Para te ajudar, eu vou deixar uma breve descrição e você
dará a continuidade.

Carlos adorava ensaiar várias músicas com seus amigos Marcos,


José e Henrique. Eles têm o costume de tocar todas as noites de sexta-feira
para descontrair depois uma semana inteira de trabalho. Até que um dia
apareceu um outdoor na cidade deles, convocando os músicos locais para
um concurso de talentos. O prêmio? A gravação de um CD em um estúdio
profissional. Eles resolveram se inscrever e finalmente chegou o dia da
apresentação.

Mediante essa breve descrição, desenvolva uma história. O que será


que vai acontecer com o grupo de amigos? Crie falas, descreva cenários,
imagine como foi o show, como Carlos e seus amigos se sentiram com o
desafio e o resultado do concurso. Uma página, duas, dez. Não existe certo ou
errado. Use a narrativa que gostar mais, com um narrador externo ou com um
dos músicos contando a história. Apenas deixe a sua criatividade em ação
sem pensar em regras ou estruturação. Sinta-se bastante à vontade para criar!
Não se imponha limites, combinado? Bom trabalho!
Capítulo 2 - Sistemas representacionais

2.1. – Uma breve definição da PNL

A partir do momento em que comecei a compreender melhor os


sistemas representacionais, melhorei muito a forma de observar o mundo, de
me relacionar com as pessoas e de exercitar minha criatividade. Por isso,
achei de suma importância destacar essa questão quando resolvi elaborar o
livro.

Como o tema central é o desenvolvimento da criatividade, não vou


me aprofundar em PNL, mas farei uso dos conhecimentos adquiridos de uma
forma bem objetiva. Assim, você poderá colocar em prática e em
pouquíssimo tempo vai notar a diferença.

Para quem nunca ouviu falar de PNL, trago uma definição de fácil
compreensão. A fonte da maior parte das referências e/ou definições
destacadas foram retiradas do livro “Introdução à Programação
Neurolinguística – Como entender e influenciar pessoas”, autoria de Joseph
O´Connor e John Seymor, Editora Summus Editorial Ltda, 2ª edição.

A Programação Neurolinguística (PNL) é a arte e a ciência da


excelência, ou seja, das qualidades pessoais. É arte porque cada pessoa
imprime sua personalidade e seu estilo àquilo que faz, algo que jamais pode
ser apreendido através de palavras ou técnicas. E é ciência porque utiliza um
método e um processo para determinar os padrões que as pessoas usam para
obter resultados excepcionais naquilo que fazem. Este processo chama-se
modelagem, e os padrões, habilidades e técnicas descobertos através dele
estão sendo cada vez mais usados em terapia, no campo da educacional e
profissional, para criar um nível de comunicação mais eficaz, um melhor
desenvolvimento pessoal e uma aprendizagem mais rápida. (Pág. 19)
Consultei outros dois livros como fonte de pesquisa, ambos do
Anthony Robbins: Desperte o seu gigante interior e Poder Sem Limites,
publicados pela Editora Best Seller do Grupo Editorial Record.

Aproveito para deixar um site brasileiro de referência em PNL que


possui dezenas de artigos para aqueles que desejarem conhecer mais:
http://golfinho.com.br/

O processo de modelagem é muito importante na programação


neurolinguística. Quais são as pessoas criativas que você conhece e servem
como modelo de excelência para você? Não no sentido de imitar, de se tornar
uma cópia dessa pessoa. Quem você admira e fala “Uau, essa pessoa é muito
criativa, gostaria de ser como ela.”?

A J.K. Rowling tornou-se uma grande referência de modelo de


excelência para escritores, mesmo para aqueles que não gostam de livros de
fantasia. Criar todo o universo de Harry Potter, vendendo milhões de livros
em todo o mundo foi uma das coisas mais fantásticas da literatura dos últimos
tempos.

Eleja seus modelos de criatividade. Você pode eleger pessoas de


qualquer área de atuação: literatura, música, teatro, arquitetura, líderes,
inventores, jornalistas, médicos, cientistas e tantos outros. Faça essa lista e
pesquise mais sobre essas pessoas. Que atividades elas exercem que são
excelentes no seu ponto de vista? Estude o que elas fazem/fizeram de
diferente, quais foram os desafios que enfrentaram, liste seus progressos e
seus legados. Estudar pessoas de sucesso na área que você deseja atuar ajuda
muito no processo criativo.
2.1. – Exercitando o visual, auditivo e cinestésico (VAC)

Usamos os sentidos externos para observar o mundo, e os internos


para "reapresentar" a experiência para nós mesmos. Em PNL, as maneiras
como assimilamos, armazenamos e codificamos a informação na nossa
mente — através da visão, da audição, do tato, do paladar ou do olfato —
são chamadas de sistemas representacionais. (Pág. 44)

***

Em PNL, usamos a sigla VAC – Visual, Auditivo e Cinestésico (que


engloba o tato e os canais gustativo e olfativo). Quando percebemos o mundo
e nos comunicamos, utilizamos os três sistemas. Mesmo assim, nota-se que
muitas vezes utilizamos um ou dois com mais intensidade. Por isso, acredito
que é muito importante o exercício dos três sistemas para desenvolver a
criatividade. Quando criamos um texto, mesmo sem perceber, acabamos
utilizando o nosso sistema representacional dominante. Para que tenhamos
mais sucesso junto aos leitores, é recomendável que observemos se estamos
equilibrando o VAC.

***

A boa literatura sempre tem uma rica e variada mistura de


predicados e utiliza todos os sistemas representacionais igualmente, daí seu
alcance universal. (Pág. 48)

***

Antes de seguir para a elaboração de textos e exercitar o VAC, vou


dar alguns exemplos de como funcionam os sistemas representacionais no
nosso dia-a-dia. Você vai se surpreender como eles estão presentes o tempo
todo na nossa vida e não prestamos atenção.
Exemplo 1

Jantar de aniversário de namoro. Marisa passa o dia inteiro


enfeitando a casa, vai ao salão, corta e pinta os cabelos, compra um vestido
novo, usa suas travessas mais bonitas na mesa. Quando Arthur chega,
abraça Marisa de forma arrebatadora acariciando os seus cabelos, dá um
beijo cinematográfico e diz o quanto está cheirosa. Ao se sentar à mesa,
respira fundo motivado pelo aroma da comida e dá um gemido de prazer ao
provar o primeiro prato. O jantar corre tranquilamente, mas ela se sente um
tanto decepcionada.

Você saberia dizer por que Marisa teve essa reação? O namorado
parecia apaixonado e empolgado com o encontro. Ou não? Se você observar
bem, Marisa estava com o sistema visual aflorado: fez seu máximo para
deixar a casa impecável, arrumou os cabelos e decorou a mesa da melhor
forma. Quando Arthur chegou, desarrumou seu penteado e sequer notou a
nova cor e o corte. O vestido? Aquele beijo e abraço cinematográficos o
deixaram completamente amassado. E a arrumação da mesa? Nem um só
comentário. Arthur, por sua vez, estava com o sistema cinestésico em
evidência. Quando ele abraçou Marisa com entusiasmo queria demonstrar o
quanto a amava. Sentiu intensamente o beijo e aspirou seu perfume. Quando
o jantar foi servido, ele deixou-se embriagar pelo aroma e sabor da comida.
Ambos estavam comunicando amor, só que em dois sistemas diferentes. Por
isso Marisa se sentiu aborrecida. Ela gostaria que ele tivesse comentado e
valorizado o visual do jantar. Você já passou por situação semelhante? Talvez
essa história tenha remetido à lembrança alguma vivência parecida. E muito
provavelmente entendeu o motivo de, infelizmente, não ter dado muito
certo... Esse tipo de desentendimento não ocorre facilmente nos livros e
filmes? E rola discussão, choro, términos, traições e tantas outras
consequências.

Exemplo 2

João tem problemas para dormir e acorda com o menor barulho.


Com a chegada do verão, ele sentiu a necessidade de comprar um novo
ventilador de teto para seu quarto e foi ao shopping assim que deixou o
escritório. Ao entrar numa loja, dirigiu-se ao vendedor.

— Eu gostaria muito de um ventilador bem potente, com três tipos de


velocidade, mas que fosse bastante silencioso. Você tem?

O vendedor assentiu e convidou João para que o seguisse até os


fundos da loja, onde vários ventiladores estavam expostos.

— Veja como esses ventiladores são bonitos! Possuem cores diversas


e luminárias modernas. São os lançamentos do melhor fabricante do
mercado.

— Realmente são bonitos — respondeu João. — Mas, e quanto ao


barulho? Eu realmente desejo que seja o mais silencioso possível.

— Já reparou naquele modelo ali da direita? Ele veio para a loja nas
cores vermelha, azul e branca. Qual é a cor da sua preferência?

Você acha que o João e o vendedor chegarão a um acordo? Será que


ele buscará outra loja? Se você respondeu que o vendedor está prestes a
perder essa comissão, acertou. Quando João pediu um ventilador silencioso,
ele estava no sistema auditivo. O vendedor simplesmente ignorou essa
informação e ficou preso ao visual, ou seja, nos diferentes tipos de modelos e
cores.

2.3. – Eu sou mais visual, auditivo ou cinestésico?

Por que será que determinado livro agrada a uma pessoa e a outra
não? Claro que todo mundo tem um gênero literário predileto. Algumas
preferem suspense, terror ou dramas mais densos. Mas, muitas vezes, dentro
do meu gênero literário predileto, não consigo gostar de todos os livros e
chego até mesmo a abandonar a leitura. Isso acontece com todo mundo. As
razões? Inúmeras. Mas, uma das causas prováveis é que o texto possa estar
predominantemente num sistema representacional e não consiga prender a
atenção do leitor, por estar em um sistema diferente. Um leitor que possui o
sistema cinestésico como dominante pode querer saber como a personagem
está se sentindo em relação a um determinado dilema. E ele pode se aborrecer
um pouco ou se sentir desmotivado a prosseguir com a leitura quando o texto
excede na descrição de um ambiente, por exemplo.

Apesar de nunca ter publicado livros de ficção, gosto de escrever


contos e crônicas, que até o momento são lidos apenas pelos amigos mais
próximos e familiares. Quando escrevo meus textos, gosto de utilizar a
narrativa em primeira pessoa, ou seja, me coloco na pele do personagem.
Gosto muito de escrever como ele se sente em determinada situação. Está
triste? Nervoso? Feliz? Apaixonado? Fica ansioso esperando um telefonema?

Depois que passei a estudar os sistemas representacionais, acabei


percebendo que inconscientemente focava muito o sistema cinestésico. Ao
fazer as releituras dos meus textos, percebi que muitas vezes sequer havia
dado uma descrição física para o personagem ou mesmo para o ambiente. A
partir dessa percepção, passei a tomar mais cuidado para ajustar o texto e
ampliar os sistemas visual e auditivo, deixando-o mais equilibrado.

Aposto que você deve estar curioso para saber qual é o seu sistema
representacional dominante. Existem alguns testes na internet que você
poderá realizar. Deixei três links para você se aventurar e comparar as
respostas. Mas atenção: não limite a sua personalidade afirmando ser uma
coisa ou outra. Uma vez percebido que um sistema se destaca, poderá
compreender melhor o seu próprio comportamento e estimular o que você
detectou estar um tanto esquecido. O equilíbrio entre eles é fundamental para
o desenvolvimento da criatividade. Fazer os testes não é para matar uma
curiosidade apenas. É para você ter o autoconhecimento e refletir sobre o seu
cotidiano. Com os exemplos que eu dei, tenho quase certeza que você vai se
recordar de episódios parecidos na sua vida.

Testes:

https://www.personalidades.mobi/Sistema_Representacional/

http://www.pnlbr.com.br/testes/sistemas01.php
http://golfinho.com.br/teste-e-exercicios-sobre-sistemas-
representacionais-vac.htm

Módulo 2 – Exercício (modelo)

Como afirmei antes, para que possamos desenvolver mais a nossa


criatividade, precisamos alimentar o nosso cérebro com experiências e
observações. Eu tenho uma proposta e você não vai precisar mudar quase
nada nos seus hábitos essa semana. Nem vou sugerir que mude, muito pelo
contrário! Quero que observe tudo de outra maneira justamente dentro da sua
própria rotina.

Você é daquele tipo de pessoa que entra no transporte público para ir


para o trabalho, escola ou faculdade, coloca os fones de ouvido e
simplesmente entra no seu próprio mundo até o ponto de destino? Eu não vou
te condenar... Costumo ouvir música ou deixar a leitura em dia nesses
trajetos, especialmente no metrô. Mas que tal deixar esse hábito por um dia
apenas e observar mais as coisas?

Escolha um dos trechos. Pode ser o da ida ou da volta. Não importa.

Vou explicar quais serão as três etapas.

1ª etapa: Veja tudo o que está ao seu redor: as pessoas, como estão
vestidas, corte de cabelo, roupas, a estrutura do próprio ônibus como
tamanho, cor, iluminação.

2ª etapa: Ouça tudo o que está ao seu redor: o que as pessoas falam, o
barulho do motor do veículo, os sons que vem do lado de fora através das
janelas.

3ª etapa: O que você sente? Perceba como se sente em relação a tudo


isso. Está gostando ou não? Está confortável? Algo te incomoda? Algo te
diverte? Existe algum cheiro característico? O perfume de alguém? Como é o
banco que está sentado? Estando em pé, como se sente? Aborrecido por estar
lotado?
Depois eu quero que você liste tudo no seu caderno de exercícios. E
tem mais. Faça isso por uma semana. Escolha apenas um evento por dia e
liste tudo o que observou. Sério, vou ter que anotar tudo isso? Mas olha só,
hein? Vamos largar de preguiça! Não vai querer procrastinar já no começo,
vai? Tudo isso tem um objetivo bem maior lá na frente, confie em mim. Vai
valer a pena!

Que outros tipos de cenários você pode observar? Um momento da


sua aula ou trabalho, a hora do almoço com os colegas ou com a família, a
ida para a academia ou caminhada, uma ida ao shopping, ao fazer compras no
supermercado, brincando com as crianças, em simplesmente se sentar perto
do mar, praça ou área de recreação mais próxima. São inúmeras as
possibilidades do seu dia. A criatividade também começa aqui: escolhendo
esses cenários.

Exemplo 1: Supermercado.

O que você vê? Produtos nas prateleiras, funcionários repondo itens,


filas com carrinhos cheios, caminhões descarregando, caixas registradoras,
ajudantes ensacando compras.

O que você ouve? Locutor anunciando promoções, pessoas


conversando, crianças pedindo guloseimas para seus pais, clientes pedindo
produtos para funcionários, barulho de garrafas, máquinas cortando frios.

O que você sente? O ar condicionado não está dando vazão. O local


está bem cheio, então causa desconforto. Estou fazendo compras para vários
dias, então sinto o carrinho pesado para empurrar. Todos os caixas estão
cheios e com filas longas, então fico impaciente para pagar minhas compras e
chegar logo em casa.

Exemplo 2: Praia

O que você vê? O céu azul, o calçadão, a faixa extensa de areia,


cangas coloridas, pessoas jogando vôlei, crianças correndo, pessoas se
exercitando.

O que você ouve? Gaivotas, vendedores ambulantes anunciando


sorvetes e bebidas, os carros que passam pela orla, buzinas, crianças
chamando os pais ou comemorando brincadeiras, o barulho das ondas
batendo nas pedras.

O que você sente? O calor do sol na pele, a temperatura fria da água


do mar, os pés afundando na areia, o aroma do churrasquinho de uma barraca
próxima, o gosto do sorvete de morango, o cheiro do mar.

Bom, já dei uma boa ajuda com os exemplos. A proposta desse


exercício é justamente provocar em você o detetive, o curioso. Tenho certeza
que ao longo da semana você vai se pegar não só observando os detalhes dos
cenários como vai criar cenas em sua mente. Se você sentir vontade de criar,
ótimo. Não coloque freios na sua criatividade.

E então? Que tal começar hoje mesmo a praticar?


Capítulo 3 - Exercitando o visual

Agora que já temos uma boa noção dos sistemas representacionais,


nos próximos capítulos vamos estudar um pouco mais sobre cada um deles. O
primeiro será o visual.

Vamos analisar a imagem e procurar extrair dela as características


visuais.

Duas moças de aproximadamente 25 anos observam um celular.


Ambas usam camisas brancas, têm traços orientais e parecem estar no
exterior, numa cidade não identificada. Cabelos pretos e lisos, sendo que
uma usa franja. Atrás delas, uma grande vitrine, que pode ser de uma loja ou
instituição financeira. A imagem é clara, então nos remete ao dia, que pode
ser manhã ou tarde. A que segura o celular também carrega uma sacola
plástica.

Se estivéssemos nessa mesma calçada observando a cena, dando mais


enfoque ao sistema visual, que história poderíamos criar a partir dela? Não
precisamos usar todos os detalhes, ok? Vamos estimular a criatividade
criando uma história. Para esse exemplo, vamos utilizar como narradora a
que segura o celular, combinado? Para te ajudar, vou destacar algumas
palavras que têm características visuais.

Olhei o celular mais uma vez. Vi que ainda restavam quinze minutos para o horário de
almoço terminar e logo teríamos que retornar ao hospital. Por que a Eva estava demorando tanto nessa
loja? Tentei olhar através da grande vitrine, mas sequer consegui visualizar sua silhueta. Até que o
celular fez um sinal luminoso de mensagem e fui checar de quem era.

— Nossa! Pensei que nunca mais fosse sair de lá! O sistema estava lento. — Eva chegou de
repente, me assustando. — O que você está vendo aí?

— Você se lembra do primo do Murilo? O que conheci na festa? Ele acabou de me mandar
uma mensagem! Quer sair comigo no sábado.

— Não me lembro. Cadê a foto dele? Mostre a imagem dele aí para mim.

— Esse daqui! — apontei para a tela do celular. — Não é bonito?

— Veja bem... — Ela fez uma expressão estranha. — Já faz quanto


tempo que você não vai ao oftalmologista? Lá no hospital é de graça. Você é
funcionária.

— Eva, você é muito cruel! — Respondi achando graça. — Imagino


que ele seja simpático e agradável.

— Você vai aceitar o convite? Prevejo que vai usar um vestido


deslumbrante.

— De que cor? — fiquei na dúvida. — Acha que eu fico melhor de


vermelho ou azul?

— Vermelho! Vai combinar com os seus cabelos escuros. Mas deixe


para responder no hospital. Estamos longe e em cima da hora.

— É verdade! A tarde está com um céu azul lindo! Mas o dever nos
chama! Temos que ver como ficarão os pacientes na troca de turno das
enfermeiras.

Vamos para mais um exemplo? Uma apresentação de crianças.


Pensamos logo no falatório dos pais na plateia orgulhosos dos filhos, nas
músicas que estão sendo executadas e os sons dos sapatinhos nas
coreografias. Uma cena auditiva, não é mesmo? Vamos enfrentar o desafio de
criar uma história com ênfase no visual? Assim como no exercício anterior,
destaquei algumas palavras que remetem a esse sistema.

Michele ensaiou durante seis meses. Não via a hora de se apresentar com suas amiguinhas na
grande apresentação de fim de ano da escola. “Eu quero olhar para a plateia e ver você e o papai lá, tá
mãe?”, disse ela toda empolgada, enquanto seguíamos de carro para o teatro onde aconteceria o evento.
Minha filha, aos nove anos, era muito parecida comigo na mesma idade: cabelos castanhos e cacheados
até a altura dos ombros e bem mais alta que as colegas de classe.

Chegamos uma hora mais cedo e a deixamos aos cuidados de sua professora de dança. Com ela,
uma pequena mala preta com suas roupas da apresentação: um vestido branco e outro com detalhes em
azul.

— Veja, Sônia! — apontou meu marido para o auditório. — Como esse teatro é bonito! O
teto é repleto de pinturas com detalhes em dourado. Além disso, todas as fileiras são decoradas de
vermelho, assim como as cortinas. As fotos e a filmagem da apresentação vão ficar muito bonitas.
Ótima escolha da direção da escola.

— Esse é o meu arquiteto favorito! — beijei-o levemente. — Sempre notando os detalhes de


todos os lugares.

Logo depois as luzes da plateia foram reduzidas, a cortina do palco se abriu e as crianças
surgiram sorridentes. Uma bela melodia começou a tocar. Luzes coloridas e brilhantes acompanhavam
o movimento das crianças, que faziam uma bela coreografia. Mesmo com a pouca iluminação na
plateia, conseguia ver o semblante emocionado dos pais. Todos pareciam orgulhosos dos seus filhos e
se encantavam com a beleza da apresentação. Realmente seria um dia para ser lembrado com muito
carinho por todos...

Alguns exemplos de palavras e frases usadas no sistema


representacional visual para facilitar a sua compreensão e elaboração dos
textos. Assim, você poderá utilizar nos próximos exercícios.

Exemplos de frases – sistema representacional visual


► Deu branco...

► Veja bem...

► Ponto de vista...

► Olhe aqui...

► Sem sombra de dúvida

► Mostre-me o que quer dizer com isso


► Eu quero dar uma olhada nisso

► Para mim parece bom

E aí? Gostou dos exercícios do sistema visual? Espero que esteja


começando a notar como o uso dos sistemas representacionais faz uma
enorme diferença na sua percepção. No início, talvez sinta um pouco de
dificuldade para encontrar tantas palavras que remetam ao sistema visual.
Para isso, vou te dar uma dica: sempre consulte um dicionário de sinônimos e
pratique essa troca de palavras. Existem vários disponíveis de forma on-line.
Assim, com a continuidade dos exercícios, naturalmente vai absorver esse
novo vocabulário.

Que tal criar sua própria lista de palavras e frases? Liste os estímulos
visuais que gosta. Exemplos: pôr do sol, nascer do sol, olhar o mar, ver uma
criança brincando, ver animais brincando, visitar museus, contemplar obras
de arte, olhar fachadas de prédio, arquitetura, contemplar um jardim, um lago,
etc.
Agora o desafio será seu! Busque imagens na internet, jornais ou
revistas e procure destacar bastante as características visuais. E, se você
desejar criar novas versões das histórias que eu desenvolvi, ótimo! Assim
exercitará ainda mais a sua criatividade. Vou deixar uma aqui para incentivar
você a criar.
Capítulo 4 - Exercitando o auditivo

Agora que já temos uma boa noção dos sistemas representacionais e


exercitamos o visual, o segundo deles será o auditivo. Vamos analisar a
imagem juntos e criar uma história a partir dela?

Um avião decola em um aeroporto. Outras aeronaves estão


estacionadas. Um homem observa a aeronave decolando do lado de fora,
perto de algumas árvores.

Acordei sobressaltado com o alarme estridente do velho despertador. Por causa do meu sono
pesado, não o troco por um mais moderno. Ele só falta tremer a cama, além de ter um volume bem alto.
Corri para o banheiro para tomar uma ducha gelada e despertar de vez. Na pressa, derrubei os livros da
escrivaninha no chão, causando o maior estrondo no meio daquele silêncio do fim da madrugada.
Troquei de roupa apressado e corri para o ponto de táxi na esquina da minha rua. Assim que
entrei no carro, ouvi uma música suave que vinha do rádio.

— Com o primeiro dia do horário de verão, o trânsito está bom por um milagre. — Ele tinha
um sotaque diferente e um tanto monótono. — Para muita gente ainda são seis horas da manhã.

— Início do horário de verão? — falei num fio de voz e a respiração praticamente parou
quando olhei para o meu relógio de pulso. — Mas são seis horas!

— Que estranho... — O motorista me olhou através do retrovisor. — O seu celular não


atualizou para sete horas automaticamente? O meu fez isso.

— Não olhei o celular... — dei um gemido de lamento. Em plena era digital, minhas
principais referências eram um despertador à pilha e um relógio de pulso analógico.

Ele me deixou no portão lateral do aeroporto para facilitar o meu embarque. Mas já sabia que
era tarde. Assim que peguei minha mala, ouvi o som do motor de um avião decolando. Olhei para o céu
e reconheci suas cores. Será que aquele era o meu? Eu deveria estar nele! Praguejei baixinho ao entrar
na fila do SAC. Escutei da atendente que o próximo voo só sairia dentro de duas horas.

— Vítor? — Uma voz familiar me fez virar pra trás.


— Natália? — Não consegui conter o tom e acabei falando alto demais. — Quanto tempo!
— Muito tempo! Está indo para Curitiba também? — Ela vibrou quando disse que sim. —
Perdi o voo por simplesmente ter me esquecido de ajustar o horário de verão. Acredita nisso?

— E como acredito! — gargalhei pela incrível coincidência. — Vamos tomar um café


enquanto isso? Temos muita coisa para falar!

Era bom demais ouvir a voz da Natália novamente. Sua voz era como música para os meus
ouvidos. Dez anos haviam se passado e ela continuava a mesma. Toda a irritação provocada pela perda
do voo desapareceu. Obrigado, velho, atrasado e barulhento despertador por ter me dado o melhor
reencontro de todos os tempos.
Que tal mais um exercício?

Para muitos, o Natal é uma época de cores, ou seja, muito visual.


Luzes, enfeites, decoração cheia de detalhes, embalagens de presentes. Será
um bom desafio criar um texto ressaltando outro sistema.

Eu tentava me concentrar nas compras de última hora, mas o falatório no shopping me


deixava tonta. Culpa do meu chefe pedindo um relatório atrás do outro! E nem consegui dizer tchau pro
Paulo quando saí. Ahhh, Paulo! Motivo principal de até gostar das minhas horas extras. Um motivo
lindo e de olhos azuis.

Respirei fundo e tentei não me afetar com aquela música natalina que vinha da decoração do
shopping num volume bem acima do tolerável. As crianças davam altas risadas com os bonecos de
neve. Neve! Que piada, em pleno verão brasileiro!

Eu só queria ficar no meu cantinho, muda. Essa obrigação de conversar e rir das velhas piadas
na ceia me cansava. Aquele tilintar de taças soava o mais falso possível.

Passei pelo Papai Noel que chamava os clientes. Apesar do meu mau humor, resolvi brincar e
anotei o que eu mais queria e depositei meu pedido na urna.

Quando cheguei, minhas duas sobrinhas gritaram por causa dos presentes. Deixei que elas
abrissem logo. Minha irmã protestou em alto e bom som.

— Mas e a tradição de abrir os presentes à meia-noite, Alice?


— Deixa as garotas se divertirem! — revirei os olhos. — Tia Eulália já chegou? Preciso me
preparar espiritualmente para quando ela perguntar “Cadê o namoradinho?”.
— Ah, não escuta o que ela diz. Eu já tenho duas filhas e ela vive me perguntando quando vou
ter um garoto. As pessoas adoram falar das vidas alheias.

De uma tradição natalina eu gostava: roubar os bolinhos de bacalhau antes da ceia e ouvir a
bronca da minha mãe pela minha travessura. Estava me deliciando com o segundo bolinho quando
escutei um aviso sonoro de mensagem. Chequei o celular e simplesmente não acreditei.

“Feliz Natal, Alice! Reserve o almoço do dia 26 para comemorarmos juntos o Natal no seu
restaurante favorito. Um beijo, Paulo.”

Milagre de Papai Noel de shopping? Aumentei o volume da música da sala e rodopiei com as
crianças num ritmo bem maluco. Elas deram altas gargalhadas. Nunca é tarde para passar a acreditar no
bom velhinho, não é mesmo?

Alguns exemplos de palavras e frases usadas no sistema


representacional auditivo para facilitar a sua compreensão e elaboração dos
textos.

Exemplos de frases – sistema representacional auditivo


► Perder a voz

► Sou todo ouvidos

► Isso não me soa bem

► Eu ouvi o que você está dizendo

► Sua voz é como música

► Tudo está em perfeita harmonia

► Em alto e bom som


► Outra maneira de falar

Que tal criar sua própria lista de estímulos auditivos? Exemplos?


Risada de criança, canto dos pássaros, ritmo musical, um artista específico,
instrumento musical, o mar batendo nas pedras, gaivotas, sons de alguns
animais, televisão, notificação do celular, a voz da pessoa amada e tantos
outros.

Agora o desafio será seu! Busque imagens na internet, jornais ou


revistas e procure destacar bastante as características auditivas. E, se você
desejar criar novas versões das histórias que eu desenvolvi, ótimo! Assim
exercitará ainda mais a sua criatividade. Vou deixar uma aqui para incentivar
você a criar.
Capítulo 5 - Exercitando o cinestésico

Se você praticou os exercícios do sistema visual e auditivo, tenho


certeza que já identificou um bom progresso. Agora chegou a vez do sistema
cinestésico. Vamos analisar a imagem, extrair dela todas as informações e
criar uma história?

Trata-se de um banco de madeira, que provavelmente está localizado


em uma praça pública. Existe um gramado atrás e está de dia. Não temos
muitas informações, mas assim é que é bom. Podemos dar asas à imaginação.
Quem vai contar a história é a personagem Rita.

O dia estava lindo e sentia o sol aquecendo a minha pele. Fazia calor, mas era suportável. Era
janeiro, em pleno verão. Era prazeroso observar as crianças tomando sorvetes deliciosos. Sabores que
fizeram parte da minha infância.

A praça estava tomada. Por isso foi um choque ver o banco vazio. Eu me lembro da tensão que
estava ao me sentar nele à espera do Daniel. Eu tinha apenas 14 anos. Minhas mãos estavam frias e
suadas... Esfregava as palmas das mãos no tecido áspero da calça jeans e sentia meu coração bater
acelerado.

Quando ele chegou, sorriu para mim, sentou-se ao meu lado e me deu um beijo. O perfume dele
era suave e invadiu todo o meu ser.

Nós nos conhecemos na festa de aniversário da Clara e quando ele me chamou para dançar, senti um
frio gostoso na barriga causada pela emoção.

Aquele banco de praça era o nosso ponto de encontro depois das aulas. Diferente do calor de
hoje, muitas vezes estava frio, mas o vento gelado nem me incomodava. Adorava ouvir as histórias do
Daniel, pois me deixavam muito alegre.

Mas o tempo passou e o Daniel agora mora em outra cidade. Ele foi o meu primeiro amor e será
inesquecível. Eu acabei de completar 18 anos e também vou me mudar. Vou experimentar diversas
primeiras vezes: faculdade, emprego, novos amigos... Peguei o celular e tirei uma foto do banco.
Guardarei na lembrança aquele lugar que foi testemunha das minhas primeiras sensações de
adolescente.

Vamos praticar mais um pouco? O homem da imagem parece bastante


irritado. Dá a impressão que está gritando, não é mesmo? Está furioso com
alguma coisa. A imagem nos remete mais ao sistema auditivo num primeiro
momento. Vamos ao desafio de criar um texto com mais características do
sistema cinestésico?
Eu me senti extremamente ofendido. Sempre cumpri com as minhas obrigações e nunca
deixei de pagar uma conta fora do prazo. Foi um choque receber a terceira cobrança consecutiva da
companhia telefônica.

O meu estresse foi tão grande que eu agarrei o papel com muita força, deixando-o todo
amassado. Cortaram a minha linha e agora estou incomunicável. Entrei em pânico. Peguei emprestado
o celular do meu colega de trabalho e liguei para reclamar. Senti que fui até meio grosseiro com a
atendente. Mas eu estava sendo pressionado a pagar por uma conta que já estava quitada há muito
tempo!

“Roberto, faça uma forcinha, tente se acalmar”. Além de me consolar, meu amigo sugeriu que
eu reclamasse formalmente, pedindo, inclusive, danos morais. Nunca havia experimentado tamanha
revolta. Isso feria meus princípios, sentia a cabeça pesada.

Foi com muito prazer que saí do órgão de defesa do consumidor no dia seguinte. Eles falaram
que eu estava coberto de razão, o que me deu uma paz provisória. E ainda elogiaram a minha atitude,
pois se mais gente buscasse os direitos, as empresas procurariam trabalhar melhor.

Exemplos de palavras e frases usadas no sistema representacional


cinestésico para facilitar a sua compreensão e elaboração dos textos.
Exemplos de frases – sistema representacional cinestésico
► Foi um choque para mim

► Entrei em pânico

► Faça uma forcinha

► Vou entrar em contato com você

► Ela é uma pessoa fria / amarga

► Isso cheira mal

► Sinto que isso está certo

► Essa informação é sólida

Se você fez os exercícios, já tem duas listas em mãos. Vamos para a


terceira? Liste os estímulos cinestésicos que curte. Exemplos: Abraço, beijo,
toque na mão, o toque no pelo do bichinho de estimação, dar ou receber
cafuné, sentir a textura de um tecido sobre a pele, sentir o vento no rosto e
nos cabelos, colocar os pés para cima depois de um dia cansativo, o perfume
daquela pessoa especial, e por aí vai...
Agora o desafio será seu! Busque imagens na internet, jornais ou
revistas e procure destacar bastante as características cinestésicas. E, se você
desejar criar novas versões das histórias que eu desenvolvi, ótimo! Assim
exercitará ainda mais a sua criatividade. Vou deixar uma aqui para incentivar
você a criar.
Capítulo 6 - Exercitando o VAC completo

Exercitamos individualmente o visual, auditivo e cinestésico na


construção de textos. Agora o desafio será desenvolver pequenas histórias
para cada um dos sistemas e escrever mais uma unindo as três com o mesmo
contexto. Usaremos a mesma imagem nos quatro modelos.
Diferentemente dos capítulos anteriores, não vou destacar as palavras
usadas em cada sistema. Vou fazer isso de propósito para que compreenda a
diferença naturalmente. Preste bastante atenção como faz uma enorme
diferença quando destacamos apenas um dos sistemas representacionais.
Vamos juntos?

Primeiro desafio: destacar o sistema visual

Já era a terceira vez naquela semana que me pegava olhando lá fora.


A janela do escritório fica de frente para a estação de trem. Chovia e os
pingos de chuva riscavam o vidro, fazendo desenhos desconexos. Não estava
feliz com o trabalho. Eu olhava para a pilha de relatórios em cima da mesa
sem conseguir diminuir as pendências. A solução que encontrava era
caminhar até a janela e observar o colorido dos trens passando na estação.
Estava casado há dois anos e tinha uma filhinha para criar. Eu só me sentia
feliz quando estava em casa com elas. Preciso de um novo trabalho para
enxergar um futuro mais promissor. Definitivamente ver a vida passar
através da janela não iria resolver meus problemas.

Segundo desafio: destacar o sistema auditivo

Já era a terceira vez naquela semana que me pegava olhando lá fora.


A janela do escritório fica de frente para a estação de trem. Os pingos de
chuva faziam barulho ao bater no vidro e gostava de ouvir aquele som. Não
estava feliz com o trabalho. Eu olhava para a pilha de relatórios em cima da
mesa sem conseguir diminuir as pendências. E, quando dava por mim, ouvia
meus sapatos rangendo no assoalho, ecoando na sala inteira, enquanto
caminhava novamente para a janela. De alguma maneira eu encontrava
harmonia no som do trem chegando à estação. Harmonia essa que eu
buscava na minha vida. Estava casado há dois anos e tinha uma filhinha
para criar. Eu só me sentia feliz quando estava em casa com elas, ouvindo as
histórias da minha esposa de como tinham passado o dia. Preciso de um
novo trabalho que me soe mais promissor. Definitivamente escutar os sons
da estação e ver a vida passar através da janela não ia resolver meus
problemas.

Terceiro desafio: destacar o sistema cinestésico


Já era a terceira vez naquela semana que me pegava olhando lá fora.
A janela do escritório fica de frente para a estação de trem. Chovia e os
pingos de chuva riscavam o vidro, fazendo desenhos desconexos que me
remetiam às delícias da infância. Eu adorava sentir o cheiro da chuva e me
cobrir com um cobertor macio e quentinho. Não estava feliz com o trabalho.
Eu olhava para a pilha de relatórios em cima da mesa sem conseguir
diminuir as pendências. Aquilo me pesava muito, estava quase insuportável.
A solução que encontrava era caminhar até a janela e observar o colorido
dos trens passando na estação. O toque na janela era gelado e tentava
acompanhar com os dedos os pingos que escorriam pelo vidro. Estava
casado há dois anos e tinha uma filhinha para criar. Eu só me sentia feliz
quando estava em casa com elas. Preciso de um novo trabalho para
experimentar um futuro mais promissor. Definitivamente sofrer vendo a vida
passar através da janela não ia resolver meus problemas.

Desafio final: equilibrar os sistemas visual, auditivo e cinestésico

Já era a terceira vez naquela semana que me pegava olhando lá fora.


A janela do escritório fica de frente para a estação de trem. Eu me perdia no
tempo observando o vai e vem de trens. E me perguntava mentalmente: “O
próximo será azul? Verde? Ou vermelho?”. Chovia e os pingos de chuva
riscavam o vidro, fazendo desenhos desconexos que me remetiam as delícias
da infância. Eu adorava sentir o cheiro da chuva e me cobrir com um
cobertor macio e quentinho. Lembro-me de dormir tranquilamente ouvindo o
barulho da chuva, isso me dava uma sensação de paz. Não estava feliz com o
trabalho. Eu olhava para a pilha de relatórios em cima da mesa sem
conseguir diminuir as pendências. Aquilo me pesava muito, estava quase
insuportável. Além de ouvir as reclamações do chefe. “Você acha que
consegue resolver até o fim da semana? Os clientes estão querendo uma
posição”.

A solução que encontrava era caminhar até a janela e observar o


colorido dos trens passando na estação. O toque na janela era gelado e
tentava acompanhar com os dedos os pingos que escorriam pelo vidro.
Estava casado há dois anos e tinha uma filhinha para criar. Ela é linda! Amo
vê-la brincar com seus brinquedinhos, sentir o cheirinho de shampoo infantil
e ouvir suas risadas quando provoco cócegas nela. Eu só me sentia feliz
quando estava em casa com elas. De abraçar a minha esposa, ouvir as
histórias de como foi o dia delas e de assistir televisão no conforto do meu
sofá. Preciso de um novo trabalho para experimentar um futuro mais
promissor, que me permita enxergar progresso. Definitivamente sofrer vendo
a vida passar através da janela e escutar os sons da estação de trem não ia
resolver meus problemas.

***

Conseguiu perceber as diferenças na construção dos textos? O último,


o que equilibra o uso dos três sistemas pareceu mais completo para você?
Não dava mais detalhes de como o personagem via, ouvia e sentia o seu
dilema? Caso não tenha notado, volte ao início e compare novamente.

Fiz a comparação dos três sistemas representacionais para você


observar e treinar como enxerga a vida. Tenho certeza que agora consegue ter
mais clareza na hora de se expressar. Tanto nos exercícios textuais como no
seu dia-a-dia, no contato com amigos ou colegas de escola, faculdade ou
trabalho. É o que eu venho dizendo desde o início: é preciso praticar.
Agora o desafio será seu! Escreva pequenas histórias conforme os
exemplos que eu dei, dando as quatro versões, ou seja, primeiro destaque o
visual, depois o auditivo, cinestésico, para finalmente equilibrar todos eles.
Divirta-se!

Esse é um desafio extra! Você se lembra daquele primeiro exercício


que fizemos? O que eu compartilhei com você o meu velho desejo de
aprender a tocar violão? Sugeri que você criasse uma história daquele grupo
de amigos que participaria de um concurso de novos talentos. Lá, eu disse
para você não se preocupar com regras, para deixar a criatividade livre. A
minha proposta é a seguinte. Que tal pegar aquele primeiro exercício e reler?
Analise como você escrevia antes de aprender a observar mais os sistemas
visual, auditivo e cinestésico.

Talvez você observe que destacou algum dos sistemas. Ou até mesmo
se esqueceu completamente de outro! Não existe certo ou errado, ok? A
releitura é apenas para efeito de comparação. E de autoconhecimento
também.

O desafio é o seguinte. Que tal reescrever a mesma história


equilibrando os sistemas representacionais? Eu acho que vai ser bem
interessante.

A partir de agora não vou mais enfatizar que tipo de sistema vou usar
nos exercícios. Até pode ser que eu acabe dando ênfase em algum deles. Mas
o meu compromisso será equilibrar o máximo que puder nos exemplos. E
você daí assumirá o mesmo compromisso ao praticar os exercícios,
combinado?
Capítulo 7 - A importância da pesquisa para elaborar
personagens, cenários e enredos

7.1. – Por que pesquisar?

Situações diversas povoam a mente do escritor. Colocar o


personagem em alguns acontecimentos muitas vezes exige uma pesquisa
apurada para dar mais veracidade ao texto. Claro que o autor pode criar uma
cidade ou um país com costumes específicos. Ou até mesmo inventar uma
aparência física diferente da humana, vegetação predominantemente azul ou
um idioma próprio. A escrita é livre. Porém, se existir a necessidade de
retratar fielmente um cenário ou situação da “vida real”, a pesquisa é
fundamental. Mesmo que o escritor conheça bem o cenário ou fato histórico,
a pesquisa é uma parte muito importante do trabalho. Ela poderá ser realizada
através de leitura de livros, revistas, biografias e artigos na internet. Além de
visitar museus, assistir filmes e peças de teatro, ouvir músicas, analisar mapas
e tantas outras fontes.

A pesquisa é parte essencial da escrita quando...

... a história se passa em uma cidade que o autor nunca visitou ou


conhece pouco

... se passa em um período de tempo diferente do atual

... fatos históricos são mencionados

... existe a necessidade de descrever uma atividade que o autor não


domina

... precisa descrever um cenário com maior riqueza de detalhes

... o personagem exerce uma profissão que tem detalhes muito


específicos

... e infinitas possibilidades


7.2. – Pesquisa de campo (cenário)

Quando existe a possibilidade de sair da pesquisa virtual e visitar o


cenário escolhido pelo autor, o exercício é muito proveitoso. Eu adoro
realizar esse tipo de pesquisa e observar todas as características. Imagino o
personagem andando por ali e anoto tudo o que possa ser relevante para o
texto: arquitetura, cores, descrição de pessoas que habitam e/ou visitam,
sensações como clima, cheiros, sons.

7.3. – Pesquisa de campo (atividade)

Não vou negar que existe uma preferência pela escrita de um


ambiente ou atividade que dominamos. Se eu gosto de um determinado
cantor, por exemplo, é muito fácil emprestar o mesmo gosto musical para um
personagem. Um escritor que tenha prática em jardinagem pode facilmente
emprestar essas habilidades. Uma escritora que é mãe, certamente terá mais
experiência para contar uma história de uma criança e suas travessuras. Mas e
se existir a necessidade de escrever sobre alguém que realiza coisas
completamente diferentes do seu cotidiano e experiência? A pesquisa é
fundamental para que a descrição seja a mais fiel possível no
desenvolvimento da história.

Claro que é mais fácil escrever sobre assuntos que dominamos.


Mas precisamos entender que o texto será lido por pessoas de diversas áreas.
Quanto mais identificação houver com a história, mais o leitor se sentirá
atraído por ela. Desafiar-se a escrever sobre uma atividade que não
dominamos é muito bom para o crescimento do escritor. Além de
aprendermos muito com essa nova realidade, o que é bom para o lado
profissional, o lado pessoal ganha muito mais. Teremos a capacidade de nos
colocar no lugar do outro. Isso se chama empatia.

“Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria


outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste
em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de
forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. (...) A capacidade de se
colocar no lugar do outro, que se desenvolve através da empatia, ajuda a
compreender melhor o comportamento em determinadas circunstâncias e a
forma como o outro toma as decisões.”

https://www.significados.com.br/empatia/

http://golfinho.com.br/artigo/como-ter-otimos-relacionamentos.htm

7.4. – Laboratório

É um tipo de pesquisa muito utilizado por atores. Se houver


necessidade, realiza aulas de dança, canto, equitação, tiro ou qualquer outra
habilidade que o personagem possua.

O escritor também pode se utilizar desse tipo de pesquisa.


Dependendo da personalidade do personagem, o escritor pode querer sentir
na pele suas dificuldades, medos, alegrias e desafios. O laboratório pode ser
simples como preparar uma receita de um prato que a personagem faz num
jantar. Passar o dia em um petshop ajudando a cuidar dos cachorrinhos
quando não se tem experiência com animais de estimação. Trocar fraldas e
cuidar de um bebê para sentir na pele a responsabilidade e os desafios de ser
mãe. Ou bem mais complexo, como passar um dia num hospital por causa de
alguma doença grave. E aí, novamente, entra o exercício da empatia.
7.5. – Exercícios

Pesquisa de campo - Empatia

Eu não tenho filhos. Mas resolvi passar pelo desafio de escrever a


história de uma personagem que está grávida, aproveitando um caso familiar
muito próximo. Acompanhei de perto a gestação de uma prima e realizei
pesquisas com outras mulheres para compor a personalidade da personagem.
Procurei equilibrar os três sistemas representacionais que já estudamos nos
capítulos anteriores.

Já tinha saído do consultório médico há uns vinte minutos. Até que


senti uma dorzinha do rosto. Ao passar diante de uma loja, entendi o motivo:
vi o reflexo do meu sorriso estampado na vitrine espelhada. Acho que não o
larguei desde que a doutora Márcia me confirmou: eu estou grávida!

O Marcelo tinha que estar no meio de uma reunião? E pior! Em


outra cidade? Estou louca para contar a novidade para ele. O nosso jantar
de comemoração terá que ser adiado por uns três dias. Mas a espera vai
valer a pena. Vou fazer aquele peixe que ele ama e colocar nossa música
para tocar. Posso até mesmo imaginá-lo com os olhos arregalados
segurando o resultado do exame.

Eu queria sentir tudo de uma vez só: o enjoo, a barriga crescendo,


os famosos chutes e os desejos de comer coisas completamente loucas no
meio da madrugada. Falei isso para a minha amiga Fátima, que está no
sexto mês de gestação. Depois de telefonar para a minha mãe, ela foi a
segunda da lista a ouvir a minha voz empolgada com a novidade. “Muita
calma, Rafaela! Você vai sentir tudo isso aí!”, riu ela, do outro lado da
linha.

É incrível como nossa atenção muda de acordo com o nosso foco.


Eu já havia circulado por aquele shopping dezenas de vezes e nunca tinha
prestado atenção naquela loja linda do terceiro andar. Dava vontade de
comprar tudo! Roupinhas deliciosas de passar a mão, plaquinhas com nome
para colocar na porta, talcos perfumados e brinquedos de diversos tamanhos
e cores. Ainda era cedo. Foi com muita força de vontade que saí de lá sem
nada.

Mas uma compra eu não consegui evitar: uma bata linda para
grávidas. Ela era branca, com detalhes de renda e bem soltinha na direção
da barriga. Não quis nem saber... Paguei, guardei a blusa que eu estava
usando na bolsa e saí vestida com a bata. Lógico que tinha tecido sobrando
aos montes, mas eu liguei? Senti aquela dorzinha no rosto de novo. Era o
sorriso que não queria mais sair. Continuei a passear pelo shopping
exibindo minha roupa nova e resolvi tomar um café com bolo, doida para
algum estranho me ceder o lugar na cafeteria e me fazer a pergunta: “Está
com quantos meses?”.

Vamos praticar?

Busque alguma atividade, habilidade ou sentimento que não domina e


pesquise. A metodologia não importa: se vai ser uma pesquisa em livros,
internet ou entrevista com alguém. O importante é praticar a empatia e se
colocar no lugar do outro. Como se sente um professor ao dar uma aula?
Quais os desafios de um vendedor ambulante em um dia quente? Como seria
um dia num tribunal? O dia-a-dia de um arquiteto? Trabalhar em um posto de
gasolina? Existem inúmeras possiblidades! Escreva um texto semelhante ao
exemplo que deixei. Divirta-se!

7.5 – Exercícios complementares

Nunca viajei para Aracaju. Tenho muita vontade de conhecer a


cidade, mas ainda não surgiu a oportunidade. Então, resolvi me desafiar
escrevendo um pequeno exemplo de uma viagem para lá. Quem sabe não é o
empurrãozinho que faltava? Vou contar a história de um casal que acabou de
tirar férias e depois vou contar o passo a passo da minha inspiração e
pesquisa. E, claro, procurei ao máximo equilibrar os sistemas visual, auditivo
e cinestésico.

Foi com muita alegria que entregamos nossa bagagem para a


atendente da companhia aérea. Levávamos apenas uma mala grande, mas era
suficiente para nossas coisas. Bom, as minhas ocupavam um terço do espaço,
já que Miriam não consegue deixar de carregar sua infinidade de cosméticos.
Adiantou eu falar que em Aracaju a gente encontraria tudo em uma farmácia?
Porém, quando fiz a sugestão, ela só faltou me fuzilar com os olhos. Só
conseguimos quatro dias de folga, então não ia me estressar por causa disso.

— Rafael, meu amor, me deu um branco. São quantas horas de


viagem mesmo? — perguntou ela, enquanto caminhávamos para a área de
embarque do Galeão. Os corredores estavam repletos e os alto-falantes
indicavam a todo o momento os próximos voos.

— Quase duas horas e meia. Lembra que eu preferi o voo direto, pois
tinha outras opções com conexão? Já que a nossa viagem é curta, assim
aproveitamos mais sem gastar muito tempo em aeroportos.

Ela me beijou.

— Meu marido perfeito! Na parte que me coube, que foi contratar a


agência de turismo para os passeios e traslados, está tudo certo. Eles vão nos
buscar no aeroporto e seguiremos para o hotel em Atalaia. É bem perto, no
máximo 15 minutos. Estou empolgada, pois pesquisei vários restaurantes nas
proximidades. À noite é bem movimentada. Nossa tarde será livre, já que
vamos chegar quase na hora do almoço. Podemos comer e caminhar pela
orla. Tem a Passarela do Caranguejo, o Oceanário e o Kartódromo.

— Tô gostando de ver a empolgação. Trouxe tênis de caminhada, né?


Confesso que te acho sexy com sapato de salto alto, meias pretas... —
Aproximei-me, baixei o tom de voz e ela ficou corada, apesar dos três anos
de casados. — Mas ouvir reclamações porque está sentindo dor nos pés em
plenas férias não é nada sexy.

— Deus me livre, não! Deixei todos em casa. Quero aproveitar ao


máximo! E amanhã cedo tem tour pela cidade e o passeio de catamarã pelo
Rio Sergipe à tarde. No domingo tem o passeio no mangue seco. Esse vai
levar o dia inteiro. Muita coisa pra ver!

— A previsão de tempo é de sol e céu aberto. Vamos sentir bastante


calor. Trouxe protetor solar no meio daquele monte de cremes que você não
larga?

Ela fez careta se fingindo de contrariada.

— Claro né, Rafael! Você ainda vai me agradecer por eu ser um


tantinho exagerada. Sinta-se protegido contra queimaduras.

Dei um abraço bem forte nela.

— Exagerada, mas que eu amo muito... A gente estava merecendo


essa folga. Ver pessoas diferentes, praias, comer coisas gostosas e sentir o
calor do sol na pele. O oposto da vida de escritório das 9 às 18h.

Ela deu um longo suspiro enquanto olhava o cartão de embarque.

— Vamos renovar as energias! Aquele é o nosso portão. Em menos de


uma hora começa a nossa aventura. Pequena, mas vai valer cada segundo.

E aí? Ficou com vontade de viajar? Por mim eu seguiria para o


aeroporto imediatamente! Agora vou explicar como cheguei a esse texto.

Como realizei a pesquisa?


Simulação em sites de passagens aéreas: Entrei num site de passagens aéreas e fiz uma
simulação de ida na sexta e volta na segunda-feira e chequei quais eram as companhias áreas que
realizavam os voos para Aracaju saindo do Galeão, no Rio de Janeiro. Algumas tinham voos diretos e
outros com conexões das mais diversas. Escolhi um voo direto e que chegava quase na hora do almoço.
Procuro sempre me aproximar da realidade. Uma pessoa que viaja constantemente para Aracaju saberia
da existência desse voo e eu simplesmente não queria inventar um. Quanto mais minuciosa for a
pesquisa, mais veracidade daremos ao texto. Além do envolvimento do leitor.

Consultei o Google Maps para calcular o tempo dos trajetos: Consultei o trajeto do aeroporto
pelo Google Maps para saber quanto tempo levaria até um dos hotéis. Acessei sites com dicas de
turismo em Aracaju e escolhi o bairro Atalaia para eles se hospedarem.

Verifiquei quais eram os passeios mais populares: Também pesquisei os passeios mais
oferecidos pelas agências e a duração deles para distribuir no curto período de tempo da viagem.

Pesquisei em vários sites de turismo para embasar mais o texto: Entrei em pelo menos uns
cinco sites para poder pesquisar com a maior precisão possível.

Pode parecer exagero para um texto tão curto. Mas, se você quer
realmente mergulhar na criatividade, é importante enriquecer o cérebro com o
máximo de informações. Planejar uma viagem é realmente o encaixe perfeito
das peças de um quebra-cabeça: Período da viagem, quantidade de
passageiros, detalhes da cidade de destino, proximidade de aeroportos ou
rodoviárias, grade de horários de transportes, telefones úteis, quantidade de
dinheiro disponível para gastar com hospedagem, passagens, táxis,
alimentação e ingressos em parques ou passeios. Concorda comigo que além
de ter uma boa dose de administração, não precisa de criatividade para
montar o roteiro perfeito?

Aí você poderá me dizer: vou contratar uma agência de turismo e


pronto! Tudo bem, é uma boa solução. Mas, mesmo assim, você terá que ter
uma boa base de pesquisa para saber se aquela agência oferece o melhor
pacote. Portanto, mãos na massa!

Agora é a sua vez de praticar!

Escolha uma cidade que nunca visitou e brinque de turista. Pesquise


na internet as opções de voo, tempo de viagem, locais de hospedagem,
passeios, comidas típicas, etc. Crie um texto semelhante ao meu. No meu
exemplo, os personagens estavam no aeroporto, mas citei lugares da cidade
que eles iriam visitar. Você pode criar muito mais, se colocando nos cenários
ou colocando seus personagens. Você escolhe o narrador que sentir mais
vontade. Pode, inclusive, ser você mesmo! E, não se esqueça: tente equilibrar
o visual, auditivo e cinestésico no seu texto. Divirta-se!

Sugestão 3: Laboratório de mestre-cuca. E se o seu personagem


preparasse um prato especial? Um jantar de comemoração? Um bolo para
agradar a sogra na primeira visita? Não importa o prato, contanto que você
nunca o tenha feito antes. Vale pegar a receita com a melhor amiga, mãe, na
internet, no programa preferido de culinária. Empreste a sua experiência
(agradável ou não!) para a personagem do texto e divirta-se! Se você quiser
escrever o texto em primeira pessoa, vale também! O importante é viver a
nova experiência da pesquisa e alimentar o cérebro com novidades.
Capítulo 8 - Estado mental & criatividade

8. 1. – Mude o seu estado de ânimo

Como você tem alimentado os seus pensamentos? Tem pensado


coisas positivas ou negativas? Tem focado nos problemas ou nas soluções?
Tem prestado mais atenção no ódio ou no amor? Para o que você tem dado
força nos últimos tempos? Consegue identificar?

Muitos autores dizem que escreveram suas melhores obras quando


estavam passando por um determinado problema. Existe compositor que
afirma ter escrito a melhor letra, aquela que foi premiada com o Grammy,
justamente quando estava na pior. Quando tinha brigado com a namorada,
por exemplo, e que foi para um café e escreveu a canção premiada em um
guardanapo sujo. Ele passou por um momento temporariamente ruim e o
usou a seu favor. Mas, no meu ponto de vista, alimentar esse estado de ânimo
o tempo todo não ajuda em nada a criatividade. Se você perceber que pode
usar alguma dificuldade a seu favor, tudo bem. Poderá contribuir de alguma
forma com pessoas que estejam passando pela mesma situação. Existem
inúmeras obras motivacionais de pessoas que passaram por crises sérias ou se
curaram de doenças graves e testemunharam suas vitórias. Escreva, desabafe,
“exorcize o demônio” e mude para um estado mental mais positivo.

Invista seu tempo e energia focando naquilo que te faz bem. Pensar
repetidamente na doença, na tristeza, na guerra, na fome, na política, na crise
econômica não vai te ajudar em nada. Não estou dizendo para você se tornar
uma pessoa alienada, nada disso. Apenas não se deixe contaminar por coisas
que não vão te levar para um estado de ânimo favorável, trazendo até mesmo
insônia, impaciência e a necessidade de uso de calmantes. E a criatividade,
que é o que você mais deseja desenvolver, dará um passeio bem longe e por
um longo período de tempo. E tenho certeza que não é isso o que você quer.

A crise econômica, por exemplo. Vemos a dificuldade nítida por aí.


Fechar os olhos e fingir que ela não existe é até meio imaturo. Mas, deixar-se
contaminar por todas as notícias e criar uma crença de escassez e falta de
oportunidades vai dificultar o seu processo criativo. E é justamente nesse
momento de crise que precisamos ser mais criativos para buscar soluções e
enxergar oportunidades.

Aí você pode falar: “Ah, tudo isso é muito bonito na teoria. Quando se
está dentro do problema, da crise, é muito complicado pensar positivo”.
Concordo, não é fácil mesmo. Mas tudo depende da nossa vontade. Se você
tem uma genuína vontade de ser mais criativo, existem coisas que você pode
fazer que mudarão o seu estado de ânimo mais rapidamente.
► Ouvir uma música que gosta e dançar loucamente na sala (sim, loucamente).

► Lembrar-se de quando você estava feliz em uma viagem, festa ou encontro.

► Ler aquele livro que sempre dá a desculpa da falta de tempo.

► Assistir a um filme comendo pipoca ou seu doce favorito.

► Telefonar para uma pessoa que você gosta.

► Comprar uma roupa nova.

► Andar na praia ou parque.

Não importa a sua escolha. O importante é você tomar uma atitude


mudando o seu estado mental de dor, negativo, para outro mais positivo, de
recursos.

Aproveito para deixar a indicação de um livro que vai de encontro a


esse assunto que abordei: “Força de Impacto – Como ter desempenho
extremo quando você mais precisa” de autoria de Aldo Novak.

8.2. – Tenho andado distraído...

Tenho andado distraído

Impaciente e indeciso

E ainda estou confuso


Só que agora é diferente

Estou tão tranquilo e tão contente

Quase sem querer – Legião Urbana

Referência:

https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/46972/

Para se conectar com a sua criatividade, desconecte-se!

Ficou estranho? Vou defender a minha tese. Estamos sempre


reclamando que a vida é uma correria, que não existe tempo pra nada.
Estamos conectados o tempo todo através da internet, celular, aplicativos,
redes sociais. Você já deve ter reparado que quando vemos um monte de
coisas ao mesmo tempo acabamos por não ver nada de concreto? Que
pegamos apenas uma pequena parcela das coisas?

Eu sou viciado em internet, sei bem o que é isso. Parece que se você
ficar meia hora com a internet do celular desligada o mundo vai mudar
drasticamente e você estará de fora dos acontecimentos. E quando olha para o
aparelho, dá uma tremenda coceira na mão, bate um nervoso, imagina mil
coisas. Mas ter esse momento só seu é fundamental. Conecte-se com você
mesmo! Dedique 15 minutos, meia hora, uma hora...Vá aumentando o tempo
gradativamente, até se sentir confortável. Use esse tempo para focar-se em
apenas uma coisa e esteja de corpo e alma no processo. Pode ser na escrita de
um texto, na observação de uma paisagem, na pesquisa, leitura... Não importa
a tarefa, mas que você esteja com 100% do seu foco ali.
8.3. – Faça um estoque de ideias!

Apesar de toda a tecnologia à disposição, tenha um caderninho para


anotar pensamentos, ideias, insights, cenas, observações sobre algum
acontecimento. O ato de escrever estimula o cérebro. Não julgue esses
pensamentos, não antecipe que aquilo possa ser uma bobagem, simplesmente
escreva aquela ideia.

A dica do caderninho já é antiga, mas vale enfatizar. Eu já tive vários


cadernos e confesso que não sou muito organizado com eles. Esse seria até
um exercício para mim. Gosto de fazer essas anotações no computador
mesmo e salvo inúmeras cópias dessas ideias. Quando estou navegando na
internet, salvo os links que considerei interessantes e crio pastas com os
assuntos. Esses assuntos podem ser de ordem pessoal ou de trabalho. São
ideias para livros, inspirações de temas para palestras ou aulas, eventos
interessantes, organização de viagens. Sim! Como vimos no módulo anterior,
organizar viagens pode ser um grande exercício de criatividade. Se você tem
um orçamento curto, a criatividade é essencial para saber como fazer esse
planejamento. Saber onde buscar informações, sites de viagens, hospedagens
mais baratas, passeios turísticos com desconto, etc.

Se você curte a ideia do caderno, para que ele fique mais organizado,
o legal seria dividir em assuntos e deixar espaços livres para quando você
tiver alguma sacada sobre aquele tema e ir anotando. O tipo de caderno é
você quem vai determinar. Se vai carregá-lo na bolsa ou mochila, escolha um
modelo que tenha um tamanho razoável e que não ocupe tanto espaço. Ele
terá a função de te auxiliar e não virar um fardo! Com espiral ou sem, ou uma
agenda, não importa. Contanto que seja confortável pra você e que te
estimule a usá-lo. Se um dia você esquecer o caderno ou por algum motivo
não for possível levá-lo e tiver alguma ideia, use o gravador do celular e
depois passe a limpo.

Outro artifício é ter uma segunda conta de e-mail e enviar uma


mensagem para si mesmo. Parece meio doido, mas funciona! Além da cópia
nos itens enviados, você terá uma na caixa de entrada da outra conta.
8.4. – Promova o seu ambiente criativo favorável

Como é o local que você tem à sua disposição para trabalhar, para
exercitar a sua criatividade? Uma dica bacana, que pode atender a dois
sistemas simultaneamente, o visual e o cinestésico, é ter uma estação de
trabalho arrumada e confortável, com as coisas que você gosta.. Sabe quando
você olha para o lugar e já se sente inspirado? Há fotos que você gosta, com a
sua família ou amigos, objetos que você curte, as paredes pintadas na sua cor
favorita, papeis e cadernos, canetas com várias cores. Uma cadeira
confortável, luz agradável, bem ventilado ou com ar condicionado. Esse seria
o lugar ideal, não é mesmo? Eu ainda estou tentando construir esse local
ideal. O apartamento que moro hoje não possibilita que eu tenha um
escritório só meu e parte do meu quarto virou uma estação de trabalho. Então
procuro deixar o meu cantinho da melhor maneira que eu posso.

Culpar um ambiente que não é adequado não vai te ajudar muito a


resolver o problema. A solução precisa vir de dentro de você. Colocar a culpa
no lugar repetindo que ele não é favorável para o desenvolvimento da sua
criatividade só vai te trazer mal-estar, mau humor. Você pode explicar pra
quem vive com você que precisa de um espaço só seu, por algumas horas por
dia ou por semana. Mas, se ainda assim, não for possível, você pode buscar
esse seu lugar de inspiração.

Se você não puder ter a sua estação de trabalho ideal, eleja uma. Você
pode ver qual a melhor opção, dentro das suas possibilidades de tempo
disponível, grana, segurança, etc. Alguns amigos meus dizem que produzem
muito indo para cafés, tipo Starbucks. Que, apesar do burburinho das pessoas
conversando em volta, eles conseguem se concentrar no trabalho, pois o
ambiente favorece a criatividade. Pode ser num parque, jardim, na praia, uma
praça, não importa. O que importa mesmo é que cabe a você encontrar esse
lugar favorável e parar de culpar as pessoas e o ambiente por não conseguir
desenvolver sua criatividade.
Capítulo 9 - Jogo do ponto de vista

9.1 – Quem será que está com a razão?

Desentendimentos, discussões... A gente já se deparou com isso em


diversos momentos: na leitura de um livro, numa cena de novela ou de um
filme... e, claro, na vida real. A interpretação de um mesmo acontecimento
vai variar de uma pessoa para outra.

Cada história tem o seu lado? Cada pessoa tem o seu ponto de vista?
Claro que sim. Dependendo do ponto de vista do narrador teremos várias
versões do mesmo acontecimento. Vamos exercitar tomando como base a
mesma cena?

Ponto de vista da namorada

O André mentiu para mim. Eu sabia que tinha algo de errado. Todo
mundo me falava o quanto ele era amoroso comigo, mas estavam todos
enganados! Ele não passa de um traidor. A tarde estava com uma brisa suave
e o vento batia no meu rosto. Apesar do tempo fresco, sentia todo o meu
corpo queimar. Não conseguia conter as lágrimas que escorriam pelo meu
rosto. Meus olhos ardiam! Quem era aquela garota que ele abraçou de forma
tão carinhosa? Ele disse que estaria no curso até o fim da tarde. Sua pasta está
lá no banco, testemunhando tudo. Matou as aulas, isso sim! Para se encontrar
com ela! Pensei que eu fazia o tipo dele, mas me enganei. Sou loira, mas a
garota é morena. Ou ele curte ter uma namorada de cada tipo? Ele não
contava que eu passaria por essa praça justamente no meio da tarde e o
pegaria em flagrante, não é mesmo? Vou ficar quieta. Quero só ver a história
que ele vai inventar. Ah, vai ser até mesmo divertido perceber a mentira na
expressão dele! Quero ouvir palavra por palavra. E se ele insistir que ficou a
tarde toda no curso, vou esfregar o celular na cara dele com essa linda e
romântica foto que acabei de tirar. E aí será a última vez que ele vai me ver e
terá que guardar na lembrança qual é o tom da minha voz, pois nunca mais a
ouvirá. Vou tirá-lo da minha vida para sempre.

Ponto de vista do garoto

Achei um absurdo não avisarem com antecedência que não teríamos


todas as aulas daquela tarde. Eu poderia ter planejado estudar em outro lugar.
Ou até mesmo combinar com minha nova namorada de passar na casa dela e
irmos ao cinema. Ela é uma garota muito legal, tive imensa sorte em
conhecê-la. Nem acredito que ela aceitou me namorar!

No meio da tarde já estávamos todos liberados. Resolvi pegar um


caminho um pouco mais longo, que passava pela pracinha. Esperava contar
com a sorte de encontrar o ambulante que vende sorvetes. Somente ele tem
aquele delicioso sorvete de chocolate com flocos. Ouvi ao longe o sininho
que ele costuma tocar quando chega perto da pracinha. Mas nem deu tempo
de competir pela atenção dele com as crianças. Reparei que minha prima
estava sentada em um dos bancos. Ela chorava.

— Cecília? O que você está fazendo aqui sozinha? E chorando ainda


por cima?

Ela levou um susto ao me ver e não conteve um soluço.

— Ah, André! Estou tão triste. Não sei o que fazer.

Eu a abracei e deixei minha mão em seu ombro, como num gesto de


conforto.
— O que houve? Por favor, me conte o que está acontecendo. Quem
sabe eu não posso te ajudar?

— Perdi o celular que ganhei de aniversário. Aquele que a mamãe


ainda está pagando! Não consigo imaginar como isso aconteceu. Já procurei,
falei com um monte de gente e nada. Eu vou ficar de castigo até o fim dos
dias.

— Calma! Eu vou mandar uma mensagem para um amigo meu. Isso


aconteceu com ele não faz nem duas semanas e conseguiu resolver esse
problema. Quem sabe a história dele não ajuda a solucionar a sua?

Ponto de vista da garota

Eu já tinha andado quilômetros sem a menor chance de estar


exagerando. Refiz mentalmente todo o trajeto daquele dia nos mínimos
detalhes. Será que alguém pegou o meu celular? Quem? Não... Não posso
acreditar que alguém conhecido tenha simplesmente se aproveitado de uma
distração minha. Eu perdi o celular. A culpa é toda minha! Nossa, a minha
mãe vai me matar quando descobrir. Isso se eu não o achar antes, claro.

Estava morrendo de sede e sentia as pernas doerem. Comprei uma


garrafinha de suco de laranja e me sentei em um banco da pracinha para
descansar. Não consegui conter o choro. Meu coração estava apertado com
uma mistura de raiva e de medo de nunca mais achá-lo. Ele é tão lindo, do
jeitinho que eu pedi de aniversário. Minha mãe fez um lindo pacote, todo
enfeitado. E o bolo delicioso da festa? Fora que meu primo fez questão de
colocar minhas músicas favoritas pra tocar.

Foi um susto danado quando ele se sentou ao meu lado no banco.


Estava justamente me lembrando do quanto ele foi carinhoso ajudando na
minha festa. E, como num passe de mágica, ele aparece! Contei que tinha
perdido o meu celular e que estava morrendo de medo de levar uma tremenda
bronca da mamãe. Ele me abraçou e isso me deu um conforto enorme. Era
muito bom saber que não estava sozinha. O André me contou que um amigo
tinha passado por isso recentemente e mandou uma mensagem. Enquanto
aguardávamos a sua resposta, ele me consolou contando histórias divertidas
do seu curso e de como ele estava animado com a nova namorada. Estava
louco para me apresentar para ela.

***

Que confusão, hein?

Uma namorada ciumenta, um primo prestativo e uma garota em


apuros. Três versões da mesma cena. No que será que vai dar tudo isso? Será
que ele vai conseguir se explicar? Será que a namorada vai acreditar nele?
Será que a prima vai encontrar o seu celular? Você pode terminar essas
histórias! Será um ótimo exercício!
Não pense que terminou! Crie diversas versões sobre vários pontos de
vista para cada uma das imagens que eu vou deixar no caderno de exercícios.
Caso seja necessário, use dos recursos que você já sabe: pesquisa e empatia.
Além de equilibrar os sistemas em todas as histórias.
9.2 – Jogo do positivo x negativo

Antes de entrarmos no exercício “positivo x negativo”, preciso falar


sobre crenças. O que é positivo para uma pessoa pode não soar da mesma
forma para outra. Tudo vai depender do que acreditamos como verdade.

“As crenças nascem de muitas fontes: de nossa educação, do exemplo


de pessoas importantes, de traumas passados e de experiências repetidas.
Criamos crenças através da generalização de nossa experiência do mundo e
de outras pessoas. Como saber que experiências podem ser generalizadas?
Algumas crenças vêm da cultura e do ambiente em que nascemos e vivemos.
As expectativas das pessoas que são importantes para nós criam crenças.
Grandes expectativas (desde que realistas) geram competência. Poucas
expectativas provocam incompetência. Quando crianças, acreditamos
naquilo que dizem de nós porque não temos como testar essas afirmações, e
essas crenças podem persistir sem serem modificadas por nossas realizações
posteriores.” Fonte: Livro “Introdução à Programação Neurolinguística –
Como entender e influenciar pessoas”, pág. 98.

Como já mencionei anteriormente, muitas pessoas possuem crenças


limitantes sobre criatividade. Em algum momento da vida ela passou a
acreditar que não era capaz de criar. Porém, mesmo que não conheçamos a
origem dessa crença, podemos mudá-la para outra com mais recursos. Como?
Praticando exercícios criativos como tenho incentivado durante todo esse
livro.

***

"Não posso acreditar!", disse Alice.

"Não pode?", disse a rainha, penalizada. "Tente de novo: respire


profundamente e feche os olhos."
Alice riu. "Não vale a pena tentar", disse. "Não se pode acreditar em
coisas impossíveis."

"Ouso dizer que você não tem muita prática", disse a rainha.
"Quando eu tinha a sua idade, fazia isso durante meia hora por dia. Às vezes
chegava a acreditar em seis coisas impossíveis antes mesmo do café da
manhã."

Fonte: Livro Através do espelho e o que Alice encontrou lá, Lewis


Carrol

***

O que é positivo?

O que é negativo?

O copo está meio cheio ou meio vazio?

O que é positivo para uma pessoa pode não soar da mesma forma para
outra. Tudo vai depender do que acreditamos como verdade.

O jogo do “positivo & negativo” vai depender muito de como


enxergamos determinada situação e estabelecemos internamente como sendo
uma verdade, uma crença.

O anúncio de uma gravidez pode representar a realização de um sonho


para uma mulher que há anos vinha tentando todos os tipos de tratamentos
médicos. Um anúncio semelhante vai gerar alegria, mas ao mesmo tempo
preocupações num casal de namorados por ainda serem adolescentes. Para o
primeiro caso, a realização de um sonho. No segundo, a busca pelo apoio das
famílias e por trabalhos mais remunerados.
Conseguir um emprego em outra cidade pode representar uma vitória
imensa para uma mulher recém-formada. Porém, para a mãe dessa mesma
mulher, pode representar uma separação que ela ainda não está
psicologicamente preparada. No primeiro caso, realização pessoal. Para a
mãe, a síndrome do ninho vazio.

Isso acontece na “vida real” e na ficção. Precisamos compreender isso


muito bem na hora de elaborar as histórias.

Vamos partir para o exercício? Usando a mesma imagem, vou


produzir dois textos: um com uma versão positiva do acontecimento e outro
com a oposta.

Versão positiva

Enfim a tão sonhada promoção. Foram anos e anos de dedicação.


Além do curso de mestrado! No escritório eu mantive a postura. Demonstrei
que estava feliz, claro. Fui parabenizado pelo chefe e colegas do
departamento. Mas, quando passei pela porta da sala de casa, não segurei
mais a emoção e ergui minha esposa nos braços, gritando de felicidade.
Marcela me beijou entusiasmada.

— Antônio, meu amor, parabéns! Enfim esse dia chegou.

Soltei um suspiro de alívio.

— Chegou! Precisamos comemorar. Muito!

— Você se lembra daquele champanhe que ganhamos no Natal e


que resolvi guardar para uma ocasião especial?

Olhei para a mesa e só então percebi a garrafa no balde de gelo e as


duas taças. Corri para abri-la. O som do estouro da rolha ecoou pela casa
inteira. Entreguei uma taça para Marcela e brindamos. Tomei um gole do
champanhe e estava duplamente delicioso. Pelo sabor adocicado, que foi
descendo gelado pela garganta, e pelo símbolo de uma conquista.

— Éternité — disse ela enquanto admirava a taça.

— Não entendi.

— O nome do champanhe. Eternidade. Esse será o nosso símbolo


da vitória. Acredito que a garrafa nos trouxe sorte quando ganhamos. Eu
tinha a plena certeza que abriríamos em um momento como esse.

Concordei e enchi novamente as nossas taças.

— Que seja eterna então essa alegria.

Versão negativa.

Meus pés doíam. Tinha andado por todo o centro da cidade


visitando clientes. Quando cheguei ao apartamento, coloquei uma roupa bem
confortável e esquentei um restinho de macarrão no micro-ondas. Coloquei as
pernas sobre o puff e liguei no canal de filmes da TV a cabo.
Os créditos iniciais rolavam na tela. Era um filme sobre uma
mulher que ia recomeçar a vida em outra cidade. Mas, aos cinco minutos de
filme, vi a garrafa de Éternité. A mocinha da história dançava feliz em volta
da mesa. O tilintar das taças ecoou pela sala. Tilintar esse que gostaria de ter
ouvido, mas que não aconteceu...

A garrafa do champanhe Éternité já estava gelada dentro do balde de


prata. Escolhi as taças mais bonitas para esperar pelo Eduardo. Na cozinha, o
aroma da torta de queijo no forno. Tudo estava perfeito. Aguardava ansiosa
pela sua chegada.

Ele já estava atrasado em uma hora. Tentei ligar para seu celular,
mas só caía na caixa postal. Quando enfim o telefone tocou, era a Juliana,
irmã do Eduardo. No momento em que ouvi a voz da minha cunhada senti
meu coração gelar. Um acidente. Uma fatalidade.

“Eu vou te beijar tanto que você vai perder o fôlego!”. Suas últimas
palavras e uma promessa que não foi cumprida. Iriamos comemorar a minha
bolsa de estudos para o doutorado.

Olhei novamente para a TV e a garrafa de Éternité parecia ocupar


toda a tela. Eternamente. Dentro de duas semanas começaria o meu
doutorado. Eu não tomei o Éternité com o Eduardo como gostaria. Mas, em
memória a ele, darei o melhor de mim. Porque ele sempre acreditou que eu
poderia realizar qualquer sonho. Que eu era capaz de coisas incríveis. Por
você, Edu, e por mim, essa será também a minha crença.

***

Agora é a sua vez! Crie as duas versões, a positiva e a negativa,


utilizando uma mesma imagem. Lembre-se dos exercícios de pesquisa,
empatia e também de equilibrar o VAC nas duas histórias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espero que você tenha aproveitando bastante e desenvolvido a sua


criatividade! Volto a lembrar que não basta ler o conteúdo, é preciso praticar
bastante.

Se esse livro foi útil para você, classifique-o na Amazon e faça


comentários. Isso contribui muito para que outras pessoas sejam beneficiadas
pelo conteúdo.

Um abraço,

Pedro Leandro

autorpedroleandro@gmail.com

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