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3 aula - Termodinâmica

3 ENERGIA INTERNA
Definição : A energia interna de um corpo não inclui qualquer energia que ele possa ter
em conseqüência de sua posição ou movimento como um todo. Ela se refere à energia das
moléculas que constituem o corpo.

3.1 Experiencia de Joule (1840-1878)

Joule colocou quantidades medidas de água num vaso isolado e agitou a água com um
agitador giratório. O trabalho realizado pelo agitador sobre água foi medido com exatidão, ao
mesmo tempo que se anotava a modificação da temperatura da água. Observou-se então
que era sempre necessária uma certa quantidade de trabalho para elevar de um grau
mediante agitação a temperatura da massa de água. A temperatura inicial da água podia ser
reestabelecida pela transferência de calor através do simples contato com um corpo mais
frio. Desta forma Joule demonstrou que há uma relação quantitativa entre trabalho e calor e
que, portanto, o calor é uma forma de energia.

Na experiência de Joule, adicionava energia à água sob a forma de trabalho, porém a


extração da energia era feita na forma de calor. Aparece então o problema de saber o que
ocorre a esta energia entre o instante em que é aduzida à água, e o instante que é extraida
como calor. É razoavel admitir que a energia está contida, de alguma forma, dentro da água.
Esta forma de energia é conhecida como a Energia Interna U.
3.2 Formulação da Primeira Lei da Termodinâmica

A primeira Lei pode ser enunciada de diversar formas ou maneiras, uma delas é:
embora a energia assuma diversas formas, a quantidade de energia é
constante e, quando a energia desaparece em uma forma, ela reaparece
simultaneamente em outras formas.

A primeira lei da termodinâmica aplica-se ao sistema e suas vizinhanças em conjunto,


e não apenas em geral, ao sistema

Na forma mais fundamental , a primeira lei pode ser escrita:

∆(energia do sistema) + ∆(energia da vizinhanç a) = 0 (1)

OBS: No sentido termodinâmico, o calor e o trabalho referem-se à energia em transito


através da fronteira entre o sistema e as vizinhanças e vice-versa

3.3 Análise da Energia em um Sistema Fechado


Neste tipo de sistema toda energia que passa através da fronteira entre o sistema e
sua vizinhança é transferida na forma de calor (Q) e trabalho (W). Portanto a variação total
das energias das vizinhanças deve ser igual à energia transferida para ela, ou dela retirada,
na forma de calor (Q) ou trabalho (W), e a segunda parcela da equação (1) fica:

Δ(energia da vizinhanç a) = ± Q ± W (2)

A escolha dos sinais a serem utilizados com Q ou W depende da direção em que a


transferencia é considerada positiva.

A primeira parcela da equação (1) pode ser desenvolvida para evidenciar as variações
de energia em suas diversas formas. Sendo constante a massa do sistema estão envolvidas
somente as variações das energias interna, cinética e potencial.

Δ(energia do sistema) = ∆U + ∆E K + ∆E P (3)


De (1) , (2) e (3) temos:

∆U + ∆E K + ∆E P = ± Q ± W (4)
A convenção habitual considera positivo o calor transferido das vizianhanças para o
sitema e o trabalho quando transferido do sistema para vizinhança:

Então a equação (4) fica:


∆U + ∆E K + ∆E P = Q − W (5)

Em sistemas fechados em que não há modificação na energia potêncial e


energia cinética externas, mas apenas alterações na energia interna. Nestes
processos temos a equação (5) reduzida à:

∆U = Q − W (6)

A equação (6) aplica-se a processos que envolvem modificações finitas do sistema .


No caso de alterações diferenciais, esta equação escreve-se:

dU = δQ −δW (7)
Observe que o valor da transferencia de calor depende dos detalhes do processo e
não apenas dos estados inicial e final. Assim, da mesma forma que o trabalho, o
calor não é uma propriedade, e sua diferencial é escrita como δQ . A quantidade de
energia transferida por calor para u processo é dada pela integral:

2
Q = ∫ δQ (8)
1

Onde os limites significam “ do estado 1 para o estado 2” e não referem-se aos valores do
calor para estes estados.

Exemplo I: Resfriamento de um Gás em um Pistão-Cilindro


Quatro quilogramas de um certo gás estão contidos em uma montagem pistão-
cilindro. O gás está submetido a um processo para o qual a relação pressão-volume é :

PV 1,5 = cons tan te .


A pressão inicial é 3 bar, o volume inicial é 0,1m3 e o volume final é 0,2m3. A
variação de energia interna específica do gás no processo é U2 – U1 = -4,6 kJ/kg. Não há
variações significativas nas energias cinética e potencial. Determine a transferência líquida de
calor para o processo, em kJ.
Hipóteses: 1- O gás é um sistema fechado
2 – o processo é descrito por PV 1,5 = cons tan te
3 – Não há variação nas energias cinética e potêncial.

Análise: Para o sistema fechado temos que o balanço de energia assume a forma:

∆U + ∆E K + ∆E P = Q − W
Más temos que :

∆E K = 0, ∆E P = 0

Então : ∆U = Q − W

Ou: m(U2-U1) = Q-W onde m á a massa do sistema:

O valor do trabalho para esse sistema foi determinado no exemplo anterior: w=17,6 kJ. A
variação de energia interna é obtida utilizando-se os dados fornecidos:

m(U2-U1) = 4kg (-4,6 kJ/kg)= -18,4 kJ

substituindo os valores temos:

m(U2-U1) = Q-W → Q = m(U2-U1) + W = -18,4 + 17,6 = -0,8 kJ

Q= - 0,8 kJ
O sinal negativo para o valor de Q significa a quantidade líquida de energia que foi
transferida do sistema para a sua vizinhança por transferência de calor.

Exemplo II :

O ar encontra-se contido em uma montagem vertical cilindro-pistão equipada com um


resistor elétrico: A atmosfera exerce uma pressão de 14,7 lb/in2 na superfície superior do
pistão, que tem uma massa de 100 lb e uma área de superfície de 1ft2. Uma corrente
elétrica passa através do resistor e o volume de ar aumenta lentamente de 1,6 ft 3 enquanto
sua pressão se mantem constante. A massa de Ar é 0,6 lb e sua energia interna específica
aumenta de 18 Btu/lb. O ar e o pistão estão em repouso no início e no fim do processo. O
material pistão-cilindro é um composto cerâmico e, assim, um bom isolante. O atrito entre o
pistão e o cilindro pode ser desprezado e a aceleração local da gravidade é g=32,0 ft/s 2.
Determine a transferência de calor do resistor para o ar, em BTU, para um sistema composto
de :
a) apenas ar
b) ar e pistão.
SOLUÇÃO
Dados: Os dados são fornecidos par o ar contido em um pistão-cilindro vertical equipado
com um resistor elétrico.
Determinar: a transferência de calor do resistor para o ar, considerando cada um dos dois
sistemas:
Esquema de dados fornecidos:
Hipóteses:
1 Consideram-se dois sistemas fechados, conforme mostrado na figura.
2 A única transferência de calor significativa é do resistor para o ar, durante o qual o
ar se expande lentamente e sua pressão permanece constante.
3 Não há variação líquida na energia cinética; a variação na energia potencial do ar é
despresível e uma vez que o material do pistão é um bom isolante, a energia
interna dos pistão não é afetada pela transferência de calor.
4 O arito entre o pistão e o cilindro é desprezível
5 A aceleração da gravidade é constante g=32,0 ft/s2

Sistema (a) – tomando o ar como sistema, o balanço de energia, com a hipótese 3 temos:

( ∆U + ∆E K + ∆E P ) Ar = Q − W

∆E K = 0, ∆E P = 0
Temos:

∆U = Q − W → Q = W + ∆U

Para esse sistema o trabalho é realizado pela pressão P atuando sobre a superfície inferior do
pistão à medida que o ar se expande. Copm a hipótese de pressão constante temos:

V2

W = ∫ dW = ∫ PdV = P(V2 − V1 )
V1

Para determinar a pressão P, utilizamos um balanço de forças sobre o movimento lento do


pistão, desprezando o atrito. A força voltada para cima exercida pelo ar sobre a superfície
inferior do pistão é igual ao peso do pistão mais a força voltada para baixo da atmosfera
atuando na parte superior do pistão.

PA pistão = m pistão g + patm Apistão

Então temos:

m pistão g
P= + p atm
A pistão

Substituindo os valores temos:

 1lbf 
 2

(100lb)(32 ,0ft/s )  32 ,2lb. ft / s
2
 + (14,7lbf/i n 2 ) = 15,4 lbf/in
P= . 2

1ft 2 144 in 2

Então o trabalho é:

( )
2
 lbf  3 144 in 1Btu
W = P (V2 −V1 ) = 15 ,4 2 . 1,6 ft 2
= 4,16Btu
 in  1ft 778lbf.ft

Com: ∆U Ar = m( ∆UAr) a transferência de calor é:


Q = W + ∆U = 4,56 Btu + (0,6)(18 Btu/lb) = 15,4 Btu

Sistema (b) – Considere o sistema composto do ar e do pistão. A variação de energia de


todo o sistema é a soma das variações da energia do ar e do pistão. Assim o balanço de
energia assume a forma:

( ∆U + ∆E K + ∆E P ) Ar + (∆U + ∆E K + ∆E P ) Pistão = Q − W

Para o ar temos:

∆E K = 0, ∆E P = 0

Para o pistão temos:

∆E K = 0, ∆U = 0

Então a equação acima fica:

∆U Ar + ∆E P Pistão = Q − W ou

Q = W + ∆U Ar + ∆E P Pistão

Para este sistema o trabalho é realizado na parte superior do pistão à medida que ele
empurra para os lados a atmosfera que o cerca.

Então:

( )
2
 lbf  3 144 in 1Btu
W = Patm (V2 −V1 ) = 14 ,7 2 . 1,6 ft 2
= 4,35Btu
 in  1ft 778lbf.ft

A variação ∆z necessária para calcular a ariação da energia potencial do pistão pode ser
encontrada a partir da variação do volume do ar e da área da superfície da face do pistão.
V2 − V1 1,6ft 3
Δz = = = 1,6ft
A pistão 1ft 2

Assim a variação da energia potencial do pistão é

ft 1lbf 1Btu
( ∆E P ) pistão = m pistão g∆z = (100 lb )( 32 ,0 )( 1,6 ft ) = 0,2 Btu
s2 32 ,2lb . ft / s 2 778 lbf . ft

Portanto:

Q = W + ∆U Ar + ∆E P Pistão

Q =4,35 Btu + 0,6lb(18Btu/lb)+0,2Btu

Q=15,4 Btu

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