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06 Scott e Connell
# objetivos: compreender e analisar o conceito de gênero nas perspectivas
dessas autoras e compará-los.

# O conceito de gênero em Scott:


- Organização social da relação entre os sexos.
- rejeição do determinismo biológico.

# Três abordagens na análise de gênero entre historiadoras feministas:

- origens do patriarcado: patriarcado, papel da reprodução e objetificação da


sexualidade.
- omissões: não dá atenção às mudanças históricas. ultra concentração na
variável da diferença física.

- tradição marxista: papel dos modos de produção. capitalismo. processo


histórico. patriarcado em relação com capitalismo. investigação de como a
desigualdade entre homens e mulheres surgem em resposta a mudança nos
modos de produção,
- omissões: causalidade econômica e material como limitação.

- pós-estruturalismo: psicologia.
- omissão: elemento essencialista do "ser mulher" e "ser homem". Se limitam ao
plano da identidade individual e esquecem o macroestrutural.

- Nenhuma dessas abordagens é suficiente, porque falta a elas uma


historicização.

# Definição de gênero em Scott:


- elemento constitutivo de relações sociais + elemento que dá significado às
relações de poder.
- parte de uma perspectiva foucaultiana de poder.

# Definição de gênero de Connell: [...]

Comentários do texto de Butler para aula do dia 15/06:


Sexo e gênero: livres ou fixos? responder para aula.
- Se mulheres não são estáveis ou permanentes enquanto categoria, o sexo e o
gênero não podem ser fixos.
- "O gênero nem sempre se constitui de maneira coerente ou consistente nos
diferentes contextos históricos, e porque o gênero estabelece interseções com
modalidades raciais, classistas, étnicas, sexuais e regionais de identidades
discursivamente construídas. Resulta que se tornou impossível separar a noção
de gênero das interseções políticas e culturais em que invariavelmente ela é
produzida e mantida".
- Butler defende que é precisa uma política feminista que tome a construção
variável da identidade como um pré-requisito metodológico e normativo, senão
como um objetivo político.

- sexo, gênero e desejo como uma ordem compulsória.


- gênero como interpretação múltipla do sexo. p. 21, não entendi.
- questiona que a veracidade da informação que diz que o sexo parece ser não
problematicamente binário em sua morfologia e constituição e afirma que não
há porque o gênero se limitar ao número de dois, porque ele não é uma
consequência do sexo.
- "Quando o satatus construído do gênero é teorizado como
radicalmente independente do sexo, o próprio gênero se
torna um artifício flutuante, com a consequência de que
homem e masculino podem, com igual facilidade, significar
tanto um corpo feminino como um masculino, e mulher e
feminino, tanto um corpo masculino como feminino."
- "Haveria uma história de como se estabeleceu a dualidade do sexo, uma
genealogia capaz de expor as opções binárias como uma construção variável?
Seriam os fatos ostensivamente naturais do sexo produzidos discursivamente
por vários discursos científicos a serviço de outros interesses políticos e
sociais? Se o caráter imutável do sexo é contestável, talvez o próprio
construto chamado sexo seja tão culturalmente construído quanto o gênero; a
rigor, talvez o sexo sempre tenha sido o gênero, de tal forma que a distinção
entre sexo e gênero revela-se absolutamente nula. [...] Gênero [...] aparato
mesmo de produção mediante o qual os próprios sexos são estabelecidos [...] ele
também é o meio discursivo/cultural pelo qual a natureza sexuada ou um sexo
natural é produzido e estabelecido como pré-discursivo."
- cultura como destino (?)
- "É o gênero tão variável e volitivo quanto parece sugerir a explicação de
Beauvoir? Pode, nesse caso, a noção de construção reduzir-se a uma forma de
escolha? Beauvoir diz claramente que alguém se torna mulher, mas sempre sob
uma compulsão cultural a fazê-lo. E tal compulsão claramente não vem do sexo.
Não há nada em sua explicação que garanta que o ser que se torna mulher seja
necessariamente fêmea. [...] O sexo não poderia qualificar-se como uma
facticidade anatômica pré-discursiva. [...] Não se pode dizer que os corpos
tenham uma existência significável anterior à marca do seu gênero. [...] Se o
gênero ou o sexo são fixos ou livres, é função de um discurso que, como se irá
sugerir, busca estabelecer certos limites à análise ou salvaguardar certos
dogmas do humanismo como um pressuposto de qualquer análise do gênero. [...]
As fronteiras analíticas sugerem os limites de uma experiência discursivamente
condicionada. [...] A coerção é introduzida naquilo que a linguagem constitui como
o domínio imaginável do gênero.."
- "Gênero como relação entre sujeitos socialmente construídos. [...] O gênero
não denota um ser substantivo, mas um ponto relativo de convergência entre
conjuntos específicos de relações, cultural e historicamente convergentes."

- Teorizando o binário, o unitário e além. [...]

MULHERES NA CIÊNCIA: MAPEANDO CAMPOS DE ESTUDO - CITELI.

Mulheres na ciência: Mapeando campos de estudo:


- Poderiam os estudos sobre a vida e o trabalho das mulheres revelar aspectos
de gênero presentes no conteúdo e nos métodos adotados pelas ciências?
- Existiria um estilo feminino ou feminista de fazer ciência?
- Seria possível falar em ciência feminista?
"Negativa para muitas dessas perguntas, especialmente a última."
- Fantasmas que espreitam o tema:
1. A suposição que feministas advogam a plausibilidade de se propor uma ciência
feminista, pois não reconheceriam a validade das ciências justamente por terem
sido produzidas por homens.
2. A crença de que os estudos feministas, de maneira geral, são hostis em
relação à ciência.
- Tratando de estudos dos anos 80, Citeli trata à respeito dos estudos
feministas sobre ciência - lidando com a díade sexo versus natureza e gênero
versus cultura - e ainda, os estudos sociais das ciências que tratam sobre a
díade ciência verus natureza e autoridade cientifica versus sociedade.

Contexto acadêmico do debate:


- Como e até que ponto fatores sociais podem influenciar o conhecimento
científico?
"A produção do conhecimento é um empreendimento fundamentalmente social"
- Fox Keller, segundo Citeli, em 1978, publicou o primeiro artigo sobre gênero e
ciência, buscando compreender e discutir os pressupostos de gênero contidos
nas teorias e métodos científicos.
- a subárea que trata de mulheres e ciência busca estudar a participação, a
contribuição e o status das mulheres nas profissões e carreiras científicas.
- a subárea gênero e ciência, estuda a análise das implicações de gênero para a,
e na, produção das ciências - especialmente as biológicas.

Mulheres na ciência:
- Parte dos trabalhos mostra a invisibilidade das mulheres nas ciências, ou
documentam e estudam mulheres e ciência para recuperar o significativo
número de mulheres ignoradas pelas histórias convencionais da ciência, ou que
tiveram seus trabalhos creditados a outras pessoas ou classificados como
não-ciência.
- Outro eixo que também orientou a pesquisa explora os fatos
sócio-educacionais que contribuem para a escassez de mulheres na ciências,
incluindo lapsos na educação de meninos e meninas, bem como a inadequação dos
testes aplicados para identificar aptidões e capacidades - masculinas e femininas
- para a aprendizagem de disciplinas científicas.
- O que as pesquisas sobre mulher versus ciência e gênero versus ciência tem
a ver uma com a outra?
- Há, para Citeli, cinco linhas de pesquisa feminista sobre mulheres, ciência e
gênero.
1. Os estudos sobre equidade, documentando a massiva exclusão das
mulheres das atividades científicas, o que pode ou não mostrar de que forma a
ciência se presta a projetos sexistas, racistas, classistas e homofóbicos.
2. Investigações epistemológicas que constituem base alternativa para
entender como se fundamentam as crenças sobre o que honramos com a
denominação de ciência.
- O que se pode fazer a respeito da situação da mulher na ciência? e ainda, sob
a ótica feminista, é preciso se perguntar: é possível utilizar, com fins
emancipatórios, ciências que estão tão íntima e manifestamente imersas nos
projetos ocidentais, burgueses e masculinos?
- O feminismo deve apontar uma meta tão baixa como a simples igualdade com
os homens?
- É conveniente utilizar a imensa quantidade de tempo, esforço e tensão
necessária para desenvolver as lutas de ação afirmativa, se o problema está
enraizado fora da ciência, na organização das relações de gênero na sociedade
e nos usos e significados da ciência em geral?

Sucesso e diferença:
- Mulheres cientista como McClintock buscaram recusar todos os esteriótipos
femininos e recusar o rótulo de feminista, isto porque, a exclusão decorrente
do seu sexo sem dúvida dificultou sua carreira e trouxe mágoas.
- Citeli mostra que é comum a insatisfação manifestada por mulheres cientistas
com o tratamento injusto que recebiam de instituições. [...] "Ser mulher cientista
é pior que ser negro nos Estados Unidos." [...] "Competição bem sucedida com
homens está absolutamente fora de cogitação, mesmo quando a mulher é
intelectualmente superior."
- Importante lembrar da fama que cientistas mulheres recebem, diz Citeli, como
de produzir heresias - enquanto homens produzem novidades -, ou de serem
excêntricas - enquanto homens são considerados gênios -.

Rejeitando dualismos e a idéia de ciência feminista:


- Hilary Rose, feminista inglesa, defendeu a idéia de uma ciência feminista
holistica, integrando o amor, poder e conhecimento. Para ela, elementos
tradicionalmente conhecidos como femininos poderiam levar as mulheres a ser
mais persistentes e pacientes, de modo a permitir que o material de pesquisa
fale por si.
- A ênfase de McClintock na intuição, no sentimento, na conexão e relação, sua
minuciosa atenção para com detalhes são características que parecem
confirmar nossos estereótipos sobre capacidades típicas das mulheres. Isso
poderia ter como decorrência:
1. Levar feministas a se sentir tentadas a aclamar sua visão de ciência
como "ciência feminista'.
2. Sugerir que a mera presença de mais mulheres na ciência alteraria o
parecer da comunidade científica sobre aptidões das mulheres.
3. Consagrar o respaldo a essa visão tão diferenciada do que seria o
empreendimento científico.
- A experiência demonstrou que qualquer diferença baseada em sexo era
invariavelmente acionada como justificativa para exclusão, mediante a utilização
de uma escala segundo a qual ser diferente é ser inferior, utilizada tanto para
excluir a mulher da ciência, como para classificar o que faziam como não
ciência ou, ainda, para classificá-las como não mulher.
- Qualquer desejo de equidade exige a negação da diferença em qualquer
experiência, percepção ou valor que seja "outro".
- anos 70 e 80, as cientistas feministas começaram a argumentar pela inclusão
da diferença - em experiência, percepções e valores.
- Citeli rejeita a noção de ciência feminista porque esta ignora o caráter
fundamentalmente social do processo pelo qual ciência e cientistas recebem tal
nome; e também porque, em grande parte, o entendimento do que é feminino e
do que é científico foram historicamente construídos, um em oposição ao
outro.
- Uma peculiar definição tradicional de ciência = como indiscutivelmente objetiva,
universal, impessoal e masculina - uma definição que serve simultaneamente para
demarcar masculino de feminino, ciência de não ciência e, até mesmo, boa
ciência de má ciência.
- Isso permite dizer que a relevância de gênero para a ciência é, por um lado,
socialmente construída, mas por outro, portada pelo sexo de seus participantes,
na medida em que as normas específicas de gênero são internalizadas pelos
sujeitos. Gênero seria então, para a autora, uma construção relacionalmente
construída que, embora não determinada pelo sexo, não é inteiramente
dependente dele.
- Para Citeli, a inclusão de novos participantes - inclusive de uma cultura
diferente, no caso das mulheres - não levaria a mudanças imediatas ou diretas.
[...] Para ela, a ciência não contém qualquer questão de gênero, masculino ou
feminino, ao contrário, reitera que gênero se desvanece quando se trata de
fazer ciência. [...] A ideia de ciência feminista - portadora de novos valores,
metas, etc. - deve ser descartada ante o caráter eminentemente social e
histórico do empreendimento científico.
- Citeli tenta explicar porque mulheres cientistas rejeitam a ideia de ciência
feminista.
- A sugestão de que mulheres, como uma classe, podem fazer um tipo diferente
de ciência simultaneamente invoca a dualidade - masculino versus feninino - e
solapa nossa confiança entre ciência e natureza.

Gênero e Ciência:
- Somos convidados para uma utopia no qual a ciência e o gênero ficam livres
de vínculos com sexo ou natureza. Tentativas de ocupar o meio termo, com
respeito a gênero e ciência, debatem-se com as dificuldades conceituais de
formular essa posição, dadas as pressões puxando cada conceito para um pólo.

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