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Tumores das Glândulas Salivares

 Os tumores das glândulas salivares respondem por 3 a 7% de todos os tumores


da cabeça e pescoço.
 A prevalência do comprometimento varia em conformidade com a glândula,
com 80% dos tumores acometendo a glândula parótida, 10% na submandibular
e 5% na sublingual e os outros 5% nas salivares menores.
 As glândulas salivares produzem cerca de 1.000 a 1.500mL de saliva em 24h
(90% produzidos pela parótida e submandibular).
 Glândula Parótida apresenta células secretoras do tipo seroso
 A parótida consiste de um lobo superficial e outro profundo. O ducto parotídeo
(Stensen) mede cerca de 5cm de comprimento e adentra-se no corpo adiposo
da bochecha e o m. Bucinador abrindo-se ao nível do 2° molar superior.
 A glândula Submandibular é a segunda maior glândula apresenta células
secretoras do tipo seroso. Situa-se no trígono submandibular (borda inf.
mandíbula, ventre anterior e posterior do m. Digástrico). Seu ducto denomina-
se ducto de Wharton, nasce na porção profunda da glândula, também com 5cm
de comprimento, situado entre os músculos Milo-hióideo e Hioglosso onde é
cruzado pelo nervo lingual até se abrir na papila lingual, ao lado do frênulo da
língua.
 A glândula Sublingual é a menor das 3, apresenta células secretoras do tipo
mucoso. Alguns ductos das glândulas sublingual se abrem no ducto da glândula
submandibular e outros sobre a prega lingual.
 As glândulas Salivares Menores são compostas de células secretoras do tipo
mucoso.
 Geralmente, o primeiro elemento a chamar atenção para tumor de glândula
salivar é o abaulamento que ele ocasiona.
 Muito embora 85% dos tumores das glândulas salivares comprometem a
parótida, 80% deles são benignos.
 80% dos tumores que acometem a parótida localizam-se no lobo superficial.
 O lobo profundo tem maior incidência de tumores malignos.
 A punção aspirativa (PAAF), como método diagnóstico para tumores salivares,
não tem sido uniformemente aceita, uma vez que não pode diferenciar com
certeza tumor benigno de maligno, que é o principal objetivo da lesão. A
precisão da punção varia de 84 a 97% e a sensibilidade de 54 a 95%.
 A combinação de tomografia computadorizada e punção aspirativa não tem
resultado em relação a vantagem em termos de especificidade e sensibilidade.
 TC e RNM fornecem diagnóstico correto em 87% dos casos e a punção
aspirativa em 78%.
1) LESÕES NÃO-NEOPLÁSICAS

 Sialose – dilatação da glândula salivar devido a causas nutricionais não


relacionadas a neoplasias (cirrose, desnutrição, deficiência de vitaminas).
 Sialoadenite – dilatação por processo inflamatório  trauma maxilofacial, vírus
(caxumba e HIV), bactérias (S. Aureus – formação de abscesso) e sarcoidose.
 Sialolitíase – condição comum que acarreta formação de massa no interior da
glândula pela presença de cálculos ou aumento da glândula por obstrução ao
fluxo salivar  mais comum na glândula Submandibular.
 Mucocele – cistos de retenção de muco encontrados mais comumente nas
glândulas Salivares Menores. Muitas vezes no lábio inferior por trauma,
laceração, reparação de sutura ou resolução espontânea.
 Sialometaplasia Necrosante – lesão incomum de causa incerta, podendo estar
relacionada a traumas na mucosa oral. Manifesta-se como ulceração na
mucosa do palato muitas vezes indolor. Pode também ser vista na mucosa
bucal ou labial.

2) TUMORES BENIGNOS

 O tumor de lobo profundo de parótida pode fazer saliência na cavidade


oral, deslocando a amígdala para frente e para diante.
 Muito embora a paralisia de nervo facial associada a massa parotídea seja
indicativa de malignidade, ela pode ocorrer em determinadas circunstâncias
em tumores benignos. Entretanto, a massa parotídea com paralisia facial
deve ser considerada como maligna até prova em contrário.

Os tumores benignos mais frequentes são:

 Adenoma Pleomórfico (tumor misto)


 Cistadenoma Papilar Linfomatoso (Tumor de Warthin)
 Oncocitoma
 Adenoma Monomórfico
 Adenoma Papilar Ductal
 Mioeptelioma

ADENOMA PLEOMÓRFICO

 É o mais comum dos tumores das glândulas salivares, representando 65% dos
tumores benignos.
 Constitui 60% dos tumores parotídeo (75% dos tumores benignos dessa
glândula) e aproximadamente 50% de todos os tumores da glândula
submandibular.
 Também chamado Tumor Misto Benigno.
 Responde por 90% dos tumores benignos da glândula submandibular.
 Predomina em pacientes na 3ª e 4ª década com maior incidência no sexo
feminino.
 Na glândula parótida, a maioria dos tumores localiza-se no polo inferior (cauda
da glândula).
 Os tumores são “encapsulados”, tendendo a ter múltiplos lóbulos, aspecto de
cacho de uva, e podem se originar de componentes extra e intraglandular.
 Microscopicamente apresenta uma cápsula incompleta e protusões
transcapsulares (pseudópodos) que penetram no tecido adjacente.
 Histologicamente é muito variável com componentes mesenquimal e epitelial
daí a denominação de tumor misto.
 Podem dar metástases e ainda assim continuar benigno.

ADENOMA MONOMÓRFICO

 Adenomas de células basais, adenomas de células claras, adenomas ricos em


glicogênio.
 Encontrado mais comumente nas glândulas salivares menores do lábio
superior
 Benignos e não agressivos.

CISTADENOMA PAPILAR LINFOMATOSO (TUMOR DE WARTHIN)

 Também chamado de Adenolinfoma, é o segundo tumor mais frequente das


glândulas salivares, responsável por 5 a 10% dos tumores da gl. parótida.
 Massa de crescimento lento na cauda da parótida.
 Ocorre com maior frequência no sexo masculino, raça branca, entre a 6ª e 7ª
década.
 Apresenta-se como massa mole, gelatinosa com uma cápsula bem definida.
 Uma das teorias propõe que esses tumores se originam de restos embrionários
enquanto a outra considera o tumor uma reação de hipersensibilidade.

ONCOCITOMA

 Compromete quase exclusivamente a glândula parótida, responsável por 1%


dos tumores benignos desta glândula.
 Acomete homens e mulheres, > 50 anos.
 Frequentemente encontrado no lobo superficial da parótida.
 Apresentações malignas são raras e difíceis de diferenciar das benignas 
comportamento agressivo com alta percentagem de metástases.
HEMANGIOMA

 Encontrados principalmente na Parótida  50% diagnosticados ao nascimento


(tumor mais comum em Parótidas em crianças).
 Lesões Capilares, Cavernosas ou Malformações Vasculares Mistas.
 Hemangiomas Capilares são as lesões mais comuns  crescem rapidamente
até os 6 meses de idade e resolvem espontaneamente nos 5 a 6 anos seguintes.
 Os Hemangiomas Cavernosos ou as Malformações Mistas podem continuar a
crescer.

3) TUMORES MALIGNOS

 Apresentam comprometimento de nervo e saliva sanguinolenta.


 Na parótida, 80% dos tumores malignos se localizam no lobo superficial (polo
inferior e cauda) e 20% no lobo profundo.
 È controverso se a dor é indicativa de malignidade, no entanto, representa um
sintoma de mau prognóstico no tumor diagnosticado como maligno.
 Dos tumores malignos da gl. Parótida, o Mucoepidermóide é o mais comum
(6,9% dos tumores dessa glândula), seguido pelo tumor misto maligno.
 Já nas glândulas submandibulares e glândulas salivares menores, o tumor mais
comum é o adenocístico.

CARCINOMA MUCOEPIDERMÓIDE

 É o tumor maligno mais comum da glândula parótida e o segundo da


submandibular.
 Se subdividem em baixo, intermediário e alto graus  os de baixo grau
comportam-se como benignos, porém são capazes de invasão local e
metástases.

CARCINOMA ADENOCÍSTICO (CILINDROMA)

 Tumor mais comum nas glândulas Submandibular e Sublingual.


 Corresponde a 30% dos tumores das glândulas salivares menores.
 Ocorre na 5ª década com igual frequência entre os sexos.
 Padrão histológico característico  arranjo cístico ou cribiforme com aspecto
de “queijo suíço”.
 Tendência a metastatizar por via linfática e hematogênica.
 Mesmo após ressecção com margens livres, pode recidivar e metastatizar.
CARCINOMA DE CÉLULAS ACINARES

 Aproximadamente 95% dos tumores se desenvolve na glândula parótida.


 É o mais provável dos carcinomas a se desenvolver bilateralmente (3%).
 É o segundo tumor mais comum da parótida em crianças com menos de 12
anos (Mucoepidermóide é o primeiro).
 Baixa incidência de metástases linfáticas.

ADENOCARCINOMA

 Classificados conforme excluídos das categorias anteriores.


 Incidência real incerta  provavelmente 3-5% de todos tumores malignos das
glândulas salivares.
 Mulheres mais afetadas que os homens.
 Incidência na sexta década.

TUMOR MISTO MALIGNO

 Mais comumente a transformação maligna de um Adenoma Pleomórfico


prévio.
 Clinicamente paciente exibe uma massa de crescimento rápido, presente há 10
ou 15 anos que não apresentava alterações.
 A porção maligna do tumor pode aparecer como adenocarcinoma, carcinoma
epidermóide, indiferenciado, dentre outros.
 Padrão histológico de nódulos não-circunscritos e invasão de tecido e nervos
adjacentes.
 Metástase comum e prognóstico reservado.

CARCINOMA DUCTAL

 Muito raros em glândulas salivares e devem ser diferenciados das metástases


de CCE (CEC) para as glândulas salivares ou do Mucoepidermóide
subdiagnosticado.
 Quando encontrada nas glândulas salivares menores  em sua fase inicial, é
considerado um tumor de baixo grau, de comportamento menos agressivo.
 Quando em glândula salivar maior é de alto grau de malignidade.
 Quando na parótida, requer sacrifício do nervo facial, esvaziamento cervical e
radioterapia pós-operatória.
 Há possibilidade de ser metástase de carcinoma de próstata e tórax.

TRATAMENTO

 O objetivo da cirurgia consiste na remoção completa do processo patológico.

- Parotidectomia Superficial: remoção do lobo superficial da glândula parótida.

- Parotidectomia Total: remoção dos lobos superficial e profundo

- Parotidectomia Radical: remoção em bloco de toda glândula, do nervo facial e


seus ramos.

 Nos tumores da glândula parótida a enucleação ou excisão simples é


inaceitável, dado o alto índice de recorrência (30 a 48%) e de lesão do nervo
facial.
 Nervo facial é dissecado de maneira centrífuga.
 A recorrência após parotidectomia pode estar associada à remoção incompleta
do tumor, margens inadequadas, ruptura da cápsula...
 No Adenoma Pleomórfico deve-se ressecar uma porção de tecido parotídico
normal ao redor do tumor devido aos pseudópodos.
 Papel da radioterapia no tumor recorrente é controverso.
 A probabilidade de disfunção do nervo é maior nos tumores do lobo profundo
ou quando o esvaziamento é realizado em monobloco.
 Preservação do nervo facial nem sempre se correlaciona com a função pós-
operatória normal, mesmo quando o nervo é dissecado com grande cuidado.

 SINDROME DE FREY:
Complicação tardia da parotidectomia caracterizada por 2 sintomas:
- Sudorese e rubor gustativo  os pacientes apresentam sudorese e
vermelhidão facial na área operada ao estímulo gustativo ou pode ocorrer
sensação parestética desagradável. A sudorese é a reinervação aberrante das
glândulas sudoríparas na face pelas fibras nervosas parassimpáticas do nervo
óptico. O tratamento pode basear-se na interposição de tecidos autólogos
(retalho de fáscia lata ou temporal) entre a pele e o leito parotídeo. A
incidência da síndrome foi reduzida por meio da elevação do SMAS que recobre
a Parótida antes de efetuar-se a parotidectomia. Em seguida, recoloca-se o
SMAS sobre os segmentos restantes profundos e expostos da glândula para
separar os nervos parassimpáticos da glândula das fibras simpáticas das
glândulas sudoríparas da pele (dobrar as bordas do SMAS também pode ajudar
a preencher a cavidade do segmento superficial ressecado da glândula). Há
possibilidade também do bloqueio das gl. sudoríparas (como bloqueio do nervo
timpânico), com ou sem secção da corda do tímpano.

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