Segundo o sociólogo francês Emile Durkheim, suicídio é “toda morte que resulta mediata ou
imediatamente de um ato, positivo ou negativo, efetuado pela própria vítima, ciente de que a sua
ação produziría esse resultado”. (Emile Durkheim, El Suicídio, Editorial Schapire, Buenos Aires,
1971.) Em outras palavras, é a consequência de uma ação em que agente e paciente são a mesma
pessoa. Durkheim divide o suicídio em três categorias: egoísta, altruísta e anômico.
2. Altruísta. O suicídio altruísta tem causa oposta à do suicídio egoísta, pois, enquanto este
decorre do individualismo, aquele se relaciona com excessivos compromissos comunitários.
Quando o grupo começa a ser mais importante do que o indivíduo e à vida em si mesma, e esse
grupo corre perigo, a pessoa é levada a sacrificar-se em defesa desse grupo. Foi o caso de
Sansão em Israel, de Cleópatra no Egito e de Getúlio Vargas no Brasil, que se mataram pelas
suas pátrias. Foi o caso dos kamicases (pilotos suicidas japoneses) da Segunda Grande Guerra,
e é o caso, hoje, dos japoneses que praticam o harakiri (rasgando o ventre à faca ou a sabre) a
fim de punirem a si próprios por crimes por eles cometidos e salvarem a sua família ou grupo da
vergonha. É o caso, ainda, dos idosos esquimós que, ao se sentirem imprestáveis e um peso
para a família, voluntariamente abandonam o iglu e põem fim à vida.
3. Anômico. O suicídio anômico recebe esse nome pelo fato de ocorrer principalmente em épocas
de insegurança quanto ao futuro. O termo anômico vem de anomia, que é ausência de leis, de
normas ou regras de organização. Embora os sociólogos a princípio julgassem que o índice
desse tipo de suicídio só se agravava em tempos de crise econômica, constatou-se o seu
aumento também em ocasiões de grande prosperidade material. Por isso concluiu-se que o
rompimento do estilo de vida de um povo, para o pior pi para o melhor, causa estresse e, em
consequência, o número de suicídios aumenta. ‘‘Numa sociedade estável o povo sabe mais ou
menos o que pode esperar da vida e ajusta as suas aspirações adequadamente. Entretanto,
quando a economia se abre e flutua, esses limites desaparecem”. (Michael S. Bassis, Richard
J. Gelles, Ann Levine, Sociology, An Introduction, 2a edição, Nova York: Random House, 1984,
p. 19.)
O CRISTÃO E O SUICÍDIO
A palavra suicídio vem de dois termos do latim, sui, que significa “próprio” e caedere, que
significa “matar”. Assim, o suicídio é o desejo e o ato de assassinar a si próprio. É um gesto de
autodestruição, realização do desejo de dar fim à própria vida. Quando a pessoa está passando
por uma dor emocional insuportável, ela pensa enganosamente que a única solução é o suicídio.
Assim, o suicida não quer morrer, ele quer escapar da dor do sofrimento. No entanto, sempre
produz mais dor.
O caso de Sansão. Ele caiu nos braços de uma prostituta, chamada Dalila (Jz 14.3; 16.11). Traído
por ela, foi levado ao cárcere. Numa festa ao deus Dagon, foi apresentado como troféu, e fez o
templo desmoronar sobre ele e seus inimigos.
Há quem cite o caso de Sansão (Jz 16.30) como exemplo de suicídio aprovado por Deus. Quem
pensa assim desconhece toda a história de Sansão e sua era teocrática. Há casos em que uma
pessoa morre, sacrificando-se por outra ou por outras. Um bombeiro entra no fogo e salva várias
pessoas, mas ele morre; um soldado lança-se sobre uma granada, impedindo que muitos
companheiros pereçam. Isso não é suicídio. É sacrifício.
O caso da rainha Ester: A Rainha Ester Tecnicamente falando estava prestes a cometer um
suicídio, pois, era Terminantemente Proibido Entrar na Presença do rei sob pena de morte, sem
que fosse chamada. Porém, ela não obstante a sua vida estar em jogo, em risco de morte ela
assumiu a possibilidade de morrer em função de tentar salvar seu povo.
Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que todo o homem ou
mulher que chegar ao rei no pátio interior, sem ser chamado, não há senão uma sentença, a
de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva; e eu nestes trinta
dias não tenho sido chamada para ir ao rei. E fizeram saber a Mardoqueu as palavras de
Ester. Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo
que por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus. Porque, se de todo te
calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a
casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?
Então disse Ester que tornassem a dizer a Mardoqueu: Ester 4:11-15.
Sugestão de uma esposa sem fé. A mulher de Jó sugeriu, diante de seu sofrimento, que ele
amaldiçoasse a Deus e morresse (se suicidasse). Ele, porém, não aceitou tal ideia, e de modo
resignado, confiou integralmente no Senhor.
O posicionamento cristão. A vida é sagrada e somente Deus pode dar e tirar a vida. Moisés pediu
a Deus que tirasse a sua vida (Nm 11.15). O profeta Elias também fez o mesmo pedido (1Rs 19.4)
e da mesma forma o profeta Jonas (Jn 4.3). Deus não atendeu a nenhum desses pedidos. Isso
mostra que a vida pertence a Deus e não a nós mesmos. Deus sabe a hora em que a vida humana
deve cessar, e Ele é o soberano de toda a existência.