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Bioplásticos / Biopolímeros

Gestão dos resíduos de embalagens


biodegradáveis
Por Harald Kaeb and Erwin Vink da European Bioplastics Association

Os bioplásticos e as embalagens biodegradáveis-compostáveis produzidas com


estes materiais oferecem várias opções de gestão de resíduos, mas estes
somente serão plenamente desenvolvidas quando existir cada vez mais destes
materiais no mercado, de acordo com a indústria européia.

Bioplásticos podem ser criticados com base no fundamento de que não existem
sistemas de gestão de resíduos locais. Este último é verdade, uma vez que ninguém
pode esperar que os sistemas de gestão de resíduos estejam disponíveis de uma hora
para outra. Na realidade, muitas vezes em algumas regiões ainda não são disponíveis
nem para os materiais que estão no mercado há várias décadas.

Como as aplicações dos bioplásticos e de embalagens biodegradáveis-compostáveis


estão cada vez mais chamando a atenção do mercado, a organização industrial, está
cada vez mais solicitando à European Bioplastics de comentar sobre as
conseqüências da introdução destas materiais em nível nacional e regional nos
sistemas gestão de resíduos em toda a Europa.

A maioria dos bioplásticos/ biopolímeros atualmente produzidos no mundo são


provenientes de matérias-primas renováveis e são certificados compostáveis. Estes
materiais não necessitam de carbono fóssil como alicerce na sua manufatura, mas na
verdade, necessitam do 'ciclo' de carbono da atmosfera capturado pelas plantas
durante o seu processo de crescimento.

Quando as embalagens à base de bioplásticos (embalagens biodegradáveis), quando


incineradas ou compostadas, o carbono renovável ou biogênico colhido pelas plantas
durante a época de crescimento é devolvido à atmosfera. Portanto, o carbono
renovável segue um ciclo fechado.

No entanto algumas indústrias de bioplásticos do mundo, também precisam de


combustíveis fósseis para impulsionar as diferentes etapas das produções. Vários
produtores de bioplásticos estão substituindo uma parte desses combustíveis fósseis
por energias renováveis.

A avaliação global do impacto ambiental dos bioplásticos quando comparado a outras


formas de embalagem é um assunto complexo, para o qual a Análise de Ciclo de Vida
(ACV) tem sido freqüentemente utilizada como ferramenta de avaliação e seleção de
materiais para uma determinada aplicação. Esta ferramenta constitui-se de sistemas
de análises que contabiliza os efeitos de todas as etapas do processo produtivo e
avalia a importância de todas as intervenções ambientais, tais como energia, fonte de
matérias-primas utilizadas, emissões atmosféricas, utilização de água e os resíduos
finais produzidos, associados ao produto ou serviço que abrange todas as fases da
vida de um produto, Desde extração de recursos até a sua disposição final. Como a
(AVC) abrange a totalidade do ciclo de vida e portanto trata-se uma boa ferramenta
para identificar, comparar e otimizar as opções da gestão dos resíduos.

Determinar o mais eficiente sistema de gestão de resíduos não é uma tarefa fácil e
dependem de infra-estrutura local de coleta e reciclagem, de incentivo e
regulamentações locais e regionais, do volume total disponível no mercado e da
composição dos fluxos de resíduos.

Isto é também uma das principais razões pela quais as embalagens plásticas
convencionais nem sempre são tratadas da mesma forma em toda a Europa. A
maioria dos países criou sistemas de recuperação e reciclagem de garrafas plásticas,
mas para a maioria das outras embalagens, os resultados são mais fragmentados e
nem sempre são muito bem desenvolvidos.

Em muitos casos, misturas de frações de resíduos plásticos de origem fóssil estão


sendo incineradas e, ao fazer isso, a energia está sendo recuperada.

As embalagens biodegradáveis-compostáveis que acabarem nestas frações de


resíduos poderão também ser incineradas para geração de energia, mas desta vez
uma energia é renovável uma vez que o carbono é de fonte renovável.

Para ambos, os bioplásticos e as embalagens biodegradáveis, podemos afirmar que


estes ainda encontram-se em sua infância, mas o desenvolvimento do mercado não
deve ser adiado, embora a maioria dos sistemas mais eco- eficientes de recuperação,
muitas vezes não ainda tenham sido devidamente reconhecidos e adotados pelas
autoridades locais.
Os riscos associados aos esquemas existentes de recuperação deverão ser
monitorados. Estes riscos serão limitados neste momento, devido aos volumes
relativamente pequenos que atualmente presentes no mercado.

Depois que os volumes de produção atingir uma massa crítica, os sistemas de gestão
de resíduos farão mais sentido de ponto de vista ambiental e econômico e deverão ser
melhor desenvolvido. Ao longo do tempo e mais em curto prazo, a reciclagem pode
ser a melhor opção para certos bioplásticos, especialmente se um fluxo homogêneo
pode ser organizado no local como no caso das garrafas plásticas.

Hoje, já existe enorme demanda para o aumento da utilização de bioplásticos


principalmente, para produtos de curto ciclo de vida, como embalagens para alimentos
e para os serviços relacionados aos gêneros alimentícios que utilizam descartáveis,
sacos de lixo compostáveis para coleta de resíduos orgânicos e outros, especialmente
onde a compostagem industrial tem o potencial de desviar uma grande parte dos
fluxos de resíduos orgânicos de alimentos longe de lixões, aterros e incineração.

Estes binômios embalagens descartáveis / fluxos de resíduos alimentares são gerados


em muitos diferentes lugares na sociedade moderna, tais como os serviços rápidos de
restaurantes (fast food), cantinas, hospitais, indústrias, festivais de músicas, atividades
em arenas desportivas e nos encontros familiares. Para fazer isto da melhor maneira,
uma identificação clara do material e sua separação no fluxo de resíduos são
necessárias.

A abertura destes sistemas de compostagem especializados para embalagens


biodegradáveis, é uma outra maneira de encerrar o ciclo para essas inovadoras
soluções em embalagens. Além disso, os sistemas de compostagem são
economicamente muito mais competitivos em comparação com a incineração. O
composto gerado pode ser utilizado para aumentar o teor de carbono no solo e manter
a fertilidade do solo.

A European Bioplastics e os seus membros estão empenhados em contribuir de


forma positiva para estes debates e trabalhos em grupos a fim de facilitar a utilização
destes novos materiais inovadores, enquanto deve se esforçar para minimizar
qualquer impacto sobre a gestão de fluxos de resíduos existentes.
Empresas ao redor do globo estão também trabalhando para tornar-nos menos
dependentes de matérias-primas fósseis e reduzir as emissões de gases a efeito
estufa, a utilização de bioplásticos e embalagens biodegradáveis-compostáveis são
definitivamente soluções que podem muito bem contribuir para esse objetivo de forma
significativa.

Harald Kaeb é presidente do conselho da European Bioplastics Assocation.


Erwin Vink é um membro do conselho de administração e também trabalha para
NatureWorks LLC

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