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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


Superintendência Regional de Regularização Ambiental Central Metropolitana

PARECER ÚNICO Nº. 060/2012 PROTOCOLO Nº.XXX/2012


Indexado ao(s) Processo(s)
Deferimento
Licenciamento Ambiental Nº. 11098/2006/003/2011 LP+LI
Validade: 4 anos
Outorga: Sim – nº de Portaria 01762/2008
APEF: Sim – nº 002540/2011
DNPM: 833.095/2004
Reserva Legal: Sim

Empreendimento: LUCIANO CARRARO TAVARES


CPF:741.620.716-91 Município: Esmeraldas - MG

Unidade de Conservação: Não se aplica


Bacia Hidrográfica: Rio São Francisco Sub Bacia: Rio Paraopeba

Atividades objeto do licenciamento:


Código DN 74/04 Descrição Classe
Extração de areia e cascalho para utilização imediata na
A-03-01-8 3
construção civil
A-03-02-6 Extração de argila usada na fabricação de cerâmica vermelha 3
A-05-02-9 Obras de infra-estrutura (pátio de resíduo e produtos) 1
A-05-05-3 Estradas para transporte de minério / estéril 1

Condicionantes: SIM NÃO Compensação Ambiental: SIM NÃO


Medidas Mitigadoras: SIM NÃO Automonitoramento: SIM NÃO

Responsável pelo Empreendimento Registro de classe


Luciano Carraro Tavares -
Responsável Técnico pelos Estudos Apresentados Registro de classe
Tarcísio Walter Gotelipe dos Reis CREA MG 31.242/D

Auto de Fiscalização: 78.852/2011 DATA: 10/06/2011

Data: Belo Horizonte, 15 de Fevereiro de 2012.


Equipe Interdisciplinar MASP Assinatura
Elaine Cristina Amaral Bessa 1.170.271-9
Jacqueline Moreira Nogueira 1.155.666-8
Mariangela Evaristo Ferreira 1.262.950-7
Leandro Cosme Oliveira Couto 83.160-04

De acordo:
Isabel Cristina R.C. Meneses Ass:
Diretora Técnica da SUPRAM CM- MASP: 1.043.798-6
Diego Koiti de Brito Fugiwara Ass:
Diretor Controle Processual – MASP 1145849-4

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1. INTRODUÇÃO

O presente parecer tem por objetivo subsidiar o julgamento do pedido de Licença Prévia
concomitante com Licença de Instalação (LP + LI) solicitada pela empresa Luciano Carraro
Tavares. Referente à da extração de areia para uso na construção civil com produção bruta
35.000 m3/ano de areia e de argila, referente ao processo DNPM nº. 833.095/2004,
estabelecida na Fazenda Santa Rita do Mangue, no município de Esmeraldas.

As atividades de extração mineral e obras de infraestrutura da Luciano Carraro Tavares estão


licenciadas pela Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) nº 00642, viabilizada pelo
Processo COPAM nº 11098/2006/001/2010. Todavia, foram paralisadas conforme o Auto de
Infração nº 11495/2010.

Em 07/07/2011 o empreendimento firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) perante


esta Superintendência, através do qual se mantém operando dentro dos limites da AAF nº
00642/2010. Ressalta-se que após a obtenção da Licença de Operação (LO) a AAF será
cancelada e o empreendimento operará com a capacidade de 35.000 m3/ano e enquadrado
como classe 3 segundo a DN COPAM 74/04.

A empresa formalizou em 04/05/2011 o processo de Licença de Instalação Corretiva (LIC).


Contudo, a partir das constatações de vistoria na área do empreendimento em 10/06/2011
(Auto de Fiscalização 78.852/2011),onde verificou que a ampliação de produção não ocorreu e
o processo foi reorientado para Licença Prévia concomitante com Licença de Instalação
(LP+LI).

Desse modo, a análise técnica pautou-se nas informações apresentadas no RCA/PCA, nas
observações feitas durante vistoria no local do empreendimento realizada em 10/06/2011
(Auto de Fiscalização 78.852/2011), e, também, nas respostas às informações
complementares solicitadas através do Ofício Nº. 1616/2011 SUPRAM CM/SEMAD/SISEMA e
protocoladas junto a esta Superintendência em 18/01/12 sob Nº. R193209/2012.

2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A jazida de areia e argila explorada pela Luciano Carraro Tavares possui 20,77 ha e se situa na
Fazenda Santa Rita do Mangue, na zona rural do município de Esmeraldas. A areia é um
minério utilizado de maneira geral na construção civil (residências, conjuntos habitacionais,
galpões industriais ou comerciais, entre outros), enquanto a argila é um minério utilizado
principalmente na produção de cerâmicas. O município de Esmeraldas se destaca como maior
produtor de areia dentre os municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

As atividades de lavra ocorrerão em um turno diário, de segunda-feira a sábado. A jornada de


trabalho de segunda à sexta-feira será de 08h00 as 17h00, com uma 01h00 de almoço. No
sábado a jornada será entre 07h00 e 11h00. O quadro de pessoal, originário do próprio
município de Esmeraldas, constará de 01 operador de pá-carregadeira, 01 ajudante, 01
operador de draga e 01 operador de escavadeira.

Na atividade de lavra no presente licenciamento serão utilizados os seguintes equipamentos:

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• 01 pá-mecânica;
• 01 caminhão basculante com capacidade de 6 m3;
• 01 draga de sucção;
• 300 metros de tubos;

Os funcionários usufruirão de abastecimento de água, sistema sanitário de fossa séptica e


fornecimento de energia elétrica proporcionados pela unidade de beneficiamento. Os
equipamentos consumirão principalmente óleo diesel como combustível, transportado
adequadamente em tambores fechados provenientes de fornecedores em Esmeraldas até a
unidade de beneficiamento.
A execução da lavra de areia e argila se desenvolverá em fases seqüenciadas de
decapeamento, desmonte e carregamento e transporte. As operações de lavra se dividirão em
três frentes distintas avançando anualmente 1,5 ha por ano. A vida útil da jazida é de 6 (seis)
anos.

A lavra será iniciada com a fase de decapeamento, que consiste na limpeza/preparação de


parte da área a ser lavrada, executado pela pá-mecânica em forma de cava. Será retirada a
cobertura vegetal, constituída por capim braquiária e gramíneas, e a camada superficial de
solo, constituída por material orgânico. Esse material será armazenado para utilização no
processo de reabilitação da área lavrada, ao final da vida útil da jazida.

Em seguida, empreende-se a fase de desmonte das respectivas camadas de minério (argila e


areia). Em razão de o minério ser altamente friável, o desmonte ocorre de maneira mecânica,
sendo empreendido pela escavadeira nas camadas de areia e argila acima do nível d’água.

Quando a cava atingir o lençol freático o processo de lavra passará a ser executado por draga
de sucção, que fará tanto a sucção quanto o recalque/transporte da polpa (mistura de água
com a areia e do cascalho) até a unidade de beneficiamento, a aproximadamente 300 metros
de distância. Na ocasião da lavra ainda realizada pela pá-mecânica, a argila e a areia serão
transportados por intermédio de caminhões basculantes até a unidade de beneficiamento.
A execução da lavra de areia e argila se desenvolverá em fases seqüenciadas de
decapeamento, desmonte e carregamento e transporte, com as operações de lavra se dividirão
em três frentes.

3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

A exploração de areia e argila em cava aluvionar ocorrerá nas planícies de inundação do


Ribeirão das Abóboras com o objetivo de abastecer o mercado consumidor na RMBH. O
empreendimento se localiza na sub-bacia do Ribeirão das Abóboras, afluente da margem
direita do Ribeirão Grande, que deságua no Rio Paraopeba.

O Rio Paraopeba nasce no município de Cristiano Otoni, segue no território mineiro em sentido
sudeste – noroeste, banhando parte da RMBH, alimenta a Represa de Três Marias e deságua
no Rio São Francisco, já no município de Felixlândia. Desse modo, recebe grande carga de
efluentes sanitários, industriais e minerários das cidades ao longo de seu curso.

O Ribeirão das Abóboras sofre grande pressão antrópica. Suas águas são enquadradas na
Classe 2, conforme Deliberação Normativa COPAM nº 14, e apresentam Índice de Qualidade
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das Águas (IQA) no nível Médio em razão de a pecuária ser a atividade desenvolvida em toda
a extensão do ribeirão.

Nesse cenário, Esmeraldas é um município localizado no médio curso do Rio Paraopeba com
vocação para a mineração de areia, argila e cascalho e contribui para tal cenário,
especificamente elevando os níveis de turbidez dos corpos d’água, através de grande número
de atividades mineradoras de areia.

Meio físico

O município de Esmeraldas se localiza na unidade geomorfológica denominada Depressão de


Belo Horizonte, pertencente ao domínio geomorfológico do Planalto Centro Sul de Minas. Tal
unidade apresenta relevo de colinas côncavo-convexas, com vertentes de inclinações suaves,
inferiores à 25º, e altitude entre 700 e 900 metros. Os vales são de fundo plano com terraços
aluviais popularmente chamados de várzeas.

A área de lavra do empreendimento consiste em um terraço aluvial situado sobre rochas de


gnaisses e migmatitos integrantes do embasamento cristalino do Cráton São Francisco na
porção conhecida como Complexo Divinópolis.

O embasamento cristalino do Cráton São Francisco é composto pelo conjunto de rochas


antigas biotita, gnaisses, granitóides e migmatitos, com idade geológica acima de 1,8 bilhões
de anos. Nas calhas dos principais rios da rede de drenagem ocorrem terraços aluviais
geologicamente recentes, com idade abaixo de 2 milhões de anos, nos quais se acumulam
sedimentos de areias e de argilas e matéria orgânica. Localmente há rochas intrusivas de
metabasaltos e metadiabásios, não tão antigas quanto o embasamento cristalino e nem tão
recentes quanto os terraços aluviais.

O terraço aluvial na área do empreendimento é formado por sedimentos originários da sub-


bacia do Ribeirão das Abóboras. Predominam grãos de quartzo, feldspato, biotita, muscovita e
anfibólio, bem como fragmentos de rocha granitos, gnaisses, cistos, anfibolitos e quartzitos.

O solo encontrado no local é do tipo Aluvial, pouco desenvolvido, por isso pouco espesso, e
resultante de deposições fluviais geologicamente recentes. Desse modo, o horizonte superficial
do solo é bastante retrabalhado, apresentando características mofológicas (coloração, tamanho
das partículas, consistência e estrutura) variantes por vezes sem relação pedogenética com a
camada saprolitizada local.

O clima do município de Esmeraldas se assemelha ao dos demais municípios da RMBH, sendo


caracterizado por duas estações bem definidas: verões, com grande umidade e temperaturas
brandas, e invernos, com pouca umidade e temperaturas frias. Assim, o índice pluviométrico é
bastante elevado, porém mal distribuído ao longo do ano, e a época do ano com alta
quantidade pluviométrica se caracteriza por recorrentes inundações das áreas várzeas.

Dentre as características sedimentológicas do depósito aluvionar, é possível identificar casos


de estratificação gradacional e cíclica que refletem diferentes períodos de inundação e
deposição.

Meio biótico

O município de Esmeraldas se insere nos domínios do bioma Cerrado e apresenta aspecto


savânico na maior parte de sua área, sendo entremeada, nas várzeas ou locais de cota

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altimétrica mais baixa, por matas ciliares que se afiguram a cortinas arbóreas de pequeno
porte. Nas formações ciliares são encontradas espécies florestais como o ingá, jacarandá, pau
d’óleo, angico branco, sangra d’água, etc. Todavia, na região do empreendimento a cobertura
vegetal está bastante degradada, principalmente nas áreas de várzea, devido ao histórico de
expansão agropecuária.

Em razão da melhor fertilidade e maior umidade dos solos aluviais, somada à valorização
econômica, a vegetação nativa nas várzeas dos Ribeirões Grande, Carapina e das Abóboras
foi substituída pelas culturas cíclicas de forrageiras (milho, sorgo, cana de açúcar, entre outras)
e por gramíneas (notadamente de capim braquiária) formando pastagens. Na Fazenda Santa
Rita do Mangue as áreas de várzea estão ocupadas por culturas.

As matas ciliares nem sempre apresentam largura corresponde à faixa legal exigida pela
legislação como preservação permanente. A ausência de vegetação mais densa e contínua
facilita a queda das margens promovendo e acelerando o assoreamento dos cursos d’água.

Na fauna regional, há grande diminuição de indivíduos, devido à ausência de abrigos e tocas


permanentes que foram destruídas com a expansão da agropecuária. Espécies mamíferas de
maior porte, como capivara (Hydrochaeris hidrochaeris), paca (Agouti paca), raposas
(Dusycyon thous) e tatus (Dasipodidae sp), foram quase totalmente exterminadas pelas
práticas de caça.

Espécies da avifauna também têm sido bastante perseguidas, a exemplo da codorna (Nothura
maculsa) e do trinca-ferro (Saltador similis). Há insetos, integrantes da cadeia alimentar ou
responsáveis pelo trabalho de polinização, vivendo nas áreas de matas e, preferencialmente,
nas proximidades de cursos d’água.

Meio socioeconômico

O município de Esmeraldas se insere na RMBH e apesar da proximidade com a capital mineira,


distando aproximadamente 60 km, possui grande caráter rural, atestado pelos principais
eventos, festas e comemorações municipais. Exposições agropecuárias e festas religiosas e
tradicionais reúnem a totalidade da população.

Na agricultura se destacam, respectivamente, a produção de milho, mandioca, cana de açúcar


e café. Na pecuária há a criação de gado leiteiro e de cavalos de raça. Em destaque, o meio
rural tem sido incrementado com novas atividades, como a horticultura, o ecoturismo e a
subdivisão de fazendas, através de loteamentos, em chácaras para o lazer.

Outra atividade característica do município é a produção de areia que, conta com uma
associação representativa da classe reunindo os empresários do setor. A propriedade Santa
Rita do Mangue apresenta as atividades predominantes de pecuária leiteira e extração mineral
de areia. Já toda a sub-bacia do Ribeirão das Abóboras apresenta predominância de atividade
de pecuária leiteira.

No território municipal há 22 comunidades caracterizando pequenos núcleos de urbanização. A


propriedade Santa Rita do Mangue está próxima da localidade Caio Martins, distando 15 km da
sede municipal de Esmeraldas, localizada na vertente leste do Ribeirão Filipão, no noroeste do
município.

Áreas de influência do empreendimento

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Considerando a inserção da atividade mineraria para extração de areia e argila no cenário


ambiental da Fazenda Santa Rita do Mangue, considerou-se:

• A porção da área da Fazenda Santa Rita do Mangue a ser lavrada corresponde à Área
Diretamente Afetada (ADA);

• Toda a área da fazenda Santa Rita do Mangue corresponde à Área de Influência Direta
(AID);

• A área coberta por um raio de 2,0 km a partir do ponto central do empreendimento,


compreendendo área de 12,56 km2.

4. RESERVA LEGAL

A Reserva Legal (RL) está devidamente averbada no Cartório de Registro de Imóveis da


Comarca de Esmeraldas, Livro 2, com a Matrícula 35.098, e possui área contínua de 113,62,99
ha (cento e treze hectares, sessenta e dois ares e noventa e nove centiares) integralmente
inserida na Fazenda Santa Rita do Mangue.

5. UTILIZAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

O empreendimento possui a concessão de outorga de direito de uso de águas públicas


estaduais Portaria nº 01762/2008, de 02/10/2008, com vazão de 105,0 m3/h e finalidade de
dragagem em cava aluvionar.

6. AUTORIZAÇÃO PARA EXPLORAÇÃO FLORESTAL

No empreendimento não haverá desmate com rendimento lenhoso. A etapa de decapeamento


ou limpeza da área retirará cobertura superficial composto por gramíneas e ervas nas áreas de
pastagem e cultura.

7. INTERVENÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

O empreendimento se localiza em terreno de várzea (leito excepcional) e sua operação não


resultará em intervenção em Área de Preservação Permanente (APP), conforme
esclarecimento advindo de informações complementares.

8. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Conforme Relatório Indicativo fornecido pelo SIAM, a Unidade de Conservação (UC) APEM
Florestal se localiza a aproximadamente 6,5 km do empreendimento, em distância superior aos
3 km próprios da área de amortecimento.

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9. IMPACTOS IDENTIFICADOS E MEDIDAS MITIGADORAS

O empreendimento já opera regularmente através da AAF nº 642/2010, de modo que as áreas


lavradas já são objeto de recuperação e de medidas mitigadoras e compensatórias. Todavia, o
aumento da produção bruta de areia e argila, atividade principal considerada no presente
Parecer Único, acarretará o aumento na intensidade de vários impactos já gerados,
notadamente no meio físico.

Por se tratar de área inserida em região rural e bastante antropizada, ocupada em sua maior
parte por pastagens e sucessivas culturas forrageiras, os impactos sobre os meios biótico e
socioeconômico são levemente acentuados.

Dada a cobertura superficial da área de lavra, não haverá supressão de vegetação; as


espécies de fauna ainda presentes na região são as que já toleram a pressão antrópica, não
havendo novo afugentamento da fauna. Todavia, há aumento no risco de atropelamento de
animais.

A geração de ruídos, emitidos pelos equipamentos, não atinge a núcleos urbanos e as medidas
ambientais empreendidas se referem à saúde ocupacional dos trabalhadores, como o uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Assim, no processo de deferimento de LP e LI concomitantes para aumento da produção bruta


na extração de areia e cascalho se identificam os seguintes aspectos ambientais e respectivos
impactos, acompanhados ainda pelas oportunas medidas mitigadoras:

Etapa de decapeamento

Consiste na retirada da cobertura superficial, composta por vegetação rasteira, e na raspagem


dos horizontes superiores do solo.

• Aspectos ambientais: retirada da cobertura superficial formada por gramíneas


concomitante à raspagem dos horizontes superiores do solo.

• Impactos ambientais: 1) geração de poeira; 2) degradação visual da paisagem em razão


da exposição de grandes superfícies de solo; 3) aumento da quantidade de sedimentos
no escoamento laminar do solo e conseqüente aumento de sedimentos nos canais da
rede de drenagem natural; 4) geração de quantidade diminuta de material considerado
estéril.

• Medidas mitigadoras: 1) aspersão de água nos locais a serem lavrados para


minimização da geração de poeira; 2) execução dessa etapa de maneira paralela ao
avanço da lavra a fim de se evitar a exposição de grandes superfícies do solo sem
alguma cobertura superficial, diminuir o impacto visual negativo e diminuir a oferta de
sedimentos ao escoamento laminar, minimizando o aumento de sedimentos carreados
para os canais da rede drenagem; 3) disposição do material decapeado em forma de
leiras nas laterais da lavra para utilização no processo de reabilitação da área lavrada,
ao final da vida útil da jazida.

A ocorrência de inundações pode acentuar o aporte de sedimentos carreados para o curso


d’água do Ribeirão Grande, tornando-o mais turvo e lamacento. Porém, ao mesmo tempo em
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que a frente de lavra avança sobre um trecho, outro trecho equivalente do terreno da cava já se
encontra esgotado e apto à recuperação. Desse modo, a recuperação concomitante ao avanço
da lavra também atua como medida mitigadora incidente sobre os impactos de degradação
visual e aumento da oferta de sedimentos susceptíveis à erosão.

Etapa de desmonte

Após a limpeza/preparação da área de lavra, feita na etapa de decapeamento, a ação direta da


pá-carregadeira sobre o extrato de areia e cascalho, escavando o terraço aluvial, corresponde
ao desmonte mecânico do minério.

• Aspectos ambientais: escavação do terraço aluvial.

• Impactos ambientais: 1) geração de poeira; 2) aumento da velocidade do escoamento


superficial; 3) concentração do escoamento superficial em canais preferenciais; 4)
potencialização do processo erosivo; 5) alteração da topografia original.

• Medidas mitigadoras: 1) aspersão de água por caminhão pipa; 2) colocação de cascalho


para redução da energia do escoamento; 3) implantação de sistema de drenagem
pluvial, com diversas calhas nas frentes de lavra; 4) construção de pequenas bacias de
decantação no terreno, integradas ao sistema de drenagem pluvial, para retenção de
sedimentos carreados.

Etapa de carregamento e transporte

A areia e cascalho serão carregados em caminhões basculantes por pá-carregadeira e


transportados para a unidade de beneficiamento. Após a cava atingir o nível freático, essa
etapa será realizada via draga de sucção, que fará o transporte da polpa até a unidade de
beneficiamento será feito através de tubulação.

• Aspectos ambientais: carregamento do minério por pá-carregadeira e transporte por


caminhões basculantes; sucção e transporte da polpa por draga de sucção.

• Impactos ambientais: 1) geração de efluente líquido oleoso; 2) contaminação de solo em


razão de eventuais vazamentos no maquinário; 3) geração de efluentes atmosféricos
(gases e poeira); 4) aumento do fluxo de veículos nas estradas de acessos e do risco
de atropelamento da fauna; 5) compactação do solo com maquinário pesado nas vias
de acesso; 6) alteração na profundidade do nível do lençol freático na área das cavas.

• Medidas mitigadoras: 1) acondicionado em tambor fechado e em local apropriado com


piso impermeabilizado, conforme NBR 10.004, e, no caso da draga de sucção,
acrescido de proteção lateral; 2 e 3) manutenção periódica preventiva de motores,
caixas de marchas e sistemas hidráulicos dos equipamentos, bem como
acondicionamento e destinação do solo contaminado conforme NBR 10.004; 3)
aspersão de água nas superfícies das áreas de trabalho, cobertura das caçambas dos
caminhões de transporte; 4 e 5) uso de rotas determinadas, evitando-se trajetos
aleatórios, melhoria e alargamento das vias de acesso e colocação de sinalização de
segurança; 6) a água dragada será reutilizada no beneficiamento da areia, em circuito
fechado.

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10. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Compensação Ambiental

A compensação da Lei nº 9.985/00 e Decreto estadual nº 45.175/09 alterado pelo Decreto nº


45.629/11 não se aplica, pois a atividade em questão se trata de ampliação de
empreendimento sem significativo impacto ambiental.

Compensação Florestal

A cobrança da compensação florestal de acordo com a Lei Estadual 14.309/02 e Decreto


Estadual 43.710/04, não se aplica. Dado que o empreendimento está em área rural bastante
antropizada com culturas e pastagens, não haverá remoção de vegetação nativa.

Compensação da Lei da Mata Atlântica

Não se aplica o estabelecido no Art. 32, da Lei n° 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica), pois o
empreendimento se localiza no bioma Cerrado.

11. CONTROLE PROCESSUAL

A Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) realizou fiscalização no empreendimento e em


decorrência, no dia 20/09/2010, lavrou auto de infração nº 11495/2010 com base no art 83,
cód. 106, anexo I, do Decreto Estadual nº 44.844/2008.

No dia 04 de maio de 2011, o empreendedor formalizou o processo de regularização ambiental


Licença Prévia e Instalação para as atividades de extração de areia para utilização imediata na
construção civil; argila para fabricação de cerâmica; obras de infra estrutura (pátios de resíduos
e produtos e oficinas; estradas para transporte de minério/estéril (códigos: A-03-01-8, A-05-02-
9 e A-05-05-3).

No dia 07/07/2011 foi firmado Termo de Ajustamento de Conduta autorizando o retorno das
atividades, tendo em vista que o empreendedor possui Autorização ambiental de
Funcionamento (AAF), nº 00642/2010 emitida em 01/03/2010, com válida de até 04 anos, para
as atividades mencionadas, limitada a produção nominal de 30.000 t/a. além disso, o
empreendedor já havia formalizado o processo de licenciamento ambiental

O processo encontra-se devidamente formalizado, estando a documentação juntada em


concordância com DN 074/04 e Resolução CONAMA Nº 237/97.

A publicação do pedido de licença foi realizada em jornal de grande circulação.

Foi apresentada a Declaração da Prefeitura informando que o local e o tipo de instalação estão
em conformidades com a legislação municipal.

De acordo com analise técnica, não ocorrerá supressão de vegetação, intervenção em área de
preservação permanente.

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A área do empreendimento possui Reserva legal devidamente averbada em Cartório,


obedecendo ao limite exigido pela legislação vigente, 20% (vinte por cento) do total da área da
propriedade/empreendimento objeto do licenciamento.

A análise técnica informa tratar-se de um empreendimento classe 03, concluindo pela


concessão da licença, sem condicionantes, com prazo de validade de 04 (quatro) anos.

A Licença Ambiental em apreço não dispensa nem substitui a obtenção, pelo requerente, de
outras licenças legalmente exigíveis, devendo tal observação constar do certificado de
licenciamento ambiental a ser emitido.

Ressalta-se que, em caso de descumprimento das condicionantes e/ou qualquer alteração,


modificação, ampliação realizada sem comunicar ao órgão licenciador, torna o
empreendimento passível de autuação.

12. CONCLUSÃO

Pelo exposto acima neste Parecer Único, a equipe técnica responsável pela análise concluiu
que os estudos, projetos e documentos apresentados para a obtenção da LP concomitante
com LI (LP+LI) atendem à legislação ambiental vigente. Assim sendo, desde que observadas
as condicionantes listadas nos anexos desse Parecer Único, bem como a inclusão/exclusão ou
alteração das mesmas pelo COPAM, a equipe técnica sugere a concessão da LP+LI para o
empreendimento Luciano Carraro Tavares, localizado no local denominado Fazenda Santa
Rita do Mangue, zona rural no município de Esmeraldas/MG, no P.A. nº 11098/2006/003/2011
pelo prazo de 4 (quatro) anos, para as atividades:

• A-03-01-8 Extração de areia e cascalho para utilização imediata na construção civil –


35.000 m3/ano;

• A-03-02-6 Extração de argila usada na fabricação de cerâmica vermelha;

• A-05-02-9 Obras de infra-estrutura (pátio de resíduo e produtos);

• A-05-05-3 (Estradas para transporte de minério / estéril).

Av. Senhora do Carmo, 90 – Carmo


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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Superintendência Regional de Regularização Ambiental Central Metropolitana

ANEXO I
Processo COPAM Nº: 11098/2006/003/2011 Classe/Porte: 3/M
Empreendimento: Luciano Carraro Tavares
Atividade: Extração de areia e cascalho para utilização imediata na construção civil
Endereço: Fazenda Santa Rita do Mangue
Localização: Zona Rural
Município: Esmeraldas/MG
Referência: CONDICIONANTES DA LP+PI
ITEM DESCRIÇÃO PRAZO
Executar o cercamento preventivo da Área de Preservação
1 Permanente – APP no limite com as cavas aluvionares, Durante a instalação
observadas as disposições da Lei Estadual 14309/2002.

Manter as medidas de controle apresentadas no RCA com


2 Na formalização da LO
apresentação de relatório na formalização da LO

(*) Contado a partir da data de concessão da licença

(**) Eventuais pedidos de alteração nos prazos de cumprimento das condicionantes estabelecidas nos Anexos
deste Parecer Único, poderão ser resolvidos junto à própria SUPRAM, mediante a análise técnica e jurídica,
desde que não alterem o mérito/conteúdo das condicionantes

(***) Ressalta-se que as condicionantes devem ser protocoladas no prazo fixado junto ao Órgão Ambiental.

OBSERVAÇÕES:

I – O não atendimento aos itens especificados acima, assim como o não cumprimento de qualquer dos itens do PCA
apresentado ou mesmo qualquer situação que descaracterize o objeto desta licença, sujeitará a empresa à aplicação
das penalidades previstas na Legislação e ao cancelamento da Licença de Operação obtida;

II - Em razão do que dispõe o art. 6º da Deliberação Normativa COPAM Nº 13/1995, o empreendedor tem o prazo de 10
(dez) dias para a publicação, em periódico local ou regional de grande circulação, da concessão da presente licença.

III - Cabe esclarecer que a SUPRAM CM não possui responsabilidade técnica sobre os projetos de controle ambiental e
programas de treinamentos aprovados para implantação, sendo a execução, operação, comprovação de eficiência e/ou
gerenciamento dos mesmos de inteira responsabilidade da própria empresa, seu projetista e/ou prepostos.

Av. Senhora do Carmo, 90 – Carmo


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