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SANITÁRIO
VALDINEI DA SILVA
LUCY ANNE GUTIERREZ
JOSÉ ALMIR PEREIRA
O termo esgoto é comumente utilizado sanitário na engenharia sanitária para
denominar a água residuária acumulada a partir das contribuições de esgoto doméstico,
de efluentes industriais e de água do terreno que entra nas tubulações coletoras de
esgoto (PEREIRA E SOARES, 2006).
ESGOTO SANITÁRIO
Esgoto doméstico Esgoto Industrial Águas de Infiltração
m a x
m e d
m in
H o ra
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A diluição ocasionada pela entrada de águas pluviais nos coletores reduz as concentrações de
sólidos, compostos orgânicos e compostos inorgânicos, podendo resultar em transtorno para o
tratamento do esgoto sanitário.
2 Na NBR 9800 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1986) são recomendados limites
máximos, em termos de composição, para o lançamento de efluentes industriais na rede coletora de
esgoto, o que pode tornar necessário o tratamento prévio dos efluentes líquidos industriais antes do
lançamento no sistema coletor público de esgoto sanitário .
Por sua vez, a Qinf é a multiplicação do comprimento total da rede pelo valor da
taxa de infiltração. Segundo a NBR 9649 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(1986), o valor da taxa de infiltração pode ser adotado entre 0,05 e 1,0 L/s.km.
O fato de muitos locais não terem rede coletora de esgoto sanitário dificulta a
determinação da vazão e, naturalmente, do valor percapita de esgoto sanitário (qe).
Assim, os projetistas consideram o valor per capita de esgoto sanitário como o
resultado da multiplicação do valor per capita de água (q) por um coeficiente de
retorno (C), que relaciona o volume de esgoto com o volume de água utilizada, sendo
usual o valor de C = 0,80.
O valor per capita de água é utilizado para estimar a parcela doméstica da vazão
de esgoto sanitário. Exemplificando a vazão doméstica média (Qdomméd) na Região
Metropolitana de Belém (cerca de 1.700.000 habitantes), com o consumo per capita
de água de 265 L/hab.dia observado na pesquisa de Pereira e Maciel (1999) e o
coeficiente de retorno de 0,80:
Qdom med = Pop .q . C
Qdom med = 1.700.000 hab . 265 (l/hab.dia) .0,80
Qdommed = 360.400.000 L/dia= 360.400 m3/dia
Esse resultado indica que o volume médio diário de esgoto doméstico gerado no
município de Belém é semelhante ao de um prédio de 60 m de largura x 60 m de
comprimento x 100 m de altura, sendo importante ressaltar que nesse valor não estão
computadas as vazões de infiltração e de efluentes industriais.
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Os microrganismos aeróbios utilizam OD como aceptor de elétrons na decomposição do material
orgânico biodegradável, o que, naturalmente, reduz a concentração do OD na massa líquida,
podendo, em alguns casos, tornar o ambiente anaeróbio.
1.3 SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Pereira e Soares (2006) observam que o efluente líquido de tanque séptico ainda
apresenta concentrações de matéria orgânica, de sólidos e de microrganismos que
podem comprometer a qualidade da água dos recursos hídricos.
Dacach (1990) observa que, mesmo quando o tanque séptico é bem projetado e
satisfatoriamente operado, o efluente apresenta de 30 a 40% de sólidos em suspensão e
DBO não inferior a 30% dos valores referentes ao esgoto afluente.
Apesar disso, a falta de soluções coletivas de esgotamento sanitário faz com que
os tanques sépticos ainda sejam muito utilizados na maioria dos municípios brasileiros.
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A Associação Brasileira de Normas Técnicas utiliza a denominaçãotanque séptico na Norma
Brasileira 7229/1993 (, 1993)
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As valas de filtração e de infiltração são alternativas de tratamento complementar do efluente de
tanques sépticos instalados em áreas pouco adensadas
1.3.2 Sistema coletivo
A B
Rede Rede
Tratamento EEE 1 Área/ Bacia 1
Área/ Bacia 1 ETE 1 EEE Final
EEE 1
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Sempre que possível, os coletores de esgoto devem ser instalados com escoamento por gravidade, o
que faz com que a cota de montante (início) seja maior do que a de jusante (final).
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A contribuição de esgoto sanitário (número de ligações) aumenta com a extensão do coletor.
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Normalmente são escavados no máximo 6,0 m para assentar a rede coletora de esgoto.
dos coletores ou para transportar esgoto coletado de uma bacia para outra. Os que
criticam a alternativa centralizada justificam que o maior volume de recursos acaba
dificultando a implantação do SES (PEREIRA E SOARES, 2006).
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Operadores, técnicos de laboratório, engenheiros, vigias etc.
Conhecidos a área e o corpo receptor, é preciso caracterizar o esgoto sanitário
quanto a sua variação de vazão e composição, o que serve para o estudo das soluções
factíveis e responde às seguintes indagações: Qual o volume e a composição do esgoto?
Como tratar? Qual o tipo de sistema que será utilizado? Qual a eficiência que se espera
nesse tratamento? Quanto custa tratar? e quais são os subprodutos decorrentes desse
tratamento?
Nas coletas tipo separador (absoluto ou parcial) são instaladas duas tubulações
coletoras, uma componente do sistema de esgotamento sanitário e a outra do sistema de
drenagem pluvial.
Apesar da coleta de esgoto tipo separador absoluto ter sido projetada em muitos
municípios brasileiros, a falta de sistema de drenagem pluvial faz com que, na prática,
os coletores de esgoto também recebam águas pluviais, funcionando, então, como tipo
unitário.
Essa ligação de águas pluviais é realizada de forma clandestina, aumenta a vazão
em relação ao valor projeto e facilita a entrada de esgoto dos sólidos carreados nas
águas pluviais, o que resulta em problemas na rede coletora de esgoto tipo separador
absoluto de municípios brasileiros, como:
a) acúmulo de areia e outras partículas sólidas no interior dos coletores;
b) transbordamentos em poços de visita;
c) retorno de esgoto nas ligações prediais com cotas menores;
d) extravasamento em poços úmidos de estações elevatórias;
e) diluição do esgoto sanitário;
f) aumento do tempo de funcionamento de conjuntos motor e bomba de
estações elevatórias de esgoto;
g) alteração na eficiência de estações de tratamento de esgoto;
h) aumento dos custos operacionais na estação de tratamento de esgoto
(energia elétrica, produtos químicos, pessoal etc).
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Não é permitida conexão de ligações prediais de esgoto no interceptor.
Para isso, a distância entre o início e o final de cada trecho de coletor é
estabelecida de acordo com as características dos equipamentos de manutenção 11, tendo,
normalmente, comprimento máximo de 100 m.
O PV é uma câmara visitável, construída em concreto ou alvenaria, com abertura
na parte superior para possibilitar o acesso de homens e equipamentos, e, com isso, a
realização das atividades de inspeção, desobstrução e limpeza do coletor, enquanto o
TIL é um dispositivo não visitável, fabricado em PVC ou em outro material plástico,
destinado à inspeção visual e à introdução de equipamentos de desobstrução e limpeza
dos coletores, ou seja, os trabalhadores não têm contato com o material residual.
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A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB adota normalmente 80 m.
a b c
Figura 1.9 Representação do Sistema Condominial Tipo Fundo de Lote (a), Frente de Lote (b) e Passeio
(c).Fonte: Pereira e Mendes (2003).
Destino Final
Em áreas com terreno alagado e com moradias tipo palafita, é muito comum a
aplicação apenas desse tipo de rede, já que a falta de espaço dificulta a instalação de
tanques sépticos. Nesse tipo de situação a rede simplificada deve ser assentada acima do
nível máximo da água, o que pode ser conseguido por atracação nas estivas ou apoio em
peças verticais de madeira ou de concreto.
Para isso são utilizadas Estações Elevatórias de Esgoto (EEE), que podem ser
instaladas:
Subprodutos
Lodos e Gases
Sólidos em suspensão
Tratamento sedimentáveis
Nutrientes
Patogênicos
Compostos não biodegradáveis
Metais pesados
Tratamento Sólidos inorgânicos dissolvidos
Sólidos em suspensão remanescentes
Secundário
Tratamento
Componentes removidos Terciário
Esgoto
Tratado
Esgoto Sólidos grosseiros
Gorduras
Bruto Areia
Sólidos em suspensão
Tratamento sedimentáveis
Nutrientes
Patogênicos
Compostos não biodegradáveis
Metais pesados
Tratamento Sólidos inorgânicos dissolvidos
Sólidos em suspensão remanescentes
Secundário
Tratamento
Terciário
Esgoto
Tratado
Figura1.13 – Seqüência de tratamento de esgoto
Figura 1.14 – Gradeamento da ETE Gama no DF (a), Peneira Rotativa da ETE Piracicamimirim SP (b),
Desarenador ETE Sideral PA e Medidor de vazão da ETE Parque das Palmeiras em SP.
Essa remoção parcial dos sólidos melhora o aspecto estético do esgoto sanitário
e o desempenho das unidades subseqüentes de tratamento, protegendo os conjuntos
motor e bomba, raspadores de lodo, removedores de escuma, aeradores, tubulações,
válvulas, peças especiais e dispositivos de entrada e de saída.
Efluente Clarificado
Saída de lodo
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Em termos de eficiência, tanque séptico dos sistemas individuais pode ser classificado como
tratamento primário.
adequada, o que, normalmente, ocorre em aterro sanitário. Para reduzir os custos de
transporte, é conveniente que seja retirado o excesso de líquido do lodo (desaguamento).
As grandes dimensões, a pequena remoção de poluentes, a necessidade de
proteção dos recursos hídricos e a evolução das alternativas de tratamento vêm
transferindo a remoção de partículas orgânicas para a etapa secundária, o que reduz a
aplicação da etapa de tratamento primário de esgoto.
Nesse tipo são aplicados produtos químicos para remoção de material orgânico
particulado e solúvel na forma de flocos (agregados) ou de precipitados,
respectivamente.
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O metabolismo e a taxa de crescimento de muitas bactérias anaeróbicas é intensificado em
temperaturas da ordem de 30º C, sendo essa é uma das características das regiões Norte e Nordeste
do Brasil.
O UASB é caracterizado pela capacidade de reter grandes quantidades de
biomassa de elevada atividade, mesmo com a aplicação de baixos tempos de detenção
hidráulica, o que possibilita a concepção de reatores compactos, com volumes bastante
inferiores aos digestores anaeróbios convencionais, garantindo elevado grau de
estabilização da matéria orgânica (METCALF & EDDY, 1991; CHERNICHARO,
1997).
Vertedor Vertedor
ZONA DE
DECANTAÇÃO
ZONA DE
DIGESTÃO
lagoa facultativa
Lagoa anaeróbia (Aeróbia + Anaeróbia) Lagoa de maturação
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A decomposição do material orgânico intensifica o metabolismo e a reprodução dos
microrganismos
Apesar da associação de lagoas anaeróbias e aeróbias, foi muito grande a
resistência ao uso de reatores anaeróbios associados a reatores aeróbios, como UASB e
lodo ativado. Isso perdurou até o início dos anos 90, especialmente pelos que defendiam
o processo aeróbio como única tecnologia aplicável ao tratamento do esgoto.
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Projeto do Prof. José Roberto Campos, da Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de
São Paulo
relativamente diluída, com teor de sólidos de 20 a 50 g/L (umidade de 95 a 98%), no
caso de aeróbios e de 50 a 100 g/L (umidade de 90 a 95 %) para lodo de sistemas
anaeróbios.
Vale observar que na maioria dos municípios brasileiros não existe sistema de
esgotamento sanitário na infra-estrutura urbana, o que resulta na utilização de soluções
individuais, como os tanques sépticos. Apesar de essa solução amenizar os impactos
ambientais, esse tipo de tratamento é classificado como primário, tendo baixa eficiência
na remoção de microrganismos (< 30%), matéria orgânica (< 60%) e sólidos suspensos
(< 70%), o que pode representar ameaça para o meio ambiente e, naturalmente, para a
saúde da população.
Nesse sentido, o sistema coletivo de esgotamento sanitário adquire grande
importância, sendo um desafio para as administrações municipais, que precisam
compatibilizar as alternativas de concepção com a preservação do meio ambiente,
especialmente a dos recursos hídricos, que em muitas cidades ainda são pontos de
recebimento de esgoto bruto.
Referências Bibliográficas
LEITE, Jader Vieira, 1999, Tratamento de esgoto, São Paulo: (F.n) 1999.
SILVA, V.M. da. Tratamento de esgoto doméstico. Belém: [s.n.], 2005. Material
didático da disciplina Tratamento de esgoto, no curso de Engenharia Sanitária e
Ambiental, da Universidade Federal do Pará.