Você está na página 1de 2

Hackers: a história de Kevin Mitnick

Preso, ele teve de ficar oito anos sem tocar em um computador

Dentre os mais famosos hackers, certamente Kevin Mitnick ocupa um lugar


de destaque. Kevin ficou preso durante cinco anos. Depois, fora da prisão,
teve de ficar mais três anos sem tocar em um computador, telefone celular
ou telefone portátil.

Mitnick é um mestre no uso da "engenharia social", técnica que consiste basicamente


em enganar pessoas, especialmente através do telefone, fazendo com que elas
acreditem que estão falando com uma determinada pessoa, quando na verdade
estão conversando com um hacker. Entretanto, não foi apenas através dela que ele
chegou ao topo do ecossistema hacker. Ele pode ser considerado como um dos
melhores phreakers que são hackers especializados em sistemas de telefonia.

_________________________________________________________________________

Sua história começa na adolescência em Los Angeles, durante os anos 70,


quando invadiu o computador da sua escola e alterou algumas notas. Pouco
tempo depois, passou a interessar-se pela pirataria de sistemas telefônicos.
Para isso, chegou a invadir as instalações da Pacific Bell para furtar manuais
técnicos. Entretanto, como ele tinha apenas 17 anos, acabou não sendo
condenado.

Prisão - a persistência em invadir sistemas o levou à prisão pela primeira


vez aos 25 anos de idade, quando ele foi condenado a um ano de prisão por
invasão de sistema e furto de software da Digital Equipment.

Quando ele saiu da prisão, seu telefone passou a ser monitorado, assim
como suas atividades. Então, coisas estranhas começaram a ocorrer. O
telefone do encarregado pela sua liberdade condicional foi desconectado, sem
que a companhia telefônica conseguisse explicar o motivo e registros de
crédito de um juiz foram alterados em uma empresa.

Fugitivo - sem autorização, Kevin viajou a Israel para encontrar amigos


hackers, violando sua condicional. Como a polícia suspeitasse que ele
continuava invadindo sistemas, Mitnick resolveu desaparecer. Para isso,
utilizou uma identidade falsa, passando-se por outra pessoa.

Então, como fugitivo da polícia sua atividade hacker continuou cada vez mais
intensa. Invasões em sistemas de telefonia celular e furto on-line de
softwares foram atribuídos a Mitnick, aumentando o interesse em sua
captura.
Armadilha - em 1994, Tsutomu Shimomura era um dos grandes
especialistas em segurança do Centro Nacional de Supercomputacão em San
Diego, California. Durante suas férias, seu computador pessoal - que estava
conectado via Internet com aquele centro - fora invadido. Além disso, em 27
de dezembro daquele ano, uma pessoa deixou uma mensagem na caixa
postal do telefone de Shimomura. Essa pessoa, além de amaldiçoá-lo, dizia
possuir uma técnica melhor do que a Shimomura.

Tsutomu Shimomura, com sua reputação técnica abalada, preparou uma


armadilha para Mitnick. Em primeiro lugar, colocou a mensagem da
secretária eletrônica na Internet, tornado-a pública. Ele imaginou que, dessa
forma, Kevin entraria novamente em contato.

Com o FBI acionado e com a colaboração da National Security Agency, o


computador de Tsutomu passou a ser monitorado 24 horas por dia em busca
de qualquer indicio de invasão. Da mesma forma, o telefone de Tsutomu
passou a ser rastreado.

Algum tempo depois, uma outra mensagem atribuída a Mitnick foi deixada na
caixa postal de Tsutomu Shimomura. Ela dizia mais ou menos o seguinte: "
Ah Tsutomu, meu discípulo aprendiz. Você pôs minha voz na Internet. Estou
muito desgostoso com isso ".

Essa ligação foi rastreada e, em fevereiro de 1995, as autoridades com a


colaboração de técnicos da Sprint Cellular concluíramque o suspeito estava
operando na Carolina do Norte. Com scanners de freqüência, eles verificaram
um sinal suspeito vindo de um edifício de apartamentos em Players Court.
Com uma ordem judicial, Kevin foi finalmente preso.

Liberdade longe dos computadores - após cinco anos preso, Kevin


Mitnick foi libertado em 2000 com a condição de manter-se longe de
computadores, celulares e telefones portáteis pelo período de três anos.

Atualmente, passado o período em que deveria manter-se longe dos


computadores, Kevin Mitnick escreve livros e artigos sobre segurança de
informações, profere palestras em diversos países e trabalha como consultor
em segurança de sistemas.

Pedro Luiz Côrtes

9/30/2003

Você também pode gostar