Você está na página 1de 78

NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Prof. Dr. Godofredo Cesar Vitti


Ac. Fábio Eduardo de Campos Queiroz
Ac. Rafael Otto
Ac. Thiago Aristides Quintino
2

NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR (1)

Godofredo César Vitti(2)


Fábio Eduardo de Campos Queiroz(3)
Rafael Otto(3)
Thiago Aristides Quintino(3)

1. Introdução

1.1. Panorama atual


Estima-se que a cultura da cana-de-açúcar ocupa no Brasil uma área de
aproximadamente 5,421 milhões de hectares na safra 2004/05, área 4% maior que na safra
anterior. O crescimento da área é conseqüência da boa rentabilidade apresentada pelo setor
nos últimos anos, o que estimulou a expansão dos canaviais das usinas existente e a
implantação de novas unidades, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Minas
Gerais. A produção total de cana chegará a 375 milhões de toneladas, um crescimento de
5% sobre a safra 2003/04. A produção de açúcar deverá ficar estabilizada em 23,9 milhões
de toneladas.. No entanto a produção de álcool deverá crescer significativamente, tanto a
de hidratado como a de anidro, totalizando 15,14 bilhões de litros. A crescente demanda,
doméstica e internacional, pelo álcool brasileiro e os estoques mundiais de açúcar nos
níveis mais baixos dos últimos anos mantiveram os preços dos dois produtos mais firmes
do que se previu. No caso do álcool, o crescimento se deveu à forte expansão da demanda
doméstica, devido ao aumento das vendas de veículos flex fuel (bicombustível), como
conseqüência do grande diferencial de preços entre o álcool e a gasolina.
Reafirmando as previsões, nos próximos anos deverá acentuar-se a tendência de os
mercados do açúcar e do álcool serem norteados pelo do petróleo, uma vez que são
substitutos deste. Os preços do álcool, por esse motivo, deverão valorizar-se em relação
aos da gasolina. Explica-se que atualmente o álcool é utilizado como “barateador” da

1
Palestra apresentada a equipe técnica da Stoller – Bebedouro – SP (02/02/2005).
2
Professor titular do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas – ESALQ/USP – Piracicaba – SP, (19) 3417-2137
gcvitti@esalq.usp.br;
3
Alunos estagiários do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas – ESALQ/USP – Piracicaba – SP, (19) 3417-2138
gape@esalq.usp.br;
3

gasolina, nos próximos anos deverão crescer as restrições ao uso de hidrocarbonetos fósseis
e, em contrapartida, aumentará a obrigatoriedade do uso de álcool e outros hidrocarbonetos
renováveis, tais como celulose e grãos. Com isso, seu preço poderá vir a ser até superior ao
dos hidrocarbonetos fósseis.
No Brasil, nos próximos dez anos a produção de cana-de-açúcar deverá crescer
48%, atingindo 557 milhões de toneladas na safra 2013/14. A produção deverá crescendo
no Centro-Sul. Tal aumento na produção deverá ser direcionado a produção de álcool que
por sua vez visa as exportações, que na safra 2013/14 deverão ultrapassar os nove bilhões
de litros (FNP, 2004).
Segundo Vitti e Mazza (2002), o planejamento das atividades envolvidas com a
cultura da cana-de-açúcar, desde o plantio até sua colheita, é uma etapa extremamente
importante na sua exploração econômica. O estudo deve objetivar a análise de todos os
componentes de produção, assim como aqueles envolvidos com os custos de implantação.
Esta análise deverá nortear a eleição de uma série de técnicas a serem adotadas, insumos,
máquinas e implementos, serviços, variedades a serem escolhidas, distribuição destas nos
tipos de solos a serem explorados, épocas de plantio, finalizando-se com a elaboração do
próprio cronograma físico-financeiro. Considerando-se a adubação e a nutrição da cana-de-
açúcar dentro deste contexto, pode-se dizer que sua eficiência no incremento da
produtividade será tanto maior quanto melhor for o ajuste dos fatores de produtividade.

2. Preparo de solo e sistemas de plantio


O preparo do solo, no sentido amplo da expressão, deve ser compreendido como o
conjunto de ações a serem adotadas objetivando-se a eliminação, ou pelo menos a
minimização, de condições adversas à obtenção das máximas produtividades econômicas,
como a compactação, baixos teores de nutrientes e elevados teores de alumínio, pragas do
solo ou ainda fatores externos como a infestação de ervas daninhas (perenes ou anuais), a
própria soqueira a ser reformada ou outra cultura anterior.
Por ocasião do plantio da cana-de-açúcar recomenda-se efetuar a sulcação com o
solo em níveis de umidade adequados, de forma a não levantar torrões (solo seco) e nem
vitrificar as paredes do sulco (solo molhado). A distribuição da muda, picação e cobrição
devem ser feitas preferencialmente no mesmo dia da sulcação, o que garante melhores
4

índices de germinação à cultura. É necessário fiscalizar, devendo situar-se entre 12 e 6


gemas/metro (dependendo da variedade e/ou época de plantio). Lembre-se que a falta de
gemas estabelece por 5 a 6 anos um canavial com falhas, enquanto o excesso onera
demasiadamente o custo do plantio (Vitti e Mazza, 2002).

2.1. Épocas de plantio


A época de plantio ou estabelecimento dos canaviais e o período de
desenvolvimento (cronologia) resultam em distintas designações, limitações e potenciais
para a cultura da cana-de-açúcar.
A cultura canavieira pode ser estabelecida quando existe umidade (água disponível)
no solo, e as temperaturas médias mensais do solo não sejam baixas (menores que 20ºC),
pois neste caso a germinação poderá ser prejudicada pela elevada incidência do fungo que
ocasiona a podridão “abacaxi” (Vitti e Mazza, 2002).

2.2. Cana de ano e meio


O tempo de crescimento deverá variar entre 13 e 20 meses, o que justifica a
designação “ano e meio”. Considerando-se um tempo mínimo de crescimento de 12 meses,
poderão ser adotadas variedades precoces, médias ou tardias. Ainda em função do elevado
tempo de crescimento, em média 15 a 18 meses, ajustam-se solos de fertilidade baixa,
média ou alta, já que, mesmo nos solos de menor fertilidade, devido ao elevado tempo de
crescimento, adotando-se as devidas correções e adubações, pode-se obter boas
produtividades (Vitti e Mazza, 2002).

2.3. Cana de inverno


Quanto à cana de inverno, estabelecida aproximadamente no período de final de
maio a agosto/setmbro, e assim designada por desenvolver-se em período de ocorrência de
menores temperaturas, poderá ser adotada com segurança quando houver disponibilidade
de irrigação com água ou resíduos, podendo-se citar esta disponibilidade como sua maior
limitação. Uma das vantagens justifica-se pelo menor período de utilização da terra, 12 a 14
meses, em média, com produtividade elevadas bastante próximas às produtividades obtidas
com o plantio da cana de ano-e-meio. Outra vantagem da cana de inverno é o elevado
5

potencial no controle da erosão, pois o fechamento do canavial dará entre


Outubro/Novembro, onde se inicia a fase chuvosa e as temperaturas mais quentes do ano,
contribuindo para um bom e rápido desenvolvimento da cultura (Vitti e Mazza, 2002).

2.4. Cana de ano


É estabelecida a partir de Setembro estendendo-se até no máximo até Novembro, ao
se iniciar o período de precipitações, na região centro-sul, caracteriza-se por apresentar uma
série de limitações, a saber: devem ser adotadas variedades de precocidade média a tardia
ou precoces de rápido crescimento, porém para a colheita do meio para o final da safra.
O período de plantio, está sujeito a chuvas mais intensas e as fases do perfilhamento
e enfolhamento ainda não ocorreram, o que poderá torna-la extremamente susceptível à
erosão/assoreamentos, justificando-se, portanto, a necessidade de ajuste aos solos de maior
teor de argila, maior grau de estruturação e menores declividades das áreas (Vitti e Mazza,
2002).

3. Fatores de produtividades
Os fatores de produtividade estão correlacionados ao bom desempenho na
produtividade e lucratibilidade dos canaviais. Para obter sucesso, qualidade da cana-de-
açúcar, alta produtividade e menor custo de produção, é preciso haver adequada relação
entre esses fatores que serão mencionados abaixo. A importância desses fatores é expressa
em ordem decrescente.

• Solo: o solo é a base do processo produtivo, tendo que obrigatoriamente


apresentar todas as características físicas, químicas e biológicas desejáveis para a cultura da
lichia e carambola, e para isso manejo adequado do mesmo é indispensável;

• Clima: o fator clima depois do solo é o mais importante, pois vai fornecer as
condições necessárias (temperatura, umidade, luminosidade) para o desenvolvimento e
produção da caramboleira e da lichia;
6

• Variedade: vai indicar as características que a planta necessita para bom


desenvolvimento e produtividade, sendo que características variam conforme a variedade
escolhida. A produção é uma interação entre solo, clima e variedade;

• Plantas invasoras: o controle de plantas invasoras deve ser feito de modo


que não ocorra danos com a planta (sistema radicular) e nem com a estruturação do solo;

• Doenças: fazer monitoramento e controle das doenças (variedade SP 79-


1011 – ferrugem, variedade SP 83-2847 – carvão na Usina Manoel) e a manifestação de
doenças muitas vezes é controlada com a nutrição balanceada;

Figuras 1 e 2: Ferrugem na cana-de-açúcar (Faz. Saudade, Maracaí – SP)

RB 83-5486 RB 85-5453 RB 83-5486 RB 85-5453

• Pragas: fazer monitoramento e controle das pragas


− Terbufós – nematóides e cupins;
− Carbofuran – cupins, migdólus, nematóides;
− Fipronil – cupins
7

4. Considerações sobre a adubação

A adubação necessária pode ser definida pela seguinte expressão:

4.1. Quantidade de nutrientes = (necessidade da planta - estoque do solo) x


fator (f)

Necessidade da planta, quanto a:


• nutrientes a serem fornecidos;
• quantidades necessárias para um determinado nível de produtividade;
• época de aplicação e localização de nutrientes.

4.2. Avaliação do estoque de nutrientes disponíveis no solo.

Eficiência dos fertilizantes (f), ou seja, o fator de aproveitamento do fertilizante


pelas raízes da planta (absorção). Esse fator visa corrigir as perdas sofridas nos processos
que ocorrem entre a aplicação do fertilizante e a absorção dos nutrientes pelas plantas,
perdas estas por erosão, lixiviação, volatilização, no caso da uréia quando aplicada em
superfície, desnitrificação biológica do nitrato e “fixação”, no caso do fósforo.

• Erosão: ocorre arraste dos nutrientes pela água e pelo solo removido no processo
erosivo, sendo as perdas quantitativamente equivalentes para os macronutrientes primários,
ou seja, N, P e K.

• Lixiviação: é a percolação (descida) dos elementos no perfil do solo para camadas


mais profundas, “fugindo” do sistema radicular, principalmente o NO3- e o K+ (em solos de
baixa CTC)

• Fixação: é a indisponibilização do nutriente, particularmente de fósforo, devido à


sua interação com os colóides, tirando-o da solução do solo, como por exemplo, a
precipitação pelo Al: AlOH2PO4 (Variscita) e pelo Fe: FeOH2PO4 (Estrengita)
8

• Volatilização: é a perda química da amônia da uréia, principalmente quando se


aplica este fertilizante em superfície sobre a palhada de cana.

CO(NH2)2 + H2O NH3 + CO2


uréia amônia

NH3 + H2O NH4 + + OH-


amônia amônio

• Desnitrificação biológica do NO3-: Ocorre devido a redução do NO3-, quando da


aplicação do nitrato de amônio sobre a palhada em condições de excesso de umidade,
resultando em formas voláteis do nitrogênio.

NO3- + H2O + M.O. N2


NO
N2O

• Queima da palhada: Quando da queima, ocorre volatilização do N e do S


respectivamente na forma de N2 e SO2..

Em função dessas perdas é estimada a porcentagem média de aproveitamento dos


macronutrientes.
Elemento f
N = 50 a 60% 2,0
P2O5 = 20 a 30% 3,0 a 5,0
K2O 1,5

Observa-se, portanto, que na aplicação do N-P2O5-K2O são utilizados cerca de 2


vezes mais N, 3 a 5 vezes mais P2O5 e 1,5 vez mais K2O.
9

5. Nutrição mineral da cana

Para quantificar o primeiro parâmetro da equação citada, quatro perguntas se fazem


necessárias:

O que aplicar?
Quanto aplicar?
Quando aplicar?
Como aplicar?

5.1. O que aplicar?

Os nutrientes que devem ser fornecidos via adubação são os macronutrientes:


nitrogênio; fósforo; potássio; cálcio; magnésio e enxofre, e também os micronutrientes:
boro, cobre, manganês, molibdênio e zinco

5.2. Quanto? (extração e exportação)

A extração é a quantidade total de nutrientes que a planta exige para seu


desenvolvimento completo, a exportação e a quantidade de nutriente que está contida no
colmo e não volta mais para o solo através do processo de reciclagem de nutrientes através
da decomposição da matéria orgânica.
As quantidades de nutrientes extraídos e exportados pela cultura da cana-de-açúcar
nas tabelas a seguir.
Ao analisar a tabela é importante observar que os dados de fósforo e potássio estão
expressos em P e K, correspondentes, respectivamente, à extração total de 43 kg de P2O5 e
de 210 kg de K2O para 100 t de colmos, bem como observar que a cana-de-açúcar requer
quantidades relativamente maiores de enxofre (S) em relação ao fósforo (P).
10

Tabela 1: Extração e Exportação de macronutrientes para a produção de 100 t de


colmos (Orlando F.º, 1993)
Partes da N P K Ca Mg S
planta kg.100 t-1
Colmos 83 11 78 47 33 26
Folhas 60 8 96 40 16 18
Total 143 19 174 87 49 44

Tabela 2: Extração e Exportação de micronutrientes para a produção de 100 t de


colmos (Orlando F.º, 1993)
Partes da B Cu Fe Mn Zn
planta g.100 t-1
Colmos 149 234 1.393 1.052 369
Folhas 86 105 5.525 1.420 223
Total 235 339 7.318 2.470 592

A adubação da cana-de-açúcar varia da cana-planta para a cana-soca, pois no plantio


da cana-de-açúcar a associação de bactérias fixadoras de N2 do ar devido ao açúcar presente
no tolete. Portanto a adubação de plantio utiliza-se baixa quantidade de nitrogênio e altas
quantidades de fósforo e potássio. Na cana-soca, onde já não há mais a associação entre
sistema radicular da cana-de-açúcar e bactéria devido a morte do sistema radicular e não
mais presença do tolete é necessário adubação com elevados teores de nitrogênio e potássio
e baixo fósforo. Nesta adubação de soqueira a relação do adubo N/K2O deve estar etre
1,0/1,3 a 1,0/1,5 e a dose de N deve ser 1 kg para cada tonelada de cana a produzir.

5.3. Quando? (épocas)

O aproveitamento efetivo da adubação está estritamente relacionado à época de


aplicação, e portanto deve-se levar em consideração a fase da cultura (cana-planta ou cana-
soca), o comportamento do elemento no solo, a “idade” do canavial e a distribuição da
precipitação (ano agrícola).
11

Assim, durante a instalação do canavial, o fertilizante é aplicado no sulco de plantio


(baixas doses de N e altas doses de P2O5 e K2O), e em cobertura antes do fechamento do
canavial, principalmente o K2O quando a dose no sulco de plantio for maior que 100 kg.ha-
1
. No caso da adubação de soqueira, são utilizadas altas doses de N e K2O e baixas doses de
P2O5), sendo a aplicação realizada em “cobertura”, por ocasião do cultivo (tríplice
operação).

5.4. Como? (modo de aplicação)

Na cana-de-açúcar a aplicação dos fertilizantes se dá basicamente via solo:


• Cana-planta:
− Pré-plantio em área total: calagem (V% = 60), gessagem (análise de solo
de 20 a 40 cm de profundidade e V% < 35), fosfatagem (quando CTC < 60 mmolc.dm-3; P
resina < 15 mg.dm-3);
− Sulco de plantio: N, P2O5, 2/3 a 3/3 de K2O, micronutrientes e adubação
orgânica (torta de filtro ou composto);
− Cobertura com K2O: cana de ano em solos arenosos e quando a
recomendação exceder 100 kg.ha-1 de K2O sendo aplicado antes do fechamento do
canavial;
− Cobertura com N: eventualmente em cana-planta em cana de ano.
− Adubação via tolete: micronutrientes

• Cana-soca:
− Cobertura: tríplice operação com N-P2O5-K2O em cana colhida queimada
(sendo P2O5 em baixas quantidades em função do teor no solo) e cobertura com N-P2O5-
K2O sem incorporação em cana colhida crua.
− Na tríplice operação N - P2O5 - K2O da cana (P2O5 em função do teor no
solo).
− Adubação foliar: micronutrientes e uréia adicionada a molibdênio
12

6. Absorção de nutrientes

O sistema solo-planta pode ser representado pelas seguintes equações:

M (fase sólida) M (solução) M (raiz) M (parte aérea)

Onde o M significa um elemento qualquer essencial á vida da planta A passagem do


íon M da fase sólida para a interface solução-raiz pode ocorrer por três processos,
apresentados a seguir, geralmente funcionando ao mesmo tempo. É possível também a
passagem direta do íon da fase sólida para a raiz desde que se estabeleça o necessário
contacto entre ambos.

a) Intercepção radicular: à medida que as raízes crescem, entram em contato com


os nutrientes que estão em solução, podendo então absorve-los.

b) Fluxo de massa: neste processo o íon caminha pela solução do solo com a
mesma velocidade de absorção desta até entrar em contato com a raiz e ser absorvido.

c) Difusão: é o caminhamento do íon em uma fase aquosa estacionária da solução


do solo, de uma região de maior concentração para outra de menor concentração
(caminhamento a curtas distâncias).

A Tabela 3 relaciona o processo de absorção do nutriente e o local onde o


fertilizante deve ser aplicado.
13

Tabela 3. Relação entre o processo de contato e a localização do fertilizante.


Processo de contato
Interceptação Fluxo de massa Difusão
Elemento Aplicação de adubos
(% do total)
P 1 99 0 Distante, em cobertura (parte)
K 2 4 94 Próximo das raízes
3 25 72 Próximo das raízes, em cobertura
Ca 287 760 0 A lanço
Mg 57 375 0 A lanço
S 5 95 0 Distante, em cobertura (parte)
B 29 1.000 0 Distante, em cobertura (parte)
Cu * 15 5 80 Próximo das raízes
Fe * 40 10 50 Próximo das raízes
Mn * 15 5 80 Próximo das raízes
Zn * 20 20 60 Próximo das raízes
Fonte: MALAVOLTA et al., 1997.
*Tendência a aplicação foliar

Figura 3: Absorção de nutrientes – Contato íon x raiz


14
Nutrientes x Raiz

100

Fluxo de Massa Difusão


90

80

70

66
60
60
80
(%)

50 94
99
96

40
70 71 40
30

15
20
37
30
10 20
15
10
4 5
0
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

Figura 4: Forma de mobilidade de cada nutriente

7. Avaliação da fertilidade do solo


As três técnicas normalmente utilizadas na elevação da fertilidade do solo são;
diagnose visual, diagnose foliar e analise de solos.

7.1. Diagnose visual


É feita uma avaliação visual do estado geral da cultura, observando a possibilidade
de identificação de sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes, principalmente nas
folhas.
• Nitrogênio
A deficiência de nitrogênio é caracterizada por amarelecimento generalizado das folhas,
iniciando com as folhas velhas, apresentando colmos mais finos.

• Fósforo
A deficiência inicia-se nas folhas mais velhas com redução do tamanho, evoluindo para
clorose avermelhada e até necrose das folhas. A planta apresenta crescimento reduzido,
15

poucos perfilhos e sistema radicular menos desenvolvido estando estando mais sensíveis a
veranicos.

Figuras 5 e 6: Sintoma de deficiência de fósforo

• Potássio
Sintomas de deficiência aparecem primeiramente nas folhas mais velhas, com mosqueado
(áreas verde-claras e escuras) com margens das folhas cloróticas (marrom) e evoluindo para
necróticas; apresenta também menor teor de açúcar no colmo devido a função de ativação
enzimática que possui agindo no transporte de carboidratos.

Figura 7: Sintoma de deficiencia de potasio

• Cálcio
Geralmente, os primeiros sintomas de deficiência aparecem nas folhas mais novas,
caracterizadas pelo branqueamento e enrolamento e com necrose escura do ápice das
folhas. A deficiência de cálcio no caso da cana-de-açúcar, pode ser causada pelo uso
16

excessivo de vinhaça, onde o teor de potássio é muito elevado, competindo então pela
absorção do cálcio.

Figura 8: Sintoma de deficiência de cálcio

• Magnésio
Sintomas de deficiência aparecem inicialmente entre as nervuras das folhas mais velhas
com manchas amareladas e alongadas.

• Enxofre
Sintomas de deficiência caracteriza-se pela clorose generalizada nas folhas mais novas.

Figura 9: Sintoma de deficiência de enxofre


17

• Boro
A deficiência de Boro caracteriza-se por manchas cloróticas nas folhas (folhas estriadas),
morte da gema terminal, aumenta a incidência de Fusarium (pontuações avermelhadas),
folhas do topo se amarram umas às outras e apresentam enrugamento.

Figuras 10 e 11: Sintoma de deficiência de boro

• Cobre
É um nutriente pouco móvel no floema, desta maneira, os sintomas de sua carência
aparecem nas folhas mais novas, com clorose nas folhas com pequenas manchas (ilhas)
verde-escuras – mosaico, folhas caídas e touceira amassada (Droopy Top).

Figura 12: Sintoma de deficiência de cobre


18

• Manganês
Sintomas de deficiência caracteriza-se por estrias amarelas ao longo das nervuras e
folhas mais finas.

• Zinco
A deficiência deste elemento é drástica, com redução do crescimento dos internódios,
clorose nas nervuras das folhas mais novas e paralização do crescimento do topo.

Figura 13: Sintoma de deficiência de zinco

7.2. Diagnose foliar

A diagnose foliar é um método de avaliação nutricional das culturas em que se


analisam determinadas folhas em períodos definidos da vida da planta. O motivo pelo qual
analisam-se as folhas é conhecido: elas são os órgãos que, como regra geral, refletem
melhor o estado nutricional, isto é, respondem mais às variações no suprimento de
nutrientes, seja pelo solo, seja pelo adubo.
A diagnose foliar consiste, pois, em analisar-se o solo usando a planta como solução
extratora.
A composição mineral da folha, ou o teor dos elementos nela encontrado, é
conseqüência do efeito dos fatores que atuaram e, às vezes, intergiram até o momento em
que o órgão foi colhido para análise (ou mesmo depois da tomada da amostra). Isto pode
ser resumido pela equação geral:
19

Y= f (Pl, S, Cl, Pc, Pm ...)

Onde:
Y = teor do elemento na folha
Pl = planta (espécie, variedade, porta-enxerto, tipo de folha, idade, etc.)
S = solo, adubo, calagem, gessagem
Cl = condições de clima (chuva, por exemplo)
Pc = práticas culturais (cultivo, herbicidas, cobertura morta, adubação verde, cultura
intercalada)
Pm = pragas e moléstias

Levar em consideração os seguintes aspectos na amostragem foliar:


• Uniformidade da área quanto ao tipo de solo, variedade, idade e tratos
culturais;
• Tipo e folha – coletar a folha +3, ou seja, a primeira folha que estiver com o
“colarinho” visível (lígula totalmente aberta);
• Parte da folha – utilizar os 20 cm centrais, desprezando-se a nervura central;
• Época – coletar a folha na fase de maior desenvolvimento vegetativo
• Cana-planta: 6 meses após germinação
• Cana-soca: 4 meses após o corte
• Interpretação

Na tabela 4 estão apresentados os teores de nutrientes em condições do Brasil na


folha da cana-de-açúcar
20

Tabela 4: Faixas de teores adequados de nutrientes na cana-de-açúcar (Raij &


Cantarella, 1996)
N P K Ca Mg S
g/kg
18-25 1,5-3,0 10-16 2,0-8,0 1,0-3,0 1,5-3,0
B Cu Fe Mn Mo Zn
mg/kg
10-30 6-15 40-250 25-250 0,005-0,2 10-50

Figura 14: Esquema de amostragem de folhas para análise foliar (Trani, et al.,
1983)

7.4. Analise do solo

7.4.1. Amostragem do solo:


A amostragem do solo é a etapa inicial, tanto no suporte da pesquisa desenvolvida
para a construção de programas de recomendação de adubação e calagem, como também da
sua utilização pelo produtor (Anghinoni & Salet, 1995). Essa etapa é crítica na utilização
21

das recomendações de adubação e calagem, pois os erros (vícios) contidos na amostra não
mais poderão ser corrigidos, resultando em recomendações de quantidades insuficientes ou
excessivas de insumos, que se refletirão, em qualquer um dos casos, em prejuízos no
rendimento das culturas e/ou no lucro do produtor (Anghinoni & Salet, 1998).
A amostragem de solo deve ser feita com a utilização de trados ou sondas para que
sejam evitadas contaminações e o resultado analítico seja o mais real possível.
a) Época
Cana-planta: proceder a amostragem do solo cerca de três meses antes do plantio;
Cana-soca: amostragem do solo logo após o corte.
b) Local
Cana-planta: percorrer a área uniforme a ser plantada em “zig-zag”, retirando cerca
de 15 sub-amostras de solo nas profundidades de 0-20 a 20-40 cm de profundidade;
Cana-soca: retirar as amostras de solo a cerca de um palmo (20 a 25 cm) da linha.
Amostras retiradas na linha irão superestimar os teores de P e K, enquanto amostras
retiradas na entre-linha irão superestimar os teores de Ca e Mg, e portanto os valores de SB
e V%, e subestimar os teores de P e K.
Em função dos teores de nutrientes e do potencial de produtividade de área de solo
serão adotadas as práticas de correção e de adubação.

Figura 15: Gráfico Sub-amostras x Erro permitido


22

c) Interpretação da análise do solo:


Nas tabelas de 5 a 7 estão apresentados os teores de nutrientes no solo, segundo
recomendação oficial do Estado de São Paulo.

Tabela 5. Limites de Interpretação de teores de K e P em solos.


Produção K+ P resina
Teor Relativa Trocável Anuais
% mmolcdm-3 mg.dm-3
Muito baixo 0 – 70 0 – 0,7 0–6
Baixo 71 – 90 0,8 – 1.5 7 –15
Médio 91 – 100 1,6 – 3,0 16 – 40
Alto > 100 3,1 – 6,0 > 40
Muito Alto > 100 > 6,0 -
Fonte: Raij et al., 1996.

10 mg.dm-3 P = 46 kg.ha-1 de P2O5


1 mmolc.dm-3 K = 96 kg.ha-1 de K2O

Tabela 6. Limites de Interpretação de teores de Mg e S em solos.


Mg2+ trocável* S**
Teor
mmolc.dm-3 mg.dm -3
Baixo 0–4 0-4
Médio 5 –8 5 – 10
Alto >8 >10
* Raij et al., 1996
** Vitti, 1989
23

Tabela 7. Limites de Interpretação de teores de micronutrientes em solos.


B Cu Fe Mn Zn
Teor Água quente DTPA
mg.dm-3
Baixo 0 – 0,2 0 – 0,2 0–4 0 – 1,2 0 – 0,5
Médio 0,21 – 0,6 0,3 – 0,8 5 – 12 1,3 – 5 0,6 – 1,2
Alto > 0,6 > 0,8 > 12 >5 > 1,2
Fonte: Raij et al., 1996.
1 mg.dm-3 B, Cu, Fe, Mn, Zn = 2 kg.ha-1

8. Equivalência de unidades
Nas Tabelas 8 e 9 encontram-se a equivalência entre as unidades usadas nos resultados
das analises de solo.

Tabela 8. Equivalência de unidades


meq.100cm-3 mmolc.dm- mg . dm-3 Elemento Óxidos Carbonatos
-3 3
cmolc . dm (ppm) (kg . ha-1) (kg . ha-1) (kg . ha-1)
1 Ca 10 200 400 5601 10002
1 Mg 10 120 240 4001 8402
1K 10 400 800 9601 -
1 Al 10 90 180 - -
1P - 100 200 4601 -
1 = CaO, MgO, K2O e P2O5, respectivamente
2 = CaCO3 e MgCO3, respectivamente

Tabela 9. Equivalência de unidades


1 ppm de P 1 meq de K/100 cm3
1 µg.g-1 de P 391 ppm de K
1 mg.kg-1 de P 10 mmolc K.dm-3
2 kg.ha-1 de P 782 kg.ha-1 de K
4,5 kg.ha-1 de P2O5 942 kg.ha-1 de K2O
1meq de Ca/100 cm3 1meq de Mg/100 cm3
10 mmolc Ca.dm-3 10 mmolc Mg.dm-3
400 kg.há-1 de Ca 243 kg.ha-1 de Mg
24

A Tabela 10 apresenta a correlação entre os resultados de análises de solos e a


quantidade de nutrientes por hectare que estes resultados indicam.

Tabela 10. Correlação entre resultados de análises de solos e a quantidade de


nutrientes por hectare, (Camada 0-20 cm), considerando d=1,0.
Elemento Unidade Quantidade/ha
Matéria Orgânica 1% peso/vol ou 1g.dm-3 20 000kg
Fósforo (P) 1mg.dm-3 2 kg de P
Enxofre 1mg.dm-3 2 kg de S
1mg.dm-3 2 kg de K
1 mmolcdm-3 78 kg de K
Potássio (K) 1 meq.100cm-3 780 kg de K
1 cmolc.dm-3 780 kg de K
1mg.dm-3 2 kg de Ca
1 mmolcdm-3 40 kg de Ca
Cálcio (Ca) 1 meq.100cm-3 400 kg de Ca
1 cmolc.dm-3 400 kg de Ca
1mg.dm-3 2 kg de Mg
1 mmolcdm-3 24 kg de Mg
Magnésio (Mg) 1 meq.100cm-3 240 kg de Mg
1 cmolc.dm-3 240 kg de Mg
1 mmolcdm-3 18 kg de Al
1 meq.100cm-3 180 kg de Al
Alumínio (Al)
1 cmolc.dm-3 180 kg de Al
Boro (B)
Cobre (Cu)
Ferro (Fe)
Manganês (Mn)
1 mg.dm-3 2 kg
Molibdênio (Mo)
Zinco (Zn)

Na Tabela 11 encontram-se os principais fatores de conversão.

Tabela 11. Fatores de Conversão


P2O5 * 0,437 = P K2O * 0,83 = K Ca * 1,4 = Cão Mg * 1,658 = MgO
P * 2,29 = P2O5 K * 1,205 = K2O CaO * 0,714 =Ca MgO * 0,603 = Mg
* 1 hectare (ha) → 2.000.000 dm3
25

9. Manejo químico do solo


As práticas seqüenciais de manejo químico do solo na cultura da cana-de-açúcar
são:
• Calagem *
• Gessagem *
• Fosfatagem *
• Adubação Verde *
• Adubação Orgânica *
• Adubação Mineral – Via solo e via foliar
* São práticas que visam aumentar a eficiência da adubação mineral, isto é, diminuir
o valor de “f”.

9.1. Calagem

A reposição do cálcio e magnésio, bem como a correção de acidez do solo é


realizada principalmente pela prática de calagem, que pode ser realizada com diferentes
materiais corretivos.
Benefícios da calagem
a) Fornece cálcio e magnésio
O Cálcio é um elemento fundamental no desenvolvimento do sistema radicular,
portanto, com a calagem é possível aumentar a quantidade de solo explorado, melhorando a
nutrição geral das plantas e diminuindo os efeitos de secas prolongadas e veranicos.

b) Aumenta disponibilidade de nutrientes, principalmente do H2PO4-


A fixação do fósforo é um grande fator de “perda” desse elemento, que pode
percorrer de duas formas no solo: precipitação em solução e adsorção específica

c) Diminui disponibilidade de Al3+, Fe2+ e Mn2+


Formação de hidróxidos que não são disponíveis
26

d) Aumenta mineralização da matéria orgânica


Com a mineralização da palhada, o fósforo presente nela torna-se disponível para as
plantas. O fósforo liberado pela matéria orgânica, o fosfo-húmico, é assimilável pela raiz e
fracamente retido pelo solo.

e) Aumenta fixação biológica do N2 no ar


Na rizosfera da cana-de-açúcar existem bactérias de vida livre, principalmente do
gênero Beijerinckia, as quais promovem a fixação assimbiótica ou livre do nitrogênio,
sendo que essa fixação tem maior atividade em ambientes com pH por volta de 5,5 a 6,0,
promovendo altas quantidades de nitrogênio disponíveis para a cana-planta, sendo que a
potencialização dessa fixação pode ser realizada com o aumento do pH. Esta é uma das
razões pela qual no plantio da cana se empregam baixas doses de N.
Salienta-se que essa fixação somente ocorre em cana-planta pela utilização das
mudas (os toletes fornecem energia), a qual tem alta quantidade de açúcar (energia)
disponível às bactérias, aliada ao fato de baixa relação C/N, menor quantidade de raiz em
relação à cana-soca, que apresenta C/N elevada, e ausência da fonte de energia (açúcar)
propiciada pela muda.

Figura 16: Germinação do tolete de cana-de-açúcar em condições propícias à


fixação biológica do N2 do ar.
27

f) Melhora a agregação do solo (efeito do Ca)


O cálcio é um agente floculante, tendo um efeito de agregação do solo, diminuindo
seu potencial de compactação, seja pelo seu efeito direto, ou indireto pelo aumento do
sistema radicular e da matéria orgânica (maior desenvolvimento do vegetal).

9.1.Conseqüências da calagem
(1) Aumenta eficiência da adubação N – P2O5 – K2O
(2) Aumenta sistema radicular
(3) Diminui a necessidade de fornecimento de N na cana planta
(4) Aumenta a resistência a seca Þ maior absorção de água e de nutrientes
(5) Melhora a convivência com pragas de solos
(6) Aumenta a longevidade do canavial
(7) Aumenta a produtividade

9.2. Fatores de sucesso na calagem

* Teor de MgO
a) Classificação:
Calcários % MgO
Calcítico <5
Dolomítico ≥5

b) Escolha:

b1) Teor de Mg do solo


b2) Porcentagem de Ca e Mg na CTC do solo
b3) Relação Ca/Mg no solo
b4) Uso e quantidade de gesso agrícola
28

A necessidade de calagem pode ser calculada por diversos métodos:

A) A necessidade de calagem para o estado de São Paulo é calculada pelo


método de saturação por bases.
(V2 − V1 )T
NC =
10 xPNRT
onde:
PRNT = poder reativo de neutralização total do corretivo
V1 = saturação por bases atual do solo (%)
V2 = saturação por bases almejada (%) = 60
T = CTC - capacidade de troca de cátions em mmolc dm-3 a pH 7

B) Cana planta: VITTI & MAZZA (Cosan, Rafard)

NC = (V2 – V1) CTC(1) + (V2 – V1) CTC(2)


PRNT

NC = t/ha de calcário (0 – 40 cm)


(1) CTC = 0 a 20 cm (cmolc.dm-3)

(2) CTC = 20 a 40 cm (cmolc.dm-3)

Para o sucesso dessa prática recomenda-se incorporar o calcário o mais profundo


possível, até 40 cm, na implantação do canavial. Atentar para aplicação uniforme,
antecedência na aplicação, bem como tipo e qualidade do calcário. Quanto a este último
item, considerar um teor mínimo de Mg no solo de 5,0 mmolc.dm-3 ou 0,5 cmolc.dm-3,
bem como considerar uma relação Ca/Mg na faixa de 3,0 a 5,0/1,0.
29

C) Cana planta: LUZ & MARTINS


NC = (V2 – V1) CTC(1) + ½ (V2 – V1) CTC(2)
PRNT PRNT

NC = t/ha de calcário (0 – 40 cm)


(1) CTC = 0 a 20 cm (cmolc.dm-3)

(2) CTC = 20 a 40 cm (cmolc.dm-3)

D) Cana planta: COPERSUCAR (solos arenosos)

NC = 3 - ( Ca + Mg ) x 100
PRNT

NC = t/ha de calcário (0 – 20 cm)


Ca + Mg (cmolc.dm-3 = meq.100cm-3)

E) Cana-soca: (VITTI & MAZZA, 1998)

NC = (V2 – V1) x CTC


PRNT

onde a CTC está expressa em cmolc.dm-3


Dose máxima de 3t/ha

9.2. Gessagem

O gesso agrícola é sulfato de cálcio obtido como subproduto na obtenção do ácido


fosfórico, utilizado na fabricação de superfosfato triplo, fosfatos de amônio, MAP e DAP.
O processo de obtenção do ácido fosfórico baseia-se na ação de um ácido sobre uma rocha
30

fosfática, finamente moída, previamente purificada e concentrada, seguindo-se a separação


e concentração de ácido fosfórico. O ácido empregado é o ácido sulfúrico, que, atacando a
rocha fosfática, produz ácido fosfórico diluído, que é separado do sulfato de cálcio
diidratado, formado na reação. (Malavolta, 1979), citado por Vitti (2000).

Figura 17: Esquema simplificado dos processos tecnológicos para obtenção de


adubos fosfatados.

Segundo Vitti (2000), a cada tonelada de P2O5 na forma ácido fosfórico produzido,
obtém-se de 4 a 5 toneladas de fosfogesso. No Brasil sua produção é da ordem de milhões
de toneladas.
A reação química do ataque do ácido sulfúrico na rocha é:

Ca10(PO4)6F2 + 10 H2SO4 + 20 H2O → 10 CaSO4. 2 H2O + 6 H3PO4 + 2 HF


Concentrado fosfático Gesso agrícola Ac. Fosfórico
31

O fosfogesso, sulfato de cálcio dihidratado, apresenta-se na forma de pó branco.


Apesar de ser pouco solúvel em água, o gesso agrícola é cerca de 150 vezes mais solúvel
que o calcário e mais móvel que o calcário, apresentando maiores efeitos em profundidade.
Para que possa ser transportado, manuseado e aplicado, é retirado o excesso de
umidade do produto. Seu custo para o produtor na maioria das vezes é apenas o do frete,
ou preços muito baixos.
O fosfogesso, ao ser aplicado no solo, é benéfico para as culturas pois fornece cálcio
e enxofre, corrige áreas sódicas e melhora o ambiente radicular em profundidade. Também
pode ser utilizado para condicionador estercos, reduzindo as perdas de nitrogênio por
volatilização.
A calagem não tem sido eficiente para a correção da acidez e a deficiência de cálcio,
em tempo razoável, e principalmente em sub-sperfície para o plano potencial de
produtividade das culturas. Assim, a utilização de gesso tem sido muito mais efetiva no
aumento dos teores de cálcio e na diminuição da saturação por alumínio e
conseqüentemente em maior volume de solo explorado pelas raízes, permitindo as plantas
superar veranicos e utilizar com maior eficiência os nutrientes aplicados e existentes no
solo.
Em regiões canavieiras, o gesso agrícola pode ser utilizado para recuperação de
áreas denominadas de “sacrifício”, isto é, áreas utilizadas como despejo de vinhaça e
apresentando portanto excesso de potássio (K). A aplicação do gesso irá formar o
composto Sulfato de Potássio que é móvel no perfil do solo. A aplicação e incorporação do
gesso, com posterior irrigação torna o solo agricultável, através da substituição do K
adsorvido à argila, pelo Ca do corretivo.
O uso do gesso agrícola (sulfato de cálcio) possibilita o condicionamento do
ambiente que geralmente é pouco favorável às raízes, o sub-solo, diminuindo a saturação
por alumínio e aumentando os teores de cálcio e enxofre.
32

9.2.1. Provável composição química e garantias:


Na tabela x apresenta-se a provável composição química e garantias do gesso
agrícola.

Tabela 12: Provável composição química e garantias do gesso agrícola


CaSO4.2H2O 96,50%
CaHPO4.2H2O 0,31%
[Ca3(PO4)2]3.CaF2 0,25%
Umidade livre 17%
CaO 26%
S 15%
P2O5 0,75%
SiO2 (insolúveis em ácidos) 1,26%
Fluoretos (F) 0,63%
R2O3 (Al2O3 + F2O3) 0,37%

O comportamento do gesso no solo envolve a dissociação do sulfato de cálcio nos


íons Ca2+, SO42- e o próprio CaSO40. Os íons Ca2+ e SO42- irão participar de troca catiônica
e aniônica respectivamente, enquanto que o CaSO40, segundo Pavan et al. (1982) é móvel
no perfil do solo, contribuindo para o movimento de complexos químicos solúveis neutros
(CaSO40, MgSO40, K2SO40 para o sub-solo), citado por Vitti (2000).
A aplicação de 1,0 t/ha de gesso agrícola com 17% de umidade, corresponde ao
fornecimento de 5,0 mmolc.dm-3 de Ca.

9.2.2. Utilização do gesso agrícola


O gesso agrícola apresenta inúmeras utilizações no sistema agropecuário conforme
abaixo descriminado:
• Efeito fertilizante
Como fertilizante o gesso agrícola pode ser utilizado como fontes de enxofre e de
cálcio.
33

• Correção de solos sódicos


O excesso de sódio no solo, pode impedir o desenvolvimento das plantas, seja pela
toxidez do mesmo, seja pelas limitações físicas, principalmente pela dificuldade na
penetração e circulação do ar e da água, e conseqüentemente do sistema radicular. O gesso
agrícola reage no solo formando Sulfato de Sódio que é móvel no perfil, deixando o Ca
adsorvido à argila. A reação de troca de sódio no solo pode ser esquematizada:
- Na
ARGILA + CaSO4.2H2O → ARGILA Ca + NaSO4-

- Na
O mesmo princípio utilizado para recuperação de solos sódicos é utilizado também
para recuperação de solos com excesso de potássio onde há a aplicação excessiva de
vinhaça, gerando também deficiência de cálcio.

-K
ARGILA + CaSO4.2H2O → ARGILA Ca + KSO4-

-K

• Condicionador de subsuperfície
Nos solos tropicais, principalmente naqueles sob vegetação de cerrado, a deficiência
de cálcio, associada, ou não à toxidez de alumínio é uma constante, ocorrendo tanto na
camada arável, mas também abaixo desta. Tal fato é de extrema importância, pois estas
características interferem no desenvolvimento do sistema radicular, tornando mais crítica a
deficiência de água, por interferir na absorção e transporte de nutrientes, como P, Ca, Mg e
K, contribuindo ademais para a fixação de P no solo (Olmos & Camargo, 1976), citado por
Vitti (2000).
• Condicionador de estercos
A utilização de gesso agrícola em estercos tem a finalidade de diminuir a perde de
amônia nos estercos.
• “preventivo” de enfermidades de plantas
34

9.2.3. Critérios de recomendação


O gesso é recomendado quando na amostra de solo na profundidade de 20-40cm,
ocorrer uma das seguintes situações:
Ca < 5 mmolc . dm-3, ou;
Al > 5 mmolc . dm-3, ou;
Saturação por alumínio (m%) > 30
Saturação por bases (V%) < 35

A aplicação do gesso agrícola é feita concomitantemente ou logo após a aplicação


do calcário e seus efeitos se manifestam principalmente em Latossolos e Areias Quartzosas.
Normalmente é utilizado quando não se adota o preparo profundo do solo, ou então para
manutenção da fertilidade em soqueiras. Sua recomendação se baseia em amostras retiradas
a maiores profundidades (20-40 cm) quando a saturação por bases (V) for inferior a 30%,
conforme a seguinte equação:

SB =
(50 − V )CTC
100

onde:
SB = quantidade de bases a ser adicionada ao solo para atingir V = 50%, na camada
de 20-40 cm, em mmolc.dm-3
50 = saturação por bases desejada
V = saturação por bases atual do solo (%)
CTC = capacidade de troca catiônica a 20-40 cm, em mmolc.dm-3.

Considerando que a utilização de 1,0 t.ha-1 de gesso eleva o teor de Ca do solo em


5,0 mmolc.dm-3, a Tabela 13 apresenta os dados obtidos através dessa equação para várias
condições de solo.
35

Tabela 13. Quantidade aproximada de gesso, seguindo o critério anteriormente


recomendado. (DEMATTÊ, 1986).
T (cmolc/dm-3) V% Gesso (t/ha)
< 10 2,0
< 3,0 10-20 1,5
20-35 1,0
< 10 3,0
3,0-6,0 10-20 2,0
20-35 1,5
< 10 3,5
6,0-10,0 10-20 3,0
20-35 2,5

Resultados positivos da aplicação de gesso agrícola podem ser observados em


inúmeros trabalhos de pesquisa, conforme apresentados a seguir.
Em solo arenoso distrófico de Ribeirão Preto-SP, a aplicação de gesso (1,0 t/ha) em
soqueiras de cana aumentou a produtividade em 10 t.ha-1 (média de 3 cortes), bem como o
valor da saturação por bases (V%) em profundidade (DEMATTÊ, 1986), conforme pode
ser observado na Tabela 14.

Tabela 14. Ação do gesso na saturação por bases do solo e na produtividade de


soqueiras de cana, cv. SP 70-1143, em solo arenoso distrófico. Destilaria Galo Bravo,
Ribeirão Preto, SP (DEMATTÊ, 1986).
Profundidade V* 2º corte 3º corte 4º corte Média
Tratamentos (cm) (%) 09/84 09/85 07/86
----------------Produtividade (t/ha)---------------
0-20 60 97 106 59 87
NK 20-40 25
40-60 15
0-20 60 99 114 60 91
NK + 0,5 20-40 58
t/ha
40-60 18
0-20 60 96 113 65 97
NK + 1,0 20-40 48
t/ha
40-60 25
0-20 64 105 125 71 101
NK + 2,0
20-40 45
t/ha
40-60 23
* Análises feitas três anos após instalações;
36

MORELLI et al. (1987) estudaram a aplicação de doses de calcário e gesso no


plantio de cana (SP 70-1143), em solos de baixa fertilidade na Usina Barra Grande, Lençóis
Paulista-SP, classificado como Latossolo Vermelho-Escuro distrófico, com teor de argila
entre 15 e 20% (CTC = 30 mmolc.dm-3). A produtividade média de cana-de-açúcar do 1º
ao 4º corte está apresentada na Tabela 15.

Tabela 15. Produtividade média de cana-de-açúcar (t/ha), do 1º ao 4º corte, com o


uso de calcário e gesso agrícola (MORELLI et al., 1992)
Doses de
Doses de gesso (t/ha)
calcário
t/ha 0 2 4
1º. Corte
0 121 125 128
4 130 138 133
2º. Corte
0 98 103 109
4 110 119 118
3º. Corte
0 88 93 96
4 97 109 102
4º. Corte
0 88 100 110
4 113 125 116

Analisando os dados dessa Tabela observa-se que as maiores produções sempre


foram obtidas nos tratamentos com 4,0 t/ha de calcário e 2,0 t/ha de gesso. Amostragens de
raízes em trincheiras aos 27 meses após a aplicação dos tratamentos indicaram maior
desenvolvimento do sistema radicular a maiores profundidades, quando do uso do gesso.
37

9.2.4. Equipamentos para aplicação de gesso agrícola

Os melhores equipamentos para a aplicação do gesso são do tipo dosador


volumétrico tipo esteira com distribuidor centrífugo, preferencialmente, de dois discos

Figura 18 e 19: aplicador dosador volumétrico do tipo esteira

O preço do gesso agrícola é muito dependente do frete e portanto para compra deve-
se escolher um pólo de distribuição mais próximo possível da propriedade. Os pólos de
distribuição do gesso agrícola no Brasil são: Uberaba – MG, Cubatão – SP, Jacupiranga –
SP, Catalão – GO e Imbituba – SC.

10. Fosfatagem

Embora o fósforo (P) seja absorvido em pequenas quantidades pela cana-de-açúcar,


se comparado com o nitrogênio (N) e o potássio (K), exerce função-chave no metabolismo
desta planta, particularmente em formação de proteínas, processo de divisão celular,
fotossíntese, armazenamento de energia, desdobramento de açúcares, respiração e
fornecimento de energia a partir do ATP e formação de sacarose (Korndörfer, 2004).
A fosfatagem trata-se de prática corretiva, com o objetivo de se corrigir (elevar) o
teor de P, potencializando a adubação fosfatada de plantio. Por promover o maior
desenvolvimento do sistema radicular e devido à relação de compatibilização N/P
38

(NOVAIS, 1999), a prática da fosfatagem proporciona maior desempenho da adubação


nitrogenada em soqueira.
Essa prática deve ser adotada em solos arenosos (teor de argila < 25%), que
apresentam menor fixação de P, e com teores baixos deste nutriente (P resina < 10
mg/dm3), utilizando a mesma área total, após o preparo profundo do solo, antes da
gradagem de nivelamento. Utilizar como fonte de P2O5 o superfosfato simples ou produtos
equivalentes, como fosfatos reativos, superfosfato triplo, termofosfatos ou multifosfato
magnesiano, nas dosagens de 100 a 150 kg de P2O5/ha. (VITTI & MAZZA, 2002)
Na Tabela 10 estão apresentadas as composições de fontes de P2O5 mais
comumente utilizadas na prática da fosfatagem.

Tabela 10 : Principais fontes de P2O5 recomendadas na prática da fosfatagem


P2O5
Adubos Ca Mg S SiO2
Total HCi CNA H2O
Superfosfato Simples 21 - 18 16 19 - 12 -
Superfosfato Triplo 46 44 43 37 13 - 2 -
Termofosfato magnesiano 18 16,5 - - 20 9 - 25
Multifosfato magnesiano 18 a 24 18 a 24 - 8 a 14 2a3 4 a 10 -
Hiperfosfato Arad 33 10,5 - - 37 0,12 1 0,56
Hiperfosfato Gafsa 29 9 - - 34 - - -
Hiperfosfato Daoui 32 9/10 - - 52 0,5 2 -

Em relação às fontes citadas, é importante salientar que os Hiperfosfatos e o


Superfosfato Triplo, fontes isentas de enxofre, devem ser utilizados de preferência quando
se pratica a gessagem ou quando se utilizam resíduos orgânicos, devido à alta necessidade
de enxofre pela cultura da cana-de-açúcar.

10.1. As principais conseqüências da fosfatagem são:


a) Maiores volumes de P em contato com o solo (> fixação);
b) Maior volume de solo explorado pelas raízes;
c) Maior absorção de água e de nutrientes;
d) Melhor convivência com pragas do solo.
39

Resultados da aplicação de doses e localização de P na cana podem ser observados


na Tabela 16.

Tabela 16. Produções de colmos de cana-de-açúcar obtidas com a utilização de P2O5


em área total e no sulco, em solos arenosos (MORELLI et al., 1992).

P2O5 aplicado a
P2O5 aplicado dentro do sulco1
lanço
kg/ha 0 100 200 300
--------------------------------------t/ha -----------------------------------
----------------------------------Cana-planta------------------------------
0 69 101 104 128
200 148 169 172 171
400 158 169 173 173
-----------------------------------------1ª soca --------------------------------
0 45 64 73 77
200 92 97 100 101
400 105 106 109 112
1
Fonte de P2O5: Yoorin BZ (Termofosfato), 16,5% de P2O5 solúvel em ácido cítrico
a 2% na relação 1:100, 20% de Ca e 9% de Mg.

Cana-Planta 1a Soca

200 120
12
9
6

10
5
9

11
10
2
3

10
16

180
1
9

17
17
17

0
17
16

97

10

10
8

100
15

92
8

160
14

t de colmos.ha-1
t de colmos.ha-1

77
12

140
73

80
4

120
64
1

10
10

100 60
45
69

80
40
60
40 20
20
0 0
0 100 200 300 0 100 200 300
kg P2O5.ha-1 no Sulco de plantio kg P2O5.ha-1 no Sulco de plantio
s/ fosfatagem 200 kg P2O5/ha (Pré) 400 kg P2O5/ha (Pré) s/ fosfatagem 200 kg P2O5/ha (Pré) 400 kg P2O5/ha (Pré)
40

Analisando-se esses resultados observa-se aumento de cerca de 60 t/ha de colmos


(cana-planta e 1ª soca) pela aplicação parcelada de 300 kg de P2O5/ha (100 no sulco e 200
em área total) em relação à aplicação de 300 kg de P2O5/ha somente no sulco.

11. Adubação verde

Segundo Ambrosano et al. (2000), na busca de uma agricultura menos agressiva ao


meio ambiente introduz-se a adubação verde, que é definida como sendo o cultivo de
plantas, na mesma área ou em áreas vizinhas, para produzir grande quantidade de massa
para ser, após completado seu ciclo vegetativo, incorporada ou deixada sobre o solo para
agir como proteção e para atuar positivamente no sistema.
Em áreas de reforma, em situações de plantio de cana de ano e meio, ao invés de se
optar por manter a área em pousio, devido ao longo período ente o último corte (início de
Novembro) e o plantio (Março) pode-se optar por pelo plantio de leguminosas, sendo os
principais benefícios desta prática a fixação biológica do nitrogênio, conservação do solo,
incremento de matéria orgânica, reciclagem de nutrientes e controle de plantas invasoras.
Ambrosano et al. (2000), cita que a razão da preferência pelas leguminosas é
principalmente, pelo fato destas, em simbiose com bactérias do gênero Rhizobium e
Bradyrhizobium, fixarem N do ar em quantidade suficiente para satisfazer suas
necessidades e gerar excedentes para a cultura que a sucede. Em comparação das
leguminosas com as gramíneas, as primeiras são mais ricas em nitrogênio (N), fósforo (P),
potássio (K) e cálcio (Ca).
Dentre as espécies utilizadas em adubação verde, para a cultura da cana-de-açúcar,
destaca-se a Crotalária juncea.
A Crotalaria juncea, é uma espécie originária da Índia, com ampla adaptação às
regiões tropicais. As plantas são arbustivas, de crescimento ereto e determinado, produzem
fibras e celulose de alta qualidade, próprias para a indústria de papel e outros fins.
Recomendada para adubação verde, é uma das espécies leguminosas para adubação verde
de mais rápido crescimento, 3,0 a 3,5 metros de altura. A produtividade normal pode atingir
cerca de 10 a 15 t/ha de matéria seca e 500 a 1000 kg/ha de sementes.
41

A Crotalaria juncea, como adubo verde, apresenta as seguintes vantagens:

• Controla a erosão;
• Diminui o assoreamento dos sulcos de plantio, facilitando a germinação;
• Recicla nutrientes percolados;
• Dispensa a adubação nitrogenada de plantio;
• Diminui a incidência de ervas daninhas;
• Aumenta a produtividade.

O manejo desta espécie em adubação verde, consiste em semeadura durante o


período de outubro e novembro, podendo esta ser realizada à lanço em área total (30kg de
sementes por ha, densidade de 60 sementes por m2), ou em linha ( 25kg de sementes por ha,
densidade de 25 sementes por m linear), sendo a profundidade de semeadura entre 2 e 3
cm; e ao florescimento (cerca de 100dias) proceder com a roçagem, picação ou
acamamento. Caso a área tenha sido submetida a preparo de solo adequado antes da
implantação do adubo verde, pode-se realizar a operação de sulcação logo após a roçada da
crotalária, sendo este o manejo mais correto do ponto de vista conservacionista.
As espécies crotalárias também são excelentes opções para controle de nematóides.
Estas atuam atraindo nematóides juvenis, permitindo a acomodação localizada destes no
sistema radicular até abortarem estes pontos infestados, promovendo assim a morte destes
parasitas no interior das raízes infectadas (ROSSI, 2002).
A Tabela 17 apresenta a extração de nutrientes por diversas leguminosas, enquanto
que na Tabela 18 estão apresentadas as produtividades agrícolas de três cortes obtidos em
toneladas de colmos (TCH) e de pol (TPH), com o plantio da cana após diversas
leguminosas comparado ao plantio da cana na área submetida ao pousio.
42

Tabela 17. Extração de macronutrientes por leguminosas (CACERES &


ALCARDE, 1995).
Leguminosa N P K Ca Mg S
------------------------------------Kg/ha ---------------------------------
Crotalaria juncea 235 18,5 101,5 53,3 29,1 16,3
C.rotalaria
113,4 8,8 94,5 63 15,5 7,6
spectabilis
Guandu 141,9 10,5 62,2 25,3 10,5 8,8
Mucuna anã 81 6,3 36,6 18,6 7,5 4,2
Mucuna preta 105,3 6,6 41 27,3 9 5,5
Lablabe 94,5 8,8 48,7 22,8 9,1 8,1
Feijão-de-porco 190 10 67,5 50,5 18 10,5

Tabela 18. Produtividade agrícola de três cortes, em toneladas de colmos por


hectare (TCH e toneladas de pol por hectare (TPH). (CACERES & ALCARDE, 1995).
Tratamento 1º Corte 2º Corte 3º Corte
TCH TPH TCH TPH TCH TPH
Pousio 118,5 b 16,73 d 84,2 b 12,55 b 64,4 ab 11,16 a
Crotalaria juncea 133,1 a 19,71 a 90,4 ab 13,69 ab 62,7 ab 10,50 a
Crotalaria
133,9 a 19,19 ab 92,3 a 14,31 a 66,2 a 11,09 a
spectabilis
Guandu 126,6 ab 17,74 bcd 85,4 ab 13,28 ab 61,2 ab 10,50 a
Mucuna preta 119,7 b 17,22 cd 88,1 ab 13,50 ab 59,6 ab 10,08 a
Mucuna anã 126,0 ab 18,39 abc 87,8 ab 13,38 ab 58,4 b 9,92 a
Lablabe 126,7 ab 18,72 ab 85,7 ab 13,32 ab 60,0 ab 10,05 a
Feijão-de-porco 126,2 ab 17,84 bcd 84,5 ab 13,03 ab 60,1 ab 10,22 a
Dms Duncan 5% 9,49** 1,46** 7,82 ns 1,47 ns 7,41 ns 1,34 ns
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan,
ao nível de 5% de probabilidade.
43

Analisando os dados dessa tabela observa-se que o tratamento com Crotalaria


juncea apresentou ganho de produção significativo de 15 t/ha de colmos e 30 t/ha de pol.

Figura 20 e 21: Crotalaria juncea em adubação verde

Figura 22: Sulcação para plantio da cana-de-açúcar sobre adubação verde


44

12. Rotação de culturas

A rotação de culturas consiste em alternar espécies vegetais, no decorrer do tempo,


numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter propósitos comercial e de
recuperação do meio ambiente (Embrapa,2001).
Segundo Santos et al. (2004), a complexidade da agricultura e a sua alta
dependência em relação a fatores como clima, condições do solo e ao próprio mercado não
admitem descuido em nenhuma das etapas de produção. Isso vale para situações que vão
do planejamento da lavoura à comercialização.
As vantagens da rotação de culturas são inúmeras, constituindo em um processo de
cultivo capaz de proporcionar a produção de alimentos e outros produtos agrícolas, com
mínima alteração ambiental. Se adotada e conduzida de modo adequado e por um período
longo, essa prática preserva ou melhora as características físicas, químicas e biológicas do
solo; auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repões matéria orgânica e
protege o solo da ação dos agentes climáticos; e ajuda a viabilização da semeadura direta e
a diversificação da produção agropecuária (Embrapa, 2001).
A rotação de culturas aumenta o nível de complexidade das tarefas na propriedade.
Exige o planejamento do uso do solo e da propriedade, segundo princípios básicos, onde
deve ser considerada a aptidão agrícola de cada gleba. A adoção d planejamento deve ser
gradativa para não causar transtornos organizacionais ou econômicos ao produtor
(Embrapa, 2001).
Santos et al. (2004) cita também que o Brasil vai bem em parcela importante deste
requisito básico da sustentabilidade econômica e ambiental na propriedade rural. Mas pode
melhorar em alguns aspectos. Um deles é o plantio direto, técnica de alto valor ambiental,
que já é adotada em 65% das lavouras brasileiras de soja. A adoção das técnicas de plantio
direto é considerada passo importante, pois ela marca a atitude do produtor em relação à
conservação e à consciência ambiental.
A cultura da soja (Glicine Max Merril) é a que mais se destaca no agronegócio
Brasileiro, tendo acréscimos em área plantada, produção e exportação a cada safra agrícola
sendo grande responsável pelo superávit na balança comercial Brasileira. Portanto é hoje o
grande foco das pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias.
45

A cultura da soja no Brasil na safra 2003/2004, segundo estimativa Agrianual 2004,


em uma área de 19,78 milhões de hectares plantados, acumulará um volume de 56,5
milhões de toneladas de grãos sendo o estado do Mato Grosso o principal produtor
alcançando uma área próxima aos 5 milhões de hectares e atingindo uma produtividade de
15,2 milhões de toneladas de grãos.
A soja tem seu desenvolvimento ótimo na faixa térmica de 20 a 30°C, e em
temperaturas abaixo de 10°C seu desenvolvimento vegetativo é nulo. Sua exigência hídrica
varia de 450 a 800 mm durante seu ciclo para obtenção de rendimento máximo, e a
disponibilidade de água tem fundamental importância em dois períodos de
desenvolvimento da cultura, na germinação/emergência e floração/enchimento de grãos.
Por isso dada à importância para escolha correta da época de semeadura para que esta
propicie condições ambientais de temperatura, umidade e fotoperiodo que possibilitem o
ótimo desenvolvimento das plantas durante todo o seu ciclo.
Nos últimos anos, tem sido observado um aumento sensível no interesse em relação
ao uso de micronutrientes para aumentar a produtividade nas mais diferentes culturas na
agricultura brasileira. No caso especifico da soja, são em número reduzido os trabalhos de
campo envolvendo curvas de resposta aos micronutrientes, calibração de análises de solo e
foliar para o estabelecimento de níveis críticos, eficiência de fontes e métodos de aplicação
para as diversas condições de clima e solo do Brasil (Lopes, A.S. 2002).
Sabendo que os solos de cerrado são naturalmente pobres no contexto nutricional e
em sua grande maioria com altos níveis de acidez, torna-se obrigatório o uso de corretivos e
de fertilizantes em dosagens corretas, que devem ser determinadas mediante análises de
solo provenientes de coletas de amostras de solo explorando as camadas de 0-20 cm e de
20-40 cm.
A calagem é a primeira pratica a ser adotada no manejo químico do solo. Entretanto,
a dose excessiva e/ou a má distribuição e incorporação na lavoura de soja tem induzido a
desequilíbrios nutricionais, principalmente no tocante à deficiência de micronutrientes
metálicos (cobre, manganês e zinco). Esse fato é bastante evidente em áreas com sistema de
plantio direto ou em cultivo mínimo, o qual não tem levado em consideração esse aspecto,
gerando gradativamente deficiência de micronutrientes nessa cultura, principalmente no
46

caso do manganês (Novais et al., 19998; Tanaka et. al., 1992) ambos citados por Vitti &
Luz, 1998.
Além da calagem mal feita, outras praticas tem causado deficiência de
micronutrientes como adubação fosfatada , no caso principalmente do zinco, bem como na
complexação dos cátions metálicos pelo aumento do teor de matéria orgânica em plantio
direto, principalmente no caso do cobre. O boro, além do seu baixo teor no solo, pode
também ter aumento de sua lixiviação pelo uso incorreto do calcário (Vitti & Casarin.,
1992) citado por Vitti & Luz, 1998.
O nitrogênio é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja.
Estima-se que para produzir 1000 kg de grãos são necessários aplicar 80 kg de N.
Basicamente, as fontes de N disponíveis para a cultura da soja são os fertilizantes
nitrogenados e a fixação biológica do nitrogênio (Hungria et al., 1997) citado em Embrapa,
2001.
Segundo citado em Embrapa (2001) o fertilizante nitrogenado é a forma assimilada
com maior rapidez pelas plantas, mas a um custo elevado, porque eles possuem baixa
eficiência de utilização pelas plantas (raramente ultrapassando 50%). O restante do N é
perdido por lixiviação e desnitrificação, podendo causar sérios problemas de poluição,
resultando em acúmulo de formas nitrogenadas em águas dos rios e lagos.
Ainda segundo Embrapa (2001), a fixação biológica do nitrogênio é a principal
fonte de N para a cultura da soja. Bactérias do gênero Bradyrhizobium quando em contato
com as raízes da soja infectam as raízes, via pelos radiculares, formando os nódulos.
Dentro dos nódulos, as bactérias, através de uma enzima chamada dinitrogenase,
conseguem quebrar a tripla ligação do N2 atmosférico e provocar a sua redução até NH3, a
mesma forma obtida no processo industrial. A essa amônia são, então, rapidamente
incorporados íons H+, abundantes nas células das bactérias, ocorrendo a transformação em
íons amônio (NH4+) que serão, então, distribuídos para a planta hospedeira e incorporados
em formas de N orgânico (Hungria et al, 1997).
47

Figura 23: Esquema prática de um nódulo de Bradyrhizobium que realiza a fixação


biológica de N2 do ar atmosférico.

Em Embrapa (2001) é apresentado que os resultados de pesquisa têm mostrado que


cobalto (Co) e o molibdênio (Mo) são indispensáveis para a eficiência da fixação biológica
de nitrogênio, para a maioria dos solos onde a soja vem sendo cultivada. As indicações
técnicas atuais desses nutrientes são para a aplicação de 2 a 3 g de Co e 12 a 30 g de Mo/ha
via semente ou em pulverização foliar, nos estádios de desenvolvimento V3-V5 (Campo et
al., 2000 e Campo et al., 2001).
A adubação de manutenção de fósforo e potássio na cultura da soja só é
recomendada quando os teores desses elementos extratíveis do solo estiverem acima da
classe média, tanto para o método Mehlich 1 como para a resina. Dessa forma, segundo a
Embrapa (2000) citado por Vitti et al. (2001), deve-se aplicar 20 kg/ha de P2O5 e de K2O
para cada 1000 kg de soja produzida.
Para o estado de São Paulo a recomendação de fósforo e potássio varia de acordo
com o que está presente no solo.
48

Tabela 19: Recomendação de adubação de fósforo e potássio de acordo com teores


do solo e produtividade esperada para a cultura da soja (Raij et al., 1996).
Produtividade P resina, mg.dm-3 K+ trocável, mmolc.dm-3
esperada 0-6 7-15 16-40 > 40 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 > 3,0
t.ha-1 P2O5, kg.ha-1 K2O, kg.ha-1
1,5-1,9 50 40 30 20 60 40 20 0
2,0-2,4 60 50 40 20 70 50 30 20
2,5-2,9 80 60 40 20 70 50 50 20
3,0-3,4 90 70 50 30 80 60 50 30
3,5-4,0 * 80 50 40 80 60 60 40
* Não é possível obter essa produtividade com aplicação localizada de fósforo em
solos com teores muito baixos de P.

O fornecimento de enxofre é fundamental para o sucesso na cultura da soja pelas


funções que o mesmo desempenha na planta, principalmente por estar diretamente
envolvido no metabolismo do nitrogênio, seja pela sua participação na composição de
aminoácidos (metionina, cistina, cisteína e taurina), bem como na composição da
ferrodoxina, enzima-chave no processo de fixação simbiótica de N2 atmosférico (Vitti &
Trevisan, 2000) citado por Vitti et al. (2001).

Figura 24: S x nodulação na soja


49

Figura 25: Efeito da adubação com enxofre na soja

Quanto ao plantio da soja para rotação com cana-de-açúcar, deve-se escolher


variedades precoces a médias, utilizando-se de terrenos mecanizáveis do ponto de vista da
colheita. As vantagens da utilização dessa leguminosa em rotação com a cana são:
• Absorve os custos de preparo do solo, entendendo-se como tal: operações
mecanizadas (arações, gradagens, terraceamento, distribuição do calcário, distribuição de
adubos em área total);
• Absorve os custos de calcário e adubo em área total;
• Reduz a pressão da sementeira de ervas daninhas através do controle de folhas
estreitas pelo uso da trifluralina;
• Produz benefícios diretos (uso de leguminosas): fixação biológica de nitrogênio,
incorporação de matéria orgânica e conservação do solo, resultando na redução do uso de
nitrogênio fertilizante em cana-planta.
Assim, como no caso da soja, o amendoim é cultura interessante principalmente em
áreas com nematóides, pois apresenta efeitos que diminuem a presença destes na área. O
amendoim apresenta ainda, baixa exigência em fertilidade do solo, dependendo
principalmente do fornecimento de P, Ca e S, os quais podem ser fornecidos através do
superfosfato simples, bem como de Ca e S na forma de gesso agrícola, no florescimento, na
dose de 1,0 t/ha. No entanto, não apresenta vantagens no aspecto conservacionista da área,
50

sendo recomendado em locais planos a suavemente ondulados, com baixo potencial de


erosão.
Em casos de áreas com histórico de fertirrigação de vinhaças, que apresentem teores
excessivos de potássio, pode-se proceder com rotação com a cultura de milho para silagem
(alta extração de K), dispensando a adubação potássica de plantio e de cobertura.

Figura 26: Rotação soja / cana (Catanduva – SP)

Figura 27: Plantio direto na cana-de-açúcar


51

Figura 28: Meiose soja / cana (Rio Brilhante – MS)

A ocorrência de deficiência de micronutrientes na cultura da soja, limitando a


produtividade e influenciando na qualidade e nos aspectos fitossanitários da cultura, tem
aumentado de modo preocupante, salientando a importância de fornece-los a cultura.
Na cultura da soja os micronutrientes podem ser aplicados tanto via solo como via
foliar e via semente.
As fonte de micronutrientes geralmente aplicadas via solo estão relacionadas na Tabela
20.

Tabela 20. Fontes de micronutrientes mais indicadas para aplicação via solo na cultura
da soja.
Dose (kg.ha-1)
Nutriente Fonte
BORKERT et al., 1994 MASCARENHAS et al., 1996
Bórax (11% B) 0,5 a 1,0 1,0
Boro
Ulexita (8% B) 0,5 a 1,0 1,0
Zinco Oxi-sulfatos 4,0 a 6,0 5,0
Manganês Oxi-sulfatos 2,5 a 6,0 5,0(1)
Cobre Oxi-sulfatos 0,5 a 2,0 2,0
Quando Mn ≤ 1,5 mg.dm-3 DTPA.
(1)

Esses micronutrientes podem ser aplicados no sulco de plantio juntamente com a


formulação P2O5 – K2O como mistura de grânulos que é o modo mais econômico, porém
este apresenta problemas de segregação; mistura granulada, mais cara, porém mais
52

eficiente; micro na base, agregado principalmente ao superfosfato simples ou como fontes


de P2O5 contendo micro, como termofosfato e multifosfatos.
Mesmo com a aplicação preventiva de Mn no sulco de plantio tem-se observado, de
maneira generalizada, deficiência desse nutriente, principalmente em áreas sob plantio
direto com mais de três anos de adoção dessa prática. Desta forma, SILVA (2000) testando
doses de manganês nas formas de sulfato, oxi-sulfato e quelato, aplicados via foliar nos
estádios V4 e R1 e via solo, obteve ganhos significativos de produção (550 kg.ha-1) nos
tratamentos que receberam Mn via foliar, em relação a testemunha. Os tratamentos que
receberam Mn via solo não se diferenciaram significativamente da testemunha, tendo um
incremento médio a produção de 265 kg.ha-1. O teor de óleo dos grãos, bem como a
qualidade das sementes foi influenciado positivamente pelo fornecimento de Mn.
Assim, quanto à aplicação de micronutrientes via foliar na cultura da soja, recomenda-
se à dose de 150g (quelatizado a base de cloreto) a 200 g.ha-1 (quelatizado a base de
sulfato) ou 300 a 350 g de sal de Mn, sendo metade da dose aplicada no estádio V4 e
metade no R1. Para os demais micronutrientes entendemos também que tende a crescer a
possibilidade de utilização via foliar, principalmente de Cu e Zn, ambos na dose de 50 a
150g.ha-1 sem metade aplicada no estádio V4 e metade em R1.
Na aplicação via semente, na cultura da soja, utiliza-se tradicionalmente o molibdênio
(Mo) e o cobalto (Co), como já foi citado anteriormente.

13. Adubação orgânica

Segundo Ishimura (2000), o fornecimento, constante e efetivo de material orgânico


para o solo, propicia o efeito positivo cumulativo de suprimento de nutrientes, e de
benefícios físicos e biológicos, porém, a origem e tipo de resíduos orgânicos é importante.
Após a aplicação do adubo orgânico há o enriquecimento biológico do solo, passando por
uma fase de intensa atividade de microorganismos, podendo ocorrer um redução do
nitrogênio disponível para a cultura devido á sua absorção pelos microorganismos para
decompor o material. A intensidade da deficiência de nitrogênio, depende da relação C/N
do material e da quantidade utilizada.
53

Os dois principais resíduos orgânicos da cana-de-açúcar são a torta de filtro e a


vinhaça.
A torta, mais rica em P2O5 e CaO, é empregada principalmente em cana-planta, nas
dosagens de 30 t/ha (sulco) e 60 t/ha (área total), substituindo parcial ou totalmente a
adubação fosfatada, dependendo da dose de P2O5 recomendada.
A vinhaça é empregada principalmente em cana-soca, fornecendo todo o K2O e
parte do N, sendo este último complementado por adubos fluidos (aquamônia, uran,
sulfuran) ou adubos sólidos (uréia, nitrato de amônio ou sulfato de amônio).
Além da torta e da vinhaça, há também a possibilidade da elaboração de
compostagem, como:
• Torta de filtro + cinzas de caldeira;
• Palhada da colheita da cana crua + torta de filtro.
A grande vantagem do composto de torta de filtro com cinzas de caldeira é a
redução de umidade da mistura, possibilitando a aplicação de doses mais uniformes do
composto.
Há também a possibilidade da utilização de resíduos de indústrias alimentícias,
como o Agifer ou Orifer, os quais podem ser utilizados como fonte exclusiva de nitrogênio
em cana-soca, aplicando-os isoladamente ou misturados ao cloreto de potássio.
A tabela 21 mostra a composição do resíduo Orifer 2 e Orifer 5, assim como sua
densidade e relação C/N.
Tabela 21 – Composição do resíduo Orifer 2 e Orifer 5
Características Orifer 2 Orifer 5
Densidade 1,08 1,15
M.O. Total 13,0 36,7
Aminoácidos 13,5 6,9
N Total 2,0 4,5
Fósforo (P2O5) 0,07 0,13
Potássio (K2O) 0,45 0,90
Cálcio (Ca) 0,01 0,015
Magnésio (Mg) 0,034 0,08
Enxofre (S) 1,0 2,0
Cobre (Cu) 1g/t 2g/t
Manganês (Mn) 9g/t 23g/t
Zinco (Zn) 2g/t 2g/t
Ferro (Fe) 33g/t 5g/t
C/N 3/1 2/1
54

A quantidade de resíduo Orifer 5 a ser utilizado na adubação de cobertura da cana-


soca será estimada em função da quantidade de N que se deseja aplicar, conforme a
produção esperada, apresentado na Tabela 22. Para complementação da dose de K2O, o
Agifer pode ser misturado com o KCl em pó, na proporção de 250 kg/ha de KCl em pó
mais 3200l/há do resíduo, fornecendo as quantidades de nutrientes apresentadas na Tabela
23.

Tabela 22: Dosagem de aplicação do resíduo Agifer 5 em adubação de cana-soca, e


respectiva quantidade de N e K2O adicionada.
Produção (t/ha) Quantidade (l/ha) kg/ha N kg/ha K2O
< 70 2000 90 18
70-90 2300 103 21
>90 2700 120 25
FONTE: Martins, J.P. (Informação pessoal)

Tabela 23: Aplicação de 3200 l/ha de ORIFER 5 + 250 kg/ha de KCl pó:
N K2O
kg ha1
AGIFER 5 145 30
KCL pó - 150
145 180
RELAÇÃO N/K2O 1,0/1,25
FONTE: Martins (Informação pessoal)

Quando do uso do composto de torta de filtro com cinzas de caldeira, proceder


análise do mesmo em termos de matéria úmida, e considerar eficiência de 50% como fonte
de N e P2O5 e de 70% para K2O no primeiro ano de aplicação, a fim de se determinar a
dose complementar de adubação mineral.
55

14. Adubação mineral N-P2O5-K2O

14.1. Adubação de plantio

A adubação no sulco de plantio é realizada em função dos teores de P e K da análise


de solo (Tabela 24), enquanto a de N pelo histórico da área. Recomenda-se aplicar em
média cerca de 30 a 40 kg de N/ha. Quando houver cultivo de leguminosas, a adubação
com N pode ser dispensada.

Tabela 24. Adubação mineral de plantio com base na análise de solo visando altas
produtividades.
N P-resina P2O5 K K2O(2)
kg.ha-1 mg/dm-3 kg.ha-1 mmolc/dm3 kg.ha-1
40 0-6(1) 170 <0,7 170
40 7-15(2) 150 0,8-1,5 140
40 16-40 100 1,6-3,0 110
40 >40 70 3,1-5,0 80
>5,0 0

(1)
Em solos com teor de argila < 25% utilizar 100 a 150 kg de P2O5/ha em área
total, acrescidos de 100 kg de P2O5/ha no sulco de plantio.
(2)
Em Areias Quartzosas (Neossolos Quartzarênicos) e Latossolos aplicar no
máximo 100 kg de K2O/ha no sulco de plantio, e o restante em cobertura, antes do
fechamento do canavial.

14.2. Adubação da cana-soca

Na adubação nitrogenada da cana-soca utilizar aproximadamente 1,0 kg de N por


tonelada de colmos esperada, enquanto na adubação potássica tomar como base as
expectativas de produtividade, bem como os teores de K da análise de solo (amostragem da
56

soqueira), quando disponíveis, porém procurando sempre observar uma relação N: K2O da
adubação na faixa de 1:1 a 1,5 (Tabelas 25 e 26).

Tabela 25: Adubação mineral de cana-soca, em função da expectativa de


produtividade (VITTI&MAZZA, 2002)

Produtividade esperada N K2O


t.ha-1 kg.ha-1
65 – 80 80 100
81 – 100 100 130
> 100 120 160

Tabela 26: Recomendação de adubação para cana-soca, baseada nas análises de


solo (adaptado de VITTI&MAZZA, 2002).
K (mmolc.dm-3) K2O (kg.ha-1)
< 1,5 150
1,6 – 3,0 110
> 3,0 80

A mudança do sistema de colheita de cana, com prévia despalha à fogo para cana
crua colhida mecanicamente, é um processo irreversível, estando prevista na legislação do
setor sucro-alcooleiro. Essa mudança representa vantagens, dentre outras, para a
conservação do solo, manutenção da umidade e reciclagem de nutrientes. No entanto,
implicará numa maior dificuldade para aplicação dos fertilizantes, em razão da necessidade
de incorporá-los durante o cultivo e para a recomposição da porosidade do solo devido ao
tráfego agrícola.
Essa dificuldade é preocupante, haja visto que a uréia é o fertilizante utilizado em
maior quantidade devido a sua economicidade, ampliando os riscos de perdas por
volatilização, comparada às demais fontes. Portanto, é indispensável que esse fertilizante
57

seja aplicado em profundidade, utilizando implementos que apresentem discos de corte


acoplados, para proceder ao corte da palhada e dispor o fertilizante no interior do solo,
sendo suficiente o enterrio a 5 cm de profundidade para reduzir as perdas a níveis que não
ultrapassem 5%.
Quando a uréia foi alocada superficialmente em solos cobertos por palha, as perdas
por volatilização foram elevadas, atingindo níveis entre 50% e 94% (WOOD, 1991 e
OLIVEIRA et al., 1997). Tais resultados se originam da atividade da enzima urease na
presença de umidade, altas temperaturas, exposição à ação dos ventos e pela ausência de
sítios de adsorção da amônia. O fenômeno pode ser agravado em conseqüência da baixa
capacidade de retenção do gás produzido, ou parcialmente controlado pelas condições
climáticas como chuva e irrigação com vinhaça, as quais podem arrastar o fertilizante em
profundidade, diminuindo a volatilização, estimando- se que sejam suficientes, para tanto,
15 mm de chuva após a adubação. A hidrólise da uréia não ocorre na falta de umidade,
entretanto, o orvalho e a ascensão da umidade do solo durante o período noturno são
suficientes para desencadear o processo.
Fontes de nitrogênio como nitrato de amônio e sulfato de amônio não estão sujeitas
a perdas significativas por volatilização da amônia, no entanto, qualquer uma delas,
inclusive a uréia, pode sofrer perdas por desnitrificação como conseqüência da diminuição
da aeração, pela maior umidade, combinada com os problemas físicos de compactação e na
presença de compostos de carbono solúveis (CANTARELLA, 1998).
A reciclagem de nutrientes imobilizados na palhada da cultura no sistema de cana
crua é mais lento, com exceção do potássio, considerando-se os macronutrientes primários,
conforme indicam os dados da Tabela 25. Verifica-se que apenas 20% da matéria seca e
18% do N são mineralizados, enquanto a totalidade do P e do S permanecem inalterados
após 12 meses do corte da cana-de-açúcar.
58

Tabela 25. Massa de matéria seca da palha de cana crua, quantidade de nutrientes e
carboidratos estruturais nas amostras realizadas em 1996 e na palha remanescente em 1997
(OLIVEIRA et al., 1999).

Ano MS N P K Ca Mg S C
t/ha ----------------------------kg/ha----------------------------------
1996 13,9 a 64 a 6,6 a 66 a 25 a 13 a 9a 6.255 a
1997 10,8 b 53 a 6,6 a 10 b 14 b 8b 8 a 3.642 b
Conteúdo
Ano Hemicelulose Celulose Lignina C/N C/S C/P
celular
-----------------------------kg/ha-----------------------
1996 3.747 a 5.376 a 1.043 a 3.227 a 97 a 695 947
1997 943 b 6.619 a 1.053 a 2.961 b 68 b 455 552

Os dados contidos na Tabela 20 indicam que o manejo do N no sistema de cana crua


deve ser modificado em relação ao tradicionalmente adotado com despalha pelo fogo. As
altas relações C/N, C/P e C/S, iguais a 97, 947 e 695 na palha recém-colhida, e 68, 552 e
455 na palha remanescente, respectivamente, evidenciam que o N não está disponível para
a cultura no período considerado (OLIVEIRA, et al., 1999). Portanto, a cultura
provavelmente responderá à aplicação do nutriente, e nesse caso a escolha da fonte recairá
sobre aquela que apresentar a melhor relação benefício/custo, considerando a necessidade
da sua incorporação com implementos apropriados.
Da análise de tais implicações surge a possibilidade do incremento da utilização de
fontes nitrogenadas obtidas a partir das misturas das mesmas, como descrito a seguir:

a) Uran: adubo fluido obtido da mistura do nitrato de amônio com uréia; NH4NO3
(44,3%) + CO(NH2)2 (35,4%) + H2O (20,3%), apresentando 32% N (14% NH2, 9% NH4
e 9% NO3) com densidade de 1,326 g.cm-3;
59

b) Sulfuran: adubo fluido obtido da mistura de uran com sulfato de amônio;


apresentando 20% N (8% NH2; 8% NH4; 4% NO3 e 4% S) com densidade de 1,26 g.cm-3;

c) Sulfonitrato de amônio: adubo sólido obtido da mistura de nitrato de amônio


(76%) com sulfato de amônio (21%) mais condicionador 3%, apresentando 5 a 6% de S e
28 a 29% de N;

d) Uréia + Sulfato de amônio: mistura que reduz a volatilização de NH3 devido à


menor quantidade de uréia, bem como pelo efeito acidificante do sulfato de amônio. Outra
vantagem é a relação N/S, bem mais adequada para as culturas, que pode ser proporcionada
pela mistura de 500 kg de uréia com 500 kg de sulfato de amônio, originando a fórmula:
32-00-00-12.

Estas misturas apresentam menores perdas por volatilização, e combinadas com o


fornecimento de N e S (com exceção do uran) poderão aumentar a mineralização da
palhada pelo abaixamento das relações C/N e C/S, respectivamente, bem como constituem
fonte para o suprimento desses nutrientes para as soqueiras de cana.
Quanto ao K, analisando-se ainda a Tabela 20, observa-se que provavelmente as
doses do mesmo em adubação de soqueiras poderão ser reduzidas, em virtude da alta
reciclagem do mesmo na matéria seca da palhada, com conseqüente mobilização para o
solo.
Em relação à adubação fosfatada de soqueira, as condições de resposta à aplicação
de P2O5 se darão quando na análise de solo as condições de acidez forem satisfatórias, isto
é, V% > 50% e quando os teores de P no solo forem baixos [P-resina < 15 mg.dm-3).
Assim, sabendo-se que 10 mg.dm-3 de P equivalem a 46 kg.ha-1 de P2O5 na
camada de 0-20 cm (considerando a densidade do solo igual a 1,0) e que 100 t.ha-1 de
colmos extraem cerca de 45 kg.ha-1 de P2O5, o não fornecimento de P levará a um
esgotamento desse nutriente no solo, necessitando, portanto, da reaplicação de P2O5.
Por exemplo: utilizando-se da fórmula 18-06-24, podem ser sugeridas as seguintes
doses da mesma em função da produtividade, com as quantidades de P2O5
correspondentes:
60

Dose (kg/ha) 400 (24kg P2O5) 500 (30 kg P2O5) 600 (36 kg P2O5)
Produtividade (t/ha) <80 80-100 >100

As fórmulas mais recomendadas para o fornecimento simultâneo de N-P2O5-K2O


em soqueiras são:
Fórmulas N/K2O
18 - 06 - 24 1,3
20 - 05 - 25 1,3
15 - 05 - 25 1,6
18 - 05 - 27 1,5

14.3. Adubação com enxofre

O fornecimento de enxofre é fundamental para o sucesso na cultura de cana-de-


açúcar pelas funções que o mesmo desempenha na planta, na composição de aminoácidos
(metionina, cistina, cisteína e taurina), bem como na composição da ferrodoxina, enzima-
chave no processo da fixação simbiótica do N2 atmosférico. Esses fatores, aliado à
deficiência generalizada desse nutriente em solos sob vegetação de cerrado, requerem
especial atenção quando no manejo deste nutriente.
As áreas com maiores possibilidades de resposta ao enxofre são:

a) Sem aplicação de resíduos orgânicos, ou de gesso agrícola;


b) Mais distantes da usina (sem retorno do SO2 da queima do bagaço);
c) Em solos de baixa CTC.

Assim, o enxofre pode ser fornecido para a cultura da cana-de-açúcar nas seguintes
maneiras:
Utilização da prática da gessagem, visando o condicionamento do subsolo. Nesse
caso, o fornecimento de enxofre estará sendo atendido por, no mínimo, dois cortes.
61

Utilização de fontes de P2O5 contendo esse nutriente, como: superfosfato simples


(12% S), termofosfato (6% S) ou do multifosfato magnesiano (4 a 10% S), no programa
regular de adubação.
Utilização de gesso agrícola (15% S) em área total com o objetivo de fornecer
enxofre para a cultura.
A dose de enxofre recomendada por corte ou safra, considerando os fatores
nutricionais e de perdas, é aproximadamente entre 50 e 60 kg.ha-1, considerando teores
médios deste nutriente no solo.
Do ponto de vista prático, o fornecimento de S via formulação tem apresentado-se
deficiente devido às baixas concentrações deste nutriente nas formulações comercias mais
utilizadas. Formulações com concentração de enxofre suficiente para atender a necessidade
nutricional desta cultura, geralmente, apresentam baixa concentração de P e K,
necessitando de serem utilizadas em altas dosagens, implicando-se em baixo rendimento da
operação de aplicação.
Como alternativa à aplicação deste nutriente, pode-se proceder com a utilização de
gesso agrícola, que por questões de operacionalidade recomenda-se utilizara dose de 500
kg.ha-1 (75 kg.ha-1 de S), aplicados em área total.

14.4. Formulações de fertilizantes mais usuais para cana-de-açúcar

14.4.1. Formulações sólidas

Cana-planta Cana-soca
05-30-25 04-10-20 18-00-27 20-05-20
04-20-25 04-20-20 18-05-27 18-06-24
00-20-25 04-20-15 18-00-36 20-05-25
00-20-30 05-25-25 20-00-25 22,5-00-30
20-00-20 15-08-25
62

14.4.2. Adubos fluidos

Cana-planta Cana-soca
03-15-12 Área com vinhaça Área sem vinhaça
03-15-10 Aquamônia: NH4OH (20%N) 18-00-12
03-15-15 Uran: 32-00-00 10-00-15
Sulfuran: 20-00-00-04 15-00-15

15. Adubação com micronutrientes

Quanto aos micronutrientes, não existe comprovação de resposta significativa da


cana ao uso dos mesmos, salvo nos tabuleiros terciários; porém, em sistemas de alta
produtividade, é importante acompanhar a possibilidade de deficiência
Através da diagnose visual, diagnose foliar, análise do solo e histórico da área.
Assim, a título de sugestão, estão apresentadas na tabela 21 as doses e fontes de
micronutrientes em função de seus teores no solo.
Há também a possibilidade da utilização de Molibdênio (Mo) junto da aplicação de
N principalmente em cobertura via foliar (trator ou avião) e do manganês principalmente
quando do cultivo em solos óxidos de cerrado.

15.1. Fatores relacionados à deficiência e/ou disponibilidade

Enquanto as necessidades dos macronutriente (N, P, Ca, Mg, S) são medidas em


quilogramas, os micronutrientes são fornecidos em gramas.há-1. Entretanto, se essas gramas
não estiverem presentes no solo ou não forem fornecidos através da adubação, a produção
será prejudicada, mesmo que os outros nutrientes apareçam nas quantidades ideais: é a “Lei
do mínimo”, válida para todos os insumos ou fatores de produção.
O equilíbrio dos micronutrientes no solo esta apresentado no esquema a seguir.
63

Fixado Absorvido
Minerais Cristalinos Solução Absorção
e Amorfos Liberado do solo Liberação pelas plantas

Mineralizado Adsorvido
Matéria Orgânica Imobilizado Liberação Adsorvido na
e microorganismos fração colidal

A disponibilidade de micronutrientes parar as plantas (presença deste nutriente na


solução do solo) depende de vários fatores, conforme apresentado por VITTI &
TREVISAN, 2000.
a) Material de origem do solo
b) Reação do solo (pH)
c) Textura do solo
d) Aeração do solo (nos casos do Ferro, do Manganês e do Cobre)
e) Práticas culturais (Calagem, adubação fosfatada, plantio direto)
f) Características genéticas da planta
g) Desbalanceamento entre cátions metálicos (Fe, Cu, Mn e Zn).
Quanto ao material de origem e à textura, fatores não controlados pelo homem, tem-se
que solos originários de arenito e solos de textura grosseira apresentam maiores
probabilidades de resposta a micronutrientes, em relação, por exemplo, a solos originários
de basalto e solos de textura mais fina (maior poder tampão).

A influência da reação do solo na disponibilidade de micronutrientes está apresentada


na Figura 29.
64

Figura 29. Relação entre pH (H2O) do solo e disponibilidade de micronutrientes.


Fonte: MALAVOLTA, 1979.

Analisando a Figura 1 observa-se que a calagem aumenta linearmente a


disponibilidade do molibdênio (MoO4-2) e diminui a dos cátions metálicos (Fe+2, Cu+2,
Mn+2, Zn+2 e Co+2), enquanto o boro (H3BO3 ou H2BO3-1) apresenta efeito quadrático, ou
seja, baixa disponibilidade em reação ácida (falta de mineralização da matéria orgânica) e
queda na disponibilidade em pH próximo da neutralidade (aumenta a lixiviação pelo
aumento da CTC do solo e pelo aumento na relação Ca/B).
Além da calagem, outras práticas tendem a afetar a disponibilidade dos
micronutrientes, como: adubação fosfatada (H2PO4-1 vs. Zn+2 ou Cu+2 ou Mn+2), isto é,
formação de precipitado pouco solúvel do H2PO4-1 com os cátions metálicos; plantio direto,
pela formação de quelados estáveis dos micronutrientes metálicos com a matéria orgânica,
seguindo a seguinte ordem decrescente de estabilidade: Cu+2 > Fe+2 > Co+2 > Zn+2 > Mn+2;
desbalanceamento entre cátions metálicos, causando a chamada inibição competitiva, na
qual a presença de um íon A diminui a absorção do íon B por competirem pelo mesmo
carregador, conforme abaixo exemplificado:
65

íon A íon B (afetado)


Cu+2 Zn+2
Fe+2 Mn+2
Cu+2 Fe+2
Mn+2 Zn+2

Outros fatores importantes são as características genéticas da planta, por exemplo, a


soja apresenta diferenças entre as cultivares quanto à sensibilidade à deficiência de
manganês. Cultivares mais suscetíveis à deficiência de manganês não são capazes de
reduzir esse elemento na superfície da raiz através da excreção de ácidos orgânicos (GODO
& REISENAUER, 1980), conforme a reação abaixo simplificada.
Superfície da raiz
+4 -
Mn + e Mn+2
Insolúvel Solúvel
LOPES & CARVALHO, (1988) apresentaram os fatores que mais influenciam na
disponibilidade dos micronutrientes, como apresentado a seguir.
a) Boro: maior disponibilidade na faixa de pH 5.0 a 7.0; condições de alta pluviosidade
e altos graus de perdas por lixiviação, reduzem a disponibilidade, principalmente em
solos mais arenosos; condições de seca aceleram o aparecimento de sintomas de
deficiência, que, muitas vezes tendem a desaparecer quando a umidade do solo
atinge níveis adequados. Dois fatores explicam esse comportamento: a matéria
orgânica é uma importante fonte de boro para o solo. Sob condições de seca a
decomposição dessa diminui, liberando menos boro para a solução do solo.
Condições de seca reduzem o crescimento das raízes, induzindo a menor exploração
do volume do solo, o que leva a um menor índice de absorção de nutrientes,
inclusive boro.
b) Cobre: maior disponibilidade na faixa de pH 5,0 a 6,5; solos orgânicos são os mais
prováveis de apresentarem deficiência de cobre. Tais solos geralmente apresentam
abundância desse micronutriente, mas formam complexos tão estáveis com a
matéria orgânica que somente pequenas quantidades são disponíveis para a cultura;
solos arenosos com baixos teores de matéria orgânica podem tornar-se deficientes
em cobre em função de perdas por lixiviação; solos argilosos apresentam menores
probabilidade de apresentarem deficiências desse micronutriente; a presença
66

excessiva dos íons ferro, manganês e alumínio reduz a disponibilidade de cobre para
as plantas. Esse efeito é independente do tipo de solo.
c) Ferro: maior disponibilidade na faixa de pH 4.0 a 6.0; a deficiência de ferro, na
maioria das vezes, é causada por desequilíbrio na relação com outros metais, tais
com molibdênio, cobre e manganês; outros fatores que podem levar a deficiência de
ferro são: excesso de fósforo no solo, efeitos combinados de pH elevado, calagem
excessiva, encharcamento, baixas temperaturas e altos níveis de bicarbonato.
d) Manganês: maior disponibilidade na faixa de pH 5.0 a 6.5; solos orgânicos, pela
formação de complexos muito estáveis entre matéria orgânica e manganês, tendem
apresentar problemas de deficiência; a umidade do solo também afeta a
disponibilidade de manganês. Os sintomas de deficiência são mais severos em solos
com alto teor de umidade durante a estação fria. Os sintomas tendem a desaparecer
à medida que o solo seca e a temperatura se eleva; solos arenosos, com baixa CTC e
sujeitos a altos índices pluviométricos são os mais propensos apresentar problemas
de deficiência desse micronutriente; excesso de cálcio, magnésio e ferro pode,
também, causar deficiência de manganês.
e) Zinco: maior disponibilidade na faixa de pH 5.0 a 6.5; a deficiência aparece mais
facilmente em solos que recebem doses de corretivos para elevar o pH acima de
6.0.
f) Molibdênio: as deficiências (< 0,15 ppm) ocorrem em solos ácidos, arenosos, e em
solos muito cultivados sem aplicação suplementar deste nutriente.

Percebe-se que a disponibilidade dos micronutrientes depende de vários fatores que


podem diminuir a eficiência de aproveitamento destes pelas plantas. Isto ressalta a
importância de se fornecer os micronutrientes de maneira que as plantas consigam
aproveitá-los eficientemente., neste contexto torna-se fundamental conhecer o método de
aplicação mais adequado para cada um deles.
67

15.2.Fornecimento de micronutrientes

Os micronutrientes podem ser fornecidos as plantas de três maneiras não exclusivas,


via foliar, via semente e via solo.

15.2.1. Adubação via solo

A adubação via solo pode ser realizada a lanço com incorporação, onde os nutrientes
são distribuídos uniformemente na superfície do solo, isoladamente ou em misturas com
NPK, e a seguir incorporados, isto é bastante realizado em culturas anuais sob sistema
convencional e em pastagem em formação. Em culturas sob sistema de plantio direto ou
culturas perenes já estabelecidas deve-se aplicar os micronutrientes a lanço, isoladamente
ou em misturas NPK, sem incorporá-los.
Pode-se utilizar também a aplicação em linhas, onde aplica-se os micronutrientes com
a semeadora-adubadora na linha de semeadura, com misturas de NPK ou isolados, ao lado e
abaixo das sementes. Um outro modo de aplicação é em covas de plantio, neste caso os
micronutrientes são misturados ao material de solo de covas de plantio. Este método é
normalmente utilizado em culturas perenes.
O mais recomendado é a aplicação dos micronutrientes no sulco de plantio através
mistura N-P2O5-K2O que pode ser realizada de quatro formas:
- Mistura de grânulos: mais econômica, porém apresenta problemas de segregação;
- Mistura granulada: mais cara, porém mais eficiente;
- Micro na base, agregado principalmente ao superfosfato simples
- Fontes de P2O5 contendo micro, como termofosfato e multifosfatos.
Como fontes de micronutrientes para o Boro recomenda-se o uso de ulexita e para os
demais, o uso de oxi-sulfatos. É importante que no primeiro ano de implantação se forneça
boro e micros metálicos, sendo que o primeiro deve ser aplicado via solo anualmente.
68

15.2.2. Adubação via sementes

O tratamento de sementes é uma outra alternativa para a aplicação de alguns


micronutrientes, cuja doses a serem aplicadas são bastante reduzidas. Uma das grandes
vantagens desse método de aplicação é a precisão com que se consegue aplicar a dose
recomendada.
A eficiência desse tecnologia de aplicação é comprovada por diversos autores,
principalmente para o molibdênio e o cobalto em leguminosas, com vista a fixação
simbiótica do nitrogênio, e também, para o Zn principalmente para a cultura dos cereias.

15.2.3. Adubação foliar

A vida vegetal originalmente aquática, dependia de toda superfície da planta para


absorção de nutrientes, água, luz e gás carbônico. Com a evolução, algumas formas
vegetais conquistaram o ambiente terrestre, sendo que neste novo ambiente a absorção de
água e nutrientes ficou a cargo das raízes, enquanto que a fotossíntese e absorção de gás
carbônico ficaram a cargo da parte aérea. Por isso, a parte aérea das plantas, principalmente
as folhas, mesmo estando altamente adaptadas a realização de fotossíntese não perderam a
capacidade de absorver água e nutrientes. Assim, uma outra maneira de fornecer nutrientes
para as plantas é através da adubação foliar.
A adubação foliar tem a finalidade de corrigir imediatamente as deficiências de
nutrientes, servindo como complemento da adubação via solo. Este tipo de adubação é
utilizada principalmente para os micronutrientes, pois como estes são exigidos em pequenas
quantidades, quando fornecidos via solo podem não ser absorvido pelas plantas. Os
macronutrientes também podem ser aplicados via foliar como complemento da adubação
via solo para fornecer estes nutrientes na época de elevada exigência das culturas.
Segundo SILVA (1999), a adubação foliar tem se desenvolvido rapidamente devido a
fatores como: empobrecimento acelerado dos solos devido a produtividade crescente das
culturas; cultivo continuado de certas áreas com plantas perenes o que tornou freqüente o
aparecimento de deficiências; aplicação de elevadas quantidades de calcário, elevando o pH
69

e tornando os micronutrientes do solo menos disponíveis para as culturas e avanço da


agricultura em solos do cerrado, o quais originalmente são deficientes em micronutrientes.

15.3. Absorção foliar

Tanto a absorção dos nutrientes pelas raízes como pelas folhas ocorrem em duas
etapas: uma passiva e outra ativa.
A fase passiva da absorção é muito rápida e reversível, ao passo que a ativa é mais
demorada, mas irreversível.
Na fase passiva não ocorre gasto de energia metabólica. Os nutrientes vão de um local
de alta concentração (superfície da folha) para uma de baixa concentração (espaços
intercelulares).
Na fase ativa há gastos de energia pois os nutrientes devem vencer uma barreira
metabólica que é o plasmalema, isto é, devem entrar nas células.
A Tabela 26 fornece uma idéia da velocidade de absorção de nutrientes pela folha.

Tabela 26. Velocidade de absorção dos nutrientes aplicados via foliar.


Nutriente Tempo para 50% de absorção
Nitrogênio 2 a 36 horas
Fósforo 16 horas a 15 dias
Potássio 10 horas a 4 dias
Cálcio 2 a 4 horas
Magnésio 10 a 24 horas
Enxofre 16 horas a 4 dias
*
Ferro 10 a 20 dias
*
Manganês 1 a 2 dias
Zinco* 1 a 2 dias
*
Fonte do nutriente: sulfato
Fonte: ROSOLEM, 1986.

Observa-se que de maneira geral a absorção do nitrogênio na forma de uréia é superior


aos demais nutrientes. A absorção de cálcio pelas folhas também é muito rápida. Os
70

micronutrientes, zinco e manganês, na forma de sulfatos levam em média de 1 a 2 dias para


que as folhas absorvam 50% do que foi aplicado. Quando os nutrientes estão ligados ao
cloreto a absorção também é extremamente rápida.
Após a absorção, o nutriente será translocado a longas distâncias dependendo da sua
mobilidade no floema (ver Tabela 4). Verifica-se que o nitrogênio além da absorção
relativamente rápida apresenta uma alta mobilidade no floema. Os micronutrientes
catiônicos (cobre, ferro, manganêns e zinco) apresentam baixa mobilidade no floema.
No caso específico dos nutrientes imóveis, cálcio e boro, a aplicação foliar tem por
objetivo a correção de deficiências eventuais. Detectada a sua deficiência é necessário a sua
aplicação no solo e uma suplementação via foliar.

15.4. Fatores que influenciam a absorção foliar

Existem diversos fatores que podem influenciar a absorção foliar e podem ser divididos
em fatores intrínsecos ou internos, relacionados com a própria planta, e fatores extrínsecos
ou externos que independente da planta.

15.4.1. Fatores intrínsecos ou internos

a) Idade da folha: Quanto mais velha a folha, menor a absorção de nutrientes, seja em
função da estrutura e composição da cutícula, seja em função da menor atividade
metabólica. A aplicação dos nutrientes deve ser direcionada para as folhas mais
novas.
b) Estado iônico interno: A capacidade de absorção foliar pode ser limitada pela
quantidade de nutrientes já contido na folha, uma vez que plantas deficientes em um
nutriente o absorvem mais rapidamente que plantas bem nutridas.
c) Umidade da cutícula: Se a cutícula estiver com baixo teor de umidade há uma
diminuição na absorção foliar de nutrientes devido ao fechamento dos estômatos.
Desta forma, para haver uma boa taxa de absorção foliar é necessário que a cutícula
esteja hidratada, o que além de melhorar a permeabilidade da mesma, permite a
71

abertura das células-guardas, predispondo os estômatos a absorção de nutrientes. Se


o solo estiver muito seco, é preferível, irrigá-lo antes da pulverização da cultura.
d) Superfície da folha: A parte inferior ou dorsal absorve mais nutrientes (Tabela 27).
Os principais motivos são: menor espessura da cutícula e maior números de
estômatos.

Tabela 27. Absorção de zinco pelo cafeeiro novo em função do método de aplicação.
Parte Tratada Absorção relativa Atividade absorvida (% da fornecida)
Raízes 100 5,0
Página superior 185 12,0
Folhas página inferior 646 42,0
Ambas 313 20,5
Fonte: MALAVOLTA, 1980.

15.4.2. Fatores extrínsecos ou externos

a) Concentração das soluções: Com manejo adequado e dependendo das condições


ambientais (temperatura, umidade do ar e do solo) é possível reduzir o volume da
solução de pulverização e aumentar a sua concentração sem causar danos às folhas.
b) pH da solução: Para cada nutriente existe uma faixa de pH ideal para
pulverização. A melhor faixa de pH para a absorção da uréia situa-se entre 5 a 8
embora com pH acima de 7 possa ocorrer perda de nitrogênio por volatilização.
Para o zinco na forma de sulfato, o pH mais adequado é 6. Como normalmente, são
utilizadas formulações com mais de um nutriente é aconselhável manter o pH da
solução na faixa de 5 a 6 (MALAVOLTA, 1981). Além disso, em meio ácido há
uma melhora na eficiência agronômica dos defensivos agrícolas.
c) Luz: A absorção foliar tem uma fase ativa com consumo de energia (absorção
ativa). Além disso, o transporte via floema também é um processo que consome
energia, assim a adubação foliar deve ser realizada preferencialmente durante o dia.
d) Umidade atmosférica e do solo: Existem dois tipos de umidade que afetam a
absorção foliar: umidade atmosférica e a umidade do solo. Se a umidade relativa do
72

ar for muito baixa, haverá grande transpiração e a solução aplicada secará muito
rapidamente, o que pode prejudicar a absorção do nutriente e causar queima das
folhas. Esse problema pode ser minimizado até certo ponto através do horário de
aplicação, conforme observado por ROSOLEM (1986) e apresentado na Tabela 28.
Com relação à umidade do solo, esta determina o grau de hidratação das plantas e
portanto, da cutícula. Só ocorre uma boa taxa de absorção de nutrientes pelas folhas
se o solo apresentar teor adequado de umidade e as folhas estiverem hidratadas.

Tabela 28. Efeito do horário de aplicação do adubo foliar na cultura da soja.


Hora do dia Produtividade (kg/ha) Índice
8:00 2.350 114
11:00 2.180 106
14:00 2.060 100
18:00 2.550 124
Fonte: ROSOLEM, 1986.

e) Temperatura: A temperatura mais adequada para a absorção foliar é aquela mais


adequada para o próprio desenvolvimento das plantas. Normalmente, deve-se evitar
os extremos, isto é, temperaturas muitos baixas (<15 º C) e muito altas (>5º C).
f) Ângulo de contato e surfactantes: Para que os nutrientes sejam absorvidos pelas
folhas é necessário que a superfície foliar esteja molhada. Muitas vezes a superfície
foliar é rica em cera (hidrorepelente) não permitindo um molhamento perfeito o que
deixa as gotículas esféricas com superfície de contato com a folha muito pequena.
Assim, trona-se importante a utilização de surfactantes com o objetivo de permitir
maior contato entre a solução e a superfície foliar. De acordo com as propriedades
preponderantes, os surfactantes são classificados em espalhantes, molhantes,
adesivos, humectantes, dispersantes e emulsionantes.
g) Interação entre nutrientes: Existe uma série de interações entre os nutrientes
numa solução de nutrientes. As interações positivas ou sinérgicas ocorrem quando
os nutrientes se ajudam no processo de absorção, e as negativas ou antagônicas,
quando há diminuição na absorção dos nutrientes quando estão presentes na calda.
Estas interações são as seguintes:
73

- antagonismo: a presença de um íon diminui a absorção do outro evitando o


aparecimento da toxidez do último;
- inibição: um íon diminui a absorção de outro seja por combinar-se com o mesmo
carregador (inibição competitiva) ou por outro efeito (não competitiva). Um
aumento na concentração do íon desfaz a inibição competitiva o que não ocorre com
a não competitiva;
- sinergismo: a presença de um íon aumenta a absorção de outro.
A Tabela 29 mostra o efeito de um íon sobre o outro.

Tabela 29. Efeito de um íon sobre o outro.


Ïon Segundo íon presente Efeito
Cu+2 Ca+2 Antagonismo
Mg+2 K+ Inibição competitiva
K+ Ca+2 Inibição competitiva
SO-24 SeO-24 Inibição competitiva
0HMoO-4 SO-2
4 Inibição competitiva
Zn+2 Cu+2 Inibição competitiva
Fe+2 Mn+2 Inibição competitiva
Zn+2 H2PO-4 Inibição não competitiva
K+ Ca +2 (baixa conc.) Sinergismo
-2
MoO 4 H2PO-4 Sinergismo

Fonte: MALAVOLTA, 1976.

h) Fontes dos nutrientes: De acordo com a fonte do nutriente, a velocidade de


absorção poderá ser maior ou menor. A uréia (N – amídico) possui uma velocidade
de absorção superior ao N – nítrico e este por sua vez superior ao N – amoniacal.
Com relação ao Zinco, a taxa de absorção do clorteo de zinco é bem superior ao do
nitrato e este é superior ao do sulfato (Tabela 23). O óxido de zinco apesar de ser
bem mais barato é insoluvel em áqua e a sua absorção é parcialmente insignificante.
Para o magnésio, o nitrato de magnésio é superior ao cloreto e este ao sulfafto.
74

Tabela 30. Efeito das fontes de zinco na absorção do nutriente pelo cafeeiro.
Fontes de zinco Zn – folhas (ppm) Índice
Testemunha 13 46
Sulfato de zinco 28 100
Cloreto de zinco 56 200
Nitrato de zinco 43 154
Sulfato de Zn + KCl 39 139
Fonte: Adaptado de GARCIA & SALGADO, 1981.

15.5. Uso de quelados na adubação foliar

A função básica da quelatização é proteger os nutrientes catiônicos (Ca2+, Mg2+, Co2+,


Cu2+, Fe2+, Mn2+ e Zn2+) para que estes fiquem menos sujeitos as reações de precipitação ou
de insolubilização e mantenham assim sua disponibilidade às plantas podendo ser
absorvidos e translocados de forma eficiente pelas folhas ou pelas raízes das plantas.
Como os quelados são solúveis os nutrientes quando quelatizados formam complexos
também solúveis e continuam disponíveis para as plantas. O metal e o agente quelatizante
entram juntos pelas folhas das plantas sendo transportados até os demais órgãos, ficando o
primeiro protegido de reações secundárias de fixação ou precipitação nos vasos condutores.
Atualmente, os quelados mais comumente utilizados são o EDTA (ácido etileno
diamino tetracético), DTPA (ácido dietileno triamino pentaacético), lignossulfonados, ácido
cítrico, ácido tartárico, aminoácidos, polihexoses (açucares) e poliflavonóides.
A Tabela 31 classifica os agentes quelatizantes quanto a força de complexação.

Tabela 31. Classificação dos agentes quelatizantes de acordo com a força de


complexação.
Forte Intermediário Fraco
EDTA Lignossulfonados Ácidos cítrico
NTA Poliflavonóides Ácido ascóbico
Polifosfatos
Aminoácidos
Fonte: HSU, 1986, citado por BOARETTO & MURAOKA (1995).
75

É importante salientar que agronomicamente um bom quelado é aquele que é solúvel


em água, não é fitotóxico, é compatível com outros produtos (adubos foliares e defensivos
agrícolas), que forma uma ligação quelado-cátion estável em relação ás reações nas
soluções de pulverização, e que tem o poder de acidificar a solução.

16. Conclusão:
A adubação da cana-de-açúcar começa com a amostragem e análise de solo,
continua com as práticas corretivas (principalmente com a aplicação do calcário) e termina
com a utilização do fertilizante mineral, sendo o uso de micronutrientes a última etapa do
processo produtivo.
76

14. Referências Bibliográficas

AMBROSANO, E.J.; MURAOKA, T.; AMBROSANO, G.M.B.; TRIVELIN, P.C.O.;


WUTKE, E.B.; TAMISO, L.G. O papel das leguminosas para adubação verde em
sistemas orgânicos. In: Dia de Campo sobre adubação verde para agricultura
orgânica., 2000, Piracicaba. Curso regional de agricultura orgânica: Piracicaba, 2000.
p.17-76.

CACERES, N.T.; ALCARDE, J.C. Adubação verde com leguminosas em rotação com
cana-de-açúcar (Saccharum spp.). Revista STAB, v.13, n.5, p.16-19, 1995.

CANTARELLA, H. Adubação nitrogenada em sistema de cana crua. Revista STAB, v.16.,


n.4, p.21-22, 1998.

DEMATTÊ, J.L.I. Solos arenosos de baixa fertilidade: estratégia de manejo. In: 5º


Sem.Agroindustrial, e 29ª Semana “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 1986.
(mimeografado).

EMBRAPA. Tecnologias de Produção de Soja – Região central do Brasil – 2001/2002. 1


ed. Londrina: Embrapa Soja (Documentos 167), 2001. p.68-72; 142-148.

FNP Consultoria e Comércio. Agrianual 2005: Anuário de Agricultura Brasileira. São


Paulo, 2004. p. 261-277.

FNP Consultoria & Agroinformativos. AGRIANUAL 2004, Anuário da Agricultura


Brasileira.

ISHIMURA, I. Adubação orgânica em hortaliças. In: Dia de Campo sobre adubação verde
para agricultura orgânica., 2000, Piracicaba. Curso regional de agricultura orgânica:
Piracicaba, 2000. p.85-93.

KORNDÖRFER, G.H. Fósforo na cultura da cana-de-açúcar. In: FÓSFORO NA


AGRICULTURA BRASILEIRA., 2004, Piracicaba. Anais ... São Pedro: POTAFOS,
2003. p. 291-305.
77

LOPES, A.S. Impacto do uso de Micronutrientes na produtividade da soja. II


Congresso Brasileiro de Soja. Foz Do Iguaçu, 2002. Anais.P.367-373.

MALAVOLTA, E.: CAVACHE ULLOA, A M; MORALES MORALES, L.E.; ORTIZ,


O.G.B.; URQUIAGA CABALLERO, S.; ARAUJO, J. ªC.; MORALES, S.º;
SIMABUCO, S.M.; FREITAS, S.S.; FAQUIM, V.; NASCIMENTO, V.M.; RUY,
V.M..; GALBIATTI, J.A; LIMA, S.L.; ÂNGULO FILHO, R. Efeito das deficiência
de alguns micronutrientes em dois cultivares (santa Rosa e UFV-1) de soja (Glycine
Max L. Merril). Anais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
v.37, n.1, p.365-372, 1980.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Princípios, métodos e técnicas de


avaliação do estado nutricional. In: Avaliação do estado nutricional das plantas –
princípios e aplicações., 2.ª ed. Piracicaba: POTAFOS, 1997. p.115-230.

MORELLI, J.L.; NELLI, E.J.; DEMATTÊ, J.L.I.; DALBEN, A.E. Efeito do gesso e do
calcário nas propriedades químicas de solos arenosos álicos e na produção da cana-
deaçúcar. Revista STAB, v.6, n.2, p.24-31, 1987.

MORELLI, J.L.; DALBEN, A.E.; ALMEIDA, J.O.C.; DEMATTÊ, J.L.I. Calcário e gesso
na produtividade da cana-de-açúcar e nas características químicas de um latossolo de
textura média álico. Rev. Bras. Ci. Solo, Campinas, v.16, p.187-194, 1992.

OLIVEIRA, M.W.; TRIVELIN, P.C.O.; PENATTI, C.P.; PICCOLO, M.C. Decomposição


e liberação de nutrientes da palhada de cana-de-açúcar em campo. Scientia Agrícola,
1999.

OLIVEIRA, M.W.; GAVA, G.J.C.; VITTI, A.C.; BENDASSOLI, J.A.; TRIVELIN, P.C.O.
Volatilização de amônia proveniente da uréia (15N) aplicada em um solo cultivado
com cana-de-açúcar. In: ENCONTRO CIENTÍFICO DOS PÓSGRADUANDOS DO
CENA/USP, 3., Piracicaba, 1997. p.28.

ORLANDO F.º, J. Calagem e adubação da cana-de-açúcar. In: CÂMARA, G.M.S. &


OLIVEIRA, E.A.M. (eds.). Produção de cana-de-açúcar. Piracicaba: FEALQ/ USP,
1993. p.133-146.

RAIJ, B. van; CANTARELLA, H. Outras culturas industriais. In: RAIJ, B. van;


CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. & FURLANI, A.M.C. (coord.)
78

Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed.


Campinas: Instituto Agronômico & Fundação IAC, 1996. p.233-236.

SANTOS, C.; KIST, B.B.; REETZ, E.; BELING, R.R.; CORRÊA, S. Aqui mora o segredo.
In: Anuário Brasileiro da Soja. Santa Cruz, 2004. p. 104.

TRANI, P.E.; HIROCE, R.; BATAGLIA, O. Análise foliar: amostragem e


interpretação. Campinas: Fundação Cargill, 1983. 18p.

VITTI, G.C. Uso eficiente do gesso agrícola na agropecuária. Piracicaba – SP, 2000. p.
5-31

VITTI, G.C.; LUZ,P.H.C. Manejo Químico do solo para alta produtividade da Soja. IN:
CÂMARA, G. M. S (Ed).. Soja: tecnologia da produção. Piracicaba, p. 84-112,
1998.

VITTI, G.C., MAZZA, J.A. Planejamento, estratégias de manejo e nutrição da cultura


de cana-de-açúcar. Piracicaba: POTAFOS, 2002. 16p. (Encarte
técnico/Informações Agronômicas, 97)

VITTI, G.C.; TREVISAN, T.. Manejo de Macro e Micronutrientes para a alta


produtividade da Soja. IN: CÂMARA, G. M. S (Ed).. Soja: tecnologia da
produção II Piracicaba, p. 383-422, 2000.

VITTI, G.C.; TREVISAN, T.; TEIXEIRA, L.H.B.; BARROS, M.C.. Nutrição e


Adubação da Soja. Piracicaba, 2001.

WOOD, A.W. Managemente of crop following green harvesting of sugar cana in North
Queensland. Soil & Tillage Research, v.20, p.69-85, 1991.

Você também pode gostar