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1. Introdução
1
Palestra apresentada a equipe técnica da Stoller – Bebedouro – SP (02/02/2005).
2
Professor titular do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas – ESALQ/USP – Piracicaba – SP, (19) 3417-2137
gcvitti@esalq.usp.br;
3
Alunos estagiários do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas – ESALQ/USP – Piracicaba – SP, (19) 3417-2138
gape@esalq.usp.br;
3
gasolina, nos próximos anos deverão crescer as restrições ao uso de hidrocarbonetos fósseis
e, em contrapartida, aumentará a obrigatoriedade do uso de álcool e outros hidrocarbonetos
renováveis, tais como celulose e grãos. Com isso, seu preço poderá vir a ser até superior ao
dos hidrocarbonetos fósseis.
No Brasil, nos próximos dez anos a produção de cana-de-açúcar deverá crescer
48%, atingindo 557 milhões de toneladas na safra 2013/14. A produção deverá crescendo
no Centro-Sul. Tal aumento na produção deverá ser direcionado a produção de álcool que
por sua vez visa as exportações, que na safra 2013/14 deverão ultrapassar os nove bilhões
de litros (FNP, 2004).
Segundo Vitti e Mazza (2002), o planejamento das atividades envolvidas com a
cultura da cana-de-açúcar, desde o plantio até sua colheita, é uma etapa extremamente
importante na sua exploração econômica. O estudo deve objetivar a análise de todos os
componentes de produção, assim como aqueles envolvidos com os custos de implantação.
Esta análise deverá nortear a eleição de uma série de técnicas a serem adotadas, insumos,
máquinas e implementos, serviços, variedades a serem escolhidas, distribuição destas nos
tipos de solos a serem explorados, épocas de plantio, finalizando-se com a elaboração do
próprio cronograma físico-financeiro. Considerando-se a adubação e a nutrição da cana-de-
açúcar dentro deste contexto, pode-se dizer que sua eficiência no incremento da
produtividade será tanto maior quanto melhor for o ajuste dos fatores de produtividade.
3. Fatores de produtividades
Os fatores de produtividade estão correlacionados ao bom desempenho na
produtividade e lucratibilidade dos canaviais. Para obter sucesso, qualidade da cana-de-
açúcar, alta produtividade e menor custo de produção, é preciso haver adequada relação
entre esses fatores que serão mencionados abaixo. A importância desses fatores é expressa
em ordem decrescente.
• Clima: o fator clima depois do solo é o mais importante, pois vai fornecer as
condições necessárias (temperatura, umidade, luminosidade) para o desenvolvimento e
produção da caramboleira e da lichia;
6
• Erosão: ocorre arraste dos nutrientes pela água e pelo solo removido no processo
erosivo, sendo as perdas quantitativamente equivalentes para os macronutrientes primários,
ou seja, N, P e K.
O que aplicar?
Quanto aplicar?
Quando aplicar?
Como aplicar?
• Cana-soca:
− Cobertura: tríplice operação com N-P2O5-K2O em cana colhida queimada
(sendo P2O5 em baixas quantidades em função do teor no solo) e cobertura com N-P2O5-
K2O sem incorporação em cana colhida crua.
− Na tríplice operação N - P2O5 - K2O da cana (P2O5 em função do teor no
solo).
− Adubação foliar: micronutrientes e uréia adicionada a molibdênio
12
6. Absorção de nutrientes
b) Fluxo de massa: neste processo o íon caminha pela solução do solo com a
mesma velocidade de absorção desta até entrar em contato com a raiz e ser absorvido.
100
80
70
66
60
60
80
(%)
50 94
99
96
40
70 71 40
30
15
20
37
30
10 20
15
10
4 5
0
N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn
• Fósforo
A deficiência inicia-se nas folhas mais velhas com redução do tamanho, evoluindo para
clorose avermelhada e até necrose das folhas. A planta apresenta crescimento reduzido,
15
poucos perfilhos e sistema radicular menos desenvolvido estando estando mais sensíveis a
veranicos.
• Potássio
Sintomas de deficiência aparecem primeiramente nas folhas mais velhas, com mosqueado
(áreas verde-claras e escuras) com margens das folhas cloróticas (marrom) e evoluindo para
necróticas; apresenta também menor teor de açúcar no colmo devido a função de ativação
enzimática que possui agindo no transporte de carboidratos.
• Cálcio
Geralmente, os primeiros sintomas de deficiência aparecem nas folhas mais novas,
caracterizadas pelo branqueamento e enrolamento e com necrose escura do ápice das
folhas. A deficiência de cálcio no caso da cana-de-açúcar, pode ser causada pelo uso
16
excessivo de vinhaça, onde o teor de potássio é muito elevado, competindo então pela
absorção do cálcio.
• Magnésio
Sintomas de deficiência aparecem inicialmente entre as nervuras das folhas mais velhas
com manchas amareladas e alongadas.
• Enxofre
Sintomas de deficiência caracteriza-se pela clorose generalizada nas folhas mais novas.
• Boro
A deficiência de Boro caracteriza-se por manchas cloróticas nas folhas (folhas estriadas),
morte da gema terminal, aumenta a incidência de Fusarium (pontuações avermelhadas),
folhas do topo se amarram umas às outras e apresentam enrugamento.
• Cobre
É um nutriente pouco móvel no floema, desta maneira, os sintomas de sua carência
aparecem nas folhas mais novas, com clorose nas folhas com pequenas manchas (ilhas)
verde-escuras – mosaico, folhas caídas e touceira amassada (Droopy Top).
• Manganês
Sintomas de deficiência caracteriza-se por estrias amarelas ao longo das nervuras e
folhas mais finas.
• Zinco
A deficiência deste elemento é drástica, com redução do crescimento dos internódios,
clorose nas nervuras das folhas mais novas e paralização do crescimento do topo.
Onde:
Y = teor do elemento na folha
Pl = planta (espécie, variedade, porta-enxerto, tipo de folha, idade, etc.)
S = solo, adubo, calagem, gessagem
Cl = condições de clima (chuva, por exemplo)
Pc = práticas culturais (cultivo, herbicidas, cobertura morta, adubação verde, cultura
intercalada)
Pm = pragas e moléstias
Figura 14: Esquema de amostragem de folhas para análise foliar (Trani, et al.,
1983)
das recomendações de adubação e calagem, pois os erros (vícios) contidos na amostra não
mais poderão ser corrigidos, resultando em recomendações de quantidades insuficientes ou
excessivas de insumos, que se refletirão, em qualquer um dos casos, em prejuízos no
rendimento das culturas e/ou no lucro do produtor (Anghinoni & Salet, 1998).
A amostragem de solo deve ser feita com a utilização de trados ou sondas para que
sejam evitadas contaminações e o resultado analítico seja o mais real possível.
a) Época
Cana-planta: proceder a amostragem do solo cerca de três meses antes do plantio;
Cana-soca: amostragem do solo logo após o corte.
b) Local
Cana-planta: percorrer a área uniforme a ser plantada em “zig-zag”, retirando cerca
de 15 sub-amostras de solo nas profundidades de 0-20 a 20-40 cm de profundidade;
Cana-soca: retirar as amostras de solo a cerca de um palmo (20 a 25 cm) da linha.
Amostras retiradas na linha irão superestimar os teores de P e K, enquanto amostras
retiradas na entre-linha irão superestimar os teores de Ca e Mg, e portanto os valores de SB
e V%, e subestimar os teores de P e K.
Em função dos teores de nutrientes e do potencial de produtividade de área de solo
serão adotadas as práticas de correção e de adubação.
8. Equivalência de unidades
Nas Tabelas 8 e 9 encontram-se a equivalência entre as unidades usadas nos resultados
das analises de solo.
9.1. Calagem
9.1.Conseqüências da calagem
(1) Aumenta eficiência da adubação N – P2O5 – K2O
(2) Aumenta sistema radicular
(3) Diminui a necessidade de fornecimento de N na cana planta
(4) Aumenta a resistência a seca Þ maior absorção de água e de nutrientes
(5) Melhora a convivência com pragas de solos
(6) Aumenta a longevidade do canavial
(7) Aumenta a produtividade
* Teor de MgO
a) Classificação:
Calcários % MgO
Calcítico <5
Dolomítico ≥5
b) Escolha:
NC = 3 - ( Ca + Mg ) x 100
PRNT
9.2. Gessagem
Segundo Vitti (2000), a cada tonelada de P2O5 na forma ácido fosfórico produzido,
obtém-se de 4 a 5 toneladas de fosfogesso. No Brasil sua produção é da ordem de milhões
de toneladas.
A reação química do ataque do ácido sulfúrico na rocha é:
- Na
O mesmo princípio utilizado para recuperação de solos sódicos é utilizado também
para recuperação de solos com excesso de potássio onde há a aplicação excessiva de
vinhaça, gerando também deficiência de cálcio.
-K
ARGILA + CaSO4.2H2O → ARGILA Ca + KSO4-
-K
• Condicionador de subsuperfície
Nos solos tropicais, principalmente naqueles sob vegetação de cerrado, a deficiência
de cálcio, associada, ou não à toxidez de alumínio é uma constante, ocorrendo tanto na
camada arável, mas também abaixo desta. Tal fato é de extrema importância, pois estas
características interferem no desenvolvimento do sistema radicular, tornando mais crítica a
deficiência de água, por interferir na absorção e transporte de nutrientes, como P, Ca, Mg e
K, contribuindo ademais para a fixação de P no solo (Olmos & Camargo, 1976), citado por
Vitti (2000).
• Condicionador de estercos
A utilização de gesso agrícola em estercos tem a finalidade de diminuir a perde de
amônia nos estercos.
• “preventivo” de enfermidades de plantas
34
SB =
(50 − V )CTC
100
onde:
SB = quantidade de bases a ser adicionada ao solo para atingir V = 50%, na camada
de 20-40 cm, em mmolc.dm-3
50 = saturação por bases desejada
V = saturação por bases atual do solo (%)
CTC = capacidade de troca catiônica a 20-40 cm, em mmolc.dm-3.
O preço do gesso agrícola é muito dependente do frete e portanto para compra deve-
se escolher um pólo de distribuição mais próximo possível da propriedade. Os pólos de
distribuição do gesso agrícola no Brasil são: Uberaba – MG, Cubatão – SP, Jacupiranga –
SP, Catalão – GO e Imbituba – SC.
10. Fosfatagem
P2O5 aplicado a
P2O5 aplicado dentro do sulco1
lanço
kg/ha 0 100 200 300
--------------------------------------t/ha -----------------------------------
----------------------------------Cana-planta------------------------------
0 69 101 104 128
200 148 169 172 171
400 158 169 173 173
-----------------------------------------1ª soca --------------------------------
0 45 64 73 77
200 92 97 100 101
400 105 106 109 112
1
Fonte de P2O5: Yoorin BZ (Termofosfato), 16,5% de P2O5 solúvel em ácido cítrico
a 2% na relação 1:100, 20% de Ca e 9% de Mg.
Cana-Planta 1a Soca
200 120
12
9
6
10
5
9
11
10
2
3
10
16
180
1
9
17
17
17
0
17
16
97
10
10
8
100
15
92
8
160
14
t de colmos.ha-1
t de colmos.ha-1
77
12
140
73
80
4
120
64
1
10
10
100 60
45
69
80
40
60
40 20
20
0 0
0 100 200 300 0 100 200 300
kg P2O5.ha-1 no Sulco de plantio kg P2O5.ha-1 no Sulco de plantio
s/ fosfatagem 200 kg P2O5/ha (Pré) 400 kg P2O5/ha (Pré) s/ fosfatagem 200 kg P2O5/ha (Pré) 400 kg P2O5/ha (Pré)
40
• Controla a erosão;
• Diminui o assoreamento dos sulcos de plantio, facilitando a germinação;
• Recicla nutrientes percolados;
• Dispensa a adubação nitrogenada de plantio;
• Diminui a incidência de ervas daninhas;
• Aumenta a produtividade.
caso do manganês (Novais et al., 19998; Tanaka et. al., 1992) ambos citados por Vitti &
Luz, 1998.
Além da calagem mal feita, outras praticas tem causado deficiência de
micronutrientes como adubação fosfatada , no caso principalmente do zinco, bem como na
complexação dos cátions metálicos pelo aumento do teor de matéria orgânica em plantio
direto, principalmente no caso do cobre. O boro, além do seu baixo teor no solo, pode
também ter aumento de sua lixiviação pelo uso incorreto do calcário (Vitti & Casarin.,
1992) citado por Vitti & Luz, 1998.
O nitrogênio é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja.
Estima-se que para produzir 1000 kg de grãos são necessários aplicar 80 kg de N.
Basicamente, as fontes de N disponíveis para a cultura da soja são os fertilizantes
nitrogenados e a fixação biológica do nitrogênio (Hungria et al., 1997) citado em Embrapa,
2001.
Segundo citado em Embrapa (2001) o fertilizante nitrogenado é a forma assimilada
com maior rapidez pelas plantas, mas a um custo elevado, porque eles possuem baixa
eficiência de utilização pelas plantas (raramente ultrapassando 50%). O restante do N é
perdido por lixiviação e desnitrificação, podendo causar sérios problemas de poluição,
resultando em acúmulo de formas nitrogenadas em águas dos rios e lagos.
Ainda segundo Embrapa (2001), a fixação biológica do nitrogênio é a principal
fonte de N para a cultura da soja. Bactérias do gênero Bradyrhizobium quando em contato
com as raízes da soja infectam as raízes, via pelos radiculares, formando os nódulos.
Dentro dos nódulos, as bactérias, através de uma enzima chamada dinitrogenase,
conseguem quebrar a tripla ligação do N2 atmosférico e provocar a sua redução até NH3, a
mesma forma obtida no processo industrial. A essa amônia são, então, rapidamente
incorporados íons H+, abundantes nas células das bactérias, ocorrendo a transformação em
íons amônio (NH4+) que serão, então, distribuídos para a planta hospedeira e incorporados
em formas de N orgânico (Hungria et al, 1997).
47
Tabela 20. Fontes de micronutrientes mais indicadas para aplicação via solo na cultura
da soja.
Dose (kg.ha-1)
Nutriente Fonte
BORKERT et al., 1994 MASCARENHAS et al., 1996
Bórax (11% B) 0,5 a 1,0 1,0
Boro
Ulexita (8% B) 0,5 a 1,0 1,0
Zinco Oxi-sulfatos 4,0 a 6,0 5,0
Manganês Oxi-sulfatos 2,5 a 6,0 5,0(1)
Cobre Oxi-sulfatos 0,5 a 2,0 2,0
Quando Mn ≤ 1,5 mg.dm-3 DTPA.
(1)
Tabela 23: Aplicação de 3200 l/ha de ORIFER 5 + 250 kg/ha de KCl pó:
N K2O
kg ha1
AGIFER 5 145 30
KCL pó - 150
145 180
RELAÇÃO N/K2O 1,0/1,25
FONTE: Martins (Informação pessoal)
Tabela 24. Adubação mineral de plantio com base na análise de solo visando altas
produtividades.
N P-resina P2O5 K K2O(2)
kg.ha-1 mg/dm-3 kg.ha-1 mmolc/dm3 kg.ha-1
40 0-6(1) 170 <0,7 170
40 7-15(2) 150 0,8-1,5 140
40 16-40 100 1,6-3,0 110
40 >40 70 3,1-5,0 80
>5,0 0
(1)
Em solos com teor de argila < 25% utilizar 100 a 150 kg de P2O5/ha em área
total, acrescidos de 100 kg de P2O5/ha no sulco de plantio.
(2)
Em Areias Quartzosas (Neossolos Quartzarênicos) e Latossolos aplicar no
máximo 100 kg de K2O/ha no sulco de plantio, e o restante em cobertura, antes do
fechamento do canavial.
soqueira), quando disponíveis, porém procurando sempre observar uma relação N: K2O da
adubação na faixa de 1:1 a 1,5 (Tabelas 25 e 26).
A mudança do sistema de colheita de cana, com prévia despalha à fogo para cana
crua colhida mecanicamente, é um processo irreversível, estando prevista na legislação do
setor sucro-alcooleiro. Essa mudança representa vantagens, dentre outras, para a
conservação do solo, manutenção da umidade e reciclagem de nutrientes. No entanto,
implicará numa maior dificuldade para aplicação dos fertilizantes, em razão da necessidade
de incorporá-los durante o cultivo e para a recomposição da porosidade do solo devido ao
tráfego agrícola.
Essa dificuldade é preocupante, haja visto que a uréia é o fertilizante utilizado em
maior quantidade devido a sua economicidade, ampliando os riscos de perdas por
volatilização, comparada às demais fontes. Portanto, é indispensável que esse fertilizante
57
Tabela 25. Massa de matéria seca da palha de cana crua, quantidade de nutrientes e
carboidratos estruturais nas amostras realizadas em 1996 e na palha remanescente em 1997
(OLIVEIRA et al., 1999).
Ano MS N P K Ca Mg S C
t/ha ----------------------------kg/ha----------------------------------
1996 13,9 a 64 a 6,6 a 66 a 25 a 13 a 9a 6.255 a
1997 10,8 b 53 a 6,6 a 10 b 14 b 8b 8 a 3.642 b
Conteúdo
Ano Hemicelulose Celulose Lignina C/N C/S C/P
celular
-----------------------------kg/ha-----------------------
1996 3.747 a 5.376 a 1.043 a 3.227 a 97 a 695 947
1997 943 b 6.619 a 1.053 a 2.961 b 68 b 455 552
a) Uran: adubo fluido obtido da mistura do nitrato de amônio com uréia; NH4NO3
(44,3%) + CO(NH2)2 (35,4%) + H2O (20,3%), apresentando 32% N (14% NH2, 9% NH4
e 9% NO3) com densidade de 1,326 g.cm-3;
59
Dose (kg/ha) 400 (24kg P2O5) 500 (30 kg P2O5) 600 (36 kg P2O5)
Produtividade (t/ha) <80 80-100 >100
Assim, o enxofre pode ser fornecido para a cultura da cana-de-açúcar nas seguintes
maneiras:
Utilização da prática da gessagem, visando o condicionamento do subsolo. Nesse
caso, o fornecimento de enxofre estará sendo atendido por, no mínimo, dois cortes.
61
Cana-planta Cana-soca
05-30-25 04-10-20 18-00-27 20-05-20
04-20-25 04-20-20 18-05-27 18-06-24
00-20-25 04-20-15 18-00-36 20-05-25
00-20-30 05-25-25 20-00-25 22,5-00-30
20-00-20 15-08-25
62
Cana-planta Cana-soca
03-15-12 Área com vinhaça Área sem vinhaça
03-15-10 Aquamônia: NH4OH (20%N) 18-00-12
03-15-15 Uran: 32-00-00 10-00-15
Sulfuran: 20-00-00-04 15-00-15
Fixado Absorvido
Minerais Cristalinos Solução Absorção
e Amorfos Liberado do solo Liberação pelas plantas
Mineralizado Adsorvido
Matéria Orgânica Imobilizado Liberação Adsorvido na
e microorganismos fração colidal
excessiva dos íons ferro, manganês e alumínio reduz a disponibilidade de cobre para
as plantas. Esse efeito é independente do tipo de solo.
c) Ferro: maior disponibilidade na faixa de pH 4.0 a 6.0; a deficiência de ferro, na
maioria das vezes, é causada por desequilíbrio na relação com outros metais, tais
com molibdênio, cobre e manganês; outros fatores que podem levar a deficiência de
ferro são: excesso de fósforo no solo, efeitos combinados de pH elevado, calagem
excessiva, encharcamento, baixas temperaturas e altos níveis de bicarbonato.
d) Manganês: maior disponibilidade na faixa de pH 5.0 a 6.5; solos orgânicos, pela
formação de complexos muito estáveis entre matéria orgânica e manganês, tendem
apresentar problemas de deficiência; a umidade do solo também afeta a
disponibilidade de manganês. Os sintomas de deficiência são mais severos em solos
com alto teor de umidade durante a estação fria. Os sintomas tendem a desaparecer
à medida que o solo seca e a temperatura se eleva; solos arenosos, com baixa CTC e
sujeitos a altos índices pluviométricos são os mais propensos apresentar problemas
de deficiência desse micronutriente; excesso de cálcio, magnésio e ferro pode,
também, causar deficiência de manganês.
e) Zinco: maior disponibilidade na faixa de pH 5.0 a 6.5; a deficiência aparece mais
facilmente em solos que recebem doses de corretivos para elevar o pH acima de
6.0.
f) Molibdênio: as deficiências (< 0,15 ppm) ocorrem em solos ácidos, arenosos, e em
solos muito cultivados sem aplicação suplementar deste nutriente.
15.2.Fornecimento de micronutrientes
A adubação via solo pode ser realizada a lanço com incorporação, onde os nutrientes
são distribuídos uniformemente na superfície do solo, isoladamente ou em misturas com
NPK, e a seguir incorporados, isto é bastante realizado em culturas anuais sob sistema
convencional e em pastagem em formação. Em culturas sob sistema de plantio direto ou
culturas perenes já estabelecidas deve-se aplicar os micronutrientes a lanço, isoladamente
ou em misturas NPK, sem incorporá-los.
Pode-se utilizar também a aplicação em linhas, onde aplica-se os micronutrientes com
a semeadora-adubadora na linha de semeadura, com misturas de NPK ou isolados, ao lado e
abaixo das sementes. Um outro modo de aplicação é em covas de plantio, neste caso os
micronutrientes são misturados ao material de solo de covas de plantio. Este método é
normalmente utilizado em culturas perenes.
O mais recomendado é a aplicação dos micronutrientes no sulco de plantio através
mistura N-P2O5-K2O que pode ser realizada de quatro formas:
- Mistura de grânulos: mais econômica, porém apresenta problemas de segregação;
- Mistura granulada: mais cara, porém mais eficiente;
- Micro na base, agregado principalmente ao superfosfato simples
- Fontes de P2O5 contendo micro, como termofosfato e multifosfatos.
Como fontes de micronutrientes para o Boro recomenda-se o uso de ulexita e para os
demais, o uso de oxi-sulfatos. É importante que no primeiro ano de implantação se forneça
boro e micros metálicos, sendo que o primeiro deve ser aplicado via solo anualmente.
68
Tanto a absorção dos nutrientes pelas raízes como pelas folhas ocorrem em duas
etapas: uma passiva e outra ativa.
A fase passiva da absorção é muito rápida e reversível, ao passo que a ativa é mais
demorada, mas irreversível.
Na fase passiva não ocorre gasto de energia metabólica. Os nutrientes vão de um local
de alta concentração (superfície da folha) para uma de baixa concentração (espaços
intercelulares).
Na fase ativa há gastos de energia pois os nutrientes devem vencer uma barreira
metabólica que é o plasmalema, isto é, devem entrar nas células.
A Tabela 26 fornece uma idéia da velocidade de absorção de nutrientes pela folha.
Existem diversos fatores que podem influenciar a absorção foliar e podem ser divididos
em fatores intrínsecos ou internos, relacionados com a própria planta, e fatores extrínsecos
ou externos que independente da planta.
a) Idade da folha: Quanto mais velha a folha, menor a absorção de nutrientes, seja em
função da estrutura e composição da cutícula, seja em função da menor atividade
metabólica. A aplicação dos nutrientes deve ser direcionada para as folhas mais
novas.
b) Estado iônico interno: A capacidade de absorção foliar pode ser limitada pela
quantidade de nutrientes já contido na folha, uma vez que plantas deficientes em um
nutriente o absorvem mais rapidamente que plantas bem nutridas.
c) Umidade da cutícula: Se a cutícula estiver com baixo teor de umidade há uma
diminuição na absorção foliar de nutrientes devido ao fechamento dos estômatos.
Desta forma, para haver uma boa taxa de absorção foliar é necessário que a cutícula
esteja hidratada, o que além de melhorar a permeabilidade da mesma, permite a
71
Tabela 27. Absorção de zinco pelo cafeeiro novo em função do método de aplicação.
Parte Tratada Absorção relativa Atividade absorvida (% da fornecida)
Raízes 100 5,0
Página superior 185 12,0
Folhas página inferior 646 42,0
Ambas 313 20,5
Fonte: MALAVOLTA, 1980.
ar for muito baixa, haverá grande transpiração e a solução aplicada secará muito
rapidamente, o que pode prejudicar a absorção do nutriente e causar queima das
folhas. Esse problema pode ser minimizado até certo ponto através do horário de
aplicação, conforme observado por ROSOLEM (1986) e apresentado na Tabela 28.
Com relação à umidade do solo, esta determina o grau de hidratação das plantas e
portanto, da cutícula. Só ocorre uma boa taxa de absorção de nutrientes pelas folhas
se o solo apresentar teor adequado de umidade e as folhas estiverem hidratadas.
Tabela 30. Efeito das fontes de zinco na absorção do nutriente pelo cafeeiro.
Fontes de zinco Zn – folhas (ppm) Índice
Testemunha 13 46
Sulfato de zinco 28 100
Cloreto de zinco 56 200
Nitrato de zinco 43 154
Sulfato de Zn + KCl 39 139
Fonte: Adaptado de GARCIA & SALGADO, 1981.
16. Conclusão:
A adubação da cana-de-açúcar começa com a amostragem e análise de solo,
continua com as práticas corretivas (principalmente com a aplicação do calcário) e termina
com a utilização do fertilizante mineral, sendo o uso de micronutrientes a última etapa do
processo produtivo.
76
CACERES, N.T.; ALCARDE, J.C. Adubação verde com leguminosas em rotação com
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