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POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL

DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE PESSOAS


POLICLÍNICA

Arte: ASCOM/PCDF
O que é?

uma conduta abusiva através de gestos, palavras, escritos,

É comportamentos e atitudes que expõem o trabalhador a situações


humilhantes e constrangedoras ocorridas de forma intencional,
repetitiva e duradoura durante a jornada de trabalho. Envolve princípios
éticos individuais e coletivos que podem desqualificar e desestabilizá-lo
emocionalmente afetando sua qualidade de vida, atentando contra sua
integridade psíquica ou física, diminuindo sua autoestima levando-o a
doenças físicas, psíquico-emocionais e ao sofrimento no trabalho.
Dessa maneira, aniquilam-se suas defesas e abala-se progressivamente
sua autoconfiança, dificultando ou mesmo impossibilitando o desempenho
de suas atividades laborais e, às vezes, familiares e sociais.
Classificação

Assédio moral vertical descendente - conduta abusiva de


superior hierárquico para constranger os subalternos.
Assédio moral horizontal - a agressão se dá perante
trabalhadores da mesma posição.
Assédio moral combinado - se caracteriza como união do
chefe e dos colegas para excluir o indivíduo.
Assédio moral vertical ascendente - mais raro, ocorre quando
a agressão parte do subordinado para com seu superior.
Como ocorre

São condutas comuns de assédio moral quando ocorrem as seguintes


situações:
Ÿ Dar instruções confusas e imprecisas;
Ÿ Bloqueio ao trabalho e atribuição de erros imaginários;
Ÿ Pedir trabalhos e serviços urgentes sem necessidade;
Ÿ Ignorar a presença de funcionário perante aos demais, seja sem
cumprimentos de educação ou não lhe dirigindo a palavra na frente dos
outros, deliberadamente;
Ÿ Fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto ao trabalhador em público;
Ÿ Imposição de horários injustificados;
Ÿ Retirar o material necessário à execução do trabalho sem justificativas
dificultando e inviabilizando a realização de suas atividades, isolando-o do
convívio com os colegas.
Ÿ Ameaçar e/ou insultar, por vezes com ocorrência de agressões físicas;
Ÿ Restringir o uso de sanitários;
Ÿ Mandar o trabalhador realizar tarefas abaixo de sua capacidade
profissional e fazer comentários maldosos em público.
A vítima acaba sendo isolada, ridicularizada, inferiorizada e passa a receber
a culpa perante seus companheiros de coisas que não fez. Esses, com medo
de se tornarem também assediados acabam se afastando, ignorando-a.
Assim, tornam-se novos agressores àquela pessoa.
A principal característica do assédio moral é o abuso do poder exercido
sistematicamente de forma repetida por um período longo de tempo,
configurando a prática da perversidade no local de trabalho.
Perfil do assediador

Qualquer pessoa pode praticar assédio moral; entretanto, segundo


psicólogos e psiquiatras especializados no problema, o praticante de
assédio moral tem personalidade narcisista com as seguintes
características:
Ÿ fantasias de sucesso ilimitado e de poder;
Ÿ acredita ser especial e singular;
Ÿ tem excessiva necessidade de ser admirado;
Ÿ explora o outro nas relações interpessoais;
Ÿ inveja muitas vezes os outros e tem atitudes e comportamentos
arrogantes.
Quem são os assediados?

Qualquer pessoa pode sofrer assédio moral. O assédio moral pode ser
praticado contra uma pessoa ou contra um grupo determinado de pessoas.
Geralmente a vítima do assédio moral apresenta qualidades e competências
compatíveis com práticas de gestão de vanguarda; costuma estar acima da
média de desempenho da equipe. Essa vítima em potencial é aquela que
leva o agressor a sentir-se ameaçado, seja no cargo ou na posição perante o
grupo. A vítima é, normalmente, dotada de responsabilidade acima da
média, com um nível de conhecimento superior aos demais colegas.
Também são vítimas, aqueles que por motivo de adoecimento ou outras
limitações, não conseguem acompanhar o ritmo de trabalho da equipe, ou
simplesmente, por apresentar características físicas que fogem do padrão,
ou por manifestar preferências políticas, sexuais divergentes dos demais.
MODALIDADES
Existem cinco principais condutas que configuram o assédio moral:
1) impossibilitar uma comunicação adequada com a vítima, recusando a
comunicação direta;
2) isolar a vítima;
3) atacar a reputação da vítima;
4) degradar as condições de trabalho
5) atacar diretamente a saúde da vítima com uma efetiva violência.s os
outros e tem atitudes e comportamentos arrogantes.
Efeitos deletérios aos assediados

O assédio moral provoca danos psicológicos, físicos, sociais e profissionais:

Ÿ redução da produtividade, perda da autoestima, isolamento e recusa de


comunicação, aumento do consumo de bebidas alcoólicas e outras
drogas, diminuição da libido, agravamento de doenças pré-existentes
como dores de cabeça e, notadamente, estresse;

Ÿ incapacidade laborativa, retrabalho, depressão, angústia,


desestabilização em relação ao ambiente de trabalho e a organização
levando-o a pedir demissão, ou até mesmo ao suicídio;

Ÿ queda da produtividade, menor eficiência, falta de confiança em si


mesmo aumento do absenteísmo por doenças profissionais, sentimento
de culpa, aumento de peso ou emagrecimento exagerado, distúrbios
digestivos, hipertensão arterial, tremores e palpitações, irritação
constante, mudança de personalidade passando a praticar a violência
moral.
Não é assédio moral

Ÿ O exercício de atividade estressante ou desgastante.


Ÿ O estresse - mesmo que o estresse constitua verdadeiro desgaste
psíquico e sofrimento, não constitui em si, assédio moral. O assédio moral
é muito mais do que estresse. Exemplo: - Se uma pessoa está
sobrecarregada e incumbida de várias tarefas, porém sem os meios para
executá-la, portanto estressada, precisa de um certo tempo para julgar se
é ou não tratamento exclusivamente destinado a ela.

Ÿ As imposições profissionais - o assédio moral no trabalho caracteriza-se


como um abuso, não podendo ser confundido com as decisões legítimas
de um determinado contexto funcional, tais como organização, legislação,
etc. É natural que todo trabalho apresente um grau de imposição,
subordinação e dependência. A prática de atos de gestão administrativa,
sem a finalidade discriminatória, não caracteriza assédio moral, como a
atribuição de tarefas a subordinados, transferências de servidores para
outra lotação ou posto de trabalho no interesse da administração, a
alteração da jornada de trabalho no interesse da administração, a
destituição de funções comissionadas, entre outras.
Ÿ Críticas construtivas (feedback) ou avaliação do trabalho realizados por
colegas ou superiores, de modo reservado, sem expor o servidor a
situações vexatórias.

Ÿ Os conflitos temporários com colegas ou chefias.


Ÿ As agressões pontuais - agressão verbal pontual é um ato de violência
momentânea, cometido por alguém contra um terceiro. Caracteriza-se
pelo comportamento agressivo de quem a profere e inserida em um
determinado contexto. Não é constante nem repetitivo. Não é assédio
moral.

Ÿ As más condições de trabalho - é muito difícil a distinção entre assédio


moral e más condições de trabalho. É neste caso que a noção de
intencionalidade adquire toda a sua importância. Trabalhar em um espaço
exíguo, com iluminação ruim ou instalações precárias não constitui um ato
de assédio em si, salvo se um único funcionário for tratado
especificamente assim ou se tais condições se destinam a desmerecê-lo.

Ÿ A sobrecarga de trabalho também não caracterizará assédio, quando não


houver intenção consciente e objetiva de prejudicar o trabalhador. Poderá
ser considerada como falha de gerenciamento ou de gestão, dependendo
da análise do contexto no qual o fato se insere. etiva violência.s os outros e
tem atitudes e comportamentos arrogantes.
Quem pode ser responsabilizado

A Administração Pública não possui legislação em âmbito federal que trata


expressamente sobre o assédio moral. Existem projetos de lei tramitando no
Congresso Nacional para que o assédio moral seja tipificado como conduta
proibitiva no Código Penal, no Regime Jurídico Único dos Servidores
Públicos e enquadrar o assédio moral como improbidade administrativa na
Lei que versa sobre a improbidade.
Quem assedia poderá ser responsabilizado nas esferas administrativa
(infração disciplinar), civil (danos morais e materiais) e criminal (dependendo
do caso os atos de violência poderão caracterizar crimes de lesão corporal,
contra a honra, etc).
A Administração Pública usa de legislação correlata e do princípio da
dignidade da pessoa humana para enfrentar a conduta do assédio moral no
serviço público, como forma de erradicar e prevenir tal prática.

O que fazer?

Para evitar o assédio moral deve-se investir em uma política preventiva. A


apresentação de palestras e a divulgação interna por meio de cartazes e
panfletos educativos podem ser uma solução eficaz e de conscientização
aos trabalhadores. Estes devem, a partir dessas ações, saber como
identificar quando uma pessoa está sofrendo assédio moral, quais as
consequências geradas no indivíduo e como agir diante desse problema.
Outro tipo de prática preventiva é o uso de técnicas de gerenciamento, como
a avaliação ou feedback, que consiste em analisar as ações dos colegas de
trabalho e dos superiores hierárquicos, mantendo o anonimato e a
confiabilidade das manifestações e opiniões expressadas.

Uma política que possibilite uma boa comunicação, tanto entre a


administração e os funcionários, como entre os próprios funcionários,
contribui, significativamente, na melhoria das condições de trabalho e faz
com que os todos se sintam mais à vontade em compartilhar certas
situações, podendo-se assim manter um melhor mapeamento do que vem
acontecendo no ambiente de trabalho.

Em algumas situações é preciso rever a própria cultura organizacional,


reforçando a ideia de respeito e fazendo com que todos se sintam
comprometidos e responsáveis pelas boas relações de trabalho. Uma
pesquisa de clima organizacional pode auxiliar na percepção de mudanças a
serem feitas.

É consenso em todas as matérias, que a solução dos problemas de assédio


não está apenas nos dispositivos legais, mas sim na conscientização da
vítima, do agressor e da própria sociedade. Também é importante que o
poder público reconheça a importância do tema ante as consequências e
danos causados à saúde da vítima e dos profundos transtornos nas relações
e condições de trabalho. Mais que o reconhecimento do grave problema,
deve-se impor o cumprimento das normas legais e administrativas que
regem o serviço público.

BIBLIOGRAFIA
BOBROFF, Maria Cristina Cescatto e MARTINS, Júlia Trevisan. Assédio moral,
ética e sofrimento no trabalho. Revista Bioética, vol. 21, núm. 2, 2013, pp. 251-258.
FAGUNDES, Luis Ricardo. “Assédio moral no ambiente de trabalho”. 2010.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Itajaí, SP.
SCHIMDT, Martha Halfed Furtado de Mendonça, “O assédio moral no Direito do
Trabalho”, Revista Eletrônica do TRT 9ª Região, Março 2013. Disponível em:
https://juslaboris.tst.jus.br/handle/20.500.12178/95624.
Cartilha sobre Assédio Moral e Sexual no Trabalho, Senado Federal, 2011.
TARCITANO, João Sérgio de Castro; GUIMARÃES, Cerise Dias. “Assédio moral no
ambiente de trabalho”. 2004. Trabalho de Conclusão do Curso de Tecnologia em
Gestão de Recursos Humanos, apresentado ao Centro de Educação Tecnológica
Estácio de Sá de Juiz de Fora sob a orientação da professora Judilma Aline Oliveira
Silva, como requisito para obtenção da graduação superior.

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