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CLOVIS BEVILAQUA

-~"'··=~-=- ~ \~

IREIIO IITEBIDGIDBDL
BBBSILEIBD
(COMP&R&MCIA)

1930
r ªESNARD FREREs \
3~,. ~ua Buenos A res
f RIO DE JANEIRO

I
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~/~JJ-·0~
~
/4-~; - /) :J 9
DIREITO INTERNftCIONflL BRfl51LEl~O


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DIREITO INTERNftCIONflL BRfl51LEl~O


pBBo(c
CLOVIS BEVILAQUA ,,, , ,., 1 ~ ~
;-~ ·
I _..,

. 1
..'
~
......... ~.\
-· rrib1lar.\ ,:
DIREITO INTERNACIONAL
BRASILEIRO
(CONFERENCIA)

1930
BESNARD FRERES
I 130, Rua Buenos Aires
RIO DE JANEIRO
pBBo(c
CLOVIS BEVILAQUA ,,, , ,., 1 ~ ~
;-~ ·
I _..,

. 1
..'
~
......... ~.\
-· rrib1lar.\ ,:
DIREITO INTERNACIONAL
BRASILEIRO
(CONFERENCIA)

1930
BESNARD FRERES
I 130, Rua Buenos Aires
RIO DE JANEIRO
x-til,"Pie
Direito Internacional Brasileiro
(CONFERENCIA REALIZADA EM 27 DE JUNHO DE 1980
SOBRE TREMA DADO)

I
Parecerá contradicção nos ter-
mos accrescentar á expressão di"rei'to
internacional o epitheto brasileiro.
Internacional indica relação entre na-
ções, e brasileiro é o que pertence ao
Brasil ; i"ntemacz·onal, qualificando di-
reito, denota regulamentação da vida
externa dos povos, e brasi·tez'!'o res-
tringe essa regulamentação ao que
entra sob a autoridade de nossa pro-
pria soberania.
Direito presuppõe sociedade.

LEVI CARNEIRO
x-til,"Pie
Direito Internacional Brasileiro
(CONFERENCIA REALIZADA EM 27 DE JUNHO DE 1980
SOBRE TREMA DADO)

I
Parecerá contradicção nos ter-
mos accrescentar á expressão di"rei'to
internacional o epitheto brasileiro.
Internacional indica relação entre na-
ções, e brasileiro é o que pertence ao
Brasil ; i"ntemacz·onal, qualificando di-
reito, denota regulamentação da vida
externa dos povos, e brasi·tez'!'o res-
tringe essa regulamentação ao que
entra sob a autoridade de nossa pro-
pria soberania.
Direito presuppõe sociedade.

LEVI CARNEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 7
6 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

rendo significar esse direito segundo


Ubi societas ibi jus. E a sociedade,
o reflecte a mentalidade brasileira,
que o direito publico internacional
e seo-undo
1::,
a nossa contribuição para
organiza, é a dos Estados soberanos,
reduzil-o a princípios e para appli-
que se approximam entre si por seme-
cal-o aos casos occorrentes.
lhança de cultura, e para satisfazer
E' sabido que, no continente
interesses communs,segundo normas,
.americano, as condições historicas
a que adherem.
(e nella incluo as economicas e as
Todavia a contradicção appa-
politicas) facilitaram o desenvolvi-
rente se desfaz, quando attendermos
mento da solidariedade sob essa
a que, adherindo ás normas consue-
feição propria, a que se tem dado o
tudinarias ou convencionaes do di-
adequado nome de ame,,icanzsmo, ao
reito das gentes, collaboraram os
-impulso do qual se consolida a fra-
povos na systematização de um corpo
ternidade dos povos desta parte do
de doutrinas. E essa collaboração,ape-
mundo • e se está elaborando a codi-
sar da commnnhão dos princípios ge-
ficação do direito internacional, se-
raes, não sendo a mesma, na esten-
gundo o comprehendem e sentem as
são e na intensidade, para todos os
nações americanas.·
Estados, bem podemos falar de um
Mas as reservas e abstenções,
direito internacional brasz"leiro, que-
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 7
6 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

rendo significar esse direito segundo


Ubi societas ibi jus. E a sociedade,
o reflecte a mentalidade brasileira,
que o direito publico internacional
e seo-undo
1::,
a nossa contribuição para
organiza, é a dos Estados soberanos,
reduzil-o a princípios e para appli-
que se approximam entre si por seme-
cal-o aos casos occorrentes.
lhança de cultura, e para satisfazer
E' sabido que, no continente
interesses communs,segundo normas,
.americano, as condições historicas
a que adherem.
(e nella incluo as economicas e as
Todavia a contradicção appa-
politicas) facilitaram o desenvolvi-
rente se desfaz, quando attendermos
mento da solidariedade sob essa
a que, adherindo ás normas consue-
feição propria, a que se tem dado o
tudinarias ou convencionaes do di-
adequado nome de ame,,icanzsmo, ao
reito das gentes, collaboraram os
-impulso do qual se consolida a fra-
povos na systematização de um corpo
ternidade dos povos desta parte do
de doutrinas. E essa collaboração,ape-
mundo • e se está elaborando a codi-
sar da commnnhão dos princípios ge-
ficação do direito internacional, se-
raes, não sendo a mesma, na esten-
gundo o comprehendem e sentem as
são e na intensidade, para todos os
nações americanas.·
Estados, bem podemos falar de um
Mas as reservas e abstenções,
direito internacional brasz"leiro, que-
8 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

ainda inevitaveis, emquanto não hou- DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 9


ver inteira convergencia dos espíri-
nalidade, pois que um rege interesses
tos, a unidade de vistas, para a qual
de Estados, outro disciplina inte-
marchamos, determinam variantes no
resses inàividuaes: o direito publico
conjuncto dos princípios jurídicos
internacional e o direito internacional
acceitos. Assim ha regras de direito
pri ;ado.
internacional, que certo grupo de
Deste ultimo direito temos· a
povos admitte e incorpora no quadro
codificação preparada por juriscon-
da sua propria legislação, e outras
nações reluctam em fazei-o. Desta sultos nomeados pelos Estados ame•
situação resulta que o direito interna- ricanos votada em congresso de re-
'
cional do Brasil pode não ser abso- presentantes desses Estados, a qual
lutamente identico ao de outro povo. recebeu o nome de Codigo Busta-
Certamente a differença não é funda- mante, em honra ao seu principal
mental, porem, embora limitada e collaborador, o egregio jurisconsulto
secundaria, existe. cubano, que é legitima gloria do con-
O direito inter nacional compre- tinente. Pois bem, esse Codigo Bus-
hende dois ramos, que, aliás, só têm tamante, que é lei no Brasil, não tem
de commum, entre si, a internado- -0 apoio de outros povos americanos,
os quaes, desde o primeiro momento,
8 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

ainda inevitaveis, emquanto não hou- DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 9


ver inteira convergencia dos espíri-
nalidade, pois que um rege interesses
tos, a unidade de vistas, para a qual
de Estados, outro disciplina inte-
marchamos, determinam variantes no
resses inàividuaes: o direito publico
conjuncto dos princípios jurídicos
internacional e o direito internacional
acceitos. Assim ha regras de direito
pri ;ado.
internacional, que certo grupo de
Deste ultimo direito temos· a
povos admitte e incorpora no quadro
codificação preparada por juriscon-
da sua propria legislação, e outras
nações reluctam em fazei-o. Desta sultos nomeados pelos Estados ame•
situação resulta que o direito interna- ricanos votada em congresso de re-
'
cional do Brasil pode não ser abso- presentantes desses Estados, a qual
lutamente identico ao de outro povo. recebeu o nome de Codigo Busta-
Certamente a differença não é funda- mante, em honra ao seu principal
mental, porem, embora limitada e collaborador, o egregio jurisconsulto
secundaria, existe. cubano, que é legitima gloria do con-
O direito inter nacional compre- tinente. Pois bem, esse Codigo Bus-
hende dois ramos, que, aliás, só têm tamante, que é lei no Brasil, não tem
de commum, entre si, a internado- -0 apoio de outros povos americanos,
os quaes, desde o primeiro momento,
10 DIREITO INTER~ACIONAL BRASILEIRO 11
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

lhe fizeram reservas, alg~mas das affirmando o seu respeito ao direito


quaes valem por inte~ral recusa. dos outros povos e esperando, por
Podemos, portanto, falar de um justa retribuição, o acatamento aos
direito internacional brasileiro, sem seus inalienaveis direitos de nação.
contradz'ctzo z1i ad.Jecto. E' 0 que se Refiro-me ao ivlani/Qsto de 6 de
acha incorporado na legislação es- Agosto de 1822, dirigido pelo re-
cripta ou consuetudinaria do nosso gente D. Pedro, em nome do reino
paiz. do Brasil, ás nafôes e governos ami-
gos.
E falemos, primeiro, do direito
E, desde esse momento, o Brasil
publico internacional.
fez timbre em se guiar, nas relações
internacionaes, pelos dictames da jus•
II tiça, obedecendo aos usos e costu-
O Brasil, ainda antes àe ser pro_ mes dos povos cultos, e com elles as-
clamada a sua independencia, mas sentando as normas reguladoras dos
já sob a orientação de um alto espi- seus recíprocos interesses.
rita, qual foi José Bonitacio, fez pu- Proclamada a independencia, es-
blica e solemne declaração da sua forçamo-nos por obter o seu reco-
entrada na sociedade internacional , nhecimento. Os Estados-Unidos da
10 DIREITO INTER~ACIONAL BRASILEIRO 11
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

lhe fizeram reservas, alg~mas das affirmando o seu respeito ao direito


quaes valem por inte~ral recusa. dos outros povos e esperando, por
Podemos, portanto, falar de um justa retribuição, o acatamento aos
direito internacional brasileiro, sem seus inalienaveis direitos de nação.
contradz'ctzo z1i ad.Jecto. E' 0 que se Refiro-me ao ivlani/Qsto de 6 de
acha incorporado na legislação es- Agosto de 1822, dirigido pelo re-
cripta ou consuetudinaria do nosso gente D. Pedro, em nome do reino
paiz. do Brasil, ás nafôes e governos ami-
gos.
E falemos, primeiro, do direito
E, desde esse momento, o Brasil
publico internacional.
fez timbre em se guiar, nas relações
internacionaes, pelos dictames da jus•
II tiça, obedecendo aos usos e costu-
O Brasil, ainda antes àe ser pro_ mes dos povos cultos, e com elles as-
clamada a sua independencia, mas sentando as normas reguladoras dos
já sob a orientação de um alto espi- seus recíprocos interesses.
rita, qual foi José Bonitacio, fez pu- Proclamada a independencia, es-
blica e solemne declaração da sua forçamo-nos por obter o seu reco-
entrada na sociedade internacional , nhecimento. Os Estados-Unidos da
é 12 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

America foram os pri~eiros a nos


reconhecer a soberania e independ,m-
DIREíTO INTERNACIONAL BRASILEIRO

de negocios para o Brasil, José Dela-


vat y Rincon, recebendo no anno
13

cia, acceitando, como nosso encarre- seguinte, em pósto identico, por parte
gado de negocios, José Silvestre Re- do Brasil, Pedro Affonso de Carva-
bello, que, a26 de Maio de 1824, foi so- lho.
lemnemente recebido por James Mon- Reconhecido o imperio, tomou
roe. Mais complicado e moroso foi 0 incremento a sua vida internacional,
reconhecimento do novo Estado ame- affirmando, invocando, applicando e
i::icano pelas monarchias da Europa, defendendo os princípios geralmente
não obstante o auxilio prestado por acceitos do direito das gentes, par-
Canning. Os interesses dyoasticos e ticularmente por occasião das lutas
o desejo de não melindrar Portuo-a] o
no rio da Prata, na guerra contra o
criaram antipathias á nossa causa. Lopes, nos attrictos com as exigen-
Mas, afinal, o reino luzitano se resol- cias britanicas, nas questões de limi-
veu a tratar com o Brasil de poten· tes com a Argentina, a França, a
cia a potencia, em Agosto de 1825, Inglaterra, a Bolivia e o Perú, nas
e cessaram os escrupulos da Europa, quaes sobresahiram, num forte brilho
exceptuada a Hespanha que, somente de intelligencia e patriotismo, os vul-
em 1834, nomeou um encarregado tos de Rio Branco e Nabuco.
é 12 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

America foram os pri~eiros a nos


reconhecer a soberania e independ,m-
DIREíTO INTERNACIONAL BRASILEIRO

de negocios para o Brasil, José Dela-


vat y Rincon, recebendo no anno
13

cia, acceitando, como nosso encarre- seguinte, em pósto identico, por parte
gado de negocios, José Silvestre Re- do Brasil, Pedro Affonso de Carva-
bello, que, a26 de Maio de 1824, foi so- lho.
lemnemente recebido por James Mon- Reconhecido o imperio, tomou
roe. Mais complicado e moroso foi 0 incremento a sua vida internacional,
reconhecimento do novo Estado ame- affirmando, invocando, applicando e
i::icano pelas monarchias da Europa, defendendo os princípios geralmente
não obstante o auxilio prestado por acceitos do direito das gentes, par-
Canning. Os interesses dyoasticos e ticularmente por occasião das lutas
o desejo de não melindrar Portuo-a] o
no rio da Prata, na guerra contra o
criaram antipathias á nossa causa. Lopes, nos attrictos com as exigen-
Mas, afinal, o reino luzitano se resol- cias britanicas, nas questões de limi-
veu a tratar com o Brasil de poten· tes com a Argentina, a França, a
cia a potencia, em Agosto de 1825, Inglaterra, a Bolivia e o Perú, nas
e cessaram os escrupulos da Europa, quaes sobresahiram, num forte brilho
exceptuada a Hespanha que, somente de intelligencia e patriotismo, os vul-
em 1834, nomeou um encarregado tos de Rio Branco e Nabuco.
14 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 15-
Estas ultimas questões já se
vieram resolver com a Republica,
que cresce em força, á medida que ª
consciencia se aclara, e nos impelle
forma de governo, que, nos integran...
para a união de todos os povos, ci-
do na política do continente ameri-
mentada pelo altruísmo e assegurada
cano, permittiu mais franca expansão
pela justiça.
ao sentimento de solidariedade com
os povos desta parte do mundo, sem
III
prejuízo dos laços, que nos prendem
á Europa e á humanidade inteira. Tentando reumr em synthese
A Europa, como bellamente ~f- os principias que constituem o nosso
firmou o barão do Rio Branco, abrin- direito publico internacional distri-
do a Conferencia internacional ame- buil-os-emos em duas categorias :
ricana, em 1906, <nos criou, nos
ensinou, della recebemos incessante A. Princípios unzversaes
apoio e exemplo, a claridade da sci- B. Princzpios codificados
encia e da arte, as commodidades da
industria e a lição mais proveitosa A
do progresso». A' humanidade nos
Princtjnos unzversaes são os que
prende o sentimento de fraternidade.
a civilização veio approvando, através
14 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 15-
Estas ultimas questões já se
vieram resolver com a Republica,
que cresce em força, á medida que ª
consciencia se aclara, e nos impelle
forma de governo, que, nos integran...
para a união de todos os povos, ci-
do na política do continente ameri-
mentada pelo altruísmo e assegurada
cano, permittiu mais franca expansão
pela justiça.
ao sentimento de solidariedade com
os povos desta parte do mundo, sem
III
prejuízo dos laços, que nos prendem
á Europa e á humanidade inteira. Tentando reumr em synthese
A Europa, como bellamente ~f- os principias que constituem o nosso
firmou o barão do Rio Branco, abrin- direito publico internacional distri-
do a Conferencia internacional ame- buil-os-emos em duas categorias :
ricana, em 1906, <nos criou, nos
ensinou, della recebemos incessante A. Princípios unzversaes
apoio e exemplo, a claridade da sci- B. Princzpios codificados
encia e da arte, as commodidades da
industria e a lição mais proveitosa A
do progresso». A' humanidade nos
Princtjnos unzversaes são os que
prende o sentimento de fraternidade.
a civilização veio approvando, através
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 17
16 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
nações valem os preceitos formula-
dos tempos, e se crystallizaram na dos pela inexcedida sabedoria ro-
consciencia dos povos cultos, quer mana : honeste vivere, alterum non lae-
se achem expressos em tratados nor- dere, sum cuique tri'buere.
mativos, quer se apresentem como A soberani·a é conceito do direito
elaboração da doutrina ou consolida- constitucional, mas se reflecte no in-
;:ão de costumes geralmente accei- ternacional pela affirmação da perso-
tos.
nalidade do Estado, e se decompõe,
Nesta classe menciono, como de nessa esphera, em direito do Estado
mais vulto, os seguintes: o direito á a se organizar politicamente, segundo 1
existencia, a soberania e a igualdade. as suas necessidades e conveniencías;
O principio da existencia pode de ter lJgislação propria ; de exer-
ser assim formulado : A nação tem cer jurisdição sobre seu territorio 1
,\
o direito de existir ; esse direito im- terrestre, marítimo e àereo; de ceie•
porta a affirmação de sua personali- brar actos jurídicos internacionaes;
dade na communhão internacional, e de se fazer representar diplomatica-
presuppõe o direito de defender os mente e de proteger os nacionaes no
interesses nacionaes dentro da esphe-
infortunio ou contra a injustiça, que
ra do direito, respeitados os direitos
soffram em terras estranhas.
dos outros povos. Tambem para as
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 17
16 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
nações valem os preceitos formula-
dos tempos, e se crystallizaram na dos pela inexcedida sabedoria ro-
consciencia dos povos cultos, quer mana : honeste vivere, alterum non lae-
se achem expressos em tratados nor- dere, sum cuique tri'buere.
mativos, quer se apresentem como A soberani·a é conceito do direito
elaboração da doutrina ou consolida- constitucional, mas se reflecte no in-
;:ão de costumes geralmente accei- ternacional pela affirmação da perso-
tos.
nalidade do Estado, e se decompõe,
Nesta classe menciono, como de nessa esphera, em direito do Estado
mais vulto, os seguintes: o direito á a se organizar politicamente, segundo 1
existencia, a soberania e a igualdade. as suas necessidades e conveniencías;
O principio da existencia pode de ter lJgislação propria ; de exer-
ser assim formulado : A nação tem cer jurisdição sobre seu territorio 1
,\
o direito de existir ; esse direito im- terrestre, marítimo e àereo; de ceie•
porta a affirmação de sua personali- brar actos jurídicos internacionaes;
dade na communhão internacional, e de se fazer representar diplomatica-
presuppõe o direito de defender os mente e de proteger os nacionaes no
interesses nacionaes dentro da esphe-
infortunio ou contra a injustiça, que
ra do direito, respeitados os direitos
soffram em terras estranhas.
dos outros povos. Tambem para as
18 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACfONAL BRASILEIRO J9
A t"gztaldade é J)ostulado
, essen- a cultura, criam direitos mais latos
cial da communhão internacional.
de uns Estados sobre outros, tornou
Por ella se bateu, gloriosamente,
possível a organização de um corpo
em Haya, em nome do Brasil, o insL
judiciaria para as nações, sobre bases
gne Ruy Barbosa. Essa igualdade
mais firmes de justiça, para a qual
juridica dos Estados quer dizer que,
collaboraram, com o mesmo devota-
na vida de relação desses super orga-
mento, potencias de primeira gran-
nismos entre si, gozam todos eguaes
deza, e Estados, militar e economi-
direitos, não dependendo o seu exer-
camente, fracos.
cício do grau de força material, em
Infelizmente, a Sociedade das
que se possa apoiar.
Nações, organizada ainda sob a in-
O Brasil affirmou, intransigen-
fluencia da guerra mundial, não se
temente, esse principio da igualdade
orientou pelos mesmos princípios, e,
jurídica, P. se, essa intransigencia em
no Conselho, a opulencia e a força
1907, impediu a criação de um tri-
bunal de justiça internacional, honra
estabelecem differenças, a que falta )
fomento de justiça. E ~por ser assim, o )

lhe seja, porque melhor esclarecendo


Brasil se retrahiu, deixou o seu logar
as consciencias, mostrando que nem 1
a riqueza, nem o poder, nem mesmo
nessa aggremiação de ipovos, ainda
que não recusa a !sua collaboração l

l
18 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACfONAL BRASILEIRO J9
A t"gztaldade é J)ostulado
, essen- a cultura, criam direitos mais latos
cial da communhão internacional.
de uns Estados sobre outros, tornou
Por ella se bateu, gloriosamente,
possível a organização de um corpo
em Haya, em nome do Brasil, o insL
judiciaria para as nações, sobre bases
gne Ruy Barbosa. Essa igualdade
mais firmes de justiça, para a qual
juridica dos Estados quer dizer que,
collaboraram, com o mesmo devota-
na vida de relação desses super orga-
mento, potencias de primeira gran-
nismos entre si, gozam todos eguaes
deza, e Estados, militar e economi-
direitos, não dependendo o seu exer-
camente, fracos.
cício do grau de força material, em
Infelizmente, a Sociedade das
que se possa apoiar.
Nações, organizada ainda sob a in-
O Brasil affirmou, intransigen-
fluencia da guerra mundial, não se
temente, esse principio da igualdade
orientou pelos mesmos princípios, e,
jurídica, P. se, essa intransigencia em
no Conselho, a opulencia e a força
1907, impediu a criação de um tri-
bunal de justiça internacional, honra
estabelecem differenças, a que falta )
fomento de justiça. E ~por ser assim, o )

lhe seja, porque melhor esclarecendo


Brasil se retrahiu, deixou o seu logar
as consciencias, mostrando que nem 1
a riqueza, nem o poder, nem mesmo
nessa aggremiação de ipovos, ainda
que não recusa a !sua collaboração l

l
20 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 21

abnegada, nos trabalhos de interesse inherentes á sua completa indepen-


'
geral, que se estão, fructuosamente, dencia, desejosas de promover, effi-
realizando sob os c1.uspicios, ou ao cazmente, a crescente conciliação de
seus interesses economicos e a coor-
impulso della.
denação de suas actividades de cara-
Inspira-se em outros sentimen-
cter social e intel\ectual. »
tos a U níão Pan-americana, que faz
A União Pan-americana, orgão
hoje, objecto de uma convenção, ada-
das nações americanas compõe-se de
ptada pela sexta Conferencia Inter-
um Conselho director, formado p elos
nacional Ameticana, e assignada em
representantes dos governos deste
Havana, a 20 de Fevereiro de 1928,
Continente e de funccionarios execu-
a qual, depois de approvada pelo tivos, tem pur funcção precipua con-
Congresso Nacional, em nosso paiz, centrar informações relativas aos
fói promulgada pelo dec. n. 18.875, povos americanos ; cooperar para o
de 20 de Agosto de 1929. Essa desenvolvimento das relações econo-
União, como se exprime o pream- micas, sociaes e culturaes desses
bulo da convenção, que a organiza e povos: e trabalhar como Commis-
regulamenta, «descança na igualdade são permanente das Conferencias ln ·
jurídica das Republicas do Continen- ternacionaes americanas, outro orgão
te, e no respeito mutuo dos direitos da União dos Estados da America.
20 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 21

abnegada, nos trabalhos de interesse inherentes á sua completa indepen-


'
geral, que se estão, fructuosamente, dencia, desejosas de promover, effi-
realizando sob os c1.uspicios, ou ao cazmente, a crescente conciliação de
seus interesses economicos e a coor-
impulso della.
denação de suas actividades de cara-
Inspira-se em outros sentimen-
cter social e intel\ectual. »
tos a U níão Pan-americana, que faz
A União Pan-americana, orgão
hoje, objecto de uma convenção, ada-
das nações americanas compõe-se de
ptada pela sexta Conferencia Inter-
um Conselho director, formado p elos
nacional Ameticana, e assignada em
representantes dos governos deste
Havana, a 20 de Fevereiro de 1928,
Continente e de funccionarios execu-
a qual, depois de approvada pelo tivos, tem pur funcção precipua con-
Congresso Nacional, em nosso paiz, centrar informações relativas aos
fói promulgada pelo dec. n. 18.875, povos americanos ; cooperar para o
de 20 de Agosto de 1929. Essa desenvolvimento das relações econo-
União, como se exprime o pream- micas, sociaes e culturaes desses
bulo da convenção, que a organiza e povos: e trabalhar como Commis-
regulamenta, «descança na igualdade são permanente das Conferencias ln ·
jurídica das Republicas do Continen- ternacionaes americanas, outro orgão
te, e no respeito mutuo dos direitos da União dos Estados da America.
'22 DIREITO INTERNAG~NAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 23

B jurídica das nações, a ensaiar as pri-


meiras ainda mal definidas affirma-
Princzpios codificados. Alguns ções. O espirita monarchico admitte
princípios do direito internacional a collaboração das Republicas, e a
se acham consignados em tratados influencia religiosa perde campo nas
collectivos. Destacam-se, entre esses: relações internacionaes.
a) Os tratados de Westphalz"a, que pu- b) Com o Congresso de Vz"enna,
zeram fim á guerra dos 30 annos, em em 1815, desencadeiou-se a reacção
1648, e que são ainda, uma das par- -contra essas idéas e, principalmente,
tes mais consideraveis da doutrina contra os princípios da revolução fran-
moderna do direito internacional. ceza, dominando o monarchismo e
Despagnet denomina-os a carta funM o direito divino, que, em seguida,
damental dos povos europeus, porque serviram de baseá alliança das cinco
o seu pensamento fundamental, ainda grandes potencias, Inglaterra, A us-
que não expresso, como fez mais tarde tria, Prussia, Russia e França {a
o tratado de Utrecht (1713), é o equi- pentarchia), para o fim de tomarem
líbrio dos Estados, contrabalançando a direcção da vida internacional dos
a força dos ~poderosos com a liga povos. Mas, nesse mesmo Congresso
dos menores. E' a idéa de igualdade de Vienna e no de Aix-la-Chapelle
'22 DIREITO INTERNAG~NAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 23

B jurídica das nações, a ensaiar as pri-


meiras ainda mal definidas affirma-
Princzpios codificados. Alguns ções. O espirita monarchico admitte
princípios do direito internacional a collaboração das Republicas, e a
se acham consignados em tratados influencia religiosa perde campo nas
collectivos. Destacam-se, entre esses: relações internacionaes.
a) Os tratados de Westphalz"a, que pu- b) Com o Congresso de Vz"enna,
zeram fim á guerra dos 30 annos, em em 1815, desencadeiou-se a reacção
1648, e que são ainda, uma das par- -contra essas idéas e, principalmente,
tes mais consideraveis da doutrina contra os princípios da revolução fran-
moderna do direito internacional. ceza, dominando o monarchismo e
Despagnet denomina-os a carta funM o direito divino, que, em seguida,
damental dos povos europeus, porque serviram de baseá alliança das cinco
o seu pensamento fundamental, ainda grandes potencias, Inglaterra, A us-
que não expresso, como fez mais tarde tria, Prussia, Russia e França {a
o tratado de Utrecht (1713), é o equi- pentarchia), para o fim de tomarem
líbrio dos Estados, contrabalançando a direcção da vida internacional dos
a força dos ~poderosos com a liga povos. Mas, nesse mesmo Congresso
dos menores. E' a idéa de igualdade de Vienna e no de Aix-la-Chapelle
24 DIREITO INTER NACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTER NACIONAL BRASILEIRO 25
(1818), se approvaram principias, que
O Brasil, adherindo a esses tres
o direito internacional adaptou, como
preceitos, considerou-os insufficien-
regra de applicação geral.
tes para a grande cultura, a que a
c) Em 18b6, apparece a Decla-
humanidade já havia, certamente,
ração de Paris abolindo o corso e esta-
attingido; e, acompanhando os Esta-
belecendo regras sobre contrabando
dos Unidos da America, incitava as
de guerra e bloqueio: grandes potencias da Europa a collo-
- O pavilhão neutro cobre a
car «toda a propriedade particular
mercadoria inimiga, excepto o con-
inoffensiva ao abrigo do direito marí-
trabando de guerra. timo, contra os ataques dos cruzado-
- A mercadoria neutra, com ex-
res de guerra,..
cepção do contrabando de guerra,
E' uma digna e nobre affirma-
não pode ser apprehendida sob pavi-
ção, que deve ser recordada, em ho-
lhão inimigo. menagem ao egregio diplomata, que
- Os bloqueios, para serem
ªredigiu, 0 Visconde do Rio Branco.
obrigatorios, devem ser effectivos,
Desgraçadamente, o espírito hu-
isto é, mantidos por força sufficiente
mano soffreu lamentavel deliquio,
para vedar, realmen~e, o accesso ao
mais de meio seculo depois, e essas
littoral do inimigo. maximas que pareciam não traduzir
24 DIREITO INTER NACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTER NACIONAL BRASILEIRO 25
(1818), se approvaram principias, que
O Brasil, adherindo a esses tres
o direito internacional adaptou, como
preceitos, considerou-os insufficien-
regra de applicação geral.
tes para a grande cultura, a que a
c) Em 18b6, apparece a Decla-
humanidade já havia, certamente,
ração de Paris abolindo o corso e esta-
attingido; e, acompanhando os Esta-
belecendo regras sobre contrabando
dos Unidos da America, incitava as
de guerra e bloqueio: grandes potencias da Europa a collo-
- O pavilhão neutro cobre a
car «toda a propriedade particular
mercadoria inimiga, excepto o con-
inoffensiva ao abrigo do direito marí-
trabando de guerra. timo, contra os ataques dos cruzado-
- A mercadoria neutra, com ex-
res de guerra,..
cepção do contrabando de guerra,
E' uma digna e nobre affirma-
não pode ser apprehendida sob pavi-
ção, que deve ser recordada, em ho-
lhão inimigo. menagem ao egregio diplomata, que
- Os bloqueios, para serem
ªredigiu, 0 Visconde do Rio Branco.
obrigatorios, devem ser effectivos,
Desgraçadamente, o espírito hu-
isto é, mantidos por força sufficiente
mano soffreu lamentavel deliquio,
para vedar, realmen~e, o accesso ao
mais de meio seculo depois, e essas
littoral do inimigo. maximas que pareciam não traduzir
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 27-
2ó DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

bem a cultura do tempo, não •pude- de ter adberido ás convenções oriun-


ram prevalecer contra os desvarios das da anterior.
de uma guerra, que aboliu todas as Nella se firmaram 14 conven-
restricções, que a civilização oppu- ções referentes aos meios de resol-
zera ás violencias injustas. ver, amigavelmente, os conflictos in-
Esses e outros princípios expres- ternac1onaes, ás leis da guerra, á
sos em tratados não constituiam ainda. neutralidade terrestre e marítima;
a codificação. Esta foi tentada assim corno ás regras para attender
mais tarde, com as conferencias de- á sorte dos feridos e doentes na guer-
Haya, em 1899 e 1907. O que nesse ra, segundo a convenção de Genebra
intuito escreveram Bluntschli, Fiore, celebrada em 1864, que se estendeu
Duplessis, Internoscia, são obras par- á guerra rnaritima. Esse movimento
ticulares, que, sem duvida, concorrem codificador levou as grandes poten-
para o progresso da codificação sem cias a se reunirem em Londres, em
comtudo a realizarem. 1908 e 1909, para regulamentar a
Na primeira Conferencia da Paz, guerra no mar. Emittiram uma de-
na Haya, em 1899, o Brasil não tomou claração, que não foi ratificada pelas
parte, embora para ella fosse convi- nações signatarias: mas, se o tivesse
dado. Compareceu á segunda, depois sido, teria a sorte dos outros actos
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 27-
2ó DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

bem a cultura do tempo, não •pude- de ter adberido ás convenções oriun-


ram prevalecer contra os desvarios das da anterior.
de uma guerra, que aboliu todas as Nella se firmaram 14 conven-
restricções, que a civilização oppu- ções referentes aos meios de resol-
zera ás violencias injustas. ver, amigavelmente, os conflictos in-
Esses e outros princípios expres- ternac1onaes, ás leis da guerra, á
sos em tratados não constituiam ainda. neutralidade terrestre e marítima;
a codificação. Esta foi tentada assim corno ás regras para attender
mais tarde, com as conferencias de- á sorte dos feridos e doentes na guer-
Haya, em 1899 e 1907. O que nesse ra, segundo a convenção de Genebra
intuito escreveram Bluntschli, Fiore, celebrada em 1864, que se estendeu
Duplessis, Internoscia, são obras par- á guerra rnaritima. Esse movimento
ticulares, que, sem duvida, concorrem codificador levou as grandes poten-
para o progresso da codificação sem cias a se reunirem em Londres, em
comtudo a realizarem. 1908 e 1909, para regulamentar a
Na primeira Conferencia da Paz, guerra no mar. Emittiram uma de-
na Haya, em 1899, o Brasil não tomou claração, que não foi ratificada pelas
parte, embora para ella fosse convi- nações signatarias: mas, se o tivesse
dado. Compareceu á segunda, depois sido, teria a sorte dos outros actos
28 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 29

reguladores da gllerra, que, no• mo- ciente regulamentação dos interesses


mento do conflicto mais grave, cede- communs dos paizes americanos.
ram ao imperio da necessidade pre- Seguiram-se: a reunião do Me-
xico, em 1901 a 1902, na qual a idéa
mente de vencer, numa lucta, em que
da codificação do direito internacio-
se jogavam mais do que interesses
nal se concretizou numa proposta do
vitaes de algumas nações : os desti-
delegado brasileiro, o eminente J0sé
nos da propria civilização humana.
Hygino, que obteve a approvação da
- Naturalmente o impulso para
Assembléa; a do Rio de Janeiro, em
reduzir a princípios certos, a regras
1906 e 1912 J a de Buenos Aires em
precisas, o direito internacional não 1910; a de Santiago em 1923, e,
morreu com a guerra mundial. Re- por fim, de Cuba, em 1928, da qual
nasceu na Europa, sob os auspícios resultaram convenções sobre varias
da Sociedade das Nações, e se man- materias de direito publico interna-
teve na America, onde o terreno é cional e a codificação integral do di-
mais favoravel. reito internacional privado.
Desde 1889, com a primeira As convenções assignadas em
Conferencia em Washington, que se Cuba e approvadas pelo Congresso
iniciou o movimento de mais effi- Nacional, que, portanto, constituem
28 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 29

reguladores da gllerra, que, no• mo- ciente regulamentação dos interesses


mento do conflicto mais grave, cede- communs dos paizes americanos.
ram ao imperio da necessidade pre- Seguiram-se: a reunião do Me-
xico, em 1901 a 1902, na qual a idéa
mente de vencer, numa lucta, em que
da codificação do direito internacio-
se jogavam mais do que interesses
nal se concretizou numa proposta do
vitaes de algumas nações : os desti-
delegado brasileiro, o eminente J0sé
nos da propria civilização humana.
Hygino, que obteve a approvação da
- Naturalmente o impulso para
Assembléa; a do Rio de Janeiro, em
reduzir a princípios certos, a regras
1906 e 1912 J a de Buenos Aires em
precisas, o direito internacional não 1910; a de Santiago em 1923, e,
morreu com a guerra mundial. Re- por fim, de Cuba, em 1928, da qual
nasceu na Europa, sob os auspícios resultaram convenções sobre varias
da Sociedade das Nações, e se man- materias de direito publico interna-
teve na America, onde o terreno é cional e a codificação integral do di-
mais favoravel. reito internacional privado.
Desde 1889, com a primeira As convenções assignadas em
Conferencia em Washington, que se Cuba e approvadas pelo Congresso
iniciou o movimento de mais effi- Nacional, que, portanto, constituem
30 DIREITO INTERNACIONAL BRASILE RO DIRIETO INTERNACIONAL BRASILEIRO 3f

o nosso direito publico internacional ceitas, a respeito dos assumptos de


codificado, são as seguintes : que se occupam.
1 ~ Conven;ão sobre tratados. Es- 4ª Conven;ão referente á conces•
tipulam-se regras referentes á cele- são de asylo. Ficou estabelecido que
bração, efficiencia e duração desses não é licito aos Estados dar asylo
em legações, navios de guerra, acam-
actos internacionaes.
pamentos ou aeronaves militares, a
2ª Convenção relativa a funccio-
pessôas accusadas ou condemnadas
narios diplomatz'cos. Estabelece re-
por delictos communs, nem a deser-
gras concernentes ás missões diplo-
tores de terra e mar. O asylo a cri- 1
maticas, assim como aos deveres, im-
minosos politicos é permittido, em
munidades e prerogativas dos respec-
tivos funccionarios.
casos urgentes e pelo tempo estricta-
mente indispensavel para que o asyla-
l
3ª Convenção rela#va aos agen- do se ponha, de qualquer outra manei-
tes consulares. Trata da nomeação, ra, em segurança.
attribuições e prerogativas dos con- O agente diplomatico, comman-
sules. dante do navio de guerra, acampa-
Estas tres convenções compreen- mento, ou aeronave, immediatàmente
diam os princípios geralmente ac- depois de ter concedido o asylo, o
30 DIREITO INTERNACIONAL BRASILE RO DIRIETO INTERNACIONAL BRASILEIRO 3f

o nosso direito publico internacional ceitas, a respeito dos assumptos de


codificado, são as seguintes : que se occupam.
1 ~ Conven;ão sobre tratados. Es- 4ª Conven;ão referente á conces•
tipulam-se regras referentes á cele- são de asylo. Ficou estabelecido que
bração, efficiencia e duração desses não é licito aos Estados dar asylo
em legações, navios de guerra, acam-
actos internacionaes.
pamentos ou aeronaves militares, a
2ª Convenção relativa a funccio-
pessôas accusadas ou condemnadas
narios diplomatz'cos. Estabelece re-
por delictos communs, nem a deser-
gras concernentes ás missões diplo-
tores de terra e mar. O asylo a cri- 1
maticas, assim como aos deveres, im-
minosos politicos é permittido, em
munidades e prerogativas dos respec-
tivos funccionarios.
casos urgentes e pelo tempo estricta-
mente indispensavel para que o asyla-
l
3ª Convenção rela#va aos agen- do se ponha, de qualquer outra manei-
tes consulares. Trata da nomeação, ra, em segurança.
attribuições e prerogativas dos con- O agente diplomatico, comman-
sules. dante do navio de guerra, acampa-
Estas tres convenções compreen- mento, ou aeronave, immediatàmente
diam os princípios geralmente ac- depois de ter concedido o asylo, o
DIREITO INTERNAC!Or AL BRASILEIRO 33
32 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

Eis ahi, em traços rapidos, o di-


communicará ao Ministro das Rela-
reito publico internacional codificado,
ções Exteriores do Estado do asy-
a que obedece o Brasil como nação
lado, ou á autoridade administrativa
americana. Não abrangem, certamen-
do loo-ar
b l se o facto occorrer fóra da
te, as convenções indicadas, todo o
capital.
direito das gentes. Em reuniões suc-
5~ Convenção a respeito dos di-
cessivas se irão assentando as bases
'Jléz°tos e deveres dos Estados, nos casos
da regulamentação dos interesses dos
de luctas civis. Prescrevem-se caute-
povos do continente; mas o passo
las para que nos Estados visinhos não
dado já é consideravel avanço no
se preparem invasões de insurrectos;
sentido do progresso jurídico e fun-
e firmam-se regras para o desarma-
damento seguro de que a solidarie-
mento dos rebeldes, que transpo-
dade americana encontrará alta e
nham as fronteiras do seu paiz.
nobre expressão, num conjuncto dou-
6ª Convmção dando organização
trinario, em que dominará o sentimen-
á União Panamericana, a que já me
to da justiça.
referi, e que é o centro da acção
Não se tratou, em Havana, de
conjuncta, de cooperação e solidarieM
regulamentar a guerra, como se fizera
dade das nações da America, tendo
em Haya. Preponderava, na sexta
a sua séde em Washington.
DIREITO INTERNAC!Or AL BRASILEIRO 33
32 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

Eis ahi, em traços rapidos, o di-


communicará ao Ministro das Rela-
reito publico internacional codificado,
ções Exteriores do Estado do asy-
a que obedece o Brasil como nação
lado, ou á autoridade administrativa
americana. Não abrangem, certamen-
do loo-ar
b l se o facto occorrer fóra da
te, as convenções indicadas, todo o
capital.
direito das gentes. Em reuniões suc-
5~ Convenção a respeito dos di-
cessivas se irão assentando as bases
'Jléz°tos e deveres dos Estados, nos casos
da regulamentação dos interesses dos
de luctas civis. Prescrevem-se caute-
povos do continente; mas o passo
las para que nos Estados visinhos não
dado já é consideravel avanço no
se preparem invasões de insurrectos;
sentido do progresso jurídico e fun-
e firmam-se regras para o desarma-
damento seguro de que a solidarie-
mento dos rebeldes, que transpo-
dade americana encontrará alta e
nham as fronteiras do seu paiz.
nobre expressão, num conjuncto dou-
6ª Convmção dando organização
trinario, em que dominará o sentimen-
á União Panamericana, a que já me
to da justiça.
referi, e que é o centro da acção
Não se tratou, em Havana, de
conjuncta, de cooperação e solidarieM
regulamentar a guerra, como se fizera
dade das nações da America, tendo
em Haya. Preponderava, na sexta
a sua séde em Washington.
j
35

ll
34 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

Conferencia internacional, reunida em trou expressão nos art. sq e 34 1 n. 11


Havana, o mesmo espirito, que presi- de nossa lei magna:
-dia á elaboração dos projectos para -· Os Estados Unidos do Brasil
em caso algum, se empenharão em
'
a codificação de direito intern2.cional,
que o Conselho Director da U niãó guerra de conquista, directa ou indi-
rectamente, por si ou em alliança com
Pan americana pedira ao Instituto
outras nações.
Americano de Direito Internacional,
- Compete, privativamente ao
espírito que, desde a primeira Con-
Congresso Nacional autorizar O ~o-
ferencia internacional reunida em
verno a declarar a guerra, se não tiver
Washington se fizera sentir: o direito logar ou mal!ograr-se o recurso do
da guerra não tem cabida nas rela• arbitramento.
çõ1:s das Republicas americanas; as DeSt es dois preceitos, resulta
suas conferencias tem por objecto que somente é licita a guerra em le-
organizar o direito internacional da gitima defeza, e esta mesma, a não
paz. ser em caso de aggressão inopinada,
E' este, como já se tem repetido, se procurará afastar, submettendo a
-0 pensamento, que transparece do queS t ão, d~ que possa resultar, á so-
conjuncto da historia patria e encon- lução pacifica do arbitramento.
j
35

ll
34 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

Conferencia internacional, reunida em trou expressão nos art. sq e 34 1 n. 11


Havana, o mesmo espirito, que presi- de nossa lei magna:
-dia á elaboração dos projectos para -· Os Estados Unidos do Brasil
em caso algum, se empenharão em
'
a codificação de direito intern2.cional,
que o Conselho Director da U niãó guerra de conquista, directa ou indi-
rectamente, por si ou em alliança com
Pan americana pedira ao Instituto
outras nações.
Americano de Direito Internacional,
- Compete, privativamente ao
espírito que, desde a primeira Con-
Congresso Nacional autorizar O ~o-
ferencia internacional reunida em
verno a declarar a guerra, se não tiver
Washington se fizera sentir: o direito logar ou mal!ograr-se o recurso do
da guerra não tem cabida nas rela• arbitramento.
çõ1:s das Republicas americanas; as DeSt es dois preceitos, resulta
suas conferencias tem por objecto que somente é licita a guerra em le-
organizar o direito internacional da gitima defeza, e esta mesma, a não
paz. ser em caso de aggressão inopinada,
E' este, como já se tem repetido, se procurará afastar, submettendo a
-0 pensamento, que transparece do queS t ão, d~ que possa resultar, á so-
conjuncto da historia patria e encon- lução pacifica do arbitramento.
36 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 37
Todavia votou-se, em Havana
uma convenção regulando a neutrali- IV
dade. O Brasil não approvou esse
O titulo preliminar da Conven-
acto, que destoava do espírito de paz,
;ão de dzrei"to internaci"onal privado
e não correspondia á noção de neu- que o Brasil assignou, approvou, rati-
tralidade, que deve predominar em ficou e promulgou, consagra os seus
nossos dias. tres primeiros artigos á condição dos
Completando ia codificação já e:d'J'angezros, que tambem é objecto
realizada, no direito publico interna- de uma convenção especial adoptada
cional para as nações americanas, pela mesma conferencia internacional
caberia aqui referir-me á extradição. de Cuba, vigente no Brasil, depois
Abstenho-me de fazei-o, porque essa de submettida á approvação do Con-
materia se acha incluida no Codigo gresso Nacional.
Bustamante, referente ao direito in- A Convenção especial, porém,
ternacional privado, de que nos va- enfrenta a materia, particularmente,
mos occupar. do ponto de vista das obrigações do
estrangeiro e das limitações aos seus ✓

direitos, e o Codigo Bustamante se


colloca em ponto de vista differente,
36 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 37
Todavia votou-se, em Havana
uma convenção regulando a neutrali- IV
dade. O Brasil não approvou esse
O titulo preliminar da Conven-
acto, que destoava do espírito de paz,
;ão de dzrei"to internaci"onal privado
e não correspondia á noção de neu- que o Brasil assignou, approvou, rati-
tralidade, que deve predominar em ficou e promulgou, consagra os seus
nossos dias. tres primeiros artigos á condição dos
Completando ia codificação já e:d'J'angezros, que tambem é objecto
realizada, no direito publico interna- de uma convenção especial adoptada
cional para as nações americanas, pela mesma conferencia internacional
caberia aqui referir-me á extradição. de Cuba, vigente no Brasil, depois
Abstenho-me de fazei-o, porque essa de submettida á approvação do Con-
materia se acha incluida no Codigo gresso Nacional.
Bustamante, referente ao direito in- A Convenção especial, porém,
ternacional privado, de que nos va- enfrenta a materia, particularmente,
mos occupar. do ponto de vista das obrigações do
estrangeiro e das limitações aos seus ✓

direitos, e o Codigo Bustamante se


colloca em ponto de vista differente,
38 DJREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNAC:1O 1\Al BRASILEIRO 39
encarando as vantagens juridi.cas dos <la, porque não põe, immediatamente
estrangeiros. A Convenção especial
depois da franquia, as restricções que
declara que os Estados têm direito de
a podem enfraquecer.
prescrever condições para a entrada
2º Os estrangeiros gozam das
e residencia dos estrangeiros em seu
mesmas garantias indzºviduaes conce-
territorio, assim como o de expulsai-
didas aos nacz·onaes, salvo as restnc-
os por motivo de ordem e segurança.
O Codigo Bustamante assegura os ções estabelecidas nas Constituições.
direitos individuaes dos alienígenas, A Constituição brasileira, depois da
determinando : reforma que soffreu, em 1926, esta-
1° Os estran,R"ei1-os gozam dos belece duas restncções. Uma quanto
mesmos dzrez"tos civis, que se concedem ao direito de propriedade . as minas e
aos naczonaes. jazidas mineraes, necessarias á segu-
E' preceito semelhante ao do art. rança e defeza nac-,:onaes, não podem
3° do nosso Codigo Civil, sendo de ser transferidas a estrangei'l'os ; outra
notar que a nossa lei_interna é mais am- relativa á seguranca pessoal : é per-
pla, não somente porque abre as por- mittido a? Pode,- Execittivo expulsa,-
tas da vida j uridica a todos, sem dis , do terrz"torz·o nacional os subditos es-
tincção de nacionalidade, como, ain. trang-ezros perigosos áordem publz"ca 01,
38 DJREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNAC:1O 1\Al BRASILEIRO 39
encarando as vantagens juridi.cas dos <la, porque não põe, immediatamente
estrangeiros. A Convenção especial
depois da franquia, as restricções que
declara que os Estados têm direito de
a podem enfraquecer.
prescrever condições para a entrada
2º Os estrangeiros gozam das
e residencia dos estrangeiros em seu
mesmas garantias indzºviduaes conce-
territorio, assim como o de expulsai-
didas aos nacz·onaes, salvo as restnc-
os por motivo de ordem e segurança.
O Codigo Bustamante assegura os ções estabelecidas nas Constituições.
direitos individuaes dos alienígenas, A Constituição brasileira, depois da
determinando : reforma que soffreu, em 1926, esta-
1° Os estran,R"ei1-os gozam dos belece duas restncções. Uma quanto
mesmos dzrez"tos civis, que se concedem ao direito de propriedade . as minas e
aos naczonaes. jazidas mineraes, necessarias á segu-
E' preceito semelhante ao do art. rança e defeza nac-,:onaes, não podem
3° do nosso Codigo Civil, sendo de ser transferidas a estrangei'l'os ; outra
notar que a nossa lei_interna é mais am- relativa á seguranca pessoal : é per-
pla, não somente porque abre as por- mittido a? Pode,- Execittivo expulsa,-
tas da vida j uridica a todos, sem dis , do terrz"torz·o nacional os subditos es-
tincção de nacionalidade, como, ain. trang-ezros perigosos áordem publz"ca 01,
DIREITTO INTERNACIONAL BRASILEIRO 41
40 DIREITO INTERNACICJNAL BRASILEIRO
Da vastidão e complexidade des-
noci'vos ao5 intensses da RepubHcá ( art.
ta Convenção, destacarei apenas tres
72, §~ 17, b e 33). assumptos. Para considerai-a inte-
Podemos dizer que a Convenção gralmente seria necessario o decurso
especial regula o direito do Estado de um anno lectivo. Os assumptos,
em relação aos estrangeiros, e o Co- para os quaes chamo a attenção dos
digo Bustamante o direito dos ex- que me ouvem são: a lei reguladora
trang~iros em frente ao Estado. da capacidade civil, a dissolução da
sociedade conjugal e a extradição.
a) A capact'dade das pessoas t'ndz'-
V
viduaes, preceitua o art. 27 do Codigo
No corpo das suas disposições, a Bustamante, rtt![e-se pela sua lez'_pessoal,
salvo as restrz'cções fixadas, para o seu
Convenção de dz'reito internacionat
exercz'cz"o,por este Codzgo ou pelo direito
privado se occupa de toda a materia
local. Por lei pessoal entende o Co-
do direito civil, do commercial, do
digo citado tanto a lei nacional do
penal internacional, do processual,
individuo, quanto a do domicilio. E'
da extradição, elas rogatorias da fal-
este um do, pontos em que o dissídio
lencia, da execução de sentenças es-
<las legislações é mais profundo e que
trangeiras.
DIREITTO INTERNACIONAL BRASILEIRO 41
40 DIREITO INTERNACICJNAL BRASILEIRO
Da vastidão e complexidade des-
noci'vos ao5 intensses da RepubHcá ( art.
ta Convenção, destacarei apenas tres
72, §~ 17, b e 33). assumptos. Para considerai-a inte-
Podemos dizer que a Convenção gralmente seria necessario o decurso
especial regula o direito do Estado de um anno lectivo. Os assumptos,
em relação aos estrangeiros, e o Co- para os quaes chamo a attenção dos
digo Bustamante o direito dos ex- que me ouvem são: a lei reguladora
trang~iros em frente ao Estado. da capacidade civil, a dissolução da
sociedade conjugal e a extradição.
a) A capact'dade das pessoas t'ndz'-
V
viduaes, preceitua o art. 27 do Codigo
No corpo das suas disposições, a Bustamante, rtt![e-se pela sua lez'_pessoal,
salvo as restrz'cções fixadas, para o seu
Convenção de dz'reito internacionat
exercz'cz"o,por este Codzgo ou pelo direito
privado se occupa de toda a materia
local. Por lei pessoal entende o Co-
do direito civil, do commercial, do
digo citado tanto a lei nacional do
penal internacional, do processual,
individuo, quanto a do domicilio. E'
da extradição, elas rogatorias da fal-
este um do, pontos em que o dissídio
lencia, da execução de sentenças es-
<las legislações é mais profundo e que
trangeiras.
42 DIREITO INTERNACIONAL BRA~ILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 43
mé:\ is longamente hão resistidp aos
E' esse principio que, depois do
meios conciliatorios. Pela lei naoional
Codz"go de dzrez'to z·nte,;,nacionalprz'vado
pronunciam-se o Brasil e a grande
continua em vigor no Brasil.
maioria das nações da Europa: Fran-
O estatuto pessoal do individuo
ça, Allemanha, Belgica, Italia, Portu-
é a lexpatriae.
gal, Hespanha e outras. Pela do do-
b) A dissolução da soâedade con-
micilio são as preferencias da grande
jug-al. O art. 52 do Codigo Busta-
maioria dos Estados americanos. O
mante determina : - O dzrezco á se-
Codigo não tomou partido por qual-
paração da corpos e (J.O divo,;,cio ref?ula-
quer dos dois systema. Cada Estado
se pela lei do domicilio conjug-al, mas
applica o que as suas leis estabelece-
não se pode fundar em causas anterz·ores
rem ( art. 7).
á acqztisição do dz'to domiczlz"o, se as não
O art. 8 do nosso Codigo Civil
azttorzzar, com z"guaes e_ffeitos, a lei pes-
dispõe: - A lei nac·z'onal da pessoa
soal de ambos os conjuges.
determina a capacz'dade civz'l, os airei-
O Brasil negou approvação a
tos de famiHa, as relações pessoaer dos
este dispositivo. Duas unicas reser-
conjuges, e o regz·men dos bens no casa-
vas fez, a esta convenção de 437
mento, sendo liâto, quanto a este.
artigos, em que se assentaram solu-
a opção pela lei' brasllei1a.
ções sobre materias da maior rele-
42 DIREITO INTERNACIONAL BRA~ILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 43
mé:\ is longamente hão resistidp aos
E' esse principio que, depois do
meios conciliatorios. Pela lei naoional
Codz"go de dzrez'to z·nte,;,nacionalprz'vado
pronunciam-se o Brasil e a grande
continua em vigor no Brasil.
maioria das nações da Europa: Fran-
O estatuto pessoal do individuo
ça, Allemanha, Belgica, Italia, Portu-
é a lexpatriae.
gal, Hespanha e outras. Pela do do-
b) A dissolução da soâedade con-
micilio são as preferencias da grande
jug-al. O art. 52 do Codigo Busta-
maioria dos Estados americanos. O
mante determina : - O dzrezco á se-
Codigo não tomou partido por qual-
paração da corpos e (J.O divo,;,cio ref?ula-
quer dos dois systema. Cada Estado
se pela lei do domicilio conjug-al, mas
applica o que as suas leis estabelece-
não se pode fundar em causas anterz·ores
rem ( art. 7).
á acqztisição do dz'to domiczlz"o, se as não
O art. 8 do nosso Codigo Civil
azttorzzar, com z"guaes e_ffeitos, a lei pes-
dispõe: - A lei nac·z'onal da pessoa
soal de ambos os conjuges.
determina a capacz'dade civz'l, os airei-
O Brasil negou approvação a
tos de famiHa, as relações pessoaer dos
este dispositivo. Duas unicas reser-
conjuges, e o regz·men dos bens no casa-
vas fez, a esta convenção de 437
mento, sendo liâto, quanto a este.
artigos, em que se assentaram solu-
a opção pela lei' brasllei1a.
ções sobre materias da maior rele-
44 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 45
vancia, ambas com o mesmo , obje- · <livel, para que, neste assumpto, cuja
ctivo.
importancia não é necessario enca-
Mas, não admittindo o Brasil o recer, quebremos o principio domi-
rompimento do vinculo matrimonial nante de que a lei pessoal regula a
durante a vida dos conjuges; esta- capacidade do individuo.
belecendo como uma das bases mais E desde que a lei pessoal do bra-
solidas da organização da familia a sileiro é a nacional, seja elle mero
indissolubilidade do casamento, ape- transeunte ou se ache domiciliado,
nas tolerando o desquite, que separa em paiz estrangeiro, terá a protecção
os corpos, dissolve a sociedade conju- da lei brasileira, e a ella estará su-
gal,porem não habilita os desquitados jeito.
a convolarem a outras nupcias, não Assim o brasileiro que se preva-
podia adherir a uma regra, que seria lecer das facilidades da lei estrangei-
a destruição da perpetuidade do ca- ra, para se divorciar, não poderá ver
samento, para todos os brasileiros reconhecida, no Brasil, a situação que
que, no intuito de obter divorcio J se pretendeu crear, em fraude á lei da
fossem, transitoriamente, domiciliar, sua patria.
em qualquer paiz, que o admittisse. e) O codi"go de di1'ei°to internacio-
Não ha, realmente, motivo atten- nal privado consagra os arts. 344 a
44 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 45
vancia, ambas com o mesmo , obje- · <livel, para que, neste assumpto, cuja
ctivo.
importancia não é necessario enca-
Mas, não admittindo o Brasil o recer, quebremos o principio domi-
rompimento do vinculo matrimonial nante de que a lei pessoal regula a
durante a vida dos conjuges; esta- capacidade do individuo.
belecendo como uma das bases mais E desde que a lei pessoal do bra-
solidas da organização da familia a sileiro é a nacional, seja elle mero
indissolubilidade do casamento, ape- transeunte ou se ache domiciliado,
nas tolerando o desquite, que separa em paiz estrangeiro, terá a protecção
os corpos, dissolve a sociedade conju- da lei brasileira, e a ella estará su-
gal,porem não habilita os desquitados jeito.
a convolarem a outras nupcias, não Assim o brasileiro que se preva-
podia adherir a uma regra, que seria lecer das facilidades da lei estrangei-
a destruição da perpetuidade do ca- ra, para se divorciar, não poderá ver
samento, para todos os brasileiros reconhecida, no Brasil, a situação que
que, no intuito de obter divorcio J se pretendeu crear, em fraude á lei da
fossem, transitoriamente, domiciliar, sua patria.
em qualquer paiz, que o admittisse. e) O codi"go de di1'ei°to internacio-
Não ha, realmente, motivo atten- nal privado consagra os arts. 344 a
46 DI~EITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 47

381 á extradição dos criminosos, es- ou de outra pessoa, que exerça auto-
tatuiodo que os Estados não são abri" ridade.
gados a entregar os seus nacionaes Os agentes consulares poderão
condemnados ou processados no es- pedir a entrega de officiaes, mari-
trangeiro, ficando, porem obrigados a nheiros ou tripulantes de navios ou
julgai-os, se não os tiver entregue; que aerpnaves de seus paizes, que tiverem
somente o Estado, onde foi commetti- de~ertado.
do o crime, ou cujas leis penaes sejam Negada a extradição de uma
applicaveis ao caso, tem direito de so- pessoa, não se poderá pedil-a pelo
licitar a extradicção ; que o facto para mesmo delicto.
autorizar a extradição deve ser quali-
ficado como delicto pelo direito do
VI
Estado requerente e pelo do Estado
requerido, e a pena a elle applicavel Ainda um traço. O Di"a1io Offedal
não será menor de um anno; que es- do dia 21 deste mez (Junho de 1930)
tão excluídos de extradíção os crimes publicou a Convenção sanitàrz'a, fir-
politicos, entre os quaes não se clas- mada em Havana, em 14 de N ovem-
sifica o assassinio do chefe de Estado bro de 1922, e promulgada no Brasil
46 DI~EITO INTERNACIONAL BRASILEIRO
DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 47

381 á extradição dos criminosos, es- ou de outra pessoa, que exerça auto-
tatuiodo que os Estados não são abri" ridade.
gados a entregar os seus nacionaes Os agentes consulares poderão
condemnados ou processados no es- pedir a entrega de officiaes, mari-
trangeiro, ficando, porem obrigados a nheiros ou tripulantes de navios ou
julgai-os, se não os tiver entregue; que aerpnaves de seus paizes, que tiverem
somente o Estado, onde foi commetti- de~ertado.
do o crime, ou cujas leis penaes sejam Negada a extradição de uma
applicaveis ao caso, tem direito de so- pessoa, não se poderá pedil-a pelo
licitar a extradicção ; que o facto para mesmo delicto.
autorizar a extradição deve ser quali-
ficado como delicto pelo direito do
VI
Estado requerente e pelo do Estado
requerido, e a pena a elle applicavel Ainda um traço. O Di"a1io Offedal
não será menor de um anno; que es- do dia 21 deste mez (Junho de 1930)
tão excluídos de extradíção os crimes publicou a Convenção sanitàrz'a, fir-
politicos, entre os quaes não se clas- mada em Havana, em 14 de N ovem-
sifica o assassinio do chefe de Estado bro de 1922, e promulgada no Brasil
48 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 49


pelo decreto n. 19.238, de 10 de Ju-
'
nho deste anno. E• o Codigo sanita1io põem os Estados americanos em com-
panamerz·cano, assignado pelo Brasil, municação, constitue documento im-
a Argentina, o Chile, a Colombia, portante p ara o direito internacional
Costa Rica, Cuba, Salvador, Estadt>S applicado nesta parte do mundo, e
Unidos da America, Guatemala, Haiti, devia ser assignalado, nesta resenha.
Honduras, Mexico, Panamá, Para- Não ficaria completo este qua-
guay, Perú, S. Domingos, Uruguay e dro se não alludisse, de passagem,
Venezuela, que se propõe a evitar a muito embora, a certos actos interna-
propagação internacional das moles- cionaes, de caracter geral, como os
tias transmittiveis dos seres humanos , referentes ás communicações postaes,
uniformisando as medidas de defeza telegraphicas e radiotelegraphicas,
da saude das populações nos lugares propriedade literaria e industrial,
de accesso. Interessam, particular- troca de documentos, trafico de mu-
mente á navegação e ao intercambio lheres, abalroamento, assistencia e
commercial, as disposições deste acto salvamento marítimos, d efeza agrí-
internacional, e, como elle prescreve cola, e o tratado de paz entre as po-
regras a serem observadas, nos por- tencias alliadas e associadas e a Alle-
tos, nos navios, nas aeronaves, que ma nha, no qual ~e consignaram re-
gras permanentes de direito interna-
48 DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO

DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 49


pelo decreto n. 19.238, de 10 de Ju-
'
nho deste anno. E• o Codigo sanita1io põem os Estados americanos em com-
panamerz·cano, assignado pelo Brasil, municação, constitue documento im-
a Argentina, o Chile, a Colombia, portante p ara o direito internacional
Costa Rica, Cuba, Salvador, Estadt>S applicado nesta parte do mundo, e
Unidos da America, Guatemala, Haiti, devia ser assignalado, nesta resenha.
Honduras, Mexico, Panamá, Para- Não ficaria completo este qua-
guay, Perú, S. Domingos, Uruguay e dro se não alludisse, de passagem,
Venezuela, que se propõe a evitar a muito embora, a certos actos interna-
propagação internacional das moles- cionaes, de caracter geral, como os
tias transmittiveis dos seres humanos , referentes ás communicações postaes,
uniformisando as medidas de defeza telegraphicas e radiotelegraphicas,
da saude das populações nos lugares propriedade literaria e industrial,
de accesso. Interessam, particular- troca de documentos, trafico de mu-
mente á navegação e ao intercambio lheres, abalroamento, assistencia e
commercial, as disposições deste acto salvamento marítimos, d efeza agrí-
internacional, e, como elle prescreve cola, e o tratado de paz entre as po-
regras a serem observadas, nos por- tencias alliadas e associadas e a Alle-
tos, nos navios, nas aeronaves, que ma nha, no qual ~e consignaram re-
gras permanentes de direito interna-
50 DIREITO INTEIVUCI0NAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 51

cional, como o Pacto da sociedáde das serem, digamos assim, elementos con-
nações, e a organização do trabalho. stitutivos de nossa propria individuaw
E ainda haveria que lembrar os lidade política, e, expressões caracte-
actos especiaes celebrados entre o rísticas da alma brasileira reflectindo-
Brasil e outras nações, com as quaes se no plano da communhão interna-
temos relações, que se vão progressi- cional, nos autorizam a considerai-as
vamente intensificando. o preparo para o imperio d efinitivo
Mas devo deter-me. Lançando da paz e da justiça entre os povos.
o olhar para o que poude o Brasil
fazer, em prol do progresso do direito
rnternacional, e que mal pude apon-
tar, um duplo sentimento de satisfação
nus deve ser permittido: porque na
medida do possível, cumprimos o
nosso dever de membro da commu-
nhão dos povos cultos, contribuindo
para a realização da justiça na ordem
internacional ; e porque essas realiza-
ções, pelo muito que valem, e por
50 DIREITO INTEIVUCI0NAL BRASILEIRO DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO 51

cional, como o Pacto da sociedáde das serem, digamos assim, elementos con-
nações, e a organização do trabalho. stitutivos de nossa propria individuaw
E ainda haveria que lembrar os lidade política, e, expressões caracte-
actos especiaes celebrados entre o rísticas da alma brasileira reflectindo-
Brasil e outras nações, com as quaes se no plano da communhão interna-
temos relações, que se vão progressi- cional, nos autorizam a considerai-as
vamente intensificando. o preparo para o imperio d efinitivo
Mas devo deter-me. Lançando da paz e da justiça entre os povos.
o olhar para o que poude o Brasil
fazer, em prol do progresso do direito
rnternacional, e que mal pude apon-
tar, um duplo sentimento de satisfação
nus deve ser permittido: porque na
medida do possível, cumprimos o
nosso dever de membro da commu-
nhão dos povos cultos, contribuindo
para a realização da justiça na ordem
internacional ; e porque essas realiza-
ções, pelo muito que valem, e por
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
BEVILAQUA, CLOVIS
S. D. 1. • B I B LI O TE C A•
Esto obro deve ser d I fd lt
evo v o na Ci imo DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO : CONFERENCIA
doto corlmbodo.

SYS 42006

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


S. D. I. • BIBLIOTECA
1
1
-
---
-- - - I U;;)f

BEVILAQUA, CLOVIS

DIREITO INTERNACIONAL BRASILEJRO : CONFERENCIA

SYS 42006
-
- 33452/80 LC
F
342.320981
B571

STF/ SOi. 03
1 nrn
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
BEVILAQUA, CLOVIS
S. D. 1. • B I B LI O TE C A•
Esto obro deve ser d I fd lt
evo v o na Ci imo DIREITO INTERNACIONAL BRASILEIRO : CONFERENCIA
doto corlmbodo.

SYS 42006

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S. D. I. • BIBLIOTECA
1
1
-
---
-- - - I U;;)f

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SYS 42006
-
- 33452/80 LC
F
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