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árabes
Em 1947, Nações Unidas determinaram criação de dois Estados no território da
Palestina. Mas, ao longo dos anos, apenas um se tornou realidade. Entenda como isso
aconteceu.
O conflito entre judeus e palestinos remonta à época dos romanos, mas a atual situação
na região da Palestina começou a se criar no final do século 19, quando se deu uma
reordenação territorial no Oriente Médio.
Os judeus haviam sido expulsos da Palestina séculos atrás, e a região era então habitada
majoritariamente por árabes. Logo, os conflitos entre os árabes que viviam na região e
os judeus recém-chegados da Europa se tornaram inevitáveis.
Os britânicos tentaram, mas não conseguiram controlar a violência. Para isso, chegaram
a restringir a entrada de judeus, apesar da terrível situação criada pelo nazismo na
Europa. Com o Holocausto, e a fuga em massa de judeus da Europa para a Palestina
britânica, a situação no local se acirrou ainda mais.
Como consequência, poucas horas depois da proclamação de Israel, quatro países árabes
(Egito, Jordânia, Iraque e Síria) declararam guerra ao recém-criado Estado judeu. O
conflito que se seguiu foi vencido pelos israelenses e resultou em mais de 700 mil
refugiados palestinos. Esse êxodo é conhecido entre os palestino como Nakba, ou
catástrofe.
No verão setentrional de 1948, as pessoas que em maio haviam perdido seus lares com
a fundação do Estado de Israel vagavam em filas intermináveis pela região, amontoadas
em caminhões, montadas sobre burros e cavalos ou a pé.
Antes, cada vez mais judeus do Leste Europeu haviam ido para a Palestina, fugindo dos
pogroms, os ataques antissemitas de larga escala. Entre 1882 e 1939, foram cerca de
380 mil. Eles chegaram a uma terra que já tinha 450 mil habitantes em 1882. Destes,
90% eram árabes muçulmanos.
A partir da década de 1920, as tensões causadas por essa imigração aumentaram. Logo,
dois movimentos nacionais se opunham, o judeu-sionista de um lado, e o palestino do
outro. Os árabes se sentiam cada vez mais ameaçados de perder espaço – um sentimento
que culminou num primeiro levante, entre 1936 e 1939.
Para diminuir as tensões, a partir de 1939 o Reino Unido restringiu a chegada de judeus,
apesar da situação de crise provocada pela Alemanha nazista. Em resposta, vários
grupos sionistas se revoltaram contra o Mandato Britânico da Palestina. Em 1942, seus
representantes reivindicaram a fundação de um Estado judaico após o fim da Segunda
Guerra Mundial.
Depois de 1945 – os nazistas haviam assassinado cerca de 6 milhões de judeus europeus
–, as tensões continuaram. O Reino Unido solicitou a mediação das Nações Unidas, que,
em novembro de 1947, decidiu dividir a Palestina. O estado judaico compreendia 57%
do território; o Estado árabe, os 43% restantes.
Para os habitantes árabes da região, a guerra foi uma catástrofe. Eles estiveram em
desvantagem em relação aos combatentes sionistas desde o início, segundo o escritor
palestino Sari Nusseibeh, um dos grandes defensores do entendimento entre israelenses
e palestinos. Ele afirma, em seu livro de memórias Once upon a country: a palestinian
life ("Era uma vez um país: uma vida palestina") que os sionistas formavam "um
exército de espírito espartano, endurecido pelos horrores da Europa".
"Além disso, eles estavam muito melhor equipados que os árabes, com um vasto arsenal
de armas contrabandeadas da Europa ou roubadas dos britânicos durante a guerra. Em
pequenas oficinas foram produzidos veículos blindados, morteiros e granadas", escreve.
Inúmeras pessoas tiveram de fugir das áreas agora controladas por Israel, um total de
531 aldeias foi destruído, na sua maioria de forma planejada e deliberada, para impedir
que os árabes pudessem viver nesses locais. Em cidades como Tel Aviv, Jaffa, Haifa e
Jerusalém quase não residiam mais árabes. No campo e na cidade, colonos judeus
ocuparam a terra dos refugiados.
Refugiados palestinos
A especialista em Oriente Médio Marlène Schnieper escreve eu seu livro Nakba, die
offene Wunde ("Nakba, a ferida aberta") que 750 mil pessoas perderam tudo o que
tinham durante os acontecimentos relacionados à fundação do Estado de Israel. Esse é o
número registrado pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da
Palestina (UNRWA) quando esta começou seus trabalhos, em 1950.
As consequências desse êxodo em massa não foram resolvidas até hoje: "Com seus
filhos e netos, os refugiados de então se tornaram 5 milhões", escreve Schnieper. E
o número continua a aumentar. De lá para cá, os refugiados palestinos registrados vivem
em campos oficialmente reconhecidos no Líbano, Jordânia e Síria, bem como na Faixa
de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. Muitos levaram consigo as
chaves de suas casas na época da fuga. Hoje, elas representam a esperança de retorno
dos palestinos.
O conflito entre árabes e israelenses não foi resolvido até hoje. Os dois lados se
enfrentaram em várias guerras. Entre as que tiveram maiores consequências está a
chamada Guerra dos Seis Dias, de 1967. Israel repeliu uma série de ataques
coordenados das Forças Armadas de Egito, Síria e Jordânia. Como resultado, o país
ocupou a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e partes da
Península do Sinai.
Passados 70 anos, o território que os palestinos almejam para o seu Estado mal chega a
25% da Palestina histórica. E, diante da atual situação na região, é possível que eles
jamais consigam tudo isso – se é que um dia haverá um Estado palestino.
Ao final da guerra, em 1949, o Estado de Israel possuía 77% do território que, dois anos
atrás, havia sido dividido pela ONU. Não estavam sob controle de Israel a Cisjordânia e
Jerusalém Oriental (controladas pela Jordânia) e a Faixa de Gaza (controlada pelo
Egito).
Depois disso, assentamentos judaicos foram criados nos territórios ocupados por Israel.
Hoje cerca de meio milhão de israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia.
Esses assentamentos são um dos principais impedimentos para que os dois lados
cheguem à paz.
Pela sua importância, e também por estar localizado na cidade antiga de Jerusalém, no
lado oriental da cidade, ocupado por Israel e reivindicado pela Autoridade Nacional
Palestina, ele está no centro do conflito entre israelenses e palestinos e é alvo frequente
de polêmicas.
O local abriga três construções que datam dos primórdios do Califado Omíada, o
segundo dos quatro califados islâmicos estabelecidos depois da morte do profeta
Maomé: a Mesquita de al-Aqsa, o Domo da Rocha e o Domo da Cadeia.
A Mesquita de al-Aqsa é o terceiro local mais sagrado do islã sunita, atrás apenas de
Meca e Medina. Já o Domo da Rocha é o local de onde, segundo a tradição islâmica,
Maomé ascendeu ao céu.
É no limite ocidental do Monte do Templo que fica o Muro das Lamentações, única
parte que restou do Templo de Herodes e o local de oração mais sagrado do judaísmo.
Várias histórias bíblicas são associadas ao Monte do Templo, como o quase sacrifício
de Isaac por Abraão e a criação de Adão por Deus. Pela sua importância, ele é
considerado o local mais sagrado do judaísmo.
Administração
Depois da Guerra da Palestina, em 1948, toda a cidade antiga da Jerusalém passou a ser
controlada pela Jordânia, que colocou uma fundação islâmica, a Waqf, como
responsável pela administração do Monte do Templo. Até hoje, o reino da Jordânia
financia a Waqf. Variações anteriores da Wafq controlam o local desde a reconquista
islâmica do Reino de Jerusalém, em 1187.
Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou toda a cidade antiga de
Jerusalém, mas manteve a Waqf como a autoridade responsável pela administração do
Monte do Templo e, para evitar provocações, proibiu que a área fosse utilizada para
orações pelos judeus, criando o status quo que, com algumas alterações, vale até hoje.
Judeus, cristãos e não muçulmanos em geral podem visitar a área do Monte do Templo,
que tem onze portões, sendo um deles destinado ao acesso de não muçulmanos. Até
2000, eles também podiam entrar no Domo da Rocha e na Mesquita de al-Aqsa, mas
essa situação mudou com a Segunda Intifada.
Na cidade de Lod, a sudeste de Tel Aviv, as forças de segurança foram mobilizadas para
acabar com batalhas de rua entre os dois grupos, onde até armas de fogo e facas foram
usadas. Também em Lod, uma sinagoga e uma yeshiva, ou seja, um local de ensino
religioso judaico, foram incendiadas. Na antiga cidade portuária de Akko e nos
subúrbios de Tel Aviv, homens foram retirados violentamente de seus carros em meio a
uma multidão e severamente espancados – em Akko um judeu, em Bat Yam, o
motorista foi confundido com um árabe.
Esses são apenas alguns exemplos da violência que se espalha dentro da população em
muitas partes do país. Centenas de pessoas já foram presas após esses confrontos. Em
Lod, foi declarado estado de emergência.
O presidente israelense, Reuven Rivlin, já alertou para uma iminente "guerra civil". O
primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse aos israelenses: "Não me importo se o
seu sangue ferve. Não devem fazer justiça pelas próprias mãos. Nada justifica o
linchamento de árabes por judeus e vice-versa. Isso não é aceitável".
Árabes israelenses e judeus entraram em confronto em diversas cidades de Israel
Quando da fundação do Estado de Israel em 1948, cerca de 700 mil palestinos tiveram
que deixar sua terra natal – do ponto de vista palestino, a chamada "Nakba", a
"catástrofe", foi uma operação de limpeza étnica realizada pelos militares israelenses; já
o lado israelense diz que foi um êxodo voluntário ocorrido após ordens de retirada
árabes. Os israelenses palestinos emergiram dos grupos populacionais que
permaneceram no que hoje é o território israelense – os habitantes de Jerusalém Oriental
têm um status diferente.
O padrão de vida médio dos palestinos em Israel é mais alto do que o dos que vivem na
Cisjordânia ou mesmo na Faixa de Gaza. Em comparação com a maioria judaica, no
entanto, eles costumam ter menos participação na educação e nos índices
de prosperidade: de acordo com dados do instituto estatal de seguros, quase metade das
famílias palestinas em Israel vivia na pobreza em 2016 – em comparação com 13% das
famílias judias. A estatística exclui os ultraortodoxos haredim, dos quais 45% das
famílias viviam na pobreza.
Líder do partido islâmico Raam, Mansour Abbas é um dos mais influentes políticos
palestinos em Israel
Por causa da lei, grupos palestinos convocaram um boicote nas eleições parlamentares
subsequentes. Isso fez com que suas forças políticas estivessem menos representadas no
Knesset, o Parlamento israelense, do que a demografia poderia sugerir. Sua "Lista
Unida" juntou-se ao campo anti-Netanyahu. Antes da eleição mais recente, em março de
2021, no entanto, o partido islâmico Raam, liderado por Mansour Abbas, saiu do bloco.
Abbas quer usar as cisões entre os partidos judeus em benefício dos palestinos e, antes
das eleições, declarou estar pronto para apoiar um futuro governo com as maiores
concessões possíveis a este grupo. Nesse ínterim, os quatro parlamentares do Raam
chegaram a ser considerados fiéis da balança – mas a escalada mais recente também
abalou as negociações sobre uma coalizão anti-Netanyahu.
Israel
O passado militar de Bennett continuou a ser tema mesmo anos depois de ele se
desligar da força. Como oficial da tropa especial, ele esteve envolvido em um
bombardeio israelense à aldeia libanesa de Qana, em abril de 1996. A ação destruiu a
sede das forças da ONU e matou mais de cem civis.
Depois de deixar o Exército, em 1996, Bennett estudou Direito em Nova York e fundou
uma empresa de software que rapidamente deu lucro, tendo sido avaliada em 145
milhões de dólares quando foi vendida alguns anos depois. Aos 33 anos, Bennett ficou
rico: "Eu poderia passar o resto da minha vida bebendo drinques no Caribe", disse certa
vez.
Passo à direita
Mas mesmo o Lar Judaico foi apenas uma parada transitória para ele em seu caminho
rumo ao topo. Seis anos depois de o partido o eleger presidente, ele deixou o
movimento e fundou uma nova facção no Parlamento, chamada HaJamin HeChadasch
(A Nova Direita), no final de 2018. Para as eleições parlamentares de 2019, a Nova
Direita uniu forças com a União dos Partidos de Direita para formar a aliança política
Yamina, que na época era a favor da reeleição de Benjamin Netanyahu. Naftali Bennett
virou ministro da Defesa em 2019, no gabinete de Netanyahu.
Desde as eleições parlamentares do ano passado, nas quais o bloco Yamina ganhou sete
assentos, Naftali Bennett vinha trabalhando para o final da era Netanyahu, envolto em
escândalos de corrupção e que ficou 12 anos no governo. Isso agora foi alcançado com
uma coalizão inédita – que une extrema esquerda, centro e extrema direita.
Além do direitista Yamina, a aliança planejada também inclui o liberal Yesh Atid (Há
um futuro) significativamente mais forte, com 17 cadeiras, chefiado pelo líder da
oposição Jair Lapid. Lapid deverá assumir o cargo de chefe de governo dois anos
depois de Bennett, numa espécie de governo compartilhado.
Está em aberto que objetivos políticos Naftali Bennett poderia levar adiante nessa
heterogênea "coalizão da mudança", que tem vários ex-aliados de Netanyahu, mas
também forças de esquerda e liberais.
Embora Bennett tenha posições liberais sobre política social e econômica, ele é
considerado um radical no conflito do Oriente Médio. Nos últimos anos, suas propostas
empurraram o governo israelense e Netanyahu cada vez mais para a direita.
Agora com 49 anos, Bennett quer anexar grandes partes da Cisjordânia e aumentar o
número de judeus nessas áreas para 1 milhão, um plano que tem provocado protestos
generalizados no exterior.