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A inteligência emocional (IE) é um conceito da Psicologia que vem ficando

muito famoso nos últimos tempos.

Os seus criadores, os psicólogos Peter Salovey e John Mayer, a definiram como a


habilidade de processar as informações que as emoções nos trazem e canalizar
essa informação em atitudes saudáveis.

A IE se refere a todo um conjunto de 5 habilidades.


 Reconhecer as suas próprias emoções;
 Conseguir regular elas quando necessário;
 Saber se aproveitar delas quando elas te impulsionam;
 Reconhecer as emoções dos outros;
 Saber aplicar as habilidades anteriores em relacionamentos interpessoais.

Ter uma boa IE significa que você lida bem com as suas emoções, lida bem com
o stress e consegue captar o humor das outras pessoas.

Mas isso é “o que” acontece, e tem muito conteúdo por aí explicando isso. Já
o “como” envolve diversas técnicas – e é aí onde a maioria das pessoas não tem
conhecimento.

Entre as características da inteligência emocional, está o autocontrole. Talvez


esteja perto da hora de dormir e você fica tentado a continuar assistindo a serie;
ou talvez uma amiga apareceu falando dos problemas com o parceiro de
relacionamento e você não ta afim de ouvir. Você já passou por isso?

Não importa o formato, a estrutura é sempre a mesma! Existe uma escolha e


uma voz na sua cabeça, que já sabe qual é a melhor escolha – mas você escolhe
errado mesmo assim.

E isso pode acontecer por falta de autocontrole; talvez por você saber o que
“deveria” fazer, mas isso não ser melhor que a opção mais fácil; ou você até sabe
qual é a melhor escolha no longo prazo, mas só prefere lidar com isso depois.
Ser um mestre da IE significa saber quando as suas emoções precisam ser
domadas (como o nervosismo no meio de uma apresentação em público) e
quando elas precisam ser escutadas (como ao expressar os seus próprios
sentimentos para o crush).
Quais são as habilidades da inteligência emocional?
Para dominar a IE, você precisa:

1. Criar o hábito de negociar consigo mesmo


Será que você é capaz de mediar, de maneira justa, o seu lado racional e o lado
emocional? De forma racional, você pode pensar que perder peso é fácil, que é só
uma questão de comer nada além de vegetais a semana toda.
Claro, essa dieta é super fácil… até o momento que você está no intervalo da
tarde no trabalho, faminto e só tem uma confeitaria no bairro.
Infelizmente, muitas pessoas não conseguem fazer essa auto negociação pois
estão ocupadas se deixando levar pelos impulsos do momento.

Portanto, precisamos também de um outro tipo de habilidade:

2. Tolerar o desconforto
Ou seja, a capacidade de estar numa situação
de raiva, frustração ou tristeza e… só isso. Estar preparado numa situação dessas.
E isso pode parecer contra intuitivo (porque é), mas é um erro muito comum
pensarmos que, se estamos nos sentindo mal por algum motivo, precisamos fazer
algo pra nos sentirmos bem na mesma hora.

No entanto, nem sempre a primeira resposta que nos aparece é a melhor, e o


único jeito de criar a chance de uma resposta melhor aparecer é não se
entregando tão rápido.

Objetivo da inteligência emocional


Muitas pessoas pensam que dominar as suas emoções significa nunca mais ficar
triste ou passar o resto dos seus dias em constante euforia. Isso não poderia estar
mais longe da verdade.

Primeiro, é impossível para o nosso cérebro se sentir satisfeito o tempo todo. Ao


mesmo tempo, é inevitável nos acostumarmos com o que temos de bom e
desejarmos mais. Esse fenômeno é chamado de esteira hedônica e, infelizmente,
faz parte de ser humano.
Em segundo lugar, é um erro muito comum “demonizar” e querer evitar nossas
emoções negativas. Está no nome, não é mesmo? Elas são negativas!
O problema é que elas constituem o outro lado da moeda existencial: só curtimos
de verdade um novo amor quando vem junto aquele frio na barriga antes do
beijo. Só conseguimos parar de exagerar na comida pois sentimos a falta de uma
vida mais saudável.
Em essência, nossas emoções (em especial as negativas) servem como um
termômetro de como vão as coisas. Cabe a nós ouvir a mensagem que elas
querem passar, avaliar se é um problema que conseguimos resolver e, se for o
caso, partir para a ação!

Porque é importante adquirir inteligência emocional?


Imagine que você está jogando cartas com alguém. Às vezes você tem mãos boas
ou ruins, mas você pode conseguir saber qual a melhor jogada com a mão que
você tem.

Mas e se você só conseguisse ver metade das cartas? Como você vai vencer se
metade das variáveis é desconhecida? Pior ainda: e se você descobrisse que a
outra pessoa pensava que o jogo era outro?

Não saber lidar com as suas emoções é como o primeiro twist da metáfora. Como
você poderia ser mais feliz se é difícil de sequer entender o que é felicidade pra
você?
Como a segunda mudança na metáfora mostra, a IE também te ajuda, seja com
amigos ou no trabalho, a pegar qual é o “jogo” da vez.

Às vezes é ajudar alguém a resolver um problema, outras é ser um ombro amigo


pra quem já sabe o que fazer e só precisa ventilar as emoções.

Vantagens da Inteligência Emocional


Comparada com o seu primo distante, o QI (quociente de inteligência), o seu QE
(quociente emocional) tem um impacto mais sutil, mas é significativo na mesma
medida na sua vida.

Habilidades sociais, empatia e estabilidade emocional são ótimas habilidades


para cargos de liderança e são, de fato, um grande diferencial no mercado de
trabalho. Mas, antes mesmo do lado profissional, uma pessoa com boa IE é vista
pelos seus colegas e amigos como alguém madura e, em geral, desejável de se
ter como amiga.
Isso acontece em parte pela habilidade de negociar consigo mesmo da qual já
falamos, que possibilita um nível de produtividade e desenvolvimento pessoal
que poucas pessoas nesse mundo tem hoje em dia.
Além disso, quanto melhor você sabe se relacionar com os outros, mais os outros
vão querer se relacionar com você.

5 pilares da Inteligência Emocional


Desenvolver a inteligência emocional pode mudar sua vida. Mas como é
possível aplicar a IE, tanto para si mesmo, quanto para os outros?

Assim como você aprende a pintar uma técnica de cada vez e depois vai juntando
elas, você desenvolve os pilares da IE e combinando eles na sua vida!

Autoconhecimento emocional
Esse pilar envolve não só conhecer bem as emoções humanas pelo nome, como
também perceber quando elas estão presentes dentro de você. Não existe um
dicionário definitivo emocional, mas o modelo predominante delineou algumas
emoções observáveis e universais: alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa e nojo.
A partir delas, você pode perceber emoções com maior nuance, como a mistura
de tristeza e alegria de ver um filho saindo de casa para morar em outra cidade e
fazer faculdade.

Conforme você lê sobre elas, conversa com os outros sobre seus sentimentos e,


mais importante, se permite experienciar toda a paleta de emoções que a vida
humana permite, você expande seu autoconhecimento emocional. 
Controle emocional
Uma vez que você consegue perceber quando suas emoções estão rolando,
podemos começar a lidar com elas.

Conforme você pratica o autocontrole na hora de tomar decisões, é provável que


você vai começar a perceber as emoções como ondas. Ou seja, elas surgem,
chegam no seu ápice e depois começam a reduzir, algumas vezes levando mais
tempo, outras menos.
Uma vez que você vai se conhecendo melhor e percebendo a duração das suas
ondas emocionais, fica mais fácil de perceber se você precisa de uma caminhada
para se distrair ou se a emoção está numa intensidade gerenciável.

Automotivação
Não é todo dia que se fala sobre canalizar as suas emoções para fazer o que você
precisa. Mas todo mundo já passou por um ímpeto de motivação.

“Quer saber? Vou arrumar o quarto, jogar o lixo fora e mudar minha vida cem
por cento!” é este tipo de pensamento que costuma acompanhar esses flashes de
inspiração. No geral, quando bate essa motivação, temos um pico incrível
de produtividade.
O quarto de fato é arrumado, o lixo de fato é tirado e assim em diante… até certo
ponto. É inevitável: começamos a desacelerar de novo e ninguém sabe quando
outra inspiração vai bater. Entender melhor o que te ajuda a se motivar é algo
mais fácil com IE.

Empatia
Em geral, seres humanos vêm pré-preparados para ter uma ideia de como os
outros estão se sentindo. Ainda assim, alguns de nós são melhores nisso do que
outros. Pessoas menos empáticas tendem a lidar menos com emoções em geral,
tanto as dos outros quanto as próprias.

Afinal, precisamos conseguir compreender como é se sentir, por


exemplo, ignorado pelos amigos para sacar quando um amigo seu está sentindo
essa mesma coisa.
Saber se relacionar de forma interpessoal
O que nos leva ao último pilar da IE, que é a aplicação de todos os outros no
convívio com outras pessoas.

Relacionar-se de forma interpessoal envolve empatia com os outros. Porém, tem


também motivação para direcionar a si e aos outros em algum objetivo, controle
emocional para saber lidar com sair da zona de conforto e por aí em diante.

Como ter inteligência emocional diante de situações difíceis?


Falar sobre essas habilidades é fácil. No entanto, muitas pessoas relatam que em
uma situação difícil ou que ativa o emocional, como ataques de raiva e gatilhos
de TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), seu lado racional desaparece na
hora. É como se o seu lado emocional sequestrasse o controle do seu corpo.
Mesmo quando o motivo de ativação é algo mais mundano, como pedir um
aumento pro chefe ou apresentar o seu TCC pra uma banca, é muito comum que
a nossa ansiedade fale mais alto que a razão e fique, de repente, muito difícil de
lembrar todas aquelas dicas de oratória que a internet te ensinou.
Isso acontece por motivos neurológicos. Existe uma classificação simples dos
nossos processos mentais, separadas em 2 sistemas:
 Sistema 1: temos vários processos mentais automáticos, como olhar
alguém fazendo cara de bravo e concluir que, sim, essa pessoa está com raiva;
 Sistema 2: temos processos mais lentos e deliberados, como confirmar (ou
refutar) na mente que 24 vezes 4 é, com certeza, 86.
O Sistema 1:
Ele é muito rápido. A maior parte do que ele faz a gente sequer percebe
acontecendo. Nele, temos muitos processos mais antigos que a própria
humanidade, como nosso sistema de luta ou fuga.

O mesmo processo que faz o seu doguinho se esconder debaixo da cama quando
soa um trovão aconteceria com você caso você descobrisse que tem uma
tarântula enorme andando na parte de trás do seu pescoço. O medo é automático
e, dependendo do quão forte ele for, o reflexo também será.
Sentir e reagir às suas emoções é, quase cem por cento, trabalho do sistema 1.
Então quanto mais uma situação te deixa com ansiedade ou medo ou até paixão e
felicidade, maiores as chances de você agir de maneira automática.
O Sistema 2:
Por outro lado, conseguimos acompanhar bem melhor o sistema 2. Enquanto
você estava calculando que 24 vezes 4 é, na verdade, 96, você deve ter se dado
conta que estava calculando.

E se você parasse de prestar atenção nos números, o cálculo não se resolveria


sozinho, o que mostra como muitos processos do sistema 2 precisam do seu
esforço consciente para rolar. 

O segredo aqui não é fazer o sistema 2 lutar pelo controle, mas sim praticar
quando você está de boas como você gostaria de reagir. Que nem um lutador de
boxe pratica por muito tempo, até que uma defesa ou combinação de socos saia
de forma automática, você também pode praticar técnicas de regulação
emocional e comunicação quando tudo está bem.
Por exemplo, temos clientes de terapia que sofrem com ansiedade que treinam
respiração diafragmática e relaxamento muscular (duas excelentes técnicas pra
regular suas emoções) todos os dias, mesmo que só um pouquinho, de forma que
quando tiverem um ataque de pânico, eles já saibam de forma automática como
reagir.
A respiração diafragmática consiste em algo muito simples: respirar no ritmo 4-
2-6. Ou seja: inspirar contando até 4; segurar o ar contando até 2; soltar o ar pela
boca contando até 6. Que tal experimentar?

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