O documento discute as alterações da Lei n.o 16/2012 à Lei da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Reduziu o prazo para o devedor declarar insolvência de 60 para 30 dias e introduziu sanções patrimoniais para administradores em caso de insolvência culposa. Alguns autores argumentam que a alteração priorizando a recuperação da empresa é apenas formal, não substancial, porque a vontade dos credores continua determinando o desfecho.
O documento discute as alterações da Lei n.o 16/2012 à Lei da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Reduziu o prazo para o devedor declarar insolvência de 60 para 30 dias e introduziu sanções patrimoniais para administradores em caso de insolvência culposa. Alguns autores argumentam que a alteração priorizando a recuperação da empresa é apenas formal, não substancial, porque a vontade dos credores continua determinando o desfecho.
O documento discute as alterações da Lei n.o 16/2012 à Lei da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Reduziu o prazo para o devedor declarar insolvência de 60 para 30 dias e introduziu sanções patrimoniais para administradores em caso de insolvência culposa. Alguns autores argumentam que a alteração priorizando a recuperação da empresa é apenas formal, não substancial, porque a vontade dos credores continua determinando o desfecho.
atenuado a “filosofia do Código” passando a prever como finalidade principal a recuperação da 7 JOSE LEBRE DE FREITAS, "PRESSUPOSTOS OBJECTIVOS E SUBJECTIVOS DA INSOLVENCIA" P. 12. 8 MENEZES COREDIRO, “Introdução ao direito da insolvência” p.498, “Perspetivas evolutivas do Direito da insolvência” p. 582, e Litigância de má-fé, abuso do direito de ação e culpa in agendo, p. 234. 9 Vide MENEZES CORDEIRO, “Introdução ao direito da insolvência” p. 500. “Perspetivas evolutivas do Direito da insolvência” p. 583, e Litigância de má-fé, abuso do direito de ação e culpa in agendo, p. 236. 10 ADELAIDE MENEZES LEITÃO, “Insolvência de pessoas singulares: A exoneração do passivo restante e o plano de pagamentos. As alterações da Lei n.º 16/ 2012 de 20 de abril” in: Estudos em homenagem ao Prof. Doutor JOSÉ LEBRE DE FREITAS, 1ª ed., vol. II, Coimbra Editora, Coimbra, 2013, p. 513. 11 ADELAIDE MENEZES LEITÃO, “Insolvência de pessoas singulares: A exoneração do passivo restante e o plano de pagamentos”, p. 513. 5 empresa “esta simples alteração” não é suficiente para afastar a ideia de que a finalidade principal do processo de insolvência é a satisfação dos direitos dos credores, da qual “a recuperação da empresa é um mero instrumento”12. Assim sendo, e de acordo com alguns autores13 podemos afirmar que a alteração feita pela Lei n.º 16/2012 de 20 de abril, ao artigo 1º/1 do CIRE, é apenas formal, e não substancial, porque a recuperação da empresa prevista no plano de insolvência ou a liquidação do património do devedor, ficam dependentes da vontade dos credores. Antes das alterações feitas pela Lei n.º 16/ 2012 de 20 de abril, o prazo para o devedor se apresentar à insolvência era de 60 dias. O legislador, entendeu encurtá-lo para 30 dias, de modo a que as empresas em situação de insolvência requeiram imediatamente a sua declaração de insolvência, evitando desta forma que a sua situação se agrave e com isso saiam prejudicados aqueles que com ela se relacionam. O não cumprimento deste prazo pode acarretar sérias implicações, entre as quais o agravamento da situação financeira da empresa, bem como a qualificação da insolvência como culposa nos termos do artigo 186º/3, alínea a) do CIRE. Uma vez qualificada como culposa, os administradores, ou melhor dizendo as pessoas afetadas por esta qualificação, ficam obrigados a indemnizar os credores do devedor declarado insolvente no montante dos créditos não satisfeitos. (Artigo 189º/2, alínea e) do CIRE). É de salientar que, entre 2004 e 2012, o CIRE não previa qualquer sanção patrimonial para as pessoas afetadas pela qualificação da insolvência como culposa14, omissão que dificultava o combate às insolvências dolosas ou fraudulentas15. Esta situação veio a 12 LUÍS MENEZES LEITÃO, Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas Anotado, 6º ed., Almedina, Coimbra, 2012, pp. 45-46. 13 LUÍS MENEZES LEITÃO, Direito da Insolvência, 5ª ed., Almedina, Coimbra, 2013, P. 257. Segundo o autor, apesar de o legislador ter expressado a sua predileção pela recuperação da empresa em vez da liquidação, deixa dependente da vontade dos credores a escolha entre a recuperação da empresa e a liquidação do património do devedor. No mesmo sentido, CATARINA SERRA, O Regime Português da Insolvência, 5ª ed. Revista e atualizada à luz da lei n.º 16/2012, de 20 de Abril, e do DL n.º 178/2012, de 3 de Agosto, Almedina, Coimbra, 2012, pp. 25-66. ADELAIDE MENEZES LEITÃO, “Insolvência de pessoas singulares: A exoneração do passivo restante e o plano de pagamentos”, p. 510. 14 ADELAIDE MENEZES LEITÃO, “Insolvência culposa e responsabilidade dos administradores na lei nº 16/2012, de 20 de abril” In: I Congresso de Direito da Insolvência, Almedina, Coimbra, 2013, p.275, a autora, refere-se à ausência de uma disposição legal no CIRE entre 2004 e 2012, que previsse a responsabilidade dos administradores na insolvência culposa pelos créditos não satisfeitos. 15 CARNEIRO DA FRADA, “A responsabilidade dos administradores na insolvência” In: Revista da Ordem dos Advogados, Ano 66, nº 2, set. 2006, PP. 670-671. alterar as feitas pela Lei n.º 16/2012, de 20 de abril, ao regime da se com as mudanç responsabilidade civil dos administradores por insolvência culposa. O legislador, no artigo 406º do CSC, estabelece uma certa discricionariedade empresarial ao referirse que é da competência do conselho de administração deliberar sobre qualquer assunto de administração da sociedade, designadamente sobre extensões ou reduções importantes da atividade da sociedade 16 . Portanto, confere um vasto poder, que, no meu entender, impõem o cumprimento dlhe os deveres legais ou contratuais a que os administradores estão adstritos. Ora, se, por um lado, se justifica a autonomia empresarial em nome do sucesso na atividade de administração, por outro, a discricionariedade empresarial pode levar a falta de prudên cia nas tomadas de decisão e causar sérios prejuízos a várias pessoas, como por exemplo, à própria sociedade, ao