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Segundo LUÍS MENEZES LEITÃO, apesar de a Lei n.

º 16/ 2012 de 20 de abril, ter


atenuado a “filosofia do Código” passando a prever como finalidade principal a
recuperação da 7 JOSE LEBRE DE FREITAS,
"PRESSUPOSTOS OBJECTIVOS E SUBJECTIVOS DA INSOLVENCIA" P. 12. 8
MENEZES COREDIRO, “Introdução ao direito da insolvência” p.498, “Perspetivas
evolutivas do Direito da insolvência” p. 582, e Litigância de má-fé, abuso do direito de
ação e culpa in agendo, p. 234. 9 Vide MENEZES CORDEIRO, “Introdução ao direito
da insolvência” p. 500. “Perspetivas evolutivas do Direito da insolvência” p. 583, e
Litigância de má-fé, abuso do direito de ação e culpa in agendo, p. 236. 10 ADELAIDE
MENEZES LEITÃO, “Insolvência de pessoas singulares: A exoneração do passivo
restante e o plano de pagamentos. As alterações da Lei n.º 16/ 2012 de 20 de abril” in:
Estudos em homenagem ao Prof. Doutor JOSÉ LEBRE DE FREITAS, 1ª ed., vol. II,
Coimbra Editora, Coimbra, 2013, p. 513. 11 ADELAIDE MENEZES LEITÃO,
“Insolvência de pessoas singulares: A exoneração do passivo restante e o plano de
pagamentos”, p. 513. 5 empresa “esta simples alteração” não é suficiente para afastar a
ideia de que a finalidade principal do processo de insolvência é a satisfação dos direitos
dos credores, da qual “a recuperação da empresa é um mero instrumento”12. Assim
sendo, e de acordo com alguns autores13 podemos afirmar que a alteração feita pela Lei
n.º 16/2012 de 20 de abril, ao artigo 1º/1 do CIRE, é apenas formal, e não substancial,
porque a recuperação da empresa prevista no plano de insolvência ou a liquidação do
património do devedor, ficam dependentes da vontade dos credores. Antes das
alterações feitas pela Lei n.º 16/ 2012 de 20 de abril, o prazo para o devedor se
apresentar à insolvência era de 60 dias. O legislador, entendeu encurtá-lo para 30 dias,
de modo a que as empresas em situação de insolvência requeiram imediatamente a sua
declaração de insolvência, evitando desta forma que a sua situação se agrave e com isso
saiam prejudicados aqueles que com ela se relacionam. O não cumprimento deste prazo
pode acarretar sérias implicações, entre as quais o agravamento da situação financeira
da empresa, bem como a qualificação da insolvência como culposa nos termos do artigo
186º/3, alínea a) do CIRE. Uma vez qualificada como culposa, os administradores, ou
melhor dizendo as pessoas afetadas por esta qualificação, ficam obrigados a indemnizar
os credores do devedor declarado insolvente no montante dos créditos não satisfeitos.
(Artigo 189º/2, alínea e) do CIRE). É de salientar que, entre 2004 e 2012, o CIRE não
previa qualquer sanção patrimonial para as pessoas afetadas pela qualificação da
insolvência como culposa14, omissão que dificultava o combate às insolvências dolosas
ou fraudulentas15. Esta situação veio a 12 LUÍS
MENEZES LEITÃO, Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas Anotado,
6º ed., Almedina, Coimbra, 2012, pp. 45-46. 13 LUÍS MENEZES LEITÃO, Direito da
Insolvência, 5ª ed., Almedina, Coimbra, 2013, P. 257. Segundo o autor, apesar de o
legislador ter expressado a sua predileção pela recuperação da empresa em vez da
liquidação, deixa dependente da vontade dos credores a escolha entre a recuperação da
empresa e a liquidação do património do devedor. No mesmo sentido, CATARINA
SERRA, O Regime Português da Insolvência, 5ª ed. Revista e atualizada à luz da lei n.º
16/2012, de 20 de Abril, e do DL n.º 178/2012, de 3 de Agosto, Almedina, Coimbra,
2012, pp. 25-66. ADELAIDE MENEZES LEITÃO, “Insolvência de pessoas singulares:
A exoneração do passivo restante e o plano de pagamentos”, p. 510. 14 ADELAIDE
MENEZES LEITÃO, “Insolvência culposa e responsabilidade dos administradores na
lei nº 16/2012, de 20 de abril” In: I Congresso de Direito da Insolvência, Almedina,
Coimbra, 2013, p.275, a autora, refere-se à ausência de uma disposição legal no CIRE
entre 2004 e 2012, que previsse a responsabilidade dos administradores na insolvência
culposa pelos créditos não satisfeitos. 15 CARNEIRO DA FRADA, “A
responsabilidade dos administradores na insolvência” In: Revista da Ordem dos
Advogados, Ano 66, nº 2, set. 2006, PP. 670-671. alterar as feitas pela Lei n.º
16/2012, de 20 de abril, ao regime da se com as mudanç responsabilidade civil
dos administradores por insolvência culposa. O legislador, no artigo 406º do CSC,
estabelece uma certa discricionariedade empresarial ao referirse que é da
competência do conselho de administração deliberar sobre qualquer assunto de
administração da sociedade, designadamente sobre extensões ou reduções
importantes da atividade da sociedade 16 . Portanto, confere um vasto poder, que,
no meu entender, impõem o cumprimento dlhe os deveres legais ou contratuais a
que os administradores estão adstritos. Ora, se, por um lado, se justifica a
autonomia empresarial em nome do sucesso na atividade de administração, por
outro, a discricionariedade empresarial pode levar a falta de prudên cia nas
tomadas de decisão e causar sérios prejuízos a várias pessoas, como por exemplo,
à própria sociedade, ao

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