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SISTEMA DE

PA R T Í C U L A S E
CONSERVAÇÃO DA
QUANTIDADE DE
MOVIMENTO LINEAR

Curso: Licenciatura em
Física
Disciplina: Mecânica II
Módulo:III
Pr o f e s s o r : Pe d r o Fe i t o s a
1. O Centro de Massa

2. Movimento do Centro de Massa

SUMÁRIO 3. Conservação da Quantidade de


Movimento Linear

4. Energia Cinética de um Sistema

5. Colisões
1. O Centro de Massa
O movimento de qualquer corpo ou sistema de
partículas pode ser descrito em termos do movimento
do centro de massa superposto ao movimento das
partículas individuais do sistema relativamente ao
centro de massa. Considera-se, inicialmente, um
sistema simples de duas partículas com movimento
unidimensional (Figura 1). Se duas partículas pontuais
com massas 𝑚1 e 𝑚2 têm coordenadas 𝑥1 e 𝑥2 sobre o Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 146.

eixo 𝑥, então a coordenada do centro de massa, 𝑥𝑐𝑚 , é Figura 1. Centro de massa de duas partículas com movimento
unidimensional.
definida por

𝑀𝑥𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑥1 + 𝑚2 𝑥2 (1)

onde 𝑀 = 𝑚1 + 𝑚2 é a massa total do sistema.


Pode-se generalizar o problema unidimensional de duas partículas para um sistema de muitas partículas no
espaço tridimensional. Para o caso de 𝑁 partículas, tem-se

𝑀𝑥𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑥1 + 𝑚2 𝑥2 + 𝑚3 𝑥3 + ⋯ 𝑚𝑁 𝑥𝑁 = ෍ 𝑚𝑖 𝑥𝑖 (2)
𝑖

onde novamente 𝑀 = σ𝑖 𝑚𝑖 . Analogamente,

𝑀𝑦𝑐𝑚 = ෍ 𝑚𝑖 𝑦𝑖 𝑒 𝑀𝑧𝑐𝑚 = ෍ 𝑚𝑖 𝑧𝑖 (3)


𝑖 𝑖

Na notação vetorial, 𝑟Ԧ𝑖 = 𝑥𝑖 መi + 𝑦𝑖 መj + 𝑧𝑖 k෠ é o vetor posição da 𝑖-ésima partícula. O vetor posição do centro de massa,
𝒓𝒄𝒎 , é definido por

𝑀𝑟Ԧ𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑟Ԧ1 + 𝑚2 𝑟Ԧ2 + ⋯ = ෍ 𝑚𝑖 𝑟Ԧ𝑖 (4)


𝑖
onde 𝑟Ԧ𝑐𝑚 = 𝑥𝑐𝑚 መi + 𝑦𝑐𝑚 መj + 𝑧𝑐𝑚 k෠ .

Para obter o centro de massa de um corpo contínuo


substitui-se o somatório da Equação (4) por uma integral:

𝑀𝑟Ԧ𝑐𝑚 = න 𝑟𝑑𝑚
Ԧ (5)

onde 𝑑𝑚 é um elemento de massa localizado a uma


posição 𝑟,
Ԧ conforme mostrado na Figura 2.

Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 146.

Figura 2. Elemento de massa 𝑑𝑚 localizado pelo vetor 𝑟Ԧ para


a obtenção do centro de massa por integração.
EXEMPLO 1
Encontre o centro de massa de uma folha uniforme de madeira compensada, como a mostrado na Figura 3.

Resolução

O compensado foi dividido em duas partes simétricas.


O centro de massa de cada uma das partes é
posicionado no seu centro geométrico. Seja 𝑚1 a
massa da parte 1 e 𝑚2 a massa da parte 2. A massa
total é 𝑀 = 𝑚1 + 𝑚2 . As massas são proporcionais às
áreas.
As coordenadas 𝑥 e 𝑦 do centro de massa de cada
parte da madeira tendo como base a Figura 3, são:

𝑥1,𝑐𝑚 = 0,4 𝑚, 𝑦1,𝑐𝑚 = 0,2 𝑚


Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 148.

Figura 3. Exemplo 1.
𝑥2,𝑐𝑚 = 0,7 𝑚, 𝑦2,𝑐𝑚 = 0,5 𝑚
Vamos calcular as áreas da parte 1 e da parte 2:

𝐴1 = 0,40 𝑚 × 0,80 𝑚 = 0,32 𝑚2

𝐴2 = 0,20 𝑚 × 0,20 𝑚 = 0,04 𝑚2

𝐴 = 𝐴1 + 𝐴2 = 0,36 𝑚2
As relações de áreas são, então

𝐴1 0,32 𝑚2 8 𝐴2 0,04 𝑚2 1
= = = =
𝐴 0,36 𝑚2 9 𝐴 0,36 𝑚2 9

As coordenadas 𝑥 e 𝑦 do centro de massa em termos de 𝑚1 e 𝑚2 , são dadas por

𝑀𝑥𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑥1,𝑐𝑚 + 𝑚2 𝑥2,𝑐𝑚 𝑒 𝑀𝑦𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑦1,𝑐𝑚 + 𝑚2 𝑦2,𝑐𝑚


Dividindo-se essas equações por 𝑀, e em seguida, substituindo as relações de massas pelas relações de áreas,
teremos

𝐴1 𝐴2 8 1
𝑥𝑐𝑚 = 𝑥 + 𝑥 = 0,4 𝑚 + 0,7 𝑚 ≅ 0,433 𝑚
𝐴 1,𝑐𝑚 𝐴 2,𝑐𝑚 9 9

𝐴1 𝐴2 8 1
𝑦𝑐𝑚 = 𝑦1,𝑐𝑚 + 𝑦2,𝑐𝑚 = 0,2 𝑚 + 0,5 𝑚 ≅ 0,233 𝑚
𝐴 𝐴 9 9
Obtenção do Centro de Massa por Integração

Barra Esbelta Uniforme


A Figura 4 mostra um elemento de massa 𝑑𝑚 com
comprimento 𝑑𝑥 a uma distância 𝑥 da origem. Assim, a
Equação 5 fornece

𝑀𝑟Ԧ𝑐𝑚 = න 𝑟𝑑𝑚
Ԧ = න 𝑥መi 𝑑𝑚

Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 149.

Os limites da integração são de 0 e 𝐿. A taxa 𝑑𝑚Τ𝑑𝑥 Figura 4. Obtenção do centro de massa de uma barra esbelta
representa a massa por unidade de comprimento 𝜆, uniforme.

assim, 𝑑𝑚 = 𝜆𝑑𝑥:

𝑀𝑟Ԧ𝑐𝑚 = መi න 𝑥 𝑑𝑚 = መi න 𝑥𝜆 𝑑𝑥
0
Sendo a barra uniforme, 𝜆 é constante e igual a 𝑀Τ𝐿. Assim,

𝐿
1 𝑥21 𝑀 𝐿2
𝑟Ԧ𝑐𝑚 = መi 𝜆 อ = መi
𝑀 2 𝑀 𝐿 2
0

1
𝑟Ԧ𝑐𝑚 = 𝐿መi
2
Aro Semicircular

Novamente, utilizaremos a Equação (5), onde 𝑟Ԧ = 𝑥መi + 𝑦መj. A


distribuição de massa no aro semicircular sugere o uso de
coordenadas polares, para as quais 𝑥 = 𝑟 cos 𝜃 e 𝑦 = 𝑟 sin 𝜃.
Substituindo essas relações na integral, tem-se

𝑀𝑟Ԧ𝑐𝑚 = න 𝑥መi + 𝑦መj 𝑑𝑚 = න 𝑟 cos 𝜃 መi + sin 𝜃 መj 𝑑𝑚

O elemento de massa 𝑑𝑚 possui um comprimento 𝑑𝑠 =


𝑟𝑑𝜃, logo,

𝑑𝑚 = 𝜆𝑑𝑠 = 𝜆𝑟𝑑𝜃

Assim, obtém-se Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 150.

Figura 5. Geometria para o cálculo do centro de massa de


um aro semicircular.
𝑀𝑟Ԧ𝑐𝑚 = න 𝑟 cos 𝜃 መi + sin 𝜃 መj 𝜆𝑟𝑑𝜃

Fazendo a varredura no sentido do aumento de 𝜃, os limites de integração são 0 e 𝜋. Isto é,

𝑟2 𝜋
𝑟Ԧ𝑐𝑚 = න cos 𝜃 መi + sin 𝜃 መj 𝜆𝑑𝜃
𝑀 0

Uma vez que o aro é uniforme, sabe-se que 𝜆 = 𝑀Τ𝜋𝑟, onde 𝜋𝑟 é o comprimento do semicírculo. Então,

𝜋
𝑟 𝑟 𝜋
𝑟Ԧ𝑐𝑚 = መi න cos 𝜃 𝑑𝜃 + መj න sin 𝜃 𝑑𝜃
𝜋 0 𝜋 0

𝑟 𝜋 𝑟 𝜋 2𝑟
𝑟Ԧ𝑐𝑚 መ ቚ መ
= i sin 𝜃 − j cos 𝜃 ቚ ⟹ 𝑟Ԧ𝑐𝑚 = መj
𝜋 0 𝜋 0 𝜋
2. O Movimento do Centro de Massa
Será mostrado que, em geral, a aceleração do centro de massa de um sistema de partículas é igual à força
externa resultante atuante sobre o sistema dividida pela massa total do sistema. Para obter a aceleração do
centro de massa, determina-se, inicialmente, a velocidade por derivação da Equação (4) em relação ao tempo:

𝑑 𝑟Ԧ𝑐𝑚 𝑑 𝑟Ԧ1 𝑑𝑟Ԧ2 𝑑𝑟Ԧ𝑖


𝑀 = 𝑚1 + 𝑚2 + ⋯ = ෍ 𝑚𝑖
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖

Uma vez que a derivada temporal da posição é a velocidade, tem-se

𝑀𝑣Ԧ𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑣Ԧ1 + 𝑚2 𝑣Ԧ2 + ⋯ = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖


(6)
𝑖
Derivando novamente, obtém-se a aceleração:

𝑀 𝑎Ԧ𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑎Ԧ1 + 𝑚2 𝑎Ԧ2 + ⋯ = ෍ 𝑚𝑖 𝑎Ԧ𝑖


𝑖 (7)

De acordo com a segunda lei de Newton, 𝑚𝑖 𝑎Ԧ𝑖 é igual ao somatório das forças atuantes sobre a 𝑖-ésima partícula;
assim,

෍ 𝑚𝑖 𝑎Ԧ𝑖 = ෍ 𝐹Ԧ𝑖
𝑖 𝑖

onde o termo da direita é o somatório de todas as forças atuantes sobre cada uma das partículas do sistema.
Algumas dessas forças são internas (exercida por alguma partícula do sistema sobre outra partícula do sistema) e
outras são externas (exercidas sobre uma partícula do sistema por uma partícula de fora do sistema). Assim,

𝑀 𝑎Ԧ𝑐𝑚 = ෍ 𝐹Ԧ𝑖,𝑖𝑛𝑡 + ෍ 𝐹Ԧ𝑖,𝑒𝑥𝑡


𝑖 𝑖
Para cada força interna atuante sobre uma partícula do sistema existe outra igual e oposta (terceira lei de
Newton), também interna, atuante sobre uma outra partícula do sistema. Quando todas as forças internas são
somadas, cada par de forças ação-reação fornece uma resultante nula; logo

෍ 𝐹Ԧ𝑖,𝑖𝑛𝑡 = 0
𝑖

assim,

𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠,𝑒𝑥𝑡 = ෍ 𝐹Ԧ𝑖,𝑒𝑥𝑡 = 𝑀𝑎Ԧ𝑐𝑚 (8)


𝑖

O centro de massa de um sistema se move como uma partícula de massa 𝑀 = σ 𝑚𝑖 sob a influência da força
externa resultante atuando sobre o sistema.
3. Conservação da Quantidade de Movimento
Linear
A quantidade de movimento linear 𝑝Ԧ de uma partícula é uma grandeza vetorial que pode ser imaginada como
uma medida do esforço necessário para levar uma partícula até o repouso. Ela é definida como o produto de
sua massa pela velocidade:

𝑝Ԧ = 𝑚𝑣Ԧ (9)

A segunda lei de Newton pode ser descrita em termos da quantidade de movimento de uma partícula.
Derivando a Equação (9) em relação ao tempo, obtém-se

𝑑 𝑝Ԧ 𝑑(𝑚𝑣)Ԧ 𝑑 𝑣Ԧ
= =𝑚 = 𝑚𝑎Ԧ
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Assim,

𝑑𝑝Ԧ
𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠 =
𝑑𝑡

Logo, a força resultante atuando sobre uma partícula é igual à taxa temporal de variação da quantidade de
movimento linear da partícula.

A quantidade de movimento total 𝑃𝑠𝑖𝑠 de um sistema de partículas é igual ao somatório das quantidades de
movimento individuais das partículas:

𝑃𝑠𝑖𝑠 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖 = ෍ 𝑝Ԧ𝑖


𝑖 𝑖

E de acordo com a Equação (6), teremos

𝑃𝑠𝑖𝑠 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖 = 𝑀𝑣Ԧ𝑐𝑚 (10)


𝑖
Derivando essa equação, obtém-se

𝑑𝑃𝑠𝑖𝑠 𝑑 𝑣Ԧ𝑐𝑚
=𝑀 = 𝑀𝑎Ԧ𝑐𝑚
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Porém, de acordo com a segunda lei de Newton (Equação 8),𝑀𝑎Ԧ𝑐𝑚 é igual à força externa resultante atuando
sobre o sistema. Assim,

𝑑𝑃𝑠𝑖𝑠 (11)
෍ 𝐹Ԧ𝑒𝑥𝑡 = 𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠,𝑒𝑥𝑡 =
𝑑𝑡
𝑖

Quando a força externa resultante que atua sobre um sistema de partículas permanece nula, a taxa de variação
da quantidade de movimento total permanece nula e a quantidade de movimento total do sistema permanece
constante:
𝑃𝑠𝑖𝑠 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖 = 𝑀𝑣Ԧ𝑐𝑚 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ⟹ 𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠,𝑒𝑥𝑡 = 0 (12)
𝑖

Esse resultado é conhecido como a lei da conservação da quantidade de movimento.


4. Energia Cinética de um Sistema
A energia cinética 𝐾 de um sistema de partículas é igual à soma das energias cinéticas das partículas individuais:

1 1
𝐾 = ෍ 𝐾𝑖 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣𝑖2 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖 ∙ 𝑣Ԧ𝑖
2 2
𝑖 𝑖 𝑖

De modo geral, Se uma partícula se move com velocidade 𝑣Ԧ𝑝𝐴 em relação ao sistema de referência 𝐴 que, por
sua vez, se move com velocidade 𝑣Ԧ𝐴𝐵 em relação ao sistema de referência 𝐵, a velocidade relativamente ao
sistema 𝐵 é expressa por

𝑣Ԧ𝑝𝐵 = 𝑣Ԧ𝑝𝐴 + 𝑣Ԧ𝐴𝐵


Assim, a velocidade de cada partícula (em relação a um referencial 𝑅 qualquer) pode ser expressa pela soma da
velocidade do centro de massa 𝑣Ԧ𝑐𝑚 (velocidade em relação ao referencial 𝑅) com a velocidade da partícula em
relação ao centro de massa 𝑢𝑖 :

𝑣Ԧ𝑖,𝑅 = 𝑣Ԧ𝑖,𝑐𝑚 + 𝑣Ԧ𝑐𝑚,𝑅

Para simplificar, escreveremos esse resultado apenas como

𝑣Ԧ𝑖 = 𝑣Ԧ𝑐𝑚 + 𝑢𝑖

Assim,

1 1
𝐾 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖 ∙ 𝑣Ԧ𝑖 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑐𝑚 + 𝑢𝑖 ∙ (𝑣Ԧ𝑐𝑚 +𝑢𝑖 )
2 2
𝑖 𝑖
1
𝐾= ෍ 2
𝑚𝑖 (𝑣𝑐𝑚 + 2𝑣Ԧ𝑐𝑚 ∙ 𝑢𝑖 + 𝑢𝑖2 )
2
𝑖

1 1
Ԧ𝑐𝑚 ∙ ෍ 𝑚𝑖 𝑢𝑖 + ෍ 𝑚𝑖 𝑢𝑖2
2 +𝑣
𝐾 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣𝑐𝑚
2 2
𝑖 𝑖 𝑖

onde o termo do meio dessa equação 𝑣Ԧ𝑐𝑚 foi fatorado da soma, uma vez que é o mesmo para cada termo da
soma (não varia de partícula para partícula). A quantidade σ 𝑚𝑖 𝑢𝑖 é a quantidade de movimento total do sistema
em relação ao centro de massa. Essa quantidade, que é igual a 𝑀𝑢𝑐𝑚 é necessariamente nula (em relação ao
centro de massa, a velocidade do centro de massa 𝑢𝑐𝑚 é nula). Assim,

1 1 1
2 + ෍ 𝑚 𝑢 2 = 𝑀𝑣 2 + 𝐾
𝐾 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣𝑐𝑚 (13)
2 2 𝑖 𝑖 2 𝑐𝑚 𝑟𝑒𝑙
𝑖 𝑖

onde 𝑀 é a massa total e 𝐾𝑟𝑒𝑙 é a energia cinética das partículas em relação ao centro de massa.
5. Colisões
Em uma colisão, dois corpos se aproximam e interagem fortemente durante um curto intervalo de tempo.
Durante o curto tempo da colisão, quaisquer forças externas sobre os dois corpos são, usualmente, muito mais
fracas do que as forças de interação entre eles. Assim, os corpos que colidem podem ser tratados, usualmente,
como um sistema isolado durante a colisão. Durante a colisão, as únicas forças significativas são as forças in-
ternas de interação, que são iguais e opostas. Como resultado, a quantidade de movimento é conservada. Isto é,
a quantidade de movimento total do sistema no instante antes da colisão é igual à quantidade de
movimento total no instante após a colisão. Adicionalmente, o tempo de colisão é usualmente tão curto que
os deslocamentos dos corpos durante a colisão podem ser desprezados.

Quando a energia cinética total do sistema de dois corpos é a mesma antes e depois da colisão, a colisão é
chamada de colisão elástica. Caso contrário, ela é chamada de colisão inelástica. Um caso extremo é o da
colisão perfeitamente inelástica, durante a qual toda a energia cinética em relação ao centro de massa é
convertida em energia térmica ou interna do sistema, e os dois corpos passam a ter a mesma velocidade comum
(com frequência, grudados um ao outro), no final da colisão.
Impulso e Força Média
A Figura 6 mostra a variação com o tempo da amplitude de uma
força típica exercida por um corpo sobre outro durante uma
colisão. Durante o tempo de colisão, ∆𝑡 = 𝑡𝑓 − 𝑡𝑖 , a força possui
uma alta amplitude. Para outros tempos a força é muito menor e,
portanto, desprezível. O impulso 𝐼Ԧ da força é um vetor definido
como

𝑡𝑓
𝐼Ԧ = න 𝐹Ԧ 𝑑𝑡 (14)
𝑡𝑖

A amplitude do impulso da força é igual à área sob sua curva Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 249.
𝐹 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝑡. As unidades do impulso são 𝑁 ∙ 𝑠. A força resultante Figura 6. Típica variação da força com o tempo
durante a colisão.
𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠 atuante sobre uma partícula é relacionada à taxa de variação
da quantidade de movimento da partículas através da segunda
lei de Newton:

𝑑𝑝Ԧ
𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠 =
𝑑𝑡
Logo, o impulso da força resultante é igual à variação total na quantidade de movimento ∆𝑝Ԧ durante o intervalo
de tempo:

𝑡𝑓 𝑡𝑓
𝑑 𝑝Ԧ
𝐼Ԧ𝑟𝑒𝑠 = න 𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑡 = න 𝑑𝑡
𝑡𝑖 𝑡𝑖 𝑑𝑡

𝐼Ԧ𝑟𝑒𝑠 = 𝑝Ԧ𝑓 − 𝑝Ԧ𝑖 = ∆𝑝Ԧ (15)

A Equação (15) é chamada de teorema do impulso-quantidade de movimento para uma partícula. Também,
o impulso resultante sobre um sistema, causado pelas forças externas que atuam sobre o sistema, é igual à
variação da quantidade de movimento total do sistema:

𝑡𝑓
𝐼Ԧ𝑟𝑒𝑠,𝑒𝑥𝑡 = න 𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠,𝑒𝑥𝑡 𝑑𝑡 = ∆𝑃𝑠𝑖𝑠 (16)
𝑡𝑖
A força média correspondente a um intervalo de tempo ∆𝑡 = 𝑡𝑓 − 𝑡𝑖 é definida como

1 𝑡𝑓 𝐼Ԧ
Ԧ Ԧ
𝐹𝑚é𝑑 = න 𝐹 𝑑𝑡 = (17)
∆𝑡 𝑡𝑖 ∆𝑡

A força média é a força constante que fornece um impulso igual ao da força real no intervalo de tempo ∆𝑡,
conforme ilustrado pelo retângulo mostrado na Figura 6.
Colisão Elástica em um Dimensão
Considere um corpo de massa 𝑚1 com velocidade inicial 𝑣1𝑖 aproximando-se de um segundo corpo de massa
𝑚2 que se move no mesmo sentindo com velocidade inicial 𝑣2𝑖 . Se 𝑣2𝑖 < 𝑣1𝑖 , os objetos irão colidir. Sejam 𝑣1𝑓 e
𝑣2𝑓 suas velocidades finais após a colisão. Para uma colisão elástica (energia cinética inicial e final do sistema
são iguais) tem-se

1 2 1 2 1 2 1 2
𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓 = 𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖 (18)
2 2 2 2

Essa equação, junto com a conservação da quantidade de movimento para colisões unidimensionais, é
suficiente para determinar as velocidades finais dos dois corpos. Esse problema pode ser tratado mais
facilmente se a velocidade relativa entre os dois corpos após a colisão for expressa em função de sua velocidade
relativa antes da colisão. Reordenando a Equação (18), tem-se

2 2 2 2
𝑚2 𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓

𝑚2 𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 𝑣2𝑓 + 𝑣2𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓 𝑣1𝑖 + 𝑣1𝑓 (19)


Pela conservação da quantidade de movimento, sabe-se que

𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓 = 𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖

𝑚2 𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓 (20)

Assim, dividindo-se a Equação (19) pela Equação (20), obtém-se

𝑣2𝑓 + 𝑣2𝑖 = 𝑣1𝑖 + 𝑣1𝑓

A arrumação dessa equação fornece

𝑣2𝑓 −𝑣1𝑓 = − 𝑣2𝑖 − 𝑣1𝑖 (21)


Se dois corpos colidem, então 𝑣2𝑖 − 𝑣1𝑖 deve ser negativo, e a velocidade de aproximação pode ser definida
como − 𝑣2𝑖 − 𝑣1𝑖 . Após a colisão, a velocidade de recessão dos corpos é 𝑣2𝑓 − 𝑣𝑖𝑓 .

Nas colisões elásticas, a velocidade de recessão é igual à velocidade de aproximação.


Coeficiente de Restituição

A maioria das colisões fica, na realidade, entre os casos extremos de colisões elásticas e de colisões
perfeitamente inelásticas, em que não há velocidade relativa após a colisão. O coeficiente de restituição 𝒆 é
uma medida da elasticidade de uma colisão. Ele é definido como a relação entre a velocidade de recessão e a
velocidade de aproximação.

𝑣𝑟𝑒𝑐 𝑣2𝑓 − 𝑣1𝑓


𝑒= =− (22)
𝑣𝑎𝑝𝑟 𝑣2𝑖 − 𝑣1𝑖

Para uma colisão elástica, 𝑒 = 1. Para uma colisão perfeitamente inelástica, 𝑒 = 0.


EXEMPLO 2
Um projétil é disparado em uma trajetória tal que o faria aterrizar 55 m adiante. No entanto, ele explode no
ponto mais alto da trajetória, partindo-se em dois fragmentos de mesma massa. Imediatamente após a
explosão, um dos fragmentos possui uma rapidez instantânea igual a zero e, depois, cai na vertical. Onde
aterriza o outro fragmento? Despreze a resistência do ar.
Resolução

Se o sistema é o projétil, então as forças que causam a


explosão são todas forças internas. Como a única
força externa atuando sobre o sistema é a da
gravidade, o centro de massa, que está a meia
distância entre os dois fragmentos, continua em sua
trajetória parabólica como se a explosão não tivesse
ocorrido.

Seja 𝑥 = 0 a posição inicial do projétil. As posições de


alcance 𝑥1 e 𝑥2 dos fragmentos estão relacionadas à Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 152.

posição final do centro de massa por: Figura 7. Exemplo 2

𝑀𝑥𝑐𝑚 = 𝑚𝑥1 + 𝑚𝑥2

(2𝑚)𝑥𝑐𝑚 = 𝑚𝑥1 + 𝑚𝑥2

2𝑥𝑐𝑚 = 𝑥1 + 𝑥2
No impacto 𝑥𝑐𝑚 = 𝑅 (𝑎𝑙𝑐𝑎𝑛𝑐𝑒) e 𝑥1 = 0,5𝑅, em que 𝑅 = 55 𝑚 seria o alcance do projétil caso ele não explodisse.
Resolvendo para 𝑥2 , tem-se

𝑥2 = 2𝑥𝑐𝑚 − 𝑥1 = 2𝑅 − 0,5𝑅

𝑥2 = 1,5𝑅

𝑥2 = 1,5 55 𝑚

𝑥2 = 82,5 𝑚
EXEMPLO 3
Se apenas forças externas podem acelerar o centro de massa de um sistema de partículas, como é possível
que um carro se mova? Normalmente imagina-se o motor fornecendo a força necessária para acelerar um
carro, porém isto é de fato verdadeiro? Onde atuam as forças externas que aceleram um carro?

Resolução
A única força que pode fazer com que o carro se mova para a frente é o atrito entre os pneus e a estrada. O
motor do carro faz com que os pneus girem, fazendo com que o pneus apliquem uma força para trás na
estrada, e pela terceira lei de Newton a estrada aplica uma força nos pneus para frente (mesmo módulo). Se a
estrada fosse sem atrito as rodas iriam simplesmente girar sem o carro se mover para qualquer lugar.
EXEMPLO 4
Duas partículas de 3,0 𝑘𝑔 possuem velocidades 𝑣Ԧ1 = (2,0 𝑚Τ𝑠) መi + (3,0 𝑚Τ𝑠)መj e 𝑣Ԧ2 = (4,0 𝑚Τ𝑠) መi − (6,0 𝑚Τ𝑠)መj.
Determine a velocidade do centro de massa do sistema.
Resolução

A velocidade do centro de massa é dada por

𝑀𝑣Ԧ𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑣Ԧ1 + 𝑚2 𝑣Ԧ2

𝑚1 𝑣Ԧ1 + 𝑚2 𝑣Ԧ2
𝑣Ԧ𝑐𝑚 =
𝑚1 + 𝑚2

Substituindo os valores numéricos, temos


3,0 𝑘𝑔 (2,0 𝑚Τ𝑠)መi + (3,0 𝑚Τ𝑠)መj + (3,0 𝑘𝑔) (4,0 𝑚Τ𝑠)መi − (6,0 𝑚Τ𝑠)j
𝑣Ԧ𝑐𝑚 =
3,0 𝑘𝑔 + 3,0 𝑘𝑔
(6 𝑘𝑔 ∙ 𝑚Τ𝑠)መi + (9 𝑘𝑔 ∙ 𝑚Τ𝑠)መj + 12 𝑘𝑔 ∙ 𝑚Τ𝑠 መi − (18,0 𝑘𝑔 ∙ 𝑚Τ𝑠)መj
𝑣Ԧ𝑐𝑚 =
6,0 𝑘𝑔

18 𝑘𝑔 ∙ 𝑚Τ𝑠 መi − (9,0 𝑘𝑔 ∙ 𝑚Τ𝑠)መj


𝑣Ԧ𝑐𝑚 =
6,0 𝑘𝑔

𝑣Ԧ𝑐𝑚 = (3,0 𝑚Τ𝑠) መi − (1,5 𝑚Τ𝑠)መj


EXEMPLO 5
Um bloco de madeira e um revólver estão firmemente fixos nas extremidades opostas de uma longa plataforma
montada sobre um trilho de ar sem atrito (Figura 8). O bloco e o revólver estão separados de uma distância 𝐿. O
sistema está inicialmente em repouso. O revólver dispara uma bala que o abandona com uma velocidade 𝑣𝑏 ,
atingindo o bloco e nele se encravando. A massa da bala é 𝑚𝑏 e a massa do sistema revólver–plataforma–bloco é
𝑚𝑝 . (a) Qual é a velocidade desse sistema no instante imediatamente após o projétil deixar o cano da arma? (b)
Qual é a distância percorrida pelo sistema, enquanto a bala está em trânsito entre o revólver e o bloco?

Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 273.


Figura 8. Exemplo 5.
Resolução

(a) O sistema é formado pelo revólver, plataforma, bloco e a Terra. Então, 𝐹Ԧ𝑟𝑒𝑠,𝑒𝑥𝑡 = 0 e a quantidade de
movimento do sistema é conservado. Vamos aplicar a conservação da quantidade de movimento antes e logo
depois da bala deixar a arma:

𝑃𝑠𝑖𝑠,𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝑃𝑠𝑖𝑠,𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠

0 = 𝑝Ԧ𝑏𝑎𝑙𝑎 + 𝑝Ԧ𝑝𝑙𝑎𝑡𝑎𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎−𝑟𝑒𝑣ó𝑙𝑣𝑒𝑟−𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜

0 = 𝑚𝑏 𝑣𝑏 መi + 𝑚𝑝 𝑣Ԧ𝑝

𝑚𝑏
𝑣Ԧ𝑝 = − 𝑣 መi
𝑚𝑝 𝑏
(b) Vamos expressar a velocidade da bala em relação ao sistema:

𝑣Ԧ𝑏,𝑝 = 𝑣Ԧ𝑏,𝑠𝑜𝑙𝑜 + 𝑣Ԧ𝑠𝑜𝑙𝑜,𝑝 = 𝑣Ԧ𝑏,𝑠𝑜𝑙𝑜 − 𝑣Ԧ𝑝,𝑠𝑜𝑙𝑜

𝑚𝑏
𝑣Ԧ𝑏,𝑝 = 𝑣𝑏 መi − − 𝑣𝑏 መi
𝑚𝑝

𝑚𝑏 𝑚𝑏
𝑣𝑏,𝑝 = 𝑣𝑏 + 𝑣𝑏 = 1 + 𝑣
𝑚𝑝 𝑚𝑝 𝑏

𝑚𝑝 + 𝑚𝑏
𝑣𝑏,𝑝 = 𝑣𝑏
𝑚𝑝

O tempo de voo da bala ∆𝑡 é então

𝐿
∆𝑡 =
𝑣𝑏,𝑝
E a distância percorrida pelo sistema é

∆𝑠 = 𝑣𝑝 ∆𝑡

Assim,

𝑚𝑏 𝐿 𝑚𝑏 𝐿
∆𝑠 = 𝑣 = 𝑣
𝑚𝑝 𝑏 𝑣𝑏,𝑝 𝑚𝑝 𝑏 𝑚𝑝 + 𝑚𝑏
𝑣𝑏
𝑚𝑝

𝑚𝑏
∆𝑠 = 𝐿
𝑚𝑝 + 𝑚𝑏
EXEMPLO 6
Tiago, um adolescente de 85 𝑘𝑔, salta da borda de um cais horizontal até um bote de 150 𝑘𝑔 que flutua
livremente, inicialmente em repouso. O bote, então, com o passageiro dentro, se afasta do cais a 2,0 𝑚Τ𝑠. Qual
era a rapidez de Tiago quando se lançou da borda do cais?

Resolução
O sistema é formado pelo bote e Tiago. Vamos aplicar a conservação da quantidade de movimento para esse
sistema e encontrar a velocidade de Tiago quando se joga do cais:

𝑃𝑠𝑖𝑠,𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝑃𝑠𝑖𝑠,𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠

𝑝Ԧ𝑖,𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 + 𝑝Ԧ𝑖,𝑏𝑜𝑡𝑒 = 𝑝Ԧ𝑓,𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 + 𝑝Ԧ𝑓,𝑏𝑜𝑡𝑒

𝑚𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 𝑣𝑖,𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 + 0 = 𝑚𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 + 𝑚𝑏𝑜𝑡𝑒 𝑣𝑓 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

𝑚𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 + 𝑚𝑏𝑜𝑡𝑒
𝑣𝑖,𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 = 𝑣𝑓
𝑚𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜
85 𝑘𝑔 + 150 𝑘𝑔
𝑣𝑖,𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 = 2,0 𝑚Τ𝑠
85 𝑘𝑔

𝑣𝑖,𝑇𝑖𝑎𝑔𝑜 ≈ 5,5 𝑚Τ𝑠


EXEMPLO 7
Um menino atira com sua arma de chumbinho contra um pedaço de queijo que está sobre um massivo bloco de
gelo. Para um determinado tiro, o projétil de 1,2 𝑔 fica encravado no queijo, fazendo-o deslizar 25 𝑐𝑚 antes de
parar. Se a velocidade com que o projétil sai da arma é de 65 𝑚Τ𝑠 e o queijo tem uma massa de 120 𝑔, qual é o
coeficiente de atrito entre o queijo e o gelo?

Resolução

Aplicando a conservação da quantidade de movimento para obter a velocidade 𝑣𝑓 do conjunto projétil+queijo,


temos
𝑃𝑠𝑖𝑠,𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 = 𝑃𝑠𝑖𝑠,𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠

𝑝Ԧ𝑖,𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 + 𝑝Ԧ𝑖,𝑞𝑢𝑒𝑖𝑗𝑜 = 𝑝Ԧ𝑓,𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 + 𝑝Ԧ𝑓,𝑞𝑢𝑒𝑖𝑗𝑜

𝑚𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 𝑣𝑖,𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 + 0 = 𝑚𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 + 𝑚𝑞𝑢𝑒𝑖𝑗𝑜 𝑣𝑓 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

𝑚𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙
𝑣𝑓 = 𝑣
𝑚𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 + 𝑚𝑞𝑢𝑒𝑖𝑗𝑜 𝑖,𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙
0,0012 𝑘𝑔
𝑣𝑓 = 65 𝑚Τ𝑠 ≈ 0,64 𝑚Τ𝑠
0,0012 𝑘𝑔 + 0,120 𝑘𝑔

Vamos aplicar o teorema do trabalho-energia cinética para o conjunto projétil+queijo, logo após o projétil ter se
alojado no queijo:

𝑊𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∆𝐾

1
−𝑓𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 ∆𝑥 = 𝑚𝑞𝑢𝑒𝑖𝑗𝑜 + 𝑚𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 𝑣𝑓2
2

1
𝜇𝑘 𝑚𝑞𝑢𝑒𝑖𝑗𝑜 + 𝑚𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 𝑔∆𝑥 = 𝑚𝑞𝑢𝑒𝑖𝑗𝑜 + 𝑚𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 𝑣𝑓2
2

𝑣𝑓2 0,64 𝑚Τ𝑠 2


𝜇𝑘 = = ≈ 0,083
2𝑔∆𝑥 2 9,81 𝑚Τ𝑠 2 0,25 𝑚
EXEMPLO 8
Uma bola de beisebol de 0,15 𝑘𝑔, movendo-se horizontalmente, é atingida por um taco e seu sentido é
invertido. Sua velocidade varia de +20 𝑚Τ𝑠 para −20 𝑚Τ𝑠. (a) Qual é a magnitude do impulso transferido pelo
taco à bola? (b) Se a bola está em contato com o taco por 1,3 𝑚𝑠, qual é a força média exercida pelo taco sobre
a bola?

Resolução
(a) O impulso exercido pelo taco na bola é igual a variação da quantidade de movimento da mesma:

𝐼Ԧ = ∆𝑝Ԧ𝑏𝑜𝑙𝑎 = 𝑝Ԧ𝑓 − 𝑝Ԧ𝑖 = 𝑚𝑣𝑓 መi − −𝑚𝑣𝑖 መi = 2𝑚𝑣መi (𝑣𝑓 = 𝑣𝑖 = 𝑣)

𝐼 = 2 0,15 𝑘𝑔 20 𝑚Τ𝑠

𝐼 = 6,0 𝑁 ∙ 𝑠
(b) A força média é dada por

𝐼 6,0 𝑁 ∙ 𝑠
𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 = =
∆𝑡 1,3 ∙ 10−3 𝑠

𝐹𝑚é𝑑𝑖𝑎 ≈ 4,6 ∙ 103 𝑁


EXEMPLO 9
Um disco de 5,0 𝑘𝑔 de massa, movendo-se a 2,0 𝑚Τ𝑠, se aproxima de um disco idêntico que está estacionário
sobre o gelo, sem atrito. Após a colisão, o primeiro disco emerge com uma rapidez 𝑣1 formando 30° com sua
orientação original de movimento; o segundo disco emerge com uma rapidez 𝑣2 a 60°, como na Figura 9. (a)
Calcule 𝑣1 e 𝑣2 . (b) A colisão foi elástica?

Fonte: Tipler; Mosca, 2012, p. 277.

Figura 9. Exemplo 9.
Resolução

(a) Vamos adotar a direção do movimento do disco que está se movendo antes da colisão seja na direção +𝑥.
Aplicando conservação da quantidade de movimento para a colisão em ambas as direções 𝑥 e 𝑦, temos

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜 𝑥
𝑝𝑥,𝑖 = 𝑝𝑥,𝑓

𝑚𝑣 = 𝑚𝑣1 cos 30° + 𝑚𝑣2 cos 60° ⟹ 𝑣 = 𝑣1 cos 30° + 𝑣2 cos 60°

𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒çã𝑜 𝑦
𝑝𝑦,𝑖 = 𝑝𝑦,𝑓

0 = 𝑚𝑣1 sin 30° − 𝑚𝑣2 sin 60°

sin 60°
𝑣1 = 𝑣2
sin 30°
Substituindo esse resultado no anterior, determinamos 𝑣2 :

sin 60°
𝑣 = 𝑣2 cos 30° + 𝑣2 cos 60° ⟹ 𝑣2 ≈ 1,7 𝑚Τ𝑠
sin 30°

sin 60°
𝑣1 = 𝑣2 ≈ 1,0 𝑚Τ𝑠
sin 30°

(b)A colisão é elástica, pois o ângulo entre 𝑣Ԧ1 e 𝑣Ԧ2 é 90°:

𝑚𝑣Ԧ = 𝑚 𝑣Ԧ1 + 𝑣Ԧ2 ⟹ 𝑣Ԧ = 𝑣Ԧ1 + 𝑣Ԧ2

Como são perpendiculares,

1 1
𝑣 2 = 𝑣12 + 𝑣22 ⟹ 𝑚𝑣 2 = 𝑚 𝑣12 + 𝑣22 𝐴 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 é 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑎!
2 2
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
TIPLER, Paul A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros. Vol. 1. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC,
2012.

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