Você está na página 1de 2

Registros dos Encontros

Conversa 1: A Cartomante (06/08/2020)

- Literatura de entretenimento. Conto publicado no jornal. Burguesia gostava de


acompanhar a problemática das relações presentes na própria classe (como um
espécie de novela do período);

- A traição ganha destaque no contexto;

- Também, destaca-se o público-alvo dos folhetins e, consequentemente, o


público de Machado: as jovens leitoras. Seriam essas narrativas uma forma de
educá-las? (pois há críticas à imagem da mulher);

- Michaelle destaca a questão da amizade que, de certa forma, dá sustento ao


triângulo. Pensar a dinâmica burguesa dentro dessas relação;

- Gabriel destaca a metáfora da mulher no conto: “Rita, como uma serpente, foi-
se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e
pingou-lhe o veneno na boca”. Pertinente para se pensar a imagem feminina
como uma “causadora” de situações;

- A figura da Cartomante é importante neste cenário. Ela dizia os que as pessoas


queriam ouvir (foi o que interpretamos na conversa) e, mesmo assim, acabava
intervindo no destino dos personagens. Um caminho para perceber como fatores
externos podem influenciar as decisões que tomamos.

- Além disso, a personagem Cartomante intitula o conto, mas é uma personagem


apenas citada. Ela ganha materialidade na narrativa apenas nos momentos
finais, quando Camillo segue para a emboscada armada por Villela.

- Seriam então os personagens e a dinâmica do conto apresentados por


Machado como cartas para lermos os destinado pré-definidos na obra?
Conversa 2: Pai contra Mãe (11/08/2020)

- Literatura de proposta. Análise social explorada a partir da figura de Cândido


Neves, que é um personagem que nos permite refletir sobre o homem médio
brasileiro ao longo dos tempos;

- Figura marcada pela individualidade que rompe com a candura expressa no


seu nome quando estão em jogo os interesse pessoais. Cândido é violento e
agressivo com a escrava Arminda que, grávida, suplica pela vida do filho;

- O conto revela a condição desumana que se manifesta no jogo do “oprimido


contra oprimido”. Entregar a escrava fugitiva era necessário para que o filho de
Cândido Neves pudesse retornar ao lar, mas não era humano, pois custaria a
vida de outra criança ainda não trazida ao mundo: o filho de Arminda;

- Gabriel levanta a questão: Seria Cândido realmente livre? Além disso, Gabriel
destaca os opostos sempre presentes na obra: vida e morte; liberdade e
escravidão;

- Cândido faz uso de uma profissão pensada para os escravos alforriados ou


nascidos sob o vigor da “Lei do Ventre” livre. Tal profissão parecia
“desprestigiosa” para um homem branco. Porém, para uma pessoa não afeita ao
trabalho, lhe cairia bem;

- O conto tece uma crítica sobre os primeiros anos após a “lei áurea”, embora o
pano de fundo seja a escravidão, pois nos coloca o desafio de pensar um Outro
que não é o nosso semelhante. E isso se dá com a Arminda que é um outro de
Cândido Neves, mas socialmente não é semelhante a ele por uma escrava e,
portanto, ser entendida como objeto/coisa (“coisificação”) inferior, inclusive, à
pobreza.

Você também pode gostar