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INTRODUÇÃO À SOLDAGEM

DE MATERIAIS METÁLICOS
O QUE É SOLDAGEM?
• A operação que visa a união de duas ou
mais peças, assegurando na junta, a
continuidade das propriedades físicas e
químicas.
Definição segundo AWS (1987)
• “Soldagem é uma coalescência localizada
de metais ou não metais, produzida pelo
aquecimento dos materiais até a
temperatura de soldagem, com ou sem a
aplicação de pressão, ou pela a aplicação
de pressão somente, com ou sem o uso
de metal de adição”.
Métodos de união de materiais
• Soldagem - união com fusão do Metal
Base (MB)

• Brasagem - união sem fusão do MB


• (acima de 450 graus celsius)

• Solda Branda - união sem fusão do MB.


(abaixo de 450 graus celsius)
Classificação dos Processos de Soldagem
Aplicação Processos de Soldagem
Terminologia
• Material Base: É o material que constitui
as partes a unir

• Material de Adição: É o material que será


usado como enchimento no processo de
soldagem (da mesma natureza do das
partes),capaz de preencher as folgas
entre as superfícies a unir
Terminologia
• Soldagem : é o processo pelo qual se
consegue a união.

• Solda: é a zona de união onde houve


solubilização.

• Soldabilidade: facilidade com que um


material pode ser soldado.
Terminologia
• Juntas - É a parte ou partes da peça
sobre as quais será realizada a solda
ou a brasagem.
• Chanfro - É a geometria/configuração
da junta
• Passe ou cordão - Depósito
resultante do processo de soldagem
• Camada – conjunto de passes num
mesmo nível do chanfro
Terminologia
• Junta similar – metal base igual

• Junta dissimilar – metal base diferente


ABERT. DA RAIZ, ÂNG. BISEL, ÂNG.
CHANFRO, BISEL
CAMADA
CAMADA
FACE DA SOLDA
FACE DO CHANFRO E DA RAIZ
GARGANTA DE SOLDA
- Cordão Convexo -
GARGANTA DE SOLDA
- Cordão Côncavo -
GOIVAGEM A ARCO
JUNTA
JUNTA DE TOPO
MARGEM DA SOLDA
METAL DE ADIÇÃO
PERNA DE SOLDA
- Cordão Convexo -
PERNA DE SOLDA
- Cordão Côncavo -
PERNA DE SOLDA
- Cordão Côncavo -
POSIÇÕES DE SOLDAGEM

1G - posição plana


2G - posição horizontal
3G - posição vertical
4G - posição sobrecabeça
(a) chapa
POSIÇÃO DE SOLDAGEM

Plana
POSIÇÃO DE SOLDAGEM

Horizontal
POSIÇÃO DE SOLDAGEM

Vertical
- Progressões:
• Ascendente
• Descendente
POSIÇÃO DE SOLDAGEM

Sobre-
Cabeça
POSICAO DE SOLDAGEM

Tubo 45º
6G
• Horizontal

• Vertical

• Sobre-cabeca
RAIZ DA SOLDA
RAIZ DA SOLDA
SOLDA AUTÓGENA = sem metal de
adição
SOLDA EM ÂNGULO
JUNTA SOLDADA
ZONA FUNDIDA OU METAL
DE SOLDA
ZONA DE LIGAÇÃO OU LINHA
DE FUSÃO
ZONA TERMICAMENTE AFETADA
– ZTA ou ZONA AFETADA PELO
CALOR - ZAC
Soldagem ao arco elétrico – é
aquela que utiliza o arco elétrico
como fonte de calor

• arco voltaico ou arco elétrico - é a


passagem de corrente elétrica, através de
uma atmosfera gasosa e entre dois
eletrodos submetidos a uma diferença de
potencial (voltagem). Pode atingir
temperatura da ordem de 10.000 graus
Celsius.
Arco elétrico
Exemplos de processos de
soldagem ao arco elétrico

• MIG/MAG ou GMAW
• Eletrodo revestido ou SMAW
• TIG ou GTAW
• Arco submerso ou SAW
• Plasma
Física da soldagem
Fluxo de calor na soldagem ao
arco
Potência específica da fonte
• Para fontes ao arco elétrico:

• Pesp=V.I/Ao [W/m2]

A potência específica da fonte depende mais


da área de contato/transferência - Ao
Diâmetro da área de contato
versus potência específica da
fonte de energia
Escala de potências
específicas
Intensidade da fonte x geometria do
cordão

106 a 1013 W/m2 – limites da soldagem por fusão


O que é o arco elétrico?
(outra definição)
• É uma descarga elétrica entre eletrodos
em um gás ou vapor (gerado pelos
eletrodos) que tem uma queda de tensão,
junto ao cátodo, da ordem do potencial de
ionização do gás ou vapor (da ordem de
10V) e na qual a corrente pode ter
praticamente qualquer valor superior a um
valor mínimo de cerca de 100mA.
O Arco Elétrico
Descarga elétrica sustentada através de um gás ionizado (plasma). O
arco usado em soldagem é de baixa tensão e alta intensidade.

O calor é gerado pelo choque entre as cargas elétricas em movimento


no arco. Os elétrons são os que mais contribuem para a geração de
calor. -

Fonte de
energia
18000K

14000K

comprimento do arco
12000K

+
Curva estática do arco
Tensão x comprimento do arco
Isotermas em arcos TIG em argônio
Arco – eletrodo
consumível/eletrodo não
consumível
Efeito da Polaridade – Eletrodo não-
consumível
Eletrodo Negativo Eletrodo Positivo Corrente Alternada
- ~
+
Corrente
Contínua

e-

e-

+ - ~

Peça é mais aquecida e Eletrodo é mais Penetração


Penetração é máxima aquecido e penetração intermediária
Polaridade é mínima. Desgaste do CA
Negativa ou Direta eletrodo é máximo
CC (-) Polaridade
Positiva ou Inversa
CC (+) Menos problema com
sopro magnético
Efeito da Polaridade (GTAW)

No caso do processo GTAW operando em CC(-) a emissão de elétrons no eletrodo de


tungstênio ocorre por efeito termiônico , onde neste caso a quantidade de calor gerado
no eletrodo é muito menor, ou seja, menor aquecimento e menor desgaste do eletrodo.
O que justifica a preferência por esta polaridade no processo GTAW.
Efeito da Polaridade
O que ocorre quando o eletrodo é consumível?
Exemplo: Eletrodo Positivo – CC(+)

+ +
Calor gerado na ponta
do eletrodo ...

e- ... é transferido à peça

- -

Diversos fenômenos ocorrem simultaneamente (depende do processo)


Parte do calor gerado na fusão do eletrodo é transferido para a peça
Maior quantidade de calor tende a se concentrar na peça
Penetração é maior do que se o eletrodo fosse negativo
Perfil Elétrico do Arco

Fonte: Apostila Prof. Modenesi – Física da Soldagem (www.ufmg.br)


Região catódica
Perfil Elétrico do Arco
• A região catódica é extremamente importante p/ a existência
do arco, pois ela é responsável pelo fornecimento da maioria
dos elétrons responsáveis pela condução da corrente no arco
A emissão de elétrons pelo cátodo é importante, pois eles
conduzem mais de 90% da carga elétrica através do arco.

• Essa emissão ocorre por diferentes mecanismos (termiônica -


TIG e a frio-eletrodo consumível). A emissão termiônica ocorre
pelo aquecimento do material a uma temperatura
suficientemente elevada (acima de 3500K o que somente se
consegue com materiais refratários) para causar a vaporização
dos elétrons em sua superfície por agitação térmica.

• A emissão a frio é mais difícil que a termiônica de modo que


se precisa de uma maior diferença de potencial na região
catódica (10-15V p/ a frio e 2-6V p/ termiônica).
GMAW – CC(+)

Peça negativa

Eletrodo
Positivo

E = 800 V/m; I = 100A

Maior quantidade de calor gerado na peça


Fonte: Apostila Prof. Modenesi – Física da Soldagem (www.ufmg.br)
GTAW – CC(-)

Eletrodo
Negativo

Peça
Positiva

Maior quantidade de calor gerado na peça

Fonte: Apostila Prof. Modenesi – Física da Soldagem (www.ufmg.br)


Eletrodo Positivo Consumível

• Processos a arco com eletrodo consumível utilizam em geral


polaridade positiva (eletrodo positivo), pois o ponto anódico se
forma aproximadamente simétrico em torno da ponta do
eletrodo conduzindo a uma gota também simétrica em relação
ao eixo do mesmo. MIG/MAG e SAW usam preferencialmente
CC(+). Eletrodo Revestido e FCAW usam em geral CC(+) e
eventualmente CC(-), sendo o modo de transferência bastante
controlado pelo tipo de revestimento.

• Quando o eletrodo é negativo o arco se mantém em geral


instável e tem-se quantidade excessiva de respingos, pois o
tamanho da gota é grande e as forças do arco a propulsionam
para fora da peça, provavelmente como resultado de uma
baixa taxa de emissão dos elétrons do eletrodo negativo.
MIG (GMAW) – CC(+)

Fonte: Apostila Prof. Modenesi – Física da Soldagem (www.ufmg.br)


Fontes de energia para a
soldagem ao arco elétrico
Fontes de energia para a
soldagem ao arco elétrico
• Corrente constante. Processos Manuais
(TIG e eletrodo revestido). Geometria do
cordão constante

• Tensão constante. Processos


automáticos ou semi-automáticos onde o
eletrodo é continuamente alimentado
(MIG/MAG, arco submerso, arame
tubular)
Resposta da fonte para PROCESSO DE
SOLDAGEM MANUAL (ELETRODO
REVESTIDO/TIG/PLASMA)
Curva Tombante ou
Corrente Constante

M – Valor Maior
C – Valor Central
m – Valor menor

V – Tensão do Arco L - Comprimento do Arco


I – Intensidade de Corrente
Resposta da fonte para processos automáticos e semi-
automáticos
Auto-Ajustagem
Tensão Característica Estática - Tensão Constante ou Plana
(V) Qdo comprimento do Arco aumentar

C2 Qdo compr arco diminuir


C1
V2 C3
V V1
V3

C = f (V)
V = 1/f (A)
A

A2 A1 A3 Corrente (A)

Pequenas variações de Tensão Grandes variações de Corrente


Fontes de energia para a
soldagem ao arco elétrico
• FONTES CONVENCIONAIS
Transformadores (baixo preço, pouca manutenção)
Retificadores (obtenção de CC)

• FONTES INVERSORAS
As perdas elétricas e o volume dos transformadores são
inversamente proporcionais à freqüência da corrente de
entrada (rede  60Hz)
CA rede  CC  CA alta freqüência  regulagem
tensão de saída  CC sem oscilação
Fonte de 300A: convencional 140Kg
Inversor 35 Kg
Fontes de energia para a
soldagem ao arco elétrico

• FONTES COM PULSOS DE CORRENTE

Processo MIG/MAG (uma gota por pulso). Controla a


transferencia de metal do arame para a peça.
Soldagem em qualquer posição
Corrente média inferior às fontes convencionais
Pequena produção de salpicos
Controle sinérgico (arame x gás)
Processo TIG - Controla a geometria do cordão
Pequeno aporte de calor
Fontes de energia para a
soldagem ao arco elétrico
• Ciclo de trabalho:
• É a relação entre o tempo de operação
(Tarco) permitido durante um certo intervalo
de teste. Em geral esse tempo é 10 min.
• Ct= (Tarco/Tteste)/100 (%)

• Pode ser estimado por:Ct1.(I1)2=Ct2.(I2)2


Processos a arco Elétrico
• Os processos mais comuns na indústria são os a arco elétrico:
• SMAW (eletrodo revestido)
• GTAW (TIG)
• GMAW (MIG/MAG)
• FCAW (arame tubular)
• SAW (arco submerso)

• Todos esses processos estão associados com a presença de metal fundido.

• O metal fundido reage com a atmosfera (óxidos/nitretos são formados assim


como descontinuidades como porosidade, podendo impactar negativamente
nas propriedades da solda).

• Logo, todos os processo utilizam algum tipo de proteção contra os efeitos


danosos da atmosfera (fluxos de soldagem ou gases de proteção).
Fluxos de Soldagem
• Podem ser de 3 tipos:
• Granular
• Revestimento externo do eletrodo
• Presente internamente (na alma do eletrodo)

• Os fluxos se fundem para formar uma proteção de escória acima da


poça de fusão.

• Outras funções:
• Contém elementos seqüestrastes para purificar o metal de solda.
• Contém pó metálico específico para aumentar a taxa de deposição
(ferro).
• Adicionam elementos de liga para o metal de solda.
• Se decompõem para formar um gás de proteção.
Gases de Proteção

• Os gases de proteção formam uma proteção de em torno da poça de


fusão para evitar contaminação.

• Gases inertes como o argônio (Ar) e o Hélio (He) mantém o oxigênio,


nitrogênio e outros gases fora da poça de fusão.

• Gases ativos como o CO2 e o Oxigênio são ás vezes adicionados


para se melhorar o controle de variáveis tais como estabilidade do
arco e redução de respingos.
Dissociação /ionização do gás na
coluna do arco

• G2  2 G (dissociação)

• G  G+ e- (ionização)
Primeiro (VI) e segundo (VII) potenciais de
ionização de alguns elementos
comuns no arco (eV)
• Elemento VI VII
• Alumínio 5,98 18,82
• Argônio 15,75 27,62
• Cálcio 6,11 11,87
• Carbono 11,26 24,38
• Césio 3,89 25,10
• Ferro 7,90 16,18
• Hélio 24,58 54,40
• Hidrogênio 13,60
• Nitrogênio 14,54 29,61
• Oxigênio 13,61 35,15
• Potássio 4,34 31,81
• Sódio 5,14 47,29
• Titânio 6,83 13,63
• Tungstênio 7,94
Jato de plasma/sopro
magnético
SOPRO MAGNÉTICO

Definição:
- Deflexão do arco elétrico, de seu percurso
normal, devido a forças magnéticas.
SOPRO MAGNÉTICO
SOPRO MAGNÉTICO

Situação mais comum


SOPRO MAGNÉTICO
SOPRO MAGNÉTICO

Problemas gerados pelo Sopro Magnético:

- Falta de fusão
- Falta de penetração
- Porosidade
- Diminui a qualidade da junta soldada.
SOPRO MAGNÉTICO - Causas
1 – Uso de Corrente Contínua;
2 – Soldagem sendo feita indo de encontro do terra;

3 – Desbalanceamento de massas;

4 – Soldagem feita com cabo enrolado sobre a obra;


Conceito de energia de
soldagem

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