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19/03/2014
A resistência das mulheres na
Aprovado em
27/04/2014 ditadura militar brasileira:
KARINA JANZ
WOITOWICZ
Universidade Estadual de
Imprensa feminista e práticas
Ponta Grossa (UEPG) –
karinajw@gmail.com
Professora do Curso
de ativismo
de Jornalismo e do
Mestrado em Jornalismo
da Universidade Estadual Karina Janz Woitowicz
de Ponta Grossa (UEPG/
PR), mestre em Ciências Resumo
da Comunicação, doutora Discutir o papel da imprensa feminista na tematização dos direitos das mulheres
em Ciências Humanas,
e no processo de organização do movimento feminista no Brasil, no contexto
coordenadora do Grupo
de Estudos de Jornalismo e da ditadura militar. Este é o propósito do presente artigo, que parte de uma
Gênero da UEPG. caracterização dos jornais feministas que circularam entre os anos 1970 e 80 para
debater os contrastes entre as lutas gerais, pelo fim do regime autoritário, e as
lutas específicas das mulheres, repercutidas nas páginas da imprensa alternativa.
As marcas da dupla militância, nos partidos políticos e no movimento feminista,
revelam um campo de disputas que ecoa nos jornais, produzindo tensões e
provocando desafios para o discurso e a prática feminista, em meio às lutas pela
democracia.
Palavras-chave
Imprensa alternativa; movimentos sociais; história da imprensa; ativismo midiático.
Abstract
Discuss the role of feminist press on themes of women’s rights and the organization
of the feminist movement in Brazil, in the context of military dictatorship. This is
the purpose of this article, which starts of a characterization of feminist newspapers
that circulated between 1970 and 80 to discuss the contrasts between general
fights at the end of the authoritarian regime, and the specific struggles of women,
reflected the press alternative. The brands of double militancy, political parties and
the feminist movement, reveal a field of disputes that echoes in the newspapers,
producing tensions and provoking challenges for feminist discourse and practice,
amid the struggles for democracy.
Keywords
Alternative press, social movements, history of media, media activism.
Estudos em Jornalismo
e Mídia
Vol. 11 Nº 1
Janeiro a Junho de 2014
ISSNe 1984-6924
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pela experiência do exílio. De acordo sentido, os anos 1970 registram uma série
com Elizabeth Cardoso, de conquistas relacionadas à participação
das mulheres no meio social e ao
Com os “anos de chumbo” da comprometimento com as reivindicações
ditadura militar, várias mulheres e causas feministas.
brasileiras seguiram para o exílio e
Surgem vários grupos de consciência
uma vez fora do Brasil elas fundaram
grupos feministas no exterior. e em 1975, estimuladas pela instituição
Quatro deles ganharam destaque: do Dia Internacional da Mulher pela
o Comitê de Mulheres Brasileiras
ONU – Organização das Nações Unidas,
no Exterior, criado por Zuleika
Alembert, no Chile, durante os dois ocorrem reuniões no Rio de Janeiro e
primeiros anos da década de 1970; em São Paulo, que resultaram na criação
grupo de autoconsciência, fundado
por Branca Moreira Alves, em do Centro da Mulher Brasileira (Rio)
Berkeley, Estados Unidos, no início e do Centro de Desenvolvimento da
dos anos 70; o Círculo de Mulheres Mulher Brasileira (São Paulo). Em 1979,
Brasileiras em Paris, fundado em
abril de 1976, por um grupo de acontece o Primeiro Encontro Nacional
mulheres brasileiras, e o Grupo de Mulheres e, na década de 1980, já
Latino-Americano de Mulheres em
existem dezenas de grupos feministas por
Paris, fundado por Danda Prado, na
França, em 1972. (2004, p. 41) todo país.
De acordo com Maria Amélia de
Joana Pedro (2006) destaca que a Almeida Telles (1999), este é o momento
prática dos grupos de reflexão, criados em que as mulheres deixam de apenas
pelas mulheres que tiveram contato com marcar presença nos movimentos sociais
o feminismo nos Estados Unidos, era ao lado dos homens (só para se ter uma
vista com hostilidade por determinados ideia, o Comitê Brasileiro de Anistia
setores de esquerda, que apostavam em calcula que cerca de 12% das integrantes
outras frentes de luta e consideravam de movimentos sociais eram mulheres), e
Publicações
inúteis tais discussões, devido ao seu
viés “pequeno-burguês”: “os grupos
de reflexão, as lutas pelo controle e
autonomia do corpo, sexualidade, as
feministas
manifestações pela liberação da mulher, discutiam aspectos 2- Entre as fases do
feminismo, considera-
e tendências do
eram consideradas “ideias específicas”, se a primeira onda
(marcada pela
e portanto divisionistas da luta geral conquista de direitos
que consideravam ter prioridade: pela movimento em políticos) e a segunda
onda (em que as
temáticas como
democratização, pela anistia, pelo lutas se voltam à
socialismo” (2006, p. 16). conquista de direitos
trabalho e política
civis e culturais). Esta
Para além destes impasses e dificuldades última ganha força
que acompanharam o processo de nos anos 1970, com
diversas organizações
fortalecimento do feminismo, é preciso de mulheres e lutas
reconhecer a atuação de diversos grupos começam a surgir lutas mais dirigidas. que envolvem o
direito ao corpo.
na luta pela superação das desigualdades Em decorrência das lutas promovidas Esta é a classificação
entre homens e mulheres, que garantiram pelas mulheres, surgem vários clubes de usada por Joana
Maria Pedro (2006) e
a legitimidade do movimento. Neste mães, que começam a levantar discussões outras pesquisadoras.
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sobre custo de vida, baixos salários, as publicações do movimento feminista,
creches para mães trabalhadoras, que discutiam aspectos e tendências
sexualidade, violência sexual e doméstica. do movimento a partir de temáticas
São realizados congressos de mulheres, como trabalho feminino, participação
marchas, cartas às autoridades exigindo política, liberdade sexual, igualdade de
mudanças, entre outras ações, e começam direitos, aborto, políticas públicas para
a ganhar espaço lutas feministas como as mulheres, condições de trabalho,
o direito ao corpo e sexualidade. E é violência, entre outras.
neste contexto de mobilização que a As experiências dos grupos feministas
imprensa feminista surge como espaço de e de mulheres apontavam cada vez mais
resistência e luta das mulheres. para a necessidade de criar um discurso
próprio, capaz de fazer questionamentos
e promover mudanças. Em um Encontro
3- Para situar o Mídia alternativa e
contexto em que do Movimento das Mulheres no Brasil,
tais discursos ativismo feminista realizado no Rio de Janeiro em agosto
se inscrevem, é
Embora a história do movimento de
importante lembrar de 1981, entre as temáticas discutidas
que a ditadura mulheres registre a existência de diversas
militar (1964- ganhava destaque a comunicação. O
iniciativas de imprensa feminina e
1984) representou evento, transcrito no livro Mulheres em
um período de feminista, entre os séculos XIX e XX,
autoritarismo político Movimento, discutiu o papel educativo
pode-se dizer que o momento mais
que permaneceu dos meios de comunicação, considerando
por duas décadas, significativo desta trajetória, que contou
entrando para a que cumprem “não apenas o seu sentido
com a participação da mídia alternativa,
história do País conservador de reprodução da ideologia
como os chamados situa-se nas experiências de comunicação
“anos de chumbo”: dominante, mas também, o seu sentido de
que acompanharam a segunda onda do
censura, repressão mudança enquanto focos de resistência e
armada, perseguições, feminismo no Brasil, em plena ditadura
manobras políticas, propagadores das novas ideias e valores”
militar. Diante da criação de grupos
entre outras práticas (BARSTED, 1983, p. 13).
características deste feministas no país, surgem publicações
regime, marcaram Ao abordar a importância da criação
entre o final dos anos 1970 e o início
o período. Em meio ou reapropriação da mídia, Leila Barsted
a este sistema de dos 80 que, com orientações editoriais
castração de direitos observa que na década de 1970 novos
distintas, inserem o debate sobre diversas
e controle à liberdade espaços foram surgindo para dar voz às
de expressão, questões feministas nos meios da política,
surgem centenas mulheres, a partir de meios variados:
da intelectualidade e em setores de base.3
de publicações, revistas, boletins, jornais alternativos, luta
conhecidas como É a partir da necessidade de instaurar
imprensa alternativa, por espaço dentro da grande imprensa,
que ousavam o diálogo e provocar mudanças que do rádio, da televisão e do cinema. Para
denunciar situações o movimento feminista busca seu
de opressão. ela, “os veículos de comunicação se
Defendendo fortalecimento e representatividade, apresentam inseridos numa estratégia de
interesses de diversos organizando-se de forma mais
movimentos sociais, a educação do movimento feminista, de
imprensa alternativa sistemática, levantando bandeiras recriação da identidade social da mulher
proporcionou o específicas e se somando à resistência à
debate de idéias, e de resgate de nossa história.” (1983, p.
fazendo circular ditadura militar. Neste período, em que 16)
informações que, de a imprensa alternativa atuou como uma A necessidade de uma imprensa
outro modo, seriam feminista própria colocou-se,
silenciadas, criando importante aliada para a conscientização
assim, a partir da consciência
espaços de disputa de de diferentes setores da sociedade, surgem de que os meios tradicionais de
hegemonia.
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comunicação, esfera de atuação dos e questões ligadas à desigualdade entre
donos do poder, e até mesmo alguns
homens e mulheres), promovem o debate
setores da imprensa alternativa, ou
ignoram a mulher, ou reforçam os sobre as causas do feminismo a partir da
estereótipos discriminatórios a seupublicização de determinados assuntos
respeito, ou a manipulam enquanto
na esfera pública. Lamentavelmente,
objeto de consumo-consumidora.
Ou seja, negam a existência de um a maioria dos jornais feministas não
falar feminino e, portanto, de uma oferece informações no expediente sobre
mulher sujeito de sua fala e de seu
desejo. (1983, p. 14) a tiragem, a circulação e até mesmo a
periodicidade das publicações, dados esses
Entre as experiências de imprensa que poderiam apresentar mais elementos
alternativa feminista4, destacam-se para caracterizar a sua abrangência no
os jornais Brasil Mulher (1975-1979), período considerado. Contudo, é possível
Nós Mulheres (1976-1978) e Mulherio encontrar algumas pistas nos textos dos
(1981-1987), que tiveram uma inegável jornais, que indicam as conquistas e as
contribuição para o debate em torno da dificuldades encontradas para manter as 4- Antes mesmo das
necessidade de enfrentar novos desafios publicações, bem como as orientações primeiras iniciativas
em uma sociedade marcada pela diferença editoriais que as identificam.
de comunicação
alternativa no
e pela desigualdade entre os sexos, Em sua análise das origens da imprensa Brasil, registra-se
fortalecendo diversas reivindicações do feminista brasileira, com os jornais
a participação de
brasileiras exiladas
movimento feminista. Brasil Mulher e Nós Mulheres, Rosalina em experiências de
Além destes veículos, existiram muitas de Santa Cruz Leite (2003) assim
imprensa feminista
durante a ditadura
outras experiências do movimento de descreve o contexto em que os jornais se militar. Neste
mulheres e feministas, como os jornais desenvolveram:
sentido, destaca-se a
edição do periódico
Maria Quitéria (1977)5, Correio da Nosotras (1974-
Mulheres que se auto-organizam 1976), do Grupo
Mulher (1979), Liberta (Porto Alegre, nas periferias, em busca da garantia Latino-Americano de
1980), Chanacomchana (do grupo de ação de direitos sociais, e as feministas Mulheres em Paris,
preocupadas com a emancipação fundado por Danda
lésbico-feminista, 1982), Mulher ABC, Prado, na França, em
feminina, a discriminação, a
o goiano Mariação, as revistas Fotochoq sexualidade, o poder, reinventando 1972.
uma nova forma de fazer política 5- Maria Quitéria
e Maria Sem Vergonha, o programa de surgiu para divulgar
junto com a luta reivindicativa das
rádio Mulher em 360º (Rádio Capital/ classes populares. Só assim pode-
as atividades
do Movimento
SP), o programa Elas e mais elas” (Rádio se entender o papel desempenhado Feminino pela
Solimões) e diversos outros criados por pelos jornais Brasil Mulher e Nós Anistia, não podendo
Mulheres nessa conjuntura. (2003, ser caracterizado
grupos feministas em diferentes regiões p. 238) como um jornal. A
do País. A mesma autora observa que as este respeito, ver:
RAMOS, Andressa
Percebe-se que o movimento feminista, feministas que participaram dos referidos Maria Vilar. A
na medida em que se constitui como um jornais eram majoritariamente militantes liberdade permitida.
Contradições,
espaço de resistência e luta em defesa das oriundas da esquerda. Este aspecto da limites e conquistas
mulheres, passa a incorporar em suas dupla militância é assim descrito na do movimento
pela anistia: 1975-
ações diversas práticas relacionadas aos formação dos jornais Brasil Mulher e Nós 1980. Dissertação
processos midiáticos. Os jornais, a partir Mulheres: (Mestrado em
História), Pontifícia
de orientações distintas (que circulam [...] O Brasil Mulher já era conhecido
Universidade Católica
entre o enfoque político, a luta de classes pelas feministas exiladas militantes de São Paulo, São
do Círculo de Mulheres de Paris. Paulo, 2002, p. 57.
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A correspondência e o diálogo e feito por mulheres, publicado pela
eram frequentes entre a direção
Sociedade Brasil Mulher6, o destaque é
do jornal e o coletivo de mulheres
exiladas, de onde se origina para o discurso da igualdade e das lutas
grande parte das militantes do Nós pelas causas democráticas, que envolvem
Mulheres. E, mais, o Brasil Mulher
homens e mulheres7. Segundo Elizabeth
já era sabidamente, nessa época,
constituído por mulheres militantes Cardoso, o Brasil Mulher:
do Partido Comunista do Brasil (PC
do B), da Ação Popular Marxista É o primeiro jornal feminista
Leninista (APML) e do Movimento brasileiro feito no Brasil e traz a
Revolucionário 8 de Outubro (MR- gênese do debate entre mulheres
8). Quanto ao Círculo de Mulheres feministas e mulheres militantes
de Paris, cabe dizer que era de esquerda: a situação clássica de
formado por feministas de esquerda dupla militância do movimento
integrantes, em sua maioria, do feminista no período de 1974 a 1980.
Debate, dissidência política que Editado bimestralmente, em formato
surge no exílio agrupando ex- tablóide, contendo 16 páginas em
militantes da Vanguarda Popular preto-e-branco e ilustrado com
Revolucionária (VPR), da fotos, item muito valorizado pela
Vanguarda Armada Revolucionária publicação, o Brasil Mulher tinha
Palmares (VAR-Palmares) e do tiragem de 10 mil exemplares, com
Partido Comunista Brasileiro (PCB) circulação nacional e venda em
e mulheres autônomas. Ao voltar ao bancas, livrarias e por assinatura.
Brasil, esse segmento lança o Nós Sua publicação cessa em março de
Mulheres. (LEITE, 2003, p. 235-236) 1980. (2004, p. 43)
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Considerações Finais destacarem o rechaço da imprensa
alternativa às questões das mulheres.
Apesar do controle expressivo dos
Enquanto um novo movimento
militares, a imprensa alternativa feminista explodia na Europa desde
proporciona um amplo debate acerca das o começo dos anos de 1970, no Brasil
a questão da mulher era desprezada
lutas das mulheres, principalmente no que
por diversos jornais alternativos
diz respeito às operárias e aos chamados importantes. [...] No Brasil, o
setores de base. Ao folhear os jornais, é feminismo ainda era tratado com
desdém e mesmo chacota, inclusive
possível encontrar muitas ocorrências
por O Pasquim, que fazia o gênero
sobre greves, reivindicações por creches do jornal machista como parte de
para mães trabalhadoras, notícias sobre as sua postura geral “anti-classe média
moralista”, especialmente através
presas políticas, bem como informações dos artigos de Ivan Lessa, Ziraldo
sobre o movimento de mulheres (eventos, e Paulo Francis. Frequentemente,
documentos, mobilizações, etc), que associavam feminismo à frustração
sexual. (2003, p. 124)
indicam a representatividade que o
feminismo assumiu em meio às lutas que
Este exemplo de um discurso polêmico
marcaram o referido período.
e repleto de contradições presente
Porém, esta solidariedade nem sempre
na imprensa alternativa reforça a
se mostrou plena e irrestrita, pois ao
necessidade do movimento feminista
mesmo tempo em que a imprensa
criar seus próprios veículos naquele
alternativa dava espaço para as causas
período, reconhecendo a importância
feministas e assumia a defesa dos
de valorizar um discurso em que havia
direitos das mulheres, por vezes recaía
espaço para causas específicas das
em contradições, próprias das disputas
mulheres. No artigo O Sistema percebeu
no interior do movimento de esquerda
a força explosiva do movimento feminista
e das questões de gênero implicadas nas
e se assustou, Carmem da Silva denuncia
reivindicações das mulheres. Céli Pinto
o silenciamento do feminismo na mídia.
faz a seguinte observação sobre o modo
como o feminismo era visto na época: Enquanto se tratava apenas de
melhorar o relacionamento do par,
O feminismo era malvisto no mas sem questionar o casamento;
Brasil, pelos militares, pela de criar mais harmonia entre as
esquerda, por uma sociedade gerações, mas sem contestar a família
culturalmente atrasada e sexista nem o princípio de autoridade; de
que se expressava tanto entre os incitar a mulher a trabalhar “para
generais de plantão como em uma realizar-se”, mas sem competir no
esquerda intelectualizada cujo campo econômico, tudo bem com
melhor representante era justamente a imprensa em geral. Enquanto
o jornal Pasquim, que associava a se tratava de reivindicações
liberalização dos costumes a uma exclusivamente sociais, válida para
vulgarização na forma de tratar a ambos os sexos (por exemplo,
mulher e a um constante deboche igualdade salarial, etc), tudo bem com
em relação a tudo que fosse ligado a imprensa alternativa de esquerda.
ao feminismo. (2003, p. 64) Mas feminismo propriamente dito,
em toda extensão de suas propostas,
As observações de Bernardo Kucinski é tema sutilmente censurado nos
vão ao encontro desta perspectiva, ao órgãos de comunicação. (1983, p. 30)
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Mesmo diante de todas as limitações partir de suas estratégias de visibilidade.
e impasses para o desenvolvimento de Em outros termos, percebe-se que a
uma imprensa propriamente feminista, mídia alternativa traduz e participa do
pode-se dizer, ao observarmos os jornais processo de legitimação do movimento
publicados entre os anos 1970 e 1980, que no período da ditadura, produzindo
as diversas experiências de comunicação discursos que passam a incorporar a luta
que marcaram a história do movimento pelos direitos das mulheres, seja nas ruas
revelam a mídia alternativa como um ou no espaço doméstico. São páginas de
lugar de resistência e construção de uma resistência que tenta fazer ecoar as
identidades, uma vez que o discurso mais diversas expressões de desigualdade,
projetado nos veículos constitui também em meio a um contexto pautado por lutas
um fazer/agir do feminismo, que políticas pela democracia.
conquista espaço na esfera pública a
Referências
BARSTED, Leila Linhares. Comunicação: é falando que a gente se entende. In:
PROJETO MULHER. Mulheres em Movimento. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero;
Instituto de Ação Cultural,1983. p. 13-16.
LEITE, Rosalina de Santa Cruz. Brasil Mulher e Nós Mulheres: origens da imprensa
feminista brasileira. Revista Estudos Feministas. CFH/CCE/UFSC. Vol. 11, n. 1, 2003.
p. 234-241.
PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: F. Perseu
116
Abramo, 2003.
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1999.
disponíveis em https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo
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