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CONTEÚDOS
Espaço geográfico
A maior parte dos geógrafos entende o espaço como a categoria fundamental para
se entender a realidade sob a óptica dessa ciência.
Sabe-se que a dinâmica da natureza transforma o espaço geográfico, no entanto,
também podemos entender esse mesmo espaço como o resultado da ação dos diferentes
grupos humanos, ao longo do tempo histórico. Desta forma, a ação humana seria a
responsável por transformar a natureza, por meio de seu trabalho, criando, organizando e
reorganizando, constantemente, os lugares onde vivemos.
Para Milton Santos (1978), um dos maiores nomes da Geografia brasileira, a
sociedade faz o espaço, ao passo que o espaço faz a sociedade, interagindo de forma
recíproca, em um movimento contínuo que garante a existência dos homens.
Estudar Geografia é, portanto, entender essa via dupla de transformação, que leva
em consideração os processos e os fenômenos da natureza, e também o papel do homem
e da sociedade, bem como as inter-relações que se sucedem, a fim de que possamos ler e
compreender o mundo em que vivemos.
Ao longo da história, os homens desenvolveram diferentes técnicas capazes de
transformar a natureza e modificar os lugares, suprir suas necessidades de sobrevivência
e superar as adversidades. Por meio de seu trabalho e de sua consciência, o homem
desenvolveu, e ainda desenvolve, ferramentas, instrumentos, máquinas, mercadorias,
grandes obras e outros objetos que são a materialização no espaço de todo esforço físico
e intelectual que as sociedades produziram ao longo de sua existência.
O espaço geográfico, portanto, não é estático e, segundo, Milton Santos (2007),
pode ser entendido como o “acúmulo desigual de tempos”.
O que será que o geógrafo quis dizer com essa expressão? Vamos observar as
duas imagens a seguir:
Figura 3 – Avenida Paulista, 1902
Fonte: Wikimedia Commons
Paisagem
O entendimento da paisagem é fundamental para a compreensão do espaço
geográfico, pois é, a partir dela, que observamos como o nosso modo de vida e qualquer
ação humana provocam distintas transformações nos lugares.
Frequentemente nos deparamos com inúmeras e distintas paisagens. Mas você
sabe dizer o que é uma paisagem?
Observe as imagens a seguir e reflita sobre as diferenças e semelhanças entre elas:
Figura 5 – Grand Canyon, nos Estados Unidos
Fonte: Wikimedia Commons
Costuma-se definir paisagem como tudo aquilo que nossos olhos enxergam, isto é,
o conjunto de elementos que nossa visão é capaz de observar no horizonte. Nesse sentido,
a paisagem seria a parte visível do espaço geográfico e revelaria aquilo que é evidente da
dinâmica da natureza e da ação humana. Entretanto, outros elementos sensoriais como
olfato e audição também fazem parte de uma determinada paisagem. Por esse motivo, diz-
se que a paisagem é tudo aquilo que os sentidos humanos podem captar.
Os elementos ou objetos que compõem a paisagem podem ser os rios, as florestas,
as montanhas, as edificações, os meios de transporte, as rodovias, as fábricas etc. e podem
ser classificados como elementos naturais ou culturais.
Os elementos naturais são aqueles que existem independentes da ação humana,
isto é, são resultantes de processos naturais, como os rios e as montanhas. Já os
elementos culturais, são as criações humanas, como as edificações e os automóveis.
Nessa perspectiva, as paisagens podem ser naturais ou culturais, também
chamadas de paisagens humanizadas ou artificiais.
A paisagem que retrata o Grand Canyon, nos Estados Unidos, é claramente uma
paisagem natural, uma vez que nela, só evidenciamos objetos construídos pela dinâmica
da natureza. As estruturas do relevo foram formadas por forças que ocorrem no interior da
Terra. Da mesma forma, a modelagem do planalto é resultado da ação erosiva dos ventos,
da precipitação e das águas do rio Colorado.
Por outro lado, as imagens que retratam Santorini e Singapura são exemplos de
paisagens humanizadas, porém diferentes, pois são resultado do trabalho realizado por
sociedades distintas. Por esse motivo, vemos construções diversificadas, fruto da cultura
de cada povo. Quanto maior o número de objetos culturais e mais interferência humana,
mais modificada será uma paisagem.
Quando fechamos os olhos e imaginamos uma paisagem, quase sempre pensamos
em lugares “bonitos”, com elementos da natureza; todavia, trata-se de uma associação
equivocada do senso comum. Observe a foto de um aterro sanitário:
Escalas geográficas
O processo de produção do espaço geográfico perpassa diferentes escalas.
Entretanto, não estamos falando aqui da escala cartográfica (gráfica e numérica) – um
recurso matemático que nos auxilia na representação do mapa, ao reduzir a realidade em
proporções menores.
Trata-se da escala geográfica, que exprime a complexidade dos fenômenos e das
relações que ocorrem no espaço, ou ainda, a extensão dos fenômenos. Em outras palavras,
as escalas geográficas representam os níveis de apreensão do espaço geográfico.
Considere as duas frases a seguir:
ATIVIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
Categorias da Geografia
A Geografia, assim como várias outras ciências, utiliza-se de categorias para
basear os seus estudos. Trata-se da elaboração e utilização de conceitos básicos que
orientem o recorte e a análise de um determinado fenômeno a ser estudado. Por exemplo,
um estudo geográfico sobre determinadas disputas geopolíticas pode ser realizado tendo
como base o conceito de território, que seria uma categoria a ser utilizada como uma forma
de se enxergar o estudo.
Atualmente, além do espaço geográfico – principal objeto de análise da Geografia,
existem quatro principais conceitos que se consolidaram como categorias geográficas:
território, região, paisagem e lugar. A seguir, uma breve conceituação:
Paisagem: refere-se às configurações externas do espaço. Por muitas vezes, ela foi
definida como “aquilo que a visão alcança”. Porém, essa definição desconsidera as
chamadas “paisagens ocultas”, ou seja, aqueles processos e dinâmicas que são visíveis,
mas que de alguma forma foram ocultados pela sociedade. Além disso, tal definição
também peca por apenas considerar o sentido da visão como preceptora do espaço,
cabendo a importância dos demais sentidos, com destaque para a audição e o olfato.
Dessa forma, podemos afirmar, de maneira simples e direta, que o conceito de paisagem
refere-se às manifestações e fenômenos espaciais que podem ser apreendidos pelo ser
humano através de seus sentidos.
Território: é classicamente definido como sendo um espaço delimitado. Tal delimitação se
dá através de fronteiras, sejam elas definidas pelo homem ou pela natureza. Mas nem
sempre essas fronteiras são visíveis ou muito bem definidas, pois a conformação de um
território obedece a uma relação de poder, podendo ocorrer tanto em elevada abrangência
(o território de um país, por exemplo) quanto em espaços menores (o território dos
traficantes em uma favela, por exemplo).
Região: é uma área ou espaço que foi dividido obedecendo a um critério específico. Trata-
se de uma elaboração racional humana para melhor compreender uma determinada área
ou um aspecto dela. Assim, as regiões podem ser criadas para realizar estudos sobre as
características gerais de um território (as regiões brasileiras, por exemplo) ou para entender
determinados aspectos do espaço (as regiões geoeconômicas do Brasil para entender a
economia brasileira). Eu posso criar minha própria região para a divisão de uma área a
partir de suas práticas culturais ou por suas diferentes paisagens naturais, entre outros
critérios.
Lugar: é uma categoria muito utilizada por aqueles pensadores que preferem construir uma
concepção compreensiva da Geografia. Grosso modo, o lugar pode ser definido como o
espaço percebido, ou seja, uma determinada área ou ponto do espaço da forma como são
entendidos pela razão humana. Seu conceito também se liga ao espaço afetivo, aquele
local em que uma determinada pessoa possui certa familiaridade ou intimidade, como uma
rua, uma praça ou a própria casa.
É preciso lembrar, no entanto, que essas categorias e conceitos não são exclusivos da
Geografia, podendo ter outros significados quando utilizados em outras ciências ou pelo
senso comum. Além disso, essas não são necessariamente as únicas categorias dessa
ciência, mas apenas as mais comumente adotadas pelos geógrafos em seus estudos.
Ao longo da história do pensamento geográfico, outras categorias predominaram, como a
noção de “posição”, um importante conceito nos estudos de Friedrich Ratzel, e “gêneros de
Vida”, termo utilizado por Vidal de La Blache.
PENA, Rodolfo F. Alves. Categorias da Geografia. Brasil Escola.
Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/categorias-geografia.htm>.
Acesso em: 14 jan. 2016. 16h45min.
INDICAÇÃO
REFERÊNCIAS
CARLOS, Ana Fani Alessandri. (Re) Produção do espaço urbano. São Paulo: Edusp,
1994.
1.
[V]
[F] A vegetação existente nos campos agrícolas não cresceu naturalmente. Assim, eles são
elementos que revelam a existência de uma das atividades mais antigas da humanidade, a
agricultura. No caso dos oceanos, apesar da natureza prevalecer, é possível, em
determinados pontos, presenciarmos navios, cabos submarinos de fibra óptica, ou mesmo
depósitos de lixos. Nesses casos, a ação humana está presente e, por isso, pode-se
considerar a presença de elementos culturais.
[V]
[F] Apesar de abranger processos e fenômenos que são produzidos em uma longa escala
de tempo, a dinâmica da natureza modifica a paisagem constantemente. A erosão (vento,
chuva, gelo etc.) podem não ser perceptíveis aos nossos olhos, mas continuamente
promovem alterações na paisagem. No mais, devemos lembrar que existem fenômenos
naturais que provocam grandes mudanças em um curto período de tempo, como os
terremotos, as erupções vulcânicas e os furacões.
[V]
[F] As cidades são a maior expressão do trabalho humano, no entanto, não se pode afirmar
que os elementos naturais foram suprimidos. Apesar dos elementos culturais prevalecerem
e revelarem as profundas mudanças que homem é capaz de promover ao longo de sua
história, em certos momentos, é possível verificar uma interação entre os elementos
naturais e culturais.
[V]
[F] O espaço geográfico é o espaço da realização da vida do homem; produto das relações
entre os homens e dos homens com a natureza. É, portanto, resultado das ações humanas
e da dinâmica da natureza e das relações que ambas sucedem.
3. Alternativa E.
Comentário: A paisagem cultural (humanizada ou artificial) é aquela dotada de elementos
artificiais que revelam o alcance das realizações do trabalho, isto é, ela é expressão das
atividades executadas pelas diferentes sociedades. A paisagem cultural é modificada, ao
longo do tempo, a partir das transformações que o homem produz ao se apropriar da
natureza. Ao apontar que a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos
chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e
possibilidades, pretende-se mostrar que ela deriva de uma relação singular entre a
sociedade e a natureza, fruto de uma ocupação urbana integrada ao relevo e ao mar, da
miscigenação de diferentes povos e de uma extensa produção cultural.