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PRIMEIROS PASSOS NA

COMUNICAÇÃO
NÃO-VIOLENTA

Autora: Juliana Matsuoka


introDUÇÃO
A Comunicação Não-Violenta (CNV) é uma técnica de comunicação
sistematizada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg (1934-2015).

No entanto, você vai perceber que a CNV é muito mais que uma técnica
de comunicação.
Ela é uma forma diferente de estar no mundo, de ver as pessoas. Além
de ser uma importante e inevitável via de autoconhecimento.
Neste livro, você aprenderá sobre os 4 componentes da CNV, empatia e
o tripé da CNV. São aprendizados essenciais para a prática e vivência.
Bem vind@ a esta jornada incrível!

Te adianto que o principal objetivo da CNV é gerar conexão humana.


E a partir dessa conexão, permitir que o diálogo aconteça e as soluções para
atender nossas necessidades sejam construídas em conjunto.
Portanto, se você quer ter diálogos construtivos em vez de brigas;
Se você quer se expressar honestamente e ser escutado de verdade;
Se você quer que o outro se expresse de forma autêntica com você;
Com certeza a CNV vai contribuir e deixar sua vida mais rica e maravilhosa!
MUITO IMPORTANTE!
Os quatro componentes para a O processo foi desenvolvido para
Comunicação Não-Violenta são como aqueles que gostariam que os outros
a gramática para a língua mudassem e respondessem, mas só
portuguesa. se eles escolherem fazer isso de livre
É importante ter o conhecimento vontade e com compaixão.
sobre eles, mas existem elementos A Comunicação Não-Violenta
mais profundos a serem explorados também irá contribuir com você
para que a prática da Comunicação aprimorando a forma como você se
Não-Violenta seja plena. comunica consigo mesm@.
Mais importante que o conhecimento Nós oferecemos ao outro aquilo que
dos 4 componentes é a intenção por temos dentro de nós. A qualidade da
trás dos nossos pensamentos e energia que temos dentro de nós, é a
comportamentos. que oferecemos ao outro.
Por isso a melhor forma de dar
os primeiros passos na Comunicação
Não-Violenta, é aplicando-a nas suas
O propósito da Comunicação conversas internas.
Não-Violenta é:
Vamos junt@s?
estabelecer
relacionamentos baseados
na sinceridade e na
empatia;
praticar o poder COM o
outro, e não o poder SOBRE
o outro;
estabelecer conexão
humana com o outro, em
vez de priorizar a mudança
de comportamento.
“Para além das ideias de certo e errado,
existe um campo. Eu me encontrarei com
você lá.”
Rumi
1º Componente da CNV

observações
É a limpeza do olhar diante dos
acontecimentos. Para vê-los sem
julgamentos e rótulos, da forma mais neutra
e real possível.

2º Componente da CNV

SENTIMENTOS
Eles são grandes aliados. Nos avisam sobre
o que está acontecendo para que possamos
cuidar das nossas necessidades.

3º Componente da CNV

NECESSIDADES
É onde mora nossa humanidade
compartilhada. Identificá-las, reconhecê-las
e expressá-las para si e para o outro é a
alma da CNV.

4º Componente da CNV

PEDIDOS
Podemos expressar nossos pedidos de
modo que os outros estejam mais
dispostos a responder
compassivamente às nossas
necessidades.
1º Componente da Comunicação Não-Violenta

observações
O que aconteceu?
E não, o que você pensa sobre o que aconteceu.
Os acontecimentos vistos de forma neutra, são as OBSERVAÇÕES. Os julgamentos
e interpretações que fazemos, são as AVALIAÇÕES.
As OBSERVAÇÕES são as descrições dos acontecimentos que poderiam ser
filmados de uma câmera, ou gravados por um gravador. 
A Comunicação Não-Violenta nos convida a nos expressar através das observações,
em vez das avaliações. Pois quando a nossa fala contém avaliações, ou julgamentos,
as chances de a outra pessoa receber isso com resistência é muito grande.
Ao nos comunicar a partir de uma observação com o outro, nos certificamos de que
estamos falando da mesma coisa.
Quantas vezes, depois vários mal entendidos em uma conversa, percebemos que
estávamos nos referindo à coisas diferentes?

AVALIAÇÕES (MENOS conexão) OBSERVAÇÕES (MAIS conexão)

“Eu arruinei a vida d@ cliente.” “Eu não entreguei o trabalho dentro


do prazo estipulado.”

“Eu sou um@ incompetente." “Eu disse que entregaria o trabalho até
ontem mas não entreguei.”

“Você é muito ruim em matemática.” “Você tirou nota 3 na prova de


matemática.”

“Você está prejudicando seu futuro.” “Sua professora disse que você dormiu
durante as duas últimas aulas dela.”

“Você me ignorou o dia inteiro”. “Eu te liguei 5 vezes hoje e você não
atendeu.”

“Você é muito relaxad@”. “Você não retornou nenhuma ligação


minha hoje.”
Expressando as observações
A CNV não nos obriga a permanecer completamente objetivos e a nos abster
de avaliar. 
Ela apenas sugere que mantenhamos a separação entre nossas observações e
nossas avaliações. Que saibamos reconhecer quando estamos observando, e
quando estamos avaliando. Desta forma, podemos ir além dos nossos julgamentos
e não ficar limitados a eles.
Como fazer isso?

Procure trocar palavras e termos como “sempre”, “nunca”, “tudo”, “todo


mundo”, “toda vez” por uma descrição específica de cada evento.
- “Você nunca vem me visitar” pode ser dito de forma mais específica. Por
exemplo: “Nas últimas três vezes que te convidei para vir aqui em casa, você
cancelou de última hora”.
O mesmo vale para os adjetivos. Quando vier aquele impulso de adjetivar
alguém, fale sobre a ação dela, inclusive nos elogios.
- “Você é o melhor marido”, por exemplo, pode ser complementado por “Fico muito
feliz quando você faz um jantar para mim”.
- “Você é inconsequente” também pode ser trocado por “Me sinto preocupada com
você quando viaja sem me avisar”.
Pergunte antes de fazer afirmações. Se dê a oportunidade de saber mais sobre
os acontecimentos antes de construir suas conclusões. Muitas vezes você fará
descobertas que mudarão completamente sua forma de ver a situação.
- Pergunte “Por que você se atrasou?”, “Aconteceu alguma coisa?”, por exemplo, em
vez de chegar dizendo “Você é muito irresponsável por ter se atrasado”. Nem
sempre o que você acha que aconteceu, foi o que aconteceu realmente.
Definitivamente o mais importante: Nos momentos de fortes emoções,
principalmente da raiva, dê um passo para trás. Respire. Só assim é possível
limpar o olhar de todos os julgamentos para conseguir ver a situação com o
máximo de neutralidade. Foco nos acontecimentos!
2º Componente da Comunicação Não-Violenta

sentimentos
Permissão para sentir
Vivemos em uma ditadura do pensamento positivo, onde expor sentimentos
"negativos' pode parecer algo incorreto.
Ouvimos constantemente “Não se preocupe”, “Está tudo bem”, “Anime-se”,
“Melhore”, ou mesmo “Nem é nada tão grave assim” e “Pare de chorar”. Isso
transmite uma mensagem cultural forte de que as emoções negativas significam
que deve haver alguma coisa errada com você e você precisa se livrar rapidamente
delas.
Mas é um alívio tão grande quando alguém, de forma tranquilizadora, nos deixa
sentir sem tentar consertar o que sentimos: “Não há nada de errado em ‘se sentir
para baixo’.” “É natural que você se sinta preocupado.” “Isso é muito doloroso.”
“Imagino que seja frustrante.”
Precisamos nos afastar um pouco da noção de felicidade constante e avançar em
direção a um conceito de saúde emocional.
As emoções podem ser comparadas à música ou às cores. A música não seria tão
vibrante ou penetrante sem as diferentes notas musicais. Da mesma forma, cada
tom da paleta de cores é fundamental para a beleza que existe na natureza e na
arte. Não julgamos o amarelo como sendo bom e o cinza como sendo ruim, ou uma
nota musical alta como boa e uma nota baixa como sendo ruim; são todas
essenciais.
Quando está frio, não é possível negar a realidade e dizer, “Não vou sentir frio, vou
me sentir aquecido”. Em vez disso, o frio nos informa e nos motiva a nos aquecer.
Isso não muda a temperatura; em vez disso, faz com que seja possível suportar,
aceitar e trabalhar com o frio.

Os sentimentos são como botões piscando no painel de um avião: eles


indicam qual função está ou não funcionando, e se uma necessidade
está ou não sendo satisfeita.
Thomas D’ansembourg.
Palavras para descrever
Muitas vezes sentimos algumas "coisas" que não sabemos descrever. Não temos a
cultura de aprimorar nossa linguagem emocional, e acabamos silenciando nossos
sentimentos ou mesmo zombando deles.
Desenvolver um vocabulário de sentimentos que nos permita nomear ou identificar
de forma clara e específica nossas emoções nos conecta mais facilmente uns com os
outros. 
Ao final deste livro você encontrará uma lista de sentimentos sugerida pela CNV
que nos ajuda nesse tão necessário processo de alfabetização de sentimentos.

Corpo e mente são uma coisa só


A raiva é muitas vezes sentida como um aperto na mandíbula ou no intestino; a
tristeza, como um peso ao redor dos olhos; o medo como uma sensação de aperto
na garganta.
O rosto franzido, um frio na barriga, uma tensão nos ombros...
A manifestação física das emoções acontece de forma diferente para cada um e
muda com o tempo, mas, ainda assim, pode sinalizar nossos sentimentos no corpo
se prestarmos muita atenção.

Pensamentos X Sentimentos
Uma confusão comum gerada por nossa linguagem é o uso do verbo sentir sem
realmente expressar nenhum sentimento. Os pensamentos são nossas impressões,
nossas opiniões. Cada um tem pensamentos diferentes sobre um acontecimento. Já
os sentimentos são comuns entre nós, mesmo que em graus, formas e causas
diferentes.

PENSAMENTOS SENTIMENTOS

Sinto-me uma fracassada por não ter Estou desapontada comigo mesma
alcançado a meta. por não ter alcançado a meta.

Sinto que hoje foi um dia ruim. Sinto-me exausto depois de tanto
trabalho.
Responsabilidade pelos sentimentos
O que os outros fazem pode ser o estímulo para nossos sentimentos, mas não a
causa. Afinal, os nossos sentimentos resultam não das ações alheias, mas sim das
nossas necessidades atendidas ou não atendidas.
Quando acreditamos que somos responsáveis pelos sentimentos dos outros, ou
vice e versa, estamos vivendo algo que chamamos de escravidão emocional.
Para responsabilizar o outro por um sentimento que é nosso, é comum
utilizarmos palavras que são pseudo-sentimentos.
São palavras que costumam ser associadas a sentimentos, tais como “traído,
abandonado, manipulado, rejeitado”. Mas não podem ser considerados
sentimentos pois elas carregam julgamentos relacionados a outras pessoas.
Para se sentir traído, por exemplo, outra pessoa fez algo que eu considere uma
traição.
Se o outro entende qualquer comentário formulado como julgamento, crítica,
recriminação ou ideia preconcebida a seu respeito, ele vai deixar de nos escutar e
logo preparar sua resposta. Em vez de se aliar a nós, ele prepara seu contra-ataque
ou sua autodefesa.
3º Componente da Comunicação Não-Violenta

necessidades
Necessidades, é o que nos une
Falar sobre nossas necessidades abre espaço para conexão humana, pois somos
todos comuns em nossas necessidades. Em momentos e graus distintos, todos nós
compartilhamos as mesmas necessidades.
Não se tratam de desejos momentâneos. Mas sim de nossas necessidades básicas,
essenciais para o nosso bem estar físico, psicológico e espiritual. Elas dizem
respeito dos nossos valores humanos mais difundidos.
Ao expressar necessidades, lembre-se de que elas não fazem referência a uma
pessoa, ação, lugar ou tempo específicos.
Necessidades geralmente consistem em palavras difíceis de serem definidas, mas
que todo mundo sabe o que é. Por exemplo: liberdade, respeito, autonomia,
realização.
Ao final deste livro você encontrará uma lista de necessidades humanas
básicas sugerida pela CNV que nos ajuda nesse tão necessário processo de
alfabetização de necessidades.

Necessidades são recursos que a vida precisa para se sustentar.


Marshall Rosenberg

Estratégias, é o que nos separa


Eu atendo minha necessidade de descanso lendo um livro. Outras pessoas atendem
a necessidade de descanso, jogando videogame. Outras, viajando.
Algumas pessoas preferem atender a necessidade de segurança andando armadas.
Outras preferem se mudar de país. Outras, se trancam dentro de casa.
Estratégias são as formas que escolhemos para atender nossas necessidades.
Nelas, encontraremos ações, pessoas, objetos, lugares ou tempo específicos.
Se o objetivo é gerar conexão humana, as escolhas das estratégias devem ficar lá no
final, junto com os pedidos.
Necessidades são os
motivadores humanos
centrais

"Quando compreendemos as
necessidades que motivam nosso
comportamento e o comportamento dos
outros, nós não temos inimigos".
Marshall Rosenberg
Valorize as suas necessidades
Existe um velho e lamentável pensamento que supõe que para cuidar de si, é
preciso deixar de cuidar dos outros. Por isso é muito comum ver pessoas abrindo
mão de suas necessidades para atender a dos outros, até se tornarem incapazes de
identificar o que precisam.
Se não valorizarmos nossas necessidades, os outros também podem não valorizá-
las. É preciso que eu saiba reconhecer minhas necessidades, para que eu possa
dizer às pessoas envolvidas.

“Toda violência é a expressão trágica de uma necessidade não


atendida.”
Marshall Rosenberg

Mais reconhecer, que atender


Embora todas as nossas necessidades sejam justas e legítimas, nem sempre é
possível atendê-las imediatamente. Porém, é imprescindível que elas sejam
reconhecidas.
Quando não é possível ter nossas necessidades atendidas, reconhecê-las já
transforma completamente o nosso estado de espírito. Veja só a partir de um
exemplo corriqueiro:
Esta frase:
“Não está vendo que preciso de ajuda? Poderia largar de ser folgado e vir ajudar?”
Poderia ser dita assim:
“Eu entendo que você esteja muito precisando descansar. Mas eu também estou
muito cansada e precisamos comer. Preciso da sua cooperação para fazer o jantar.”
Mesmo que não seja possível atender a necessidade de descanso do outro naquele
momento, o clima da conversa já muda completamente apenas por ter reconhecido
essa necessidade.
As necessidades, assim como tudo em nossas vidas, obedecem as leis da
impermanência. Elas são como ondas de um lago, que vêm e vão,
independentemente de serem atendidas. Ao observá-las e reconhecê-las, vemos
que somos capazes de entrar num equilíbrio entre a obsessão por atendê-las, e a
recusa de valorizá-las.
4º Componente da Comunicação Não-Violenta

pedidos
Compaixão
Quando nossas necessidades não estão sendo atendidas, depois de expressarmos
o que estamos observando, sentindo e precisando, fazemos então um pedido
específico: pedimos que sejam feitas ações que possam satisfazer nossas
necessidades.
Como podemos expressar nossos pedidos de modo que os outros estejam mais
dispostos a responder compassivamente a nossas necessidades?
Compassivamente quer dizer: sem ser movido por medo, vergonha ou culpa.
É responder com vontade de contribuir para o bem estar do outro, e para o seu
próprio. Que, no final das contas, são uma coisa só. Somos interdependentes em
nossas relações.

Podemos pedir por conexão, ou por uma ação.

Pedimos por conexão


Os pedidos por conexão são ferramentas essenciais para serem utilizadas antes de
se fazer um pedido de ação em uma conversa difícil.
É um momento que vale investir tempo e dedicação, antes de caminhar para uma
sugestão de solução. Uma conexão bem estabelecida aumenta as chances de o
outro receber um pedido de ação compassivamente.

O pedido de conexão pode ser um pedido de honestidade da outra pessoa:


"Você estaria disposto a me dizer o que você pensa disso que eu te falei agora?"
“Como que isso chega pra você?”
“Como você se sente com isso que te falei?”
“Qual é a sua perspectiva sobre esse assunto?”

Mas pode também ser um pedido para garantir compreensão, como uma
checagem:
"Você poderia dizer com suas palavras o que você entendeu?"
"Você poderia repetir o que eu disse?"
"Você poderia me dizer o que você entendeu?"
Pedimos por ação
O pedido deve ser concreto
Devemos evitar frases vagas, abstratas ou ambíguas e formular nossas solicitações
na forma de ações concretas que os outros possam realizar.
Por exemplo:
“Gostaria que você fosse honesto comigo.”
“Ser honesto” pode ser manifestado através de diversas ações.
Um pedido concreto seria:
“Quero que você me diga como se sente a respeito do que eu fiz e o que gostaria
que eu tivesse feito de modo diferente.”

O pedido deve ser positivo


Veja se você consegue atender a este pedido: Não pense em um elefante azul com
bolinhas amarelas. É praticamente impossível atender a este pedido, não é?
Devemos expressar o que estamos pedindo, e não o que não estamos pedindo.
Veja a diferença entre:
“Quero que você pare de beber.”
“Quero que você me diga quais de suas necessidades a bebida satisfaz e que
conversemos sobre outras maneiras de satisfazer essas necessidades.”
Pratique pedidos positivos em suas conversas internas. Troque o “não posso me
esquecer de levar o guarda chuva” para “preciso me lembrar de levar o guarda
chuva”, por exemplo.

O pedido deve ser para o momento presente


Mesmo que seja um pedido a ser realizado no futuro, precisamos dar a
oportunidade do outro responder se será possível realizá-lo.
"Você poderia me dizer se está disposto a cuidar no bebê amanhã?"
Pedido x Exigência
O pedido deve ser negociável
Um pedido negociável nos permite discordar e buscar, em conjunto, uma solução
que atenda às necessidades de ambos, e não às de um em detrimento das do
outro.
Desta forma, a conversa deixa de ser carregada de tensão, para ser um espaço para
o encontro e a criatividade.
Como perceber se estamos pedindo ou exigindo? Muito provavelmente, se não
aceitamos um “NÃO” como resposta, estamos exigindo.

Quando outra pessoa ouve de nós uma exigência, ela vê duas opções:
submeter-se ou rebelar-se.
Marshall Rosenberg

Ao receber um "Não" como resposta, não significa que o processo não deu certo e
vamos desistir.
Significa que vamos persistir tentando encontrar uma solução que atenda às
necessidades das duas partes.
Todo "não" que você recebe, é um "sim" para alguma necessidade do outro.
Quando você diz "Não" para o seu filho que queria viajar nas férias, você pode estar
dizendo "Sim" para a segurança financeira da família.
Veja nos "Nãos" que você recebe, uma oportunidade imperdível de
investigar necessidades e oferecer empatia.  

Precisamos abandonar o objetivo de fazer as pessoas fazerem o que


queremos. E criar condições para que as necessidades de todos sejam
atendidas.
Marshall Rosenberg
Gosto mais dos seres humanos se não
ouço o que eles pensam.
Aprendi a apreciar a vida muito mais
apenas escutando o que se passa em seu
coração, e não caindo nas armadilhas do
que está em sua cabeça.
Marshall Rosenberg
EMPATIA
Se colocar no lugar do outro
Só é possível identificar os sentimentos e necessidades do outro se formos capazes
de imaginar o que o outro possa estar sentindo ou precisando.
A empatia é a arte de se colocar no lugar do outro, através da imaginação,
compreendendo seus sentimentos e necessidades.
É um salto imaginativo, onde fazemos o esforço consciente para colocar-se no lugar
de outras pessoas - inclusive de nossos "inimigos" - para reconhecer sua
humanidade, individualidade e perspectivas.
Apesar de algumas pessoas terem mais facilidade que outras, esta habilidade social
pode ser desenvolvida se praticada, assim como qualquer outra habilidade.

Presença e Respeito
Empatia é esvaziar a mente e ouvir com todo o nosso ser. Empatia é a
compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo.
Marshall Rosenberg

Para a Comunicação Não-Violenta, empatia é muito mais do que se colocar no lugar


do outro.
Empatia é presença. É silenciar suas vozes interiores, é abandonar o planejamento
da sua próxima resposta, e estar presente por completo ao que o outro está
dizendo.
Empatia é respeito. Ela ocorre quando conseguimos nos livrar de todas as ideias
preconcebidas e julgamentos a respeito do outro.
Ao praticar a empatia, nós oferecemos tempo e espaço que o outro precisa para se
expressar completamente e se sentir compreendido.

Sentir empatia x Demonstrar empatia


Demonstramos empatia quando estamos escutando, a nós ou aos outros.
Mas não adianta sentir empatia e não demonstrá-la.
Antes de apresentar as formas de demonstrar empatia, conheça os obstáculos para
ela.
Obstáculos para a empatia
Os obstáculos para a empatia são comportamentos comuns que nos impedem de
estar presentes o bastante para nos conectarmos aos outros.
Imagine-se tentando desabafar com alguém, e essa pessoa diz alguma das falas a
seguir:

Aconselhar
Acho que você deveria…”, “Por que é que você não fez assim?”

Competir pelo sofrimento


“Isso não é nada; espere até ouvir o que aconteceu comigo”

Educar
“Isso pode acabar sendo uma experiência muito positiva para você, se você
apenas…”

Contar uma história


“Isso me lembra uma ocasião quando aconteceu algo parecido comigo…”

Corrigir
“Veja bem, não foi assim que aconteceu”

É provável que a gente se sinta um pouco mais desconectado do outro quando


escutamos alguns desses obstáculos para a empatia. Que a nossa fala acabe sendo
diminuída, ou mesmo reprimida e internalizada.

Nos conscientizar dos obstáculos para a empatia não significa que não vamos mais
em conversa nenhuma aconselhar, corrigir, educar... Mas que vamos permitir a
construção de uma conexão humana com o outro antes de fazermos isso.

Conexão, antes da correção.


Marshall Rosenbeg
Demonstrando empatia
Ingrediente chave: presença
Esteja totalmente presente com a outra pessoa e com aquilo que ela está passando.
A qualidade da sua presença é mais importante do que as palavras que você diz.

Se torne um investigador de sentimentos e necessidades


Não importa o que os outros digam, apenas ouça o que eles estão observando,
sentindo, necessitando e pedindo.
Mesmo quando se trata de uma crítica, acusação ou julgamento sobre você. Preste
atenção às necessidades dos outros, e não o que estão pensando de você.

Parafraseie o que você compreendeu


No tom de pergunta, cheque com o outro o que você compreendeu. O objetivo
principal não é acertar de primeira, mas sim demonstrar sua intenção de se
conectar, mostrar que você está presente. Se a sua paráfrase estiver incorreta, o
outro terá a oportunidade de corrigí-la.

Precisamos de empatia para podermos dar empatia


É impossível dar algo a alguém se nós próprios não o temos. Da mesma forma, se
não temos a disposição de oferecer empatia, apesar de nossos esforços, isso
geralmente é um sinal de que estamos precisando dela também.
É possível nos treinarmos para oferecer empatia para nós mesmos. Praticamos a
auto empatia ao oferecer presença, atenção e respeito para nós, da mesma forma
que oferecemos aos outros.
Através de uma conversa interna, investigue quais são as observações, sentimentos,
necessidades e pedidos que você faz para si mesmo ao se julgar, acusar ou criticar. 
Pedir empatia ao outro de forma não violenta também é uma forma de se abastecer
dela. Diga ao outro como você se sente, e do que você precisa. 
prática
Tripé da Comunicação Não-Violenta

Baseado no que aprendemos até aqui, podemos praticar a aplicação dos 4


componentes da Comunicação Não-Violenta. Escutando tanto o que há
por trás do dizemos à nós mesmos (auto conexão), quanto o que há por
trás do que escutamos dos outros (escuta empática).
Nos expressar de forma autêntica, honesta e não violenta (expressão
empática) é resultado de uma boa prática de auto conexão e escuta
empática.
Pense em uma conversa desafiadora que você teve e gostaria de aplicar a
Comunicação Não-Violenta.
Pegue papel e caneta, e vamos à prática! Utilize as listas das próximas
páginas para te auxiliar.
(Lembre-se que esta é uma prática formal. É um processo estático e
unilateral. Diferente do diálogo que é uma troca, que além de ser
dinâmica, é imprevisível. A prática formal é importante para nos gerar
clareza, o que nos prepara e nos fortalece.)
Tripé da Comunicação Não-Violenta
Auto conexão - Como escutar a si mesmo
Aqui você vai traduzir todos os julgamentos que você faz sobre você mesmo e
sobre o outro, em sentimentos e necessidades.

Quando aconteceu (...observações...)


Eu me senti (...sentimento...)
Porque (...necessidade...) é muito importante para mim
Tem algo que eu possa pedir para mim mesmo que atenda essa necessidade?

Escuta empática - Como escutar o outro


Aqui você vai traduzir as acusações e críticas que o outro fez sobre você,
imaginando quais os sentimentos e necessidades dele.

Quando aconteceu (...observações...)


Você se sentiu (...sentimento...)?
Porque (...necessidade...) é muito importante para você?

Expressão empática - Como se expressar de forma autêntica


Aqui você vai dizer ao outro o que é importante para você, sem críticas,
julgamentos ou acusações.

Quando aconteceu (...observações...)


Eu me senti (...sentimento...)
Porque (...necessidade...) é muito importante para mim
"Você estaria dispost@ a ..."  (...pedido de ação...) ou
"Como isso chega para você?" (...pedido de conexão...)

A sua energia chega antes das suas palavras. Usar Comunicação Não-
Violenta em sua forma, mas com o único interesse de mudar o outro é
insustentável.
Sobre a autora

Juliana Mayumi Matsuoka Dinelli é uma mulher de muita fé


no ser humano. Ela acredita que são os relacionamentos
significativos que dão sentido às nossas vidas. E que os
cultivamos através de uma comunicação de qualidade.

Hoje ela se dedica a ajudar pessoas que queiram transformar


brigas em conflitos construtivos. Que queiram dar o melhor
de si nas conversas desafiadoras. E, consequentemente, a
construir uma sociedade com mais paz e compreensão.

Ela se graduou em Odontologia pela Unicamp. Depois partiu


para a formação em Coaching Ontológico e hoje facilita
práticas de Comunicação Não-Violenta, técnica que
compartilha, estuda e vivencia.
SAIBA MAIS!

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